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EFICIÊNCIA EM MERCADOS PERFEITAMENTE COMPETITIVOS

• MUITOS ECONOMISTAS PARTILHAM DA CRENÇA DE QUE A


ECONOMIA DE LIVRE MERCADO É A ÚNICA FORMA DE
ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA QUE TEM CERTAS
CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS, EM PARTICULAR, QUE
ESSE TIPO DE ORGANIZAÇÃO DAS DECISÕES ECONÔMICAS
LEVA À UMA ALOCAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS
(PARETO-ÓTIMO).
Em homenagem ao grande economista e sociólogo italiano Vilfredo
Pareto (1848-1923).
As alocações de
recursos que possuem a propriedade de que ninguém pode melhorar
sem alguém piore são
chamadas de Pareto Eficiente ou Pareto ótima.
Pareto eficiente é o que os economistas
normalmente querem dizer quando falam sobre a eficiência.

• SE ISSO É VERDADE, ENTÃO SE COLOCA A QUESTÃO DE


POR QUE É NECESSÁRIO O GOVERNO?
• EM PRINCÍPIO, COMO ARGUMENTOU ADAM SMITH, AS
PESSOAS MOVIDAS PELO AUTO-INTERESSE GERAM
INDIRETAMENTE O INTERESSE PÚBLICO COMO SE FOSSEM
MOVIDOS POR UMA MÃO INVISÍVEL, ASSIM COMO, GERAM
UMA ALOCAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS NA ECONOMIA,
NUM ÓTIMO PARETO. O BEM-ESTAR SOCIAL E INDIVIUAL É
PARETO-MAXIMIZADO.
• TODAVIA, UMA RESPOSTA MAIS ABRANGENTE A ESSA
INDAGAÇÃO NO CONTEXTO DE UMA ECONOMIA DE
MERCADO, PROVÉM, COMO VEREMOS, DA ANÁLISE DOS
ACERTOS E DAS FALHAS DOS MERCADOS PRIVADOS.

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• ASSIM SENDO, EM PRIMEIRO LUGAR CABE CARACTERIZAR :
• QUAL É O SENTIDO DA
EFICIÊNCIA DOS MERCADOS COMPETITIVOS PRIVADOS.
• (1) EM MERCADOS PERFEITAMENTE COMPETITIVOS
OCORRE O EQUILÍBRIO GERAL COMPETITIVO:
# ASSUMINDO OS PRESSUPOSTOS DE UMA ECONOMIA
PERFEITAMENTE COMPETITIVA , TIPO ARROW-DEBREU.
# O COMPORTAMENTO DOS AGENTES ECONÔMICOS SE
CARACTERIZA POR SER COMPETITIVO, NO SENTIDO DE QUE
INDIVÍDUOS E FIRMAS TOMAM OS PREÇOS COMO DADOS
QUANDO EFETUAM SUAS DECISÕES, AS QUAIS BUSCAM A
MAXIMIZAÇÃO DE UTILIDADE (PELOS INDIVÍDUOS) E A
MAXIMIZAÇÃO DOS LUCROS (PELAS FIRMAS).
# OS PREÇOS FORAM AJUSTADOS PARA ELIMINAR
QUALQUER EXCESSO DE DEMANDA OU OFERTA, DE FORMA QUE
HÁ O EQUILÍBRIO SIMULTÂNEO EM TODOS OS MERCADOS.
SOBRE O CRITÉRIO EFICIÊNCIA DE PARETO

• O CRITÉRIO DE EFICIÊNCIA UTILIZADO NO JULGAMENTO DE


MERCADOS (COMPETITIVOS) É O CONCEITO DE PARETO-
ÓTIMO. SUBJACENTE AO CRITÉRIO DE PARETO ESTÃO OS
SEGUINTES VALORES DE JULGAMENTO:
• (1) NÃO HÁ SOCIEDADE ACIMA E ALÉM DO INDIVÍDUO. ASSIM,
AO EFETUARMOS JULGAMENTOS DE VALOR, DEVEREMOS
ESTAR INTERESSADOS SOMENTE NO BEM-ESTAR DE
INDIVÍDUOS. E, A SOCIEDADE É SIMPLESMENTE A SOMA
DOS INDIVÍDUOS.

