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03/02/2024

Conceito

ORÇAMENTO PÚBLICO

Fundamentos e Princípios
Orçamentários

Orçamento Público

• Legislação:
– Lei 4.320 de 1964; Fundamentos Orçamentários
– Constituição Federal de 1988 (artigos 165 a 169);
– Lei Complementar n. 101 de 04 de maio de • Fundamentos que regem o orçamento público
2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF). e servem de base e orientação para os
– Através da Emenda Constitucional 95/2016 foi instituído o
Novo Regime Fiscal, denominado “Teto de Gastos”, fixa princípios
limites individualizados para as despesas primárias. Os
limites são corrigidos anualmente de acordo com a Controle;
variação do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) Transparência;
Planejamento.
• Lei 4.320 de 1964:
Art. 2º. A Lei de Orçamento conterá a discriminação da receita e
despesa de forma a evidenciar a política econômica, financeira e
programa de trabalho do governo, obedecidos os princípios de
unidade, universalidade e anualidade.

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Fundamentos: CONTROLE Fundamentos: CONTROLE


• Meio do Poder Legislativo e da sociedade controlarem a • Além disso, qualquer cidadão, partido político,
Administração Pública.
associação ou sindicato podem apresentar
• A legislação brasileira dispõe de uma série de mecanismos
que abrem oportunidade para o controle social. Há denúncias aos tribunais de contas sobre desvios e
exigência de que todos os atos públicos tenham a devida irregularidades na gestão dos recursos públicos
publicidade (art. 37, caput, da Constituição Federal), de (CF, art. 74, §2º).
que haja audiências públicas para discutir a proposta
orçamentária, bem como a sua execução (LC 101/00, art. • O orçamento público, ao consolidar todas as
9º, § 4º, art. 48, parágrafo único), de que os cidadãos receitas e despesas Públicas, constitui, portanto,
tenham pleno acesso à informação sobre as decisões
públicas (CF, art. 5º, XIV e Lei de Acesso à Informação, Lei um dos principais instrumentos para que o
nº 12.527/11), de que os atos administrativos sejam controle social, além do controle parlamentar, se
fundamentados, explicitando-se as razões e os efetivem.
fundamentos legais para tanto.

Fundamentos: TRANSPARÊNCIA Fundamentos: TRANSPARÊNCIA


• Como o orçamento público é a autorização • Por isso, quando se mede o grau de
legislativa para que os órgãos da transparência do orçamento, sempre se exige
administração pública possam realizar que exista um “orçamento cidadão”, isto
dispêndios, essa peça deve ser amplamente é, uma peça que apresente as informações
debatida e discutida com a sociedade e estar
facilmente disponível. mais relevantes do orçamento de uma forma
que seja compreensível para qualquer cidadão
• Além disso, é recomendável que ela seja
compreensível para um amplo público, não medianamente educado e não especializado
apenas para os especialistas no assunto. em matérias orçamentárias.

Fundamentos: TRANSPARÊNCIA Fundamentos: PLANEJAMENTO


• Sem transparência, as oportunidades de fraudes, • O orçamento público é uma peça fundamental
de corrupção e de escolhas de prioridades que do planejamento governamental.
atendem apenas os interesses de uma minoria
são potencializadas. • Além de gastar os recursos públicos, é preciso
• A transparência também é útil para governos que planejar, especificar com clareza os itens de
precisam obter financiamentos no mercado despesa e a sintonia das despesas com as
financeiro. Quanto mais explícita a política fiscal, metas e objetivos públicos.
quanto mais bem informados os credores sobre a
solvência do governo, menores as taxas de riscos
embutidas nas taxas de juros.

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Princípios Orçamentários Princípios Orçamentários


"é um conjunto de proposições orientadoras que balizam os
processos e as práticas orçamentárias, com vistas a dar-lhe
estabilidade e consistência, sobretudo ao que se refere a
sua transparência e ao seu controle pelo Poder Legislativo e
demais instituições da sociedade...". (SANCHES, 1997 apud
ENAP, 2013).

