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Capitulo 5: => SERAO NO RAMALHETE: Presenga de varios amigos: D. Diogo, o general Sequeira, Cruges, Eusebiozinho Silveira, 0 Conde Steinbroke e Taveira. Conhece-se o teatro da vida burguesa, com os seus representantes, entregues a uma vida de diletantismo e de ociosidade. No sero: => Joga-se whist e bilhar: (“Em torno do bilhar Carlos encontrou o mesmo silencio de solenidade. O marqués, estirado sobre a tabela, com a perna meia no ar, 0 comeco decalva alvejando a luz crua que caia dos abat-jours de porcelana, preparava a carambola decisiva. Cruges, que apostara por ele, deixara 0 diva, 0 cachimbo turco, e, cocando com um gesto nervoso a grenha crespa que lhe ondeava até a gola do jaquetdo, vigiava a bola inquieto, com os olhinhos piscos, o nariz espetado. Do fundo da sala, destacando em preto, o Silveirinha, o Eusebiozinho de Sta. Olavia, estendia também 0 pescoco, afogado numa gravata de vitivo de merino negro e sem colarinho, sempre macambuizio, mais molengo que outrora, com as maos enterradas nos bolsos - 130 fiinebre que tudo nele parecia complemento do luto pesado, até 0 preto do cabelo chato, até o preto das lunetas de fumo. Junto ao bilhar, 0 parceiro do marqués, 0 conde Steinbroke, esperava: e apesar do susto, da emoc3o de homem do norte aferrado ao dinheiro, conservava-se correto, encostado ao taco, sorrindo, sem desmanchar a sua linha britanica, - vestido como um inglés, inglés tradicional destampa, com uma sobrecasaca justa de manga um pouco curta, e largas calcas de xadrez sobre sapatdes de taco raso.”) ; ("No escritério de Afonso da Maia ainda durava, apesar de ser tarde, a partida de whist. A mesa estava ao lado da chaminé, onde a chama morria nos carves escarlates, no seu recanto costumado, abrigada pelo biombo japonés, por causa da bronquite de D. Diogo e do seu horror ao ar”); (” Ede novo, sobre 0 pano verde, as cartas foram caindo num daqueles siléncios que se seguiam 4s tosses de D. Diogo. Sentia-se s6 a respiragdo assobiada, quasi silvante, do general Sequeira, muito infeliz essa noite, desesperado com o Vilaca seu parceiro, rezingo, e com tado o sangue na face.”) => Vilaga faz confidéncias a Eusebiozinho sobres as despesas dos Maias, queixando-se do facto de Carlos ter uma frisa de assinatura ("Vilaca no duvidava confiar a0 Capitulo 5: => SERAO NO RAMALHETE: Presenca de varios amigos: D. Diogo, o general Sequeira, Cruges, Eusebiozinho Silveira, 0 Conde Steinbroke e Taveira. Conhece-se o teatro da vida burguesa, com os seus representantes, entregues a uma vida de diletantismo e de ociosidade. No serdo: => Joga-se whist e bilhar: ("Em torno do bilhar Carlos encontrou o mesmo siléncio de solenidade. © marques, estirado sobre a tabela, com a perna meia no ar, o comeco decalva alvejando a luz crua que cafa dos abat-jours de porcelana, preparava a ‘carambola decisiva. Cruges, que apostara por ele, deixara o diva, 0 cachimbo turco, e, ‘cocando com um gesto nervoso a grenha crespa que Ihe ondeava até a gola do jaquetdo, vgiava a bola inquieto, com os olhinhos piscos, 0 nariz espetado. Do fundo da sala, destacando em preto, o Silveirinha, o Eusebiozinho de Sta. Olévia, estendia também o pescoco, afogado numa gravata de vivo de merino negro e sem colarinho, ‘sempre macambiizio, mais molengo que outrora, com as mos enterradas nos bolsos - {Bo finebre que tudo nele parecia complemento do luto pesado, até o preto do cabelo chato, até o preto das lunetas de fumo. Junto ao bilhar, 0 parceiro do marqués, © conde Steinbroke, esperava: apesar do susto, da emogao de homem do norte aferrado a0 dinhelro, conservava-se correto, encostado a0 taco, sorrindo, sem desmanchar a sua linha briténica, - vestide como um inglés, inglés tradicional Vilaga far confidéncias a Eusebiozinho sobres as despesas dos Malas, queixando-se do facto de Carlos ter uma frisa de assinatura ("Vilaca nfo duvidava confiar 20 Silveirinha, homem de propriedade, vizinho de Sta. Olavia, quasi criado com Carlos, certas coisas que Ihe desagradavam na casa, onde a autoridade da sua palavra parecia diminuir; assim, por exemplo, nao podia aprovar o ter Carlos tomado uma frisa de assinatura.