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PSI para Sl Pe Eaters Psicologia B 12.° ano Parte 1 Manuela Matos Monteira | Pedro Tavares Ferreira | Cindida Moreno Explora o teu livro com o Smart Book! Simples. Facil. Interativo. Instala ou acede a EV Smart Book num dos seguintes dispositivos: Smart Book Acesso a diversos recursos associades ao manual que ajudam a esclarecer todas os dOvidas e a tomar o estudo mais rico e divertido, Consulta 0s cones de acessodisporivels em www.escolavitual pt Introducao No nosso mundo” Decidimas iniciar o teu livro de Psicologia convidando-te a refletir sobre fotografias que apresentam diferentes realidades: = 2 da capa que retrata uma jovem da lua idade a usar um telemével enquanto atravessa o lago da sua aldeia no remoto interior de Myanmar: = 2 fotografia da pagina aa lado que obteve o primeira prémio do concurso “World Press Photo” 2014 e que mostra migrantes que tentam chegar & Europa e ao Média Oriente na cidade de Djibouti a pracura de sinal para contactar por tele- mével os seus familiares; = noverso desta pagina, Sharbat, reencantrada no Afeganistao 17 anos depois de seu othar ter impressionado o mundo quando foi capa da revista National Geo- graphic, em 1995, Estas imagens remetem para realidades do mundo contemporaneo muito mar- cadas pela evolucao das tecnologias de comunicacao e que nos deixem maravithados, mas que convivem com situagées politicas econémicas ¢ sociais que afetam negati- vamente milhdes de seres humanos, Aa longo do ano, recanhecerds nas realidades que estas imagens retratam varios temas e problemas que vais estudar: a dimensao biolégica e cultural dos seres humanos, o papel dos contextos no desenvolvimento, as histérias de vida, as relacdes interpessoais, os processos que nos permite conhecer, sentir e agir sobre o mundo. Terds oportunidade de refletir sobre os efeitos das conflites que perturbam tantos seres humanos, compreenderds os processos que geram o preconceito, a discrimi- aco e o conflite e, também, a amizade, o amor e a cooperacio. Consideramos que este percurso ao longo do ano te ajudard a compreender 0 mundo em que vives, os outros e a ti proprio. * Propomos que resovas 2 fichan# 1 6 teu Cader do Alun Mapa Conceptual do Programa Biologia —____ cuttura ‘Auto-organizacio Histéria 1. Antes de Mim 2. Eu com os Outros 3. Eunos Contextos ou + Genética + Relagdes Precoces + Micrassistema + Cognicao + Cérebro + Relacdes, + Mesossistema + Emocao + Cultura Interpessoais + Exossistema + Conacio + Macrossistema + Mente a | 5. Questées tedricas Aciéncia carnations <> treat © @_— yeaa aa pacgia eae indice Unidade 1 A Entrada na Vida Qual a especificidade do ser humano? Tema 1 Antes de Mim Objetivos de Aprendizagem Mapa conceptual Genética Percurso de trabatho Nés e ou outros |. Agentes responsaveis pela transmissao here: No comer Cromossomas e heranca genética Cramossomas sexuais Genes Genes de desenvolvimento Testa o que sabes Meiose e variabilidade genética Proposta de Trabalho . Influéncias genéticas e epigensticas no comportamento Hereditariedade especifica e individual Texto 1 Gendtipo e fenstipo Texto 2 O estudo dos gémeos Esquema-sintese Testa o que sabes . A complexidade do ser humano @ 0 seu inacabamento bioldgico Programa genético Programa genético aberto Texto 3 Prematuridade e nectenia Texto 4 10 " 2 12 13 15 16 7 7 18 9 19 20 20 21 2 2 2 2% 2 Texto 5 Vantagens do inacabamenta humana Texto 6 Esquema-sintese Testa o que sabes Verificacao de Aprendizagem Sintese Cérebro Percurso de tr Texto7 . Elementos estruturais e funcionais do sistema nervoso Neurénio Constituigso do neurénio Proposta de Trabatho pos de neurénios Sinapse e comunicagSo nervosa Testa oque sabes 5. O funcionamento global do cérebro O sistema nervoso central Espinal medula Encétalo exto 8 Funcionamente sistémico do eérebro Hemisférios cerebrais Texto? Texto 10 Testa oque sabes Lobos cerebrais, Lobos occipitais Lobos temporais Lobos parietais Lobos frontais, Papel das areas pré-frontais Casos de Phineas Gage e de Elliot Texto 11 Proposta de Trabatho Testa oque sabes Especializagao ¢ integracao sistémica ‘Auto-arganizagao permanente Estabilidade e mudanca nos circuites sinapticos 2% 2 30 31 2 ae au a5 36 36 2% 37 38 a 9 Texto 12 Proposta de Trabalho O cérebro ea capacidade de adaptacao e autonomia doser humano Lentificagso do desenvolvimento cerebral Individuagae cerebral Texto 13 Texto 14 Proposta de Trabalho Plasticidade e aprendizagem As investigages Texto 15 Esquema-sintes Proposta de Trabalho Testa o que sabes, Veriticacao de Aprendizagem Sintese Cultura Percurso de trabatho Fatores no processo de tornar-se humano Nogao de cultura ‘As “criancas selvagens’ Cutturas Padrées culturais Texto 16 Proposta de Trabalho Conceita de aculturacao Proposta de Trabalho Socializagao Proposta de Trabalho Socializacao primaria e secundaria Proposta de Trabalho Testa o que sabes Ahistéria pessoal: fatores internos e externos Histéria pessoal Papel dos significados ‘Auto-organizagao e criagdo sociocultural ‘Adaptagao e autonomia 82 53 54 55 55 55 56 56 56 58 59 60 @ % 18 Testa oque sabes 9. Ariqueza da diversidade humana Diversidade biolégica Diversidade cultural Diversidade individual Vantagens da diversidade humana Proposta de Trabalho Veriticacao de Aprendizagem Sintese Tema 2 Eu com os Outros Objetivos de Aprendizagem Mapa conceptual Relacoes precoces Percurso de trabatho 10. Caracterizacao das relacdes Precoces Aimaturidade do bebé humano ‘As competéncias basicas do bebé Competéncias para comunicar Texto 18 Competéncias bésicas da mie Texto 19 Texto 20 Importancia das fantasias da mae face a0 bebé Testa o que si 11, Aestrutura da relacdo do bebé coma Aimportancia da relacao de vinculacao ‘Ainvestigacao de Bowlby Outras investigaces 18 ” 80 2 83 84 85 87 88 ” ” 100 190 101 102 193, 104 indice 12, As relacdes precoces no tornar-se humano Da diade & triade A figura de vinculacio Vinculacao e equiliorio psicolégico Vinculacao e individuagao Proposta de Trabatho Consequéncias das perturbacées nas relagies precoces O hospitalisma Proposta de Trabatho Testa o que sabes Verificagao de Aprendizagem ese Relagoes interpessoais Percurso de trabalho 13. Processos fundamentais da cognicao social Texto 21 Impressdes Texto 22, Impressio e eategorizacéo A formacao das impressées Texto 23, O efeito das primeiras impressies Testa o que sabes Expectativas Texto 24 Expectativas, estatuto e papel O efeito das expectativas Texto 25 Proposta de Trs Atitudes Componentes das atitudes Atitudes e comportamento Texto 26 Formacio e mudanca de atitudes Proposta de Trabalho Dissonancia