• "esses princípios não têm caráter absoluto ou


dogmático, mas constituem categorias históricas e, como
tais, estão sujeitos a transformações e modificações em seu
conceito e significação". (SILVA, 1992, apud ENAP, 2013).

Princípios Orçamentários Princípio da Unidade


A) Princípio da Unidade; • O orçamento deve ser uno, isto é, cada unidade
B) Princípio da Universalidade; governamental deve ter apenas um orçamento. Todas
C) Princípio do Orçamento Bruto; as receitas e todas as despesas devem estar contidas
em uma só Lei Orçamentária.
D) Princípio da Anualidade ou periodicidade;
• Não deve haver orçamento paralelo.
E) Princípio da não afetação das receitas;
F) Princípio da discriminação ou especialização; • Lei 4320/64 - Art. 2° - A Lei do Orçamento conterá a
G) Princípio da exclusividade; discriminação da receita e despesa de forma a
H) Princípio do equilíbrio; evidenciar a política econômica, financeira e o
I) Outros Princípios: da clareza; da publicidade; da programa de trabalho do Governo, obedecidos os
exatidão. princípios de unidade, universalidade e anualidade.

Princípio da Unidade Princípio da Unidade


• Princípio da unidade nem sempre foi A Constituição de 1998 trouxe melhor
cumprido. entendimento para a questão. Definiu que o
orçamento anual seria composto pelas seguintes
• A doutrina conceituou o princípio da unidade partes:
de forma mais abrangente e estabeleceu o • Orçamento fiscal: compreendendo as receitas e
Princípio da Totalidade, que permite a despesas de todas as unidades e entidades da
coexistência de múltiplos orçamentos que, no administração direta e indireta;
entanto, devem sofrer consolidação de forma • Orçamento de Investimento das empresas
que permita ao governo uma visão geral do estatais;
conjunto das finanças públicas. • Orçamento das entidades de seguridade social.
• Esse modelo segue a concepção de totalidade
orçamentária.

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Constituição Federal 1988, § 5º do art. 165: A lei


orçamentária anual compreenderá:

ADMINISTRAÇÃO DIRETA – conjunto de órgãos que


integram as pessoas federativas (União, Estados, DF e Princípio da Universalidade
Municípios), aos quais foi atribuída a competência para
o exercício, de forma centralizada, das atividades O orçamento (único para cada ente da federação) deve conter
administrativas do Estado. todas as receitas e todas as despesas de todos os
Poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas
e mantidas pelo poder público.
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA – conjunto de pessoas  TODAS as receitas e TODAS despesas devem ser incluídas
administrativas (autarquias, fundações públicas de na LOA, não podendo haver omissão.
direito público, fundações públicas de direito privado,  NENHUMA despesa pode ser realizada sem autorização
sociedades de economia mista e empresas públicas) legislativa.
que, vinculadas à Administração Direta, têm a
competência para o exercício de forma descentralizada • Este princípio requer que a situação das finanças públicas
de atividades administrativas. esteja representada no orçamento e este deve demonstrar
a origem e a destinação dos recursos públicos.

Princípio da Universalidade Princípio da Universalidade


• Essa regra é indispensável para o controle • Por conta da interpretação desse princípio, os
parlamentar sobre as finanças públicas. orçamentos da União incorporam receitas e despesas
meramente contábeis, como, por exemplo, a rolagem
Possibilita ao Legislativo: dos títulos da dívida pública.
 Conhecer a priori todas as receitas e despesas do Daí os valores globais dos orçamentos ficarem
governo e dar prévia autorização para a respectiva superestimados, não refletindo o verdadeiro impacto
arrecadação e realização; dos gastos públicos na economia. Tal ideia se reflete no
art. 3º da Lei nº 4.320, de 1964, transcrito a seguir:
 Impedir que o Executivo realize qualquer operação de
receita e despesa sem prévia autorização parlamentar;
 Conhecer o volume global exato das despesas Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as
projetadas pelo governo, a fim de autorizar a cobrança receitas, inclusive as de operações de crédito
dos tributos estritamente necessários para atendê-las. autorizadas em lei.