- Para que, exclamava o digno procurador, para que, meu caro senhor? Para 14 no pér os pés, para passar aqui as noites... Hoje diz que ha entusiasmo, e ele af cesteve. Tem ido Ia, eu sei? duas ou trés veres...E para isto dé cé uns poucos de centos de mil éis. Podia fazer o mesmo com meia dizia de libras! N3o, no & govern. No fim 2a frisa para 0 Ega, para 0 Taveira, para o Cruges... othe, eu ndo me utilizo dela; nem o amigo. € verdade, que 0 amigo esta de luto, Eusébio pensou, com despeito, que se podia meter para o fundo da frisa- se tivesse sido convidado. € murmurou, sem conter lum sorriso mole: - indo assim, até se podem encalacrar... Uma tal palavra, t30 humithante, aplicada aos Maias, & casa que ele administrava, escandalizou Vilaca. Encalacrar! Ora essa! -O amigo nao me compreendeu... Hd despesasintteis, sim, mas, lowvado Deus, a casa pode bem com elas! £ verdade que o rendimento gasta- se todo, até 0 ultimo ceitil; os cheques voam, voam, como folhas secas; até aqui o costume dda casa fol por de lado, fazer bolo, fazer reserva. Agora o dinheiro derrete-se... Eusébio rosnou algumas palavras sobre os trens de Carlos, os nove cavalos, 0 cocheiraingl (08 grooms... O procurador acudiu: - Isso, amigo, é de razdo. Uma gente destas deve ter ‘a sua representacdo, as suas coisas bem montadas. Ha deveres na sociedade... é como © Sr. Afonso.... Gasta muito, sim, come dinheiro. Ndo é com ele, que Ihe conheco aquele casaco ha vinte anos... Mas s0 esmolas, so pensBes, sfo empréstimos que nunca mais va... Desperdicios..- No Iho censuro... 6 0 costume da casa; nunca da porta dos Maas, jé meu pai dizia, salu ninguém descontente... Mas uma frisa, de que ninguém usal sé para o Cruges, s6 para o Taveiral..”) = Ideias DE CARLOS E EGA => Ega “furores naturalistas”: (‘No fim de contas, menino, digam l4 © que jerem, nic ha senio o velho Hugo... Carlos, consigo, lembrava furores naturalistas do Ega, rugindo contra Hugo, chamandoshe «sacoroto de ‘espiritualismo», eboca-aberta de sombran, «avosinho ltico», injurias piores Mas nessa noite o grande fraseador continuou: - Ah o velho Hugo! o velho Hugo 6 0 camped heroico de verdades eternas...E necessirio um bocado de ideal, que diabol... De resto 0 ideal pode ser real...€ foi, com esta palinédia, ‘acordando 05 siléncios do Aterro.") => Ega despreza a medicina ao contrério de Carlos: ("- Que diabo estas tu ai a ler? Nature parasitaire des acidents del/impaludisme... Que blague, a medicinal”) => Ega mudava de opinigo consoante o contexto (“0 conde sorra: via all, como ‘ele observou a Carlos, batendo amavelmente no ombro do Ega, a rivalidade das duas provincias."; “Carlos dizia: «Tem V. &x.# razlo, Sr. conde.» O Ega diza: eVocé vi essas coisas de alto, Gouvarinho».") = NOTICIAS ‘Ao longo da narrag3o so efetuadas varias referéncias a0 jornalismo e as noticias da époce: = Colebracio da valsa pelas noticias: (“Stenbroke, levara parte da sua carreira 30 piano, jd como adido, jd como segundo secretaria. Feito chefe de missao, absteve- se: fol 56 quando viu 0 Figaro celebrar repetidamente as valsas do principe Artof, embalxador da Rdssia em Paris, e a vor de basso do conde de Baspt, embaixador da Austria em Londres, que ele, seguindo tdo altos exemplos, arriscou, aqui e alem, em soirées mais intimas, algumas melodias finlandesas. Enfim cantou no Paco. € desde enti exerceu com zelo, com formalidades, com praxes, 0 seu cargo baritono plenipotencisrio,» como dizia 0 Ega.”) Politica: (*- Sim, senhor, também me cascaram... E que dizia 0 amigo Steinbroke 4s noticias da manha? Perguntava Afonso. A queda de Mac-Mahon, a eleicio de Grevy.... 0 que o alegrava nisto, era o desaparecimento defintivo do antipatico, senhor de Broglie e da sua clique. A impertinéncia daquele académico estreito, querendo impor a opiniSo de dois ou trés salges doutrindrios a Franca inteica, a toda uma Democracial Ah, © Times cantava-Inas! - E 0 Punch? Nao viu o Punch? Oh, deliciosol... O ministro pousara o cdlice, e esfregando cautelosamente as maos disse numa mela voz grave a sua frase, a frase definitiva com que julgava todos os acontecimentos que aparecem em telegramas: - € grave... é eqsessivemente grave... Depois falou'se de Gambeta; e como Afonso Ihe atribuia uma ditadura préxima, 0 diplomata tomou misteriosamente o braco de Sequeira, murmurou a palavra suprema com que definia todas as personalidades superiores, homens de estado, poetas, viajantes ou tenores."; “O marqués e D. Diogo, sentados no mesmo sofa, um com a sua chazada de invalido, outro com um copo de St. Emilion, a que aspirava o bouquet, falavam também de Gambeta. 