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Henrique Magalhães 12º A - Cópia
Henrique Magalhães 12º A - Cópia
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iii
iv
Índice
Índice de Figuras............................................................................................................. vi
Agradecimentos..............................................................................................................ix
Introdução....................................................................................................................... 1
O que é o Piccolo?................................................................................................... 2
Evolução do Piccolo................................................................................................. 3
Barroco.................................................................................................................... 7
Classicismo...............................................................................................................7
Romantismo.............................................................................................................8
La Gazza Ladra.......................................................................................................17
Semiramide............................................................................................................25
Conclusão...................................................................................................................... 78
v
Bibliografia.....................................................................................................................79
Índice de Ilustrações
Ilustração 3: Fife.............................................................................................................. 9
Ilustração 25: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 331-339).....................49
Ilustração 26: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 340-348).....................50
Ilustração 27: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 349-357).....................51
Ilustração 28: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 358-366).....................52
Ilustração 29: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 367-375).....................53
Ilustração 30: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 376-384).....................54
Ilustração 31: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 385-393).....................55
Ilustração 32: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 394-401).....................56
Ilustração 33: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 402-410).....................57
Ilustração 34: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 411-418).....................58
Ilustração 35: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 419-426).....................59
Ilustração 36: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 427-433).....................60
Ilustração 37: Solo de Piccolo do IV Andamento (Finale – Alla Marcia) da Sinfonia n.º 9
de Beethoven.................................................................................................................62
Ilustração 38: Solo de Piccolo do IV Andamento (Finale – Alla Marcia) da Sinfonia n.º 9
de Beethoven.................................................................................................................63
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Ilustração 42: Sinfonia n.º 8 de Shostakovich, II. Allegretto (cc. 95-102).......................69
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Agradecimentos
Agradeço aos meus pais Helena Queirós e Jorge Magalhães e à minha irmã Inês
Magalhães, pelo esforço de me conseguirem dar a oportunidade de estudar na área da
Música, pelo apoio em tudo e por estarem presentes nas minhas performances, tanto
a solo como em orquestra.
Aos meus amigos Maria Claro, Marta Torres, Joana Teixeira, Matilde Mesquita,
Miguel Flecha, Rafael Teixeira, Guilherme Sousa, Tomás Gata e Ana Carolina Teixeira,
por serem o meu maior suporte, por me darem inspiração e força desde o início do 10º
ano, por me dizerem para nunca desistir e sempre acreditar no meu trabalho e em
mim mesmo.
Agradeço a uma amiga, a uma companheira muito especial, por estar presente
na minha vida desde o 5º ano de escolaridade, por acreditar sempre em mim, por me
acompanhar em tudo o que faço, por dispor soluções para os meus problemas, pelo
suporte nos bons e nos maus momentos desta jornada, pelo reconforto, pela ajuda,
por tudo.
ix
Ao meu professor de Flauta Transversal, Herlânder Sousa, por ser a minha
maior fonte de suporte e inspiração em todas as aulas de instrumento, por alimentar o
meu amor pela Flauta e pela Música. Pela ajuda para enfrentar todos os obstáculos e
dificuldades que apareceram ao longo do secundário, pela paciência que empregou
em cada aula que lecionou e por ter acreditado no meu potencial mesmo quando eu
não acreditava.
À professora Ana Paula, por ser uma excelente diretora de turma, pronta para
ajudar todos os seus alunos, e por me tornar numa pessoa melhor.
Um Obrigado a todos.
x
Introdução
1
Capítulo I – A História do Piccolo
O que é o Piccolo?
