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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ARTES CIENCIAS E HUMANIDADES - CURSO DE OBSTETRÍCIA


ACH5067 – ASSISTÊNCIA PERIOPERATÓRIA

Tema 3
Cirurgia: Classificação/
Períodos/ Posições /
Terminologia / Equipe
cirúrgica. Instrumental e fios
cirúrgicos.
Profª Drª Rosemeire Sartori de Albuquerque
rosemeiresartori@gmail.com
1. Tempo Percorrido

A. Eletiva: Tratamento cirúrgico proposto, mas cuja


realização pode aguardar ocasião mais propícia, ou
seja, pode ser programado. De acordo com a
conveniência do cirurgião e necessidade do paciente.
Por exemplo: mamoplastia, gastrectomia.
Classificação
B. Urgência: Tratamento cirúrgico que requer pronta
das cirurgias atenção e deve ser realizado dentro de 24 a 48 horas.
Associação Brasileira de Cirurgias Por exemplo: apendicectomia; cálculos renais ou
ureterais.

C. Emergência: Tratamento cirúrgico que requer atenção


imediata por se tratar de uma situação crítica. Por
exemplo: sangramento grave, obstrução vesical,
intestinal...
2. Finalidade

A. Curativa: Solucionar problema do paciente.


Ex. apendicectomia

B. Paliativa: Possui característica de não curar,


Classificação aliviando o paciente de sofrimento mas não
das cirurgias chegando a solucionar o problema.
Associação Brasileira de Cirurgias Gastrotomia.

C.Plástica: Procedimentos que podem ser


estéticos ou reparadores. Ex. rinoplastia,
mamoplastia.
3. Risco Cardiológico
A. Pequeno Porte: Cirurgias que oferecem
baixo risco em sua execução. Ex:
oftalmologia e otorrino laringologia.

Classificação B. Médio Porte: Cirurgias com perdas médias


de sangue. Prostatectomia, correção de
das cirurgias fraturas...
Associação Brasileira de Cirurgias
C.Grande Porte: Existe a maior probabilidade
de perda de fluidos e de sangue, devendo
ser prevenidos estoques de sangue para a
reposição, durante o procedimento. Ex:
correção de aneurismas e cirurgias
cardíacas abertas. .
3. Duração / tempo

- Porte I: com tempo de duração de até 2 horas. Por


exemplo: rinoplastia; hemorroidectomias,
amigdalectomias.

- Porte II: cirurgias que duram de 2 a 4 horas. Por


Classificação exemplo: histerectomia; prostatectomias.
das cirurgias - Porte III: até 6 horas de duração. Por exemplo:
Associação Brasileira de Cirurgias
Craniotomia; revascularização do miocárdio.

- Porte IV: com tempo de duração acima de 6 horas.


Por exemplo: transplante de fígado; aneurismas.
O tipo mais comum de cirurgia médio
porte é a cesariana abdominal ou também
chamada cesárea.

E uma técnica cirúrgica que consiste num


corte feito na pele acima da linha dos
pêlos pubianos, abrindo-se a parede

cesariana abdominal, e depois a parede uterina.

A incisão da pele e do útero podem ser


transversais ou longitudinais, a mais
utilizada atualmente é a transversal,
porém em alguns casos especiais pode
ser necessária a incisão longitudinal tanto
no útero como na pele.
4. Potencial de contaminação

A. Cirurgia limpa – realizadas em tecidos


com isenção de microrganismos ou de
fácil descontaminação, na ausência de
processo infeccioso local, sem penetração
nos tratos digestório, respiratório ou
Classificação urinário. Por exemplo: mamoplastia,
das cirurgias cirurgia de ovário.
Associação Brasileira de Cirurgias
B. Cirurgia potencialmente contaminada –
são as que acessam órgãos onde
proliferam germes patogênicos, ausência
de supuração local, com penetração nos
tratos distório, respiratório ou urinários
sem contaminação significativa. Por
exemplo: redução de fratura exposta
4. Potencial de contaminação