0 marqués gostava de Gambeta: fora o unico que durante a guerra mostrara ventas de homem: a que tivesse ecomido» ou que «quisesse comer» como diziam, - n30 sabia nem Ihe importava. Mas era teso! E 0 Sr. Grevy também Ihe parecia um cidadio sério, optimo para chefe do Estado...”; que ha hoje no Jornal da Noite? perguntou ele bocejando, em quanto Baptista o descalcava. - Eu IL todo, meu senhor, ¢ ndo me pareceu que houvesse coisa alguma, Em Franca continua sossego... Mas a gente nunca pode saber, porque estes jomais portugueses imprimem sempre os nomes estrangeiros errados. - S5o umas bestas. O Sr. Ega hoje estava furioso com eles..") Ega é elogiado por um jornalista da Gazeta do Chiado em consequéncias da leitura de um excerto de Memérias de Um atomo, em casa dos Cohen. ("Carlos compreendeu tudo dias depois, encontrando na Gazeta do Chiado uma descrigao «ada leitura feita em casa do Exmo, Sr. Jacob Cohen, pelo nosso amigo Jodo da Ega, cde um dos mais brihantes episédios do seu livro-As memérias dum tomo.» E 0 Jornalista acrescentava, dando a sua impressio pessoal: «é uma pintura dos sofrimentos porque passaram, nos tempos da intolerdncia religiosa, aqueles que seguem a Lei de Israel. Que poder de imaginacdo! Que fluéncia de estilo! O efeito foi extraordinério, e quando 0 nosso amigo fechou © manuscrito ao sucumbir da protagonista - vimos ldgrimas em todos os olhos da numerasa e estimével col6nia hebraical» Oh, furor do Egal Rompeu nessa tarde pelo consuk6rio, palido, desorientado... Estas bestasl Estas bestas destes jornalstas! Leste? Lagrimas em todos os olhos da numerosa e estimavel colénia hebraical Faz cair a coisa em ridicule... depois a fluéncia de estilo. Que burros! Que idiotas! Carlos, que cortava as folhas dum livro, consolou-o. Aquela era a maneira nacional de falar de obras de arte... N30 valia @ pena bramar.... Nao, palavra, tinha vontade de quebrar 2 cara aquele foliculriot -€ porque lha no quebras? - € um amigo dos Cohens. € fol grunhindo impropérios contra a imprensa, a passos de tigre pelo gabinete. ;" = Vou, tenho que fazer! -€ junto do reposteiro, ameacando o céu com o guarda: chuva, chorando quasi de raiva: - Estes burros destes jornalistas! So a escoria da sociedade!”) => AMOR DE EGA E RAQUEL COHEN EGADESAPARECE = ("0 Ega deve estar radiante, dizia Carlos com os pés & chama. Tem, enfim, justificada a pelisa. A propésito, algum dos senhores tem visto o Ega estes iltimos dias? Ninguém respondeu, no interesse sibito que causava a cartada. Ali hé mulher, disse D. Diogo, colocando com peso esta decisio e acentuando-a com uma cariia languida & ponta {risada dos bigodes brancos. Lé-se-Ihe na cara, basta ver-ihe a cara... Alihé mulher.") uu (Mas no aparecia no Ramalhete, nem no consultério; apenas se avistavam, 4s vezes, ‘em S, Carlos, onde o Ega, todo 0 tempo que ndo passava no camarote dos Cohens, vinha invariavelmente refugiar-se no fundo da frisa de Carlos, por tras de Taveira ou do Cruges; de onde pudesse olhar de vez em quando Rachel Cohen - e ali ficava, silencioso, com a cabeca apoiads a0 tabique, repousando e como saturado de felicidade...0 dia (dizia ele) tinha-o todo tomado: andava procurando casa, andava ‘estudando mobilias... Mas era facil encontra-lo pelo Chiado e pelo Loreto, a rondar ea farejar - ou entdo no fundo de tapeias de praca, batendo a meio galope, num espalhafato de aventura. O seu dandismo requintava; arvorara, com o desplante soberbo dum Brumel, casaca de botdes amarelos sobre colete de cetim branco; & Carlos entrando uma manhi cedo no Universal, deu com ele palido de célera, a despropositar com um criado, por causa de uns sapatos mal envernizados. Os seus ‘companheiros constantes, agora, eram um Damaso Salcede, amigo do Cohen, e um primo da Rachel Cohen, mocinho imberbe, de olho esperto e duro, ja com ares de ‘emprestara trinta por cento. PORQUE SE ENCONTRA APAIXONADO POR RAQUEL COHEN: => ("Quem é essa Madame Cohen, que estava também na For, de quem tu, em cartas sucessivas, verdadeiros poemas, que recebi em Berlim, na Haia, em Londres, me falavas como 0s arroubos do Cantico dos Canticos? Um leve rubor subiu as faces do ga. E limpando negligentemente o monéculo ao lenco de seda branca: - Uma judi. Por isso useiolirismo biblico.