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Artigo Estudo Transversal Covid
Artigo Estudo Transversal Covid
COVID-19 hospitalization and death and relationship with social determinants of health and
morbidities in Espírito Santo State, Brazil: a cross-sectional study
Hospitalización y muerte por COVID-19 y su relación con los determinantes sociales de la salud
y las morbilidades en Espírito Santo, Brasil: un estudio transversal
1
Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do Espírito Santo, São Mateus, ES, Brasil
2
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Medicina Social, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
3
Faculdade Vale do Cricaré, Departamento de Saúde, São Mateus, ES, Brasil
4
Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências da Saúde, Vitória, ES, Brasil
5
Universidade Federal do Espírito Santo, Laboratório de Epidemiologia, Vitória, ES, Brasil
Resumo
Objetivo: Analisar a associação entre determinantes sociais e morbidades para os desfechos de internação, internação
em unidade de terapia intensiva e óbito por COVID-19 no Espírito Santo, Brasil. Métodos: Estudo transversal, com dados
secundários de casos confirmados de COVID-19 notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Utilizou-se
regressão de Poisson para estimar as razões de prevalências. Resultados: Foram estudados 104.384 casos, notificados entre
28 de fevereiro e 1º de setembro de 2020. Os desfechos em estudo foram mais frequentes entre indivíduos do sexo masculino,
idosos, de raça/cor da pele amarela ou preta, sem escolaridade, com multimorbidade. Todas as morbidades associaram-se a
maior risco de desfechos desfavoráveis. Observou-se maior risco de óbito entre pessoas com idade superior a 60 anos (RP=56,31
– IC95% 34,24;92,61), multimorbidades (RP=3,63 – IC95% 3,16;4,17), doença renal (RP=3,42 – IC95% 2,81;4,15) e neoplasias
(RP=3,15 – IC95% 2,41;4,13). Conclusão: Evidencia-se o efeito dos determinantes sociais e morbidades em internação e óbitos
por COVID-19.
Palavras-chave: Infecções por Coronavírus; Hospitalização; Mortalidade; Determinantes Sociais da Saúde; Estudos
Transversais.
de 2020, até o último registro no dia 1º de setembro profissional responsável do atendimento, como no
de 2020, todos foram acompanhados por 15 dias, para caso – por exemplo – da obesidade.
avaliação dos desfechos nesse período. O banco de Os dados foram organizados sobre plataforma
dados utilizado, tornado disponível pela Secretaria de Microsoft Excel® e posteriormente analisados com uso
Estado da Saúde do Espírito Santo, proveio do sistema do programa estatístico Stata 13.0. Por se tratar de um
on-line de notificação compulsória de casos. Durante estudo com dados secundários, realizou-se avaliação
o processo de notificação, coletam-se informações so- da completude (percentual de preenchimento) das
ciodemográficas, sintomas do indivíduo, morbidades variáveis independentes observadas. A análise trans-
preexistentes e dados de acompanhamento de cada correu em múltiplas etapas, adotando-se nível de
caso. significância de 5%. Primeiramente, foi verificada a
Os desfechos do estudo foram ‘internação’, ‘inter- frequência das variáveis independentes (sexo; raça/cor
nação em UTI’ e ‘óbito’ por COVID-19 (sim; não). As da pele; idade; escolaridade; presença de morbidades)
variáveis independentes foram: e sua associação com os desfechos em estudo, por meio
a) Sexo (feminino; masculino); do teste qui-quadrado de Pearson. Na segunda etapa,
b) Raça/cor da pele (branca; preta; parda [mistu- verificou-se a possível associação entre as exposições
ra de duas ou mais raças/cores da pele]; amarela (variáveis independentes) e os desfechos (internação;
[pessoas de origem asiática]; indígena); internação em UTI; óbito), por meio da regressão de
c) Idade (anos completos: 18-29; 30-39; 40-49; Poisson, com variância robusta, cálculo da razão de
50-59; 60 ou mais); prevalências bruta e respectivo intervalo de confiança
d) Escolaridade (sem instrução; ensino funda- de 95% (IC95%).