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• (2) OS INDIVÍDUOS SÃO OS MELHORES JUÍZES DE SEU
PRÓPRIO BEM-ESTAR E ESCOLHEM O MELHOR PARA SI
PRÓPRIOS.
• (3) O BEM-ESTAR SOCIAL PODE SER DITO COMO TER
AUMENTADO SE O BEM-ESTAR DE UMA PESSOA MELHOROU
SEM NINGUÉM TER PIORADO O SEU BEM-ESTAR. NÃO HÁ
AMBIGUIDADE NESSE TIPO DE JULGAMENTO DE VALOR.
EM SUMA A NOÇÃO DE EFICIÊNCIA DE PARETO É DE
CARÁTER INDIVIDUALISTA:
# DIZ RESPEITO SOMENTE AO BEM-ESTAR DE CADA
INDIVÍDUO, ISTO É, VALE SOMENTE A PERCEPÇÃO INDIVIDUAL
SOBRE SEU BEM-ESTAR E NÃO AO BEM-ESTAR RELATIVO A
INDIVÍDUOS DIFERENTES. ISTO É, NÃO DIZ RESPEITO À
DESIGUALDADE DIRETAMENTE.
# O JULGAMENTO DE VALOR (3) É CRUCIAL E DEFINE O QUE
SE ENTENDE POR INEFICIÊNCIA E EFICIÊNCIA DE PARETO:
UMA ECONOMIA EFICIENTE É AQUELA NA QUAL, DADA A
ALOCAÇÃO EXISTENTE DE RECURSOS (INSUMOS) NA
PRODUÇÃO E DE PRODUTOS NO CONSUMO, SE TORNA
IMPOSSÍVEL MELHORAR ALGUÉM (CONSUMIDOR OU
PRODUTOR) SEM PIORAR OUTRÉM MEDIANTE UMA
REALOCAÇÃO DE INSUMOS E/OU PRODUTOS.

Os teoremas fundamentais da economia do bem-estar

A relação entre os mercados competitivos e a eficiência de Pareto é


descrita pelos teoremas fundamentais do bem-estar.

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O primeiro teorema do bem-estar nos diz que se a economia é
competitiva, ela é Pareto eficiente.
O segundo teorema do bem-estar faz a pergunta inversa.
Existem muitas distribuições eficientes de Pareto. Ao transferir a
riqueza de um indivíduo a outro, fazemos com que o segundo
indivíduo melhore e o primeiro piore.
Depois de realizarmos a distribuição de riqueza, se deixarmos as
forças da concorrência atuarem livremente, vamos obter uma
alocação Pareto eficiente dos recursos, que será diferente da
alocação antiga.
Por exemplo, se transferirmos renda de quem gosta de sorvete de
chocolate para quem gosta de sorvete de baunilha, no novo
equilíbrio, serão produzidos mais sorvetes de baunilha e menos de
chocolate. Mas, no novo equilíbrio ninguém poderá melhorar sem
piorar a situação de alguém.

Suponha que se queira obter uma distribuição especial.


Por exemplo, que estejamos preocupados com os idosos. O
segundo teorema fundamental da economia do bem-estar diz que a
única coisa que o governo precisa fazer é redistribuir a riqueza
inicial e deixar o resto para o mercado competitivo.
Pode-se obter a alocação Pareto eficiente de recursos através do
mercado competitivo com uma redistribuição de riqueza inicial.
Dessa forma, se não estamos satisfeitos com a distribuição de
renda gerada pelo mercado competitivo, não precisamos
abandonar o uso do mecanismo de mercado.
O segundo teorema fundamental da economia do bem-estar, diz
que, para atingir uma alocação eficiente de recursos, com a
distribuição desejada de lucro, não é necessário ter um planejador
central: empresas competitivas, na tentativa de maximizar os seus
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lucros, podem fazer bem melhor do que todos possíveis
planejadores centrais.
Este teorema proporciona, assim, uma importante justificativa para
a dependência do mecanismo de mercado.
Ou seja, se as condições assumidas no segundo teorema do bem-
estar forem válidas, o estudo das finanças públicas pode ser
limitado a uma análise de políticas governamentais apropriadas de
redistribuição de recursos.

Uma vez que vamos nos preocupar com a compreensão de por que
em
algumas circunstâncias mercado competitivo não levam a
eficiência, precisamos primeiro
entender por que a concorrência em condições ideais leva à
eficiência.

Eficiência a partir da perspectiva de um único mercado

Podemos ver por que a concorrência resulta em eficiência


econômica utilizando as curvas de oferta e demanda.
A curva de demanda individual fornece as quantidades do bem que
o indivíduo demanda a cada preço.
A curva de demanda do mercado soma as curvas de demanda de
todos os indivíduos: ela fornece a quantidade total do bem que os
indivíduos na economia estão dispostos a comprar, a cada preço
A curva de demanda é, normalmente, negativamente inclinada, com
o aumento dos preços, a demanda é menor.
Na decisão de quanto demandar, os indivíduos igualam o benefício
marginal que recebem com o consumo de uma unidade extra com
o custo marginal da compra de uma unidade extra.
O custo marginal é o preço que têm de pagar.

