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Direito Da União Europeia Mafalda Maló
Direito Da União Europeia Mafalda Maló
MAFALDA MALÓ
FACULDADE DIREITO DE LISBOA
Universidade de Direito
DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
A SPETOS G ERAIS DA U NIÃO E UROPEIA
4. OS VALORES DA UNIÃO
1. A dignidade humana: artigo 2º- TUE.
2. A liberdade: inspira alguns objetivos da União (mercado interno, abolição à
circulação, no domínio da concorrência, na própria defesa dos direitos).
3. A democracia: previsto nos artigos 9º a 12º, pressupõe uma sociedade aberta e
ativa, em que o poder política não se deve considerar vinculado a determinadas
pessoas, mas antes permitir a participação crítica de todos os cidadãos no
processo político em condições de igualdade.
4. A igualdade: que se consubstancia na não descriminação, mormente, em função
da nacionalidade, de sexo, de raça, etc. O seu âmbito de aplicação tem vindo a
ser sucessivamente alargado, pela jurisprudência e pelas sucessivas revisões.
Vem mencionado em vários artigos: 3º/3, TUE; 157º, TFUE, 19º, TFUE, 9º TUE e
10º TFUE.
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DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
E VOLUÇÃO G ERAL DO Q UADRO DA U NIÃO E UROPEIA
4. CRONOLOGIA – SINTETIZAÇÃO
ANO (ENTRADA EM
TRATADO - DESIGNAÇÃO TIPO – CONTEÚDO
VIGOR)
Inspirado na Doutrina
(conjunto de práticas do
Governo dos EUA –
procurava conter o
comunismo) de Truman foi o
1947 Plano Marshall
principal plano dos Estados
Unidos para a reconstrução
dos países aliados da
Europa nos anos seguintes
à Segunda Guerra Mundial.
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É uma organização
internacional de 34 países
que aceitam os princípios
Criação da OEDE
da democracia
(atualmente, desde 1961,
representativa e da
OCDE – Organização para a
1948 Cooperação e o
economia de livre mercado.
Originalmente, foi pensada
Desenvolvimento
enquanto apoio ao Plano
Económico)
Marshall, de reconstrução
da Europa do pós II Guerra
Mundial.
Aliança militar baseada no
Tratado do Atlântico Norte.
É composta por 28 países:
Albânia, Bélgica, Bulgária,
Canadá, Croácia, República
Checa, Dinamarca, Estónia,
Criação da NATO – França, Alemanha, Grécia,
1949 Organização do Atlântico Hungria, Islândia, Itália,
Norte. Letônia, Lituânia,
Luxemburgo, Países Baixos,
Noruega, Polónia, Portugal,
Roménia, Eslováquia,
Eslovênia, Espanha,
Turquia, Reino Unido,
Estados Unidos.
Criação da Comunidade
Tratado de Paris - Criação Económica do Carvão e do
1952 (1951) da CECA. Vigência apenas Aço, sendo os principais
até 2002. inspiradores – Robert
Schumann e Jean Monnet.
Tratado Institutivo:
Luxemburgo, Holanda,
1957 Alemanha, Bélgica, França Europa dos 6.
e República Federal Alemã
(atual, Alemanha).
Tratado de Adesão do
1973 Reino Unido, Irlanda e Europa dos 9.
Dinamarca
Tratado de Adesão da
1981 Grécia
Europa dos 10.
O primeiro acordo de
Schengen foi assinado spor
1º Acordo de Schengen (é cinco países membros da
uma convenção entre Comunidade Europeia:
países europeus sobre uma França, Alemanha e os
1985 política de abertura das Benelux (união económica
fronteiras e livre circulação entre Bélgica, Países Baixos
de pessoas entre os países e Luxemburgo, países que
signatários). já tinham um acordo de livre
circulação de pessoas
desde 1960)
Tratado de Adesão de
1986 Portugal e Espanha
Europa dos 12.
1 de Janeiro de 1994 - 31
2º Fase da implementação de Dezembro de 1998:
1994 da União Económica e transição e ajustes das
Monetária políticas económicas e
monetárias
Tratado de Adesão da
1995 Suécia, Finlândia e Áustria
Europa dos 15.