2
Evolução do Piccolo
Durante a Idade Média (desde o século V até ao século XV), o Fife foi o
primeiro antecessor do Piccolo e desenvolveu-se na Europa como um instrumento
para a música militar. (Hanlon, 2017) Originalmente, este instrumento era considerado
uma pequena flauta cilíndrica de madeira, com apenas seis orifícios e com pequenos
componentes de metal, protegendo, assim, as extremidades. (Fitzgibbon, 1928)
3
Ilustração 3: Fife
No século XVI, o Fife foi introduzido pela primeira vez em bandas militares, na
Suíça, durante a Batalha de Marignano, no ano de 1515. No exército, o Fife tinha como
objetivo produzir sons de comandos e códigos para alertar as tropas suíças de qual
seria o próximo movimento ou posição. (Wacker, 2000)
Através da publicação do tratado Orchesographie, o pseudónimo
anagramático de Jean Tabourot, Thoinot Arbeau, descreve os Fifes usados pelos suíços
e alemães, dando uma descrição de um soldado a tocar este instrumento (Wacker,
2000):
4
Ilustração 4: Fife com a chave de Ré#
5
Ilustração 5: Theobold Boehm
6
Ilustração 6: Piccolo em Dó e em Réb
Barroco
A primeira vez que o Piccolo apareceu numa orquestra sinfónica foi na ópera
Rinaldo de Händel, no ano de 1711. Contudo, não se sabe ao certo se terá sido
7
utilizada uma flauta de bisel ou um Piccolo. Um facto que suportaria a ideia de que
seria o Piccolo a ser utilizado, é a tonalidade de Sol Maior. Durante esta época, a flauta
de bisel tocava, principalmente, nas tonalidades com bemóis, enquanto o Piccolo
tocava nas tonalidades com sustenidos. Inicialmente, na partitura original, estava
marcado como flageolet, sendo posteriormente alterado para flauto Piccolo, na
própria escrita de Händel. Em 1725, Johann Sebastian Bach também usou o Piccolo na
sua Cantata BWV 103, intitulada de ihr werdet wiennen und heilen. Mais tarde, no ano
de 1751, Jean-Philippe Rameau inseriu este instrumento na abertura para a sua ópera
Acanthe and Céphise (Fitzgibbon, 1928), p. 125
Classicismo
No período clássico, Mozart também utilizou o Piccolo, mas não nas suas
sinfonias. Entre 1771 e 1772, este instrumento aparece pela primeira vez nas suas Três
Danças Alemãs, em inglês Three German Dances (K. 104) e, mais tarde, nas suas
óperas, nomeadamente Idomeneo (1781), Die Entführung aus dem Serail (1782) e Die
Zauberflöte (1791). Na ópera Die Entführung aus dem Serail, Mozart utilizou o Piccolo,
juntamente com os pratos e com bombo (side drums) para anunciar a entrada do
exército militar turco. Mais tarde, este grupo de instrumentos, em conjunto com o
triângulo e com o bombo, foi usado por Christoph Willibald Gluck na sua ópera
Iphigénie em Tauride, no ano de 1779. No século XIX, Gioachino Rossini foi um
compositor italiano de Ópera, nas quais as aberturas são compostas por alguns dos
solos mais importantes para o Piccolo como, por exemplo, La Scala di Seta (1812), La
Gazza Ladra (1817) e Semiramide (1823). Ludwig van Beethoven foi o primeiro
compositor a escrever para este instrumento numa sinfonia, utilizando-o na sua 5ª e 9ª
sinfonia. (Fletcher, 2008)
Romantismo
Durante este período, devido aos compositores do século XX, o uso do Piccolo
em obras orquestrais continuou a crescer com a escrita de solos para este
instrumento. Entre esses compositores, encontram-se Gustav Mahler (Sinfonia n.º 2 e
Das Lied von der Erde), Maurice Ravel (Schéhérazade (1903); Rapsodie espanole
(1907); Ma Mère l'oye (1911); Daphnis et Chloé, Suite No. 1 (1911) e Suite No. 2 (1912)
e Dmitri Shostakovich. Shostakovich foi o compositor mais importante para o Piccolo
na escrita orquestral, pois as suas sinfonias são compostas por vários solos deste
instrumento. As mais relevantes são a Sinfonia No. 6, 8, 9 e 10. Estas obras são
especiais para o reportório do Piccolo, uma vez que Shostakovich utiliza-o para a
execução de solos lentos e melódicos, assim como solos rápidos e técnicos na terceira
oitava. (Wacker, 2000)
9
Este documento é composto por duas partes práticas. A primeira consiste na
realização de um inquérito a flautistas profissionais portugueses e a segunda na
descrição da sugestão interpretativa dos excertos selecionados, que irá ser
apresentado aquando da defesa oral.
