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Ficha Catalográfica
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MINAS GERAIS. Canal Minas Saúde. Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais. Curso de Assistência ao Estomizado – Unidade 3: A bolsa coletora:
indicações e uso. Belo Horizonte, Minas Gerais, 2013.
Olá! Este é o seu Material de Referência que contempla todo o conteúdo da
Unidade 3 de forma mais aprofundada. Nosso intuito é agregar mais conhecimento
a sua aprendizagem, por isso leia-o com atenção!
Complicações imediatas
Sangramento ou hemorragia:
Isquemia ou necrose:
Caracteriza-se pela alteração da cor da mucosa do estoma, inicialmente pálida e
depois escurecida, resultante da circulação sanguínea inadequada associada à tensão
ou ligadura no pedículo do seguimento exteriorizado, estrangulamento do estoma
devido à sua exteriorização por orifício muito estreito na parede abdominal ou
sutura mucocutânea com pontos muito apertados. Pode ser parcial ou total. Nos
casos em que acometer até um terço da circunferência do estoma, pode ser tratada
de forma conservadora com observação do estoma, mas nos casos de necroses mais
intensas que comprometem toda a circunferência do estoma ou se estendem a planos
mais profundos da alça, pode ser necessária uma reintervenção cirúrgica.
Recomenda-se a utilização de equipamento coletor de duas peças, com bolsa
coletora transparente, possibilitando a visualização do estoma.
Edema:
Caracteriza-se pelo tamanho aumentado do estoma, que ainda apresenta-se
túrgido, brilhante e ligeiramente pálido. Pode ser considerado como resposta
fisiológica ao trauma cirúrgico causado pelo manuseio e mobilização da alça
intestinal, pela ligadura de vasos ou pela exeteriorização da alça por orifício muito
estreito na parede abdominal.
Figura 1: Estoma com edema.
Fonte: Enf. Eline Borges (arquivo pessoal).
O enfermeiro responsável deve acompanhar a evolução, uma vez que o edema pode
provocar o aparecimento de necrose devido à diminuição da irrigação sanguínea.
Deve-se esperar e observar o estoma, pois o edema tende a desaparecer após duas
semanas de pós-operatório.
Complicações precoces
Retração ou afundamento:
O tratamento deve ser cirúrgico, nos casos em que o estoma se encontrar fora do
trajeto da parede abdominal, ou conservador, nos casos em que a retração for
parcial, por meio de cuidados locais e adaptação adequada do equipamento coletor.
Recomenda-se a indicação de equipamento coletor de placa convexa, cujo orifício
deve corresponder ao diâmetro e formato do estoma.
Descolamento mucocutâneo
A deiscência deve ficar sob a base adesiva para que cicatrize por segunda intenção,
em casos graves, é indicada a reintervenção cirúrgica. Os cuidados envolvem
observação do estágio inflamatório pelo risco de peritonite por infiltração do
conteúdo fecal na cavidade abdominal.
Complicações tardias
Estenose
Prolapso de alça
Caracteriza-se pela saída parcial ou total da alça intestinal pelo próprio estoma, cujo
comprimento é acima de 5 cm, mas pode variar conforme o paciente. O prolapso
parcial é de aspecto rugoso com preservação do pregueado mucoso da alça
exteriorizada e o prolapso total é de aspecto liso e contém toda a parede da alça,
podendo alcançar grandes volumes. Essa complicação é mais comum em estomas
confeccionados em alça, principalmente do cólon transverso. As causas relacionadas
ao surgimento do prolapso são a exteriorização da alça distante dos pontos de
fixação anatômicos, a não fixação do meso do segmento exteriorizado, grande
abertura do trajeto de exteriorização e aumento da pressão abdominal.
Hérnia periestoma
Indica-se cirurgia corretiva apenas quando a hérnia está causando muitos problemas.
Nesses casos, prioriza-se mudar a colostomia de lugar e corrigir a fraqueza
abdominal. Quando a hérnia está associada à fragilidade muscular periestoma de
menor intensidade, o que ocorre em muitos pacientes com colostomia, esses podem
permanecer sem correção cirúrgica. Para esses pacientes estão indicados
equipamentos coletores de placa macia e flexível, além de cinto elástico ajustável
com bordas para encaixe em hastes dos equipamentos coletores. Também pode ser
necessário o uso de cinta abdominal ajustável com orifício para a exteriorização do
estoma.
Dermatite periestomal
Figura 11: ileostomia com dermatite Figura 12: ileostomia com dermatite
Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Enf. Eline Borges (arquivo pessoal)
A dermatite é irritação da pele ao redor do estoma causada pelo fluido intestinal ou
urinário em contato com a pele. Os fluidos ileais e os provenientes da colostomia
direita são mais alcalinos e ricos em enzimas, provocando irritações mais graves e
mais precoces.