€ a mulher do Cohen, hés-de conhecer, um que ¢ diretor do Banco Nacional... demios-mos bastante. E simpatica... Mas o marido é uma besta... {oi uma fitartion de praia. Voila tout”) = ("Conveio-me fazer este episédic: chama-se a Hebrea, ‘ACohen! pensou Carlos.") => ("Entdo essa coisa do Ega com a mulher do Cohen, disse 0 marqués, parece clara... = Transparent, difana! um cristall.. Carlos, que se erguera a acender uma cigarre-te para despertar, lembrou logo a grande maxima de D. Diogo: essas coisas nunca se sabiam, e era preferivel nio se saberem! Mas o marques, a isto, langou'se em consideragdes pesadas. Estimava que o Ega se atirase; e via al um facto de represilia social, por 0 Cohen ser judeu e banqueiro, Em geral ndo gostava de judeus; mas nada Ihe ofendia tanto © gosto e a razio como a espécie bangueiro. Compreendia 0 salteador de clavina, num pinheiral; dmitia 0 comunista, ariscando a pele sobre uma barricada. Mas os argentérios, 0s Fulanos e Cas. faziam-no encavacar... E achava que destruir-thes a paz doméstica era ato meritério!”) ‘OPINIOES SOBRE RAQUEL COHEN: ("Entre 0s amigos, no Ramalhete, sobretudo na frisa, discutia-se ds vezes Rachel, ¢ as ‘opinides discordavam. Taveira achava-a deliciosal» - e dizia-ilhando © dente: 20 marqués nao deixava de parecer apetitosa, para ums vez, aquela carnezinha faixando cde mulher de trinta anos: Cruges chamava-Ihe uma «lambisgoia relamboria».") (Nos jornais, na secgio do High-life, ela era «uma das nossas primeiras elegantes»: © toda a Lisboa a conhecia, e a sua luneta de ouro presa por um fio de ouro, ea sua caleche azul com cavalos pretos. Era alta, muito plida, sobre tudo ds luzes, delicada de saiide, com um quebranto nos olhos pisados, uma infinita languider em toda a sua pessoa, um ar de romance e de lirio meio murcho: a sua maior beleza estava nos cabelos, magnificamente negros, ondeados, muito pesados, rebeldes aos ganchos, © ue ela deixava habilmente cair numa massa meia solta sobre as costas, como num desalinho de nudez. Dizia-se que tinha literatura, e fazia frases. O seu sorriso lasso, palido, constante, dava-the um ar de insignificincia. O pobre Ega adorava-a. Conhecera-a na Fo2, na Assembleia; nessa noite, acervejando com os rapazes, ainda the chamou camélia melada; dias depois jd adulava 0 marido; e agora esse demagogo, ‘que queria o massacre em massa das classes medias, solucava muita vez por causa dela, horas inteiras, cafdo para cima da cama. Em Lisboa, entre o Grémio 0 a Casa Havaneza, jd se comecava a falar «do arranjinho do Egan. Ele, todavia, procurava pér a sua felicidade a0 abrigo de todas as suspeitas humanas. Havia nas suas complicadas recaugées tanta sinceridade como prazer romantico do mistério") 1 Cohen, ‘A paixdo da vida de Ega acaba por ser o Romance adiiltero com Ri ‘mulher do \queiro Cohen. © caracter ilicto desta relagdo influenciado pelas ideias do amor romantico. De facto, 0 aduitério assume uma expressividade considervel neste romance. A infidelidade amorosa condiciona a vida de certais ppersonagens tais como Ega. N’. O maia estuda-se literalmente este fenémeno social, revelando como ele se associa 8 futilidade e & esterilidade do modo de vida e mentalidade da classe burguesa e aristocrata. Em primelro lugar, 0 amor & responsivel pelos sobressaltos da vida assim como a pratica do adultério por parte de figuras femininas, =: ("..lafurtivamente encontrar a criada que the trazia as cartas dela. Mas em todos os seus modos (mesmo no disfarce afetado com que espreitava 2 horas) transbordava a imensa vaidade daquele adultério elegante. De resto sentia bem que os seus amigos conheciam a gloriosa aventura, o sabiam em pleno drama: ‘era mesmo talvez por isso, que, diante de Carlos e dos outros, nunca até af mencionara o nome dela, nem deixara jamais escapar um lampejo de exaltaglo.") => AMOR DE Carlos e Gouvarinho => ("Na terga-feira prometida Ega no velo buscar Carbs para se irem gouvarinhar. E foi Carlos que dai a dias, entrando como por acaso no Universal, perguntou rindo 20 Ega: -Entdo quando nos gouvarinhamos?”) => (“ultimamente, em S. Carlos, naquela facil vizinhanca de frsa, surpreendera ccertos olhares dela... Mesmo, segundo 0 Taveira, ela realmente fazia-ihe um ‘olhdo. E Carlos achava-a picante, com os seus cabelos crespos e rulvos, 0 narizinho petulante, e 0s olhos escuros, dum grande britho, dizendo mil coisas. Era deliciosamente bem feita -e tinha uma pele muito clara, fina e doce & vista, a que se