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TEMPO DE SONIAR

Aydson O. Cruz
O tempo nos situa
num contexto total!
O tempo anuncia
a chuva que envelhece!
O tempo passa,
procurando os dias.
O tempo jaz no tempo!
TEMPO

Tempo...
Falha, folha, fuga.
Fresta, réstia, feixe.
Linha de luz,
que em mim busco.
Inexorável espaço
que se desdobra
em manobras infinitas...
Começo e fim
em mim, em nós,
já prontos...
Tempo meu, meu tempo,
distinta luz plural,
a procurar,
um singular momento...
SONIAR...

Tempo
e verbo,
que só eu
sei conjugar!
SONIAR

Meu refúgio...
Amor-amigo!
Parte que me faltava,
vida que me resta.
Alma que me eleva.
Capto essências
neste bom envolvimento.
Quero ser
de quando em quando
o seu único momento!
A verdade de amar
é o amor que ora sinto;
é perder e me achar
nos SEUS-MEUS labirintos!
Meu abrigo
cumplicidade amiga,
eternamente serás
o SONIAR da minha vida!
Existe, na simbiose
desses encontros,
a compreensão
dos nossos atos...
Portanto, assim declaro:
- Obrigado “baixinha”
por viver seu “habitat”!
SUTILEZAS

Mais que sutis


seus encantos...
Simplicidade,
sem disfarces:
como água
que brota das pedras
e assobiam
as sinfonias da tarde...

Mais que sutis


seus encantos...
Simplicidade
sem rodeio:
como música que ecoa
e dilui no humano peito
todos os meus anseios!

Mais que sutis


seus encantos...
Simplicidade
que explica:
como meu tempo
se vai,
por vias tão benditas!
Hoje, caminhei
o que ficou do ontem...
Sei que o tempo do amanhã,
ainda não existe...
Por isso viajo no tempo,
tomando eu mesmo
a direção...
AGALOPADO

“Galopo” meus dias


nos quintais desse meu tempo.
Nas raízes orvalhadas
pelo sopro das manhãs.
Nos sulcos dessa terra prometida,
onde fluem reaquecidas
as trilhas de cada um.
Acantono ao relento
das mais doces lembranças;
Me curvo ao passado
daqueles tempos perdidos;
e vou achando o rumo
encimado numa rede,
onde embalo meu futuro,
“galopando” intermináveis
caminhos de pó e verdes...
E nestas idas e voltas
onde se vão pensamentos;
o tempo me leva aos versos
e veros “galopam” meu tempo!
Aquele sono,
caminhar
nos levará bem depois;
nunca ficaremos só nós,
já que somos
nós dois!
MÃOS...

De mãos dadas é mais fácil!


Pois vencemos os obstáculos,
que a vida nos impôs.
E, cada lance, a cada passo,
o entrelaçar dos laços,
sustentará nós dois...

De mãos dadas é mais fácil!


Perto estamos um do outro.
A vida demora a passar.
Podemos olhar bem nos olhos,
falar a língua dos homens
e um ao outro escutar...

De mãos dadas é mais fácil!


As sementes hoje são frutos.
Homem e mulher, fortes raízes.
Podemos olhar para trás
e descobrir que nossa estrada
foram de trilhas felizes!
Me sento
na verde tarde
e imagino
a voz do tempo...
Apurado o sentido,
ouço o som das cigarras;
percebo todo meu tempo,
num zumbido...
IDADE

Quando o tempo avança


toda fé se agiganta.
Na velhice que se aproxima
os dias só querem passos
e o homem-pressa-passado,
devagar agora cisma:
- Tornaram-se escassos
os tempos das andanças?
Quando o tempo avança,
o ante olhar relevante,
agora fita mudanças,
a menina das retinas
já não canta nem dança.
Somam-se reais certezas:
a criança que se foi,
reencontra a nova criança!
As cenas que o tempo ensina,
são sinas;
a idade real: centenária!
Quando a criatura se pensa divina,
o tempo de DEUS a alcança!
O obvio
jaz assim,
em mim.
Mas, viveria de novo,
tudo o que
com você vivi...
ESTRELAS

Nada ali, nada além...


Não há nada ao redor!
Ah! Meus olhos ansiosos!
Olhos-portos, olhos-portas,
que se abrem à chegada
dos seus tão luminosos!
No infinito, bem distinto
vou girando para vê-la;
já alcanço o universo
dos seus olhos de estrelas.
Nada ali, nada além...
Nada há mais sombras ao lado;
no meu planeta agora é dia,
por seus sóis, iluminado!
Na tela do tempo,
um homem:
carpinteiro errante,
que viveu o seu espaço...
Na tela do tempo:
um homem com alma de rua,
um José com alma de aço...
LIÇÃO DE PAI
(Para José Murilo)

Ah! Meu pai!


Cantador e violeiro!
Alma-seresta, nordestina.
Me deu rumos, me deu versos;
me deu trilhas e rimas.
Cantou sua vida jovem
e achou-se na velha sina;
vida passada sem tréguas;
futuro sem pés, sem léguas,
na poeira das retinas...

As! Meu velho pai!


Violeiro e cantador!
Coração, corda e cordel.
Me fez livre, me deu risos;
me deu sisos e papel...
Para mim disse uma vez:
- Tudo que fiz, faça o contrário!
Só imite o que cantei!