cognitiva Proposta de Trabalho Testa oque sabes Representacdes sociais Texto 27 Texto 28 tho 105 105 06 108 08 109 109 m 12 3 15 18 118 19 120 21 21 121 2 123 128 = 2 26 v2 28 28 129 130 31 192 133 133 35 136 36 3) 38 39 4, 15, Proposta de Trabatho Testa o que sabes Verificacao de Aprendizagem Sintese Influéncia social Texto 29 Processos de influéncia entre individuos Normalizacéo Texto 30 Texto 31 Testa o que sal Conformisme Texto 32 Obediéncia Texto 33 Fatores que influenciam a obediéncia Inconformismo e inovacio O efeito das minorias Proposta de Trabatho Testa oque sabes Verificacao de Aprendizagem Sintese Individuos e grupos Processos de relacio entre individuos e grupos 0, agressio e intimidade Rracio Fatores que influenciam a atracéo Texto 34 Agressio ‘Aorigem da agressividade Apreciagio critica Fatores que induzem 3 agressia Texto 35 Texto 36 Proposta de Trabalho Testa o que sa Intimidade Componentes das interacées intimas 39 141 42 139 159 160 160 60 61 162 18 65 166 161 161 168 168 169 70 Texto 37 Intimidade e amizade Intimidade e amor Texto 38 Texto 39 Texto 40 Modelo de amor Proposta de Trabalho Testa o que sabes Estereétipos, preconceitos e discriminacao Esterestipos Esterestipas e categorizagio Texto 41 Texto 42 [As funcoes dos esteredtipos Texto 43 Preconceitos Texto 44 Discriminagio Discriminacao e autoestima Texto 45 Proposta de Trabalho Testa o que sabes Conflito e cooperacao Texto 46 Contlitoe relagio Texto 47 Conflite identidade grupal Texto 48 Contlito e cooperacio Texto 49 Conflite e mediacao Conflito e negociacao Testa o que sabes Verificacao de Aprendizagem Sintese 17 172, 1% 1% 175 175 176 7 178 178 179 179 179 180 181 181 182 183 184 185 188 186 187 188 188 189 190 190 190 191 191 19 191 192 193 19% 6. 18. Tema 3 Eu nos Contextos Objetivos de Aprendizagem Mapa conceptual O modelo ecoldgico do desenvolvimento Percurso de trabatho Contextos de existéncia dos individuos Microssistema Mesossistema Exossistema Macrossistema Cronossistema Proposta de Trabalho Testa o que sabes . Inter-relacées entre os contextos As redes sociais Os efeitas das redes sociais Testa o que sabes 0 papel dos contextos no ‘comportamento dos individuos Proposta de Trabalho ‘As caracteristicas pessoais, Testa o que sabes, Veriticacao de Aprendizagom Sintese Bibliografia Sites na Internet Glossario 198 197 8 198 200 201 202 202 208 203 206 205 205 205 206 207 208 210 210 at 212 21a A Entrada na Vida Qual a especificidade do ser hu Antes de Mim A genética, 0 cérebro eRe ele) Objetivos de Aprendizagem Biren ree eee eee eee) Pein ere onan eas eee Porn aces oe eee ee era? Bee ecco Aree eee aa eee tee Cee ee ae ona eres BC eee cee erty de adaptacao e de autonomia do ser humano Reena ee eed Cee ene et tea eee ay Bao ee ay RCs 18 + Compreender a especificidade do ser humano do ponte de vista dos fatores biolagicos, cerebrais e culturais. Cérebro Percurso de trabalho + Quais si0 as caracteristicas gensticas diferencias da espécie humana? + De que forma essas caracteristicas outorgam ao ser humane determinadas capacidades? = Que capacidades sao essas? Caracterizar os agentes responsiveis pela transmissi0 das caracteristicas genéticas. uais so os agentes respansivels pela transmissao genética? ‘Como se caracterzam? Agentes responsiveis pela transmis- sho de caractersicas genticas: DN, genes [papel dos genes de desenvol- vimento cujas funcdes reguladoras aticulam aspetos evolutwos, genéti- cose de desenvolvimento, cromosso- ras; caractrizagao de cada umm des tes agentes, Explicar as influéncias sgenéticas e epigenéticas ‘no comportamento, (ual a diferenca entre um programa genético fechado e um aberto? O que 60 processa de neoten'a?O que signi fica dizer que 0 ser humano & inaca~ bbado? Guais sfo as vantagens da pre- ‘aturidade bildgica do ser humane? Caracterizacio de programa genético fechado © aberto; caracterizagdo de neotenia[processo de manutencio de caracterfsticas juvenis,plisticas, em indivduos adultos; vatagens da pre ‘maturdade biolégiel ‘Analisar a relacao entre a complexidade do ser humano ‘20 seu inacabamento bialégico. ‘Que tipo de fatores infuenciam « com. portamento? Como se caraterizam os. processo: de hereditariedade esneci fica ¢ individual? Como se caracteriza _genétpo e fendtizo? Como se relacio- ram entre si? Gue perspetiva existern sobre o papel dos fatores genéticas no ‘desenvoliimente humana? ‘aracterzagéo dos processos de here- ditariedade individual « especiia; ca racterizacio de gendtipo e de fenétipo: relacio entre si: perspetivas da acio ‘genética: epigénese [perspetva cons trutivista em que o desenvolvimento & igual a um processo de construgio do ‘organismo a partir da informacao ge nétia presente no ovo por interacio coma nformagio ambiental No ser humano existe uma dstinciaconsideravel entre genétpo e fendtipo ldterencas no nimera de élulas nervosas ena organi 2a¢30 sindpica em gémeos monozigétcos| espaco para a indeterminac3o; os arganismas mais simples apresentar maior rigidez no programa genético, o contrrie des mais camplexos,cujoinacabamento biolgico se traduz em maior platicidade e versatl dade adaptativa; 0 cardcter embriondrio do recém-nascide humane torna-se, assim, uma vantagem. Genética Iniciamos a Unidade 1 - A Entrada na Vida - com uma grande questao: qual é a especificidade do ser humano? Esta pergunta é reorientada para cada um de nés; = O que aconteceu antes de mim com o processo de evolucao do ser humane? = O.que é que biologicamente confere a espécie humana caracteristicas especiticas? Vamos tentar compreender a especificidade do ser humano do ponto de vista dos fatores bialégicos, cerebrais e culturais. Nos e os outros A cada espécie de seres vivos corresponde um conjunto de caracteristicas pré- prias que distinguem, por exemplo, os malmequeres das orquideas, as bactérias dos virus, a5 Sguias das gaivotas, os hipopétamos das gazelas, os orangotangos dos seres humans. Esta diversidade motivou, desde sempre, questdes que ainda hoje se colocam = Como se explicam as caracteristicas dos diferentes seres vivos? = Por que razao os seres da mesma espécie sdo semethantes, mas ao mesmo tempo apresentam diferengas? = Como se transmitem as caracteristicas de uma geracao para outra? Hoje, gracas ao desenvalvimenta da ciéncia, designadamente da Biologia Molecular @ da Genética, temos novas respostas para muitas das questies que desde sempre se colocaram. Elas ajudam-nos a compreender, nomeadamente, 0 complexo pro- g cesso de transmissao de caracteristicas dos progenitores para a sua descendéncia. Em psicologia, tern-se vindo a desenvolver uma area especifica - Genética do