sentia mesmo de longe o cetim. Depois daquele dia tristonho de ‘aguaceiros, ele resolvera passar um bom sero de trabalho, ao canto do fogdo, no conforto do seu robe-de-chambre. Mas, 20 café, os olhos da Gouvarinho ‘comecaram a faiscar-Ihe por entre o fumo do charuto, a fazer-Ihe um olho, colocando-se tentadoramente entre ele a sua noite de estudo, pondo-Ihe nas veias um vive calor de mocidade... Tudo culpa do Ega, esse Mefistofeles de Celorico!”) => ("conde e a senhora nao se davam bem: jé no tempo do Pimenta, umas ‘ocasides, a mesa, tinham-se pegado de tal modo que ela agarrou do copo e do prato,e esmigalhou-os no chao. € outra qualquer teria feito o mesmo; por que © Sr. conde, quando comecava a repisar, a remoer, no se podia aturar. As ‘questdes eram sempre por causa de dinheiro. © Tompson velho estava farto de abrir os cordées & bolsa..” - Quem & esse Tompson velho, que nos aparece ‘agora, 2 esta hora da noite? perguntou Carlos, a seu pesar interessado. - 0 Tompson velho é 0 pai da Sr. condessa. A Sr.? condessa era uma miss Tompson, dos Tompson do Porto... 0 Sr. Tompson no tem querido Ultimamente emprestar nem mais um real ao geno: de sorte que, uma vez, jd rho tempo do Pimenta também, 0 Sr. conde, furioso, disse & senhora que ela e © pai se deviam lemibrar que eram gente de comercio e que fora ele que fizera dela uma condessa; e com perdio de V. Ex.2, a senhora condessa ali mesmo mesa mandou 0 condado tabua... Estas coisas nao esto no género do Pimenta. Carlos bebeu um gole de grog. Bailava-Ihe nos labios uma pergunta, mas hesitava. Depois refletiv na pueridade de to rigidos escripulos, a respeito duma gente, que ao jantar, diante do escudeiro, quebrava a porcelana, mandava 8 tabua o titulo dos antepassados. € perguntou: - Que diz (0 Sr. Pimenta da senhora condessa, Baptista? Ela diverte-se? - Creio que no, meu senhor.*) => ("-V. 6x2 tem boa meméria, Sr. Maia? = Tenho uma razoivel meméria, - Inaprecidvel bem de que gozal A condessa voltara-se para a platela, coberta com 0 leque, com 0 ar ‘constrangido, como se aquelas palavras pueris do marido a diminulssem, a ("0s olhos brithavam-he, diziam mil coisas; em certos movimentos, 0s cabelos ‘crespam ente ondeado, tomava tons de oiro vermelho: e em torno dela ‘errava, no calor do gis e da enchente, um aroma exagerado de verbena, Estava de preto, com uma gargantilha de rendas negras, & Valois, afogando-Ihe ‘0 pescoso onde pousavam duas rosas escarlates. € toda a sua pessoa tinha um = Capitulo 6: = Acontecimentos antes do jantar no Hotel Central Carlos va visitarEga, foi recebido com emosaio e percorreu os aposentos de Ega = Local onde Carlos e Ega se encontraram = Encontram-se na vila Balzac, casa do Ega; => Vila Balzac: “denominacdo literéria"” alugada num subirbio longinquo"; *na solido da Penha de Franca’,” Balzac era 0 padroeiro *, “silencio campestre, ates limpos, favoravel ao estudo, 4s horas de arte e de ideal” ; Denominacso ‘que se associa ao eseritor francés Honoré de Balzac (1799-1850), considerado ‘ofundador do Realismo, = Localizagao: “depois da cruz dos 4 caminhos *; “no era, como tina dito Ega no Ramalhete, logo adiante do largo da Graca um chaletsinho retirado, fresco, ‘assombreado, sorrindo entre arvores, Passava-se primeiro a Cruz dos Quatro Caminhos; depois penetrava-se numa vereda larga, entre quintais, descendo pelo pendor da colina, mas acessivel a carruagens; e ai, num recanto, ladeada de muros, aparecia enfim uma casota de paredes enxovalhadas, com dois degraus de pedra & porta, etransparentes novos dum escarlate estridente.”, => Pagem: 3 porta «o pajemm, um garoto de feices horrivelmente viciosas, perfilava-se na sua jaqueta azul de botées de metal, com uma gravata muito branca e muito tesa; => Descrigdo: duas janelas em cima, abertas, mostrando o reps verde das bambinelas, bebiam & larga todo 0 ar do campo e 0 sol de inverno: e no topo 4a estreita escada, tapetada de vermelho, 0 seu uquarto de cama: al reinava tum cretone de ramagens alvadias, sobre fundo vermelho; ¢ 0 leito esmagava ‘tudo. Parecia ser 0 motivo, o centro da Vila Balzac»; Ergueu, com um gesto rasgado, um reposteiro de reps verde, dum verde felo e triste, e introduziu 0 principe» na sala onde tudo era verde também: 0 reps que recobria uma rmobilia de nogueira, o tecto de tabuado, as listas verticais do papel da parede, vag ‘© pano franjado da mesa, e 0 