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Calendário

Perceber no mundo
que sou o calendário do ano anterior
Saber a fundo
que vou ao lendário plano inferior

Os operários
esses são do ano atual
Temerários
os meses rolam de modo surreal

Aqueles mais caros


são do ano porvir
Agem pouco, e sempre
há uma expectativa de serem belos
São igualmente iguais
e só mudam de número

Todos desenvolvendo dias


como passos em vitrais
de maneira cuidadosa
para que nada se rache
Ache a que veio
e diga como se preenche
os dias, as horas, os meses
desse seu próprio calendário

Rumando por entre os dedos


as folhas amarelando com seus dias
Mas exposto diariamente
ao ridículo, jogado ao lixo, o calendário anterior
Fugaz e triste, não reage, foi e é assim
sabendo que no mundo, a imposição temporal
não pergunta, só age
mas range os dentes para ver se faz barulho
melhor viver nesse papelão barato

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