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SEGUNDA CARTA

Dedico este cordel a minha Musa inspiradora


que fez desse texto cheio de amor e longe da dor, um catalisador
direto do Criador para a mesa do escritor
que parafraseia todo calor que corre e decorre pelo corpo quando eu olho no fundo
desse teus olhos marrom-café e digo amor

Teu olhar me causa vendaval


pensei até que estava olhando pra uma arte medieval
mas era perfeito demais para ser tão eventual
algo de origem astral, orbital, um Carnaval
em mim se formava, uma espécie de temporal

Aqui no céu de Ipanema crio todo poema


aquecendo toda frieza que algema e queima
Faço de carne todo fonema, alimentando a minha vontade
de te ver hoje, jogando vôlei na praia de Ipanema

Faço minha coragem suprema


como este meu lema
que soa doce feito poema
mas arde como um dilema

Dilema esse que pulsa e repuxa


de te amar de longe, então, medito feito monge
tentando, e tentando entender a fonte
para que eu a encontre e em suas águas me desmonte

Aos correios me dirijo


molhado segurando uma carta, com a mesma feição
do dia que tu me deixou sem direção
e de antemão, te digo
puxe logo esse freio de mão
antes de roubar meu coração
nesse arrastão

Quanto te amei, eu pari


naquela dia estava subindo as escadas
com essa criança que produzi
enquanto viajava em seus olhos castanhos, ao som do Bentivi

Faço este pedido ao som da fita do Bonfim


para que essa proposta se torne logo uma resposta
Ao meu convite para passear pela costa
do Rio de Janeiro, de Janeiro a Janeiro por verões e primaveras
sentados e vivendo lá por eras
Esses versos me vieram tão forte que me deixaram todo tonto
só de me ver contando este conto
na frente de todo o povo
me faz querer fugir pra qualquer canto

Então, aqui rezo e me despeço


pedindo para que toda força da natureza venha nos valer
desde Oyá a Yamanja, você se faz mar
nesse jogo que é te amar

E mesmo que você queria ganhar


como sempre, me vejo na necessidade de forjar
uma estratégia que me faça te flechar
com esse meu (alter)ego de Cupido pairando sob teu corpo
esperando para que eu possa encontrar uma brecha em seu teu coração e fogo à ele atear

(Matheus Jiupato, 2022)

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