1 de Janeiro de 1999 - 1 de
Julho de 2002: xação das
2º Fase da implementação taxas de câmbio, entrada
1999 da União Económica e em funcionamento Banco
Monetária Central Europeu (BCE) e
introdução da moeda única,
o Euro.
É um documento que
contém disposições sobre
os direitos humanos,
proclamado pelo
Carta dos Direitos
Parlamento Europeu, pelo
2000 Fundamentais da União
Conselho da União
Europeia
Europeia e pela Comissão
Europeia. Com o Tratado de
Lisboa, ganhou força
vinculativa
Tratado de Adesão de 10
países (Estónia, Letónia,
Lituânia, Polónia, República
2004 Checa, Eslováquia,
Europa dos 25.
Eslovénia, Hungria, Chipre e
Malta).
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Tratado de Adesão da
2007 Roménia e Bulgária.
Europa dos 27.
Tratado de Adesão da
2013 Croácia
Europa dos 28.
Brexit (Referendo no
2016 sentido da saída do Reino Europa dos 27.
Unido da União Europeia)
1. ASPETOS GERAIS
O Direito da União Europeia é caracterizado pela sua singularidade, uma vez que
não existe nenhum outro modelo paralelo no Direito Internacional nem nos demais
sistemas de Direito dos Estados Membros. A complexidade, que inicialmente era escassa,
com o desenvolvimento da União veio a aumentar, especialmente após a entrada em
vigor do Tratado de Maastricht.
O sistema anterior ao Tratado de Lisboa era, contudo, alvo de numerosas críticas,
como: falta de hierarquia de normas e de atos da União; falta de correspondência entre os
diferente atos e normas e as diversas funções dos órgãos da EU. O Tratado de Lisboa
procurou abandonar o sistema tripartido da União e estabelecer uma hierarquia de
normas e atos, através da distinção entre atos legislativos e atos não legislativos.
2. AS FONTES DE DIREITO IMEDIATAS
2.3.2. REGULAMENTO
De acordo com o artigo 288º do TFUF, o regulamento tem caráter geral, é
obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável em todos os Estados-
membros. É, assim, o instrumento normativo que mais se assemelha à lei, a nível interno,
em virtude da generalidade, abstração e e cácia erga omnes. A obrigatoriedade em
relação a todos os seus elementos signi ca que os regulamentos não são passíveis de ser
aplicados de forma incompleta.
Dentro dos regulamentos, é possível distinguir regulamentos de base – de
hierarquia superior – e regulamentos de execução – que executam os primeiros, logo, de
hierarquia inferior e subordinados àqueles. Por m, ainda de distinguir uma outra
categoria: regulamentos internos das instituições e dos órgãos da União. Em função da
aprovação, o regulamento poderá ter natureza legislativa ou natureza não legislativa.
2.3.3. DIRETIVA
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Nos termos do artigo 288º, TFUF, a diretiva vincula o Estado membro destinatário
quanto ao resultado a alcançar, deixando, no entanto, às instancias nacionais a
competência quanto à forma e quanto aos meios. Como o regulamento, mediante o
processo de elaboração, poderá assumir natureza legislativa ou natureza não legislativa.
A particularidade, quando comparada com o regulamento, é que apenas é
vinculativa quanto ao resultado a alcançar, deixando aos Estados-membros a
possibilidade de escolha quanto à forma e quanto aos meios. Os destinatários apenas
podem ser Estados-membros, não sendo, por isso, diretamente aplicável a indivíduos –
apenas o poderá ser, quando transposta para o Direito Interno, sendo aplicável aos
particulares a norma interna.
A transposição para o Direito Interno é obrigatória e exigido um prazo especí co:
o incumprimento determina desproteção e desigualdade de circunstâncias a aplicar aos
cidadãos dos Estados (o incumprimento é imputável ao Estado).
2.3.4. DECISÃO
Nos termos do artigo 288º, TFUF, a decisão é obrigatória para todos os Estados
membros – e apenas o será para alguns Estados-membros quando seja devidamente
mencionada na mesma.
