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Série Crescimento Espiritual

SERMÃO
DO MONTE
12 estudos para desenvolvimento
individual ou em grupo

SM
publicações
Jo hn Stott

Série Crescimento Espiritual

SERMÁO
DO MONTE
T ra d u ç ão
Angelino Junior do Carmo
Rogério Portella
Originally published by InterVarsity Press as Sermon on the Mount,
a LifeGuide® Bible study by John Stott. © 1987, 2000 by John
Stott. Translated and printed by permission of InterVarsity Press,
P.O.Box 1400, Downers Grove, IL 60515, USA.

Ia Edição - Outubro de 2009

Publicado no Brasil com a devida autorização


e com todos os direitos reservados por
S h e d d P u b li c a ç õ e s
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meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos,
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dados, etc.), a não ser em citações breves
com indicação de fonte.

Printed in Brazil / Impresso no Brasil

ISBN 978-85-88315-89-1

T ra d u ç ã o : Rogério Portella & Angelino Junior do Carmo


R e v is ã o : Shirley Gomes
D i a g r a m a ç ã o e C a p a : Samuel Paiva

Esta obra foi composta em Agaramond, e impressa pela


Imprensa da I'd em papel Sinartech (>() g/m’ c
Couchê hrillio 250 g/m2 em outubro ilr »’1)09
Sumário

Obtendo o máximo do Sermão do M on te ..............................................5


1- Bênçãos inesperadas — Mateus 5-1-12 ............................................ 9
2- O jeito divino de fazer a diferença — Mateus 5.13-16...............12
3- A importância de obedecer à lei de Deus — Mateus 5.17-20 ........15
4- O que há de errado com
os pecados pessoais? — Mateus 5.21-30 .........................................19
5- Fidelidade no casamento
e no falar — Mateus 5.31-37; 19.3-9 ........................................... 22
6- Como amar os inimigos de verdade — Mateus 5-38-48 ............ 26
7- Como não ser um religioso — Mateus 6.1-6, 16-18 ...................29
8- Um padrão para a oração dinâmica — Mateus 6.7-15................ 32
9- O que Deus pensa dos meus desejos — Mateus 6.19-34 .......... 35
10- Relacionamentos encorajadores — Mateus 7.1-12 ...................38
11- Detecção das mentiras
de nosso mundo — Mateus 7.13-20 ............................................41
12- Faça a escolha que valerá
por toda a vida — Mateus 7.21-29 .............................................. 45
Observações para o líder ........................................................................ 48
Série crescimento espiritual 6
lecentes na escuridão. Sua justiça deveria exceder a dos escribas e
fariseus, tanto em relação ao comportamento ético como à devoção
religiosa, e seu amor deveria ser maior e seus desejos mais nobres que
os dos vizinhos pagãos.
Não há um único parágrafo no Sermão do Monte em que não se
contraste os padrões cristãos e não cristãos. Esse é o tema que abarca
e une o tema do Sermão; todo o restante é apenas sua variação. Em
alguns momentos, os gentios ou as nações gentílicas são contrastados
com seus seguidores. Em outros momentos, ele os contrasta com os
judeus. Em todos os momentos, Jesus ensina seus seguidores a serem
diferentes — diferentes tanto da igreja nominal quanto do mundo
secular, diferentes dos religiosos e dos irreligiosos.
O Sermão do Monte é a descrição mais completa do Novo Testa­
mento a respeito da contracultura cristã. Aqui se encontra um siste­
ma cristão de valores, um padrão ético, a devoção religiosa, a correlação
com o dinheiro, o estilo e uma rede de relacionamentos — todos
completamente opostos ao mundo não cristão. O Sermão apresenta
a vida no Reino de Deus — totalmente humana, mas subserviente
ao regime divino.
Talvez a maioria dos leitores e comentaristas, ao observar à primei­
ra vista a realidade da perversão humana, tenha afirmado a impratica­
bilidade dos padrões do Sermão do Monte. Eles dizem que seus ideais
são nobres, mas inatingíveis; atraentes à imaginação, mas impossíveis
de serem cumpridos. No outro extremo, encontram-se pessoas super­
ficiais, que afirmam de maneira falaz que a veracidade dos padrões
éticos expressos no Sermão do Monte são comuns a todas as religiões e
fáceis de praticar. “Vivo de acordo com o Sermão do Monte”, dizem. A
verdade não se encontra nas posições extremadas, pois os padrões do
Sermão não são rapidamente executáveis por todos nem completamente
inatingíveis para todos. Dizer que está além do alcance das pessoas
significa ignorar o propósito do sermão de Jesus; colocá-lo ao alcance
de todos é desdenhar da realidade do pecado.
Sim, eles são praticáveis, mas apenas por quem experimentou o
novo nascimento — de acordo com as palavras de Jesus a Nicodemos,
a condição indispensável para ver o Reino de Deus e nele entrar, pois
a justiça descrita por ele no sermão é interior. Ainda que se manifeste
de forma exterior e visível por meio de palavras, atos e relacionamen­
tos, ela permanece em essência a justiça do coração. Apenas a crença
na necessidade e na possibilidade do novo nascimento pode nos afastar
da leitura do Sermão do Monte com otimismo descabido ou com
desespero absoluto. Jesus pronunciou o sermão para quem já era dis­
cípulo e, portanto, súdito do Reino e membro da família de Deus.
7 Sermão do Monte
Os altos padrões estabelecidos por ele são próprios apenas para essas
pessoas. Não se alcança esse status privilegiado (na verdade, não se
pode fazê-lo) por meio da adesão aos padrões de Cristo. Em vez dis­
so, por meio da manutenção desses padrões, ou pelo menos por meio
dessa tentativa, apresentamos a evidência do que já somos por causa
da graça imerecida e do dom recebidos da parte de Deus.
Este estudo bíblico se baseia em material publicado no meu
livro A mensagem do Sermão do Monte (ABU Editora). Recomendo-o
como leitura complementar a este guia. Sou grato a Jack Kuhatschek
pela dificuldade que ele assumiu e pela habilidade demonstrada na
preparação deste guia sob minha supervisão geral e a Donald Baker
pela realização das alterações necessárias a esta edição revisada.
Os ouvintes originais do Sermão do Monte ficaram perplexos.
Oro no sentido de que você também fique perplexo e seja desafiado
pelo maior sermão já pregado.

Sugestões para estudo individual


1. Ao iniciar cada estudo, ore para que Deus fale com você por
intermédio de sua Palavra.
2. Leia a introdução ao estudo e responda à pergunta, ou exercí­
cio, de reflexão pessoal. Eles são projetados para ajudá-lo a se concen­
trar em Deus e no tema do estudo.
3. Cada estudo trata de uma determinada passagem bíblica, para
que você sonde a idéia do autor naquele contexto. Leia e releia a
passagem bíblica a ser estudada. Se você está estudando um livro
bíblico, ler o livro inteiro antes do primeiro estudo o ajudará. As
perguntas usam a linguagem da NVI (Nova Versão Internacional da
Bíblia) e, por isso, talvez você queira usar essa versão da Bíblia.
4. Esse é um estudo bíblico indutivo projetado para ajudá-lo a
descobrir por si mesmo o sentido da passagem bíblica. O estudo inclui
três tipos de perguntas. Perguntas de observação que se referem a fatos
básicos como: quem, o que, quando, aonde e como. Perguntas de inter­
pretação que pesquisam o sentido da passagem. Perguntas de aplicação
que ajudam a descobrir as implicações da passagem para o crescimento
em Cristo. Essas três chaves destrancam os tesouros da Escritura.
Escreva suas respostas nos espaços fornecidos ou em um diário
pessoal. Escrever lhe dá mais clareza e também um entendimento
mais profundo de você mesmo e da Palavra de Deus.
5. Talvez seja bom ter um dicionário bíblico à mão. Use-o para
procurar quaisquer palavras, nomes ou lugares desconhecidos.
Série crescimento espiritual 8
6. Use a sugestão de oração para guiá-lo no agradecimento a
Deus pelo que aprendeu e para orar a respeito das aplicações que já
lhe ocorreram.
7. Você talvez queira continuar até a sugestão “Agora ou Mais
Tarde” ou usar essa idéia em seu próximo estudo.

Sugestões para membros de grupo de estudo


1. Venha preparado para o estudo. Siga as sugestões para o estu­
do individual mencionadas acima. Você descobrirá que a preparação
cuidadosa enriquece muito o tempo dedicado à discussão em grupo.
2. Disponha-se a participar da discussão. O líder do seu grupo não
fará uma preleção. Ao contrário, ele ou ela incentivam os membros do
grupo a discutir o que aprenderam. O líder faz as perguntas deste guia.
3. Atenham-se ao assunto em discussão. As respostas devem se
fundamentar nos versículos em questão, e não em autoridades exter­
nas como comentaristas bíblicos ou palestrantes. Esses estudos fo­
cam a passagem específica da Escritura. Apenas raramente você deve
se referir a outras porções da Bíblia. Isso permite que todos partici­
pem a fundo do estudo de forma eqüitativa.
4. Seja sensível em relação aos outros membros do grupo. Ouça
com atenção quando eles descrevem o que aprenderam. Você poderá
se surpreender com a percepção deles! Cada pergunta presume uma
variedade de respostas. Muitas perguntas não têm respostas “certas”,
em especial, as perguntas que visam o sentido ou a aplicação da pas­
sagem. Em vez disso, as perguntas nos incitam a explorar a passagem
de forma mais completa.
Quando possível, conecte o que você diz aos comentários das
outras pessoas. Sempre que puder, seja afirmativo. Isso anima os
membros mais hesitantes do grupo a participar.
5. Tenha o cuidado de não dominar a discussão. Às vezes, fi­
camos tão ansiosos para expressar nosso pensamento que não damos
muita oportunidade para os outros responder. Participe de verdade!
Mas permita que outros também o façam.
6. Espere que Deus o ensine por meio da passagem bíblica em
discussão e dos outros membros do grupo. Ore para que tenham um
tempo juntos gostoso e proveitoso, mas também para que como re­
sultado do estudo você encontre modos de agir como indivíduo e/ou
como grupo.
7. Lembre-se que tudo dito no grupo é considerado confidencial
e não deve ser discutido fora do grupo a não ser que seja dada permis­
são específica para isso.
8. Se você for líder do grupo, encontrará mais sugestões no fim
deste guia de estudos.
Bênçãos inesperadas
Mateus 5.1-12

O hino escrito por William Cowper nos faz recordar da possi­


bilidade de esperarmos por bênçãos em lugares inesperados:
Vós, santos temerosos, a coragem retomai,
As nuvens que tanto temeis
Estão repletas de misericórdia, e vê-la-eis
Irrompendo em bênçãos sobre vossa cabeça.
DISCUSSÃO EM GRUPO: Como você define o termo
“abençoado”? Peça a cada membro do grupo para escrever sua
definição em um papel. Reúna-os e leia cada definição, per­
mitindo que o grupo procure acertar quem é o seu autor. O
que as respostas revelam a respeito de seus autores?

REFLEXÃO PESSOAL: De forma geral, quem você considera


abençoado ou feliz?

Nas bem-aventuranças se encontram a simplicidade da palavra e


a profundidade do pensamento que atraem novas gerações de cris­
tãos e de muitas outras pessoas. Quanto mais se exploram suas im­
plicações, mais elas parecem permanecer inexploradas. Seu valor é
inexaurível. A bem da verdade, “encontramo-nos aqui perto do céu”.
Leia Mateus 5.1-12.

1. Qual é a comparação entre nossa descrição normal das pessoas


abençoadas ou felizes e das pessoas que Jesus considera abençoadas
(v. 1-12)?
Série crescimento espiritual 10
2. Ser “pobre em espírito” (v. 3) significa reconhecer nossa pobreza
espiritual ou ruína diante de Deus. Por que essa é uma condição
indispensável para o recebimento do Reino do céu?

Por que é tão difícil admitir nossa pobreza espiritual?

3. Por que os pobres em espírito sentem necessidade de chorar (v. 4)?

4. Os que choram sentem tristeza não só pelo próprio pecado, mas


também pelos pecados de quem os cercam. Quais são as últimas
notícias que o fazem chorar?

5. Como você acha que será o consolo dos que choram (v. 4)?

6. Como a verdadeira avaliação a nosso respeito (v. 3-4) nos con­


duzirá à “humildade” — a manutenção de uma atitude humilde e
gentil para com os demais (v. 5)?

7. De acordo com o ponto de vista do mundo, por que é surpreen­


dente que os humildes recebam a terra por herança?

8. O que Jesus disse até este ponto que seria i ,i|>.i/ ilr nos deixar com
fome e sede de justiça (v. 6)?
11 Sermão do Monte
9. A justiça bíblica possui três aspectos: legal, moral e social. Que
significa ter fome e sede de cada um deles?

10. Jesus promete que quem sentir fome e sede de justiça será satis­
feito (v. 6). O que você pode fazer para manter o apetite saudável,
cordial e espiritual?

Peça a Deus que satisfaça sua fom e e sede à medida que você estuda o
Sermão do Monte.

Agora ou mais tarde


Continue o estudo do Sermão do Monte concentrando-se
nos versículos 7 a 12.

11. Jesus diz que os misericordiosos obterão misericórdia (v. 7). Você
acha que o tratamento que dermos aos outros afetará o modo como
Deus nos tratará? Por quê?

12. Por que a promessa de ver a Deus (v. 8) é reservada aos puros de
coração?

13. Como podemos ser pacificadores (v. 9) no lar, na igreja e na


sociedade?

14. Por que o mundo odeia o tipo de gente descrita nas bem-aven-
turanças?

15. De que maneiras as bem-aventuranças desafiam você a ser diferente?


2
O jeito divino de fazer
a diferença
Mateus 5.13-16

Existem pessoas no mundo que nunca folhearam uma Bíblia.


Mesmo assim, elas recebem impressões a respeito de Deus todas as
vezes que se deparam com cristãos. Você pode ser a única Bíblia que
uma pessoa venha a ler.

DISCUSSÃO EM GRUPO: Quem foi semelhante a uma Bíblia


para você, demonstrando com a própria vida as características
de Deus? O que essa pessoa disse ou fez para lhe mostrar
Deus?

REFLEXÃO PESSOAL: De que modo os cristãos podem


exercer influência positiva em nossa sociedade?

Que influência possível seria exercida pelas pessoas descritas nas


bem-aventuranças sobre este mundo difícil e duro? Que bem perma­
nente pode ser realizado pelos pobres e humildes, pelos que choram
e pelos misericordiosos, por quem procura a paz e não a guerra? Eles
não serão sobrepujados pelo fluxo do mal? O que podem realizar
pessoas cuja única paixão se encontra na justiça e cuja única arma é a
pureza de coração? Essas pessoas são muito fracas para obter algum
sucesso? Jesus não compartilha desse ceticismo, como evidencia sua
mensagem. Leia Mateus 5.13-16.

1. Na sua opinião, que qualidades do sal e da luz Jesus tinha em


mente quando proferiu essas palavras?
13 Sermão do Monte
2. Antes da refrigeração, o sal era usado para evitar o apodrecimento da
carne. Portanto, o que significa a declaração de Jesus “Vocês são o sal da
terra” (v. 13) em relação à sociedade e ao papel da igreja junto dela?

3. Quais são as últimas notícias indicativas do apodrecimento e da


decadência da sociedade?

4. Quais são algumas formas práticas para vivermos como sal onde
vivemos e trabalhamos (v. 13)?

5. O que pode fazer o sal dos cristãos perder o sabor (v. 13)?

6. A segunda declaração de Jesus é “Vocês são a luz do mundo” (v. 14).


Como o sal, evitamos a decadência, a disseminação do mal. De que
modo o papel da igreja de ser luz complementa o de ser sal?

7. Que maneiras positivas podemos usar para promover a dissemi­


nação da verdade no mundo?
Série crescimento espiritual 14
8. Por que podemos ser tentados a esconder nossa luz (v. 15)?

9. Qual é o resultado, de acordo com Jesus, de as pessoas verem


nossas boas ações (v. 16).

10. Você consegue se lembrar de exemplos de pessoas se aproximan­


do de Deus por causa das ações de cristãos?

11. Que relacionamento você percebe entre as bem-aventuranças e o


nosso papel de sal e luz na sociedade?