reflexo dum espelho redondo, inciinado sobre o sofd. Nao havia um quadro, uma flor, um ornato, um livro - apenas sobre a jardineira uma estatueta de Napoledo I, de pé, equilibrado sobre 0 orbe terrestre, nessa conhecida atitude em que o heréi, com um ar pancudo e fatal, fesconde uma das mdos por traz das costas, e enterra a outra nas profundidades do seu colete ‘Quarto: 0 seu quarto de cama: ai reinava um cretone de ramagens alvadias sobre fundo vermelho;e 0 leito enchia, esmagava tudo. Parecia ser 0 motivo, ‘© centro da Vila Balzac; e nele se esgotara a imaginacio artistica do Ega. Era de madeira, baixo como um diva, com a barra alta, um roda-pé de renda, e de ‘ambos 0s lados um luxo de tapetes de felpo escarlate; um largo cortinado de sseda da india avermelhada envolvia-o num aparato de taberndculo; e dentro, cabeceira, como num lupanar, reluzia um espelho. Sobre a mesinha de ‘cabeceira erguia-se um mont3o de livros: a Educacdo de Spencer ao lado de Beaudelaire, 2 Légica de Stuart Mil por cima do Cavaleiro da Casa Vermelha, No mérmore da cémoda havia outra garrafa de Champagne entre dois copos; ‘0 toucador, um pouco em desordem, mostrava uma enorme caixa de pé de _arroz no meio de plastrons e gravatas brancas do Ega, e um mago de ganchos. do cabelo a0 lado de ferros de frisar Recantozinho estudioso: Mas foi mostrar logo 0 seu recantosinho estudioso, formado por um biombo, a0 lado da janela, e tomado todo por uma mesa de ppé de galo, onde Carlos assombrado descobriu, entre o belo papel de cartas do ga, um Dicionétio de Rimas. Sala de Jantar: quasi nua, caiada de amarelo, um armério de pinho ‘envidragado abrigava melancolicamente um servico barato de lousa nova; e do fecho da janela pendia um vestuario vermelho, que parecia roupso de mulher. € sdbrio e simples - exclamou o Ega - como compete aquele que se alimenta duma cédea de Ideal e duas garfadas de Filosofia Cozi Jardim: Mobilia- Segundo Ega, a sua casa deveria estar mobilada de acordo com as ccaracteristicas do século em que era habitada, e 0 século XIX era o século da Democracia, pelo que dispensava objetos que trouxessem a nostalgia do passado. Eu, dizla 0 Ega, passeando pela sala, com as mos enterradas nos bolsos do seu prodigioso robe de chambre, eu nao tolero 0 bibelot, o bric- abrac, a cadeira arqueolégica, essas mobilias de arte... Que diabo, 0 mével {deve estar em harmonia com a ideia eo sentir do homem que o usal Eu nao penso, nem sinto como um cavaleito do século XVI, para que me hei de cercar de coisas do século XVI? Nao ha nada que me fara tanta melancolia, OS MAIAS 107 como ver numa sala um venerdvel contador do tempo de Francisco | recebendo pela face conversas sobre eleigdes ¢ altas de fundos. Faz-me 0 feito dum belo her6i de armadura de aco, viseira caida e crencas profundas ro peito, sentado a uma mesa de voltarete a jogar copas. Cada século tem 0 ‘seu génio préprio ea sua atitude prépri. O século XIX concebeu a Democracia ea sua atitude é esta... .E enterrando-se de estalo numa poltrona, espetou as. pernas magras para 0 ar. - Ora esta atitude é impossivel num escabelo do ‘tempo do Prior do Crato. \Vermelho- Elemento cromstico que sugere a sensualidade e o satanismo de ga, personagem envolvida em escndalos amorosos. => Postura de Dandy: Ega, num prodigioso robe-de-chambre, de um estofo adamascado do século dezoito, vestido de corte de alguma das suas avés, cexclamou :- Bem vindo, meu principe, ao humilde tugurio do flésofo! mo alvo de injurias, disse Ega. Exercito-me sobre ele a falar dos oe 7 ee P Inconsténcia amorosa Ea ‘uma rapariga muito sardenta e muito forte sacudiu 0 gato do colo, ergueu-se, com 0 Jornal de Noticias na mao. Ega apresentou-a, num tom de farsa: -ASr.# Josefa, solteira, de ‘temperamento sanguineo, artista culindria da «Vila Balzac», e como se pode observar pelo papel que Ihe pende das garras,cultora das boas letras! A moca sorria, sem embaraco, habituada de certo a estas familiaridades boémias. - Eu hoje nao janto cé, senhora Josefa, continuava 0 Ega no mesmo tom. Este formoso mancebo que me acompanha, duque do Ramalhete,e principe de Santa Olavia, dé hoje de papar a0 seu amigo e fildsofo... E, como quando eu recolher, talvez a senhora Josefa esteja entregue ao sono da inocéncia, ou aviglia, da devassido, aqui Ihe ordeno que me tenha amanha para meu lunch duas formosas perdizes. E subitamente, numa outra