4.2. A DOUTRINA
A doutrina é constituída pela opinião dos jurisconsultos, dispondo de uma função
crítica, podendo in uenciar as opções do legislador da União, quer seja constituinte, quer
seja ordinário. A particularidade é que é abundante – embora nem sempre prime pela
qualidade.
O que importa, realmente, é aquilo que é adotado pelos tribunais – a doutrina só
tem peso e relevância para as discussões particulares e sempre em tom critico, no
sentido de o direito deveria ser assim.
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5. A HIERARQUIA DAS FONTES DE DIREITO DA UNIÃO
EUROPEIA
1. Tratado da União Europeia, o Tratado do Funcionamento da União Europeia e
Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia: fundamento de todo o Direito
da União Europeia.
2. Os restantes Tratados que integram o Direito Originários: prevalecem sobre o
restante Direito da União Europeia.
3. Os atos adotados pelas instituições e pelos órgãos da União devem respeitar
(estão subordinados) todo o Direito Originário, bem como os princípios gerais da
União Europeia.
4. Quando ao Direito Derivado:
a. Regulamentos de execução subordinam-se aos regulamentos de base.
b. As diretivas de execução subordinam-se às diretivas de base.
c. Os atos que se fundamentam em delegação de poderes devem respeitar
os atos que conferem delegação.
5. Princípios gerais de Direito: divergências.
a. Teriam valor jurídico inferior aos Tratados e ao Direito Originário em geral.
b. Seriam dotados de hierarquia superior em relação ao Direito Derivado e
em relação ao Direito Internacional (ainda mais, quando relativos a direitos
fundamentais).
6. Direito Originário prevalece sobre os acordos de que a União é parte, o que resulta
do possível controlo preventivo dos mesmos (artigo 218º/11, TFUF) e da
admissibilidade do controlo jurisdicional sucessivo pela via de atos de conclusão e
aplicação.
7. Os acordos prevalecem sobre Direito Derivado – vinculam Estados-membros e
instituições da União (artigo 216º/2, TFUF).
1. INSTITUIÇÕES
• 7 instituições - artigo 13º: seguem princípios no seu funcionamento
• Princípio da competência de atribuição: artigo 4º, determina que a União só tem os
poderes que lhe foram expressamente atribuídos pelos tratados - os restantes
pertencem, deste modo, à esfera dos Estados membros. Evitar a usurpação de
poderes e direitos dos cidadãos dos Estados membros, garantindo que muitas das
principais matérias estejam no âmbito dos Estados (ordem pública, segurança nacional
- da exclusiva responsabilidade dos Estados).
• Reserva da segurança nacional: cada vez mais difícil garantir que a segurança
seja assegurada pelos Estados membros, perguntando-se se estas questões
não deveriam ser assegurados pela União Europeia.
• Principio da cooperação leal: assistem-se, os Estados membros e a União
Europeia, mutuamente.
• Princípio do equilíbrio institucional.
• Princípio da coerência institucional.
• Princípio democrático.
• Triângulo institucional da União Europeia: Comissão Europeia, Conselho da União Europeia e o
Parlamento Europeu - onde se desenrola o processo legislativo da União Europeia.
• Processo legislativo ordinário - 289º: comissão apresenta da proposta (situações
excecionais); aprovado pelo Conselho da União Europeia e pelo Parlamento Europeu.
• 3 instituições intervêm: tripla legitimidade.
• Parlamento Europeu (artigo 14º):
• Presidente atual: Antonio Tajani (italiano).
• Artigo 14º/3, TUE: os membros do Parlamento são eleitos por sufrágio universal, direto
e secreto. É composto por representantes dos cidadãos da UE, sendo a legitimidade
proveniente dos seus cidadãos da União. O mandato é de 5 anos. No máximo de 750
deputados + Presidente.
• Portugal tem 21 deputados - http://www.parleurop.pt/pt/os_seus_deputados/
deputados_eleitos.html;
• Competências:
• Função legislativa (juntamente com o Conselho): o Tratado da União Europeia
reforçou os poderes do Parlamento Europeu, a nível da função legislativa,
através da inclusão do procedimento de decisão conjunta do Parlamento e do
Conselho (procedimento legislativo ordinário); nos procedimentos legislativos
especiais, o Parlamento tem um papel variável (consulta ou aprovação).