12. Sendo sal e luz, cite uma maneira pela qual você pode exercer
mais influência.

Ore pelas áreas podres de nosso mundo e também pela sua capacidade de
brilhar como luz do mundo.

Agora ou mais tarde


Faça planos com sua célula (grupo pequeno) (ou com você
mesmo) para estabelecer o projeto "S.il e luz". ( )rganize um
projeto de limpeza em sua cidade, laça uma distribuição de
alimentos (ou de refeições), visite um hospital ou distribua
Bíblias em sua região.
A importância de
obedecer à lei de Deus
Mateus 5.17-20

João Wesley escreveu em seu diário: “Sou fanático pela Bíblia.


Eu a sigo em todas as coisas, grandes e pequenas”.*

DISCUSSÃO EM GRUPO: Você concorda com João Wes­


ley? Tudo o que diz a Bíblia deve ser seguido hoje? Por quê?

REFLEXÃO PESSOAL: Se o Antigo Testamento não exis­


tisse, o que lhe faltaria em relação ao conhecimento de Deus?

Até aqui Jesus falou a respeito do caráter cristão. Destacou tam­


bém a influência que devemos exercer no mundo caso apresentemos
esse caráter e se ele frutificar por meio de “boas obras”. Em Mateus
5.17-20, ele dá sequência à definição desse caráter e dessas boas obras
em termos de justiça. Essa passagem é de grande importância não
apenas pela definição da justiça cristã, mas também pela luz que
lança sobre o relacionamento entre o Novo Testamento e o Antigo
Testamento, entre o Evangelho e a lei. Leia Mateus 5-17-20.

1. Esta passagem se divide naturalmente em duas partes: versículos


17-18 e 19-20. Qual é a ênfase de cada parte?

*Citado em Christianity Today 40, n. 7.


Série crescimento espiritual 16
2. Por que algumas pessoas pensam que Jesus veio para abolir a Lei
ou os Profetas (v. 17)?

3. A Lei e os Profetas (o Antigo Testamento) consistem de doutrinas,


profecias e preceitos éticos. Em que sentido Jesus veio cumprir cada
um deles (v. 17)?

4. Como Jesus destaca o valor que concede às Escrituras do Antigo


Testamento (v. 17-18)?

Como as palavras de Jesus podem fortalecer nossa confiança nas Es­


crituras?
17 Sermão do Monte
5. Que parte(s) da Bíblia você deixa de ler ou negligencia?

O que você pode fazer para tornar o estudo dela(s) uma de suas
prioridades?

6. Como a resposta à Lei determina a nossa posição no Reino dos


céus (v. 19)?

7. Os fariseus e os mestres da Lei eram zelosos acerca de sua ob­


servância. Como nossa justiça pode se tornar superior à deles (v. 20)?

8. Jesus afirmou que apenas as pessoas detentoras do tipo de justiça


superior entrarão no Reino dos céus (v. 20). Como isso se pode har­
monizar com a declaração a respeito de que os pobres em espírito
(quem admite sua ruína espiritual) entrarão no Reino (5.3)?
Série crescimento espiritual 18
9. Algumas pessoas afirmam que Jesus aboliu a Lei para os cristãos e
que somos responsáveis apenas pela obediência à “lei do amor”. Co­
mente essa afirmação à luz das palavras de Jesus encontradas nessa
passagem.

10. Como devemos estudar e aplicar hoje a Lei do Antigo Testamento?

Ore para que você receba um novo insight espiritual à medida que esmda
a Bíblia.

Agora ou mais tarde


Reserve algum tempo para avaliar a sua vida de acordo com
os dez mandamentos encontrados em Êxodo 20.117. Quais
deles você tem conseguido observar e contra quais você luta?
Passe algum tempo com Deus em confissão e recebimento de
seu perdão.
4
O que há de errado
com os pecados pessoais?
Mateus 5.21-30

Ira, rispidez e vingança muitas vezes parecem se justificar quan­


do somos antagonizados. Já pensamentos pessoais lascivos não pare­
cem prejudiciais. Jesus, no entanto, designa essas atitudes como
“assassinato” e “adultério”.

DISCUSSÃO EM GRUPO: Que conselho você daria a quem


é incomodado por uma pessoa irritante?

REFLEXÃO PESSOAL: Nesta semana, sua vida agradou a


Deus ou o desapontou?

Os escribas e os fariseus diziam que a lei compreendia 248 or­


dens e 365 proibições. No entanto, eles eram melhores com a enu­
meração do que com a obediência. Então, resolveram transformar as
exigências da lei em algo menos exigente e tornar mais permissivas as
suas permissões. Jesus, em todo o Sermão do Monte, parece reverter
essa tendência. Ele veio para aprofundar, não para destruir, as exigên­
cias da lei. Nesta passagem, ele explica o verdadeiro significado do
sexto e do sétimo mandamentos, as proibições contra o assassinato e
o adultério. Leia Mateus 5.21-30.

1. Que padrão é usado por Jesus para determinar o certo e o errado?


Série crescimento espiritual 20
2. Nos versículos 21 e 22, Jesus coloca o assassinato e a ira injustifi­
cada na mesma categoria. Como eles se relacionam?

3. Jesus adverte acerca do uso do adjetivo “racá” (vocábulo aramaico


que significa “vazio” ou “tolo”, v. 22). Por que você acha que insultos
semelhantes a esses constituem assassinato aos olhos de Deus?

4. O que faz você perder a paciência?

5. O que os versículos 23 a 26 nos ensinam a respeito de relaciona­


mentos abalados?

6. Por que Jesus insiste que a reconciliação e o pedido de desculpa


sejam feitos o quanto antes?

7. Você já perdoou alguma pessoa ou alguma pessoa já lhe perdoou?

Qual foi o resultado?


21 Sermão do Monte
8. Qual é o significado pleno, de acordo com Jesus, do sétimo man­
damento: “Não adulterarás” (v. 27-28)?

9. A lascívia foi comparada a “um canibal que comete suicídio por


devorar a si mesmo”*. Como você tem visto a lascívia machucar a
você mesmo e a outros?

10. Alguns cristãos praticaram literalmente os versículos 29-30,


mutilando o corpo. Como você acha que Jesus deseja que entenda­
mos suas advertências?

Em que situações você acha necessário “arrancar o olho” ou “cortar a


mao r

Peça a Deus que ajude você a tirar de sua vida tudo o que faz você pecar.
Ore para que ele o torne capaz de lhe obedecer p or meio de suas reações e
também de suas ações.

Agora ou mais tarde


As questões da ira e da sexualidade também são tratadas em
ICoríntios 6. O que essa passagem acrescenta em relação à
pronta resolução de conflitos? O que ela lhe ensina a respeito
dos perigos da lascívia? Caso exista alguém que você não tenha
perdoado, dirija-se agora a essa pessoa e procure se recon­
ciliar com ela.

^Calvin Miller, “A Requiem fo r Love”, Christianity Today 34, n. 2.


5
Fidelidade no
casamento e no falar
M ateus 5.31-37; 19.3-9

Não há nada mais doloroso do que o casamento infeliz. E talvez


não haja tragédia maior do que a degeneração do relacionamento
idealizado por Deus para gerar amor e satisfação em ausência de
relacionamento marcado pela amargura, discórdia e desesperança.

DISCUSSÃO EM GRUPO: A revista Bons Parceiros pediu


ao seu grupo para escrever um artigo intitulado “As dez prin­
cipais razões para o fracasso no casamento”. Que razões você
apresentaria para a dissolução do casamento?

REFLEXÃO PESSOAL: Se você for casado(a), peça a Deus


para usar este estudo e lhe dar discernimento sobre a sua
relação matrimonial. Se você for solteiro(a), peça a Deus para
usar este estudo e lhe ajudar a encorajar uma pessoa casada.

O divórcio é um assunto controverso e complexo, que alcança


um nível emocional profundo. Contudo, a despeito da dor provoca­
da pela questão, estou convencido de que o ensinamento de Jesus
sobre esse ponto, e sobre os demais, é bom — intrinsecamente bom
para o indivíduo e para a sociedade. Nesta passagem, Jesus nos cha­
ma à fidelidade no matrimônio e à honestidade na fala. Leia Mateus
5.31-37; 19.3-9.
23 Sermão do Monte
1. Como as declarações de Jesus se contrastam com as perguntas que
lhe foram feitas?

2. O rabino Shammai ensinava a permissão do divórcio apenas em


casos extremos. O rabino Hillel ensinava sua permissão por todo e
qualquer motivo. Como isso nos ajuda a entender a pergunta feita
pelos fariseus para pôr Jesus “à prova” (19.3)?

3. Jesus retrocede a Gênesis. O que isso nos ensina a respeito do


desígnio divino original para o casamento (19.4-6)?

4. Como você pode se preparar para o casamento que cumpra o


propósito original de Deus?

Que diferença o propósito divino faz na vida do casal?

5. Os fariseus se referem às instruções de Moisés como “mandamen­


to” (v. 7). O que a resposta de Jesus nos ensina a respeito do divórcio
(v. 8)?
Série crescimento espiritual 24
Como o divórcio pode revelar a dureza do nosso coração?

6. Quais são as semelhanças e as diferenças entre 19.9 e 5.31-32?


Como esses versículos destacam a seriedade do divórcio?

7. Como o ensinamento de Jesus sobre o casamento e o divórcio se


contrasta com os conceitos vigentes na sociedade e nos quais você e
seus conhecidos creem?

8. Leia Mateus 5.31-37. Como a questão do juramento se relaciona


com o tópico do casamento e do divórcio?
25 Sermão do Monte
9. Os fariseus possuíam fórmulas elaboradas de juramentos (alguns
deles deveriam ser cumpridos e outros não, v. Mt 23.16-22). Por que
Jesus se opôs aos juramentos?

10. Isso significa, por exemplo, que devemos nos recusar a jurar em
um tribunal? Explique.

11. Por que os juramentos seriam desnecessários para os seguidores


de Jesus?

Peça a Deus para lhe ajudar a resistir às pressões que comprometem seu
casamento e sua palavra.

Agora ou mais tarde


O tópico do debate em grupo objetivava criar o artigo “As
dez principais razoes para o fracasso do casamento”. Trabalhe
agora no artigo “As dez principais razões para a estabilidade
do casamento”.

Se você é casado (a) reveja os juramentos feitos ao seu côn­


juge. Você tem sido fiel no cumprimento de todas as promes­
sas que fez?

Se você é solteiro(a), avalie seu comportamento sexual. Qual


é a sua responsabilidade para com o seu futuro cônjuge?
6
Como amar os
inimigos de verdade
Mateus 5.38-48

O teste verdadeiro do amor não diz respeito a como nos relacio­


namos com pessoas gentis e amáveis e sim a como nos comportamos
em relação aos indivíduos impiedosos e vis.

DISCUSSÃO EM GRUPO: Um amigo lhe pede coisas em­


prestadas continuamente e não as devolve ou, quando o faz,
as entrega estragadas. A confrontação não obteve bom resulta­
do. Você: a) faz o amigo pagar pelas perdas ou pelos estra­
gos?; b) recusa-se a lhe emprestar outras coisas?; ou c) continua
emprestando tudo o que ele lhe pede? Explique.

REFLEXÃO PESSOAL: Em que circunstância você acha difícil


perdoar?

Esta passagem nos apresenta o ponto alto do Sermão do Monte.


Estas palavras de Cristo são as mais admiradas e também as que causam
mais ofensas. Ele nos chama para demonstrarmos nossa atitude de
amor total ao “perverso” (v. 39) e aos “inimigos” (v. 44). Não existe
desafio maior neste sermão. Em nenhum ponto o caráter distintivo
da contracultura cristã é mais evidente. Também não se encontra em
nenhum outro lugar a necessidade mais premente do poder do Es­
pírito Santo (seu primeiro fruto é o amor). Leia Mateus 5.38-48.
27 Sermão do Monte
1. O que você acha mais difícil nas instruções de Jesus encontradas
nestes versículos?

2. A citação feita por Jesus — “Olho por olho e dente por dente” —
provém de Êxodo 21.24. Como essa instrução dada aos juizes de
Israel esclarece o significado da justiça?

Como ela poderia limitar também a extensão da represália?

3. É evidente que os fariseus usavam esse princípio não só nos tri­


bunais de justiça (o local adequado), mas também no âmbito dos
relacionamentos pessoais (aplicação incorreta). Que consequências
poderiam resultar disso?

4. Olhe para os versículos 39-42. Como você contrasta nossas respos­


tas naturais nessas situações com as respostas que Jesus espera de nós?

5. Qual é o resultado de oferecer a outra face e de caminhar a segun­


da milha?

6. Em quais situações aplicam-se hoje os mandamentos de Cristo?


Série crescimento espiritual 28
7. De acordo com Jesus, como devemos tratar nossos inimigos e por
que (v. 44-4 5)?

8. De que maneira se pode considerar extraordinário o mandamento


de Jesus (v. 46-48)?

9. Tudo isso significa que os cristãos devam ser capachos pisados pelo
mundo todo? Explique.

10. De que maneira o próprio Jesus serviu de exemplo dos princípios


“Não resistam ao perverso” e “Amem seus inimigos”?

11. Como você é capaz de refletir o caráter de seu Pai ao ser maltratado?

Ore para que Deus abençoe a quem o maltratou e a quem é seu inimigo.

Agora ou mais tarde


Leia Romanos 13.1-5. Como podemos conciliar o chamado
de Cristo da não retaliação com o dever do Estado de punir
os praticantes do mal?
7
Como não ser religioso
Mateus 6.1-6, 16-18

No Novo Testamento, a não conformidade com o mundo é um


conceito recorrente. Mas não se conhece tanto o chamado de Jesus
para não nos conformarmos com a religiosidade vigente. Ele predisse
o mundanismo da igreja nominal e ordenou que a comunidade crista
se distinguisse verdadeiramente de sua vida e prática.

DISCUSSÃO EM GRUPO: Sua amiga recusou o convite para


vir a este estudo bíblico e disse que considera todos os cris­
tãos hipócritas. Que evidência há de que essa afirmação não
se estende aos membros de seu grupo?

REFLEXÃO PESSOAL: Existem palavras ou ações suas que


as pessoas consideram hipócritas?

Jesus ensinou em Mateus 5 que se nossa justiça não deve ser


muito superior à dos fariseus (pois estes obedeciam à letra da lei, ao
passo que nossa obediência deve incluir o coração) e superior à dos
pagãos (pois eles amam uns aos outros, ao passo que nosso amor deve
incluir também os inimigos). Em Mateus 6, Jesus estabelece os mes­
mos dois contrastes a respeito de nossa religião. Ele diz que não deve­
mos ser hipócritas como os fariseus e nem agir de forma mecânica
como os pagãos. Leia Mateus 6.1-6, 16-18.
Série crescimento espiritual 30
1. Jesus ilustra o princípio do versículo 1 ao focar três práticas reli­
giosas: dar esmola, orar e jejuar. Que imagem lhe vem à mente quan­
do lê a respeito dos hipócritas no versículo 2?

2. No versículo 1, Jesus nos ordena: “Tenham o cuidado de não prati­


car suas obras de justiça diante dos outros para serem vistos por
eles”. No entanto, ele afirma em 5.16: “Assim brilhe a luz de vocês
diante dos homens, para que vejam as suas boas obras”. Existe uma
contradição aqui? Explique.

3. O que Jesus quer dizer com: “Mas quando você der esmola, que a
sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita” (v. 3)? Por
que isso é importante (v. 2, 4)?

4. De que maneira somos tentados à hipocrisia quando damos esmolas?

5. O que havia de errado com a oração dos hipócritas dos dias de


Jesus (v. 5)?

6. Como os hipócritas oram hoje?


31 Sermão do Monte
7. Por que e como nossa oração deve ser diferente (v. 6) ?

8. Que diferença você percebe na recompensa recebida do Pai (v. 6) e


na recebida dos outros (v. 5)?

9. No versículo 16, Jesus presume que os cristãos jejuem (ainda que


poucos de nós o façamos). Por que e como se deve jejuar (v. 16-18)?

10. O jejum era uma forma usada pelas pessoas para tentar alcançar
a aprovação alheia. Em quais outras áreas somos tentados a procurar
a aprovação de outras pessoas e não a de Deus?

11. Como essa passagem nos ajuda a purificar nossas motivações?

Peça a Deus para ajudar você a se concentrar nele (e não em si mesmoj


quando o cultua.