10
Sinfonia n.º 9, Tchaikovsky – Sinfonia n.º 4 e Rossini – Semiramis foram aqueles que os
inquiridos selecionaram com maior frequência. A seleção do 5º excerto Rossini – La
Gazza Larda (Overture) foi feita através das respostas em relação à análise do mesmo,
uma vez que é o que apresenta maiores dificuldades, comparando com os outros que
tiveram resultados iguais.
Quanto à análise feita pelos inquiridos dos quinze excertos, em cada um dos
mesmos, o flautista tinha de indicar o grau de dificuldade (1 - Fácil; 5- Difícil), tendo em
conta os seguintes aspetos: Articulação; Técnica Digital; Fraseado (Dinâmicas);
Sonoridade; Afinação; Estilo. Por um lado, existe uma grande diferença de respostas
em alguns casos, como, por exemplo, no excerto Stravsinsky: The Firebird. Por outro
lado, estão presentes respostas bastante similares em alguns excertos: Shostakovich:
Sinfonia n.º 6 e Tchaikovsky: Sinfonia n.º 4. Os excertos com o nome sublinhado são
aqueles que foram selecionados para analisar e interpretar.
11
2. Shostakovich: Sinfonia n.º 8, II. Andamento
12
5. Delibes: Coppelia
13
8. Ravel: Bolero
14
11. Prokofiev: Lieutenant Kijé Suite, IV Andamento
16
Capítulo III – Excertos
A execução deste capítulo será feita através das respostas obtidas a partir dos
inquéritos realizados no capítulo anterior. Dos resultados obtidos, serão selecionados
apenas cinco excertos considerados pelos inquiridos aqueles que são os mais
importantes no estudo do Piccolo, sendo eles: Rossini: La Gazza Larda (Overture) e
Semiramide, Beethoven: Sinfonia n.º 9 (IV Andamento), Shostakovich: Sinfonia n.º 8 (II
Andamento) e Tchaikovsky: Sinfonia n.º 4 (III Andamento).
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Abertura da Ópera de Rossini
La Gazza Ladra
Contexto Histórico
Análise
A primeira semínima no solo é um Ré5 (c. 189), uma nota que, normalmente, é
baixa em vários Flautins, especialmente quando a dinâmica é piano. O flautinista não
tem tempo para utilizar uma dedilhação que consiga corrigir a afinação desta nota. No
entanto, ao direcionar o fluxo de ar para cima sobre o orifício da embocadura e ao
adicionar um ligeiro vibrato, o mesmo já é capaz de subir a afinação. Na segunda
semínima do solo, ou seja, o Mi5 (c. 191), o dedo 8 (dedo anelar da mão direita) deve
permanecer para baixo, subindo, assim, a afinação. O último Sol5 (c. 195), deve ser
18
tocado com o seu valor completo, uma vez que este é o final da frase, assim como o
acompanhamento também possui o mesmo valor rítmico (semínima).
19
Ilustração 7: Abertura de Rossini para La Gazza Ladra, cc. 186-200
20
o pizzicato das cordas difere no ritmo nos primeiros cinco compassos: apenas tocam as
três semínimas nos compassos 213 e 215.
21
O terceiro solo (cc. 345-352, Ilustração 9) e o quarto solo (cc. 369-276,
Ilustração 10) encontram-se no segundo tema da recapitulação. Estes são semelhantes
aos dois primeiros solos e respetivos acompanhamentos. Contudo, como a tonalidade
mudou para Mi Maior, os excertos são, agora, uma terceira menor abaixo em relação
aos outros solos.