Com- portamento ~ que investiga as influéncias hereditérias na forma de ser e de se com- portar dos individuos. ae Be cy —— pene a Video Devem-se 2 ME , rmonge austriaco que vivouno século XX, aslels bisieas de twansmissio genética. © oo diese: caes uma ar nuns cbulss co heranga gendtica so pai e 8 mie, a célula mais pequena do nosso organismo eo ul & 3 maior (O évule corresponds, fom peso, 3175 000, espermatozoides, 1% endtics Vamos comesar por analisar alguns conceitos e processos que explicam a trans- J missao de caracteristicas de uma gerasao para a seguinte,essenciatmente sobre a = lransmisso genética nos seres humanos, i 1. Agentes responsaveis pela transmissao hereditaria Muitos aspetos da forma do corpo, do funcionamento dos érgaos e dos compor- tamentos dos animais ¢ dos seres humanos sao transmitidos por hereditariedade: 0 voo planado das guias distingue-se do voo da coruja, 0 camaleao muda de cor, 0 canto do rouxinal distingue-se do canto da toutinegra, 0 modo come o peixe-espada nada é diferente do moda como 0 peixe-napatedo se desloca. Muitas das nossas ca- racteristicas, quer em termos da nossa consliluicao fisica, quer em termos do nosso ‘camportamento, sao herdadas, jd nascem connosca Cromossomas, ADN e genes sao termas que conheces e que objeto fre- quente de noticia nos meios de comunicacao social. £ cada vez mais comum ouvir-se falar na identificagao de doengas associadas aos genes, nas caracteristicas que de- pendem de um dado cramossoma, no canhecimento dos resultados da analise do AON, na descodificacao do genoma humano, etc. No comeco... Vite horas apis encanze da dla come espermateride, a is niles eelulres andra. No comeco ha 0 évulo e 0 espermatozoide: cada um de nés resultou da sua jun- ‘eo, que gerou uma célula: o ovo. Sao precisamente as células reprodutoras [germi- nais ou gametas] as responsdveis pela transmissao das caracteristicas heredi 0 ovo ou zigoto &, assim, a primeira célula que constitui o individu. Esta célula vai dividir-se em duas, que, por sua vez, se subdividirao até gerar 0 organismo, Este proceso de divisao designa-se por mitose. Gendica Este processo de divisdo celular esté na base da producio das células novas, que ‘também tém por funcao substituir as células que morrem. E, portanto, um processo que esté subjacente ao crescimento e desenvolvimento do individuo ao longo da sua vida, Cromossomas e heranca genética Os seres humanos, tal como todos 0s outros seres vivos, sao constituidos por células que apresentam uma arganizacao estrutural complexa, nomeadamente, © nicleo. € no interior do ndcteo que se encontra a informacao genética responsavel pelas caracteristicas de cada espécie e de cada individuo. No niicleo de uma céluta é possivel observar finissimos ¢ longos filamentos en- rolados, que sdo os cromossomas. Os cromossomas sao constituides quimicamente por ADN - cide desoxirribonucteico - e proteinas. Os cromossomas, ou segmentos de ADN constituem a suporte dos genes. Sao as estruturas mais importantes na célula, uma vez que so responséveis pela trans- rmissao da informacao hereditéria de geracao em geracao. [As células de um organismo da mesma espécie tém a mesmo nimero de cro- mossomas lexcetvam-se as células sexvais). nimero e a forma dos cromossomas sia caracteristicos de cada espécie, sendo designado por cariétipo. ‘Sindroms ge Down = no cromoesoma 21, i és exemplars om ver de di Inscom’ 21), mee de U6 ermor~ somas, as pessoas com es pataagia tim 47 eromessamas A diferentes espécies correspande um numer diferente de cramessomas. Um maior ntimero de cromossomas nao implica uma maiar complexidade do ser vivo. Magnétia 20 Galinha 18 Salamandra Esteela-doemar 36 Leopardo 38 Serhumane 4“ A partir da eétula-ove v0 nascer, por divisio celu- lar, 100 mi mithares de rilhaes de células que constituem o ser humane, Stipe deriva da palavra gregakapron, que significa "nd", e (ypos, aue significa “forma”, 0 earitipo é 0 conjunto cromossémico deums espéce 6 Cromossomas sexuais Geralmente, os cromossomas numa célula organizam-se em pares semethan- tes, dois a dois, exceto 0 par de cromossomas sexuais, como podes veriticar na figura, onde esta representado o cariétipo humano. A-espécie humana tem 23 pares de cromossomas: 22 pares so comuns aos dois sexos. 0 par 23 - par do cromossoma sexual ~¢ distinto nos dois sexos: na mulher, & constituide por dois cramossomas X; na homem, o par é farmado por um cromos- soma Xe por um outro, mais curto, o cromossoma ¥. Assim, quem define o sexo de uma crianga € 0 pai formado poruma desoxi-_cionament vibose, uma motécula de cid fostrico euma base azotada, Constitu uma unidade bisica do AADN. 0 ADN 6 formado por longas cadelas de ruclestigos ‘é corea de 3% do ADM atvo, isto 6 Integra Instrugaes: 97% 0 (que se designa por ‘AON “i! 1 acto = uridade de conte acl 2 Dentro ao niclen esto os eremossoma; 3 Cardio de ADN 1% Gendica Genes (O gene é um segmento de um cromossoma a que corresponde um cédigo distinto, uma informacao para produzir uma determinada proteina ou controlar uma caracte- ristica, por exemplo, @ cor dos alhos, a cor dos cabelos. Um cromossoma contém varios genes, que so responsaveis por todas as caracteristicas fisicas do individuo, Nos iltimos anos, tm-se desenvolvido investigacSes para identiticar © genoma, isto é, 0 conjunto de genes que constituem o ser humana. Um dos principais investigadores do genama humano, Mark Adams, declarou: “O primer othar sabre o céaigo genético humane revelou muttas surpresas. A primeira fo! 0 pequano nimero de genes, 30 mil. Temes pouco mats do dobro dos genes da mosca do vinagre. Mas isso nao significa que sejamos apenas duplamente mais complexos.” De facto, o que distingue os seres humanos de outros seres vivos é a grande complexidade das associacdes entre os genes. Genes de desenvolvimento Os genes nao constituem estruturas homogéneas, isto &, nao sao todos iguais e no tém todos a mesma relevancia: é diferente a importancia do gene responsével pela cor do cabelo do gene que define a aponibilidade do polegar ou o gene respon- svel pela constituigao da retina Recentemente, foram identificados os genes de desenvolvimento, que codificam a forma do organismo definindo, por exemplo, a pertenca a uma dada espécie. Sao estes genes que desenham o plano, o padrao do organismo. € este tipo de genes que define as dimensdes e as formas dos diferentes érgaos, determinando o numero, @ forma e a localizacao das células que os formam. Sao, por isso, designados também por “genes arquitetos”, dado que a sua expressao permite construir o individuo. So os genes de desenvolvimento que planificam 0 pracesso de construsao do organisma, distinguindo-se, por isso, dos genes que definem a cor do cabelo, a cor dos olhos ou de outro cardcter especitico. 