C.Cirurgia contaminada:
Cirurgia realizada em tecidos abertos e
recentemente traumatizados, colonizados por
microbiota bacteriana abundante, de
descontaminação difícil ou impossível, na
Classificação ausência de supuração local; presença de
das cirurgias inflamação aguda na incisão e cicatrização de
Associação Brasileira de Cirurgias segunda intenção ou grande contaminação a
partir do tubo digestório. Por exemplo:
apendicite supurada
D. Cirurgia infectada – realizadas em qualquer tecido ou órgão na
presença de processo infeccioso, com supuração local, tecido necrótico,
feridas traumáticas sujas. Exemplo: cirurgia do reto; pé diabético...
Terminologia cirúrgica
os procedimentos cirúrgicos são designados por alguns termos formados por prefixos ou palavras que
dizem qual o órgão deverá ser operado, ou sufixos, que indicarão o ato cirúrgico realizado

Prefixo nome significado


Ex (externo, fora) + oftalmo exoftalmia Projeção acentuada do globo
ocular
Circun ( ao redor) + cisão Circuncisão ou postectomia Excisão do prepúcio
(separação)
Adeno glândula

Blefaro Pálpebra

Cole vesícula

Colo Cólon

Colpo vagina
Sufixo nome significado
Tomia Incisão/ corte Laparotom ia: abertura da cavidade abdominal

Stomia Comunicar um órgão tubular Colostomia: abertura cirúrgica na parede abdominal para
ou oco com o exterior, através comunicar uma porção do cólon com o exterior
de uma “boca”

Ectomia Retirar parcial ou totalmente Esplenectomia: retirada do Baço. Apendicectomia, Nefrectomia,


um órgão- Cistectomia
Plastia Reparação plástica Rinoplastia: correção do Nariz

Ráfia Sutura Herniorrafia: sutura para correção da hérnia. Colporrafia


(vagina). Herniorrafia. Episiorragia.
Pexia Fixação Nefropexia: elevação e fixação do rim

Scopia Visualização da cavidade Laparoscopia: visualização da cavidade abdominal.


através de aparelhos Broncoscopia. Esofagoscopia. Colonoscopia
especiais

Centese Punção

Anastomose Formação de passagem entre os órgãos


http://www.hu.usp.br/wp-
1. Cirurgião – responsável por todo o ato cirúrgico
2. 1º Auxiliar- Assistente do cirurgião devendo-o auxiliar na
abertura e manutenção de campo operatório, possibilitando
facilidade de acesso ao cirurgião para as manobras. Substituto
natural;
3. 2º Auxiliar - Em cirurgia de grande porte para revezamento nas
atribuições dos outros profissionais médicos;
4. Anestesista – Responsável por manter o paciente sedado e
estabilizado durante todo o ato operatório, Manter sinais vitais
estáveis;
Equipe cirúrgica 5. Instrumentador – disponibiliza instrumentos e equipamentos
necessários ao ato cirúrgico, devendo realizar suas funções de
forma sincronizada com o cirurgião e auxiliares;
6. Circulante – Atende todos os pedidos dos colegas envolvidos
no campo cirúrgico. Deve estar presente durante todo o
procedimento.
7. Enfermeiro/Obstetriz – Responsável pelos técnicos e
circulantes de sala
http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/2.pdf
Equipe cirúrgica
Envolve colocar o paciente em uma posição física
específica para procedimentos cirúrgicos, objetivando
facilitar o acesso ao local da cirurgia e, ao mesmo tempo,
manter sua segurança.

O paciente deve estar o mais confortável possível,


anestesiado ou acordado, e a área operatória deve estar
Posicionamento adequadamente exposta para facilitar o procedimento
cirúrgico.
Cirúrgico Responsabilidade da equipe cirúrgica.

Considerar: local da cirurgia, acesso e necessidades do


anestesiologista, privacidade, possíveis efeitos
fisiológicos para o paciente durante o procedimento antes
e após a anestesia e conhecimento das estruturas
anatômicas.
Padrões e recomendações básicas para que o enfermeiro/obstetriz posicione o paciente no intraoperatório

