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Lepidus, Páginas de revistaEdEspV8 (1) 4
Lepidus, Páginas de revistaEdEspV8 (1) 4
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Lucinara Oltramari
Naira Sanches49
48 Defensora Pública
49 Defensora Pública. Especialista em Direitos do Consumidor e Direitos Fundamentais – UFRGS. Especialista em
Direito Sanitário – Escola Superior de Saúde Pública do Rio Grande do Sul. Conselheira do Conselho Superior da Defensoria
Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
50 ALBERGARIA, Jason. Direito penitenciário e direito do menor. Belo Horizonte, Mandamentos, 1999. p. 166.
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51 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11ª edição. São Paulo, Editora Atlas, 2007. p. 89-90.
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- Código Penal
Art. 39. O trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos
os benefícios da Previdência Social.
- Lei de Execução Penal
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de
dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva.
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções
relativas à segurança e à higiene.
§ 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das
Leis do Trabalho.
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não
podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo.
§ 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender:
a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados
judicialmente e não reparados por outros meios;
b) à assistência à família;
c) a pequenas despesas pessoais;
d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção
do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação
prevista nas letras anteriores.
§ 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante
para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue
ao condenado quando posto em liberdade.
54 SCAPINI, Marco Antonio Bandeira. Prática de execução das penas privativas de liberdade. Porto Alegre, Livraria
do Advogado, 2009. p. 46.
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Assim, pelo que se deflui das disposições legais supra, o trabalho do preso
que, reitera-se, tem dupla finalidade: a educativa e a produtiva, será sempre
remunerado e, a despeito de não ser regulado pela Consolidação das Leis
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Trabalhistas – art. 29, § 2º, da Lei de Execução Penal -, lhe são garantidos os
benefícios da Previdência Social – art. 39, do Código Penal.
Renato Marcão, em seu magistério, destaca que:
55 MARCÃO, Renato. Lei de Execução Penal Anotada e Interpretada. 2ª edição. Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2006. p.
70-71.
56 Art. 126, da Lei de Execução Penal.
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– uma remuneração que deverá atender, segundo o art. 29, da LEP, à indenização
dos danos causados pelo crime (desde que determinados judicialmente e não
reparados por outros meios), ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas
com a mantença do condenado, à assistência à família e ainda, a constituir um
pecúlio (depositado em caderneta de poupança) que lhe será entregue quando do
retorno à sociedade, em socorro às suas primeiras necessidades até que possa se
reintegrar no mercado de trabalho e prover seu sustento.
E o próprio dispositivo legal supramencionado prescreve que esta
remuneração, que deve estar prevista em prévia tabela, não pode ser inferior a ¾
(três quartos) do salário mínimo, pois não mais se reconhece o:
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60 Não se obteve dados com exatidão a respeito da data de surgimento do Protocolo de Ação Conjunta, mas sabe-se que
em 1992 este instrumento já era utilizado para contratação de mão de obra prisional para exercer atividades tanto em
empresas privadas como em órgãos e empresas públicas.
61 Consoante Portaria n. 04/11 da SUSEPE, que regula os níveis atuais das ‘folhas de gratificações de apenados por
estabelecimento’.
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62 Invoca-se, a respeito, o seguinte julgado: AGRAVO EM EXECUÇÃO. PROGRESSÃO PARA O REGIME ABERTO.
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE CARTA DE EMPREGO IMEDIATO. No caso em tela, o art. 114, I, da LEP é claro
ao exigir que o condenado para ingressar no regime aberto deverá estar trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo
imediatamente. Não há que se falar em flexibilização do dispositivo legal, pois o trabalho é uma ‘conditio sine qua non’ para o
ingresso no regime aberto. Portanto, a decisão recorrida deve ser mantida. AGRAVO DEFENSIVO IMPROVIDO. UNÂNIME.
(Agravo Nº 70048933618, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator Des. Ivan Leomar Bruxel, julgado em
12/07/2012).