• Acordos internacionais: tem competência de aprovação de vários
acordos internacionais (exemplo: alargamentos).
• Função orçamental: idêntica à do Conselho (artigo 314º); debate a política
monetária, em auxilio ao banco central europeu; aprovar o orçamento
juntamente com o conselho
• Exerce funções de controlo político ( scalização política): scalizar o Conselho
e a Comissão; aprovar uma moção de censura, por maioria de dois terços -
em caso de aprovação, os membros da Comissão devem demitir-se
coletivamente das funções, assim como o Alto Representante dos Negócios
Estrangeiros e a Política de Segurança. A comissão é politicamente
responsável perante o Parlamento; pode organizar comissões de inquérito e
exige-se à apresentação, ao Parlamento, de relatórios e informações por parte
de outros órgãos. Tem competência para eleger o Presidente da Comissão e o
Provedor de Justiça.
• Fiscalização da comissão, que é politicamente responsável perante o
Parlamento Europeu (17/8 TUE).
• Fiscalização do Conselho
• Possibilidade de constituir comissões de inquérito temporárias (226
TFUE).
• Destinatário de relatórios e informações de outros órgãos da união.
• Proceder a debates de política geral e votar em resoluções sobre
qualquer questões da atualidade.
• Controlo da atividade do Europol e do Eurojust (88/2 + 85/1 TFUE)
• Participa na revisão dos Tratados.
• Designam membros de outros órgãos:
• Presidente da Comissão: tem como base as eleições para o
PE - o candidato é proposto pelo Conselho Europeu
(deliberando por maioria quali cada) e aprovado por maioria
dos membros do PE (se não se reunir esta maioria - deve o
conselho apresentar um novo membro - 17/7 TUE).
• Provedor de Justiça: 228/1.
• Funções consultivas.
• Relação com Parlamentos nacionais: regem esta relação os princípios da
subsidariedade e da proporcionalidade.
• Direito de auto-organização (232 TFUE): funciona em sessões plenárias (algumas em
Bruxelas, outras em Estrasburgo - durante uma semana) e em comissões
parlamentares. Elege, de entre os seus membros, o seu Presidente e a Mesa.
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• Artigo 14/4: eleve de entre os seus membros o presidente e a mesa.
• 3 sedes: Estrasburgo, Luxemburgo e Bruxelas.
• Conselho Europeu (artigo 15º):
• Não estava previsto nos Tratados iniciais - órgão mais recente. Começou a funcionar
• É composto pelos Chefes de Estado ou de Governo dos Estados-membros (França,
por exemplo, seria o Presidente da República), juntando-lhes o seu Presidente (artigo
15º/6), bem como o Presidente da Comissão. O Alto Representante para os Negócios
Estrangeiros e a Política de Segurança participar igualmente nos trabalhos.
• Periodicidade de reunião, de 3 em 3 meses (duas vezes por semestre) - por
convocação do seu presidente. Podem, ainda, ser realizadas reuniões extraordinárias.
• Difere do Conselho da Europa (instituição autónoma da União Europeia) e do Conselho
da União Europeia (Conselho de Ministros, e não de chefes de Estado ou de Governo).
• Conselho da União Europeia: forma tradicional, composta por vários ministros;
a maioria das reuniões é em Bruxelas; reune sob diferentes formações -
presididas por um Estado Membro de forma rotativa;
• Presidente: eleito por maioria quali cada; o mandato tem a duração de dois anos e
meio e pode ser renovado uma vez; pode o Conselho Europeu por termo ao mandato
por maioria quali cada (artigo 15/5 TFUE); as suas funções estão previstas no artigo
15/6 TFUE.
• Decisões: por consenso, salvo disposição em contrário (15/4); está prevista maioria
quali cada para decisão acerca da lista das formações do conselho e para a sua
presidência (artigo 236, TFUE).
• Competências:
• Decide sobre o desenvolvimento, as orientações gerais e as prioridades
políticas da União.
• Não exerce a função legislativa - podendo, no entanto, ter de agir em vez do
Conselho (artigos 48º, 82º, 83º, 87º/3 do TFUE).