Agora ou mais tarde


Leia Lucas 18.9-14. Como essa parábola ilustra os ensina­
mentos de Jesus de Mateus 6?

Você já agiu como o fariseu da parábola?

Você já agiu à semelhança do publicano?


8
Um padrão para
a oração dinâmica
Mateus 6.7-15

A diferença fundamental entre os vários tipos de oração encon­


tra-se nas imagens de Deus totalmente diferentes subjacentes a elas.

DISCUSSÃO EM GRUPO: Imagine que suas orações, iguais


às dos salmos, fossem registradas e lidas por outras pessoas.
Que imagem de Deus seria extraída delas?

REFLEXÃO PESSOAL: O que o agrada ou o encoraja a res­


peito de sua vida de oração? Existe alguma área de luta?

A oração do Senhor foi dada por Jesus como um modelo da oração


cristã genuína. De acordo com Mateus, ela foi dada como um padrão
a ser copiado (“Vocês, orem assim”), e, de acordo com Lucas, sua
concessão foi de fato uma oração (“Quando vocês orarem, digam...”).
Não somos obrigados a escolher, pois podemos usá-la como uma
oração a ser proferida e também como um modelo a partir do qual
podemos orar. De todo modo, Jesus não só nos ensina a respeito da
oração, como também nos apresenta a grande visão do Deus que
chamamos “Pai nosso”. Leia Mateus 6.7-15.

1. Que divisões naturais você observa na oração do Senhor? Qual é o


foco de cada uma?
33 Sermão do Monte
2. De que maneira a oração pagã (v. 7) difere das orações persistentes
feitas pelo próprio Jesus (Mt 26.44)?

3. Em que situação somos culpados por orações desatentas e desprovi­


das de sentido?

4. Se, como Jesus afirma no versículo 8, Deus já conhece nossas ne­


cessidades, por que os cristãos devem orar?

5. O que a expressão “Pai nosso, que estás nos céus” (v. 9) nos diz a
respeito de Deus?

6. O que significa “santificar” o nome de Deus (v. 9)?

7. Deus já é rei. Em que sentido seu Reino e sua vontade perfeita se


encontram no futuro (v. 10)?
Série crescimento espiritual 34
8. Em nossa cultura egocêntrica, é comum nos preocuparmos com
nosso nome, estilo de vida e vontade própria, deixando Deus de fora.
Como podemos combater essa tendência?

9. Alguns comentaristas antigos alegorizaram a palavra “pão” (v. 11),


presumindo que Jesus não poderia se referir a algo tão mundano
quanto nossas necessidades físicas. Por que é perfeitamente apropria­
do orar pelo “pão de cada dia” real?

10. Como o perdão do Pai celestial se relaciona com o perdão que


concedemos a outras pessoas (v. 12, 14-15)?

11. Se Deus não pode nos tentar e a passagem por provações é bené­
fica (Tg 1.2, 13), então, qual é o significado do versículo 13?

12. Como suas orações precisam se assemelhar a essa oração-modelo?

Reserve um momento agora para orar, usando a oração do Senhor como


modelo.

Agora ou mais tarde


Os discípulos treinados por Jesus com a oração do Senhor
tornaram-se posteriormente grandes exemplos de pessoas que
oravam. Estude uma de suas orações em Atos 4.23-31. Qual
imagem de Deus é revelada por essa oração? E como ela se
assemelha à oração de Jesus? Quais outras indicações essa pas­
sagem lhe dá para melhorar a sua vida de oração?
9
O que Deus pensa
de meus desejos
Mateus 6.19-34

Todos desejam ser ou fazer alguma coisa. Os desejos infantis


tendem a seguir certos estereótipos — as crianças querem ser atletas,
astronautas ou estrelas de cinema. Os adultos também possuem es­
tereótipos próprios — almejam ser ricos, famosos e poderosos.

DISCUSSÃO EM GRUPO: Compartilhe os sonhos de sua


infância. O que você desejava ser quando crescesse? Por que
ou de que modo esse desejo foi alterado?

REFLEXÃO PESSOAL: Que poder a magia do materialis­


mo exerceu sobre você? Foi difícil livrar-se dela?

A fé cristã exercerá alguma influência sobre seu conjunto de dese­


jos? Nesta passagem, Jesus nos ajuda a escolher bem. Ele aponta para
a loucura da forma errada e para a sabedoria da maneira correta. A
seguir, nos convida para fazermos a comparação e tomarmos a de­
cisão por nós mesmos. Leia Mateus 6.19-34.

1. De acordo com Jesus, quais são as coisas mais importantes na vida?

2. Por que devemos acumular tesouros nos céus e não na Terra (v.
19-21)?
Série crescimento espiritual 36
Isso significa que não podemos possuir bens pessoais, economias e
seguros? Explique.

3. De modo prático, como podemos acumular tesouros nos céus?

4. Quais são as semelhanças entre a visão (ou a cegueira) física e


espiritual (v. 22-23)?

5. Muitas pessoas que trabalham em dois lugares conseguem agradar


a dois chefes. Então, por que Jesus menciona a impossibilidade de
servir a dois senhores — a Deus e ao dinheiro (v. 24)?

6. Como as escolhas cruciais que fazemos nos versículos 19-21 afe­


tam a capacidade de vivermos livres de preocupações (v. 25)?

7. De acordo com Jesus, por que somos tolos quando nos preocupa­
mos com nossas necessidades físicas e materiais (v. 25-30)?

8. Como a preocupação revela nossa falta de fé (v. 30)?


37 Sermão do Monte
9. Se Deus promete alimentar e vestir seus filhos, por que muitos
deles quase não têm o que vestir e se encontram subnutridos (v. Mt
25.1-45)?

10. Dê exemplos de como as pessoas hoje “correm atrás dessas coisas”


mencionadas por Jesus (v. 32).

11. Por que e como nossos desejos devem ser diferentes dos desejos
dos não cristãos (v. 32-34)?

12. De que maneira esta passagem desafia você a reexaminar seus


objetivos e desejos?

Em oração, fa le com Deus sobre a questão do compromisso. Você entregará


a ele suas prioridades?

Agora ou mais tarde


Quando Lucas escreveu as informações que acabamos de estu­
dar, ele incluiu mais uma parábola sobre o acúmulo de tesouros.
Leia Lucas 12.13-21. Por que Jesus contou essa parábola?

De que maneira a cobiça se revela na vida das pessoas?

Por que Deus chama o rico de insensato?

Como alguém pode se tornar “rica para com Deus” (v. 21)?
10
Relacionamentos
encorajadores
Mateus 7.1-12

A comunidade crista deve ser uma família acolhedora, na qual


seus membros se ajudem mutuamente a fim de alcançar graus mais
elevados de justiça; sua relação com Deus é renovada e os incrédulos
são atraídos a Cristo. Infelizmente, ela também pode ser um lugar em
que as pessoas se sentem condenadas, manipuladas e desprotegidas.

DISCUSSÃO EM GRUPO: De que maneira a sua igreja tem


ajudado a aproximação de Deus? Quando ela foi incapaz de
lhe dar apoio?

REFLEXÃO PESSOAL: As pessoas seriam capazes de afir­


mar que você tem sido uma presença encorajadora na comu­
nidade cristã? Por quê?

O texto de Mateus 7 pode parecer, à primeira vista, uma série de


parágrafos com mensagens próprias; todavia, existe um fio condutor
que os interliga — o relacionamento. A contracultura cristã não é
um tema individual, mas uma questão comunitária, e as relações
internas da comunidade e entre a comunidade e outras pessoas são
de importância fundamental. Leia Mateus 7.1-12.

1. Quais são os mandamentos ensinados por Jesus nesses versículos?

2. Por que Jesus nos diz para não julgarmos as outras pessoas (v. 1-2)?
39 Sermão do Monte
De que maneira esses versículos expandem a declaração de Jesus a
respeito da misericórdia (5.7)?

3. De acordo com Jesus, por que somos muitas vezes incapazes de


julgar (v. 3-4)?

4. Alguns presumem que Jesus proíba qualquer tipo de juízo, mes­


mo nos tribunais. Como você responde a essa interpretação?

5. Quais os passos necessários para ajudar um irmão ou uma irmã (v. 5)?

6. Na sua opinião, a que tipo de gente Jesus se refere com a menção


a “cães” e “porcos” (v. 6)?

7. Por que é inútil, ou até perigoso, conversar com essas pessoas a


respeito do Evangelho?

8. Que encorajamento Jesus apresenta aos que pedem, buscam e batem


à porta (v. 7-8)?

Com é possível ter certeza dessas promessas (v. 9-11)?


Série crescimento espiritual 40
9. O Talmude declara: “Não faça a ninguém o que lhe parece odio­
so”. Da mesma forma, Confúcio disse a seus seguidores: “Não faça
aos outros o que você não quer que lhe façam”. De que modo a “regra
áurea” (v. 12) ultrapassa essas declarações?

Em que sentido essa regra resume a Lei e os Profetas?

10. Pense em um relacionamento estremecido ou cortado. De que


modo essa passagem pode ajudar em seu restabelecimento?

Que passo você deseja dar esta semana?

Ore para que se torne uma pessoa encorajadora em seu relacionamento


com outras pessoas.

Agora ou mais tarde


Outras instruções a respeito da relação com outras pessoas são
encontradas em Romanos 13.8-10. Leia essa passagem. Quais
são os débitos aos quais o autor se refere no versículo 8?

Pelo fato de não devermos usar os mandamentos de Deus para nos


julgar e condenar, qual será seu uso positivo?

Como a “regra do amor” se aplica ao relacionamento mencionado na


pergunta número 10?
11
Detecção das mentiras
de nosso mundo
Mateus 7.13-20

Em nossa sociedade, voltada para o consumidor, as pessoas dese­


jam a possibilidade de combinar elementos de várias religiões ou
mesmo de criar sua própria religião; no entanto, Jesus não nos deixa
com essa opção confortável. Ele insiste no fato de ser a única escolha
possível.

DISCUSSÃO EM GRUPO: Se Deus contratasse um consul­


tor para ajudá-lo a melhorar sua imagem entre as pessoas do
século 21, que qualidades do caráter de Deus o consultor
poderia desejar destacar? Que mudanças o consultor propo­
ria a Deus a fim de torná-lo mais popular?

REFLEXÃO PESSOAL: Você respondeu ao Deus verdadeiro


à projeção de uma imagem dele que você fez (desejando que
ele fosse desse jeito)? Como sabe a diferença?

No Sermão do Monte, o contraste entre os dois tipos de justiça


e devoção, os dois tesouros, os dois senhores e os dois desejos foi
apresentado de forma fiel; chegou agora o momento da decisão. Tra­
ta-se do reino de Satanás ou do Reino de Deus, da cultura prevale­
cente ou da contracultura cristã? Leia Mateus 7.13-20.

1. Por que as portas amplas e os falsos profetas são hoje tão atraentes?
Série crescimento espiritual 42
2. Como são descritos os dois tipos de portas (v. 13-14)?

3. Em que sentido a porta do cristianismo é estreita e o caminho


apertado?

4. Em que sentido a porta do mundo é larga e seu caminho é amplo?

5. Por que, na sua opinião, muitas pessoas não suportam a noção da


existência de apenas uma porta verdadeira?

6. Por que a admoestação de Jesus a respeito dos falsos profetas é


significativa (v. 15-20) e segue imediatamente após o debate sobre a
porta estreita e o caminho apertado?
43 Sermão da Monte
7. Jesus diz que os falsos profetas “vêm a vocês vestidos de peles de
ovelhas” (v. 15). Que tipos de disfarce eles podem usar hoje (cf. v.
21-23)?

8. Você ouviu recentemente alguma mensagem ou profecia falsa?


Como sabe que eram falsas?

9. Em que sentido os falsos profetas assemelham-se a lobos ferozes?

10. Jesus também diz: “Vocês os reconhecerão por seus frutos” (v.
16). Que tipo de fruto ele tem em mente?

Como a qualidade do fruto é capaz de revelar as qualidades da árvore?


Série crescimento espiritual 44
11. Como se pode evitar uma “caçada às bruxas” enquanto procura­
mos reconhecer os falsos profetas?

12. “Toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao
fogo” (v. 19). Como essa advertência feita a falsos profetas pode evitar
que nos tornemos cristãos complacentes?

Ore para que você conheça a verdade e tenha a coragem de entrar pela
porta estreita.

Agora ou mais tarde


Qualquer pessoa que afirme ensinar uma verdade espiritual
tentará dar respostas a algumas questões básicas, como:

Objetivo: Caso você haja de forma perfeita de acordo com


sua ideologia ou religião, o que receberá?

Diagnóstico: O que há de errado com a humanidade (ou


com o mundo)?

Métodos: O que você propõe para alcançar seu objetivo?

Decida-se sobre como deseja responder a essas perguntas.


Compare suas respostas com as de pessoas de outras religiões
(que você já estudou). Lembre-se de que o ensino bíblico é a
melhor defesa contra os falsos profetas.
12
Faça a escolha que
valerá por toda a vida
Mateus 7.21-29

A decisão mais importante que uma pessoa tomará — mais que


a escolha da carreira ou do cônjuge — é a escolha sobre a própria
vida. Como responderei a Jesus?

DISCUSSÃO EM GRUPO: Se, durante um debate sobre


religiões diferentes, um amigo falar: “Bem, pelo menos todos
iremos para o mesmo lugar”, como você responderia?

REFLEXÃO PESSOAL: Qual é a base para você poder en­


trar no Reino do céu?

Os dois parágrafos finais do sermão são bem parecidos. Ambos


contrastam respostas certas e erradas com os ensinamentos de Cristo.
Eles comprovam que a neutralidade é impossível e que se deve tomar
uma decisão. Os parágrafos ressaltam que nada pode ocupar o lugar
da obediência ativa e prática. E ambos ensinam que a questão da vida
e da morte no dia do juízo será determinada por nossa resposta moral
a Cristo e a seus ensinamentos nesta vida. Leia Mateus 7.21-29.

1. Descreva os vários tipos de pessoas sobre os quais Jesus fala nesses


versículos. Como cada um responde ao ensinamento de Jesus?
Série crescimento espiritual 46
2. À primeira vista, como as pessoas descritas nos versículos 21 a 23
causam admiração?

3. Apesar das declarações ou ações admiráveis dessas pessoas, por que


Jesus as condena?

4. Por que as pessoas confundem tanto a atividade religiosa com a


realização da vontade do Pai?

Como você entende a diferença?

5. De que modo as duas casas são similares e diferentes (v. 24-27)?

6. Por que, de forma geral, é difícil diferenciar os cristãos genuínos


dos falsos?

7. De que modo as tempestades revelam o que antes era imperceptível?


47 Sermão do Monte
8. Que tipos de tempestade você tem enfrentado na vida? O que elas
revelam sobre a sua vida?

9. As multidões ficavam admiradas com os ensinamentos de Jesus


porque ele ensinava como quem possui autoridade (v. 28-29). De
que forma a autoridade de Jesus foi demonstrada no sermão?

10. Que diferença faz para você saber que Jesus ensinou com autori­
dade (v. 29)?

11. De que maneira os versículos 21 a 29 apresentam uma conclusão


adequada ao Sermão do Monte?

12. Cite algumas das “palavras” de Jesus, ouvidas no Sermão do Monte


(v. 24), que você deseja pôr em prática.

Peça ao Senhor que lhe ajude a se submeter à autoridade dele, especial­


mente nas áreas em que você se sente desobediente ou hipócrita.

Agora ou mais tarde


Pense no ensinamento do sermão que mais lhe tem desafiado.
Como você pode começar a praticá-lo?
Observações para o líder
Minha graça é suficiente para você
(2Coríntios 12.9)
Liderar uma discussão bíblica pode ser uma experiência agradável
e recompensadora; mas também, assustadora, em especial, se você
nunca fez isso antes. Se você sente isso, está em boa companhia.
Quando Deus pediu a Moisés que conduzisse os israelitas para fora
do Egito, ele respondeu: “Ah, Senhor! Peço-te que envies outra pes­
soa” (Êx 4.13). A mesma coisa aconteceu com Salomão, Jeremias e
Timóteo, mas Deus ajudou essas pessoas apesar de suas fraquezas, e
ele também o ajudará.
Você não precisa ser perito em Bíblia nem um professor treinado
para liderar uma discussão bíblica. A idéia por trás desses estudos
indutivos é que o líder leve os membros do grupo a descobrir por si
mesmos o que a Bíblia tem a dizer. Esse método de aprendizagem
permite que os membros do grupo se lembrem muito mais o que é
dito que uma palestra.
Esses estudos são preparados para ser dirigidos com facilidade. Na
verdade, o fluxo de perguntas ao longo da passagem, que vai da obser­
vação à interpretação e à aplicação, é tão natural que parece que os
estudos se guiam sozinhos. Esse guia de estudos também é flexível.
Você pode usá-lo com diversos tipos de grupos — estudantes, profis­
sionais, vizinhos ou grupos da igreja. Cada estudo leva de 45 a 60
minutos num ambiente de grupo.
E importante conhecer alguns fatos sobre dinâmicas de grupo e
discussões de incentivo. As sugestões, listadas abaixo, devem capa­
citá-lo a desempenhar seu papel de líder com eficiência e alegria.