mental completo; ensino médio completo; ensino Finalmente, foi realizada a análise multivariável,
superior completo e mais); na qual se considerou, enquanto potenciais fatores de
e) Presença de morbidades (nenhuma; uma; confusão, as variáveis que apresentaram p-valor<0,2
multimorbidade [≥2 morbidades]). na análise bruta, logo incluídas no modelo, de uma
Por se tratar de um estudo com dados secun- única vez, adotando-se p-valor<0,05 para o resultado
dários, avaliou-se a completude dos dados das final. Na avaliação da qualidade dos ajustes de cada
variáveis independentes. As seguintes morbidades fo- modelo, utilizou-se do teste de Hosmer e Lemeshow
ram selecionadas: após cada regressão de Poisson, naquelas situações em
a) Doenças pulmonares preexistentes; que, para todos os modelos apresentados, a estatística
b) Doença cardiovascular; do teste fosse não significativa, quando p>0,05 e, por-
c) Doença renal crônica; tanto, o ajuste considerado adequado. Para avaliar a
d) Doença hepática crônica; possibilidade de efeito dose-resposta entre as variáveis
e) Diabetes mellitus; de exposição categóricas ordinais e a probabilidade dos
f) Infecção pelo HIV; desfechos em estudo, foi utilizado o teste qui-quadrado
g) Obesidade; de tendência linear, com nível de significância de 5%.
h) Tuberculose; Para todas as associações entre exposições e des-
i) Doença neurológica crônica; fechos, foi realizado o cálculo de poder da amostra
j) Neoplasias. com uso do programa estatístico OpenEpi versão 3.01,
Entretanto, de maneira isolada, foram avaliadas utilizando-se, como parâmetros, um intervalo de con-
as doenças pulmonares preexistentes, neoplasias, fiança de 95% (IC95%) e razão de prevalências mínima
doença cardiovascular, doença neurológica, doença de 1,2. A associação que apresentou menor poder foi
renal, diabetes mellitus, tabagismo, obesidade e in- ‘infecção pelo HIV e risco de óbito por COVID-19’, igual
fecção pelo HIV. Morbidades como tuberculose, doença a 78,61%.
hepática e outras imunodeficiências (exceto infecção O projeto do estudo foi submetido ao Comi-
pelo HIV) não puderam ser avaliadas separadamente, tê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, do
dado o pequeno número de casos notificados. Todas as Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal
condições foram estimadas pelo relato do indivíduo do Espírito Santo (CEP/CCS/UFES), sendo aprovado sob
notificado, relato de familiar ou identificação pelo Parecer nº 4.036.052, emitido em 19 de maio de 2020.
Tabela 1 – Frequências das características sociodemográficas e morbidades dos indivíduos, geral e estratificadas por
desfechos negativos de saúde, Espírito Santo, 2020
na comparação com o estrato mais jovem (Tabela 2). (IC95% 1,42;1,92) entre aqueles com uma morbidade e
Quando avaliado o óbito, a razão de prevalências foi de 3,09 vezes maior (IC95% 2,65;3,60) em indivíduos com
56,31 (IC95% 34,24;92,61) para os mais velhos, com 60 multimorbidade. Ter uma morbidade aumentou 78%
anos ou mais, comparados aos mais novos, de 18 a 29 (IC95% 1,54;2,05) a probabilidade de vir a óbito por
anos (Tabela 2). COVID-19; ter multimorbidade aumentou essa proba-
Apresentar uma única morbidade aumentou em bilidade 3,63 vezes (IC95% 3,16;4,17), em comparação a
49% (IC95% 1,36;1,64) a probabilidade de ser internado; não ter nenhuma morbidade (Tabela 2).
