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Licenciatura em Educação Básica

Susana Martins
História e Geografia de Portugal II Ricardo Coscurão
HGP II – FT4 Alfredo Dias
Módulo 4 Ana Isabel Rodrigues

Data: 14 / 11 / 2023

Alunos:
Catarina Viçoso N.º 2020585
Rafael Carreira N.º 2021378

Grupo I

Doc. 1 - Manifestação de estudantes e aparato policial junto do novo Doc. 2 – Vinheta da Acção
edifício das Matemáticas, Coimbra, 10 de abril de 1969. Revolucionária Armada (ARA),
com referência ao ataque ao navio
Cunene, ocorrida em 26 de outubro
de 1970.

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Doc. 3 – Polícia de choque dispersa os
participantes na romagem ao túmulo de Mário
de Sacramento, por ocasião da realização do III
Congresso da Oposição Democrática. 8 de abril
de 1973.

Doc. 4 – Aspeto da mesa de sessão da


Comissão Democrática Eleitoral, durante a
campanha para as eleições de 1973.

1. Contextualize o conjunto documental apresentado.

A partir do ano de 1968, com a nomeação de Marcello Caetano para presidente do concelho,
houve um período denominado de “primavera marcelista”, onde foi assumido que, sendo ele
professor de Direito na Universidade de Lisboa, havia a possibilidade e a esperança de que
pudéssemos alterar o regime para um mais democrático, cessar a guerra colonial, e tornar
Portugal um país mais livre. Marcello tentou ainda de certa forma aplicar algumas medidas,
entre os quais a substituição de figuras salazaristas por outras menos vinculadas à ideologia
do regime, que refletiu uma tentativa de reconfigurar o poder, o ajuste no equilíbrio de

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poderes entre o Presidente da República e o Presidente do Conselho, o retorno de exilados
políticos, como o Bispo do Porto e Mário Soares, que sinalizou uma abertura política, a
reorganização da polícia política, da PIDE para DGS, que indicou uma mudança na
abordagem do Estado, o relaxamento da censura, verificado no documento 2, pois o discurso
e a imagem que aparece no mesmo mostra algo que enfraquece o governo de Caetano, porém,
mesmo assim foi publicado, e a abertura das listas da União Nacional a deputados reformistas
durante o Congresso da oposição democrática em Aveiro, que refletiram a busca por maior
pluralidade política e levaram também a uma certa liberdade de expressão, observada no
documento 1, com a greve estudantil de Coimbra, porém sempre com algum tipo de
repreensão por parte da polícia, como podemos observar pela enorme massa policial que os
estudantes ali enfrentam.

Caetano, após esse período de mitigação de algumas medidas opressoras do Estado Novo
percebeu que o povo estava a ultrapassar os limites impostos, e por isso decidiu voltar atrás
com uma quantidade de medidas, entre as quais o facto da Guerra Colonial persistir, os
partidos políticos permanecerem proibidos, e os mecanismos repressivos intensificarem-se.
A censura foi reforçada, enquanto a repressão aos opositores tornou-se mais violenta. Em
1972, a reeleição de Américo Tomás como Presidente da República consolidou a
continuidade de um regime autoritário, indicando poucas mudanças significativas no
panorama político português. Tal é possível observar no documento 3, onde a polícia de
choque está a dispersar os participantes da marcha por estarem a ir contra as ideias do regime
autoritário que se encontrava no poder.

As eleições portuguesas de 1973 foram um marco significativo no contexto político do


Estado Novo liderado por Marcelo Caetano. Realizadas em 7 de outubro, essas eleições
foram as últimas antes da Revolução dos Cravos, que ocorreu em 25 de abril de 1974. Durante
a campanha, houve uma tentativa de dar uma aparência de legitimidade democrática ao
regime autoritário, com a abertura das listas da União Nacional a deputados reformistas e
críticos do isolamento do Estado Novo, conhecidos como a chamada Ala Liberal. No entanto,
essas eleições foram amplamente criticadas pela oposição, que denunciava a falta de
verdadeira representatividade e a continuação de práticas autoritárias. A Comissão
Democrática Eleitoral (CDE) foi formada como uma resposta da oposição para monitorar o

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processo eleitoral, como podemos observar no documento 4. Apesar das tentativas de
reforma superficial, o resultado das eleições não conseguiu conter as crescentes pressões e
insatisfações populares, levando então ao fim do regime do Estado Novo com a Revolução
dos Cravos a 25 de abril de 1974.