Prepare-se para o estudo


1. Peça a Deus que o ajude a entender e a aplicar a passagem
bíblica em sua vida. A não ser que isso aconteça, você não estará
49 Sermão do Monte
preparado para guiar os outros. Ore também pelos vários membros
do grupo. Peça a Deus que abra o coração deles para a mensagem de
sua Palavra e para motivá-los para a ação.
2. Leia a introdução do guia para ter uma visão geral do livro
todo e das questões a ser investigadas.
3. Ao começar cada estudo, leia e releia o texto selecionado da
Bíblia a fim de se familiarizar com ele.
4. Este guia de estudo baseia-se na NVI (Nova Versão Interna­
cional da Bíblia). O uso dessa versão da Bíblia como base para seu
estudo e discussão ajudará a você e ao grupo.
5. Trabalhe cuidadosamente cada pergunta do estudo. Conceda-
se tempo para meditação e reflexão enquanto pensa como responder.
6. Escreva seus pensamentos e respostas no espaço fornecido no
guia de estudo. Isso o ajudará a expressar seu entendimento da passa­
gem de forma clara.
7. Talvez seja útil ter um dicionário bíblico à mão. Use-o para
procurar quaisquer palavras, nomes ou lugares pouco conhecidos.
8. Pense em como aplicar a passagem bíblica em sua vida. Lem-
bre-se que o grupo seguirá seu exemplo na resposta aos estudos. Eles
não se aprofundarão mais que você.
9. Uma vez que você termine seu estudo da passagem, familiarize-
se com a seção “Observações para o líder” referente ao estudo que
está dirigindo. As observações são projetadas para ajudá-lo de várias
maneiras. Primeiro, elas mostram o objetivo que o autor do guia de
estudos tinha em mente ao escrever o estudo. Reserve tempo para
pesquisar como as perguntas do estudo se entrosam para alcançar
esse propósito. Segundo, as observações fornecem informação histórica
adicional ou sugestões sobre a dinâmica de grupo para as várias per­
guntas. Essa informação é útil quando as pessoas têm dificuldade em
entender ou responder uma pergunta. Terceiro, as observações para o
líder podem alertá-lo para problemas potenciais que você talvez en­
contre durante o estudo.
10. Se você deseja lembrar-se de qualquer coisa mencionada nas
observações para o líder, escreva um lembrete para si mesmo abaixo
da pergunta do estudo.

Dirigir o Estudo
1. Comece o estudo na hora certa. Inicie com uma oração pedin­
do que Deus ajude o grupo a entender e a aplicar a passagem.
2. Certifique-se de que cada membro de seu grupo tenha um
guia de estudo. Incentive o grupo a preparar-se com antecedência
Série crescimento espiritual 50
para cada discussão, lendo a introdução do guia e trabalhando as
perguntas do estudo.
3. No início de sua primeira reunião, explique que estes estudos
foram desenvolvidos para ser discussões, não palestras. Encoraje a
participação dos membros do grupo. No entanto, não pressione as
pessoas que hesitam em falar nos primeiros encontros. Talvez você
queira sugerir as seguintes diretrizes para seu grupo.
• Atenham-se ao tópico em discussão.
• As respostas devem se basear nos versículos que são o foco
da discussão, e não em autoridades externas como comen­
taristas bíblicos ou palestrantes.
• Estes estudos focam uma passagem específica da Bíblia.
Apenas raramente você deve se referir a outras porções da
Bíblia. Isso permite que todos participem a fundo do estudo
de forma eqüitativa.
• Tudo dito no grupo é considerado confidencial e não será
discutido fora do grupo a não ser que seja dada permissão
específica para isso.
• Escutaremos uns aos outros com atenção e daremos tempo
para cada pessoa presente falar.
• Oraremos uns pelos outros.
4. No início da discussão, peça a um membro do grupo para ler
a introdução.
5. Cada sessão começa com uma pergunta para discussão em
grupo. Visa-se o uso da pergunta, ou atividade, antes da leitura da
passagem bíblica. A pergunta introduz o tema do estudo e incentiva
os membros do grupo a começarem a se abrir. Encoraje a partici­
pação de tantos membros do grupo quanto possível e esteja prepara­
do para dar continuidade à discussão com sua própria resposta.
Esta seção visa revelar em que nossos pensamentos ou sentimen­
tos precisam ser transformados pela Bíblia. Por isso, é muito impor­
tante não ler a passagem bíblica antes de fazer a pergunta para
discussão. A passagem tende a camuflar a reação honesta que, caso
contrário, a pessoa teria, pois é claro que se supõe que ela deve pensar
da mesma forma que a Bíblia.
Talvez você queira suplementar a pergunta de discussão do gru­
po com algo para “quebrar o gelo” a fim de ajudar as pessoas a se
sentirem confortáveis. Veja a seção Comunhão, do Grandes idéias para
pequenos grupos [Shedd Publicações, 2007], para ter mais idéias.
51 Sermão do Monte
Talvez você também queira usar a pergunta de reflexão pessoal
com seu grupo. Permita um tempo de silêncio para as pessoas respon­
derem individualmente ou discuti-la em grupo.
6. Peça que um membro do grupo (ou membros, se a passagem
bíblica for longa) leia em voz alta a passagem a ser estudada. A seguir,
conceda alguns minutos para que releiam a passagem em silêncio e,
assim, possam assimilar o todo.
7. A pergunta 1, em geral, é de visão geral e destinada a fazer um
breve apanhado da passagem. Encoraje o grupo a ler toda a passa­
gem, mas tente evitar que se desviem com perguntas ou questões que
serão tratadas depois no estudo.
8. Ao fazer as perguntas, lembre-se que são planejadas para ser
usadas como foram escritas. Você pode apenas lê-las em voz alta; ou,
se preferir, expressá-las com suas próprias palavras.
Há ocasiões em que é conveniente se desviar do guia de estudos.
Por exemplo, talvez uma pergunta já tenha sido respondida. Se for
esse o caso, passe à pergunta seguinte. Ou alguém pode levantar uma
questão importante não abordada pelo guia. Reserve tempo para dis­
cuti-la, mas tente evitar que o grupo mude de rumo.
9. Evite responder suas próprias perguntas. Se necessário, repita
ou reformule as perguntas até que sejam claramente entendidas. Ou
mencione algo que leu nas observações para o líder a fim de esclarecer
o contexto ou o sentido da pergunta. Um grupo animado logo fica
passivo e silencioso se acha que o líder fará a maior parte da fala.
10. Não receie momentos de silêncio. As pessoas podem precisar
de tempo para pensar sobre a pergunta antes de formular sua resposta.
11. Não se satisfaça com apenas uma resposta. Estimule o grupo
com perguntas do tipo: “O que o resto de vocês pensa sobre isso?”,
ou: “Alguém tem algo a acrescentar?”, até que várias pessoas respon­
dam à pergunta.
12. Reconheça todas as contribuições. Tente ser afirmativo sem­
pre que possível. Jamais rejeite uma resposta. Se a resposta estiver
claramente deslocada, pergunte: “Que versículo levou-o a essa con­
clusão?”, ou: “O que o resto acha disso?”.
13. Não espere que toda resposta seja dirigida a você, embora,
no início, seja provável que isso aconteça. À medida que os membros
do grupo ficam mais à vontade começam a interagir de verdade uns
com os outros. Esse é um sinal de discussão saudável.
14. Não tema controvérsia. Ela pode ser bastante estimulante.
Não fique frustrado se não resolver completamente alguma questão.
Vá em frente e conserve-a na memória para mais tarde. Talvez um
estudo subseqüente resolva o problema.
Série crescimento espiritual 52
15. De tempos em tempos, resuma o que o grupo já disse sobre
a passagem. Isso ajuda a juntar as várias idéias mencionadas e a dar
continuidade ao estudo. Mas não faça sermão.
16. No fim da discussão bíblica, talvez você queira permitir ao
grupo um tempo de silêncio para que trabalhem alguma idéia da seção
“Agora ou Mais Tarde”. Depois, discutam o que vivenciaram. Ou talvez
você queira incentivar os membros do grupo a trabalhar essas idéias no
período entre uma reunião e outra. Durante a reunião, dê oportunidade
para que as pessoas conversem sobre o que estão aprendendo.
17. Conclua seu tempo juntos com oração conversacional, adap­
tando para seu grupo a sugestão de oração fornecida no fim do estu­
do. Peça o auxílio de Deus para dar continuidade ao compromisso
que assumiram.
18. Termine no horário.

Componentes de pequenos grupos


Um pequeno grupo saudável deve fazer mais do que apenas estu­
dar a Bíblia. Quatro componentes devem ser considerados na estru­
turação de seu tempo juntos.
Estímulo. Pequenos grupos ajudam-nos a crescer em nosso co­
nhecimento de Deus e amor a ele. O estudo bíblico é essencial para
fazer isso acontecer e é o alicerce de seu pequeno grupo.
Comunhão. Pequenos grupos são um excelente lugar para desen­
volver amizade profunda com outros cristãos. Antes e depois de cada
estudo, reserve tempo para a interação informal. Planeje atividades e
jogos que ajudem a se conhecerem. Passem tempo divertindo-se jun­
tos — fazer um piquenique ou preparar um jantar juntos.
Adoração e Oração. Seu estudo intensifica-se se dedicarem tem­
po juntos ao louvor a Deus por meio de oração ou de cânticos. Orem
pelas necessidades uns dos outros — e anotem como Deus está respon­
dendo à oração em seu grupo. Peça a Deus que os ajude a aplicar o
que aprenderam em seu estudo.
Alcance. Alcançar os outros pode ser um modo prático de aplicar
o que vocês aprendem e de evitar que seu grupo se torne focado em si
mesmo. Promova em sua casa uma série de discussões evangelistas
para seus amigos ou vizinhos. Limpe o quintal ou jardim de um
amigo idoso. Trabalhem juntos num projeto social ou passem um
dia trabalhando num asilo.
No livro Grandes idéias para pequenos grupos [Shedd Publicações,
2007], você encontra muitas outras sugestões e auxílios em cada uma
dessas áreas. Vale a pena investir seu tempo na leitura desse livro.
53 Sermão do Monte
Estudo 1. Bênçãos inesperadas. Mateus 5 .1-12
Propósito: Discernir o recebimento de bênçãos quando se pratica
o cristianismo.
Questão 1 . Este estudo bíblico se baseia no material publicado
originariamente no meu livro A menssagem do Sermão do M onte (ABU
Editora). Recomendo esse livro como leitura complementar, de modo
especial para o líder do estudo.
O vocábulo grego makarios pode significar, e significa, “feliz”.
Por isso, J. B. Phillips traduziu as palavras iniciais de cada bem-aven-
turança por: “Quão felizes são...!” E vários comentaristas descrevem
as bem-aventuranças como a prescrição de Jesus para a felicidade do
ser humano. No entanto, é um equívoco verter makarios por “feliz”,
pois a felicidade é um estado subjetivo, ao passo que Jesus apresenta
um juízo objetivo a respeito dessas pessoas. Ele não afirma como elas
se sentirão (“felizes”), mas o que Deus pensa delas e com base em que
são consideradas (“felizes”).
Questão 2. A pobreza e a fome mencionadas por Jesus nas bem-
aventuranças são estados espirituais. E verdade que a palavra aramai-
ca usada por ele pode ter o sentido apenas de “pobre”, como na versão
de Lucas (Lc 6.20-23). Todavia, “os pobres”, os pobres de Deus, já
consistiam um grupo definido de maneira inequívoca no Antigo Tes­
tamento, e Mateus estava certo ao traduzir a palavra por “pobres em
espírito”. “Pobres” não era a designação principal dos atingidos pela
pobreza, mas dos piedosos que — em parte por serem necessitados,
humilhados, oprimidos ou afligidos de outras formas — deposita­
vam fé e esperança em Deus.
Questão 3. Alguém poderia até verter a segunda bem-aventurança
por “Felizes são os infelizes”, com o fim de chamar a atenção para o
paradoxo impressionante nele contido. E evidente, a partir do con­
texto, que as pessoas às quais se promete consolo não são principal­
mente as que choram a perda de uma pessoa amada, mas a perda da
inocência, da justiça e do respeito próprio. A referência feita por Jesus
não diz respeito à tristeza do luto, mas à tristeza do arrependimento.
Questão 5. Esses pranteadores que lamentam pela própria pe-
caminosidade receberão o consolo que lhes pode aliviar a angústia,
ou seja, o perdão gratuito oferecido por Deus. De acordo com o
Antigo Testamento, o Messias deveria ser “o Consolador” que “cuida
dos que estão com o coração quebrantado” (Is 61.1-3). E Cristo verte
azeite em nossas feridas e faz as pazes com nossa consciência marcada
e triste. Contudo, ainda lamentamos a devastação causada pelo sofri­
mento e pela morte e disseminada pelo pecado em todo o mundo.
Pois apenas no estado (inal de glória o consolo de Cristo será comple­
Série crescimento espiritual 54
to; somente então não haverá mais pecado, e “Deus enxugará dos
seus olhos toda lágrima” (Ap 7.17).
Questão 6. Tendemos a cogitar os “humildes” como gente fraca
e efeminada. Contudo, o adjetivo grego significa “gentil, “humilde”,
“atencioso” e “cortês”. O dr. Lloyd-Jones apresentou um resumo de
forma admirável: “Humildade é em essência o verdadeiro conceito a
respeito de si mesmo, expresso por meio da atitude e da conduta de
respeito em relação às outras pessoas [...]. O homem verdadeiramente
humilde é o que se espanta diante do que Deus e o homem pensam
bem a respeito dele, como o fazem, e tratá-lo bem da forma que o
tratam”. (Studies in the Sermon on the M ount [Leicester, England: In-
ter-Varsity Press, 1977], p. 68-69; [Em português, ver Editora Fiel]).
Questão 7. Os ímpios podem se vangloriar e contar vantagens;
contudo, o bem verdadeiro não está ao alcance deles. Os humildes,
no entanto, mesmo privados de bens e direitos pela humanidade,
por saberem o que é viver e reinar com Cristo, poderão usufruir e até
“possuir” a terra pertencente a Cristo. Então, no dia da “regenera­
ção”, haverá para eles “novos céus e nova terra” como herança. Assim,
o modo de Cristo difere da maneira do mundo, e todos os cristãos,
ainda que sejam os descritos por Paulo como “tendo nada”, podem,
no entanto, descrever-se como quem “possui tudo”. Como afirmou
Rudolf Stier: “A renúncia pessoal é a maneira de conquistar o mun­
do” (The Words ofth e LordJesus, [T & T Clark, 1874), p. 105).
Questão 9. A justiça legal é justificação, o relacionamento corre­
to com Deus. A justiça moral é a correção do caráter e da conduta
que agrada a Deus. A justiça social, como se depreende da Lei e dos
Profetas, diz respeito à busca da humanidade pela libertação da
opressão, com o incentivo dos direitos civis, justiça nos tribunais,
integridade nas transações comerciais e respeito nos assuntos domés­
ticos e familiares.
Questão 10. Lutero expressou esse conceito com seu vigor cos­
tumeiro: “O mandamento, no que lhe concerne, não significa raste­
jar para um canto ou para o deserto, mas correr, caso se tenha estado
lá, e oferecer as mãos e os pés, e todo o corpo, e arriscar tudo que
possui e pode realizar”. “Requer-se”, ele continua, “a fome e sede de
justiça incontroláveis, incessantes ou insaciáveis — cujo único propósi­
to é realizar e fazer o que é correto, a despeito de todos os empecilhos.
Caso não se possa tornar o mundo completamente piedoso, faça en­
tão o que puder” (“The Sermon on the Mount”, tradução para o
inglês de Jaroslav Pelikan, Luthers Work, vol. 21 [St. Louis: Concor-
dia, 1956] p. 27).
55 Sermão do Monte
Estudo 2. C) jeito divino de fazer a diferença. Mateus 5.13-16.
Propósito: Considerar o tipo de influência que Jesus espera de
nós sobre as pessoas à nossa volta.
Questão 2. Observe que as perguntas de 2 a 5 dizem respeito ao
nosso papel de sal, ao passo que as perguntas de 6 a 10 cuidam do
nosso papel de luz. E as perguntas 11 e 12 dizem respeito aos dois
papéis. Deus estabeleceu algumas instituições, por sua graça comum,
que sobrepujam nossas tendências egoístas e evitam que a sociedade
recaia na anarquia. As principais são o Estado (com autoridade para
criar leis e colocá-las em prática) e o lar (incluindo-se o casamento e
a vida familiar). Elas exercem influência total sobre a comunidade.
No entanto, Deus deseja que a restrição mais poderosa da sociedade
pecaminosa seja o seu povo redimido, regenerado e justo. Como de­
clarou Randolph V. G. Tasker, os discípulos devem “ser um desinfe­
tante moral no mundo em que os padrões morais são baixos, sempre
alterados ou inexistentes” ( The Gospel according to St. Matthew, Tyn-
dale New Testament Commentary [Leicester, England: Inter-Varsity
Press, 1961], p. 63 [Em português, ver Edições Vida Nova]).
Questão 3. Estritamente, o sal jamais perde a salinidade. No
entanto, o dr. David Turlc sugeriu-me que o produto popularmente
chamado “sal” era, de fato, um pó branco (procedente talvez das
proximidades do mar Morto), que, apesar de conter cloreto de sódio,
também possuía muitos outros elementos, por não haver refinarias
naqueles dias. Provavelmente, o cloreto de sódio era o componente
mais solúvel desse pó e, assim, o eliminado com mais facilidade. O
resíduo do pó branco ainda se assemelhava ao sal e era, indubitavel­
mente, chamado sal sem ter o gosto nem a função do sal. Tratava-se
apenas de pó da estrada.
Questão 6. Os efeitos do sal e da luz são complementares. A
função do sal é bastante negativa: evita a decomposição. A função da
luz é positiva: ilumina a escuridão. Cessar o desenvolvimento do mal
é uma coisa; outra é promover a disseminação da verdade, da beleza
e da bondade. Jesus nos chama à prática de ambas.
Questão 8. Podemos ser tentados a esconder nossa luz por te­
mermos as pessoas que odeiam a luz e seus atos. Também podemos
sentir vergonha, timidez ou desconhecer as oportunidades.
Questão 9. Jesus diz que iluminamos por meio de nossas “boas
obras”. Aparentemente, a expressão “boas obras” possui caráter amplo
e cobre todas as palavras e todos os atos dos cristãos, por serem cris­
tãos; toda manifestação externa e visível da fé cristã. Isso não expressa
apenas a lealdade .i 1)eus, mas também o cuidado pelos demais. De
Série crescimento espiritual
fato, o significado primário das “obras” deve ser expresso por meio de
atos práticos e visíveis de compaixão. Quando as pessoas as virem,
disse Jesus, glorificarão a Deus, pois incorporam as boas novas do seu
amor, anunciado por nós. Sem elas, nosso evangelho perde a credi­
bilidade e Deus não recebe a honra.
Questão 1 1 . 0 caráter cristão é descrito nas bem-aventuranças e
a influência cristã definida pelas metáforas do sal e da luz são inter­
relacionadas. Nossa influência depende do caráter.