0 padrao de desenvolvimento do organismo nao est, contudo, preestabelecido. Apesar de a natureza das células no mudar, estas poder originar um ou outro érgao como consequéncia de mutacées, de modificagées no plano de organizacao, de cons- truggo do organism, Os genes de desenvolvimento so fundamentais para se compreender a evolucao da espécie © o desenvolvimento do individuo. Desempenham um papel decisive nas etapas de construcao do cérebro, Pensa-se que esto envolvidos no pralongamento da construcao do cérebro, o que explicaria o facto de ser um érgao que se desen- valve até morte, As grandes mutacdes evolutivas teriam origem, também, nas modificacdes desses genes. Ha genes de desenvolvimento particulares que, por exemplo, controlam a divisio @ a morte das células. Entre este tipo de genes, hé os oncogenes celulares, que inter ‘vam na formacao de cancros e tumores e que carrespandem a um desenvalvimento Durante muito tempo, pensou-se que onimero de gones da espéc! humana era 100 000 Os genes de esenvolvimente sso também designados por “genes homesticos” ou “genes comandantes” W xeric “A Odiseia da Vida de Nite Tavernier” éum ddocumentério sobre 0 9 meses de gravide, desde aconcosao até Imagens 3. (Duragse 90 min] Profeesor solugao 1" endtics nao controlado das células. A descoberta deste tipo de genes tem-se revelado muito importante no diagnéstico e na terapia dos cancros. Os genes de desenvolvimento tém uma funcao reguladora, ao articularem os aspetos evolutivas, genéticos ¢ de desenvolvimento, A sua descoberta abriu, tam- bém, novas possibilidades ao nivel do conhecimento das articulacdes da genética, da teoria do desenvolvimento e do estudo da evolucao das espécies. 1 Testa o que sabes Das questaes que se seguem, seleciona a alternativa correta, (llotcrenccesersastererctttrertnscexnporercercn cia seracsr ‘A asseguram os nutrientes fundamentais para a sua manutencéo. B so responsdveis pela transmissao da informacao hereditaria, © estabelecem a comunicacao entre o nicleo e 0s genes. D asseguram a interacao entre a hereditariedade e o meia Eo caristipo design emcee erat orereroree ieser eee ticos de uma espécie. B ondcleo das células responsaveis pela informacdo genética. © 0 processo de divisao celular. D ogameta mascutino Ei A subdivisao cetular que esta na base do crescimento e desenvolvimento do indi- iduo designa-se por: A mitose, © meiose. 8 hereditariedade. D clonagem. [i 0s genes de desenvolvimento sao os principais responsaveis por: [A desenhar a forma e 0 padrao dos organismas ea localizacao das eélulas. que os constituem. B defini o desenvolvimento e as caracteristicas préprias de cada espécie © assegurar a evolucao do individu apés 0 nascimento, D controlar os oncogenes celulares e impedir a formagao de tumores. [El Associa cada terme 8 sua defini, Primera céula que constitu oindviduo Caritipo ‘eid desoxiribonvcleice Gene Transmissio de caracleriatcas de pais para fihos RDN Estrutura constitu por genes que esto no ilerior do nacleo de cada célula Genética ‘Segrente de um cromossoma portador de informacio DN ‘Conjunto de cromossomas proprios de uma expécie struturas que planiicam a constragio do erganizmo ‘Cromassama Estrutura universal em todos 05 seresvivos ‘Gene de desenvolvimento Gendica Meiose e variabilidade genética No ser humane, quando ocorre a fecundacio, isto é, quando se fundem os dois. gametas (células sexuais), espermatozoide e dvulo, 0 ovo resultante conter’ 46 cro- mossomas e este numero estaré presente em todas as células do descendenle. Dos 46 cramossomas, 23 sda de origem materna e as outros 23 de origem paterna Se, nos individues, nao acorresse um processo que reduzisse para metade o numero de cromossomas, os gmetas possuiriam também 46 cromossomas. A fecundacao de gametas desta geracao iria originar um ovo, logo, um individuo com 92 cromossomas, isto 6, duplicaria em relagao ao anterior, o que se traduziria numa alteracao das caracte- risticas da espécie. A quantidade de material genético em cada espécie mantém-se constante de geracdo em geracdo gracas a ocorréncia de um proceso de divisao celular - a meiose - da qual resul' cromossomas caracteristicas da espécie. 1m as células sexuais, que possuem metade do nimero de Durante a meiose, ocorrem duas dvisdes sucessivas do ndcleo, designadas por divi- so |e divisdo Il. E durante a divisao | que se da a reducdo do nimero de cromossomas. A separacao, ao acaso, dos cromossomas homélogos, que reduz 0 nimero de cromossomas para metade, cot Cada célula-fitha recebe um cromossoma que tanto pode ser de origem paterna como materna. Ser um ou outro cromossoma do par de homélagos ¢ uma questao de ui para o aumento da variabilidade genética sorte, isto, aleatéria. Os gametas possuem um cromossoma de cada par de homé~ logos presentes na célula-mae que lhes deu origem. ‘Ameiose é de grande importancia para os seres vivos que se reproduzem sexua- damente, porque contribui para a variabilidade genética das espécies. Eo caracter aleatério do encontro de gametas durante a fecundacao que reforca a diversidade genética resultante da meiose e explica a grande variedade de seres, dentro da mesma espécie. Aclonagem corresponde ao inverso da variabilidade genética: 0 clone é um duplo genético, é uma cépia de um progenitor. § proposta de Trabalho O filme “Clonagem” da National Geographic (duracao: 5§ min) para além de explicar 0 processo da clonagem, apresenta a polémica em torno do processo e das suas consequéncias. Propomos que vejas o filme e que respondas as questées que se seguem. [Dl Actonagem reprodutora ea terapéutica tém objetivos ife- rentes. Explica-os, dando exemplos apresentados no filme. [Bl Varios intervenientes apresentam razdes a favor e contra a clonagem Elabora uma lista com argumentos pré e contra a clonagem Fecundagio — Conjunto de variacées sgenéticas que podem xslt entre 0s membros de uma populagse Solucdo ” Excusho solugao 20 [El be que modo a clonagem pode ser usada para preservar espécies? Quais os seus possiveis efeitos? TA partic do que jd conheces e do visionamento do filme, regista fundamen araltfatitociaictschrett tonya 2. Influéncias genéticas e epigenéticas no comportamento (0 comportamento humane depende de miltiplos fatores que interagem desde a fecundagio até a morte. Ao longo da Histéria, sucedem-se diferentes concesdes: umas afirmam o predominio da hereditariedade; outras, 0 predominio dos fatores decorrentes do meio. Vamos tentar esclarecer 0 papel dos