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Capital surdo

Em um fugaz arrebol desejo furtar


um sentimento, por mais singelo que seja
Assim a vida do poeta relegado
como cão em sarnas em cidade cosmopolita
Sinto meu olhar poético, meus olhos
esses já não são letrinhas juntas, vêem um conjunto
Uma lua diária, perdida e deslocada
é assim a luta capital por tempo poético
Uma luta diária, encontrada e desmedida
é assim essa lua animal por tempo humano
Penetrei surdamente em grande reino
e essa retina criou vida, vê um ônibus não ô-n-i-b-u-s
É o busão do meu povo, por que não?
É a condução em que se vão
Mas não é sem dúvida a solução
essa é complexa, ser complexo em vão
Gauche em francês, caos de rumo onde andar à deriva
era demasiado proibido pois olhar assim pode criar expectativas esvaídas
Olhos calmos, sentimento baixo, taciturno belo
assim a vida de um poeta, como anda sem pressa...
Mas sinto a massa diferente, esta indiferente
aos percalços, às pedras, aos caminhos do poeta
Continuo guerreando, roubar um fugidio momento
para essa criação incontida que deseja expressão
Expressar? as palavras não me valem um ser
essas malditas e belas que me corróem
Desculpa agora o tempo me chama
e tenho de interromper um pensar para capitalizar

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