Estudo 3. A importância de obedecer à Lei de Deus. Mateus


5 .17-20.
Propósito: Entender o sentido da justiça cristã e o lugar das Escri­
turas em nossa vida.
Questão 1. Se o grupo tiver algum problema com essa questão,
você poderá pedir que examinem os pronomes para ver se esse exame
lança alguma luz sobre a ênfase diferente de cada parte. Os versículos
17 e 18 abordam Cristo e a lei, enquanto os versículos 19 e 20 focam
o cristão e a lei.
Questão 2. Jesus falou com sua autoridade própria. Ele amou usar
uma fórmula que nenhum profeta antigo ou escriba moderno havia
usado: “Digo-lhes a verdade”, falando em seu próprio nome e com sua
própria autoridade. Qual foi essa autoridade? Jesus estava se estabelecen­
do como uma autoridade contra a santa lei, a Palavra de Deus? Pareceu
a muitos que sim. Desde que os escribas e fariseus fizeram essa pergun­
ta, de forma explícita ou não, Jesus, então, respondeu inequivocamente:
“Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas”.
Questão 3. O verbo traduzido “cumprir” (plerosai ) significa
literalmente “preencher” e indica, como Crisóstomo expressou, que
“os ditos de Cristo não eram revogação da primeira lei, mas uma
ampliação e preenchimento dela”. Cristo cumpriu o ensino
doutrinário do Antigo Testamento ao realizar sua revelação parcial
através de si mesmo, de seu ensino e sua obra. Cristo cumpriu a
profecia preditiva porque o que fora anunciado a respeito do Messias
se cumpriu nele. Cristo cumpriu, também, os preceitos éticos do
Antigo Testamento por obedecer-lhes e dar-lhes sua verdadeira inter­
pretação.
O grupo poderá, também, discutir como Jesus cumpriu as leis
cerimoniais, incluindo o sacerdócio e os sacrifícios.
Questão 4. A “menor letra” do alfabeto hebraico era yod, quase
tão pequena como a vírgula. A “menor marca feita por uma caneta”
provavelmente se refira a um dos minúsculos ganchos ou represen­
57 Sermão do Monte
tações que distinguiram algumas letras do alfabeto hebraico de outras.
A referência de Jesus, então, era apenas à “lei” do que “a lei e os
profetas”, como no versículo anterior, mas não temos razão para supor
que ele estava deliberadamente omitindo os profetas; “a lei” era um
termo que compreendia a revelação divina total do Antigo Testamen­
to. Nada passará ou será descartado, Jesus diz, nem uma letra ou
menor traço, até que tudo se cumpra. E esse cumprimento não será
completo até que o céu e a terra passem.
Questão 6. Há uma conexão vital entre a lei de Deus e o Reino
de Deus. Devido ao fato de que Jesus não veio abolir, mas cumprir, e
porque não passará a menor letra ou o menor traço da lei até que
tudo se cumpra, portanto, a grandeza no Reino de Deus será medida
pela conformidade à lei. Nem a obediência pessoal é o bastante; os
discípulos cristãos precisam ensinar aos outros a permanente ligação
essencial dos mandamentos da lei. É verdade que nem todos os man­
damentos são igualmente “pesados”. Mesmo assim, um dos menores
desses mandamentos, precisamente porque é um mandamento de
Deus, o rei, é importante. Relaxar a obediência à lei — é afrouxar o
domínio que ela tem sobre nossa consciência e sua autoridade em
nossa vida — é uma ofensa a Deus, cuja lei é como temos visto.
Desprezar um “pequeno” mandamento na lei (tanto quanto à obe­
diência ou instrução) é rebaixar-se como o menor no Reino; a gran­
deza no Reino de Deus pertence àqueles que são fiéis em fazer e
ensinar toda a lei moral.
Questão 7. A declaração de nosso Senhor no versículo 20, certa­
mente, causou admiração a seus ouvintes como nos surpreende hoje.
Mas a justiça cristã excede e muito a justiça dos fariseus em tipo mais
do que em quantidade. Não é só o fato de que cristãos são bem-
sucedidos ao obedecer 240 mandamentos quando o melhor dos fari­
seus obedeceu a 230. Não, a justiça cristã é maior que a justiça farisaica
porque é mais profunda, sendo uma justiça do coração. Os escribas e
fariseus realmente tentaram, de acordo com Jesus, tornar os manda­
mentos do Antigo Testamento mais manipuláveis e menos exatos ao
descreverem detalhes tortuosos do que realmente significava obedecer
a certas leis particulares. Jesus procurou reverter essa tentativa. Como
veremos nas seis passagens, “Vocês ouviram o que foi dito” (veja: vs.
21, 27, 31, 33, 38, 43), que serão discutidas nos próximos três estu­
dos, Jesus está pregando uma interpretação ainda mais rigorosa das
Escrituras que os fariseus.
Porque esse fato pode não se tornar claro para o grupo, durante
esse estudo, peça que reservem suas dúvidas até que você termine de
estudar Mateus 5.
Série crescimento espiritual 58
Questão 8. As pessoas podem ter uma “justiça extraordinária”
quando estão sujeitas à lei de Deus com sua mente e coração e ainda
assim serem pobres em espírito ao reconhecerem quão distantes es­
tão do ideal de Deus.
Questão 9. O apóstolo Paulo resume a “lei do amor” em Gálatas
5.14: “Toda a Lei se resume num só mandamento: Ame a seu próximo
como a si mesmo”. Contudo, algumas pessoas assumem erradamente
que, se nossas ações são motivadas por amor, então, podemos fazer o
que quisermos, até mesmo aquelas que são contrárias à lei. Cada
geração da era cristã teve pessoas que não se conformaram com a ati­
tude de Cristo diante da lei. O famoso herege do século II Marcião,
que reescreveu o Novo Testamento e eliminou suas referências ao Anti­
go Testamento, naturalmente eliminou essa passagem. Alguns de seus
seguidores foram ainda mais longe. Eles ousaram inverter o significado
de certas passagens e mudaram os verbos, e a sentença podia ser lida da
seguinte forma: “Eu não vim para cumprir a lei e os profetas, mas
aboli-los!” Hoje, aqueles que são semelhantes a Marcião parecem ser os
que aderiram à suposta nova moralidade. Eles consideram a lei rígida e
autoritária e, da mesma forma que os fariseus, tentaram relaxar sua
autoridade, para diminuir sua influência sobre nós. Portanto, eles
declaram um tipo de lei que foi abolida (a qual Jesus disse que não veio
abolir) e estabelecem uma variação, uma em relação à outra, entre lei e
amor, de uma forma que Jesus nunca o fez. Não, Jesus discordou da
interpretação da lei por parte dos fariseus. Jesus nunca discordou com
os fariseus acerca da autoridade da lei. Ao contrário, Jesus, com todos
os termos possíveis, sustentou a autoridade da lei como a Palavra de
Deus escrita, e conclamou seus discípulos a aceitar sua verdade e sua
interpretação profunda e exata.