e ter multimorbidade associou-se a um aumento de As análises de tendência sugeriram um efeito linear
2,66 vezes (IC95% 2,43;2,93) no mesmo desfecho, tendo entre as variáveis ‘idade’, ‘escolaridade’ e ‘morbida-
como referência indivíduos sem nenhuma morbidade. de’, e os desfechos estudados. Para a variável ‘idade’,
Para internações em UTI, esse aumento foi de 65% a prevalência de internações, internações em UTI e
Tabela 2 – Razões de prevalências (RP) bruta e ajustada e respectivos intervalos de confiança (IC95%) para internações,
internações em unidade de terapia intensiva (UTI) e óbito por COVID-19, segundo morbidade e características
sociodemográficas, Espírito Santo, 2020
óbitos aumentou significativamente, com o passar dos nas fases mais graves da doença, quando geralmente
anos de vida (p<0,001); o mesmo ocorreu para a va- são menores os recursos terapêuticos.12,15
riável ‘morbidade’, cujas prevalências dos desfechos Embora a COVID-19 tenha sido considerada, ini-
aumentaram à medida que aumentava o número de cialmente, uma grande equalizadora, necessitando de
morbidades (p<0,001); já para a variável ‘escolaridade’, medidas de distanciamento físico em todo o mundo,
a probabilidade dos desfechos revelou-se inversamente está cada vez mais demonstrado que as desigualdades
proporcional, sendo maior a prevalência de interna- sociais na saúde impactam a morbidade e mortalidade
ção, internação em UTI e óbito por COVID-19 à medida pela doença.16 Nos Estados Unidos, a taxa de infecção
que diminuía o nível de estudo escolar (p<0,001). por SARS-CoV-2 é três vezes maior em condados pre-
A Tabela 3 apresenta os riscos de desfechos desfavo- dominantemente negros, relativamente a condados
ráveis de acordo com as morbidades notificadas, após predominantemente brancos; e a taxa de mortalidade,
análise ajustada para potenciais fatores de confusão. seis vezes maior.17 Maiores riscos de internação, inter-
Todas as morbidades foram significativamente asso- nação em UTI e óbito foram identificados em pessoas
ciadas a maiores riscos de internação, internação em pretas, pardas e amarelas. Essa diferença não foi en-
UTI e óbito, sendo a infecção pelo HIV (RP=2,40 – IC95% contrada em pessoas indígenas, provavelmente pelo
1,26;4,57), neoplasias (RP=3,15 – IC95% 2,41;4,13) e pequeno número de pessoas classificadas nesse grupo.
doença renal (RP=3,42 – IC95% 2,81;4,15) as que leva- No Reino Unido, um estudo demonstrou que, no
ram a maior risco de óbito por COVID-19. controle por idade, negros tiveram 4,3 vezes mais pro-
babilidade de morrer por COVID-19 do que brancos.
Discussão Estes dados também revelam que, na comparação com
brancos, os bangladeshis, paquistaneses, indianos e
Os resultados do estudo revelaram que idade pessoas de etnias mistas estão sob maior risco de mor-
avançada (60 anos ou mais), sexo masculino, baixa rer por COVID-19.18
escolaridade, raça/cor da pele amarela e preta, presen- Acredita-se que os determinantes sociais subjacen-
ça de morbidade e multimorbidade foram condições tes às condições de saúde que afetam essas populações
associadas a um maior risco de internações, interna- tornam-nas mais vulneráveis ao vírus. Esses deter-
ções em UTI e mortalidade por COVID-19, enquanto minantes incluem – mas não se limitam a – menor
ser do sexo feminino apontou um efeito protetor. Duas acesso à saúde, insegurança econômica, vizinhança e
revisões sistemáticas recentes encontraram no sexo condições de moradia precárias, além da menor dispo-
masculino, idade avançada e comorbidades, fortes nibilidade de recursos.19
evidências de associação com a gravidade e pior prog- Raça e etnia, por sua vez, estão inextricavelmente
nóstico para COVID-19.4,11 ligadas à posição socioeconômica. Pessoas autode-
Assim como em outros estudos, a chance de desfe- claradas não brancas são desproporcionalmente
chos negativos relacionados a COVID-19, com risco de representadas nos segmentos sociais de renda mais
óbito, foi maior para o sexo masculino.12,13 Na Itália, baixa ou menos educação.20 Menor renda e menor
riscos menores de mortalidade também foram relata- nível educacional resultam em condições de habita-
dos em indivíduos do sexo feminino.14 Até o momento, ção mais precárias, menos facilidade para adquirir
acredita-se que as diferenças nos níveis e tipos de hor- alimentos saudáveis, empregos com salários mais
mônios sexuais circulantes, entre indivíduos do sexo baixos e pior acesso a cuidados de saúde, entre outras
masculino e do sexo feminino, podem influenciar a situações que afetam a transmissão de COVID-19 e
suscetibilidade à infecção por SARS-CoV-2. Estudo an- suas complicações.