• Trata de questões complexas e sensíveis que não podem ser resolvidas a nível
inferior - problemas mais graves. Razão pela qual foi criado.
• De ne a política externa e de segurança comum.
• Nomeia e designa cargos, como a presidência do próprio Conselho.
• Conselho da União Europeia (artigo 16º):
• É composto por vários ministros, com poderes para vincular o Governo do Estado-
membro de que provêm e para exercer o direito de voto. É assim, composto por 28
membros.
• A composição depende da ordem do dia (artigo 16º/6): o Conselho reune-se
em diferentes formações, cuja lista é adoptada com base no artigo 236º do
TFUE. Atualmente, existem 10 formações.
• Proeminência, dos Tratados, aos:
• Conselho dos Assuntos Gerais: assegura a coerência dos diferentes
trabalhos das diferentes formações do conselho e prepara as
reuniões do CE.
• Conselho dos Negócios Estrangeiros: elabora a ação externa da
União.
• O Conselho reune-se por convocatória do Presidente, por iniciativa deste, de um dos
seus membros ou da Comissão. Normalmente está presente o ministro dos Negócios
Estrangeiros.
• Existem Conselhos especializados.
• Os órgãos de preparação da decisão são o COREPER (artigo 240 -
representantes permanentes), grupos de peritos e os vários comitês.
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• As reuniões são divididas em duas partes: deliberações sobre atos legislativos
(públicas - princípio da transparência) e as atividades não legislativas.
• Votação: a regra geral é a maioria quali cada, nos termos do artigo 16/3 do
TUE. Em alguns casos exige-se unanimidade e noutros maioria simples. Ver
protocolo n36.
• A maioria das reuniões é em Bruxelas.
• Competências:
• Função legislativa e orçamental, em conjunto com o Parlamento: aprovar atos
legislativos e aprovar o orçamentos (16/1).
• Tem competencias a respeito do alargamento das competências das
instituições da União.
• Funções de de nição e coordenação em conformidade com as condições
estabelecidas nos Tratados.
• Papel primordial na PESC: elaboração da PESC e adoção de decisões
necessárias a de nição e execução dessa política, ok base nas orientações e
linhas estratégicas de nidas pelo CÊ (26/2).
• Importante intervenção no domínio da coordenação das políticas económicas
e sociais dos Estados membros que fazem parte da zona Euro.
• Comissão (Europeia) (artigo 17º):
• É constituída por um conjunto de comissários representantes de cada Estado membro,
tem um presidente (Luxemburgo) e um órgão executivo (paralelo a um governo
nacional). Ao todo, é composta por 28 membros (um nacional de cada Estado) -
incluindo o Presidente e o Alto Representante da União parados Negócios Estrangeiros
e Política de Segurança. Os membros são escolhidos em função da sua competência
geral e do empenhamento europeu, de dentre personalidades que ofereçam as
garantias de independência (artigo 17/3 + 17/7/2 e 3 parte).
• O mandato tem a duração de 5 anos.
• Os membros são independentes em relação aos interesses privados, aos
outros órgãos e aos Estados membros. Não podem ser destituídos pelo
Conselho nem pelos Governos.
• O Presidente tem de ser nomeado pelo Parlamento Europeu, sendo proposto
pelo C3
• Funciona de modo colegial, seguindo as orientações do Presidente;
• É politicamente responsável perante o Parlamento, podendo, por ele, ser demitida.
• Mandato e responsabilidade: tem duração de 5 anos (17/3); a demissão pode ser
voluntária ou compulsiva (246); pode ser aprovada uma moção de censura pelo PÉ
(234); pode haver demissão pelo TJ de membro a pedido do Conselho e da Comissão
(247)
• A Comissão é responsável perante o PE (17/8).
• Competências:
• Presidente: artigo 17/6 - de ne as orientações para o exercício da comissão;
organização interna da comissão;
• Tradicionalmente a grande função: guardiã dos Tratados, zela, em conjunto
com o TJUE, a aplicação do direito da União Europeia - exerce funções de
coordenação, execução e gestão em conformidade com as condições
estabelecidas nos Tratados.