É... na experiência da lida,


meu velho pai já sabia
que a vida é grande escola;
mas, que o amor e a sabedoria,
ainda levam o homem
além de canções e violas!
Só amar é POUCO.
Precisamos MUITO,
do dialeto
da cumplicidade;
da busca do amor
um do outro.
Até que estas certezas
se multipliquem
em muitas verdades...
INDIVISÍVEL

Não existem fatos,


nem fotos.
Não há fabulas,
nem formulas.
Tudo. Tudo acontece
aquém e além dos imprevistos...
Palavras mudas, tornam-se frases;
dicionários, desfazem-se,
numa só silaba.
Clássicos se fazem
com uma ó nota;
nada se perde, nada é impossível!
Só esta certeza
é que me importa...
É indiscutível!
Te amo de uma forma,
indivisível!
O olhar temporal
investiga distâncias...”
Inimagináveis os percursos
que a mente controla.
É tempo de olhar de frente,
o mundo que dentro de nós
se desenrola...
IMPRECISÃO

De tempos em tempos
o tempo me invade;
quando eu sim,
é quem deveria
invadir o tempo!

Tento, mas não consigo


surpreender o tempo...
Sempre sou surpreendido!
É preciso navegar
mares longínquos,
terras distantes,
mundos desérticos:
à cata de sentimentos!

E, neste vagar e divagar,


sou impreciso...
O tempo sempre se vai intacto,
quanto eu corro,
atrás do tempo perdido!
Difícil entender
certos romances...
Mas, os grandes amores,
nascem nas diferenças...
ENLEVO

Sacio minha sede


na corrente calma
(quedas d’águas)
dos seus lábios...
Lasso, me banho
no rio claro
e manso
dos seus olhos...
Enxugo-me,
no acolhedor abraço
do seu laço, exterior...
E, enfim durmo,
o sono dos justos,
junto a você:
MEU AMOR!
Existe uma dor tamanha,
no peito do jovem amiúde...
É a dor das drogas,
que tanto dói na juventude!
CULPADO

Sim, sou culpado!


Sou cúmplice
da inércia,
que tantas vezes
me invade!
Sou culpado sim,
do caos das esquinas
nas noites escuras
e perigosas
da minha cidade!
Sim, ou culpado!
Dos “modernos” valores,
da indiferença;
das notícias diárias,
dos noturnos idílicos...
Onde se bebe
o pó das agulhas;
e onde se aspira
o aço etílico!
Fui amando você
de longe:
paciência de Jó...
Menino sem nome,
que se fez homem
e nunca mais
se fez só...
REVIVÊNCIAS

Ontem,
caminhava adolescente,
procurando tranças
da menina perfeita.
Hoje,
caminho ao seu lado,
sem pressas vãs...
Amo a menina,
a mulher cujos traços, ainda enfeitam
as trilhas bem calmas
do nosso amanhã...
Horizontes longínquos,
inigualáveis...
Incompreensíveis abismos...
Meus pensamentos se perdem...
Sim, há um CRIADOR
disso tudo!
MARAVENTO

O mar,
embalando a si mesmo;
e o vento, as velas,
enfunadas de mistérios!
O vento e o mar
passeiam seus milênios
nas continuas da vida;
nas lonjuras do etéreo...
Mar ancião!
Das brancas vagas
das “barbas longas”:
espumas que flutuam
à tona das profundezas!
Velho vento!
Ventania de assobios...
aves, feitas de nuvens
chilreando sutilezas...
Começos vindos de DEUS:
todos os ventos e mares;
infindáveis naturezas,
naturezas infindáveis!
Amor é reciprocidade!
É a lucidez do homem
e a máxima de DEUS!
É guerrear pelo império
sem brasão e armadura
e bradar lá pros moinhos:
o eu Quixote sou eu!
IMPERADOR

Amo seus olhos,


luzes imensas.
Par raro.
Sua boca
de sorrisos tão caros
e, tão claros olhos
de menina!
Amo seu mundo
e vejo, na plenitude,
sonhos de mulher,
amiúde;
desejos, de tão altivas
atitudes!
Amo seu colo.
Anteparo. Porto.
Pousada onde se acham
e se perdem
meus medos!
Amo-a num tudo,
verso e anverso,
mistérios...
Amor que clamo.
Meu mundo. Universo.
Berço onde durmo
e lucido... impero!
DEUS existe.
Está além das duvidas
e bem além
das incredulidades...
DEUS atua na natureza
e em toda história;
em nossas vidas
e em todas as nossas verdades...
NATUREZA...

Leve brisa, leve...


Mar, espelho d’água,
refletindo,
nuvens de neve.
Sol, estrela,
luz na branca lua...
Recifes, rochedos:
destinos d’águas
que ali lançadas
à tudo compactua.
Dia, noite... Terra:
globo, esfera;
que entre DEUS
e o homem, flutua...
Natureza:
infinita aventura.
CRIADOR, criação,
criatura...
Hoje, tudo está contido
num grande amor
de sonhos e realidades...
Ideias e ideias à flor da pele;
amor de verve
e vivas à dualidade!
CONTEXTO

Tudo está contido.


Comigo. Contigo,
a sós...
O começo dos sonhos,
realidade que ainda,
povoa em nós.

O amor que nos une


por laços sem nós.
O menino. A menina.
Homem, mulher.
Todos os sentidos,
em mim, em você:
mistérios do estar
e permanecer...
Siga a seara...
O colorido dos campos
contagiando o tempo:
o tempo do homem.
Siga a vida.
Poeira e pólen soprados no ar
pelos mistérios de DEUS...
POEIRA

Estrada de terra,
que sobe e que desce.
Sobre ela caminham
muitos pés na poeira.
O velhíssimo arado
é um ponto distante,
no verde constante
dos vegetais...