Estudo 4. O que há de errado com os pecados pessoais? Mateus


5 .2 1 - 3 0 .
Proposito: Entender como a ira e a sensualidade estão relaciona­
das aos mandamentos contra o homicídio e o adultério.
Questão 1. A fim de tornar a obediência uma meta mais atingível,
os fariseus limitaram os mandamentos e expandiram as permissões da
lei. Eles tornaram as exigências da lei menos rigorosas e suas permis­
sões mais permissivas. O que Jesus fez foi reverter ambas as tendências.
Ele insistiu em que todas as implicações dos mandamentos de Deus
precisam ser aceitas sem que seja imposto qualquer limite artificial,
visto que os limites que Deus estabeleceu na lei, quanto à permissão,
precisam ser aceitos e não podem ser arbitrariamente aumentados.
59 Sermão do Monte
Questão 2. O versículo 21 não é uma proibição contra tirar a vida
humana em qualquer circunstância. Isso é claro pelo fato de que a
mesma lei mosaica, a qual proíbe o assassinato no Decálogo, em outro
lugar, exige ambos na forma da pena capital e nas guerras destinadas a
exterminar as tribos pagas corruptas que habitavam a terra prometida.
Questão 3. Os escribas e fariseus estavam, evidentemente, pro­
curando restringir a aplicação dos seis mandamentos apenas à ação
de matar, o ato de derramar o sangue humano em um homicídio. Se
eles se abstivessem desse crime, consideravam que haviam cumprido
o mandamento de não matar. E, aparentemente, era isso que os rabis
ensinaram ao povo. Mas Jesus discordou deles. A verdadeira apli­
cação da proibição da prática de homicídio, que Jesus sustentou, era
mais ampla. A aplicação incluía pensamentos, palavras, bem como
obras, ira e insulto e o próprio assassinato. Nem toda ira é má, como
é evidente que a ira de Deus é sempre santa e pura. E até mesmo os
seres humanos caídos podem, às vezes, sentir uma ira justa; embora
por estarem caídos, temos de lhes assegurar serem tardios em irar-se e
rápidos em acalmar-se (Tg 1.19; Ef 4.26, 27). Então, a referência de
Jesus é à ira injusta, a ira do orgulho, da vaidade, do ódio, da malícia e
da vingança.
Questão 5- Nesses versículos, Jesus fornece uma aplicação práti­
ca dos princípios que ele enunciou. Seu tema é que se a ira e o insulto
são tão sérios e tão perigosos, devemos, então, evitá-los a todo custo e
tomar uma atitude o mais rapidamente possível para vencê-los. Não
podemos deixar que uma desavença seja mantida lá no nosso mais
profundo íntimo, por menor que seja, para que estando lá, não venha
a crescer. Não podemos nos demorar para resolver qualquer discór­
dia. Se quisermos evitar cometer assassinato na presença de Deus,
precisamos tomar medidas corretas para viver em paz e amor com
todas as pessoas.
Questão 6. A necessidade de uma ação rápida está relacionada à
seriedade da ofensa. Se o homicídio é um crime horrível, a ira maliciosa
e o insulto são horríveis também. E, portanto, cada ação, palavra, olhar
ou pensamento com os quais ferimos ou ofendemos o nosso próximo.
Questão 8. Não há aqui a menor sugestão de que as relações
sexuais permitidas dentro do compromisso do casamento não sejam
uma bênção dada por Deus e que não sejam belas. Podemos agradecer
a Deus pelo fato de “O Cântico dos Cânticos” de Salomão estar conti­
do no cânon das Escrituras, porquanto não há o moralismo vitoriano*
no livro, mas antes o desinibido prazer do casal, o noivo e a noiva.
*0 reinado da rainha Vitória (1837-1901) ou era vitoriana fo i marcado pelo esplendor do império
britânico e houve grandes avanços no campo da inclusão social dos menos afortunados. Todavia, fo i
um período caracterizado pelo falso moralismo quanto ao desprezo à sexualidade. (N.T.)
Série crescimento espiritual 60
Não, o ensino de Jesus aqui se refere ao sexo proibido, fora do
casamento, se praticado por casados ou solteiros. De maneira se­
melhante, a alusão de Jesus é a todas as formas de imoralidade. Argu­
mentar que a referência é apenas à luxúria de um homem por uma
mulher e não o contrário, ou apenas o homem casado e não o homem
solteiro, uma vez que o sétimo mandamento diz respeito ao “adultério”
e não à “fornicação” é ser culpado de cada pecado que Jesus estava
condenando nos fariseus. A ênfase de Cristo é que qualquer prática
sexual que seja imoral em obra é também imoral em olhar e em pen­
samento.
Questão 10. Analisando-se seu aspecto exterior, isto é, ao que ve­
mos, o mandamento de Cristo nesta seção é deveras assustador: arran­
car o olho que te faz pecar, cortar uma mão que te faz pecar. Poucos
cristãos cujo zelo excedeu a sabedoria têm seguido essa ordem de Cris­
to literalmente. O melhor exemplo conhecido é do erudito do século
III Orígenes de Alexandria que realmente se tornou um eunuco. Nao
muito tempo depois, em 325, o Concílio de Niceia acertou ao proibir
essa barbárie. A ordem de se livrar de olhos e mãos que lhe causam
problemas são exemplos de figuras de linguagem dramáticas usadas
por nosso Senhor. O que ele estava defendendo não era uma automu-
tilação física, mas uma rigorosa autonegação moral. Mutilação não,
mas mortificação é o caminho de santidade que Jesus ensinou, e mor­
tificação ou “tomar a cruz” e seguir a Jesus significa rejeitar práticas
pecaminosas, por isso, resolutamente ou morremos para elas ou as mata­
mos (Mc 8.34; Rm 8.13; G1 5.24; Cl 3.5).
Questão 11. Obedecer à ordem assustadora de Jesus envolverá
para muitos de nós uma certa “mutilação”. Teremos de eliminar de
nossas vidas certas coisas que, embora possam ser inocentes em si
mesmas, são ou poderiam se tornar fontes de tentação. Nesta lingua­
gem metafórica, podemos encontrar a nós mesmos sem olhos ou mãos.
Isto é, teremos que deliberadamente rejeitar certo tipo de literatura,
recusar ver certos filmes, visitar certas exibições. Se fizermos isso, sere­
mos considerados por alguns como tendo a mente atrasada e sendo
pouco instruídos. “O quê?”, eles nos dirão sem acreditar: “Você não
leu tal e tal livro? Não viu este e aquele filme? Você não é uma pessoa
culta!” Eles estão certos. Nós nos tornamos culturalmente “mutila­
dos” a fim de preservar nossa pureza de mente. A única questão é, se
por causa desse ganho, estamos dispostos a suportar a perda e pa­
cientemente sofrer a ridicularização.
61 Sermão do Monte
Estudo 5. Fidelidade no casamento e na fala.
Proposito: Considerar por que devemos ser fieis no casamento e
honestos em nossa fala.
Questão 1. A pergunta dos fariseus foi bem tramada a fim de
fazer com que Jesus falasse livremente, mais do que ele considerava,
sobre as razões legítimas para o divórcio. Por qual razão pode um
homem se divorciar de sua esposa? Por uma causa ou diversas ou por
qualquer razão? A resposta de Jesus não foi uma resposta. Ele recu­
sou-se a responder a pergunta dos fariseus. Em vez disso, fez-lhes
uma outra pergunta a respeito da leitura das Escrituras.
Questão 2. O debate entre o rabi Shammai e o rabi Hillel se
concentrou na interpretação de Deuteronômio 24.1-4, “encontrar
nela algo que ele reprova” (v. 1). O rabi Shammai seguiu uma linha
rigorosa de interpretação e ensinou que algo reprovável referia-se a
alguma ofensa matrimonial grave. O rabi Hillel, por outro lado, in­
terpretou essa frase da forma mais ampla possível e incluiu as ofensas
mais triviais de uma esposa. Se ela fosse uma má cozinheira e quei­
masse a comida de seu marido, ou se ele perdesse o interesse nela
porque não era bonita ou porque ele se enamorou de uma mulher
mais bonita; todas essas coisas eram “algo indecente” e justificavam o
divórcio. Parece que os fariseus foram atraídos pela frouxidão do rabi
Hillel, que explica a forma como fizeram a pergunta: “E permitido
ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?” Em
outras palavras, eles queriam saber de qual lado Jesus estava no de­
bate contemporâneo daquela época e se ele pertencia à escola do rigor
ou do “tudo é permitido”.
Questão 3. Os fariseus estavam preocupados com as razões para
o divórcio; Jesus com a instituição do casamento. Ele se referiu a
Gênesis, ambos os fatos narrados pelo livro: a criação da humanidade
como homem e mulher (Gn 1) e a instituição do casamento (Gn 2)
pelo qual o homem deixa seus pais e se une à sua esposa e os dois se
tornam um. Esta definição bíblica implica que o casamento possui
estes dois aspectos: é exclusivo, um homem e sua esposa; e perma­
nente, estar unido à sua esposa. São esses dois aspectos do casamento
que Jesus escolhe para enfatizar em seus comentários, que seguem: O
casamento, de acordo com a exposição de nosso Senhor a respeito de
sua origem, é uma instituição divina pela qual Deus faz permanente­
mente um, duas pessoas que decisiva e publicamente deixam seus
pais com o intuito de formar uma nova unidade da sociedade e, en­
tão, “se tornam uma só carne”.
Série crescimento espiritual 62
Questão 5. Os fariseus enfatizaram a entrega da certidão de
divórcio como se isso fosse a mais importante parte da provisão da
lei mosaica, e assim se referiram aos dois, à certidão e ao divórcio,
como “mandamentos” de Moisés. Mas uma leitura cuidadosa de
Deuteronômio 24.1-4 revela algo completamente diferente. Para
começar, o parágrafo inteiro depende de uma longa série de orações
condicionais. Tal fato surgiu na seguinte paráfrase: “Depois que um
homem se casou com sua esposa, se ele encontra algo reprovável nela,
e se ele lha concede uma certidão de divórcio e dela se divorcia e ela,
então, o abandona. Se ela se casa novamente, e se o seu segundo
marido se divorcia dela, ou se o segundo marido dela morre; então,
seu primeiro marido que dela se divorciou está proibido de se casar
outra vez com ela.” A grande ênfase dessa passagem é proibir um
novo matrimônio com o próprio parceiro que é divorciado. A razão
pará essa regra é obscura. Aqui, para os nossos propósitos, é o bastante
observar que essa proibição é o único mandamento em toda a passa­
gem; certamente não há mandamento para o marido se divorciar de
sua esposa, nem mesmo algum incentivo a se fazer isso. Em vez disso,
tudo que existe é uma referência a certos procedimentos necessários
se um divórcio ocorre; e, portanto, o máximo que há é uma implícita
permissão relutante e uma prática comum é tolerada. Ainda assim, a
divina concessão era, em princípio, inconsistente com a divina insti­
tuição do casamento, como Jesus indica no capítulo 19.8.
Se você for capaz de controlar bem a discussão em grupo para
que não se perca muito tempo com esse tópico, pode fazer com que o
grupo retorne a Dt 24.1-4. Mas, se o grupo fala bastante, você pode
resumir o que foi mencionado antes, se for útil em sua discussão. A
má vontade ou incapacidade de perdoar o cônjuge e se reconciliar
pode revelar o quanto o pecado tem tornado essa pessoa resistente à
graça e à misericórdia de Deus.
Questão 6. Jesus permite um segundo casamento após o divór­
cio apenas por uma exceção: quando ocorre o adultério. Esta é a suposta
cláusula de exceção em Mateus 5.32 e 19.9 - “exceto por imoralidade
sexual”. Eruditos bíblicos conservadores discordam dos motivos pe­
los quais essa cláusula é omitida de passagens paralelas em Marcos e
Lucas. Também discordam sobre o sentido de “imoralidade sexual”
(porneia ). Parece provável que essa omissão em Marcos e Lucas não se
deve ao fato de ignorarem-na, mas à aceitação dessa verdade por parte
deles como certa. Afinal, sob a lei mosaica, adultério era punível com
a morte (embora, no tempo de Jesus, a pena de morte por essa ofensa
63 Sermão do Monte
parece que caiu em desuso), deste modo, ninguém questionou que a
imoralidade sexual era um motivo justo para o divórcio. Até mesmo
os rabis rivais Shammai e Hillel concordavam a esse respeito. A pala­
vra grega para “imoralidade sexual” é normalmente traduzida como
“fornicação”, denotando imoralidade do solteiro e, frequentemente,
é distinguida do adultério, a imoralidade do casado.
Por essa razão, alguns têm argumentado que a cláusula de ex­
ceção permite o divórcio se algum pecado sexual pré-marital for
descoberto posteriormente. Mas a palavra grega não é precisa o
bastante para ser limitada dessa forma. Ela é derivada de “porne ”, que
quer dizer “prostituta”, sem especificar se ela (ou seu cliente) é casada
ou solteira. Além disso, esse termo é usado na Septuaginta referindo-
se à infidelidade de Israel, a noiva de Jeová, como exemplificado pela
esposa de Oseias, Gômer. Portanto, ao que parece, devemos aceitar a
conclusão de R.V.G. Tasker de que porneia é uma palavra ampla, que
pode ter entre seus sentidos adultério, fornicação e práticas sexuais
contrárias à natureza (Mateus, Edições Vida Nova).
Questão 9. O versículo 33 não é uma citação precisa de uma lei
de Moisés. Ao mesmo tempo, é um sumário exato de diversos pre­
ceitos do Antigo Testamento que exigem das pessoas que fazem votos
que os cumpram. Tais preceitos incluem Êxodo 20.7; Levítico 19.12;
Números 30.2; e Deuteronômio 23.21. Os fariseus começaram a
manipular essas proibições difíceis e tentaram restringi-las. Eles des­
viaram a atenção do povo do voto em si e da necessidade de cumpri-
lo para o preceito, isoladamente. Jesus ensina que um voto é uma
obrigação independente do preceito que o acompanha. Sendo assim,
a real implicação da lei é que precisamos cumprir nossas promessas e
sermos pessoas de palavra. De outra forma, os votos se tornam
desnecessários.
Questão 10. Os anabatistas seguiram essa linha no século XVI
de não prestarem votos e a maioria dos Quakers ainda o fazem atual­
mente. Embora admiremos o desejo deles de não se comprometerem,
alguém, pode talvez, questionar se a interpretação desses dois grupos
religiosos não é extremamente literalista. Jesus enfatizou em seu en­
sinamento que as pessoas honestas não necessitam recorrer a votos;
ele não disse que as pessoas deveriam se recusar a fazer um juramen­
to, se requerido por alguma autoridade.
Questão 11. A pergunta 9 está relacionada aos efeitos negativos
dos juramentos. Essa questão trata do por que os juramentos não
eram necessários, mesmo que não houvesse aspectos danosos em relação
a eles. Como cristãos, nossas simples respostas deveriam carregar todo
Série crescimento espiritual 64
o sentido necessário para convencer as pessoas de que somos honestos
e confiáveis e que cumpriremos rigorosamente o que prometemos. As
pessoas deveriam confiar em nós porque nosso caráter está arraigado
em Cristo.

Estudo 6. Como você realmente ama os seus inimigos. Mateus


5.38-48.
Propósito: Aprender como e por que devemos amar os nossos
inimigos.
Questão 2. Este princípio foi, também, declarado em Levítico
24.20 e Deuteronômio 19.21. O contexto é claro sem dúvida algu­
ma: essa declaração era uma instrução dos juizes de Israel. De fato,
elas são mencionadas em Deuteronômio 19.17-18. O mandamento
de amar os seus inimigos expressou o princípio de uma retribuição
justa cujo propósito era duplo: estabelecer o fundamento da justiça,
especificando a punição que o malfeitor merecia, e também restringir
a compensação de sua vítima com um castigo equivalente ao crime
cometido e não mais que isso. Por certo, no tempo de Jesus, a re­
taliação literal por danos foi substituída por fianças ou indenizações
pela prática da lei civil judaica. Na verdade, há evidência desse fato
desde muito antes. Em Êxodo 21.26-27, temos que se alguém ferir
o seu escravo de tal modo que ele venha a perder o olho ou ter o
dente quebrado, em vez de o senhor perder o próprio olho ou dente,
o que ele merecia, mas que não recompensava o escravo cego ou
sem dentes, devia libertar o escravo. “Ele precisava permitir que o
escravo fosse liberto para compensar pelo olho ou dente perdido.”
Podemos assegurar que, em outros casos, a pena também não era
fisicamente aplicada, exceto em caso de assassinato. Vida por vida. A
pena era substituída por indenizações.
Questão 3. Os escribas e fariseus tentaram usar este princípio
para justificar a vingança pessoal, embora a lei explicitamente tenha
proibido isso: “Não procurem vingança, nem guardem rancor contra
alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si
mesmo...” (Lv. 19.18). Consequentemente, “este excelente, ainda que
rigoroso princípio de retribuição judicial contra danos e ofensas causa­
das a alguém estava sendo utilizado como pretexto justamente para
algo que foi abolido institucionalmente, a saber: a vingança pessoal”.
(John W. Wenham, Christ and the Bible [Downers Grove, III.: Inter
Varsity Press, 1972], p. 35.)
Questão 5. O verdadeiro valor deste mandamento está no que
ele faz pela pessoa que oferece a outra face. Como exemplo, considere
65 Sermão do Monte
o funeral de Martin Luther King Junior, em que o dr. Benjamin
Mays comentou: Se algum homem conhecia o significado do sofri­
mento, esse homem era Martin Luther King Junior. Casa bombardea­
da, vivendo dia após dia por treze anos sob constante ameaça de
morte, acusado de ser um comunista, levianamente acusado de ser
falso..., esfaqueado por alguém de sua própria raça, agredido no salão
de espera de um hotel, preso mais de vinte vezes, ele viveu intensa­
mente neste mundo pregando a não violência e o poder libertador do
amor”. (Coretta Scot King, My Life with Martin Luther King Junior
[Hodder & Stoughton, 1970], p. 365-69.)
Questão 7. Foi-nos dito que devemos amar os nossos inimigos
através de obras e palavras. O aspecto que Jesus está enfatizando é
que o verdadeiro amor não é apenas um sentimento, como também é
obra— prática, humilde e sacrificial. Como Dostoiévsky disse: “Amor
em ação é bem mais terrível que amor em sonhos”. Nossos inimigos
procuram nosso mal; precisamos procurar o bem deles. Pois é assim
que Deus nos tem tratado. “Quando éramos inimigos de Deus”, Cristo
morreu para nos reconciliar com ele. Se Cristo morreu por amor a
seus inimigos, devemos fazer a mesma coisa com os nossos inimigos.
As palavras podem também expressar o nosso amor; tanto as
palavras dirigidas aos nossos inimigos como, igualmente, as palavras
dirigidas a Deus em favor deles. “Abençoem os que os amaldiçoam”
(Lc 6.28). Se eles rogarem que venham a desgraça e a catástrofe sobre
nossa vida, expressando em palavras tal desejo, precisamos revidar,
invocando dos altos céus, as bênçãos sobre a vida deles, declarando
em palavras que não lhes desejamos nada de mal, apenas o bem.
Questão 8. O amor divino é um amor que não discrimina nin­
guém. Deus manifesta o seu amor às pessoas boas e más. No entanto,
todo amor humano, o mais elevado, o mais nobre e o melhor estão
contaminados de alguma forma pelas impurezas do interesse pessoal.
Nós cristãos somos especificamente chamados a amar os nossos inimi­
gos com um amor tal que não exista egoísmo, e isso é impossível sem
a sobrenatural graça de Deus. Se amamos somente aqueles que nos
amam, não somos mais que trapaceiros. Se somente saudamos nossos
irmãos e irmãs em Cristo, não somos melhores que os pagãos. Eles
também se cumprimentam. A questão proposta por Jesus é: “E se
saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais?... (v.
47). A simples palavra “mais” é a característica por excelência que
Jesus está ensinando. Não basta aos cristãos parecerem com os não
cristãos; nosso chamado é superá-los em virtude.
Série crescimento espiritual 66
Questão 9. Cristo não pretende fazer de seus seguidores capa­
chos. Seus exemplos pessoais não descrevem o covarde que não oferece
resistência a qualquer injustiça que se cometa contra ele. Ele mesmo
“resistiu” ao sumo sacerdote quando questionado na corte (João 18.19-
23). E o apóstolo Paulo, uma ocasião, “enfrentou” (a mesma palavra
grega é usada para ambos os casos) o apóstolo Pedro face a face (G1
2.11-14). Estes exemplos retratam o homem de personalidade forte
cujo domínio próprio e amor pelos outros são tão poderosos que ele
rejeita absolutamente cada forma imaginável de revide. O único limite
para a bondade do cristão será um limite que o amor em si mesmo
pode impor. Desse modo, o mandamento de Jesus para não resistir ao
mal perpetrado contra nós não deveria ser usado para justificar a per­
sonalidade fraca e a anarquia política como também o pacifismo total.
Ao contrário, o que Jesus requer aqui, de todos os seus seguidores, é
uma atitude pessoal em relação àqueles que nos fazem sofrer, atitude
disposta a mostrar misericórdia e não justiça; renuncia a retaliação tão
completa tanto quanto correr o risco de suportar ainda mais sofrimen­
to e não é dominado pelo desejo de causar-lhes mal, mas é controla­
do pela determinação de servir-lhes sempre pensando em fazer o
melhor a eles.
Questão 10. No Antigo Testamento, está escrito sobre Jesus:
“Ofereci minhas costas àqueles que me batiam, meu rosto àqueles
que arrancavam minha barba; não escondi a face da zombaria e dos
cuspes” (Is 50.6). Quando acontece o evento, os soldados judeus
cuspiram em Jesus, vendaram-no e bateram-lhe na face, e então os
soldados romanos o levaram para o seu julgamento. Os soldados do
governador Pilatos colocaram uma coroa de espinho na cabeça de
Jesus, vestiram-no com um manto púrpura imperial, puseram uma
vara na mão direita de Cristo, fazendo-a assemelhar-se a um cetro e,
ajoelhando-se diante dele, zombaram, dizendo: “Salve, rei dos ju­
deus”, cuspiram-lhe na face e tiraram-lhe a vara da mão direita e
bateram na cabeça dele com ela (Mt 27.27-31; Mc 14.65, 15.16-
20). E, Jesus, com a infinita dignidade de seu domínio próprio e
amor, suportou tudo em paz. Ele demonstrou sua absoluta recusa de
se vingar ao permitir-lhes que continuassem o cruel escárnio até que
terminassem.
Questão 11. A justiça dos cristãos, se demonstrada em pureza,
honestidade ou caridade, mostrará a quem nós pertencemos. Nosso
chamado cristão é imitar não o mundo, mas o Pai. E é por essa imi­
tação do Pai que a contracultura cristã se torna visível. Alguns profes­
67 Sermão do Monte
sores de santidade construíram sobre o versículo 48 grandes sonhos
relativos à possibilidade de se alcançar nesta vida um estado de per­
feição. Porém, as palavras de Jesus não podem ser forçadas a ter esse
significado sem causar divergência quanto ao seu ensinamento ex­
presso no Sermão do Monte. Porquanto Cristo indicou nas bem-aven-
turanças que a fome e a sede de justiça são características perpétuas de
seus discípulos, no próximo capítulo ele nos ensinará a orar constante­
mente assim: “Perdoa as nossas dívidas” (Mt 6.12). Ambos os fatos, a
fome de justiça e a oração por perdão, sendo contínuas, são indi­
cações claras de que Jesus não esperava que seus discípulos se tornas­
sem moralmente perfeitos nesta vida. O contexto mostra que a
“perfeição” que Cristo pretende exprimir se relaciona ao amor; o per­
feito amor de Deus que é manifesto até mesmo àqueles que não nos
darão nada em troca. Temos que amar os nossos inimigos com amor
misericordioso, especialmente com o amor de Deus.