• Executa o orçamento e gere os programas (gere políticas europeias, os fundos
europeus, controla as despesas, sujeitas a veri cação pelo Tribunal de
Contes, fere as atividades e os orçamentos anuais).
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• Tem um poder normativo, que poderá ser autónomo, podendo elaborar novos
atos legislativos e não legislativos, bem como assegurar a execução dos
membros.
• Dispõe de uma competência de iniciativa legislativa, perante o Conselho e o
Parlamento (em que matérias: destinadas a proteger interesses da união
europeia e dos seus cidadãos; mais e cientemente tratadas pela União
Europeia do que a nível nacional) - a pedido ti Pé ou própria (17/2).
• Tem competência para resolver questões técnicas em matérias especí cas,
criar debates públicos e executar livros brancos.
• Representa a União Europeia a nível internacional e negoceia acordos
comerciais em nome da União Europeia;
• Pode adotar pareceres e recomendações.
• É composta por vários serviços e direcções (correspondem às direcções gerais que
compõem um Governo nacional.
• Tribuna de Justiça da União Europeia (artigo 19º):
• É composto por: Tribunal de Justiça e o Tribunal Geral, sendo o primeiro superior -
ambos têm sede no Luxemburgo.
• Tribunal de Justiça: é composto por um juiz de cada Estado-membro (19º/2).
Os juizes são escolhidos por condições de independência (253º e 19º). De
comum acordo pelos estados membros - a lista terá de ser apreciada por
comité, de forma não vinculativa. A comissão é renovada de 3 em 3 anos
(253º).
• Tribunal Geral: artigo 256º. Composto por 1 juiz de cada Estado-membro e
tem vindo a sofrer um processo de alargamento - os estados-membros estão
a poder obter 2 juizes. 4 formações: plenário e formação (5, 3 ou 1 juiz).
• 252: existem 8 advogados gerais - e 28 Estados membros. Não é um juiz - é
uma personalidade que trabalha no tribunal, trabalha de forma independente e
é chamado a dar uma opinião sobre processos que lhe sejam colocados,
antes do tribunal decidir. Na maioria dos casos, as conclusões apresentadas
pelos advogados gerais são prosseguidas pelos tribunais.
• Os juizes cessam as suas funções quando são substituídos, falecem
ou são demitidos.
• Presidente: mandato de 3 anos. Eleito por maioria absoluta e por voto secreto
(253/3).
• Não é responsável pela aplicação do Direito da União Europeia - quem é responsável é
o Juiz Nacional (que tem essa competência). O Juiz nacional é competente para aplicar
o Direito da União - porque faz parte do ordenamento jurídico português (lei ou
decreto-lei está sujeito ao Direito da União Europeia e o juiz poderá declarar a
ilegalidade destes - não carece de ser o tribunal de justiça da união europeia).
• Tribunal Geral vs Tribunal de Justiça:
• Competência do Tribunal Geral: 256º
• A designação faz-se de acordo com o 255º
• Mandato é 6 anos, mas metade dos juizes são substituídos de 3 em
3 anos.
• Competências: garantir o respeito do Direito na interpretação e aplicação dos Tratados
(267º).
• Mecanismo do Review Judicial (reenvio pré-judicial): a questão da
interpretação; o Tribunal interpreta e esclarece as duvidas sobre interpretação;
reenvia a interpretação, por forma a que o Tribunal Nacional possa decidir
sobre a matéria. Artigo 19º/3/b).
• Reveste a forma de acordao ou sentença. Como é colegial, é
acórdão.
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• Atua como um Tribunal Constitucional.
• Três tipos de competência:
• Competência com os Juízes Nacionais:
• Competência jurisdicional a título preventivo: processo consultivo.
• Controlo jurisdicional a título sucessivo: dos atos da União Europeia e
dos atos dos Estados-membros.
• Competência arbitral.
• Partes que podem recorrer: instituições da União Europeia; estados membros
da União Europeia; pessoas singulares ou coletivas.
• O Tribunal poderá ser chamado a dar pareceres sobre opções da União
Europeia.
