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Projecto Isaias-3 Ed
Projecto Isaias-3 Ed
Universidade Púnguè
Chimoio
2023
Isaías João Daniel
Universidade Púnguè
Chimoio
2023
Índice
1.INTRODUÇÃO...........................................................................................................................1
1.2. Problematização..................................................................................................................2
1.3. Hipóteses..............................................................................................................................3
1.3.1.Hipótese nula..................................................................................................................3
1.3.2.Hipótese alternativa......................................................................................................3
1.4. Objectivos............................................................................................................................3
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................................5
2.2.Etnobiologia..........................................................................................................................6
2.4.Composição do gengibre....................................................................................................10
3. METODOLOGIA DE PESQUISA........................................................................................12
4.DELIMITAÇÃO DO TEMA...................................................................................................14
5.ENQUADRAMENTO DO TEMA..........................................................................................14
7.ORÇAMENTO......................................................................................................................15
8.CRONOGRAMA..................................................................................................................15
9.Referencias Bibliográficas....................................................................................................16
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1.INTRODUÇÃO
A utilização de plantas medicinais para tratamento, cura e prevenção de doenças é uma
das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. E com base na evolução
histórica do uso de plantas medicinais, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em
1978, passou a reconhecer a fitoterapia como terapia alternativa de enfermidades
humanas e hoje a fitoterapia é considerada uma terapia complementar (Alvareng et al,
2017).
Uma dessas plantas muito utilizadas na medicina tradicional e que nos dias de hoje tem
vindo a ser muito procurada pelas suas propriedades é o Gengibre (Zingiber officinale),
que tem merecido atenção da indústria farmacêutica. Sendo que algumas de suas
propriedades farmacológicas já foram testadas e comprovadas, como, por exemplo, as
relacionadas ao tratamento de problemas gastrointestinais e suas ações antimicrobiana,
anti-inflamatória, diurética, antioxidante e também na diminuição e controle da glicemia
e do colesterol (Cutrim et al., 2019).
A noção dessas propriedades não é geralmente conhecida pelas comunidades, mas a
comunidade faz o uso e aplicação medicinal do gengibre de forma empírica e para a
transmissão deste conhecimento aplica-se o etnoconhecimento. O etnoconhecimento
pode ser definido como um conjunto de saberes e tradições adquiridos na vida cotidiana
de um povo ou comunidade local, transmitidos de forma dinâmica e mutável entre as
gerações, podendo assim passar por transformações e adaptações ao longo do tempo
(Diegues & Arruda, 2001). Este conceito de etnoconhecimento está presente no uso de
plantas medicinais, desde a escolha e obtenção da espécie, às formas de uso, receitas e
aplicação, sendo uma forma de conservação do conhecimento popular/tradicional.
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1.2. Problematização
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% da população
africana usa a medicina tradicional para suprir as suas necessidades de saúde (Conde
et al., 2014). Em Moçambique as plantas medicinais constituem um valioso instrumento
da medicina tradicional, sendo largamente utilizadas nas zonas rurais como principal
fonte de medicamentos para os cuidados de saúde primários (Conde et al., 2014). Este
conhecimento não é de todas as pessoas nas comunidades rurais Moçambicanas e como
consequência, a maioria delas sofrem com doenças como a gastrite, gripes, cólicas
intestinais, hipertensão, hipotensão, Malária, cólera, diarreia, obesidade, renite
pneumonia e dentre outras doenças. E por vezes, por falta de método alternativo para o
tratamento dessas doenças deixam passar naturalmente e em outros casos o estado de
saúde.
1.3. Hipóteses
1.3.1.Hipótese nula
A população do bairro Agostinho Neto conhece o uso e aplicação medicinal do
gengibre.
1.3.2.Hipótese alternativa
A população do bairro Agostinho Neto não conhece uso e aplicação medicinal
do gengibre.
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1.4. Objectivos
1.4.1. Objectivo geral
Avaliar o conhecimento da população do bairro Agostinho Neto-Chimoio sobre
o uso e aplicação medicinal do Gengibre.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Aspectos conceituais
O homem é e sempre foi dependente do uso dos recursos vegetais para a sua
sobrevivência. Essa utilização vai desde as necessidades mais básicas, tais como
alimento e medicina, até as finalidades mágicas, ritualísticas e simbólicas. Entretanto,
ele não é só dependente, mas também manipulador de paisagens, e responsável por uma
parte da coevolução com as plantas (Boscolo, 2013). Também argumenta que os
homens são dependentes dos vegetais como recursos imprescindíveis a sua
sobrevivência, e que as diferentes culturas apresentam um conhecimento tradicional
quanto à utilização de plantas para os mais diversos fins. Percebendo-se, então, a atual
relação entre a sociedade e a natureza, considera-se de grande relevância a compreensão
e a documentação de como as comunidades locais compreendem o ambiente a sua volta
e, por meio de seu conhecimento secular, de como interagem com o mesmo, pois, uma
vez perdido, o saber oriundo das populações locais se torna irrecuperável (Albuquerque
& Andrade, 2002). Da mesma forma, GUARIM & MORAIS (2003) advertem que os
recursos naturais, caso extintos, não mais se encontrarão disponíveis para as gerações
posteriores.