Grupo II
Proclamação da Junta de Salvação Nacional
Em obediência ao mandato que acaba de lhe ser confiado pelas Forças Armadas, após o
triunfo do Movimento em boa hora levado a cabo pela sobrevivência nacional e pelo bem-
estar do Povo Português, a Junta de Salvação Nacional, a que presido, constituída por
imperativo de assegurar a ordem e de dirigir o País para a definição e consecução de
verdadeiros objectivos nacionais, assume perante o mesmo o compromisso de:
- Garantir a sobrevivência da Nação, como Pátria Soberana no seu todo pluricontinental;
- Promover, desde já, a consciencialização dos Portugueses, permitindo plena expressão a
todas as correntes de opinião, em ordem a acelerar a constituição das associações cívicas
que hão-de polarizar tendências e facilitar a livre eleição, por sufrágio directo, de uma
Assembleia Nacional Constituinte e a sequente eleição do Presidente da República;
- Garantir a liberdade de expressão e pensamento;
- Abster-se de qualquer atitude política que possa condicionar a liberdade da eleição e a
tarefa da futura Assembleia Constituinte e evitar por todos os meios que outras forças
possam interferir no processo que se deseja eminentemente nacional;
- Pautar a sua acção pelas normas elementares da moral e da justiça, assegurando a cada
cidadão os direitos fundamentais estatuídos em declarações universais e fazer respeitar a
paz cívica, limitando o exercício da autoridade à garantia da liberdade dos cidadãos;
- Respeitar os compromissos internacionais decorrentes dos tratados celebrados;
- Dinamizar as suas tarefas em ordem em que no mais curto prazo o País venha a governar-
se por instituições de sua livre escolha;
- Devolver o poder às instituições constitucionais logo que o Presidente da República eleito
entre no exercício das suas funções.

26 de abril de 1974
Lida por António de Spínola perante as câmaras da RTP

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Responda às questões que se seguem.

1. Identifique quem entrega o poder à Junta de Salvação Nacional.


Quem entregou o poder à Junta de Salvação Nacional foi o Movimento das Forças Armadas
(MFA).

2. Indique as razões pelas quais foi formada a Junta de Salvação Nacional.


As razões pelas quais foi formada a Junta de Salvação foi a sobrevivência nacional e o bem-
estar do povo português, como podemos comprovar com a seguinte frase da Proclamação da
Junta de Salvação Nacional: “Em obediência ao mandato que acaba de lhe ser confiado pelas
Forças Armadas, após o triunfo do Movimento em boa hora levado a cabo pela sobrevivência
nacional e pelo bem-estar do Povo Português […].”.

3. Esclareça a posição da Junta de Salvação Nacional relativamente à questão colonial,


apoiando a tua resposta em excertos do texto.
A posição da Junta de Salvação Nacional relativamente à questão colonial é que eram a favor
do 25 de abril e da luta pela liberdade e isso pode ser comprovado com os seguintes excertos
do texto: “Promover, desde já, a consciencialização dos Portugueses, permitindo plena
expressão a todas as correntes de opinião, em ordem a acelerar a constituição das associações
cívicas que hão-de polarizar tendências e facilitar a livre eleição, por sufrágio directo, de uma
Assembleia Nacional Constituinte e a sequente eleição do Presidente da República”;
“Garantir a liberdade de expressão e pensamento” e “Respeitar os compromissos
internacionais decorrentes dos tratados celebrados”.

4. Interprete o sentido geral dos compromissos assumidos pela Junta de Salvação


Nacional perante os portugueses ao nível da política interna.
A Junta de Salvação Nacional responsabiliza-se perante o povo português pelo compromisso
de servir os interesses da nação e solicita a participação sincera esclarecida e decidida do
povo na vida política nacional. A proclamação de António de Spínola pretende dar ao
conhecimento da população a referida “conquista de três D’s”: Desenvolvimento,
Democratização e Descolonização. Esta conquista de três D’s, tem como objetivo instaurar

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a paz e a liberdade. Desta maneira, a Junta de Salvação Nacional é a responsável por fazer
cumprir diversas medidas destinadas a alterar as condições da vida económica, social e
política nacional, isto é, ser responsável no sentido da construção de uma política
socioeconómica ao serviço dos trabalhadores. Existem também outras medidas, como, a
realização de eleições livres e democráticas e o respeito pela liberdade de expressão e pelos
direitos humanos. A Junta de Salvação Nacional divulga diversos decretos a favor da
dissolução da Assembleia Nacional e do Conselho de Estado, da reintegração dos
funcionários do Estado, militares ou civis, nas funções de que tinham sido demitidos ou
reformados compulsivamente por motivos de natureza política e da amnistia para os presos
políticos.

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