Estudo 7. Como não ser um religioso. Mateus 6.1-6, 16-18.


Propósito: Considerar as motivações próprias e impróprias de nossa
conduta religiosa.
Questão 1. As três ilustrações — dar esmola, orar e jejuar —
seguem um modelo idêntico. São imagens vivas, propositadamente
irônicas; Jesus retrata a forma de ser religioso do personagem hipócrita:
a ostentação. Tal comportamento recebe a recompensa que eles quer­
em: o aplauso dos outros. Comportar-se desta forma contrasta com a
forma cristã de viver, que é discreta, e a única recompensa que os cris­
tãos desejam é a bênção de Deus que é o seu Pai celestial que vê em
segredo o que fazem. Dedicar tempo para refletir sobre as imagens que
Jesus está retratando nos convencerá da vivacidade de seus comentários
para os seus ouvintes contemporâneos, como também para nós.
Questão 2. Os versículos 7-15 serão abordados no próximo estu­
do. A diferença é apenas de termos, nada fundamental. A pista reside
no fato de que Jesus está falando contra pecados distintos. A nossa
covardia o levou a dizer: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos ho­
mens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês,
que está nos céus” (Mt 5.16), a nossa vaidade o fez nos advertir de
praticar a piedade para ser vista pelas pessoas. A. B. Bruce resume bem
isso quando escreve que temos que “mostrar quando tentados a ocul­
tar” e “esconder quando tentados a mostrar” (Commentary on the
Synoptic Gospels, The Expositor's Greek Testament, ed. W. Robert­
son Nicholl, [London: Hodder, 1897], p. 116).
Série crescimento espiritual 68
Nossas boas obras precisam ser públicas a fim de que nossa luz
brilhe; nossa devoção religiosa precisa ser em segredo para que não
fiquemos envaidecidos com ela.
Questão 3. A pergunta não diz respeito tanto ao que a mão está
fazendo, como dar algum dinheiro ou assinar um cheque, mas ao que
o coração está pensando enquanto a mão está fazendo isso.
Questão 5. Não havia nada de errado em postar-se em pé para
orar, pois essa era a postura usual para a oração entre os judeus. Tam­
pouco estavam errados em orar nas esquinas como também nas sina­
gogas se o motivo era destruir a separação entre o religioso e o secular
e trazer de volta o reconhecimento de que Deus está fora do templo
e se envolve em nossa vida secular dia a dia. Mas Jesus revelou o
verdadeiro motivo por que os fariseus se postavam nas sinagogas e nas
esquinas das ruas com as mãos erguidas para o céu: era com o intuito
de serem vistos pelas pessoas. Por trás da piedade deles, escondia-se o
orgulho. O que realmente os fariseus queriam era o aplauso e con­
seguiram. “Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recom­
pensa” (Mt 6.2).
Em vez de nos tornarmos envolvidos nos processos de nos man­
termos discretos em nossa devoção religiosa, precisamos lembrar que
o propósito da ênfase de Jesus sobre a oração feita em “segredo” é
purificar nossos motivos ao oramos.
Questão 7. Jesus disse: “Vá para o seu quarto, feche a porta...”
(Mt 6.6). Temos que fechar a porta contra o distúrbio e a distração,
mas também fechar os olhos daqueles que são curiosos, e nos recolher­
mos para ficarmos a sós com Deus. Somente então podemos obede­
cer ao próximo mandamento do Senhor Jesus: “... e ore a seu Pai, que
está em secreto” (Mt 6.6) ou como a Bíblia de Jerusalém torna isso
mais claro: “Que está naquele lugar secreto”. Nosso Pai está lá, espe­
rando para lhe dar as boas vindas. Exatamente como nada pior para
obstruir uma oração como uma olhadela nos que estão ao nosso derre­
dor, assim nada a enriquece mais do que o senso da presença de Deus.
Porque Deus não vê a aparência, mas o coração; não apenas aquele
que está orando, mas a motivação pela qual está orando. A essência
da oração cristã é buscar a Deus.
Questão 8. R. V. G. Tasker chama a atenção para a palavra grega
para denotar “quarto”, que quer dizer que devemos nos recolher para
orar (tameion ), “era usada para depósito onde os tesouros eram guarda­
dos”. Então, a implicação é que “há tesouros esperando por nós quando
orarmos” (Matthew , p. 73). Certamente, os tesouros escondidos da
69 Sermão do Monte
oração são tantos para serem enumerados. De acordo com o apóstolo
Paulo, quando clamamos: “Aba, Pai”, o Espírito Santo testemunha
ao nosso espírito que somos filhos de Deus, e temos a firme segurança
de sua paternidade e amor (Rm 5.5, 8.16). Ele faz resplandecer o
nosso rosto e nos dá a paz (Nm 6.25, 26). Ele refrigera nossa alma,
satisfaz nossa fome e sacia nossa sede. Sabemos que não somos mais
órfãos, porque o Pai nos adotou; não somos mais filhos pródigos,
porquanto fomos perdoados; não mais separados do povo de Deus,
porquanto agora somos parte da família de Deus.
Questão 9. Estritamente falando, o jejum é a total abstinência
de alimento. Contudo, por extensão, pode legitimamente significar
abster-se parcialmente ou totalmente de comida por curtos ou longos
períodos. Não pode haver dúvida de que nas Escrituras o jejum está
relacionado a várias formas de autonegação e autodisciplina. Primeiro,
“jejuar” e “nos humilhar diante de Deus” são termos virtualmente
equivalentes (SI 35.13; Is 58.3, 5). Às vezes, o jejum e a oração eram
expressão de penitência pelos pecados passados. Quando o povo estava
profundamente angustiado por causa dos seus pecados e de sua culpa,
pranteava e jejuava (Ne 9.1,2; Dn 9.2-19; 10.2,3; Jn 3.5; At 9.9).
Não podemos nos humilhar diante de Deus tão somente em penitên­
cia pelos pecados passados, mas também, pelo fato de que depen­
demos dele, da sua misericórdia no futuro. Se penitência e jejum
caminham juntos nas Escrituras, “oração e jejum” são um par encon­
trado ainda mais frequentemente nas mesmas Escrituras (Êx 24.18;
2Cr 20.1-4; Ed 8.21-23; Et 4.16; Mt 4.1-2; At 13.1-3; 14.23). Nosso
jejum também pode ser um meio de autodisciplina. Uma voluntária
abstinência de alimento é uma forma de aumentar o nosso domínio
próprio (ICo 9.24-27). Da mesma forma, o jejum pode ser uma ação
deliberada de amor cristão a fim de compartilhar o que comemos ou o
que compramos para nós com o faminto (Is 58.1-7).
Questão 11. Embora uma das máximas dessa passagem seja “di­
ante dos homens para serem vistos e exaltados por eles”, não é com os
homens que o hipócrita está obcecado, mas consigo mesmo. “Essen­
cialmente”, escreve o dr. Martyn Lloyd-Jones, “a única razão pela
qual agradamos as pessoas ao nosso redor é que com isso agradamos a
nós mesmos” (Studies in the Sermon on the M ount [Downers Grove,
III: InterVarsity Press, 1977], p. 330 [em português, Editora Fiel]).
O remédio então é óbvio. Tornamo-nos tão cônscios de Deus que
cessamos de ser tão centrados em nós mesmos. E é numa vida centra­
da em Deus o Pai que Jesus se concentra.
Série crescimento espiritual 70
Estudo 8. Um padrão para a oração dinâmica. Mateus 6.7-15.
Propósito: Aprender como devemos orar.
Questão 1. Na primeira parte desta questão, você observa quais
versículos incluem cada metade da oração do Senhor: versículos 9,10
e 11-13. Então, na segunda parte da pergunta, procure pelo assunto
de cada metade. Se o grupo precisar de ajuda, peça que observem
que, na segunda metade da oração do Senhor, o pronome possessivo
muda de “teu” para “nosso”, quando nos movemos do tema das res­
ponsabilidades de Deus em relação a nós para as nossas em relação a
ele. A expressão bem conhecida “Porque teu é o reino, o poder e a
glória para sempre” não é encontrada nos manuscritos mais antigos.
Questão 2. Jesus não está condenando a perseverança em oração,
mas, em vez disso, a verbosidade vazia, especialmente naqueles que
falam sem pensar.
Questão 4. Os cristãos não oram a Deus para dizer-lhe coisas
que ele não sabe ou para motivá-lo a cumprir suas promessas ou
pressioná-lo a fazer o que ele realmente não deseja. Ao contrário, a
oração é para o nosso próprio bem — para exercitar nossa fé e lançar
a ele nossas preocupações. Como Lutero escreveu em seu comentário
sobre essa passagem: “Por meio de nossa oração... estamos nos instru­
indo mais do que nós a ele”.
Questão 5. A expressão “no céu” não denota o lugar da morada
de Deus tanto quanto sua autoridade, poder e domínio como o cria­
dor e rei de todas as coisas. Assim, Deus une seu amor paternal com
seu poder celestial, e o que o seu amor o move a fazer, seu poder é
capaz de executar.
Questão 6. O nome de Deus não é uma combinação das letras
D, E, U e S. O nome se destaca pela pessoa que o tem, por seu
caráter e comportamento. Da mesma forma, o “nome” de Deus é
Deus mesmo, como ele é em si mesmo e tem se revelado. Seu nome
é santo no sentido em que ele é separado de tudo e exaltado acima de
todo o nome. Todavia, oramos para que o nome de Deus seja santifi­
cado, isto é, “tratado como santo”, porque com grande devoção dese­
jamos que a devida honra seja dada ao seu nome e a ele, cujo nome é
honrado em nossa vida, na igreja e no mundo.
Questão 7. O Reino de Deus é seu império. Volto a reiterar,
como Deus é santo também ele é rei, reinando com absoluta sobera­
nia sobre a criação e a história. No entanto, quando Jesus veio a este
mundo, ele anunciou uma nova e especial transformação do império
de Deus, com todas as bênçãos que acompanham a redenção e das
exigências de submissão que o reino de Deus implica. Orar para que
71 Sermão do Monte
“venha” o seu reino é orar para que o reino de Deus possa crescer
através do testemunho da igreja e da submissão das pessoas a Jesus, e
que em breve o reino de Deus será consumado quando Jesus retornar
em glória para assumir todo o poder e o reino de seu Pai.
Questão 8. Você poderá pedir ao grupo que pense em situações
nas quais poderíamos demonstrar maior interesse pelo nome de Deus
do que por nosso nome, pelo reino de Deus do que pelo nosso “rei­
no” e pela vontade de Deus do que pela nossa.
Questão 9. Os pais da igreja como Tertuliano, Cipriano e Agos­
tinho pensaram que a referência era a ambos: “o pão invisível que é a
Palavra de Deus” ou a Santa Ceia (Agostinho). Jerônimo, na Vulgata,
traduziu a palavra grega para “cada dia” para o horrível adjetivo “super-
substancial”; Jerônimo quis dizer também: Santa Comunhão. Uma
interpretação mais comum e equilibrada parece ser a que se harmoniza
com o texto de Êxodo que descreve o Senhor Deus provendo dia após
dia o maná para os israelitas no deserto (Êx 16.4).
Questão 10. Certamente, Jesus não quer dizer que nosso ato de
perdoar aos outros nos faz adquirir o direito de sermos perdoados por
Deus. Ao contrário, ele afirma que Deus perdoa apenas o penitente e
que uma das principais evidências do genuíno penitente é um coração
perdoador. Uma vez que nossos olhos foram abertos para ver a enor­
midade de nossa ofensa a Deus, as injúrias as quais os outros come­
teram contra nós, são extremamente insignificantes. Se, por outro
lado, temos uma visão exagerada das ofensas dos outros, isso prova
que minimizamos as nossas.
Questão 11. E provável que a oração aqui seja um pedido de
ajuda a Deus para enfrentar a tentação para ser vencida do que evitá-
la. Talvez, pudéssemos parafrasear o que nos é requerido como: “Não
permita que sejamos conduzidos à tentação que nos domina, mas
livra-nos do mal”. Por essa razão, por detrás dos ensinamentos que
Jesus nos trouxe para orar, estão as implicações que o diabo é muito
mais poderoso que nós e que somos muito fracos para enfrentá-lo
sozinhos, mas que nosso Pai celestial nos livrará se invocarmos a ele.

Estudo 9. O que Deus pensa dos meus desejos. Mateus 6.19-34.