Pó dos andantes
sobre o barro aquiesce.
Vão por sobre seus passos,
já sem eira nem beira:
como o vento que canta
nos ouvidos do tempo,
embalando a dança
dos canaviais...
Você existe em mim!
Eu não existo sem você!
Somos de nós mesmos
a soma: AYDSONIA,
uma adição feliz!
REFÉNS

Relógio
e artifícios do tempo,
caminham à vista,
à frente, além...
Não chegamos sempre
na hora prevista,
pois sempre somos
um do outro refém...
Demora-preguiça,
que alicia e cativa
o nosso chegar a dois...
Lado a lado
um no outro, apoiados.
Foram-se velhos percalços,
restam caminhos calculados.
Aguardamos no SENHOR, o tempo,
a interrupção dos planos.
Mas, se novos rumos se abrem,
ainda juntos respiramos
a branda poeira dos anos...
O tempo
já se chamava tarde,
quando procurei no silêncio,
todas as minhas
verdades!
Só a tarde define o dia;
ó é noite
após as tardes!
AO CHEGAR À TARDE...

A sombra se deita
no leito do rio.
Se cobre e se esconde
no véu vespertino.
Tal qual um menino,
tranquilas, vadio...

A poeira ao longe
em vira ventos tardios,
se depara com a chuva
(inimiga molhada),
que a terra resseca
e enxuga, calada...

A sombra se ergue,
tocando o horizonte.
Suas vestes em leque,
rubras desmancham
e mostram de longe
o esconderijo do Sol.

E, assim enfeitada,
percorre as distâncias,
simplória e faceira.
E na ânsia das ânsias
com a noite passeia,
doze horas inteiras...
O amor não é só
para motes e leigos;
para mitos e leitos...
feito de versos e anversos,
o amor é:
um humano começo...
CÚMPLICES

Somos cúmplices,
confessos...
Mesmo submetidos
aos avios do tempo:
princípio e fim,
em nós mesmos...
Adventos acervos
assim descobertos
nas estantes um do outro...
Vamos por esquinas
arquitetando eventos.
Somos cúmplices,
recessos,
ante os reveses de prantos
e risos...
Humanos somos,
por isso, imprecisos...
Não matamos, nem roubamos!
Fomos sim, surpreendidos,
em nossas próprias cenas...
Somos cúmplices, confessos,
nos amamos, apenas!
Gosto de colecionar.
Entendo que assim,
estarão guardados em mim
muitos e muitos eventos...
Então, é ó relembrar
seu tempo em meu tempo...
COLECIONADOR

Junto lembranças.
Seculares, temporais.
Antepassados...
Relaciono estórias,
ocasiões, memórias,
que ficaram para trás...
Arregimento palavras;
momentos, vitórias.
Classifico fotos,
figuras, imagens:
pois quem sabe um dia,
folhearei a sós...
Coleciono sentimentos
E, do pouco que aprendi
tudo agora me faz...
Um entendedor do próximo;
um sonhador do lógico;
um procurador da paz!
Nossos caminhos
se encontram
no mesmo porto.
E assim,
olhos de um,
acharam,
os olhos do outro.
FONTE

Meus sonhos são seus.


Longe vão,
caminhos solitários...
Atalhos,
onde encurtei ilusões.
Verdades,
que bateram em cheio,
nossos ávidos sons.
Passos que caminham
dos mesmos rastros
refeitos.
Andamos indecifráveis
caminhos:
bebendo da mesma fonte
de anseios
e efeitos...
Ah! o tempo!
Caminho-mistério,
que nunca sabemos
onde vai dar...”
O tempo humano,
é a resposta
desse nosso caminhar!
TEMPORAL

Lá se vai o tempo!
E com ele sigo a trilha.
O tempo,
é como maré batendo,
nas praias de uma ilha...
Pouco a pouco,
lentamente...

Lá vou eu e o tempo!
Assim com ele a vida sigo.
O tempo é gaivota cortando
o céu obliquo...
Sou a terra cercada
por este tempo urgente!
Sou as asas que o azul cruza,
sobrevoando horizontes!

Para onde me leva o tempo?


Para o infinito
de mim mesmo?
Nem o tempo tem resposta.
A pergunta
se perde na curva
que o tempo
não traz de volta!
Certas misturas
em certos cadinhos,
vão além
dá homogeneidade!
SEUS SORRISOS

Existe uma força invisível,


que o meu tempo revigora.
É quando se abrem sorrisos
e os seus risos relembram
dos nossos risos afora!

É como passe de mágica!


Noite, virando dia,
coelho que sai da cartola;
porta que se entre abe,
quando a brisa balbucia!

Existem tons de alegria,


pintando outros sentidos;
não há mago, nem magia.
Regozija minha alma,
quando acorda seus sorrisos!
Naufraguei
em dois oceanos:
seus olhos...
E lá, perdido,
me achei...
SEUS OLHOS... MEUS MARES...

Mares imensos, seus olhos!


Que investigam horizontes.
Seus olhos: dois oceanos,
infindos, à minha frente!

A brisa molhando os cabelos


e um perfume que invade.
Seus sonhos são sustentáculos,
abraçando meus fins de tarde!

Já sem destino este barco,


mais que perdido, queria;
olhar a face netúnica,
das águas naquele dia!

E ante que o naufrágio se desse,


antes que meus sonhos se fosse;
mergulhei na fonte sonhada;
bebendo da água mais doce!
Um incomensurável
pensar
povoa meus atos,
quando imagino Tua Criação
MACROCOSMICA!
“PACÍFICO” ATLÂNTICO...

Ah!
Imensurável
Atlântico!
Um minúsculo
ser humano
te contempla!
Homúsculo,
que por ti
navega,
em pensamentos!
E assim viaja
sobre tuas
líquidas profundezas.
Há o tempo dos meus olhos!
Que num piscar transforma
a imensidão do Atlântico,
no mais “pacífico”
dos oceanos...
Tantos anos
nesta grande
e difícil aventura!
Homem e mulher
plantando e colhendo,
sentimentos...
AMOR E TEMPO

Mais que a clara água.