busca de novas fontes de substâncias biologicamente ativas, vão até a população para
eventuais, levantamentos etnobotânicos e, a partir destes, realizarem pesquisas
laboratoriais. Assim é que as comunidades locais e seus conhecimentos, construídos
historicamente em relação às plantas medicinais, podem ser valorizados num projeto
que, por exemplo, resgate esse conhecimento e acrescente formas avançadas de
integração com outros mercados porque o povo nunca abandonou as plantas como
medicinais.
2.2.Etnobiologia
Etnobiologia é essencialmente o estudo do conhecimento e das conceituações
desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito da biologia. Em outras palavras, é o
estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptação do homem a
determinados ambientes. Neste sentido, a etnobiologia relaciona-se com a ecologia
humana, mas enfatiza as categorias e conceitos cognitivos utilizados pelos povos em
estudo (Posey, 1987 citado por Timm, 2012).
Dentro da etnobiologia, vários campos podem ser definidos, partindo da visão
compartimentada da ciência sobre o mundo natural, tais como a etnozoologia, a
etnobotânica, a etnoecologia, a etnoentomologia e assim por diante, da mesma forma
como se pode estudar diferentes povos a partir de uma abordagem dos conhecimentos
medicinais e farmacêuticos que possuem etc. (Albuquerque, 2005).
De acordo com ALCORN (1995), citado por SILVA (2015) A etnobotânica objetiva
analisar as interações planta/homem coexistentes nos ecossistemas dinâmicos, com
elementos de significação social e cultural, aliando simultaneamente, aspectos culturais
e ambientais, visto que analisa a inter-relação entre as pessoas e as plantas do seu
entorno.
A etnobotânica é a ciência que estuda o uso das plantas pelos povos. O termo foi
utilizado pela primeira vez em 1895 por John William Harshberger, botânico americano
especializado em geografia vegetal, ecologia e patologia vegetal, que apontou as várias
maneiras pelas quais a etnobotânica poderia ser útil a investigação científica. Seu
caráter versátil possibilita o desenvolvimento de estudos em várias direções,
associando-os a fatores culturais e ambientais, e aos conhecimentos gerados sobre as
plantas e a utilização destas (Maciel et al, 2002).
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Segundo POSEY (1987) citado por RIBEIROA (2015) Define Etnobiologia como
estudo do saber e conceituações acerca da biologia; através da ecologia humana,
enfatiza categorias e conceitos cognitivos em um determinado grupo de estudo. Existe a
necessidade de uma visão interdisciplinar que relacione os mundos natural, simbólico e
social estabelecidos por diferentes culturas.
Ressalta-se que a etnobotânica vem, cada vez mais, nos últimos anos, despertando o
interesse de pesquisadores, pois suas implicações ideológicas, ecológicas, biológicas e
fisiológicas dão uma relevância expressiva ao seu crescente progresso metodológico e
conceitual (Jorge & Morais, 2003).
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Atualmente de acordo com HAMILTON et al. (2003) citado por TIMM (2012), é uma
disciplina que estimula o resgate do conhecimento tradicional, a preservação da flora e o
desenvolvimento dentro da sustentabilidade, notadamente, nos países tropicais e
subtropicais, cujas populações das áreas rurais dependem em parte das plantas e dos
seus produtos para se manterem. Portanto, tal disciplina constitui um elo entre o saber
popular e o científico.
especiaria ou como uma erva fresca na cozinha, é também usada na medicina tradicional
para tratar várias doenças (Soares et al., 2015).
2.3.2.Sistemática do gengibre
Reino: Pantae
Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Zingiberales
2.4.Composição do gengibre
A composição do gengibre pode variar de acordo com a localização geográfica em que
foi cultivado, mas em geral o gengibre tem como componentes principais óleos
essenciais (de 1% a 3% do composto) principalmente de sesquiterpenos, são
responsáveis pelo cheiro marcante e característico do gengibre, e pela ação terapêutica
antimicrobiana que é característica do rizoma fresco, além de outros constituintes como
d-canfeno, felandreno, zingibereno, cineol, citral, borneal, gingerol e resinas. O
gengibre é também uma importante fonte de açúcares, proteínas, vitaminas do complexo
B e vitamina C, minerais, hidratos de carbono, gorduras, ceras, oleoresinas extraíveis e a
enzima zingibaína que colaboram para o bom funcionamento do organismo humano e
na prevenção de doenças (Silva et al, 2017).