Propósito: Aprender que não devemos ser cobiçosos por segurança
material, mas, ao contrário, devemos buscar os valores do Reino de
Deus.
Questão 2. O que Jesus proíbe a seus discípulos é a acumulação
egoísta de bens: “Não acumulem para vocês tesouros na terra...”. Uma
vida extravagante e luxuosa, um coração endurecido que não sente a
Série crescimento espiritual 72
gigantesca necessidade das pessoas desprovidas deste mundo; a louca
fantasia de que a vida de uma pessoa consiste na abundância de suas
posses, e o materialismo que acorrenta nosso coração a este mundo. De
outra forma, juntar tesouros na terra não significa ser prudente e
prover para o futuro, mas ser cobiçoso como os miseráveis que escon­
dem suas economias e os materialistas que sempre querem mais. Essa é
a verdadeira armadilha contra a qual Jesus nos adverte aqui.
Questão 3. O que são “tesouros no céu?” Jesus não explica. En­
tretanto, sem dúvida alguma podemos dizer que “acumular” no céu
é fazer quaisquer coisas aqui na terra cujos efeitos ultrapassem a eter­
nidade. Estimule o grupo a pensar em muitos exemplos de ações que
teriam efeito eterno.
Questão 4. Nas Escrituras, frequentemente, o olho é equiva­
lente ao coração. Isto é, “pôr o coração” e “fixar os olhos” em alguma
coisa tem o mesmo significado de “desejar”. Portanto, o argumento
de Jesus parece ser este: Assim como nossos olhos afetam nosso corpo
inteiro, da mesma forma nossa cobiça — onde fixamos nossos olhos e
coração — afeta a nossa vida inteira.
Questão 5. Um supervisor normalmente delega ordens ao empre­
gado que ele pode muito bem obedecer, como, por exemplo, tra­
balhar certo número de horas por semana. Consequentemente, um
trabalhador poderia obedecer a dois chefes se as horas de trabalho
requeridas não conflitassem com a carga horária de cada local de tra­
balho. Mas Jesus está se referindo ao senhor de escravo que é dono
absoluto de tudo que um escravo é e tem. Portanto, é impossível ser
escravo de dois senhores.
Questão 6. E uma pena que esta passagem seja muitas vezes lida
isoladamente, sem que seja estabelecida uma conexão com a passa­
gem anterior. O relevante significado da introdução “Portanto, eu
lhes digo” (v.25) perde muito do seu efeito. Por essa razão, precisa­
mos fazer a conexão de “portanto”, que é a conclusão de Jesus, ao
ensinamento que ele tem em mente de que não precisamos cobiçar as
coisas desta vida, pois Deus o Pai sabe do que precisamos e ele não
falha em nos acudir. Jesus primeiro nos desafia a pensar e depois a
agir. Ele nos convida a observar clara e tranquilamente as alternativas
diante de nós e ponderá-las com cuidado. Somente quando enten­
dermos a respeito da durabilidade dos dois tesouros, a comparação
da utilidade dos olhos bons e dos olhos maus e o valor dos dois
senhores, estaremos preparados para dar importância às palavras de
Jesus “Portanto, eu lhes digo”, é desta forma que devemos viver.
73 Sermão do Monte
Questão 7. Uma preocupação exclusiva com alimento, o que
beber e vestuário só se justificaria se a sobrevivência fosse a realização
suprema e o fim último e principal da existência humana. Viemos ao
mundo para viver. Então, de fato, como sustentar nosso corpo é a
nossa primeira preocupação. Sendo assim, é compreensível que em
uma circunstância extrema de fome, a luta pela sobrevivência teria
prioridade sobre outras coisas. Mas, se isso se tornasse nossa mais
importante prioridade em condições normais, revelaria um conceito
reducionista da existência humana que é totalmente inaceitável. Isso
seria rebaixar-nos no nível dos animais, na verdade, no nível de pás­
saros e plantas. No entanto, a grande maioria das propagandas de hoje
são dirigidas para o corpo — roupas íntimas são apresentadas mode­
lando detalhadamente o corpo, desodorantes para manter suave o cheiro
do corpo e bebidas alcoólicas que transmitem a falsa ideia de propor­
cionar mais energia quando na verdade levam as pessoas à decadência
que representa o alcoolismo.
Essa preocupação lança imediatamente estas questões: O bem
estar físico é uma meta sobre a qual vale a pena nos dedicarmos? A
vida humana não tem mais importância do que isso? Os pagãos bus­
cam todas essas coisas. Que busquem. Todavia, para vocês, meus dis­
cípulos, Jesus sugere, essas preocupações são uma meta desesperada e
inútil, uma vez que não se constituem o “Supremo Bem” desta vida.
Questões 8 e 9. O Senhor Jesus nos dá certeza de que podemos
confiar em nosso Pai celestial, que é capaz de nos alimentar e nos vestir.
Mesmo assim, os cristãos não estão isentos das responsabilidades a
seguir. Em primeiro lugar, os cristãos não estão isentos da respon­
sabilidade de trabalhar para ganhar a vida. Não podemos sentar no
sofá, girar os polegares e sussurrar: “meu Pai celestial me providencia­
rá” e não fazer nada. Temos que trabalhar. Como Paulo o diz: “Se
alguém não quiser trabalhar, também não coma” (2Ts 3.10). Em
segundo lugar, os cristãos não estão isentos da responsabilidade de
acudir aos necessitados. E significativo que, no mesmo Evangelho de
Mateus, o mesmo Jesus que diz que nosso Pai celestial alimenta e
veste seus filhos, mais tarde, diz que devemos nós mesmos alimentar
o que tem fome e vestir ao que precisa de roupas, e que seremos
julgados se o fizermos ou não (Mt 25.31-46). Em terceiro lugar, os
cristãos não estão isentos de passar por problemas. Jesus proíbe seu
povo de se preocupar. Contudo, estar livre de preocupação e estar
livre de problemas não são a mesma coisa. Ao fim desta seção Jesus
nos dá a razão para não nos preocuparmos a respeito do amanhã:
Série crescimento espiritual 74
“Basta a cada dia o seu próprio mal”. Portanto, os filhos de Deus não
estão isentos nem de trabalhar, nem de sua responsabilidade de aju­
dar os desprovidos, nem mesmo das calamidades próprias da vida,
mas apenas da preocupação excessiva com as necessidades do cotidi­
ano. E incompatível com a fé cristã a preocupação se Deus é capaz de
suprir nossas necessidades ou não.
Questão 11. As aspirações pelo bem-estar podem ser inteira­
mente modestas, como ter o bastante para comer e vestir como no
Sermão do Monte; ou podem ser grandiosas, como uma casa maior,
um carro mais veloz, um salário melhor, mais fama, mais poder. To­
davia, se as aspirações pelo bem-estar são simples ou luxuosas, elas são
aspirações que satisfazem a mim mesmo — meu conforto, minhas
riquezas, meu status e meu poder.
As aspirações por Deus, contudo, se são valiosas, nunca podem
ser modestas. Há alguma coisa de inapropriada a respeito de nutrir
pequenas aspirações por Deus. Como podemos estar contentes se Deus
tem apenas um pouco de honra neste mundo? Não. Uma vez que
temos certeza de que Deus é o rei, então desejamos vê-lo coroado com
glória e honra e de acordo com o seu verdadeiro lugar — o céu —, o
qual é o supremo lugar. Assim, nos tornamos desejosos de que o
Reino de Deus se expanda e sua justiça se propague em todo lugar.

Estudo 10. Relacionamentos encorajadores. Mateus 7.1-12.


Propósito: Descrever a qualidade dos relacionamentos que o Pai
deseja para os seus filhos.
Questão 2. A verdade simples, porém, vital que Jesus deixa claro
nesses versículos é que nós não somos Deus. Nenhum ser humano está
qualificado para ser o juiz dos outros, porque não podemos saber o que
está dentro do coração das pessoas e suas motivações. Não apenas não
somos juizes, mas não estamos entre os que são julgados e seremos
julgados ainda com mais rigor se nos atrevermos a julgar os outros.
Questão 3. A imagem de alguém se esforçando numa delicada
ação de remover o cisco do olho de um irmão, enquanto uma grande
viga que está no seu próprio lhe obscurece completamente a visão,
mostra como é ridículo julgar os outros e esquecermos dos nossos
próprios pecados. Contudo, quando a caricatura é transferida para
nós mesmos e é descoberta a nossa ridícula falta, não apreciamos a
brincadeira. Temos uma tendência grande de exagerar as faltas dos
outros e minimizar a gravidade das nossas.
Questão 4. O contexto não se refere aos juizes nos tribunais,
mas, ao contrário, à responsabilidade que as pessoas têm umas com
75 Sermão do Monte
as outras. Da mesma forma, o mandamento de nosso Senhor para
“não julgar” não pode ser entendido como um mandamento para
eliminar nossas faculdades mentais de fazermos crítica e avaliação
das outras pessoas, fingir-se de cego às suas faltas, evitar a crítica e
deliberadamente nos recusarmos a fazer a diferença entre a verdade e
o erro, o bem e o mal.
Muito do ensinamento de Cristo no Sermão do Monte se baseia
na suposição de que nós, realmente, devemos fazer julgamentos de
valor. Então, se Jesus não eliminou os tribunais nem proibiu a críti­
ca, o que ele quis dizer por: “Não julguem?” Tal ensinamento não é
uma ordem para ser cego diante dos pecados dos outros, mas um
apelo para sermos compreensivos. Jesus não nos diz para deixarmos de
ser humanos por eliminarmos toda faculdade mental de capacidade
crítica que nos diferencia dos animais irracionais, mas para renunciar­
mos à presunção de pensar que somos Deus e nos comportarmos
como juizes infalíveis.
Questão 5. Uma vez mais é evidente que Jesus não está conde­
nando a crítica como tal, mas a crítica aos outros quando não nos
comparamos e não fazemos a crítica de nós mesmos; nem a correção
natural, mas, antes pelo contrário, a correção dos outros quando não
nos corrigimos.
Questão 6. Jesus ao dar-lhes esses nomes está indicando não
somente que eles são mais animais que humanos, mas que são ani­
mais com hábitos imundos também. Os cachorros que Jesus tinha
em mente não eram cãezinhos de estimação bem adestrados de uma
casa luxuosa, mas os cães selvagens, sem dono, errantes e vira-latas, os
quais remexiam os montes de lixo das cidades à caça de comida pu­
trefata. E os porcos eram animais imundos para os judeus — para
não dizer que os porcos amam a lama. O apóstolo Pedro mais tarde se
referiu a esses dois animais mencionados ao combinar dois provér­
bios: “O cão volta ao seu vômito” e “A porca lavada volta a revolver-se
na lama” (2Pe 2.22). Portanto, os “cães” e os “porcos” com os quais
fomos proibidos de compartilhar a pérola do Evangelho não são jus­
tamente os incrédulos. Podem também ser aqueles que tiveram grande
oportunidade de ouvir e receber as boas novas de redenção, mas de­
cisivamente — até mesmo de forma rebelde — as rejeitaram. Baratea­
mos a Palavra de Deus ao permitirmos que a pisoteiem. Ao mesmo
tempo, desistir de anunciar o Evangelho às pessoas é algo muito sério.
Questão 8. Todos os três verbos estão no imperativo afirmativo e
indicam a persistência com a qual devemos tornar nossos pedidos
conhecidos por Deus. A ênfase da parábola de Jesus (vs. 9-11) é um
Série crescimento espiritual 76
contraste em vez de uma comparação entre Deus e a humanidade.
Nesta sequência do raciocínio de Cristo, há um argumento muito
forte que é “quanto mais” que tem esse sentido: se pais humanos, que
embora maus, sabem dar o que é bom aos seus filhos, quanto mais
nosso Pai celestial, que não é mau, mas absolutamente bom, dará
coisas boas àqueles que pedirem a ele (v .ll).
Questão 9. Não praticar o mal está de acordo com o Talmude e
Confucio. Procurar a todo o instante o bem do próximo é outra coisa
de acordo com Jesus. Estar focado em tirar proveito de tudo, muito
frequentemente, nos leva a pensar em nossos próprios interesses; agora
precisamos permitir que esse foco seja transferido para que possamos
sempre pensar em fazer o bem aos outros. Tudo o que temos que
fazer é usar nossa imaginação, colocarmo-nos na pele dos outros e
perguntar: “Como eu gostaria de ser tratado nesta situação?”.
Se alguém lhe perguntar sobre o Talmude, você poderá responder
que se trata de uma coleção de antigos escritos rabínicos que formam
a base da autoridade do judaísmo tradicional.

Estudo 11. Detecção das mentiras de nosso mundo. Mateus


7.13-20.
Propósito: Compreender a importância de entrar pela porta es­
treita e tomar cuidado com os que têm um ensinamento falso.
Questão 2. Esta é uma simples pergunta de reflexão, por isso,
fique à vontade para passar rapidamente para a próxima pergunta
depois que o grupo a responder.
O que há de notável a respeito desses versículos é a ampla escolha
diante de nós. Todos nós gostaríamos de ter muitas chances do que
apenas uma, ou, melhor ainda, preferiríamos fundir todas as chances e
criar uma única religião e por conseguinte eliminar a necessidade de
escolha. Mas Jesus interfere em nossa tendência para o sincretismo
fácil. Jesus não nos permitirá que recorramos a soluções confortáveis a
que nós nos propusemos sem assumir seriíssimas responsabilidades.
Em vez disso, Jesus insiste que definitivamente há somente uma esco­
lha porque há somente duas possibilidades. Há duas portas, dois cami­
nhos, dois destinos e dois grupos. Precisamos escolher um ou outro.
Não podemos ser neutros.
Questão 3. O caminho apertado é devido à revelação divina que
reduz o número de peregrinos e os confina ao que Deus revelou nas
Escrituras como a suprema verdade e o sumo bem. A suprema ver­
dade revelada restringe no que os cristãos devem crer; e, já o sumo
bem revelado, em como devemos viver.
77 Sermão do Monte
Questão 4. No caminho amplo, há plena diversidade de opiniões
e relaxo moral. O amplo caminho é o caminho da tolerância e da
permissividade. Não há restrições nem limites para o pensamento ou
a conduta. Os viajantes desse caminho seguem suas próprias incli­
nações que são os desejos do coração humano em seu estado de que­
da, isto é: superficialidade, egoísmo, hipocrisia, falsa religiosidade,
cobiça, falso moralismo — essas coisas não devemos aprender ou cul­
tivar. E necessário muito esforço para resistir a essas tentações do
amplo caminho. Nenhum esforço é exigido para praticar essas incli­
nações e é por essa razão que o amplo caminho é um caminho fácil.
Questão 6. Uma das principais características dos falsos profetas
no Antigo Testamento era o seu otimismo amoral com o qual insis­
tiam que o modo de Deus lidar com o seu povo era tolerante. Eles
negaram que Deus era o Deus do julgamento como também o Deus
do amor fiel e da misericórdia. Os falsos profetas dão um falso senso
de segurança. Eles anestesiam as pessoas que parecem dormir em
seus pecados. Falham em advertir o povo do inevitável julgamento de
Deus ou lhes dizer como escapar dele.
Questões 7-9. Os falsos profetas querem tornar obscuro o tema
da salvação. Alguns confundem e distorcem o Evangelho, de maneira
a tornar difícil para as pessoas encontrar a porta estreita. Outros de­
les tentam dar a entender que o caminho apertado é realmente mais
amplo do que Jesus quis demonstrar, e que caminhar por ele requer
pouca ou nenhuma restrição à fé de alguém ou ao modo de viver.
Ainda outros se atrevem a contradizer a Jesus e afirmar que o amplo
caminho não conduz à perdição, mas, como se isso fosse verdade,
todos os caminhos levam a Deus; e até mesmo o amplo caminho e o
caminho estreito, embora estejam em direções opostas, definitiva­
mente, nos conduzem à vida. Não nos surpreende o fato de que Jesus
comparou os falsos mestres com lobos devoradores. Eles são respon­
sáveis por levar o povo para a perdição que insistem em negar.
Questão 10. O “fruto” de um profeta não é apenas o caráter e o
modo de viver. De fato, os intérpretes que pensam que somente o
modo de viver de um profeta é que deve ser avaliado estão errados,
conforme escreveu Calvino: “Quem os confina à vida, em minha
opinião, erram”. Um segundo fruto é o ensino verdadeiro. Isso é en­
faticamente sugerido pelo outro uso que Jesus fez da metáfora da
árvore com seus frutos: “A árvore é reconhecida por seu fruto. Raça
de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois
a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom do seu bom
tesouro tira coisas boas, e o homem mau do seu mau tesouro tira
Série crescimento espiritual 80
mestres da lei não alegavam ter autoridade. Eles compreendiam seu
dever em termos de fidelidade à tradição que haviam recebido. En­
tão, mergulharam em comentários, pesquisando por precedentes,
reivindicavam o apoio de nomes famosos dentre os rabis. A única
autoridade que possuíam residia somente nas autoridades que eram
constantemente citadas. Jesus, de outra forma, não recebeu a edu­
cação de um escriba, escandalizou os costumes estabelecidos ao varrer
a tradição dos mestres da lei, não possuía reverência pelas convenções
sociais e conversava com espontaneidade, o que cativou a alguns e
enfureceu a outros. A. B. Bruce resumiu a diferença entre Jesus e os
mestres da lei ao dizer que os escribas falavam “pela autoridade”,
enquanto Jesus “falou com autoridade” (Synoptic Gospels, p. 136). Se
ele não ensinou como os mestres da lei, ele também não ensinou
como os profetas do Antigo Testamento. A forma mais comum com
que os profetas introduziam seus oráculos era a conhecida: “Assim
diz o Senhor” e Jesus nunca a utilizou. Em vez disso, ele iniciava
desta maneira: ”Digo-lhes a verdade”, consequentemente, ousando
falar em seu próprio nome e com sua própria autoridade, que ele
sabia era igual à do Pai.
Série Crescim ento E spiritual

SERMÃO
DO MONTE
i O que significa buscar em primeiro lugar o Reino
em nossos relacionamentos, valores, ambições,
finanças e compromisso com Deus?
A resposta de Jesus para essas perguntas surpreendeu os ouvintes
originais do Sermão do Monte. Neste guia de estudos, escrito por John
Stott, autor de A mensagem do Sermão do Monte, Cristianismo básico e
muitos outros títulos, você também se surpreenderá e será desafiado
pelo maior sermão já pregado.

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