Mais jovem do que antes;
mais livre que a fala,
este amor de tantos anos!

Tão sobre e tão plebe.


Imenso como o espaço;
amicíssimo qual abraço,
este amor de tantos anos!

É remédio. É bálsamo,
que me alivia o peito;
é a causa e o efeito,
este amor de tantos anos!

Amor que é paz na guerra,


amor sem preconceitos;
de deveres e direitos,
este amor de tantos anos!

Olhos bem dentro dos olhos;


almas-gêmeas, decididas.
De mãos dadas tantos anos,
um do outro toda a vida!
Toda a poesia
me faz pensar,
dizer e sentir
o mundo,
épica
e liricamente!
A POESIA...

Adentra o coração.
Estaciona. Transmuta.
E, à mercê do enlevo,
acorda em mim
o silêncio das letras...
Penetra, no pensamento.
Mistérios ou razões?
Não sei...
Sei que momentos
partilhares enfrento.
Aquieto e noto,
que palavras
se transformam e tocam
as linhas do meu tempo.
E, ecos após eco levam,
aos auriculares labirintos,
misturas e essências;
que transformam o que penso,
e o que sinto;
quando nelas morro
e nelas ressuscito...
Havia um menino
Naquele amor primeiro.
Existe um homem
que ainda dorme,
em seus nexos
e mistérios...
BERÇO

Amo,
seus nexos
e mistérios...
Reflexos e segredos.
Desvendando os vou,
a sério, sem medos.
Assim,
pouco a pouco
vou entendendo;
todo o universo,
todo o império;
o berço calmo,
o colo servo;
da mulher que amo
e não nego!
Dispersa o canto
a passarada
no bate-bate
das asas...
Risca os céus
nuvem alada,
pois a noite,
já se aproxima
anunciada...
ASAS

E voa leve...
ave-marinha!
Preenche a pseudo -solidão,
infinita dos céus...
Corta os mistérios
das cristas do mar!
Desdenha seu voo,
lambendo horizontes
de nuvens salgadas.
Fura, de repente,
a massa azulada;
na busca eterna
do sul e do norte...
Pouse,
sua engenhosa
natureza,
nos penhascos e abismos;
e pinta,
com a brancas asas,
as imensas lousas
do tempo!
Também sei,
que no marco
dos seus olhos,
minha alma
à sua se avizinha...
SÓ SEI...

Não sei o porquê!


Também,
não quero entender!
Não perguntem coisas
que no fundo,
não sei responder!
São coisas da alma,
que respiramos
e expiramos;
são misturas que juntamos,
às essências do envolver...
Sei, que havia um lugar
e lá, a conspiração do querer!
Já nem sei bem
do encontro o porquê!
Talvez, já estivesse marcado,
esse nosso compreender!
Não sei bem qual o motivo,
também, não quero saber!
Só sei que existem em mim,
um não existir sem VOCÊ!
Saudade!
Inevitável distância.
Força cega, que às cegas;
muitas das vezes
presa fica,
na rede do tempo
que nos leva!
RECORDAÇÕES

Recordações...
sequelas da saudade!
O tempo disparado,
qual míssil-passado,
atingindo em cheio
meus sonhos vazios.
Pés descalços,
pisando escombros;
e o peso dos anos
destoando sentimentos.
Atlas-Menino...
o mundo nos ombros!
Velhos sonhos
que no céu vagam,
como nuvens de água
em rios tranquilos.
Lá se foram no tempo,
tudo aquilo.
Hoje, só andança,
na foz dos pensamentos;
lembranças
de águas passadas;
na beira de rios...
Não existe
um grande amor
sem a mistura
das essências...
Esta necessidade
é primordial
para um eterno
envolvimento...
COMO TE AMO...

Como te amo!
Não há segredos.
Existe sim o medo
de ficar no caminho,
um ou outro.
Mas, juntos somos um,
longe, somos órfãos!

Como te amo!
Não há fantasias.
Apenas os dias
que junto estamos um do outro;
descobrindo acertos,
consertando erros!

Como te amo!
Não acho razões,
apenas senões,
imperceptíveis.
Um = um: o outro.
Misturando essências
em cadinhos invisíveis!
Quão difícil desfazer
a linha que se interpõe
entre o certo e o errado...
Só DEUS conhece
o atalho!
TÊNUE FIO

Por vezes,
precisamos muito
fechar os olhos
e procurar, velhos “abrigos”.
Pois certos caminhos
não mostram saídas...
Às vezes,
necessitamos muito,
encontrar atalhos
ao caminhar perdidos;
reconhecendo desconhecidos
em nós mesmos...
Há vezes,
em que os caminhos,
são intransponíveis;
enquanto outros, ...
duram a eternidade
de um segundo...
E, certas vezes,
existimos no tempo
do impossível e do tardio...
É neste ponto que acontece:
um brilho cega
e DEUS nos chega,
na luz acesa,
na luz acesa
de um tênue fio...
Cada vez mais
a você admiro!
Seu amor
e sua fé em DEUS,
me reanimam!
POR TI...

Só contigo
o conteúdo.
O núcleo dos temporais...
O silêncio
dos motivos,
A canção
das multidões;
a certeza
do além-mais.
O começo. O sim.
Meu ir e vir,
Só contigo;
Contido,
nesse evento maior:
O MEU AMOR POR TI!
Tempo...
linha de ação
para a vida...
DEUS no tempo:
hora e ação
para a vida eterna!
DEVE SER ASSIM...

Viver...
É sentimento agudo.
É chorar e rir
a finitude dos limites...

Viver...
É captar segundos,
desnudando a amplitude
do tempo em riste...