fatores que influenciam o comportamento, caracterizando os processos de hereditariedade especifica e individual. Esclarecere- mos as caracteristicas do gendtipo e do fendtipo. Hereditariedade especifica e individual Efetivamente, para compreendermos methor 0 papel da hereditariedade na determinacao de carac- teristicas bioligicas e comportamentais, teremos de Aistinguir hereditariedade especitica (que caracteriza uma espéciel © hereditariedade individual (exclusiva de cada sujeito de cada espécie) A hereditariedade especifica corresponde a in- formacao genética responsével pelas caracteristicas ‘camuns a todos os individuos da mesma espécie, de- terminando a constituicao fisica e alguns comporta- mentos. A migracao das aves, a forma como se processa 0 acasalamento, o cuidar das crias e a construcao dos ninhos sao alguns exemplos de here- ditariedade especifca Entre os seres humanos ha um conjunto de caracteristicas comuns que nos definem coma humanas, como a constituigae do rosto, a constituicao das maos, a estrutura do esqueleto, do cérebro, etc. Estes e outros caracteres comuns consti- tuem a nossa hereditariedade especifica, A hereditariedade individual corresponde & informacao genética responsavel pelas caracteristicas de um inividvo e que o distingue de todos os outros membros da sva espécie. €0 que o torna um ser dnica. Os nossos rostos distinguem-se pela ‘sua configuracao, pela core forma dos olhos, pelo desenho e espessura das sobran- cethas e dos labios, pela altura da testa, pelo formato do queixo, pelos dedos. A des- crigio das caracteristicas que nos distinguem uns dos outros seria intermindvel, Bastard olharmos para um grupo de seres humanos para compreendermos 0 que & a herecitariedade individual Gendica Poderemos afirmar que todos ternas a mesma hereditariedade especifica - que ros torna humanos - e todos temos diferente hereditariedade individual - que nos torna tinicos. E de referir que nos seres humanos as diferencas individuais manifestam também influéncia dos distintos meios ambientes em que cada um se desenvolve O texto que se segue chama a atencao para a origem das semelhancas e das diferencas entre os seres humanos, [El] Eom tembrar que 0 qu nos toma semethanesé mais importante do que aque nos torna diterentes. Os mithares de milhdes de seres humanos depersos por todo o planeta diferenciam-se pela cor da pele e pela forma do corpo, pela lingua e pela cultura. E esta variedade, que atesta a nossa capacidade para mudarmos, para nos adaptarmos a melas diferentes e para a desenvolvermos mods de vida originals, 6 melhor garantia para futur da espécie humana, {ua contudo, toda esta diversidade 16 calsa de pouca montarelativamente a esse imenso patriménio que, enquanto seres humanos, temos em comum. Genétipo e fendtipo Associado a este tema é oportuno distinguirmos gendtipa e fendtipo 0 genétipo [do grego gen, que significa “origem’, e typos, que significa “tipo"] corresponde & colecao de genes de que 0 individuo & dotado aquando da sua concerao e que resulta do conjunto de genes provenientes da mae e do pai. 0 genétipo éa constituige genética de um individuo, © conjunto das determi- nagdes genéticas herdadas que podem, ou nao, exprimir-se conforme as caracteristicas do meio em que se desenvolve. (0 genatipo 4, portanta, o projeto genético de um arganismo, 6 © conjunto de caracteres tal como sao definidos pelos genes. 0 fenstipo (do grego phainein, ‘parecer’, ¢ ypos, que sig fica “tipo’] designa a aparéncia do indivduo, isto 6, 0 conjunto de caracteristicas observaveis ~ anatémicas, morfolégicas, fisiolS- Marley aha? anos No rmagem sia evdertex 3 sere gicas ~ que resultam da interacao entre o genétipoe omeioam- ‘ans Heiss, 0 tina. biente onde ocorre o desenvolvimento. 0 fenétipo é, portante, 0 conjunto de caracteres individuais de origem genética que receteram modificacées, decorrentes da relacdo com 0 meio. Corresponde & atualizacao do genétipo. Aaparéncia de uma pessoa é determinada pelo genstipo, isto, & patriménio here ditario e pelo meio ambiente, que inclui todas as condicées: alimentares, sociveconé- micas, sociocutturais, climaticas, etc. A pessoa é, assim, o resultado de uma histéria fem que se interligam fatores hereditarios e fatores ambientais. A complexidade do que somos deriva do potencial herdado e dos efeitos do meio As potencialidades genéticas que o individuo tem aquando do nascimento sao £ desenvolvidas pela interasao com o ambiente, que se inicia a partir da concecao, na sua génese intrauterina. Efetivamente, desde 0 embrido que se fazem sentir os jomesma tip de misia dopa, 09936. na James, desenvey a 2 efeitos do meio: no desenvolvimer embrionario surgem potencialidades que nao faziam parte da célula fertilizada e que se desenvolvem a partir de influéncias do ambiente pré-natal, ‘Segundo P. L. Roubertoux, ‘todo 6 fenétipo resulta do efeito de um gene ou de um conjunto de genes agindo de maneira aditva ou interativa com os ambientes maternos (citoplasmices, pré pés-natais] assim como com @ ambiente em geral em que estd colocada a espécie, Esta interagdo ~ hereditariedade e meio - pode ser boa ou mé: pode permitir 0 desenvolvimento harménico do potencial genético, mas pode também influenciar ne- gativamente o processo de expresso e desenvolvimento desse potencial, Se comesarmos por referir © mei ntrauterino, sabemos que ama nutrigdo da mae, a ingestao de subs- tancias téxicas, medicamentosas, algumas doencas, ou até determinados estados emocionais podem afetar negativamente o desenvolvimento do feto. Refira-se, a titulo de exemple, as consequéncias do virus da ru- béola: se afetar 0 embrido nos dois primeiras meses de gestacao, pode provocar na crianca que nascer ce- gueira, atraso mental e surdez, entre outras deficién- clas. Conhece-se 0 efeito de produtos quimicos que podem alterar a estrutura do ADN, originanda muta- ‘ges que provocam o aparecimento de malformacses. 