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Princípio da Anualidade ou
Princípio do Orçamento Bruto
Periodicidade
• O orçamento deve ter vigência limitada a um • Determina que todas as receitas e despesa
exercício financeiro. Conforme a legislação devem constar na peça orçamentária com seus
brasileira, o exercício financeiro precisa coincidir valores brutos e não líquidos.
com o ano civil (art. 34 da Lei no 4.320/64). • Esse princípio também está previsto na Lei nº
– A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) vem reforçar
4.320, de 1964, em seu art. 6º, que veda
esse princípio ao estabelecer que as obrigações qualquer dedução dos valores de receitas e
assumidas no exercício sejam compatíveis com os despesas que constem dos orçamentos.
recursos financeiros obtidos no mesmo exercício. • Este princípio surgiu junto ao da universalidade.
• As despesas de capital, no entanto, integram Ambos visam permitir que o Congresso tenha
controle sobre o orçamento
orçamentos plurianuais (Plano Plurianual – PPA).

Princípio da não afetação (não Princípio da não afetação (não


vinculação) das receitas vinculação) das receitas
• Segundo esse princípio, nenhuma parcela da receita • CF, Art. 167. São vedados:
poderá ser reservada ou comprometida para atender a • IV - a vinculação de receita de impostos a órgão,
certos ou determinados gastos. fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do produto
• Em termos legais, a Constituição Federal, em seu art. da arrecadação dos impostos a que se referem os arts.
167, inciso IV, veda a vinculação de receita de impostos 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e
a uma determinada despesa, as exceções previstas serviços públicos de saúde, para manutenção e
referem-se à repartição de receitas em razão dos desenvolvimento do ensino e para realização de
fundos de participação dos estados e municípios, bem atividades da administração tributária, como
como aqueles direcionados às ações e serviços determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º,
públicos de saúde, manutenção e desenvolvimento do 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações
ensino, realização de atividades da administração de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
tributária e prestação de garantias às operações de 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;
crédito por antecipação de receita.

Princípio da não afetação (não Princípio da não afetação (não


vinculação) das receitas vinculação) das receitas
• Trade-off entre flexibilidade e controle orçamentário:
• Se por um lado as vinculações exercem um controle
sobre a atuação do Poder Executivo nas decisões de
gasto, garantindo recursos para despesas consideradas
essenciais, por outro,
• Retira do administrador público a margem de manobra
Qual o problema com a vinculação de para alocar os recursos de acordo com as prioridades
da conjuntura.
receitas? • Para que a política fiscal possa ser usada como política
anti-cíclica de estímulos ao aumento da demanda e à
geração de empregos em situação de crise, deve haver
flexibilidade alocativa dos recursos orçamentários.

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Princípio da não afetação (não Princípio da não afetação (não


vinculação) das receitas vinculação) das receitas
• A CF circunscreve essa proibição somente aos • As despesas obrigatórias são obrigações a todos
os entes federativos de gastos mínimos em
“impostos”. determinada área social.
• Paralelamente, a CF considera • As despesas obrigatórias exigem que o gasto
“erroneamente” as repartições para os entes ocorra em determinado exercício financeiro.
federados e as despesas obrigatórias como • Já as vinculações podem ter os recursos utilizados
em exercícios diversos do arrecadado, desde que
vinculações. respeitado o vínculo estabelecido entre receita e
– Despesas obrigatórias são diferentes de despesa.
vinculações. • Exemplos típicos de despesas obrigatórias estão
na saúde e na educação.

Princípio da não afetação (não Princípio da não afetação (não


vinculação) das receitas vinculação) das receitas
• A observância desse princípio sempre foi • Tal flexibilidade no orçamento federal é
problemática no Brasil. afetada por 2 tipos de restrições:
– pelo excessivo grau de vinculação de receitas; e,
– pelo elevado nível de despesas constitucional e
legalmente obrigatórias.

Princípio da não afetação (não


Roteiro da elaboração do orçamento
vinculação) das receitas
• Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca
menos de dezoito, e os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios vinte e cinco por
cento, no mínimo, da receita resultante de
impostos, compreendida a proveniente de
transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino.

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