A urostomia também tem risco elevado para a ocorrência de dermatite, pois, expõe a
pele circundante ao contato com urina. Esta é agressiva para a pele porque a expõe a
uma umidade constante e porque dependendo da composição química, a urina pode
alterar o ambiente ácido da pele, rompendo o equilíbrio existente. A alcalinidade
aumenta a capacidade irritativa da urina, alimentando um ciclo vicioso que termina
em uma maior frequência de complicações locais como as lesões irritativas
dérmicas, ulcerações e estenoses dos estomas, com agravamento da qualidade de
vida dos urostomizados.
Dermatite alérgica
A infecção por esse tipo de fungo limita-se ao estrato córneo. A lesão inicial
caracteriza-se por pústula, que ao romper, leva ao surgimento de pápula e eritema. O
sintoma típico é o relato de prurido local.
Os fatores que determinam a escolha por equipamento coletor de duas peças são: a
possibilidade de trocar a bolsa sem retirar a barreira adesiva, a facilidade de acesso
ao estoma para cuidados e observação, a possibilidade de visualizar e centralizar o
estoma no momento da troca do equipamento, a redução do número de trocas e
consequente redução do custo, além das preferências pessoais do paciente.
Faixa etária
Os equipamentos coletores podem ser classificados ainda quanto à faixa etária para
a qual é indicado, sendo adulto, pediátrico ou neonatal. As características que
diferenciam os equipamentos coletores destas três categorias são, principalmente, as
dimensões da bolsa, que determinam sua capacidade de armazenamento de efluente,
e as dimensões da placa adesiva, que determinam a área de abdome necessária para
a fixação do dispositivo.
No que se refere aos dispositivos para neonatos, estes devem ainda apresentar
suavidade e maciez superiores aos dispositivos para crianças e adultos, considerando
que a epiderme dessa clientela ainda é muito frágil.
Abaixo seguem as medidas padrões das dimensões das bolsas em cada faixa etária:
Faixa etária Comprimento útil (em cm) Largura útil (em cm)
Adulto (drenável) Entre 20 e 30 cm. Entre 12 e 18 cm.
Adulto (fechada) Entre 16 e 22 cm. Entre 12 e 16 cm.
Pediátrico Entre 20 e 27 cm. Entre 12 e 14 cm.
Neonatal Entre 15 e 17 cm. Entre 5 e 7 cm.
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Considera-se produto hipoalergênico, aquele cujas chances de causar alergia são menores que dos outros, ou seja, quando
testados em pacientes alérgicos não causam alergia em 98% dos indivíduos. Isso significa que mesmo sendo hipoalergênico pode
causar alergia em 2% dos indivíduos, isso vai depender de cada pessoa.
Bolsa drenável – refere-se à bolsa que realiza a coleta do efluente eliminado pelo
estoma e permite a sua drenagem. Tratando-se de bolsa para estomas intestinais, a
drenagem do efluente se dará através de uma ampla abertura localizada na
extremidade inferior da mesma. São indicadas para uso em ileostomia ou colostomia
direita, devido à consistência líquida do efluente, apresentando como vantagem
frente à bolsa fechada a diminuição da frequência de troca e consequente redução do
risco de lesar a pele periestoma e redução do custo. No caso da bolsa para estomas
urinários, a drenagem do efluente se dará através de uma válvula de drenagem,
também localizada em sua extremidade inferior. Tanto a ampla abertura quanto a
válvula de drenagem presentes nas bolsas drenáveis requerem a presença de um
eficiente sistema de fechamento que pode ser avulso ou integrado.
As bolsas confeccionadas em plástico opaco são indicadas para uma fase mais
avançada da reabilitação, quando a visualização do estoma e efluente não precisa ser
mais contínua, além de razões estéticas por proporcionar maior discrição.
A bolsa pode apresentar algum tipo de revestimento em sua face anterior, posterior
ou em ambas.
Face Anterior Face Posterior
Placa de resina
sintética ou Flange
Figura 23: Equipamento coletor de duas peças com sistema de acoplamento autoadesivo.
Figura 24: Equipamento coletor de duas peças com sistema de acoplamento autoadesivo.
Ressalta-se que o equipamento coletor de duas peças apresenta uma dessas opções
de sistema de acoplamento citadas acima, sendo: flange, para o sistema de
acoplamento por encaixe, ou; base para acoplamento autoadesivo, para o sistema de
acoplamento por adesividade.
Haste para encaixe de cinto – refere-se a duas pequenas hastes que, quando
presentes no dispositivo, possibilitam o encaixe universal de cinto para bolsas de
colostomia. Nos dispositivos de duas peças, dependendo de cada fabricante, as
hastes podem estar presentes como componentes da bolsa coletora, ou como
componentes da placa de resina sintética, geralmente fundidas à flange.
ou
Figuras 26: Bolsa coletora com filtro de carvão ativado.