0 ‘exemplo mais estudado e conhecido é o efeita da talido- mida (medicamento tomado pelas grdvidas com efeitos calmantes) que foi responsavel pelo nascimento de muitas criancas sem bracos ou sem pernas, Compreendeu-se, também, de uma forma tragica, os efeitos das radia- ges atémicas que se seguiram aos bombardeamentos das cidades japonesas de Nagasaqui e Hiroxima. A influéncia do meio apés © nascimento, que se manifesta nas mais diversas expressies, vai decidir grande parte do que somos, 0 texto que se segue é extraido do livro As Criangas Selvagens, em que o autor, Lucien Malson, chama a atencao para a influéncia decisiva do meio social. Na verdade, o comportamento, no Homem, nao deve & hereditariedade especi- fica uma parte tao importante como nos outros animais: o sistema de necessi- dades e de funcies biolégicas, legado pelo genstipo, na ocasiso do nascimento, aparenta o Homem a qualquer ser animado, sem o caracterizar nem o designar como membro da “espécie humana”. Em compensacao, esta auséncia de de- terminacées particulares é perfeitamente sinénima da presenca de possibili- dades indefinidas. A vida rigida, determinada e regulada por uma determinada natureza, substitui-se nesse caso pela existancia aberta, criadora e ordenada de uma natureza adquirida. Deste modo, pela acao das circunstancias cultu- rais, poder aparecer uma pluratidade de tipos sociais e ndo um Gnico tipo especitico, diversificando a Humanidade no espago e no tempo. 0 que a analise das préprias semethancas mostra de comum nos Homens é uma estrutura de Gendica possibilidades e até de probabilidades que nao pode manifestar-se sem con- texto social, seja ele qual for. Antes do encontro dos outros e do grupo, 0 Homem possui apenas virtualidades didfanas como transparentes nuvens de vapor. Qualquer condensacao pressupde um meio, isto é, 0 mundo dos outros, O estudo dos gémeos manozigaticos fornece dados importantes sobre a influéncia da hereditariedade e do meio no desenvalvimento. Vamos abordar,jé de seguida, o tema, Oestudo dos gémeos Os investigadores que desenvolvem estudos sobre @ transmissao hereditéria recorrem & andlise dos gémeos para investigarem, entre outras vertentes, a influéncia do meio no comportamento @ desenvolvimento humanos. Existem dois tipos de gémeos: os falsos e os verdadeiros. Os gémeos falsos (heterozigéticos ou bivitelinos) re~ sultam da fecundacdo de dois évulos por dois esper- matozoides distintos. A fecundacao, que ocorre ao mesmo tempo, ird gerar dois seres humanos diferentes que nascero ao mesmo tempo. A sua semethanca genética ndo é maior do que a apresentada por irmaos ¢ irmas comuns. ‘Sémeos homezigiias, verdageirs ou unitelios. Os gémeos verdadeiros homozigéticos ou univtelinos} resultam do desdobra- mento do ovo. Dado que este resulta de um évulo fecundado por um espermatozoide, 0s dais ovos, resultado do desdobramento, tém os mesmos cromossomas, e, por tanto, a mesma carga hereditaria. S20 como “clones”, isto 6, cépias absolutamente iguais. A configuracao fisica é a mesma e tm o mesmo grupo sanguineo. Embora 0 cédigo genético seja exatamente igual, ha fatores que influenciam a forma como os genes se expressam, Estes fatores podem exacerbar ou amortecer @ lexpressao de um certo gene e, por isso, conduzir a pequenas diferencas nos caracteres. lj Esquema-sintese ‘Ser Humano Hereditariedade Hereditariedade specifica individual Programa Ls —E genético | Gendtipo <———> Meio Para se estudar 0 processo de transmissio genética para além do stud dos gémeos homozigétcos, recorte-se } anilise das frvores genealégieas e 20 testude e anise da AON, wv No Caderno do Alune resolve aficha nT. Meio intrauterino Meio natural social 2 fxerio Profeesor solugao q Palavras-chave A0N Gene Cromossoma Heredariesade especiica + Hereditariedade ‘ndivcual = Genétipa 2% {testa o que sabes Das questées que se seguem, seleciona a alternativa correta [lA hereditariedade especifica designa: ‘A alinformagao genética comum a todos 0s seres vvos. 8 o conjunte de genes transmitidos pelos progenitores. © ainformago genética responsavel pelas caracteristicas de uma espécie. D a informagao genética responsavel pelas caracteristcas espaciais de cada individuo. [Bi 0s gémeos monozigiticos apresentam o mesmo cédigo genstico, Esta afirmacéo {A falsa: todos os seres humanos tém uma informacao genética tnica B verdadeira: resultam da fecundacao de um évulo por dois espermatozoides iguais. © falsa: a variabilidade genética assegura a diferenciacao individual. D verdadeira: resultam do desdobramento do ovo que thes dé origem. Ey o fenstipo é 0 conjunto das determinacées genéticas herdadas. Esta afirmacao é: ‘A verdadeira: o fenétipo é 0 conjunto da carga hereditéria transmitida pelos progenitores. B falsa: 0 fenétipo é o canjunto de caracteristicas observaveis num individuo @ resulta da interacao do genétipo e do meio. © verdadeira: o fenétipo corresponde & informacao genética especitica de cada espécie D falsa: o fenétipo resulta da alteracao das informacdes genéticas que ocorrem por mutacao. Gh Ammeiose é um processo que: ‘A assegura a passagem dos caracteres hereditérios de pais para filhos. B subdivide as células do ovo para dar lugar a0 arganismo. © promove a organizacao da relacao com 0 meio ambiente. D reduz o nimero de cromossomas das células sexuais para metade. 3. Acomplexidade do ser humano e o seu inacabamento biolégico Programa genético Podemos afirmar que todos os seres vivos esto programados. Quando compra- mas sementes de malmequeres, sabemos que, passadas umas semanas, podemos contar com flores de pétalas brancas e centro amarelo. Isto é, se assegurarmos as condigdes ambientais adequadas, como, por exemplo, regar a planta com regulari- dade, nao seremos surpreendidos. Ha, portanto, um programa de desenvolvimento que passa por diferentes fases e que culmina com a florescimenta de uma flor com caracteristicas muito precisas que a distinguem de tadas as outras. Gendica Também os animais cumprem um programa que os leva a agir e a viver de uma dada forma. Os lagartos estao datados de um programa que orienta 0 seu comportemento no sentido de se movimentarem de modo muito particular para assegurar a caca, em determinada época do ano aca~ salam, cuidam das suas crias até uma dada etapa do seu desenvolvimento. 0 comportamento do lagarto, tal como 0 dos outros animais, est assegurado por um conjunto de instintos que determinam comportamentos adaptados que asseguram a sua sobrevivéncia e reproducao Estes sao programas genéticos fechados, isto é, preveem, de forma determi nada, processos evolutivos, comportamentos caracteristicas de determinada espé- cie. Nos mamiferos, o cardcter deterministae rigido do programa genético nao se faz sentir desta maneira, No ser humano hé, como veremos, uma grande plasticidade. Programa genético aberto (0 que distingue o ser humano de muitos outros animais é 0 facto de as suas ages nao serem definidas por um programa fechado, Sabemos que a nossa estru- tura bialégica corresponde a programas que nos possibilitam prever o que acantece quando, por exemplo, as glandulas sexuais entram em funcionamento. Os nossos sistemas biolégicos estao predeterminados, em grande parte, nos seus processos de desenvolvimento e funcionamento. Um programa biolégico, uma dolacao genética explica o processo que