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Versos DIARlOS de
um POETA! .
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Recife 2005
Autor: Abdias Campos
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. Quando pára no tempo, vai emboral
São cadências de tambores
Rufados ritos de amor o poeta que no meu corpo mora
Tem a fé concentrada na Palavra
Sangue pelos corredores Cada verso conjugado o Verbo lavra
De um peito batucado r A semente da terra de agorá
Arribaçãs de colina Quando canta seu canto ri e chora
Madrugadas de neblina Quando cega se espinha nos abrolhos
Num terno abraço de amigos Quando busca se acha à luz dos olhos
Quando pára no tempo, vai embora!
Aventureiros da aurora
Que vivem caindo fora Eu quero deitar no leito dos rios
Dos que Ihes trazem perigos E ver nas cascatas sal picos de luz*
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Galope à beira-mar
Na criança alegre, no filho feliz
No riso mofino de uma campesina Na cor do concriz, no bicho do mato
Na pura menina da escola rural Na galinha d'água, no pinto, no pato
No pé que resvala dentro do curral No carro-de-boi, no homem que diz
Fugindo dos pingos de uma chuva fina
Que cuida da vida como sempre quis
Na vista que alcança por sua retina
Que agradece a Deus por abençoar
O capim cortado para alimentar
A força e o brilho que tem pra lutar
O gado que anda pra lá e pra cá
No leite que molha o cuscuz de milho Fazendo lisura nos braços do dia
No trem que não desce de cima do trilho Retirando versos sem ter agonia
Eu canto galope na beira do mar Cantando galope na beira do mar
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Todo dia muda a cor Nasci criança indefesa
Do quadro da minha vida* Mas minha mãe me cuidava
Lembro dos passos qu'eu dava
Todo dia acordo cedo E lhe causava surpresa
Escutando passarinhos
O pincel, a tinta, a mesa.
Uns que já se vão dos ninhos A moldura envelhecida
Outros que estão no arvoredo
Minha idade acrescida
O sol descobre o segredo
Numa pintura de amor
Da escuridão perdida
Todo dia muda a cor
Vai ficando colorida
Do quadro da minha vida
A tela do criador
Todo dia muda a cor
No ateliê de Deus
Do quadro da minha vida
As cores são naturais
No cavalete da paz
A beleza da natura
Cada dia se renova O quadro dos sonhos meus
Desde a semente na cova Nos ensinamentos Seus
A fruta que cai madura Todo ponto é de partida
Creio em um Deus que cura Claridade evoluída
A mais dolente ferida Nessa lida de pintor
Pelo poder compelída Todo dia muda a cor
A retirar-se indolor Do quadro da minha vida.
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida. "mote de Zé de Cazuza
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A tribo do Cariri
Um caminhão de madeira
Com uma corda no eixo
O doce de quebrar queixo
Que eu comia na feira
Um galho de catingueira
Roçando no meu pescosso
O teatral alvoroço
Do namoro da galinhas
E as longas tardezinhas
Tangendo animais no roço.
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Foto: Wag'tef II1ande