terior mostrou que os hormônios sexuais modulam as O presente estudo encontrou prevalências mais
respostas da imunidade adaptativa e inata.13 altas de desfechos negativos entre indivíduos de raça/
Menor letalidade e outros desfechos negativos po- cor da pele preta/amarela/parda/indígena e nas ca-
dem estar associados a maior percepção dos sintomas tegorias mais baixas de escolaridade. Isto reforça,
da doença e rápida procura por serviços de saúde, fortemente, o argumento de que os determinantes da
tratando-se do sexo feminino. Indivíduos do sexo mas- saúde devem estar no centro das políticas de aborda-
culino tendem a buscar os serviços de saúde apenas gem da COVID-19. Medidas de distanciamento físico,
Tabela 3 – Razão de prevalências (RP) bruta e ajustada e respectivos intervalos de confiança (IC95%) para internações, internações
em unidade de terapia intensiva (UTI) e óbito por COVID-19, segundo morbidade, Espírito Santo, 2020
necessárias para prevenir a disseminação da cor da pele preta ou parda) é o segundo fator de risco
COVID-19, são substancialmente mais difíceis para mais importante para o desfecho de mortalidade, atrás
aqueles cujos determinantes sociais são mais adver- apenas do fator ‘idade’, reforçando a relevância dos
sos.16 Outrossim, muitos que não podem trabalhar em determinantes sociais.
casa, frequentemente, dependem do transporte público Este estudo constatou probabilidades mais altas de
para comparecer ao trabalho, aumentando ainda mais desfechos negativos de saúde com o avançar da idade.
o risco de transmissão do SARS-CoV-2.20 Estudo de Tais achados estão parcialmente de acordo com a revi-
Baqui et al.,7 também realizado no Brasil, demonstrou são anterior.21 Uma metanálise recente confirmou que
que o fator ‘etnicidade’ (por exemplo, ser de raça/ idade avançada (65 anos) foi associada à morte em
indivíduos com COVID-19.13,22 No Brasil, estima-se que norte-americanos mostrou que ter IMC>40kg/m2 foi
pelo menos 34 milhões de indivíduos com 50 anos ou o segundo preditor independente mais forte de hos-
mais apresentem alguma morbidade associada ao ris- pitalização, depois da velhice.29 Ter IMC>35kg/m2
co de desenvolvimento de formas clinicamente graves também foi associado a maiores chances de ventila-
da COVID-19.23 ção mecânica invasiva, independentemente de outras
Uma metanálise11 apontou que a presença de comor- comorbidades.30
bidades leva a um maior risco de desenvolver eventos Desde que munida de evidências, uma investi-
graves quando se está infectado pelo SARS-CoV-2, ou gação cuidadosa sobre o histórico médico durante a
seja, admissão na UTI, intubação e mortalidade. Outra triagem de indivíduos com COVID-19 deve ser prio-
metanálise,24 sobre o impacto das doenças cardiovas- rizada, contribuindo para a identificação daqueles
culares na COVID-19, encontrou que a hipertensão e as com maior probabilidade de desenvolver resultados
doenças cerebrocardiovasculares tiveram um impacto adversos graves de COVID-19. Maior atenção deve ser
estatisticamente significativo na admissão em UTI. dada aos indivíduos com COVID-19 que apresentavam
Um estudo realizado na China constatou que indi- comorbidades, quando confirmado o diagnóstico.
víduos com pelo menos uma comorbidade eram mais Identificar essas pessoas pode ajudar na estratificação
velhos (idade média de 60,8 anos versus 44,8 anos), pelo nível de maior risco, permitindo uma abordagem
e ter pelo menos uma comorbidade foi comumente direcionada e específica para a prevenção de eventos
mais observada em casos graves, comparados aos não fatais.11 Os achados deste estudo evidenciam o quão
graves (32,8% versus 10,3%). Além disso, indivíduos frágil ainda é nosso Sistema Único de Saúde (SUS)
com multimorbidades tiveram riscos significativa- na abordagem adequada às desigualdades sociais em
mente mais altos de alcançar um desfecho negativo
saúde. A despeito dos avanços nos últimos anos, as per-
(admissão em UTI, ventilação invasiva ou morte),
sistentes desigualdades sociais e geográficas no acesso
na comparação com aqueles que tinham uma única
e utilização dos serviços do SUS tendem a impactar os
comorbidade; e risco ainda maior, frente àqueles sem
desfechos de saúde nas populações mais vulneráveis,
comorbidades.25
principalmente em situações de pandemia.