• 251º: reune-se em seção, grande seção e tribunal pleno. A divisão de matarias é feita
em função da sua complexidade.
• Normalmente, o tribunal segue a regra do precedente - passível de ser veri cado em
acordãos.
• Banco Central Europeu (282º e ss.):
• Sede em Frankfurt e responsável pela união monetária.
• Tem como objetivo assegurar (282º/2). SE-BC: manutenção da estabilidade dos preços
- controlar a in ação. Problema: nalguns casos a in ação pode ser positiva, reduzir a
divida pública - limitativo da política económica e monetária da União Europeia.
• Tem personalidade jurídica:
• Diferente do Banco Europeu de Investimento: conceder empréstimos, a projetos
especí cos estruturantes da União Europeia (artigo 309º). Sede no Luxemburgo.
• Tribunal de Contas (Artigos 285º a 288º):
• Tem sede no Luxemburgo.
• É composto por um juiz de cada Estado-membro.
• Criado na década de 70.
• Tribunal de Contas nacional tem competencias jurisdicionais. Tribunal de Contas da UE
não tem.
• Tem como função, 287º/1, examinar as contas e as despesas (porque a UE tem um
orçamento próprio)
• 287º/3º parágrafo: scalizar as receitas e a aplicação de dinheiros da UE;
poderá solicitar a colaboração do tribunal de contas português.
• Passou a ser considerado como instituição, com o Tratado de Lisboa.
• Outras instituições consultivas:
• Comité Económico e Social (artigos 300º e ss.): é composto por representantes dos
diferentes setores da vida económica e social; poderá ter, no máximo, 350 membros,
com um mandato de 5 anos, renovável.
• Competência: meramente consultiva.
• Comité das Regiões (artigos 300º, 305º e 307º): é composto por representantes das
autarquias regionais e locais que sejam quer titulares de um mandato eleitoral a nível
regional ou local, quer politicamente responsáveis perante uma assembleia eleita;
poderá ter, no máximo, 350 membros, com um mandato de 5 anos, renovável.
• Competência: tem competência consultiva, que é, muitas vezes, obrigatória -
podendo emitir pareceres por iniciativa própria.
• Provedor de Justiça (artigo 228º): exerce as funções com total independência, sendo
eleito pelo Parlamento Europeu;
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• Competência: receber queixas apresentadas por qualquer cidadãos da União
ou qualquer pessoa singular ou coletiva com residência ou sede estatuária
num estado-membro.
• Agências independentes: são entidades com personalidade jurídica e independência
em relação às instituições da União, têm autonomia nanceira e são-lhes atribuídos
poderes de natureza técnica, cientí ca ou de gestão especí ca.
• Poderão ser de três tipos: agencias e organismos descentralizados; agencias
de execução; agencias e organismos da Eurotom.
• Atualmente existem 6 agências.
• Agência de execução da Rede Transeuropeia de Transportes.
• Agencia de execução para a Competitividade e a Inovação.
• Agencia de execução para a Investigação.
• Agência de execução para a Saúde e os Consumidores.
• Agência de execução relativa à Educação, ao Audio-visual e à
Cultura.
• Agência executiva do Conselho Europeu de Investigação.
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DIREITO DA UNIÃO EUROPEIA
A S A TRIBUIÇÕES DA U NIÃO E UROPEIA
1. QUADRO SÍNTESE
As fases da integração são essencialmente relevantes na medida em que,
atualmente, são componentes essenciais dos objetivos da União Europeia (artigos 3º/3 e
4 do TUE).
CONCRETIZA
FASES DE INTEGRAÇÃO CONTEÚDO
ÇÃO
Tratado de
Maastricht (já
UNIÃO ECONÓMICA
referido no
AUE).
Tratado de
Maastricht (já
UNIÃO MONETÁRIA
referido no
AUE).
2. UNIÃO ADUANEIRA E LIVRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS
2.1 UNIÃO ADUANEIRA
A união Aduaneira vem prevista no Tratado sobre o funcionamento da União
Europeia, artigos 28 e 37. Esta União Aduaneira compreende:
• Estabelecimento de uma pauta aduaneira comum: estabelecimento de
uma fronteira Aduaneira comum em relação ao exterior, aos produtos
produzidos fora do território do conjunto dos estados membros.
