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PAA Emanuel Garcês
PAA Emanuel Garcês
º 1, em Fá Maior, para
Clarinete Orquestra, de Carl Stamitz e a sua
importância para o estudo do Clarinete
Nº7 | 12ºF
Frederic Cardoso
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Agradecimentos
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Índice
INTRODUÇÃO 11
1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA 13
CONCLUSÃO 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 37
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Índice de Figuras
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Índice de Tabelas
Tabela 1 – Repertório composto por Carl Stamitz, tendo o clarinete como instrumento solista.
......................................................................................................................................................28
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Introdução
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1. Contextualização Histórica
O período Clássico é caracterizado pela obra artística criada entre os anos 1730 e
1820. Esta fase, caracteriza-se pela promoção do equilíbrio, da elegância, da aplicação
de estilos como: o galante, o sensível e o Sturm und Drang. A grandiosidade é filtrada
e dá lugar ao equilíbrio e à simplicidade, sendo compositores como: Joseph Haydn
(1732 – 1809), Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791) e Ludwig van Beethoven
(1770 – 1827); considerados não só como expoentes máximos deste período, mas
também como as principais referências da Primeira Escola de Viena1.
O período Clássico está dividido em três fases distintas: 1730 a 1750, 1750 a
1780 e 1780 a 1820.
A primeira fase é denominada de Pré-clássico. Esta, é caracterizada pela
ligação ainda muito afetiva ao período Barroco, não só pela sua extravagância,
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A Primeira Escola de Viena foi a principal referência do período Clássico. Caracterizava-se por
aplicar e desenvolver as características da Escola de Mannheim, mas de forma mais complexa e com a
aplicação do estilo Sturm and Drang, que significa tempestade em aperto. Neste contexto, o princípio
estético prima não só pela exaltação da emoção e da textura, mas também pela condução melódica, sendo
estes conduzidos pela profundidade dos sentimentos.
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ornamentação, polifonia, contraponto ou extensão rarefeita, mas também pela grande
utilização do cravo. Neste contexto, destacam-se os compositores Johann Gottlieb
Graun (1703 – 1771) e Carl Philipp Emanuel Bach (1714 – 1788), pertencentes à
Escola de Berlim, na qual a transição para o período Clássico se realizou lentamente,
resultando em vinte anos de experimentação técnica e musical.
A segunda fase é considerada o apogeu do período Clássico. Nesta, o cravo
entra em decadência e assiste-se a uma maior liberdade, simplicidade e estrutura, sendo
nela compostas algumas das obras mais importantes deste período, como por exemplo: a
ópera Orfeu e Eurídice (1762), de Christoph Willibald Gluck (1714 – 1787); Sinfonia
nº 45 (1772), também denominada de A Despedida, de Joseph Haydn; e a ópera As
Bodas de Fígaro (1786), de Wolfgang Amadeus Mozart.
Durante esta fase, a Escola de Mannheim, localizada na Alemanha,
desempenhou um papel muito importante no desenvolvimento da Música, sendo alguns
dos seus compositores responsáveis pela criação de novas técnicas orquestrais. A
Sinfonia nº 1 (1746), em Sol Maior, Op. 3, de Johann Stamitz (1717
– 1757), e a Sinfonia em Ré Maior (1772), também denominada de A Caça, do seu
filho Carl Stamitz, são dois exemplos da técnica orquestral usada à época.
Por fim, a terceira fase é conhecida como o final do Classicismo e a passagem
para o Romantismo. Durante esta fase, os compositores começaram a explorar a
expressão emocional através da Música, incorporando técnicas como o cromatismo, a
modulação e a variação temática. As obras tornaram-se mais complexas e abrangentes,
com um maior foco na emoção e no drama, em vez da estrutura e equilíbrio do período
Clássico. Compositores como Ludwig van Beethoven ou Franz Schubert (1797 – 1828),
produziram obras que representam a transição entre o período Clássico e o período
Romântico, que surgiria posteriormente. Como por exemplo: Sinfonia nº 9 (1824), em
Ré menor, Op. 125, de Ludwig van Beethoven; e a Sinfonia nº 8 (1822), em Si menor,
D. 759, também denominada de Sinfonia Inacabada, de Franz Schubert.
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1.2. Movimentos Revolucionários no Período Clássico
1.2.1. Iluminismo
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o princípio de que todos os indivíduos deveriam ter direitos iguais perante a lei foi um
dos princípios fundamentais do Iluminismo e influenciou o desenvolvimento de
sistemas políticos democráticos em todo o mundo.
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Tratado que pôs fim à guerra da independência dos Estados Unidos da América.
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a Yankee Doodle, que, apesar de originalmente ser uma canção popular britânica, foi
adaptada pelos cidadãos americanos para denunciar o colonialismo britânico. Durante
este período, compositores como William Billings (1746 – 1800) e Francis Hopkinson
(1770 – 1842), criaram canções de carácter patriótico que celebravam a independência
da América. São o caso de: Chester (1770) e Hail, Columbia (1798), respetivamente.
