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INFORMATIVO VW.,Y, | - ‘Ano 6 = N° 26 - AbriliMaio 2008 Normas Brasileiras As normas brasileiras de eletricidade hé algum tempo baseiam-se nas normas IEC. Esta politica possui diversas vantagens, como colocar os produtos brasileiros em condi¢ées de qualidade similares 4s exigidas pelos grandes paises consumidores. Porém na maioria dos casos temos percebido que as normas brasileiras vém sendo publicadas como tradugées diretas das normas IEC, e isto vem causando algumas situagées de conflito, em especial com nossos requisitos legais. Isto porque as normas IEC além de possuirem requisitos técnicos (que podem ser traduzidos diretamente), também fazem mengao a requisitos administrativos (procedimentos) e af 6 que determinadas disposigdes legais brasileiras — definidas ne NR-10 - muitas vezes so contrariadas. Desta forma, hé riscos de se chegar ao contra-senso de uma obra que esteja sendo conduzida fielmente segundo a norma técnica, venha a ser multada ~ ou até mesmo embargada ~ porque estaria contra a lei Vamos aqui debater rapidamente apenas alguns destes exemplos, extraidos da atual NBR IEC 60079-14: Referéncias as disposigées legais: Anorma nao cita a NR-10 em ‘suas referéncias normativas, nem a Portaria INMETRO 83/2006, a diretriz legal que estabelece os requisitos para os equipamentos Ex. Isto no contribui para a conscientizacio dos profissionais quanto aos requisitos legais aplicaveis, ¢ fere as orientagdes das Diretivas ABNT Parte 2 - documento que rege a estrutura do Documento Técnico ABNT; Hierarquizagao de normas técnicas: Em mais de um local esta norma diz que "Na auséncia de Normas IEC, recomenda-se que Normas nacionais ou outras normas sejam seguidas*. Nao 6 esta a determinacao legal. Prioritariamente devem ser empregadas as normas brasileiras e na auséncia delas é que devem ser empregadas as IEC. Nada de referenciar “outras normas”. Selecdo de equipamentos: Na secdo 5.2.3 ha a citagéo que “.ulsto no requer nenhuma marcacao especial, mas deve estar claramente identificado, no equipamento ou na documentacao, que ele tenha sido avaliado por uma pessoa que deve estar familiarizada com 0s requisitos de quaisquer normas ou procedimentos relevantes e suas interpretagdes atuais”. Pelo requisito legal, a selegéo do ‘equipamento deve ser feita por profissional habilitado, que xX assina 0 projeto, e néo por “pessoa familiarizada”. Convém lembrar que uma nova edigo da NBR IEC 60079-14 esteve em Consulta Nacional em dezembro de 2008, e quem participou daquela etapa deve ter percebido que 0 texto proposto foi novamente baseado em tradugao direta, 0 que merece algumas importantes ressalvas, como, por exemplo: Elaboracao de procedimento: Na seco 4.1 foi apresentado que “pessoas que estiverem familiarizadas com esta ou outras normas podem escrever medidas de seguranca”. ANR-10 estabelece que profissionais habilitados é que devem estabelecer os procedimentos, e os mesmos devem atender a determinados requisitos para sua confeccao. Autorizacao de profissionais: No texto proposto houve a citagao no Prefacio, pardgrafo 5, que "pessoas responsaveis” poderiam realizar servigos em areas classificadas. Este néo é 0 conceito definido pela NR-10, que exige "profissionais autorizados" Selegdo de equipamentos: 0 Anexo |.2 sugeriy que equipamentos nao adequados pudessem ser utilizados em areas classificadas se a "consequéncia da exploséo for pequena.” Este conceito nao esta de acordo com diversos preceitos legais, incluindo-se deliberagées OIT (Organizacao Internacional do Trabalho) que o Brasil é signatério. Tal afirmagao 6 contréria também ao processo de selecdo de equipamentos, uma vez que poderia ser interpretado que qualquer equipamento poderia ser instalado em qualquer area, desde que o resultado seja uma “explosaozinha”. Como vemos, a elaboracao de uma norma técnica nao pode ser apenas uma “tradueao idéntica da IEC” (como esta no “Prefacio Nacional” da atual NBR IEC 60079-14), uma vez que cabe a Comissao de Estudo a responsabilidade pela execucéo de uma anilise critica para assegurar que 0 texto do documento final atenda as exigéncias das Diretrizes ABNT Parte 2 a nossa legislacao, desta forma, seja valioso para os profissionais e para a sociedade brasileira. Estellito Rangel Junior Representante brasileiro do CB-3/ABNT ‘no Technical Committee 37 = Electrical Apparatus

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