Você está na página 1de 27

Bens Públicos

Conceitos a reter

• Falha de mercado
• Bem público puro
– Definição
– Não rivalidade
– Não exclusão
– Disposição marginal a pagar
– Provisão ótima (ou eficiente): condição de Samuelson
– Equilíbrio
– Preços fiscais e de Lindahl

UMA 3
Papel dos preços em mercados competitivos

• Oferta:
– Condições de produção das empresas (agregação dos custos marginais
privados)
• Procura:
– Agregação das procuras individuais (preferências e preços) dos consumidores
• Preço de equilíbrio: igualdade entre a oferta e a procura
– Preços: financiam produtores, racionam consumo, veiculam informação sobre
escassez relativa e sobre os custos de produção.

Conclusão: Os mercados quando competitivos (e verificando-se certas


características) são um poderoso e eficiente mecanismo de alocação de
recursos.

4
Enquadramento normativo do papel do setor
público
• Contudo:
– Há mercados não competitivos;
– Há bens públicos;
– Há externalidades;
– Há informação assimétrica.

Na presença de alguma destas características os mercados


falham, ou seja, são ineficientes, o que sugere a Primeira
Racionalidade para a intervenção do Estado em uma economia
mista.

5
Enquadramento normativo do papel do setor
público (cont.)
Mas:
• Mesmo que os mercados fossem eficientes podem não ser justos.
• Os níveis de bem-estar resultantes do mercado dependem da
distribuição inicial de direitos de propriedade.

Uma Segunda Racionalidade para a intervenção do Estado na


economia é a de alcançar uma sociedade mais justa.

6
Falhas de mercado
Conceito:
• Situação em que existe um bem ou serviço, que afeta o bem-estar
dos indivíduos (argumento da função utilidade) ou que afeta os
custos de uma empresa (argumento da função de produção),
para o qual há pelo menos um preço ao qual certos agentes estão
dispostos a vender e outros a comprar.
– Falha total: Não há mercado para esse bem.
– Falha parcial: Há mercado, mas a quantidade transacionada
(de equilíbrio) é inferior à quantidade ótima.

7
Falhas de mercado

Razões:
• Ausência de mercados concorrenciais (imperfeições na
concorrência: monopólio, oligopólio, concorrência
monopolista);
• Situações de informação assimétrica entre os agentes
econômicos.
• Existência de bens públicos;
• Existência de externalidades;

8
Falhas de mercado

Significado e consequências:
• Quando há falhas de mercado significa que há
ineficiências.
• Esses são, portanto, o primeiro fundamento para a
necessidade de intervenção do Estado na economia:
melhorar a eficiência na alocação de recursos.

9
Bens públicos versus bens privados

• Bens públicos definem-se em função de duas


características:
– Rivalidade no consumo
– Exclusão

10
Rivalidade no consumo

• O consumo é rival se o consumo de um bem (ou serviço) por


parte de um indivíduo impossibilita outro de o consumir
– Exemplo: pedaço de pizza
• Se dois indivíduos (1 e 2) desejam consumir um bem rival X, o
consumo conjunto será a soma do que cada um consome:
– X1 + X2 = X
• No caso dos bens privados o consumo é rival

11
Não rivalidade no consumo

• O consumo é não rival se o consumo por parte de um


indivíduo em nada subtrai a quantidade disponível para os
restantes indivíduos consumirem
– Exemplo: defesa nacional
• Se dois indivíduos consomem o bem, o consumo total é igual
ao consumo de cada um:
– Y1 = Y2 = Y
• Nos bens públicos puros o consumo é não rival

12
Exclusão

• Um bem é passível de exclusão se é possível excluir um


indivíduo do consumo do bem
• Nos bens privados há possibilidade de exclusão
– O mecanismo de exclusão é o mercado, através do sistema de preços

13
Condições para se praticar a exclusão

• Possibilidade legal (direitos de propriedade)


– Exemplo de impossibilidade legal: as praias
• Viabilidade tecnológica
– Exemplo de impossibilidade tecnológica: farol
• Razoabilidade econômica
– Exemplo de não razoabilidade econômica: uma ponte não
congestionada, as vias públicas em horário de rush.