Em suma, Nunes (2012) defende que a Revolução Americana teve um impacto
direto na Revolução Francesa, uma vez que os cidadãos franceses foram impulsionados
pelos valores de liberdade e encorajados pela propaganda divulgada por Benjamin
Franklin (1706 – 1790), considerado como um dos fundadores dos Estados Unidos da
América e o primeiro embaixador desta República Federal em França.
A Revolução Francesa, ocorrida entre 1789 e 1799, foi inspirada pelos ideais
iluministas, com o mote: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Figura 2 – Pintura do pintor francês Ferdinand Victor Eugène Delacroix, intitulada “A liberdade guiando ao
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devido aos excessivos gastos da Monarquia e aos altos impostos cobrados à população.
Esta situação, viria a desencadear a Revolução Francesa que, tendo a duração de dez
anos, teve uma série de eventos importantes que moldaram o seu decurso e desfecho:
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Neste contexto, em 1803, Ludwig van Beethoven finalizaria a sua terceira
Sinfonia, a qual seria dedicada a Napoleão Bonaparte. No entanto, retiraria a mesma
devida à forma como ele se coroou Imperador de França, indo contra os ideais que a
Revolução representava, intitulando-a posteriormente de Heroica.
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que “(...) à medida que se aproximava o fim do século, começou a ser confiado aos
instrumentos de sopro material musical mais importante e mais independente (p. 494)”.
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Denominação dada a esta instituição entre 1795 e 1806. Desde 2009 que é denominada de Conservatório
Nacional Superior de Música e Dança de Paris.
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1.3.2. A Orquestra de Mannheim
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1.4. O Clarinete e a sua evolução organológica
Figura 3 – Chalumeau.
Para autores como Kurt Birsak (1991) ou Anthony Baines (1991), foram
realizados vários aperfeiçoamentos neste instrumento ao longo do tempo, na sua maioria
pelo construtor alemão Johann Christoph Denner (1655 – 1707). Alguns deles foram: a
introdução de duas chaves de metal opostas na parte superior – uma na frente para a
nota Lá3 e outra atrás, denominada de chave de registo, possibilitando a obtenção de
notas mais agudas; a adição de um orifício para o dedo mindinho da mão direita; e a
adição de uma boquilha no qual era atada uma palheta de cana (Pinto, 2006).
Segundo Pinto (2006), o facto deste instrumento possuir só duas chaves, tornava
praticamente impossível a sua execução em alguma tonalidade que não fosse a sua.
Assim, muitos foram os clarinetistas e construtores que, em meados do século XVIII,
começaram não só a dedicar algum do seu tempo à construção de clarinetes em quase
todas as tonalidades, mas também ao seu aperfeiçoamento técnico, dando origem ao
clarinete tal e qual o conhecemos nos dias de hoje.
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Os primeiros clarinetes, como todas as primeiras versões das grandes invenções,
apresentavam imperfeições, que consistiam, neste caso, em sonoridades
demasiadamente estridentes no registo médio/agudo e sem vigor ou clareza de
afinação no registo grave (que tem precisamente o nome de chalumeau). Tais
imperfeições comprometeram a sua aceitação inicial por parte dos músicos,
sendo este instrumento declaradamente inferior ao oboé e à flauta, seus
contemporâneos, no que concerne ao timbre, afinação e agilidade (Nunes, 2011,
p. 42)
Devido à sua importância, neste trabalho serão destacados Ivan Müller (1786 –
1858) e Hyacinthe Klosé (1808 – 1880). Como defende Pinto (2006), as “(...)
repercussões dos seus trabalhos fazem-se sentir ainda hoje, pois os dois clarinetes mais
usados, francês e alemão, são resultados do seu esforço no desenvolvimento do
instrumento” (pp. 13 – 14).
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“A forma como Müller construiu as chaves, a sua disposição e abertura e ainda
as novas sapatilhas que lhe colocou, foram as grandes melhorias que introduziu
ao clarinete. O seu desenho dos orifícios para as sapatilhas vedarem melhor,
também era novidade e melhorou em muito a eficácia do instrumento. Isto
resume-se a uma melhor relação chave/sapatilha/orifício, que veio permitir uma
técnica mais sólida, não só́ ao nível dos dedos, mas sobretudo da emissão
sonora.” (Pinto, 2006, p. 14).
“Por estes factos se diz que o trabalho de Müller foi decisivo, pois dele
derivaram os dois sistemas mais utilizados:
a) O Sistema-Oehler, utilizado pelos clarinetistas alemães,
b) O Sistema-Boehm, que é tocado em quase todo o Mundo.” (Pinto, 2006,
p.16).