Viver...
É amar o próximo
e o distante;
o primeiro e o último...

Viver...
Deve ser assim:
sabedor do tempo,
sem pensá-lo triste!
Além do mar
e dos céus:
a linha do horizonte...
Além de lá e de amar,
só TUAS bênçãos!
ALÉM...

Dentro de mim,
sentimentos latejam.
São lembranças,
que atravessam
a densa pele do tempo.
Me avisto assim,
andarilho, previsível;
e faço de espelho
aquela a quem
de amar não deixo.
Vou tranquilo, sem medo
e assim, vou além:
além dos encontros,
além dos abraços,
além de amar.
Só assim vou,
além de mim mesmo...
DEUS é a explicação!
Simplória e verdadeira.
ELE ecoa
em cada célula:
de cada SER,
a vida inteira!
UM QUÊ – MAIOR

O grande olho do Sol


o horizonte espia...
Uma cabeleira azul
de toda luz se inunda.
E, no côncavo céu de lã
em silenciosa expectativa
a Terra prismas fecunda,
num amanhã de aleluias...

Imensidão de grandes sóis


e tantos corpos estelares.
Grande infinito que
a cada segundo se modifica.
Macrocósmica criação,
de um QUÊ-MAIOR,
que só em DEUS,
se explica...
Certos homens são “forasteiros”!
Caminham cheios
de si mesmos,
num mundo de alertas
e alheios...
HOMO-SAPIENS

O homem carrega em si,


cidades e cidadelas;
que o tempo fez cavernas
e o espaço, arranha-céus...
Arquitetou pensamentos,
mapeou suas memórias
e hoje, respira o homem
o seu próprio revés...
O homem já tudo fez
para achar o seu começo;
a cidade de carne e osso;
o berço acolhedor e seco;
O velho homem...
no corpo ereto e moço...
O homem se fez metrópole,
planeta, satélite...
Carrega agora nos ombros
o atlas do seu futuro...
Que não tenha sido em vão
esse trilhar a dois...
Cuidado, homem! Pois,
certas cidades
não admitem, “forasteiros”!
Estes versos,
são seus vestígios...
Marcas indeléveis
dos seus passos
em minha direção!
PARA MINHA MÃE...

Minha Mãe, grande estrela!


Cintilante, reluzente...
Nos céus dos meus pensamentos!
Preenche secretos espaços
ainda inexpugnáveis!
Abrange entendimentos,
que meu coração imperfeito
não alcança humanamente!
Minha Mãe, cadente estrela!
Deixou em mim seus segredos;
troquei com ela meus medos,
andou comigo seus sonhos...
Envio a ela estes versos
que ora se tornam enredos!
São cantigas que ainda ouço
no martelo e na bigorna
dos meus velhos sentidos...
Canções mansas e livres
que ora são ressonâncias
no lado esquerdo do peito!
Minha Mãe, grande estrela!
Queria sempre apontá-la
e voltar à minha infância,
com sua marca no dedo!
Venturas e desventuras
diversas,
marcas seladas no coração
e nos confrontos humanos,
paixões gerando paixões...
ACONCHEGO

Quando,
não houver mais tempo
e o derradeiro vento,
assobiar na última curva
do caminho;
Deitarei o corpo lasso,
num terno abraço
ao seu carinho...

Quando,
não houver mais tempo
e o coração chorar,
a última visão
em desalinho;
Relembrarei
meus pés descalços,
nos entre laços,
dos seus,
cálidos ninhos...
Canto,
para surpreender
a tristeza;
louvo,
quando a alma,
necessita
da voz do corpo.
CANTARES...

Ao cantar este meu canto


ante os desencontros da vida,
esqueço nos versos que canto
as dores de tantas feridas...

As rimas que ora decanto


ante o encanto demonstrado,
faz do peito ardido em prantos,
lacrimar sons encantados...

Portanto, sigo no tempo.


Sem pressa, calmo e lento,
nos dias que passam por mim...

Meu canto são versos, alentos


que afloram dos sentimentos
de tantos que pensam assim...
Amar,
é sonhar acordado;
não cogitando
terceiros;
Amar é cobrir com as mãos
muitos dos nossos canteiros...
EM NÓS...

Ontem sonhei com você!


Havia pássaros na calçada
e pensamentos nos céus!
Como é difícil
esse caminhar a dois!
Um se achando no outro
e esse outro em nós...

Tempo! Caminhada diversa!


Percurso de plano e passos,
pisando nos mesmos rastros,
ambos, à procura da meta...

Hoje acordei com você!


Havia restos de risadas
no emaranhado dos lençóis.
Como é difícil
esse trilhar a dois!
Um procurando o outro
e um grande amor
em nós dois...
Toda busca é humana!
Toda procura temporal!
O homem precisa
em si mesmo,
do DEUS verdadeiro
do DEUS natural!...
BUSCA

Procuro um campo de pouso.


Minha alma-bússola,
norteia as fendas do tempo.
Busco, a infância guardada,
nas gavetas e malas da lida;
o jovem, “intrépido Ícaro” ...
mochilas “soltas ao vento” ...
Procuro em cada criatura
aquela alma aquecida;
procuro a quietude da rotina,
atento aos sinais dessa trilha;
busco, na poesia das palavras,
a chama acesa das rimas...
Procuro no mote das parábolas,
o ápice dos movimentos
na certeza de todo equilíbrio.
Não poso esquecer lá fora,
o som das cigarras no tempo:
doces mistérios da lira!
Procuro nas ânsias do peito,
o DEUS que me controla:
perfeito acorde da vida!
Hoje, tudo é possível!
procuro palavras, nelas me atrevo;
busco no silêncio das letras,
a voz que ora dorme,
em mim mesmo!
Amizade!
É a mais humana
das estradas!
O sorriso de uma criança;
e velho par de mãos dadas;
o amigo que não tarda;
e que na hora perfeita
traz a boa palavra...
GOSTAR ALÉM...

