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Campose Particulas
Campose Particulas
o
Carlos A. Aragão de Carvalho F
I. Um pouco de história
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se que a velocidade da luz era uma constante universal, assumindo o
mesmo valor, de cerca de 3 x 1010 cm/s, independentemente do observador.
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número só pode assumir dois valores, os níveis de energia negativa
estariam repletos, constituindo um “mar” de elétrons que corresponderia ao
estado de menor energia possível. Se a esse estado quiséssemos agregar
novo elétron, este teria, forçosamente, energia positiva. O novo estado
assim obtido seria observado como o estado de uma partícula, isto é, o
estado de um único elétron. O mar de Dirac seria, portanto, um estado sem
partículas, ou estado de vácuo.
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requeria que tal ocorresse, via criação de pares. A solução veio com a
reinterpretação do significado da função de onda do elétron.
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teoria de primeiros princípios, chamada mecânica estatística. Nela,
estudavamse sistemas com grande número de partículas, em contato com
reservatórios que podiam trocar, com esses sistemas, tanto energia, quanto
partículas. O vácuo povoado era, obviamente, um reservatório onipresente
que se prestava a esse fim.
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ainda a eletrodinâmica, onde elétrons e fótons fazem os papéis de um e
outro.
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As quebras de simetria a que nos referimos levam a diferentes regimes de
correlação dos campos. Tomando a interação eletrofraca como exemplo,
acreditase que, acima de 102 GeV, ela seja de alcance finito, o que indica
uma correlação de longo alcance. Ao passarmos pela transição que
distingue a interação fraca da eletromagnética, apenas o eletromagnetismo
permanece de alcance infinito, enquanto a interação fraca passa a ter um
alcance da ordem de 1017cm. Como o alcance da interação é inversamente
proporcional à massa do bóson de calibre que a media, entendese, dessa
forma, porque o fóton tem massa zero, enquanto os bósons W+, W e Z0,
intermediadores das interações fracas, tem massas entre 80 e 100 GeV.
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No entanto, o objetivo destas notas é dar uma primeira visão geral da
importância das teorias quânticas de campos e de como elas levaram à
formulação do modelo padrão das interações entre partículas e campos. Ao
final do texto apresentaremos uma lista de referências para que o leitor
interessado aprofunde seus conhecimentos e preencha as lacunas que este
texto introdutório certamente conterá. Esperamos que estas notas
estimulem a curiosidade e contribuam para divulgar os grandes avanços
obtidos com as teorias quânticas de campos.
Eletromagnética 102
Fraca 10 5
Forte 1
Gravitacional 1038
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e e
e e
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O segundo foi introduzido na teoria da relatividade de Einstein, em sua
versão especial (ou restrita) de 1905, que elevou o status da velocidade da
luz, c, ao de constante fundamental, e generalizado em 1915 na teoria da
relatividade geral, com destaque para a constante gravitacional de Newton,
G. A incorporação da idéia de simetria levaria às simetrias de calibre (do
inglês gauge), base do modelo padrão.
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Como explicado anteriormente, foi a teoria quântica de campos que
permitiu uma descrição consistente de uma dinâmica que fosse, ao mesmo
tempo, quântica e relativística, ainda que restrita à relatividade especial.
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Rotações em 2D
O
J J
θ A
A
O’
J’
A’
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dx22 + dx32 é sempre invariante por mudança de referencial (usamos a
notação de Einstein, em que índices repetidos denotam soma). O dl2 é
chamado de intervalo infinitesimal; a invariância desse intervalo
caracteriza as rotações.
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Essa estrutura é um escalar, logo é invariante por transformações de
Lorentz, ou seja, tem mesmo valor em qualquer referencial inercial (RI).
Esquematicamente, temos a quadricorrente associada a uma seta que é
espalhada pelo quadrivetor (ondulado), o que altera sua direção.
Jμ Aμ
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II.2 A Eletrodinâmica Quântica
O tensor é antissimétrico,
Fµν = Fνµ,
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Com um campo espinorial para o elétron, Ψα(x), α = 0,1,2,3, e matrizes
(4x4) de Dirac, γµ, µ = 0,1,2,3, podemos escrever a ação fermiônica,
(iγ ∙∂ m)Ψ = 0,
Jµ = e Ψ+γ0γµΨ,
e tem a forma,
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α = 2π (e2/hc) = 1/137 << 1.
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Essa simetria leva, graças a um teorema matemático devido a Noether, à
conservação da carga associada à interação, ou seja, da carga elétrica. Da
equação:
Além da simetria U(1) global, a teoria também possui uma simetria U(1)
local (transformação que depende do ponto no espaçotempo), também
chamada de calibre:
A → A – (1/e) ∂θ,
o que acarreta
DΨ → eiθ(x) DΨ.
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(Lamb shift) , bem como o fator giromagnético anômalo do elétron (g2):
em ambos os casos, a precisão é de uma parte em 1012.
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A teoria descreve quarks (os férmions) em três cores, Ψa, a=1,2,3, e gluons
(os bósons) de oito tipos, Aµn, n=1,...,8. Como já dissemos, a carga
conservada é a COR. Duas importantes características de QCD são a
liberdade assintótica e o confinamento da cor.
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A seguir, uma foto gerada por simulação de uma colisão de íons pesados de
chumbo:
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II.4 A Teoria Eletrofraca
Q = T3 + Y/2.
DΨ= (∂ i g Wm Im – i g’ B Y/2) Ψ.
Leptons T T3 Q Y
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νL 1/2 1/2 0 1
eL 1/2 1/2 1 1
eR 0 0 1 2
Quarks T T3 Q Y
uL 1/2 1/2 2/3 1/3
dL 1/2 1/2 1/3 1/3
uR 0 0 2/3 4/3
dL 0 0 1/3 2/3
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A = sen θw W3 + cos θw B.
GF = √2 g2 / 8 MW2.
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As três cores dos quarks simbolizam a carga conservada na interação forte,
enquanto os leptons incluem elétron, muon, tau e seus respectivos
neutrinos.
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O modelo padrão deverá passar por testes ainda mais rigorosos com a
entrada em funcionamento do LHC (Large Hadron Collider) do CERN
(Centre Européen de la Recherche Nucléaire), localizado em Genebra,
Suíça. Tratase de um acelerador de partículas que estudará colisões de
feixes de hadrons ao longo de uma circunferência de 28 km. Tais colisões
não apenas permitirão testar o modelo, mas também as propostas para
estendêlo.
A figura abaixo exibe uma vista aérea do CERN, o laboratório europeu que
continuará a ter papel central no desenvolvimento da física de partículas e
campos nos próximos anos.
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III. Conclusão
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Essa ciência tão rica, cuja missão é tão intimamente ligada à saga da
humanidade rumo ao conhecimento do mundo ao seu redor, inicia o
milênio acreditando saber contar a história do universo desde 1043 s até
sua idade atual, estimada em 14 x 109 anos (~1017 s), uma história que
envolve pelo menos 50 bilhões de galáxias distribuídas em gigantescos
filamentos que se alternam com imensos vazios.
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