nos conduz, através da maturacao e do desenvolvimento, do nascimento até & morte. Ha, no entanto, uma grande diferenca entre os seres vivos “totalmente” programa- dos e outros animais que so parcialmente programados. No ser humano, essa pro- gramacao é a menos significativa, por comparacao com outros animais - o programa genético & aberto. E essa diferenca distingue os seres humanos. Como ja dissemos, existe uma programacao bésica de indole bioligica, mas o ser humano nao esté determinado por um sistema de instintos que defina, a partida, o seu desenvolvimento e o seu comportamento, Os animais apresentam esquemas de com= portamento especializados que os dotam de capacidades altamente eficazes de adap- taco a0 meio: os ledes tém garras que thes permitem cacar e rasgar as suas presas; 05 ursos polares suportam temperaturas baixissimas: as Sguias fazem ninhos em lo- cais inacreditéveis; as focas nadam velozmente; 0s cdes t8m um olfato apuradissimo, a mosca um olho caleidoscépico, os chimpanzés bracos ¢ pernas que thes permitem trepar arvores a grandes velocidades. Sé que estas especializagées, que tantas vezes nos deslumbram pela sua eficacia, determinam limitagdes: funcionam apenas nos ni chos ecolégicos onde as animais estao inseridos. As garras nao permitem abrir uma porta, oeximio nadador nao anda, Para além das fungdes para que estdo programadas, estas capacidades de pouco servem quando as circunstancias se alteram. ‘Aausincia destas hiperespecializaées no ser humane constitu a sua vantagem. Com um organismo menos preparado geneticamente [érgaos, sentidos, constituicao esquelética © muscular] para encarar desafias @ que os animais respondem com j } total eficas 0 Homem tem capacidade para enfrentar situagées imprevistas. A sua w tocar do ue soln sb 28 mperieicao © seu inacabamento permitem-the adaptar-se as mudancas, as situacdes imprevistas. Compensam as suas limitagdes anatémicas com a invengao de solucbes, dando-the a possibilidade de adaptacao a circunstancias novas e, por isso, IE Atos espcierepeteo terme espe desafiadoras. Michel Serres, no texto que se segue, reflete sobre as van- tagens da nao especializacao. o, Pelo contrario, os nossos ér- ga0s desespeciatizam-se. Comparada com a Ungula dos ruminantes, com a pinga do caranguejo, com 0 tentaculo do polvo, a mao, nao especializada, acaba por fazer tudo, levantar um martelo, conduzir um arado, tocar um violino, aca~ riciar, fazer sinais. Comparada com os bicos dos passaros, com as fauces do tubarao, com 0 focinho do cao, a boca, nao especializada, acaba por fazer tudo, morder, sem divida, mas também beijar, assobiar, falar mil linguas. Assim, podemos abandonar os nossos nichos especiais e abrirmo-nos ao espaco glo- bal, Em vez de habitar uma localidade, 0 ser humano, desdiferenciado, inclusi- vamente indiferente, atrevemo-nos ad lo, percorre o mundo e viajae, nesse ato, superando o presente imediato, entra num tempo diferente. ser Mate gv taint ne Pome 208 845 Prematuridade e neotenia Bidlogos, antrapélagos e psicélagos consideram que a complexidade do ser hu- mano ¢ © papel da aprendizagem na nossa existéncia resultam do facto de o Homem ser um ser biologicamente inacabado. 0 seu organismo leva muito mais tempo a atingir 0 pleno desenvolvimento do que o das outras espécies: logo apés o nasci- mento, 9 pato nada atras da mae, o pintainho ensaia os primeiros passes, © chim- panzé agarra-se com toda a eficacia a0 pelo da sua mae, Sao 0s programas genéti- cos que thes permitem comportamentos arientados eficazmente paraa sabrevivéncia e adaptacio ao meio. 2 1g pata sobrevve szina, 2% Diferentemente, 0 ser humano, quando nasce, apresenta uma incapacidade para reagir de forma ceficaz a0 meio, Fernando Savater afirma: 1ram-nos de forne evolutiva muito cede, estames a mela cozedura O ser humano é um ser prematuro, no sentido em ‘que nao apresenta as suas capacidades, as competén- clas desenvolvidas. 0 ser humano nasce inacabado. ‘A sua imaturidade explica por que razio a infancia humana é to longa: € 0 periodo de acabamento do processo de desenvolvimento que decorreu na vida intrauterina, 0 carécter embrionério do bebé torna-se uma vantagem, porque o longo periodo de imaturi- dade é essencial para a sobrevivéncia e adaptacao da espécie. Gendica Na espécie humana, o periodo de desenvolvimento e de crescimento da crianca 6 extraordinariamente longo, 0 que é vital para o ciclo de vida humano. Recordemos que o crescimente fisico sé se completa depois dos 20 anos de idade, A necessidade © a capacidade para aprender estendem-se pela adolescéncia e 0 estado adulto gq Alguns aspetos da imaturidade servem objetivos adaptativos imediatos. Por exemplo, alguns reflexos primitives, como a procura do seio materno, sao protetores para o recém-nascido desaparecendo quando ja nao sao necessé- rios. 0 desenvolvimento do cérebro humano, apesar do seu rapido crescimento pré-natal, esté muito menos completo ao nascer do que os cérebros de outros primatas; se 0 cérebro do feto atingisse o tamanho total antes do nascimento, seria muito grande para passar no canal uterino, Em vez disso, 0 cérebro hu- ‘mano continua a crescer durante a infancia, ultrapassando os cérebros dos ossos primos simios nas capacidades para falar e pensar, 0 desenvolvimento mais lento do cérebro di maior flexibilidade ou plastici- dade, dado que nem todas as conexdes esto “instaladas” no inicio da vida. No plano fisico, o ser humano apresenta um ina- cabamento biolégico que se designa por neotenia atraso no desenvolvimento que faz com que 0 indivi- duo se desenvolva mais devagar, dependendo, du- rante muito mais tempo, dos adultos, porque é pre- ciso ensinar-the a comer, a andar, @ falar, etc, O pracesso de desenvolvimento do cérebro [cerebrali- zacaol est ligado a0 retardamento ontogenstico, isto &, a0 protongamento do perfodo da infancia e da adolescéncia, S80 os genes de desenvolvimento, de que ja falémos, que fazem do ser humano um ser neoténico, isto &, um animal em que hé um protonga- mento da morfologia juvenil até a idade adulta. Alguns autores utilizam o termo “ju- venilizagao” para designar este pracesso. € esta a questao que o texto seguinte de- senvolve. Os progressos da cerebralizacao sao inseparaveis dos da juvenilizacao. A juve- nilizagao corresponde a um retardamento ontogenstico, isto , ao prolonga- ‘mento do periodo biolégico da infancia e da adolescéncia, e mesmo a uma falta de acabamento ontogenético, isto é, a falta de acabamento na substituicao das caracteristicas juvenis pelas adultas. 