Conforme apresentado neste estudo, pessoas por-
O estudo em tela pauta-se em um grande volume
tadoras de doenças crônicas estão sob maior risco de
de observações; porém, apresenta limitações, muitas
desfechos desfavoráveis por COVID-19, mesmo após
controle para potenciais fatores de confusão como delas inerentes a pesquisas com dados secundários,
idade, sexo e escolaridade. As evidências, até então, como a possibilidade de erros de preenchimento e
apontam para um risco significativamente maior informações faltantes. A subnotificação de comorbida-
de complicações e morte por COVID-19 em pessoas des, possivelmente atribuível à falta de conhecimento
com certas morbidades. Estudo de casos registrados ou indisponibilidade de testes diagnósticos, pode fa-
na China mostrou que a letalidade geral da doença vorecer uma superestimativa da força da associação
foi de 2,3%, mais elevada entre os grupos de pessoas com desfechos negativos, uma vez que, em indivíduos
com morbidades preexistentes: 10,5% para doença graves, essas informações costumam ser mais bem
cardiovascular, 7,3% para diabetes mellitus, 6,3% para preenchidas. Outra limitação da pesquisa remete ao
doença respiratória crônica, 6,0% para hipertensão e não relacionamento de seus dados com os do Sistema
5,6% para neoplasias.26 de Informações sobre Mortalidade (SIM) e, portanto,
A obesidade não foi estudada como um potencial cabe considerar a possibilidade de subnotificação. Por
fator de complicações de COVID-19 nos primeiros es- fim, o estudo teve como data-limite para coleta do des-
tudos realizados, sendo a hipótese considerada mais fecho o período de 15 dias após a data de notificação,
tardiamente.26,27 Na China, entre 383 indivíduos anali- sendo que muitos desfechos, especialmente o óbito,
sados, o sobrepeso foi associado a um risco 86% maior podem ocorrer com um intervalo de tempo maior.
e a obesidade a um risco 142% maior de desenvolver Contudo, trata-se de um viés não diferencial, pois não
pneumonia grave, na comparação com indivíduos existe base teórica ou evidências de que esse tempo,
eutróficos, mesmo após controle para potenciais entre a notificação e o desfecho, seja diferente entre os
fatores de confusão.28 Estudo com 4.103 indivíduos diferentes grupos populacionais.
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Abstract Resumen
Objective: To analyze the association between social Objetivo: Analizar la asociación entre determinantes
determinants and morbidities for the outcomes of sociales y morbilidad para los resultados de
hospitalization, intensive care unit admission and death hospitalización, ingreso en unidad de cuidados
by COVID-19 in Espírito Santo State, Brazil. Methods: intensivos y muerte por COVID-19 en el Estado de
Espírito Santo, Brasil. Métodos: Estudio transversal con
Cross-sectional study with secondary data from
datos secundarios de casos confirmados de COVID-19,
confirmed cases of COVID-19, reported in the Notifiable
reportados en el Sistema de Información de Enfermedades
Diseases Information System. Poisson regression was Notificables. Se utilizó la regresión de Poisson para
used to estimate the prevalence ratios. Results: 104,384 estimar las razones de prevalencia. Resultados: Se
cases reported between February 28th and September estudiaron 104.384 casos notificados entre el 28 de
1st, 2020 were studied. The outcomes under study were Febrero y el 1 de Septiembre de 2020. Los desenlaces en
more frequent among male, elderly, yellow, followed by estudio fueron más frecuentes entre hombres, ancianos,
black, uneducated and with multimorbidity. There was amarillos, seguidos de negros, no educados y con
a higher risk of death among people over the age of 60 multimorbilidad. Hubo un mayor riesgo de muerte
(PR=56.31 – 95%CI 34.24;92.61), multimorbidities entre las personas mayores de 60 años (RP=56,31
(PR=3.63 – 95%CI 3.16;4.17), kidney disease (PR=3.42 – IC95% 34,24;92,61), multimorbilidades (RP=3,63 –
IC95% 3,16;4,17), enfermedad renal (RP=3,42 – IC95%
– 95%CI 2.81;4.15) and neoplasms (PR=3.15 – 95%CI
2,81;4,15) y neoplasias (RP=3,15 – IC95% 2,41;4,13).
2.41;4.13). Conclusion: The effect of social determinants
Conclusión: El efecto de los determinantes sociales y las
and morbidities on hospitalization and deaths by morbilidades sobre la hospitalización y las muertes por
COVID-19 is evident. COVID-19 es evidente.
Keywords: Coronavirus Infections; Hospitalization; Palabras clave: Infecciones por Coronavirus;
Mortality; Social Determinants of Health; Cross-Sectional Hospitalización; Mortalidad; Determinantes Sociales de
Studies. la Salud; Estudios Transversales.
Recebido em 19/10/2020
Aprovado em 05/12/2021