14
Bem público puro

• Definição:
– Um bem público puro é aquele em que, para a
totalidade dos indivíduos:
• não existe rivalidade no consumo
• a exclusão ou não é possível ou, caso seja possível, não
é desejável
– Não havendo rivalidade no consumo, o custo adicional de se
ter mais um indivíduo consumindo o bem público é nulo - o
racionamento de um bem não congestionado é ineficiente
(slide seguinte)

15
Bens Públicos Puros e Impuros
O bem é rival no consumo?

Sim Não
O bem é excludente?

Sim Bem privado Bem público impuro


(sorvete) (TV à cabo)

Não Bem público impuro Bem público puro


(via urbana congestionada) (defesa nacional)
Bens públicos e falhas de mercado
• Exclusão de um bem não-rival: ineficiência
econômica
• Custo marginal de utilização do bem é nulo e o
benefício marginal pelo uso é positivo
• Impondo um preço (positivo), temos uma
situação de ineficiência (falha de mercado):
preço > custo marginal
• A cobrança resulta em subconsumo
Bens públicos e falhas de mercado
• Mas, se não há cobrança para um bem não-
rival, não há incentivo para ofertar o bem.
Neste caso, a ineficiência assume a forma de
sub-oferta.
• Assim, há duas formas de falhas de mercado
associado com bens públicos: SUBCONSUMO
E SUB-OFERTA.
Preço de Lindahl

• Eric Lindahl, 1919.


• Uma abordagem para financiar os bens
públicos pela qual os indivíduos revelam sua
disposição a pagar para cada unidade
adicional de bem público e o governo cobra de
cada um de acordo com essa disposição, para
financiar o bem público.
• Lindahl sugere que se possa construir uma
curva de demanda por bens públicos
perguntando a cada indivíduo sobre sua
disposição a pagar para cada nível diferente
do bem.
• Suponha que se tenha um bem público: fogos
de artifício
• Custo marginal constante de R$ 1,00.
• Este bem público será financiado por 2
pessoas: Ava e Jack.
• O bem público será fornecido em igual
quantidade para os dois indivíduos.
1) O governo anuncia um conjunto de preços para o bem público,
o preço de Lindahl.
2) Cada indivíduo anuncia quanto do bem público irá querer a este
preço.
3) O governo repete esse procedimento para construir a curva de
disposição marginal a pagar para cada indivíduo, que mostra a
relação entre disposição a pagar e quantidade do bem desejada.
4) O governo soma as disposições a pagar individuais para cada
quantidade do bem público fornecida, para chegar a uma curva
de demanda social.
5) O governo relaciona essa curva de demanda social com a curva
de custo marginal para o bem público para encontrar a
quantidade ótima.
6) O governo, então, financia esse bem público cobrando de cada
indivíduo de acordo com suas disposições a pagar pelo bem.
• Vide gráfico
• Este é um equilíbrio por 2 razões:
• Primeiro: Ava e Jack estão felizes: eles são satisfeitos em pagar
para ter os 75 fogos.
• Segundo, o governo cobriu o CMg de fornecer os fogos cobrando
de cada um o que eles estão dispostos a contribuir.
• O preço de Lindahl corresponde ao conceito de Taxação de
benefícios, que ocorre quando os indivíduos estão sendo taxados
pelo bem público de acordo com a avaliação do benefício que
recebem do bem.
• Importante, o equilíbrio é o nível eficiente de provisão do bem
público, a soma dos benefícios marginais do bem público igual ao
custo marginal.
Problema com preço de Lindahl
• Problema com revelação de preferências:
indivíduos não tem incentivo a revelar suas
preferências;
• Dificuldade em conhecer as preferências;
• Dificulade em agregar as preferências.
Exercício
• Álvaro, Beatriz e Carlos valoram proteção policial
de forma diferente. A demanda de Álvaro por
este bem público é Q=55-5P; a demanda de
Beatriz é Q=80-4P e a demanda de Carlos é
Q=100-10P. Se o custo marginal de prover
proteção policial é $13,5 qual é o nível
socialmente ótimo de proteção policial? Sob o
preço de Lindahl, qual parcela da carga tributária
cada uma das três pessoas deveria pagar?

Você também pode gostar