1. Iniciar o procedimento antes da transferência do paciente da maca para a mesa cirúrgica


2. Manter a segurança, a limpeza, a organização da equipe durante o procedimento.
3. Monitorar o paciente e manter a integridade dos tecidos.
4. Não comprimir ou hiperestender terminações nervosas, a fim de evitar paralisias, que podem ser irreversíveis.
5. Proteger proeminências ósseas, principalmente em pacientes obesos, idosos, desnutridos, para evitar UPP, TVP e
compressão da circulação.
6. Cuidar para que MMII e MMSS nunca fiquem pendentes da mesa da operação, se possível colocar sobre o corpo,
apoiá-los sobre talas.
7. Evitar posições viciosas, procurando manter o posicionamento o mais funcional e seguro possível.
8. Aplicar movimentos firmes, delicados, seguros nas partes necessárias para evitar distensões musculares.
9. Evitar contato de partes do corpo com superfícies metálicas da mesa
10. Depois de posicionar o paciente, alinhar o corpo.
11. Registrar as intercorrências, os procedimentos e as proteções utilizadas, com vistas a continuidade no pós-operatório

Revisão (Association of periOperative Registered Nurses ORN Perioperative Standards and Recommended Practices. Denver. AORN; 2001)
Equipamentos e materiais necessário ao posicionamento cirúrgico seguro

Mesas cirúrgicas – a equipe deve estar familiarizada com todos os tipos de mesa disponíveis na
instituição

O posicionamento cirúrgico tem diversas variedades, todas originadas de quatro posições


básicas:

• decúbito dorsal – ou posição supina


• decúbito ventral – ou posição prona
• decúbito lateral
• posição de litotomia
Principais recomendações para as posições cirúrgicas

Posição supina: usar travesseiros ou apoios obre a cabeça e abaixo dos joelhos, os braços
em ângulo máximo de 90˚ em relação ao corpo; manter as pernas descruzadas e atentar
para hiperextensão dos pés.
Principais recomendações para as posições cirúrgicas

Posição prona: proteger o rosto, os olhos e o queixo; favorecer o acesso aos tubos e às linhas
de monitoramento; manter alinhamento do pescoço; colocar coxins em formato de rolos da
clavícula à crista ilíaca e sob as pernas e pés; deixar as genitálias livres; e proteger os pés de
hiperflexão.
Principais recomendações para as posições cirúrgicas

Posição lateral: manter o alinhamento espinhal; observar orelhas; colocar


apoios sob a cabeça, na região das axilas e entre as pernas; e manter uma
perna em contato com a mesa, flexionada na região do quadril, e a superior
esticada.
Principais recomendações para as posições cirúrgicas

Posição litotomia: manter os braços


em braçadeiras, em um ângulo
máximo de 90˚; acolchoar o
quadril, as nádegas e as laterais do
corpo; utilizar a menor elevação
possível das pernas, pelo menor
tempo possível; e minimizar o grau
de abdução do quadril.
CPN / HMLMB
CPN / HMLMB
CPN / HMLMB

Posicionar para o parto


INSTRUMENTAL
CIRÚRGICO

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TIPOS DE INSTRUMENTOS
• Diérese – Solução de continuidade
• Hemostasia – Controle de vasos sangrantes
• Preensão – Segurar e suspender vísceras / órgãos
• Separação – Para afastar estruturas
• Síntese – União de estruturas e fechamento
• Especiais - Tempos específicos de determinadas operações

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INSTRUMENTOS DE DIÉRESE
Bisturis Tesoura de Mayo Tesoura de Mayo reta Tesoura de Metzenbaun

+ delicada + robusta + longas + curtas

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http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/3.pdf
MANEJO

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INSTRUMENTOS DE HEMOSTASIA
Mosquito Kelly Crile Kelly Kocher

Monaghan Mixter Crafford


Tipos mais comuns:
Monaghan – Kelly – serrilhado na porção distal
– Halsted – mais delicado / campo superficial
– Rochester – mais grosseiro
– Kocher – dentes na ponta / aponeurose
Mixter – Mixter – ponta angulada
– Moynihan – longa / serrilhado na porção distal
– Crafoord – longa / porção preensora longa e com serrilhado
– Atraumáticas (vasculares) 33

http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/3.pdf
INSTRUMENTOS DE SÍNTESE

Porta agulha Pinça com dente e sem dente

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AUXILIARES

Alis
Coprostase De Lee curto e longo

http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/3.pdf

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INSTRUMENTOS DE APRESENTAÇÃO
•AFASTADORES OU SEPARADORES
Válvula de Doyen Válvula suprapúbica

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Que fio usar

• Facilidade de Manuseio

• Reação Tissular ao Fio


Fios cirúrgicos e
• Resistência Tênsil do Fio X Velocidade
agulhas de Cicatrização do Tecido

• Potencial de Contaminação do Sítio


Operatório
Objetivos: manter unido, peles,
vasos sanguíneos e outros tecidos
do corpo humano após terem sido
seccionados por um ferimentos ou
após cirurgia.