Fala-se tanto do amar...


Sentimento intransitivo!
Mas, que tem o seu inicio
quando se fazem preciosos;
o brilho de dois olhares,
iluminando sorrisos...
Explica-se tanto o amar:
sentimento imponderável!
Porém, tudo começa
na mais sutil das verdades:
não existe amor maior
que o advindo da amizade!
Vem da infância mais tenra;
caminha com a juventude;
apoia-se no antigo par
que de mãos dadas o tempo invade...
Vai com sonhos sem tropeços;
a nobreza é sua sela,
entranha-se fundo na alma;
morada do amor, mais bela!
Sentimentos que confundem;
gostar ou amar alguém?
AMOR: eterno enquanto dura!
AMIZADE: um gostar que vai além!
Pintei na mente
uma tela...
E hoje a repintei...
Você encontra-se nela;
como amor
que sempre sonhei!
RETRATO

Ao meu deparar
com seus passos,
que ali passaram
adolescentes...
Repintei no tempo o retrato
que antes sonhava,
somente...
Sem perguntas, respostas,
hoje te olho e assim...
descubro nos seus sorrisos
um tudo que existe em mim.
Transformei meus sonhos
em livros...
Folheio de você, poesias...
E agradeço todo este êxito!
A menina que um dia pintei,
hoje é a mulher
por quem me atrevo!
Dezessete horas e vinte e sete minutos,
de vinte e cinco de setembro
de mil novecentos
e quarenta e sete...
Vinte e dois mil
e duzentos e setenta e sete dias,
aproximadamente...
OS DIAS...

Não conto
mais meus dias...
São como as pedras
que piso...
As pedras, são incontáveis;
meus dias
indivisíveis...
Não conto
mais esse tempo.
Meu tempo
já é passado!
Mas, a cada esquina
se refaz anunciado.
Na verdade, na verdade...
Todos os meus dias passam
num passar já visitado!
Em mim
uma canção adormece
cheia de versos e rimas;
não acordei ainda as letras,
para chamá-la de “obra-prima” ...
A CANÇÃO

É uma canção
silenciosa...
Nasce. Aflora,
diariamente.
De onde vem
não se percebe;
não se precisa...
Parece que vem
de longe
e sorrateira
se esconde
em meio à brisa...

É uma canção
bem urgente...
Cativa, envolvente.
Como um vulcão
vem lá de dentro,
de corações
que se completam...
Nada se mexe;
nada se apressa.
Só eu e você
dançamos juntos
nessa festa...
Faça do seu tempo um aliado!
Não se apresse em vive-lo!
O tempo é a resposta,
para quem deseja
aprendê-lo...
MELHOR IDADE

Sibila
a voz do tempo
nas folhas secas
que se espalham...
- Já é outono, companheiro!
Em torno
desse tronco,
centenário!

Avisa
aos meus ouvidos
o amigo tempo,
solidário:
- Vá devagar, companheiro!
A presa é inimiga
do sexagenário!
Como a lua,
vivemos ambos
da luz do sol;
Juntos buscamos
o tempo do amanhã...
VIVER DE AMBOS

O tempo
nos permite ensaios;
conluios,
com ele mesmo!
O amor
já nos garante apoios,
determinantes;
que nos apronta
e prepara aos passos
que caminharemos adiante!
E sendo assim, carece,
de estarmos juntos...
Viver de ambos não envelhece
nossos momentos...
O nosso amor
é peça-chave
que se desdobra
em qualquer tempo...”
Obrigado SENHOR!
Pela felicidade
de viver o tempo,
dos filhos
dos meus filhos!
PARA LUCAS EMANUEL

Um pequeno
artista
um desenho
me dava:
o sol era marrom,
a árvore roxa
e amarela,
a casa...

E aquele
risco preto
eu perguntava,
do lado
da casa amarela?
- Ora, é meu vô,
pendurado
na janela!
O meu amor me diz:
é triste sabê-la longe.
Não sei sentir saudades!
É difícil aceitar
Esta imprescindível verdade!
IMPRESCINDÍVEL...

Já não mais
desejo o ontem.
É difícil prever
um futuro.
Careço sim
do seu porto seguro!
Para que o passado?
Nada a sonhar
de manhã...
Necessito
da realidade do já...
Não me apraz
um retrato no quadro.
É preciso
você no presente!
Sua fala, seus olhos
e sorrisos...
São coisas de que preciso,
pois é-me imprescindível
todo o conjunto, ausente...
O mundo está fragmentado!
Existe uma grande ponte,
separando,
valores e “valores” ...
CAOSTIDIANO

A violência
se mostra nas celas
e em nossas próprias casas;
Nos olhos
das inúmeras telas,
de quarenta e duas
polegadas...
Ribombam “cogumelos”
nas cenas retangulares;
guerras em pleno almoço;
nas mesas
dos nossos lares...
Em cidades, morros
e vilas;
o caos diário se agiganta;
e em torno
das nossas famílias;
distorcidos valores
se plantam...
A você, esposa
companheira e amiga;
que comigo caminha
a mesma trilha...
CONHECER

Conheço você...
No íntimo da palavra:
CONHECER...
Conheço cada plano, cada sulco,
na palma da sua mão!
Conheço você...
a cada passo;
no ritmo, no compasso
do seu coração!
Conheço você...
no âmago da palavra:
CONHECER...
Ah! E com certeza
conheço todo seu
desconhecer!
Os filhos hoje
não nos procuram;
eles querem ser encontrados;
e como ficou difícil,
seguir as pistas
que deixam...
“PEDRAS QUE ROLAM”
(Para júnior, Anderson, William e Lincoln)

Ah! Filhos e filhos meus!