• Abolição de todos os obstáculos alfandegários à circulação de
produtos: as mercadorias produzidas num dos Estados-Membros deviam
poder circular livremente em todo o território da união aduaneira, sem ser
objeto de qualquer direito aduaneiro ou mesmo de formalidade
suplementar.
1. IDEIAS PRÉVIAS
A concretização de um mercado interno impôs, naturalmente, a regulação de uma
política de concorrência: por forma a garantir a ideal concretização das várias liberdades,
enquanto fundamentos essenciais para o funcionamento do respetivo mercado interno.
AQUISIÇÃO DE EMPRESAS
• A intervenção do direito da concorrência é no sentido de evitar que operações de aquisição de
empresas possam pôr em causa o funcionamento livre do mercado;
• Empresa deve ser entendido em sentido amplo, como qualquer entidade que exerça uma
atividade económica, independentemente do seu estatuto jurídico e do modo de
funcionamento, isto é, qualquer atividade consistente na oferta de bens ou serviços num
determinado mercado (neste âmbito, acórdão do TJUE de 10 de Setembro de 2009);
• Para efeitos de apreciação da concentração, só relevam aspetos derivados das circunstâncias
de facto e de direito existentes no momento da noti cação dessa operação.
MODOS DE CONCENTRAR:
• Fusão (3º/1/a) do Regulamento das Concentrações):
• Quando duas empresas deixam de existir enquanto tais e são substituídas por uma
nova e única empresa, ou quando na sequência da fusão apenas uma das empresas
subsiste;
• Para permitir este tipo de operações, a Comissão Europeia geralmente impõe a
assunção de compromissos estruturais, com vista a excluir o risco de formação de
monopólios;
• União ou junção de facto: modalidade de fusão em que duas empresas formam uma
unidade económica, estabelecendo uma gestão económica comum, partilhando e
compensando mutuamente lucros ou perdas. É uma gura controversa porque pode
pôr em causa a existência de fusão verdadeira no caso concreto;
• Aquisição por controlo (al. b)):
• Forma mais comum de fusão;
• Dá-se quando, por exemplo, por meio de uma troca de ações, uma empresa adquire o
controlo de outra. Implica a possibilidade de exercer, isoladamente ou em conjunto,
uma in uência determinante sobre a atividade de uma empresa, nomeadamente:
• Aquisição da totalidade ou de parte do capital social;
• Aquisição de direitos de propriedade, de suso ou de fruição sobre a totalidade
ou parte dos ativos da empresa;
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• Aquisição de direitos ou celebração de contratos que con ram uma in uência
preponderante na composição ou nas deliberações dos órgãos de uma
empresa;
• Não é necessário que esse exercício da in uência determinante esteja a acontecer,
bastando que seja possível;
• Não é necessário que a aquisição de participação social de pelo menos 50%, podendo
uma “minoria quali cada” já constituir aquisição por controlo;
• Processo Warber/Lambert/Gillette: Gillette adquire 22% do capital social do
seu principal concorrente. A CE entendeu que isto prejudicava seriamente a
concorrência no mercado;
• Outro aspeto que a CE pretende evitar é a coordenação do comportamento
concorrencial de empresas;
• Criação de uma empresa comum “de pleno exercício” (al. a) do mesmo
artigo):
• Quando duas ou mais empresas constituem uma nova empresa que atuará no
mercado, podendo substituir uma ou mais das empresas-mãe;
• As empresas deixam de ser independentes entre si, formando uma empresa comum
que desempenhe de forma duradoura as funções de uma entidade económica
autónoma (art. 3º/4, RC);
• Também designadas full-function joint venture;
• Requisitos para aplicação de normas de concentração:
• Seja controlada conjuntamente por duas ou mais empresas;
• Entendido como in uência determinante sobre uma outra empresa,
bloqueando medidas que determinam o seu comportamento
empresarial estratégico;
• Seja constituída de forma duradoura;
• Seja uma entidade económica autónoma;
• Signi ca que atua diretamente no mercado, p.e., poder vender
produtos ou serviços a terceiros.