O termo laparotomia tem origem no grego e pode ser traduzido
como “cortar o abdome”. Hoje, o termo é usado genericamente para designar as cirurgias abdominais ditas convencionais, onde a cavidade abdominal fica exposta. Entretanto, há diversos tipos de incisão para acessar essa cavidade, que são utilizadas de acordo com o procedimento proposto. 3.1.1.2 Classificações
Quadro 3.1 - Classificação das incisões abdominais
Figura 3.1 - Exemplos de incisão abdominal Legenda: (A) incisão mediana; (B) incisão paramediana; (C) incisão subcostal direita e extensão (linha pontilhada); (D) incisão subcostal bilateral (incisão de Chevron) com extensão Mercedes Benz (linha pontilhada); (E) incisão Rocky-Davis e extensão — Weir (linha pontilhada); (F) incisão de McBurney; (G) incisão transversa; (H) incisão de Pfannenstiel. Fonte: adaptado de Aksanaku.
3.1.1.3 Escolha da incisão
As incisões para cirurgia abdominal aberta são geralmente
localizadas na proximidade de alvos operacionais. Existem dois tipos gerais de incisões: longitudinais ou transversais/oblíquas. A incisão ideal deve permitir fácil acesso ao(s) órgão(s) que será(ão) manipulado(s) durante a cirurgia, levando em consideração as vantagens e desvantagens expostas no Quadro 3.1. Por exemplo, em uma situação de trauma abdominal, a preferência deve ser pela incisão mediana xifopúbica por ser rápida e permitir acesso a toda cavidade. Já numa histerectomia eletiva por doença benigna, a incisão de Pfannenstiel costuma ser uma boa opção. 3.2 SÍNTESE DA PAREDE ABDOMINAL 3.2.1 Definições e objetivos Uma vez terminado o procedimento cirúrgico, a cavidade abdominal deve ser fechada. Essa etapa é fundamental no bom desfecho da cirurgia, pois diversas complicações podem ocorrer em decorrência de um fechamento inadequado. Deve-se lembrar também que após o procedimento haverá momentos de aumento da pressão abdominal, como esforço físico e tosse do paciente, que exigirão a adequada contenção da parede abdominal. 3.2.2 Classificação Idealmente todas as camadas devem ser fechadas. O peritônio acaba sendo fechado junto com a aponeurose nas incisões medianas ou isoladamente em incisões como McBurney. O subcutâneo deve ser aproximado também, principalmente em cirurgias com grandes descolamentos de subcutâneo, evitando assim espaço morto e formação de seromas. A pele deve ser coaptada da melhor forma possível e com pontos que não causem necrose das bordas. 3.2.3 Material de síntese Idealmente utilizam-se fios absorvíveis no fechamento do peritônio. A aponeurose pode ser aproximada com sutura contínua ou pontos separados, a depender da experiência do cirurgião e da rotina do serviço. Ainda que não seja obrigatório, o uso de fios inabsorvíveis e monofilamentares estão associados a menor risco de infecção e melhor manutenção da tensão da sutura. Em casos específicos podem ser empregadas telas como reforço da aponeurose, principalmente em pacientes com múltiplas cirurgias prévias. O subcutâneo deve ser fechado com fios absorvíveis. Na pele, pode-se utilizar tanto sutura intradérmica — com melhores resultados estéticos — quanto pontos simples ou Donatti separados de fios inabsorvíveis para posterior retirada. 3.2.4 Pontos totais Em casos de pacientes operados várias vezes, nos quais o cirurgião terá dificuldade para aproximar os planos da parede abdominal, é possível lançar mão dos chamados pontos totais, onde todas as camadas são aproximadas de uma única vez. Entretanto, essa deve ser uma conduta de exceção, pois apresentará o pior resultado estético. Pacientes com mais riscos são pacientes com idade avançada, desnutrição, malignidade ou presença de contaminação. O uso mais frequente de suturas de retenção, portanto, é para síntese secundária de uma evisceração pós-operatória ou ruptura de espessura total da parede abdominal. 3.3 COMPLICAÇÕES DO FECHAMENTO DA CAVIDADE ABDOMINAL 3.3.1 Deiscência, evisceração e eventração Uma deiscência da sutura da aponeurose ou da pele e subcutâneo pode ser parcial ou total. Quando a deiscência aponeurótica for parcial — sem exteriorização de conteúdo abdominal — e o fechamento da pele permanecer íntegro, provavelmente haverá formação de uma hérnia incisional. Deiscências exclusivas da pele podem ser suturadas novamente ou pode-se optar pela cicatrização por segunda intenção. Quando há exteriorização do conteúdo abdominal, mas a pele continua íntegra, chama-se eventração (que, numa fase crônica, evoluirá como hérnia incisional). Quando ocorre músculo aponeurótica e deiscência da sutura da pele e subcutâneo, chama-se evisceração. Uma descarga repentina de grande quantidade de líquido seroso pela ferida operatória é patognomônico de deiscência. A investigação pode revelar uma evisceração com uma alça de intestino evidente ou simplesmente falta de cicatrização das paredes da ferida. De maneira geral, está indicado tratamento cirúrgico para nova síntese da parede abdominal. Deve-se ter em mente que os fatores de risco para deiscência de suturas costumam ser sistêmicos, de modo que, se o paciente tiver alguma anastomose intra-abdominal, é prudente revê-la durante a cirurgia. O uso de telas pode ser indicado para minimizar a chance de novas complicações.
Qual a melhor incisão
para uma cirurgia abdominal? A incisão ideal deve permitir fácil acesso ao(s) órgão(s) que será(ão) manipulado(s) durante a cirurgia, levando em consideração as vantagens e desvantagens que devem ser de conhecimento do cirurgião.
Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
O processo seletivo da SES-GO envolve a realização de uma prova objetiva e da análise e arguição do currículo. Na prova objetiva, são 50 questões de múltipla escolha, com quatro alternativas, cujo conteúdo dependerá do pré-requisito escolhido. SES-GO | 2019 No uso de telas no reparo de falhas da parede abdominal: a) a tela com material absorvível tem melhores resultados que a tela com material não absorvível b) a tela com politetrafluoretileno (PTFE) é utilizada por diminuir as chances de infecção no sítio cirúrgico c) a utilização da tela pré-aponeurótica aumenta a chance de recidiva em relação às outras posições da tela d) a técnica de Stoppa para correção de hérnias da linha mediana usa tela de polipropileno Gabarito: c Comentários: a) Não, as telas não absorvíveis são preferidas às absorvíveis. b) Não, é um material que tende a diminuir a quantidade de aderências entre os tecidos. c) Sim, utiliza-se esta técnica na tentativa de se diminuir as aderências com o conteúdo abdominal. A técnica sub aponeurótica ou pré-peritoneal apresentam mais aceitação d) Não, correção de hérnias inguinais e utiliza tela inabsorvível.