22
Ilustração 9: Abertura de Rossini para La Gazza Ladra, cc. 337-358
23
24
Ilustração 10: Abertura de Rossini para La Gazza Ladra, cc. 367-380
25
Resumo da Análise do Excerto La Gazza Ladra de Rossini
A nota Mi nos compassos 191 e 215 deve ser tocada com o dedo 8, subindo,
assim, a afinação;
A última semínima de cada excerto deve ser tocada com o seu valor total;
As frases devem ser divididas em dois e em quatro compassos;
A segunda nota das tercinas deve ser curta.
26
Ilustração 11: Solos de Piccolo na Abertura de La Gazza Ladra de Rossini
Semiramide
Contexto Histórico
27
Voltaire, na qual a personagem principal fictícia era uma rainha lendária da Babilónia.
(Tomlinson, 1986), p. 49
Análise
28
Ilustração 12: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 129-132
.
29
Ilustração 13: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 133-135
30
Ilustração 14: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 136-138
31
Ilustração 15: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 139-141
32
Ilustração 16: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 142-144
33
O segundo excerto (cc. 190-195, Ilustração 17) na abertura de Semiramide está
ligado com o segundo tema do Allegro, na tonalidade dominante, Lá Maior.
A colcheia dos compassos 191 (no primeiro e terceiro tempo) e 195 (apenas no
primeiro tempo), deve ser mais longa do que as tercinas anteriores. Kujala também
sugere uma ligeira pausa (não uma respiração) após cada nota "longa": a nota Lá, no
compasso 190; e a nota Si, no compasso 192, de forma a que o tempo “não caia”
(Kujala, 1992), p. 59.
34
Ilustração 17: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 190-200
35
O terceiro e quarto excertos desta abertura encontram-se na Recapitulação. Os
mesmos comentários estilísticos do primeiro e segundo excertos aplicam-se, também,
a estes. O terceiro excerto (cc. 274-284, Ilustração 18-21) é considerado uma
reafirmação do primeiro tema desde o início do Allegro, idêntico ao primeiro solo.
36
Ilustração 18: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 274-276
37
Ilustração 19: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 277-279
38
Ilustração 20: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 280-282
39
Ilustração 21: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 283-284
40
No último excerto de Piccolo da abertura para Semiramide de Rossini (cc. 329-
336, Fig. 22-23), este instrumento declara o segundo tema do Allegro, na tonalidade
original, Ré maior. As semínimas do compasso 329 devem ser curtas, com as
appoggiaturas rápidas e com um ligeiro crescendo, direcionando a frase até ao
compasso seguinte (Fletcher, 2008). Walfrid Kujala refere que esta interpretação do
compasso 329, permite ao flautinista e ao clarinetista aumentar de volume de uma
forma mais eficaz, sendo uma unidade dependente das cordas pizzicato. (Kujala,
1992), p. 59
41
Ilustração 23: Abertura de Rossini para Semiramide, cc. 333-336
42
Resumo da Análise do Excerto Semiramide de Rossini
43
44
Ilustração 24: Solos de Piccolo na Abertura para Semiramide de Rossini
Contexto Histórico
Esta obra é composta, não só por coro, mas também por solistas (soprano,
contralto, tenor e baixo) e por uma orquestra extensa (Piccolo, duas Flautas, dois
Oboés, dois Clarinetes, dois Fagotes, Contrafagote, quatro Trompas, dois Trompetes,
três Trombones, Tímpanos, Percussão e os instrumentos de Cordas).