63 ZACARIAS, André Eduardo de Carvalho. Execução Penal Comentada. , 2ª ed. São Paulo, Tend Ler, 2006.
64 No entanto, estabelecem as Regras Mínimas da ONU a necessidade de providências para indenizar os presos pelo
acidente do trabalho ou em enfermidades profissionais em condições similares àquelas que a lei dispõe para o trabalhador
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Sobre a vedação de o trabalho ser gratuito (ou seja, não remunerado), ainda
que imposto pelo Estado e mesmo em se tratando de preso em cumprimento de
pena corporal, sob pena de configurar trabalho escravo, anotou o Ministro Luiz
Vicente Cernicchiaro que:
Extinta a escravatura, não faz sentido o trabalho gratuito, ainda que imposto
pelo Estado, mesmo na execução da sentença criminal. A remuneração do
trabalho está definitivamente assentada. O Direito Penal virou também a
página da história. O Código Criminal do Império estatuía no art. 46: 'A pena
de prisão com trabalho obrigará os réus a ocuparem-se diariamente no
trabalho que lhes for designado dentro dos recintos das prisões, na
conformidade das sentenças e dos regulamentos policiais das mesmas
prisões'. A superação do trabalho gratuito caminha paralelamente à rejeição
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do confisco de bens .
livre (n. 74.2). Da mesma forma, a legislação interna protege essa orientação ao incluir, dentre os direitos do preso, os da
"Previdência Social" (arts. 39 do CP e 41, III, da LEP).
65 CAPEZ, Fernando. Execução Penal. 9ª ed. São Paulo, Ed. Paloma, 2003. p. 36 e 77-78.
66 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: parte geral e parte especial. 4ª ed., rev. atual. ampl. São
Paulo, Revista do Tribunais, 2008. p. 399-400.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, a despeito de sua relevância, deve-se considerar que, como antes
mencionado, parcela dos rendimentos do trabalho do recluso, por força da natureza
jurídica do instituto do trabalho, se destina à constituição de um pecúlio (que ficaria
depositado em conta-poupança), que deve lhe ser alcançado quando da sua
liberdade (definitiva ou condicional), como meio de prover o sustento próprio e da
sua família, durante a busca por realocação no mercado de trabalho, razão por que
o não pagamento da remuneração, na forma em que prevista no art. 29, da LEP,
implica, por consectário lógico, o total desamparo financeiro do egresso, novamente
falhando o Estado com seu dever legal, a contribuir diretamente no fenômeno da
recidiva criminal. E esta responsabilidade pode, sustenta-se, ser perseguida perante
o juízo comum cível (em demanda indenizatória ou de cobrança, v.g.) ou,
considerando a nova redação do art. 114, da Constituição Federal, trazida pela
Emenda Constitucional n. 45, de 30/12/2004, tratando-se de efetiva relação de
trabalho69, ensejar ajuizamento de reclamação perante a Justiça do Trabalho.
4 REFERÊNCIAS
67 TJ/RS. Apelação nº. 25042/2008. Rel. Des. Claudio Dell Orto, julgada em 08/07/2008, pela Décima Oitava Câmara
Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
68 TJ/RS. Apelação nº. 06171/2008. Rel. Des. Paulo Gustavo Horta, julgada em 04/03/2008, pela Quinta Câmara Cível
do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
69 Certamente que, no ponto, a circunstância de a LEP afastar a aplicação da Consolidação das Leis do Trabalho deverá
ser sopesada e ponderada, sob um viés constitucional, não podendo, contudo, afastar, de plano, a competência da justiça do
trabalho (absoluta, porque material) na espécie.
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CAPEZ, Fernando. Execução Penal. 9ª ed. São Paulo, Ed. Paloma, 2003. p. 36 e
77-78.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal. 11ª edição. São Paulo, Editora Atlas,
2007. p. 89-90.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal: parte geral e parte especial.
4ª ed., rev. atual. ampl. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2008. p. 399-400.
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