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Bmg = CMg = P

A curva de oferta representa a quantidade de bens que a empresa está


disposta a ofertar a cada preço.
A curva de oferta do mercado é a soma das curvas de oferta individuais.
A curva de oferta é positivamente inclinada. Quanto maior o preço,
maior a disposição da firma em fornecer mais do bem.

Para decidir o quanto produzir, as firmas igualam a Receita Marginal de


produzir uma unidade extra do bem, que é igual ao preço que recebem
pelo bem, ao custo marginal de produzir essa unidade extra.
RMg = CMg = preço
A

A eficiência exige que o benefício marginal associado com a produção


de uma unidade adicional do bem seja igual ao seu custo marginal.
Quanto o benefício marginal
excede o custo marginal, a sociedade ganharia se produzisse mais do
bem; e se o benefício
marginal foi menor do que o custo marginal, a sociedade ganharia com
a redução da produção
do bem.

Equilíbrio de mercado ocorre no ponto em que a demanda do mercado é


igual à oferta,
o ponto E da Figura 3.1.
Neste ponto, o benefício marginal e o custo marginal são iguais ao
preço; assim o benefício marginal é igual ao custo marginal, que é

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precisamente a condição
necessária para a eficiência econômica.

ANÁLISE DE EFICIÊNCIA ECONÔMICA

Para desenvolver uma análise mais profunda, que vai além do quadro
da oferta e
demanda básica que acaba de ser apresentado:
Os economistas consideram três aspectos de
eficiência, os quais são necessários para a eficiência de Pareto.

Em primeiro lugar, a economia


deve atingir a EFICIÊNCIA DE TROCA, isto é, quaisquer bens que são
produzidos devem ir para as
pessoas que os valorizam mais. Se eu gosto de sorvete de chocolate e
você gosta de sorvete de baunilha, eu deveria receber o sorvete de
chocolate e você o sorvete de baunilha.

Em segundo lugar, deve haver a EFICIÊNCIA DA PRODUÇÃO, dado


os recursos da sociedade, a
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produção de um bem não pode aumentar sem que diminua a produção
de outro bem.

Em terceiro lugar, a economia deve atingir a EFICIÊNCIA DO


CONJUNTO DE PRODUTOS para que os
bens produzidos pela economia correspondam aos desejados pelos
indivíduos. Se os
indivíduos valorizam sorvete muito mais em relação às maçãs, e, se o
custo de produção de
sorvete é baixo em relação à produção de maçãs, então, mais sorveres
devem ser produzidos.

Para entender esses três aspectos da eficiência, será necessário o


conceito de curva de possibilidade de utilidade.

CURVA DE POSSIBILIDADE DE UTILIDADE


Utilidade é o benefício que o consumidor recebe pelo consumo de
determinado bem.
Quanto maior o consumo do bem, maior a utilidade recebida.
A figura abaixo mostra uma fronteira de possibilidade de utilidade
para dois consumidores, mostrando o nível máximo de utilidade de
um consumidor, dado o nível de utilidade do outro (e vice-versa).

Lembrando do conceito de eficiência de Pareto, no ponto de eficiência,


não podemos aumentar a utilidade de um consumidor, sem diminuir a
utilidade do outro.

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Ou seja, não podemos aumentar a utilidade de Crusoé, sem diminuir a
utilidade de Sexta-feira. Ao longo da fronteira, não é possível que
Crusoé consuma mais ao menos que Sexta-feira consuma menos.
Ou seja, se uma economia é Pareto eficiente, ela deve operar ao longo
da fronteira de possibilidade de utilidades.

Se a economia estiver operando num ponto abaixo da fronteira de


possibilidades de
utilidade, tal como no ponto A na Figura 3.2, seria possível aumentar a
utilidade de Friday ou
Crusoé sem diminuir a utilidade do outro, ou aumentar a utilidade dos
dois.

EFICIÊNCIA DE TROCA
Eficiência de troca refere-se à distribuição de bens.

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Dado um conjunto de bens disponíveis, a eficiência de troca
estabelece que esses bens sejam distribuídos de modo que
ninguém pode melhorar sem que o outro piore.
A eficiência de troca exige que não há espaço para negociações ou
troca que fariam ambas as partes melhorarem, ou seja, todos os
indivíduos tem a mesma taxa marginal de substitiução.
TMS é a quantidade de um bem que um indivíduo está disposto a
abrir mão em troca de uma unidade de outro bem.
Se as TMS forem diferentes, haverá espaço para um acordo.
Por exemplo: se um indivíduo está disposto a abrir mão de uma laranja
em troca de uma maça, enquanto o outro está disposto a abrir mão de
três maças em troca de uma laranja, há espaço para uma troca que
beneficie os dois.
SE o primeiro dá ao segundo uma de suas laranjas, e o segundo dá ao
primeiro duas maçãs em troca da laranja, ambos estariam em melhor
situação.

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