voz, com um olhar que ela devia perceber: - Duas perdisesinhas bbem assadas e bem coradinhas. Frias, est claro... costume. Carlos: E verdade! Entdo, noutro dia, que tal, em casa dos Gouvarinhos? Eu infelizmente no pode i. Carlos contou a soirée. Havia de2 pessoas, espalhadas pelas duas sala, num 2um-zum. dormente, 8 meia luz dos candeeiros. O conde macara-o indiscretamente com a politica, admiragBes idiotas por um grande orador, um deputado de Mesio Frio, e explicacbes sem fim sobre a reforma da instrugdo. A condessa, que estava muito constipada, horrorizou-o, dando sobre a Inglaterra, apesar de inglesa, as opinides da rua de Cedofeita. imaginava que a Inglaterra é um pais sem poetas, sem artistas, sem ideais, ocupando-se sé de amontoar libras. Enfim, secara-se. Pois menino, pensei que a Gouvarinho te apetecia.. Carlos confessou que nos primeiros dias, quando Ega Ihe falara dela, tivera um caprichosinho, interessara-se por aqueles cabelos cor de brasa..- Mas agora, mala conheci, 0 capricho fol-se. Lito sério, estas palavras: -€ uma mulher deliciosa, Carlinhos. E, como Carlos encolhia os ‘ombros, Ega insistiu: @ Gouvarinho era uma senhora de inteligéncia e de gosto; tinha originalidade, tinha audacia, uma pontinha de romantismo muito picante...-E, como corpinho dde mulher, ndo ha melhor que aquilo de Badajoz para él -Vai-te dal, Mefistdfeles de Celorico! Carlos no entanto, fumando preguigosamente, continuava a falar na Gouvarinho e nessa brusca saciedade que o invadira, mal trocara com ela trés palavras numa sala, Endo era a primeira vez que tinha destesfalsos arranques de desejo,vindo quasi com as formas do amor, ameagando absorver, pelo menos por algum tempo, todo o seu ser, e resolvendo-se em tédi fem asecas. Eram como 0s fogachos de pélvora sobre uma pedra; uma fagulha ateia-os, num ‘momento tornam-se chama veemente que parece que vai consumir 0 Universo, e por im fazem apenas um rastro negro que suja a pedra. Seria o seu um desses coracées de fraco, ‘moles eflécidas, que nio podem conservar um sentimento, odeixam fugir, escoar-se pelas rmathas lagas do tecido reles? - Sou um ressequido! disse ele sorrindo. Sou um impotente de sentimento, como Satands... Segundo os padres da igreja,a grande tortura de Satands 6 que no pode amar... - Que frases essas, menino! murmurou Ega. Como frases? Era uma atroz realidadel Passava a vida a ver as paixGes falharem-Ihe nas mos como fésforos. Por exemplo, ‘com a coronela de hussards em Viena! Quando ela faltou ao primeiro rendez-vous, chorara ligrimas como punhos, com a cabeca enterrada no travesseiro e aos coices 8 roupa. € daia dduas semanas, mandava postar o Baptista 3janela do hotel, para ele se safar, mal a pobre coronela dobrasse a esquinal € com a holandesa, com Madame Rughel, pior ainda. Nos primeiros dias fol uma insensater: queria-se estabelecer para sempre na Holanda, casar com ela (apenas ela se divorciasse}, outras loucuras; depois os bracos que ela Ihe deitava 20 pescago, e que lindos bracos, pareciam-the pesados como chumbo. -Tu és extraordinario, meninol.. Mas 0 teu caso é simples, ¢o caso de D. Juan. D.!uan também tinha essas alternagSes de chama e cinza. Andava 4 busca do seu ideal, da sua ‘mulher, procurando-a principalmente, como de justica, entre as mulheres dos outros. Eaprés avoir couché, declarava que se tinha enganado, que nao era aquela. Pedia desculpa e retirava- se. Em Espanha experimentou assim mile trés. Tu 6s simplesmente, como ele, um devasso; € hhis-de vira acabar desgracadamente como ele, numa tragédia infernal! Carlinhos da minha alma, é initil que ninguém ande & busca da sua mulher. Ela vird, Cada um ‘tema sua mulher, e necessariamente tem de a encontrar. Tu estas aqui, na Cruz dos Quatro Caminhos, ea estétalvez em Pekin: mas tu, ai a raspar o meu reps com 0 vernie dos sapatos, € ela a orar no templo de Conficio, estais ambos insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, ‘marchando um para o outro... Estou eloquentissimo hoje, e temos dito coisas idiotas. Toca a vvestr.E, em quanto eu adorno a carcassa, prepara mais frases sobre Satands! [Nao tem uma unica coisa bos, este velho Abraao, disse Carlos. Tem a fiha, disse 0 Craft. Carlos achava-a bonita, mas horrivelmente suja => Craft Dentro um sujeito de chapéu baixo ia lendo um grande jornal 0 Craft! gritou Ega, debrugando-se pela portinhola. O coupé parou. Ega