0 prolongamento da infancia permite a continuagéo do desenvolvimento organizacional do cérebro em relagéo estreita e complementar com os estimulos do mundo exterior e com incitagdes culturais, 0 que quer dizer que a lentidao do desenvolvimento ontogenético 6 favordvel & aptido para aprender, ao desenvolvimento intelectual, a impreg- nagao e, portanto, & transmissao cultural. (0s macacos Rhesus stinger a maturidade sexual aos 4 anos oF chimpanzés aos 8 anos. Registar que o cérebro continua ereseer depois do nascimento, Esta questio sera aprofundada no tema seguinte 5 i EiasEenen sa a endtics Um reflexo da neotenia é o facto de o adulto possuir ainda tracos caracteristicos da infancia e da adolescén- = cia, As caracteristicas juvenis, plasticas, mantém-se, portanto, nos individuos adultos que apresentariam tra- 0s da neotenia: caixa craniana em forma de ovo, facies juvenil, cavidade occipital situada na base do crénio. Em conclusao: 0 inacabamento biolégico do ser hu- mano © a sua prematuridade implicam um prolonga- mento da infancia e da adolescéncia, condigao necessé Poaetacecinponttweniepircenasconsnemense Ta paraaseuprocesso de adaptacio e desenvolvimento {ue chimparzé adulto? Sem dvds porque, de uma maneita ou __ESt@ aparente falta vai constituir uma vantagem, ao per- outa, oF noss0e antepoesados si os macacos que conseva- __mitir 2 possibilidade de uma maior capacidade para ‘amas carctristicas uvenisnaidade atl, aprender na contexto do seu ambiente, da sua cultura Passamos a desenvolver esta ideia. Vantagens do inacabamento humano fPEemescscmrs §——_rcaneaio de nevteni i esenodie pelo poesago selsogo Aree Dehn, uma forma deo ser ‘que afirma que o Homem & “um ser aberto 20 mundo": 0 seu inacabamento bioldgico, 2 sua prematuridade, explicaria a auséncia de uma programacao biolégica tao rigida seu inacabamento , sao ‘como a que existe noutras animais. A aprendizagem ir8 cumprir as tarefas que nos animais sao destinadas pela hereditariedade: o ser humano tem de aprender 0 que a hereditariedade propicia a outras espécies. hhumano ultrapassar Inacabado, biolagicamente desamparado, prematuro, esté aberto a miltiplas po- tencialidades. A sua natureza biolégica torna mais flexivel 0 processo de adaptacao a0 meio, Cria a necessidade de o Homem criar a sua prépria adaptacao, a cultura, {que transmite de geracdo em geracdo. Este conceito de ser inacabado sera retomado por Konrad Lorenz, que sugestivamente designa o Hamem como “um especialista da nao especializacao”. 0 estatuto humano sé é atingido através da aprendizagem. A pre- rmaturidade do ser humano é, portanto, uma vantagem. 0 texto que se segue explicita esta idela, 2 lage mie-bebe, que se mantém durance um lango peioda, sende ums fase crucial no {derenvowimena, ums maniestag30 de noten3 8 Gendica [El Atereng entre os sere vvstttmenteprogramados eos eres humanes sé em parte programados pode parecer quantitativamente minima mas cons- ttulum salto qualitative radical. Aisso se deve os atuase reterados equivo- cos sobre o significado das simitudes gensticas entre os homens eos outros animais. Somos informados que a elferenca genética que nos separa dos chimpanzés é minima (menos de 5%] ¢ nao muito maior a que nos afasta do poreo ou do verme. Alguns afligem-se perante este parentesco ‘A conclusdo mais evidente é que, dadas as nossas radicals diferensas com chimpanzés, poreos ou vermes, a dotagBo genética ndo 6 0 mals decsivo no sstabulecitente da condl¢do humans. Quanto mals se damenctrar a nessa continuidade genética com outros animais mais dbvio se torna que a nossa flagrante descontinuidade no campo das acées deve provr de outros elemen- tos nao identificaveis no ADN. Esta conclusao nao é razao para aumentar ou diminuir a autocelebragio dos ites humanos, mas serve para relativizar neles a importancia da influéncia genética. O ser humano conta com uma pro- gramacio bisica~biolégica mas deve autoprogramar-se como humane. Per vezes esta autoprogramagie humanlzadora implla uma cera “desprograma- cao" simbélica.. Mesmo comparado com os seus parentes 200légicos mais préximos, oferece uma sensagio de abertura de inacabamento: em suma, de extrema disponibildade \ Esquema-sintese Programa genético (programagio bioldgica basical | + Inacabado Capacidade e competéncias + Premature ‘io desenvolvidas om especializado + Imaturo | Protongamento bialégico Desenvolvimento a infincia e adolescéncia —”_ através da aprendizagem I Versatlidade plasticidade adaptativa | 5 Cérebro incomplete Cerebralizacio [desenvolvimento lento} a fxerio Profeesor solugao 20 i Testa 0 que sabes Das questdes que se seguem, seleciona a alternativa correta, [Hi Aneotenia designa: A o inacabamento bioldgico do ser humano ao nascer. B o programa de desenvolvimento definido pela espécie. © as capacidades intelectuais inatas, D arelacao entre a ontagénese e a filogénese. entice as vantagens aferagte ’acabamento biolégico do ser humano, nas seguintes. ‘| a capacidade para enfrentar e se adaplar a situacdes imprevistas e desafiadoras com eficacia, 2 nos seres humanos, o sistema de instintos define & partida 0 desenvolvimento e comportamento, 3 as hiperespecializagses do ser humano permitem-the responder com maior eficdcia aos desafios do meio. 4. as limitagdes anatémicas humanas so compensadas pela capacidade de resposta e adaptacao a circunstancias novas, A 1e2sio verdadeiras; 3 e 4 sio falsas. B 13 sdo verdadeiras; 2¢ 4 sao falsas. © 1e4 sdoverdadeiras; 2 3 sao falsas. D 1e2sao falsas; 3 e 4 sao verdadeiras. EA fexttidede cormportamentaecopntva& tevez» maior vantogar adaptatia da -espécie humana. [Bjork\und) ‘Comenta a afirmagdo do autor, relacionando-a com oinacabamento biolégico do ser hurmano, [Bh Oprotongamento da inféncia, que favorece a complexidade social, também ¢ favore- «ido por esta. A mae, que indivdualiza cade vez mais a sua criance, quer” -la crianga” o mais tempo possivel ea manutensio prolongada de uma aliment de bebé, de uma coberturaplacentéria de protecio e de caricias retarda psicologica- ‘mente, etalvez endocrinamente, o desenvolvimento ontegendtco. |. Morn] Depois de leres atentamente o texto, explica de que modo a relaglo da mae ‘com 0 bebé reforca 0 pralongamento da infancia [BRE necessério abandonar a ideia de que os genes séo a unica fonte de ordem do desenvolvimento. (Paget! Comenta a afirma 10 de Piaget, indicando outras fontes do desenvolvimento humano. [Di “0 inacabamento biolégico do ser humano é uma grande vantagem.” A partir desta afirmacao: ‘A mostra a importancia da neotenia na capacidade de adaptacao do ser humano a0 meio. 5 explica por que razaa a infancia 6 tao longa no ser humano.

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