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Segundo Brymer (1990), este sistema surgiu a partir do trabalho do flautista
Theobald Boehm (1794 – 1881), que tentou construir uma flauta transversal com os
orifícios posicionados de uma forma, acusticamente, correta. Das suas invenções,
destacam-se: a colocação de um sistema de chaves que desse a possibilidade de fechar
dois orifícios ao mesmo tempo; e a utilização de uns anéis de metal que
proporcionassem um maior controlo nas diferentes chaves, ou seja, deixando de ser
necessário deslocar os dedos das posições iniciais. Neste contexto, Pinto (2006) refere:
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2. O Concerto n.º 1, em Fá Maior, para Clarinete e
Orquestra, de Carl Stamitz
Carl Stamitz, filho mais velho de Johann Stamitz e irmão de Anton Stamitz
(1750 – 1796), desde cedo mostrou um talento inato para a Música, começando a
estudar violino com o seu pai.
Sendo considerado por Nunes (2012) como uma referência da segunda geração
da Escola de Mannheim, Carl Stamitz foi, em tenra idade, primeiro violinista na
Orquestra da Corte de Mannheim, tornando-se mais tarde, em 1777, seu Diretor
Musical.
Segundo Pinto (2006), entre 1770 e 1777, aquando da sua estadia em Paris,
como violinista e compositor da Corte, Carl Stamitz teve um relacionamento muito
próximo com o primeiro grande clarinetista e fundador da Escola Alemã de Clarinete:
Joseph Beer (1744 – 1812). Paralelamente, Nunes (2012) defende que, ao ficar
impressionado com as possibilidades expressivas e virtuosísticas do instrumento, Carl
Stamitz começou a desenvolver o seu reportório, contribuindo com a composição de
onze concertos para clarinete (sendo o nº 4 para dois clarinetes) e orquestra, e dois
duplos concertos (violino, clarinete e orquestra, e clarinete, fagote e orquestra).
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Tabela 1 – Repertório composto por Carl Stamitz, tendo o clarinete como instrumento solista.
Obra Instrumentação
Concerto n.º 1, em Fá Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 2, em Si Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 3, em Si Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 4, em Si Bemol Maior Dois Clarinetes e Orquestra
Concerto n.º 5, em Si Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 6, em Mi Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 7, em Mi Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 8, em Si Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 9, em Si Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 10, em Si Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto n.º 11, em Mi Bemol Maior Clarinete e Orquestra
Concerto Duplo, em Si Bemol Maior Violino, Clarinete e Orquestra
Concerto Duplo, em Si Bemol Maior Clarinete, Fagote e Orquestra
Segundo Kennedy (2006), Carl Stamitz “(...) foi um dos primeiros compositores
a explorar as possibilidades expressivas do clarinete, e as suas obras para o instrumento
são uma parte importante do repertório clássico”. Neste contexto, tendo o compositor
reconhecido todo o potencial técnico e expressivo do instrumento, Hoeprich (2008)
defende que algumas das suas obras para clarinete exigiam uma precisão e execução
exímias, o que ajudou a potenciar o nível de virtuosismo dos intérpretes na época.
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2.2. Apontamentos analíticos
2.2.1. Allegro
Introdução: c. 1 ao c. 52;
Exposição: c. 53 (com anacruse) ao c. 65;
Desenvolvimento: c. 66 ao c. 176;
Reexposição: c. 177 (com anacruse) ao c. 239 (com cadência);
Coda final: c. 239 até ao fim.
Introdução
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Todas as figuras apresentadas, no âmbito desta análise, terão como recurso a redução da partitura para
clarinete e piano.
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Exposição
Desenvolvimento
Reexposição
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Figura 10 – Exemplo musical da reexposição – compassos 177 (com anacruse) e 189.
Por sua vez, a cadência, apresentada na figura 12, precede a coda final, realizada
pela orquestra.
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2.2.2. Adagio
2.2.3. Rondó
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O andamento inicia com um breve refrão, entre os compassos 1 e 8 (figura 15),
seguido da estrofe 1, entre os compassos 43 e 65. Esta, é desenvolvida entre os
compassos 69 e 111.
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Por fim, entre os compassos 306 e 360, é realizado o desenvolvimento das
estrofes 1 e 2, sendo apresentado depois o refrão pela última vez (compassos 361 a
368).
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Conclusão
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Referências Bibliográficas
Brymer, Jack (1990). Clarinet. London: Kahn & Averill. (1ª Edição, Macdonald & Co
Ltd, 1976).
Grout, Donald J. & Palisca, Claude V. (2007). História da Música Ocidental (5ª
Edição). Lisboa: Gradiva.
Hoeprich, Eric (2008). The Clarinet. New Haven and London. Yale University Press.
Kennedy, Michael (1994). The Oxford Dictionary of Music. Oxford: Oxford University
Press.
Rice, Albert (2007). The Clarinet in the Classical Period. Oxford: Oxford
University Press.
Rosen, Charles (1972). The Classical Style: Haydn, Mozart, Beethoven. New
York: W. W. Norton & Company.
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