Quantos rumos para entende-los!
Foram tantos, que ora esqueço;
e a cada passo e desmantelos
se vão começos e recomeços!
As pedras ainda não as mesmas,
rolando ao acaso, a esmo...
Choque de gerações? Quem sabe!
Talvez a vida que tudo desmente:
“o corpo e adequando ao tempo;
o tempo modificando a gente...!
Ah! Filhos e filhos meus!
Que tenha eu nas trilhas da lida,
“rolando pedras” e, plantados sementes!
Que em muitos e muitos futuros,
os filhos dos seus descubram,
dias mais leves, serenos e livres!
Ah! Filhos e filhos meus!
“Pedras continuarão rolando”,
não sei em mim pro quanto tempo!
Portanto, ora caminhemos juntos,
o que ainda resta desses eventos...
Traçando planos, unindo passos,
“rolando pedras” e sentimentos...
Para você
que a milhões de anos
procurei
e se mostrou feliz
quando encontrada...
Então, cabe-me...
CABE-ME...

Cabe-me
sonhar objetivos;
para que possa,
por VOCÊ,
realizar
pensamentos!

Cabe-me
auferir os sentidos;
para estar atento,
a VOCÊ
e a mim mesmo!

Cabe-me
dizer aquilo
que preciso;
para que possa,
de VOCE,
ouvir o que desejo!

Cabe-me
a VOCÊ servir;
e amar VOCÊ,
estando longe
ou aqui mesmo!
Às vezes,
me visto do passado,
caminho o presente
e, me preparo
para o futuro...
BISSETRIZ

Sou de um tempo
que já se foi...
Ainda me sinto
no ontem
das minhas manhãs.
Hoje carrego o fardo,
perdido elo,
que lúcido guardo
no singelo desabafo
desse afã...
Sou o tempo
que dizem passado;
fadado à saudade
que não curo.
Causa e causador
me sinto, enfim...
E nessas imagens que faço,
dividido, arrisco e traço;
a bissetriz que carrego
cá dentro de mim...
Existem pessoas
e lugares;
existem estes
para aquelas,
existem VOCÊ e eu...
SEU LUGAR

Há um lugar
onde você sempre estará!
Em mim há um lugar
onde você deve estar!
Existe em mim um lugar,
onde ando,
passo a passo com você!
Em todos os dias e noites;
nos muitos ontens e hojes
do nosso intenso entender!
Grão de areia, fundo do mar;
extremos que nada são;
pois a muito está escrito
que seu único e eterno abrigo
é um cantinho escondido
dentro do meu
coração!
Contorne obstáculos
como os rios!
DEUS monstra na natureza,
muito das suas lições...
NASCENTE

Fito aquele rio


a desaguar paciência...
Nas calmas e mansas
corredeiras,
o tempo passa, avança;
enquanto a líquida
essência
murmura às pedras
seu destino...
Quem imaginaria
ao nascer,
filete tão pequenino?
Sobre as águas,
troncos e folhas
carregam o tempo
no seu correr-correnteza...
Olho seu avançar, ininterrupto,
inconteste...
O rio leva e deixa
nas suas margens,
segredos de DEUS
na natureza...
Procuro seus dias
nas asas do meu tempo;
saúdo sua volta
em todos os momentos...
Busco você
em mim mesmo!
AUSÊNCIAS...

Não vem de mim...


Não sei se me explico,
ó sei que sinto
quando entre nós existe
o tempo das distâncias...
Não vem de mim,
só sei que aumenta
quando a certeza desse espaço
é muita...
Não cabe em mim,
ou nós,
só sei que permanece,
versa e inversa.
Parece que quando vou
em você fico
e vice-versa...
Não há repostas,
concretas...
Apenas resta
aguardar em mim
sua presença de volta...
Te amo e preciso!
Dos seus olhos de Sonia
e da Sonia-Sorrisos!
DESPERTAR

O Sol se pôs no ocaso...


O púrpuro tardio se esconde.
O pó do tempo
sobrevoa as gaivotas
no marco dos seus olhos.
Minh’ alma à sua
se avizinha.
O manto suave da noite
nos cobre os pés;
e sonhos se unem num ó
branco de lençóis...
A D’alva nos descobre
entre laço, cativos;
e em ti acordo, amanhecido
em seus sorrisos:
brilhos de sol...
Ah! Sou o protetor
da sua solidão!
E ao seu lado
nunca estou só!
ODISSÉIA...

Buscaria você
se já tivesse ido.
Procuraria seus passos
até acha-los,
em mim perdidos!
Chamaria você
em altos brados;
inventaria mais versos,
até ouvi-los,
por você cantados!
Sorriria,
desejo alados,
e beijaria o céu e a terra,
da boca e dos pés...
Até que os laços
do peito e dos braços,
me indicassem
seu amor, seu mister!
E DEUS,
na sua magnitude,
traçou a linha do tempo;
E, deste tempo hoje faço parte.
E NELE, tudo aguardo...
FINÍSSIMO TRAÇO

Tempo algoz.
Tempo cela.
Bebo, ávido,
toda a vida do meu tempo.
Sacio, árido,
toda a sede dessa espera.
Respiro, toda gana
a mim doada;
vislumbro ansioso
tudo que me conforma.
Tudo que me é dado:
é cedo, é pouco, é nada...
O tempo é como um imã,
que ora me comporta;
O tempo é o magneto:
sem sul, sem norte, sem orla...
Finíssimo traço invisível,
que oscila,
entre o estar e o ir embora!
Há que se dar
e receber...
Achar e guardar...
Dar e receber.
Achar e guardar...
sentimentos...
VOCÊ, MEU TEMPO...