Sutura Síntese cirúrgica (oposição das


bordas do ferimento, facilitando a
cicatrização e o processo de
restauração, restituindo a
continuidade anatômica e funcional
Ser confortável ao usar
Adequada resistência
(mole, flexível e pouco Ter boa segurança nos nós;
tênsil;
elástico);

Não provocar reações


Baixa reação tecidual; Estabilidade a longo prazo;
alérgicas;

FIO IDEAL Deve manter tensão de


estiramento até servir ao
Não provoca e manter seu propósito, mantendo as
Absorção lenta;
infecção; bordas das feridas
aproximadas pelo menos
até a fase de proliferação;

Se absorvível, ter seu Se inabsorvível, que seja


tempo de absorção encapsulado sem Baixo custo
previsível; complicações;
1. Natureza
Biológico x sintéticos
2. Número de filamentos
Monofilamentar x Multifilamentar
Classificação 3. Absorção
Absorvíveis x inabsorvíveis
4. Quanto a agulha
Com x sem agulha
Propriedades
1. Reação tecidual – resposta inflamatória desencadeada pelo fio (pico entre 2-7dias)

2. Tamanhos “zeros”

3. Elasticidade – Tensão intrínseca – propriedade desejável

4. Memória – tendência a retornar ao seu formato original após manipulação

Nylon Algodão

5. Configuração física
- monofilamentares: menos maleável, mais memória, menos bactéria. (Nylon)

- multifilamentares: mais maleável, não tem memória, mais traumático, mais


inflamação. (Catgut simples e cromado, Algodão, Vicryl)
Tempo de absorção
▪ http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/2.pdf
Potencial de
Contaminação

http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/2.pdf
1. Fios sintéticos
Menor reação tecidual
▪ Inabsorvíveis
▪ Absorvíveis
Reação Tissular ▪ Fio de aço
ao fio
2. Fios biológicos
Grande reação tecidual
▪ Absorvíveis ou não
Categut Cromado 15-20 dias

Categut Simples 7-10 dias


Vicryl 2-3 meses
Agulhas
▪ Traumática

▪ Não traumática

Classificação
▪ Cilíndrica
alça

▪ Triangular
Traumática /
pele
▪ Forma e comprimento

Classificação

• Tipo
http://www.hu.usp.br/wp-content/uploads/sites/74/2016/03/2.pdf
Trauma Perineal

Sutura interrompida Sutura Contínua

• < dor perineal


• > satisfação
• < uso de analgésicos
• < deiscência na ferida

O Royal College of Obstetricians & Gynaecologists (RCOG, 2004) e National Institute for Health and
Clinical Excellence (NICE, 2014) recomendam a técnica de sutura contínua com material sintético
de rápida absorção.
Técnica Convencional

Foto cedida Profa Dra Adrina Caroci


Foto cedida Profa Dra Adrina Caroci
Foto cedida Profa Dra Adrina Caroci
Técnica Contínua

Foto cedida Profa Dra Adrina Caroci


Foto cedida Profa Dra Adrina Caroci
Foto cedida Profa Dra Adrina Caroci
Foto cedida Profa Dra Adrina Caroci
Material Profa Dra Adrina Caroci
Material Profa Dra Adrina Caroci
Dia 26/05 - Devolutiva da Prova 01

Tema 4: Alterações fisiológicas na gestação. Implicações cirúrgicas Farmacologia


das drogas;
Tema 6: A operação cesariana / Cuidados pré e pós-operatórios
Obrigada
Bom almoço e até mais tarde
Profª Drª Rosemeire Sartori de Albuquerque

“Para mudar o mundo,


primeiro é preciso
mudar a forma de
nascer”

Michel Odent

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