de um pulo estava na calgada, correndo, bradando: - Oh Craft! oh Craft! Quando, dai a um momento, sentiu duas vvozes aproximarem-se, Carlos desceu também do coupé, achou-se em face dum homem baixo, louro, de OS MAIAS 110 pele rosadae fresca, e aparéncia ria. Sob 0 fraque correcto percebia-se-the uma musculatura de atleta. - 0 Carlos, o Cra, gritou ga, lancando esta apresentacao com uma simplicidade classica. Os dois homens, sorrindo, tinham-se apertado a mio. E Ega insistia para que voltassem todos a Vila Balzac, fossem beber a outra garrafa de Champagne, a celebrar 0 advento do Justo! Craft recusou, com 0 seu modo calmo e placido; chegara na véspera do Porto, ‘abracara jd o nobre Ega, e aproveitava agora a viagem aquele bairro longinquo para ir vero velho Shlegen, um alemo que vivia & Penha de Franca, ‘Apenas 0 coupé partiu de novo, Ega rompeu nas costumadas admiragdes pelo Craft, ‘encantado com aquele encontro que dava mais um retoque luminoso a sua alegria. 0 {que o entusiasmava no Craft era aquele ar imperturbavel de gentleman correcto, com ue ele igualmente jogaria uma partida de bilhar, entraria numa batalha, arremeteria ‘com ura mulher, ou partiria para a Patagénia..-€ das melhores coisas que tem Lisboa. Vais-te morrer por ele... que casa que ele tem nos Olivas, que sublime bric-a- bac! Subitamente estacou, e com um olharinquieto, uma ruga na testa: ~Como dlabo soube ele da Vila Balzac? -Tu no fazes segredo dela, hein? - No...Mas também noa us nos andncios! Eo Craft chegou ontem, ainda no esteve com ninguém que eu conhega...€curiosol-Em Lisboa sabe-setudo...-Canalha de teral murmurou Eg, => Razao do Jantar = Inicialmente para Carlos e Craft se conhecerem melhor ga organizou ojantar em honra dos Cohen e com o intuito de apresentar Carlos dsociedade Lisboeta > Ojantar no Central foi adiado, porque o Ega,alargando pouco a pouco a idea, conwvertera-o agora numa festa de ceriménla em honra do Cohen. = -Jantolé muitas veres, disse ele a Carls, estoulé todas as noites...& nnecessriorepagar a hospitalidade.. Um jatar no Central €0 que basta. € para. efeito moral, pespego-Ihe 3 mesa o marquése a bestado Steinbroken ‘Cohen gosta de gente assim => Ega organizou este jantar com 0 intuito de homenagear o banqueiro Jacob Cohen ("Ega, no entanto,travarahe do brago, colocara-o preclosamente & mesa, 3 sua dreta: depois ‘ofereceu-the um bot8o de camel de um ramo"). No entanto, esta homenagem éirénica uma vez que Ega andava acortejar a mulher de Cohen, Raquel Cohen = Personagens no jantar Carls, Craft Eg Steinbroken,cohen, Sr. imaso Salcede, Tomés de Alencar ee ss Ps o marqués partira para a Golega, e o pobre Steinbroken estava sofrendo dum_ incomodo de entranhas.-O marqués ndo péde vir, menino, eo pobre Steinbroken, coltado, esté coma sua gota, a gota de diplomata, de lord e de banqueico.. gota que twhis-de ter, velhaco! => Encontro de Carlos com Maria Eduarda = Entravam entdo no peristilo do Hotel Central-e nesse momento um coupé da ‘Companhia, chegando a largo trote do lado da rua do Arsenal, vio estacar porta, Um espléndido preto id grislho, de casacae cago, correu logo 3 Portinhola; de dentro um rapaz muito magro, de barba muito negra, passoulhe para os bragos uma deliciosacadelinha escacesa, de pelos esguedethados, finos como seda e cor de prata; depois apeando-s,indolente e pseu, cofereceu amo a uma senhora alta, loure, com um meio véu muito apertado.e muito escura que realgava oesplendor da sua camnacdo eburnea, Craft e Carlos afastaram-se, ela passou diane deles, com um passo soberano de deus, maravilhosamente bem feta, deixando ats desi como uma caridade, um reflexo de cabelos de ouro, e um aroma no ar. Travia um casacocolante de veludo branco de Génova,e um momento sobre aslajes do peristo brilhouo ‘ernie das suas botinas, O rapaz a0 lado, esticado num fato de xadresinho inglés, abria negligenterente um telegrama; o preto seguia coma cadelhinha nos bragos = - Vimos agora Id em balxo, disse Craft indo sentar-se no iva, uma espléndida mulher, com uma espléndida cadelinha grifon, eservida por um espléndido pretol = Bem sei! 0s Castro Gomes...Conheco-os muito... Vim com eles de Bordéus Uma gente muito chic que vive em Paris = Temas de conversano Jantar ‘esse requinte literdriae satdnico do absinto, nome de Carlos fol dada por sua mie depois,

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