Guardei você no tempo,


no meu tempo certo.
Longe e bem perto,
da imaginação.
Guardei você nos olhos,
nos tímpanos, olfato;
no tato da boca e das mãos...
Por dias e noites
caminhei seus espaços,
desbravando as vias
do seu coração...
Foram assédios de laços e passos;
de obstáculos, de metas
e de orações!
Guardei você no tempo;
no tempo presente,
já que para presente,
já que pare reencontros,
precisamos futuros...
Guardei você em mim,
nossa estória;
contada em capítulos
e versos seguros...
Acerca dos meus sonhos?
Vou por céus tamanhos
e não me canso de voar...
SONHOS

Não posso me descuidar dos sonhos...


Pois isto acontecendo,
perderei realidades e ilusões
em mim contidas...
Acredito em vidas: passadas, futuras,
bem longas e curtas...
“Meus sonhos são estradas antigas,
onde vagam apanágios de lutas...”
Não posso ficar ausente dos sonhos...
Pois, se por acaso os desfaço,
me perco do rumo
da veracidade dos passos,
que me levam atento
às escaramuças da lida...
“Meus sonhos são estranhos espaços,
que ainda deparam: entradas, saídas...”
Não devo me perder dos sonhos...
Sem eles sou como um cego,
na universidade dos olhos;
“Meus sonhos são pelejas da alma,
em jornadas de campos abertos...”
Meus sonhos são fugas humanos...
Hoje bem sei, são só meus!
Levam-se à vida e à morte:
eternas sinas do homem.
Sonhos são abstratas cenas:
essências supremas de DEUS!
Meus versos
se chama saudades...
Idade de um tempo
que não sei o segredo!
São velas de um barco
que o vento tremula,
quando o rubro da tarde
se aproxima mais cedo!
VERSOS MEUS

Meus versos
são pensamentos reditos...
Muitas vezes são gritos
que a alma confusa
põe às claras...
São sentimentos avulsos
que no peito explodem,
nas ondas
do meu mar interno!

Meus versos,
são gráficos mudos
que recuperaram a fala...
Momentos guardados
em gavetas e malas
de uma vivência fechada
e já esquecida
dos anos-cinquenta!

Meus versos,
são metas;
pequenos retalhos
que em mim se fizeram
grandes jornadas...
Meus versos,
são meus pensamentos,
a tempos, guardados na alma!
Seu amor em minha alma,
tem efeitos diversos...
Quer saber o que faço?
Fortes laços,
para prendê-lo
em meus versos...
NA ALMA

Nada,
nada nos completa
Se não tivermos repleta
a alma:
- Do amor que cresce
e cura!

Nada,
nada nos importa!
Se não tivermos à porta
da alma... o amor:
que em nós ora se mostra!

Nada,
nada nos anima!
Se não tivermos na alma,
as rimas:
que em mim adentra,
quando de você brota!
O tempo pesa
e nos divide...
O tempo ecoa, escorre,
e se vai...
O tempo avisa
e ele mesmo nos castiga...
e do seu nada,
nos conta a vida...
AMPULHETA

Escoa,
pela garganta do tempo
a areia dividida.
Dois hemisférios do nada
contando a vida...

Escorre,
pelo ingurgitamento,
grãos, finos e épicos
que silenciosamente,
contam e recontam
séculos...

“Teia de Penélope”
que se faz e é refeita?
Ou o vai-e-vem
do conteúdo,
na virada da ampulheta?

O tempo, não se esvai,


escorre ou escoa.
O tempo, não e vai...
E, como voa!
Não existe o tempo
para o verdadeiro amor.
Este tempo não se conta.
Só o olhar,
dos olhos nos olhos,
a verdadeira direção aponta!
NOSSO AMOR...

Seu amor
é a matriz do meu tempo!
Poesia que pulsa,
nos versos que escrevi...
Seu amor,
será sempre o evento
que muito deste tempo,
sempre me deixou feliz!

Seu amor,
é a raiz do meu tempo!
É a alegria que se usa,
nas cenas que ora proclamo...
Cara amiga aqui eu digo
como no texto bíblico:
“...e quarenta anos são poucos
pelo muito que a amo...”
Verdes lume
os seus olhos...
Às vezes à noite
outras nos dias...
São muitos os seus mistérios.
Que bom desvendá-los
a cada dia!
VERDES LUMES

Permita-me que lhe traga


daquela noite andarilha,
os lucos e fuscos das várzeas,
noturnos e escuras trilhas...

Deixe-me trazer “candelabros”,


“lampiões”, “candeeiro”.
Minúsculos seres que vagam
nos campos daqueles esteios...

Prometo acalentar os seus sonhos


e iluminar seus encantos,
de verdes e alados milagres,
alcunhados: pirilampos...
Nada a dizer do infinito...
Um dia sei,
que o tempo me vence...
O infinito
só a DEUS pertence.
Os sonhos não têm idade...
Simplesmente...
SE NÃO HÁ SONHOS...

Se não há sonhos...
Não haverá descobertas.
Sonhamos, desde que,
aquáticos,
estagiámos
no Mar Amniótico.

Sempre sonhei,
verbos e versos,
e ora, o acalanto,
“navegando”
por sobre as folhas
de um livro...

Sonhar é preciso!
É humano!
Realidade é estar vivo
e acima de tudo,
sonhando...

Sem sonhos,
como visualizaremos as metas
e aos “faróis” daremos nomes?
Sonhar é a percepção maior
que DEUS, impôs ao homem!
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A você Sonia,
muito agradeço
por estar presente
em muitos
desses meus dias...

Obrigado Baixinha!

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