45
Hector Berlioz (compositor romântico francês) referiu que este último
andamento era composto por características militares, descrevendo um soldado numa
batalha, à medida que a música se vai desenvolvendo:
46
Análise
47
Ilustração 25: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 331-339)
48
Ilustração 26: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 340-348)
49
Ilustração 27: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 349-357)
50
Ilustração 28: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 358-366)
51
Ilustração 29: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 367-375)
52
Ilustração 30: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 376-384)
53
Ilustração 31: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 385-393)
54
Ilustração 32: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 394-401)
55
Ilustração 33: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 402-410)
56
Ilustração 34: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 411-418)
57
Ilustração 35: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 419-426)
58
Ilustração 36: Sinfonia n.º 9 de Beethoven, IV: Alla Marcia (cc. 427-433)
59
Embora os ritmos deste excerto não apresentem grande dificuldade, é
importante que o tempo seja constante e que as notas ligadas sejam tocadas com o
seu valor total. O flautinista deve imaginar o tempo da colcheia ao tocar este excerto,
tanto sozinho como em orquestra. No entanto, com o perigo de se tornar demasiado
vertical, deve sempre ter em atenção o fraseado. De acordo com Kujala, é
recomendável “transformar” as figuras rítmicas em colcheias, praticando-o em
staccato, de modo a manter o tempo estável. Também refere que as respirações
podem ser feitas após cada frase de oito compassos (Kujala, 1992).
60
Resumo da Análise do Excerto Sinfonia n.º 9, IV. Finale - Alla Marcia de Beethoven
61
Ilustração 37: Solo de Piccolo do IV Andamento (Finale – Alla Marcia) da Sinfonia n.º 9 de Beethoven
62
Ilustração 38: Solo de Piccolo do IV Andamento (Finale – Alla Marcia) da Sinfonia n.º 9 de Beethoven
63
Shostakovich: Sinfonia n.º 8, II. Allegretto
Contexto Histórico
64
The second movement is a march with scherzo elements,
the third a very forceful, dynamic march. And, despite its
marchlike form, the fourth movement has a sorrowful character.
The final fifth movement is bright, joyful music of a pastoral
quality with various dance elements and folk tunes…
65
Análise
66
Ilustração 40: Sinfonia n.º 8 de Shostakovich, II. Allegretto (cc. 70-84)
67
Ilustração 41: Sinfonia n.º 8 de Shostakovich, II. Allegretto (cc. 85-94)
68
69
Ilustração 42: Sinfonia n.º 8 de Shostakovich, II. Allegretto (cc. 95-102)
70
Ilustração 43: Sinfonia n.º 8 de Shostakovich, II. Allegretto (cc. 103-111)
71
Ilustração 44: Sinfonia n.º 8 de Shostakovich, II. Allegretto (cc. 112-115)
72
É importante que o flautinista consiga transmitir o tom militarista deste
andamento neste excerto bastante exigente. Este tom militarista referido pode ser
alcançado ao tocar as colcheias em staccato com uma articulação nítida e com uma
direção de frase clara. O sforzandi deve ser inesperado, voltando à dinâmica piano de
imediato. O instrumentista deve utilizar uma velocidade de ar rápida, com o objetivo
manter afinação equilibrada entre os intervalos, uma vez que existem poucas
oportunidades para usar dedilhações alternativas.
73
Resumo da Análise do Excerto Sinfonia n.º 8, II. Allegretto de Shostakovich
Deve existir uma grande diferença entre as dinâmicas, ao longo excerto (piano
e sforzandi);
Os grupos de quatro semicolcheias com o sforzandi e os acentos criam um
deslocamento métrico e devem ser evidenciados.
As colcheias em staccato devem ser tocadas com uma articulação clara;
74
Ilustração 45: Solo de Piccolo do II Andamento (Allegretto) da Sinfonia n.º 8 de Shostakovich
75
Ilustração 46: Solo de Piccolo do II Andamento (Allegretto) da Sinfonia n.º 8 de Shostakovich
76
Tchaikovsky: Sinfonia n.º 4, III: Scherzo
Contexto Histórico
Numa carta à sua padroeira, Nadezhda von Meck (a quem foi dedicada esta
obra), Tchaikovsky referiu que a sinfonia era um reflexo do seu “eu” mais íntimo, e não
havia um único compasso da peça que não “tivesse significado na sua alma”.