Figura 27: Bolsa coletora drenável com fechamento por conectores plásticos / envelope de velcro / clamp.
Independente do tipo, todo sistema de fechamento deve ser eficiente, resistente e de
fácil manuseio. A opção por determinado sistema de fechamento está relacionada à
destreza motora, acuidade visual e ao aprendizado do paciente.
A placa adesiva funciona como barreira adesiva e tem a função de proteger à pele da
ação deletéria dos efluentes, além de manter o equipamento coletor aderido à pele. É
importante a pessoa apresentar área abdominal plana suficiente, ao redor do estoma,
para a aplicação de toda parte adesiva da placa.
Para um melhor entendimento sobre a placa adesiva, seja ela do dispositivo de uma
ou de duas peças, pode-se observá-la sobre dois aspectos: primeiro, os materiais
empregados em sua fabricação, ou seja, a composição da resina e, segundo, suas
demais características, tais como forma, alinhamento ao abdome, diâmetro do pré-
corte ou recorte, apresentação de componentes variados e etc. Todos estes aspectos
têm importante influência no desempenho e eficiência da barreira adesiva, em suas
funções de proteção e aderência à pele.
Figura 31: Placa de resina sintética plana / Placa de resina sintética convexa
Formato – refere-se à figura formada pelas bordas da placa, que pode
apresentar-se redonda, oval, quadrada ou triangular.
Figura 32: Placa de resina sintética, em Figura 33: Placa de resina sintética em
formato redondo/ formato oval formato quadrado/ formato triangular
Bordas específicas – refere-se à área das bordas da barreira adesiva, que pode
apresentar espessura, flexibilidade e características iguais ou diferentes às da área
mais próxima ao centro da placa. Quando diferentes, podem apresentar bordas extra
flexíveis com pontos de bizelamento, bordas com espaço de ar, entre outras.
Figura 34: Placa de resina sintética Figura 35: Placa de resina sintética com
com bordas com espaço de ar bordas flexíveis e pontos de bizelamento
Recorte
Máximo
Pré-Corte
Mínimo 2,5mm
Pré-corte
Recorte máximo
Flange
Figura 39: Características dimensionais da região adesiva dos sistemas de duas peças.
Figura 40: Placa adesiva com flange para acoplamento por encaixe.
Ressalta-se que o equipamento coletor de duas peças apresenta uma dessas opções
de sistema de acoplamento citadas acima, sendo: flange, para o sistema de
acoplamento por encaixe, ou; base para acoplamento autoadesivo, para o sistema de
acoplamento por adesividade.
Haste para encaixe de cinto – refere-se a duas pequenas hastes que, quando
presentes no dispositivo, possibilitam o encaixe universal de cinto para bolsas de
colostomia. Nos dispositivos de duas peças, dependendo de cada fabricante, as
hastes podem estar presentes como componentes da placa de resina sintética, ou
como componentes da bolsa coletora, geralmente fundidas à flange.
Este capítulo apresenta produtos auxiliares, que podem ser utilizados para
proporcionar maior proteção à pele periestoma e maior segurança na utilização do
equipamento coletor, ou até mesmo, no caso de alguns adjuvantes, possibilitar a
dispensação da necessidade de utilização da bolsa por um determinado tempo.
Portanto, são produtos que podem prevenir ou ajudar no tratamento das
complicações e facilitar o manejo do estoma.
No grupo dos adjuvantes que têm como principal função o aumento da proteção da
pele periestoma, destacamos os seguintes, que são os disponibilizados pela SES-
MG.
Protetor de colostomia
O protetor de colostomia consiste em um equipamento protetor para o estoma,
composto por uma bolsa protetora opaca com proteção absorvente interna, filtro de
carvão ativado integrado e placa de resina sintética plana, recortável em diâmetros
variados. Faz parte do sistema de irrigação intestinal e geralmente o seu consumo
está relacionado com o padrão da autoirrigação da colostomia, por exemplo, se a
irrigação é realizada a cada 24 horas, serão necessários 30 protetores intestinais por
mês.
Oclusor de colostomia
Cinto elástico
A bolsa deve ser esvaziada sempre que o contéudo atingir um terço de sua
capacidade. Isso evita o peso excessivo da bolsa e reduz o risco de descolamento da
placa, aumentado sua durabilidade e diminuindo o custo. Para esvaziamento, no
caso de bolsas drenáveis, deve-se abrir o sistema de fechamento, direcionando o
conteúdo da bolsa ao sanitário. Após a drenagem do conteúdo da bolsa coletora, esta
pode ser lavada com o auxílio de uma ducha higiênica. Nesse caso, é importante
orientar o paciente e familiares que a ducha higiênica, utilizada com essa finalidade
em sua residência, deve ser de uso exclusivo da pessoa estomizada. Após, deve-se
fechar a bolsa utilizando o seu sistema de fechamento.
Conteudista