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WV . A Importancia da Nutrigdo na Esclerose Lateral Amiotr6fica Jeniffer Danielle Machado Dutra CRN-97712 Nutricionista Cli Mestre pelo Programa Satide do Adulto - UFMG; Pés-graduacao em Terapia Nutricional e Nutricéo Clinica - GANEP; Pés-graduacao em Nutricao Clinica Funcional - VP Centro de Nutri¢éo Funcional; Pés-graduacao em Fitoterapia Funcional - VP Centro de Nutri¢&o Funcional; Coordenadora do Servico de Nutri¢éo do Instituto Orizonti Membro do Conselho de Administracao e do Comité Cientifico da Associagao Pré-Cura da ELA. ica; (2 E-mait: jenitfermdutra@hotmail.com © acompanhamento as pessoas com Esclerose Lateral Amiotrofica (ELA) deve ser feita por uma equipe interdisciplinar, o que proporciona melhor qualidade de vida aos mesmos, sendo ‘© manejo nutricional parte essencial dos cuidados. Estudos tém mostrado intima relagao entre o estado nutricional e a sobrevivéncia das pessoas com ELA uma vez que a perda de peso, com desenvolvimento da desnutricao, leva piora dos sintomas motores, aumenta 0 risco de broncoaspitagao e reduz a sobrevida. Um estudo revelou aumento de 30% de risco de morte para cada 5% de peso perdido e aumento de 20% do risco de morte para reducao de cada unidade de Indice de Massa Corporal (IMC), alertando a necessidade dos pacientes atenderem as demandas nutricionais. Aalteragao de peso deve-se a perda de massa muscular e de gordura, exacerbando a fraqueza muscular e prejudicando a funcao respiratéria eo sistema imunolégico. ‘As causas para o desenvolvimento das alteragées nutricionais so diversas como: depressao, falta de apetite, fadiga ao se alimentar, sialorréia, dificuldade em se alimentar sozinho, constipagao intestinal, disfagia, levando a redugao da ingestao alimentar, além do hipermetabolismo. Esse Ultimo é definide como aumento do gasto energético em repouso, estando associado genética, fasciculacao, infecgées frequentes, disfungao mitocondrial, neuroinflamacao e esforgo respiratorio. As consequéncias adversas do hipermetabolismo determinam a necessidade do aumento do ‘consumo alimentar dos pacientes, entretanto ha evidéncias mostrando que a ingestao alimentar de, aproximadamente, 70% das pessoas com ELA est 10% a 27% abaixo do gasto energético. ws Devido a importancia do manejo nutricional, a Academia Americana de Neurologia recomenda avaliag3o nutricional regular, nao ultrapassando 3 meses de intervalo entre cada avaliacao. ‘Oacompanhamento nutricional deve ser iniciado assim que for feito o diagnéstico, levando em consideracao a historia clinica, chamando atencao para alteracao do peso, histéria da ingestdo alimentar e hidrica, habito intestinal, analise de exames bioquimicos, incluindo a solicitagao dos mesmos, quando necessério, além da avalico antropométrica. Essa ultima inclui peso, altura, calculo do IMC, medida da circunferéncia do braco, dobra cutanea tricipital, circunferéncia muscular do brago, area muscular e de gordura do braco. A intervengao dietética, por via oral, deve ser ajustada conforme consisténcia, considerando as orientagdes do fonoaudidlogo e, conforme as necessidades nutricionais sendo vital © tratamento individualizado. A prescricao dietética, predominante, baseia-se em dieta hipercalérica, hiperproteica, normoglicidica, normo a hiperlipidica, sendo fracionada ao longo do dia, com quantidades adequadas de fibras, vitaminas e minerais, além da hidratacao, sempre com alimentos de alta qualidade nutricional. Ao ser observado reducao da ingestao alimentar, 0 inicio de suplemento hipercalérico/hiperproteico devera ser considerado, com o objetivo de completar as necessidades nutricionais e prevenir a perda de peso. Suplementos com aminodcidos de cadeia ramificada e médulo de glutamina nao sao indicados aos pacientes por estarem relacionados ao metabolismo do glutamato. Entretanto, outros nutrientes e alimentos parecem ser favoraveis aos pacientes como vitamnina E, carotenoides, frutas e vegetais. A via alternativa de nutrigao (nutricdo enteral) deve ser indicada quando ha perda de 5% a 10% do peso habitual, em casos de nutricdo e hidratag3o inadequados, disfagia com contraindicacéo de alimentagaio e hidratacao por via oral e declinio da funcao respiratéria, com capacidade vital forcada préxima a 50% do predito. Existem opgées diferentes de via enteral, entretanto a gastrostomia endoscépica percutanea (GEP) € a principal escolha. Deve-se destacar a importancia da manutencéo do acompanhamento nutricional apos a definicao da GEP, uma vez que os cuidados dietéticos continuam e as necessidades nutricionais dos pacientes precisam ser alcancadas para bons resultados. As dietas podem ser diferentes para cada situac3o, porém as mais utilizadas so as dietas hipercaléricas, hiperproteicas com fibras, levando também em consideracaoa quantidade de carboidratos e gorduras. © modo de administracéo devera ser realizado conforme tolerancia do paciente, sendo predominante o intermitente, de modo gravitacional ou por seringa. Outro ponto a ser considerado é a presenga de constipaco intestinal, gerando desconforto abdominal ao paciente e, em algumas situacées, interferindo na funcao respiratoria. Entretanto a nutricsio pode contribuir para melhora da funcdo intestinal, ao ser ofertado, tanto na dieta por via oral quanto na dieta enteral, quantidade adequada de fibras e hidratacao diariamente, devendo ambos serem administrados de maneira proporcional. A\intervencao do nutricionista é essencial para manutencdio do estado nutricional, adequaco da prescricao dietética, alérm de evitar a auto-prescricao e 0 uso indiscriminado de “estratégias” e/ou suplementos nutricionais que ndo agregam beneficios ao paciente. Rua dr. Diogo de Faria, 75 11° andar

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