Como resultado da curiosidade e da provocação da padroeira sobre o porquê de
Tchaikovsky chamar a sua Sinfonia n.º 4 de “a nossa Sinfonia”, Louis Biancolli no seu
projeto Tchaikowsky and His Orchestral Music, relata a descrição do compositor sobre
o terceiro andamento desta obra:
77
There is no determined feeling, no exact expression on the
third movement. Here are capricious arabesques, vague figures
which slip into the imagination when one has taken wine and is
slightly intoxicated. The mood is now mournful. Suddenly rush into
the imagination the picture of a drunken peasent and a gutter-
song.
78
Análise
79
cada tempo e contratempo.
Uma vez que os temas foram expostos nas suas versões originais, Tchaikovsky
faz com que os grupos se sobreponham, tocando nas tonalidades uns dos outros e os
temas uns dos outros. O solo de Piccolo (cc. 194-203, Fig. 46-48) ocorre durante o
tema dos metais e encontra-se na tonalidade de Dó# Maior, mesmo quando estão
marcados, na partitura, três sustenidos (Lá Maior). Este pequeno solo, composto por
seis tempos, é extremamente difícil, visto que se repete após dois compassos de
espera. Tchaikovsky tocava Piccolo e estaria familiarizado com dificuldades deste
excerto. (Fletcher, 2008)
Neste andamento da Sinfonia n.º 4, está presente o primeiro uso do Piccolo por
Tchaikovsky como um instrumento solo, ao invés de ser utilizado como uma cor
suplementar ou para alargar o registo da orquestra. (Fletcher, 2008)
80
81
Ilustração 47: Sinfonia n.º 4 de Tchaikovsky, III. Scherzo (cc. 188-197)
82
Ilustração 48: Sinfonia n.º 4 de Tchaikovsky, III. Scherzo (cc. 198-202)
83
Ilustração 49: Sinfonia n.º 4 de Tchaikovsky, III. Scherzo (cc. 203-209)
84
Este excerto é especialmente difícil por várias razões. O tempo é bastante
rápido (semínima = 144) e o solo dura cerca de dois segundos. Torna-se ainda mais
difícil, na medida em que o flautinista tem de repetir a passagem apenas dois
compassos de espera depois. Este solo exige um duplo staccato rápido, ritmo preciso,
uma combinação extremamente difícil de dedilhações e um registo agudo numa
dinâmica em piano. A chave de Si bemol do pulgar da mão esquerda deve ser sempre
utilizada nas notas que exigem a mesma. O Lá bemol sobreagudo no final de cada solo
é dificílimo no Piccolo quando se usa a dedilhação tradicional (2 3 4 8). Esta nota
deve, quase sempre, ser tocada no Piccolo com a dedilhação mostrada abaixo, de
modo a facilitar a qualidade da afinação (Kujala, 1992):
234 678
Para além disso, a dificuldade do excerto não está só presente nas dedilhações
incomuns que se utilizam, mas também na dinâmica em que o mesmo foi escrito
(piano), uma vez que o solo se encontra no registo agudo do instrumento.
Este solo deve ser praticado com diferentes articulações e ritmos como, por
exemplo, em galopes e em galopes invertidos. O estudo lento, a memorização do
excerto e a repetição do mesmo, também ajudarão imenso o flautinista. (Fletcher,
2008)
85
Resumo da Análise do Excerto Sinfonia n.º 4, III. Scherzo de Tchaikovsky
A chave de Si bemol do pulgar da mão esquerda deve ser sempre utilizada nas
notas que exigem a mesma;
Existe uma variedade de dedilhações alternativas que podem facilitar este
excerto. Porém, as mesmas devem ser estudadas minuciosamente, antes de
serem usadas numa audição ou num concerto;
As semicolcheias e as fusas do solo devem ser tocadas num tempo estável e
seguro, de modo a não atrasar nem a acelerar.
Ilustração 50: Solo de Piccolo do III Andamento (Scherzo) da Sinfonia n.º 4 de Tchaikovsky
86
Conclusão
87
Em suma, este documento é útil para os estudantes de Piccolo que procuram
fazer audições de orquestra sinfónica. O contexto histórico e a análise dos excertos
neste trabalho ajudarão os flautinistas a executar os mesmo de uma forma
estilisticamente correta.
Bibliografia
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