A composição química do gengibre pode sofrer alterações de acordo com o local onde é
cultivado, mesmo sendo da mesma espécie. Entre os compostos voláteis destacam-se os
hidrocarbonetos sesquiterpénicos, como, o zingibereno (35%), curcumeno (18%),
farneseno (10%) que são responsáveis pelos efeitos fitoterápicos. Já entre os compostos
não voláteis temos os gingeróis, soagóis e paradóis, além do zingerone causador do
sabor picante. O outro componente é o 6-gingerol, ele impede a proliferação de células
cancerígenas induzindo a apoptose das mesmas assim como o ciclo normal das células
G1. A principal propriedade farmacológica atribuída a essa planta é no combate de
problemas gastrointestinais, como náuseas, vômitos, dores de estômago, diarreia,
flatulência e úlceras gástricas, causadas principalmente em situações de gravidez, em
casos de quimioterapia e ainda no pós-operatório (Conceição, 2013).
Estudos mostram que o gengibre possui ainda ações terapêuticas como, antimicrobiana,
anti-inflamatória, antipirética, diurética, antioxidante, hepatoprotetor, diminuição e
controle da glicemia e do colesterol (Palatty et al, 2013).
Tabel
a2: Composição vitamínica do gengibre
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1. Abordagem de pesquisa
3.1.1. Quanto aos objetivos da pesquisa
Será uma pesquisa descritiva-exploratória onde irá investigar e compreender em
profundidade a aplicação, a percepção, intuição, descrições e interpretações do Uso
Medicinal de Gengibre, usando subjectividade de diferentes indivíduos em sua total
riqueza, com fidelidade na forma de registo.
Será uma pesquisa quantitativa que envolve o numero dos intrevistados e qualitativa
com dados não-metricos, se preocupando em aprofundar o conhecimento dos moradores
sobre o uso medicinal de Gengibre.
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Será um estudo de casos onde ira explorar o conhecimento da população sobre o uso
medicinal de Gengibre para ajudar as comunidades a compreender a aplicação
medicinal desta planta.
Será uma conversa realizada pessoalmente pelo pesquisador junto ao entrevistado com
base em questionários, para se obter informações sobre o uso medicinal Gengibre
“Cervo & Bervian, 2002”. A entrevista será estruturada e semi-estruturada as quais
ajudarão o pesquisador para a coleta de dados.
b) Amostragem
A amostragem será probabilística onde cada elemento da população do bairro
Agostinho Neto poderá ser selecionado para compor a amostra e terá uma chance
conhecida e diferente de zero. Também farão parte da amostra, os enfermeiros do
hospital da Vila Nova, 1⁰ de Maio e Eduardo Mondlane).
Será uma amostragem probabilística aleatória simples onde existirá uma igual
probabilidade, de cada elemento da população ser escolhido (Malhotra, 2001).
O tamanho da amostra será de 200 pessoas, onde serão entrevistados diferentes grupos
do bairro Agostinho Neto sendo jovens, adultos, idosos e médico tradicionais. A
amostra dos enfermeiros do hospital da Vila nova, 1⁰ de Maio e Eduardo Mondlane será
de três enfermeiros por cada hospital.
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4.DELIMITAÇÃO DO TEMA
O presente trabalho intitulado “Etnoconhecimento do Uso e aplicação Medicinal de
Gengibre da População no Bairro Agostinho Neto-Chimoio” na província de Manica irá
decorrer num período de 3 meses (Março- Maio). O público-alvo para esta pesquisa
serão jovens, adultos, idosos, médico tradicional do Bairro de Agostinho Neto pois a
partir da camada jovem geralmente já tem a capacidade de transmitir os seus
conhecimento e habilidades e cada uma dessas faixas podem ter seu conhecimento e
habilidades diferenciados por isso a inclusão de todos.
5.ENQUADRAMENTO DO TEMA
O presente tema “Etnoconhecimento do Uso Medicinal de Gengibre da População do
Bairro Agostinho Neto-Chimoio” enquadra-se no plano curricular do curso de
licenciatura em ensino de biologia com habilitações em gestão de laboratório, bem
como outras áreas relacionadas, que são:
7.ORÇAMENTO
Esferográficas 3 15 45
Impressão da 50 3 150
monografia (por
página)
Encadernação da 50 45 90
Monografia
TOTAL 2160
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8.CRONOGRAMA
Actividades Meses
1 Março X
2 Abril X
3 Maio X
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9.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGOSTINHO A. B. (sd). ETNOBOTÂNICA: CONHECIMENTOS
TRADICIONAL E CIENTÍFICO.
ALBUQUERQUE, U. P.; ANDRADE, L. H. C. Conhecimento botânico
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Brasil, 2002.
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BOSCOLO, O. H.. Para comer, para beber ou para remédio? Categorias de
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CERVO, A. & L. BERVIAN, P. A. Metodologia científica. Brasil, 5.ed. São
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officinale ROSCOE: ASPECTOS BOTÂNICOS E ECOLÓGICOS. Brasil, 2004.
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