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DEONTOLOGIA

E ÉTICA
PROFISSIONAL

Débora Czarnabay
Conselhos Federal e
Regional de Biomedicina
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever a estrutura e formação dos conselhos Regionais e Federal


de Biomedicina.
 Apontar a função dos conselhos da profissão.
 Explicar o processo de inscrição no Conselho Regional de Biomedicina
(CRBM).

Introdução
O exercício profissional possui caráter público, atendendo às exigências de
uma sociedade, o que o torna objeto de fiscalização do Estado. O Estado,
por sua vez, atribui as funções de fiscalização às entidades de natureza
jurídica e federativa, os chamados conselhos profissionais.
Após a leitura deste capítulo, você vai poder descrever como são
formados os conselhos profissionais, tanto o Conselho Federal de Bio-
medicina e quanto os Conselhos Regionais, além de apontar as funções
desses conselhos. Também vai poder explicar o processo de inscrição
no Conselho Regional de Biomedicina.

Composição de um conselho profissional


A Lei 6.684, de 3 de Setembro de 1979, foi sancionada pelo Presidente da
República, regulamentando a profissão de Biomédico e de Biólogo e decretando
no Capítulo III – “Dos Órgãos de Fiscalização” – Art. 6º: “Ficam criados o
Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina – CFBB/
CRBB com a incumbência de fiscalizar o exercício das profissões definidas
nesta Lei”. Biólogos e Biomédicos estavam sob a fiscalização do mesmo

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conselho federal. No mesmo artigo, fica estabelecida a localização das sedes


dos conselhos, assim exposto:

Art. 6º § 1º - Os Conselhos Federais e Regionais a que se refere este artigo


constituem, em conjunto, uma autarquia federal vinculada ao Ministério do
Trabalho.
§ 2º - O Conselho Federal terá sede e foro no Distrito Federal e jurisdição em
todo o País, e os Conselhos Regionais terão sede e Foro nas Capitais dos Esta-
dos, dos Territórios e no Distrito Federal (BRASIL, 1975, documento on-line).

Em 1982, a Lei nº 7.017, de 30 de agosto de 1982, foi a responsável pelo


desmembramento das categorias de Biólogo e Biomédico, autorizando a criação
de conselhos profissionais respectivos para cada profissão como entidades
autárquicas autônomas. No Decreto nº 88.439, de 28 de Junho de 1983, consta
no Capítulo III – Dos Órgãos de Fiscalização:

Seção I - Parte Geral


Art. 5º Os Conselhos Federal e Regionais de Biomedicina CFBM/CRBM
criados pela lei nº 6.684, de 03 de setembro de 1979, e alterados pela Lei nº
7.017, de 30 de agosto de 1982, constituem, em seu conjunto, uma autarquia
federal, com personalidade jurídica de direito público, autonomia adminis-
trativa e financeira, vinculada ao Ministério do Trabalho.
Art. 6º A autarquia referida no artigo anterior tem por objetivo orientar,
disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de Biomédico.
Art. 7º Aos Presidentes dos Conselhos Federal e Regionais incumbe a admi-
nistração e representação legal dos mesmos, facultando-se lhes suspender
o cumprimento de qualquer deliberação de seu Plenário, que lhes pareça
inconveniente ou contrária aos interesses da instituição, submetendo essa
decisão à autoridade competente do Ministério do Trabalho, ou ao Conselho
Federal, respectivamente.
Art. 8º Os membros dos Conselhos Federal e Regionais poderão ser licencia-
dos, por deliberação do Plenário, por motivo de doença ou outro impedimento
de força maior.
Art. 9º A substituição de qualquer membro, em suas faltas e impedimentos, se
fará pelo respectivo suplente, mediante convocação do Presidente do Conselho.
Art. 10. O Conselho Federal terá sede e foro no Distrito Federal e jurisdição
em todo o território nacional, e os Conselhos Regionais terão sede e foro
nas Capitais dos Estados e dos Territórios, bem como no Distrito Federal
(BRASIL, 1983, documento on-line).

O Conselho Federal deve ser constituído de 10 (dez) membros efetivos e


seus respectivos suplentes, eleitos por um Colégio Eleitoral, integrado de um
representante de cada conselho regional, com mandato de quatro anos estabe-
lecido por lei (Figura 1). O Colégio Eleitoral (convocado para a composição do

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Conselho Federal) deve realizar a discussão, a aprovação e o registro das chapas


concorrentes, para que as eleições ocorram 24h após a sessão preliminar. Já
os membros dos conselhos regionais e seus respectivos suplentes devem ser
eleitos através do sistema de eleição direta (voto pessoal, secreto e obrigatório
dos profissionais inscritos no conselho). Caso o profissional deixe de votar
sem causa justificada, estará sujeito a aplicação de multa (importância não
excedente ao valor da anuidade). Para que um profissional seja elegível ao
cargo, deve seguir alguns critérios previstos na Lei nº 6684/79, modificada
pela Lei nº 7.017/82, constando no Decreto nº 88.439/83, Art. 21º, que diz:

Art. 21. Além das exigências constantes do artigo 530, da Consolidação das
Leis do Trabalho, o exercício do mandato de membro do Conselho Federal e
dos Conselhos Regionais e a respectiva eleição, mesmo na condição de suplente,
estarão sujeitos ao preenchimento das seguintes condições:
I – cidadania brasileira;
II – habilitação profissional na forma da legislação em vigor;
III – pleno gozo dos direitos profissionais, civis e políticos;
IV – inexistência de condenação por crime contra a segurança nacional;
V – inexistência de penalidade por infração ao Código de Ética (BRASIL,
1983, documento on-line).

Presidente

Vice-
-presidente

Comissões 1o Secretário 1o Tesoureiro Gerente Geral Assessores

Permanentes 2o Secretário 2o Tesoureiro Administrativo Contabilidade

Provisórias Registro Jurídico

Fiscalização

Figura 1. Organograma de hierarquia dos Conselhos Federal e Regionais.

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E, para que um membro eleito perca seu cargo ou o cargo seja extinto, está
disposto no Art. 22º:

Art. 9º - A extinção ou perda de mandato de membro do Conselho Federal


ou dos Conselhos Regionais ocorrerá em virtude de:
I – renúncia;
II – superveniência de causa de que resulte a inabilitação para o exercício
da profissão;
III – condenação a pena superior a dois anos, em face de sentença transitada
em julgado;
IV – destituição de cargo, função, ou emprego, relacionada à prática de ato
de improbidade na administração pública ou privada, em face de sentença
transitada em julgado;
V – conduta incompatível com a dignidade do órgão ou falta de decoro;
VI – ausência, sem motivo justificado, a três sessões consecutivas ou a seis
intercaladas em cada ano (BRASIL, 1979, documento on-line).

A estrutura orgânica dos Conselhos Regionais de Biomedicina (CRBMs)


é composta por Seccionais, Delegacias Regionais, Plenário, Mesa Diretora e
pelas Comissões. São unidades administrativas descentralizadas, que possuem
poder e dever de fiscalização, disciplina e orientação do exercício da profissão
de biomédico.
A necessidade dessas representações dos conselhos regionais é devida à
amplitude territorial da jurisdição de cada conselho. A administração das
representações é delegada aos coordenadores de cursos de Biomedicina,
o que mantém a aproximação entre as entidades de ensino, os alunos e os
conselhos, proporcionando aos egressos bom atendimento e comodidade.
O cargo de Delegado Regional é honorífico, ou seja, não tem intuito de
vantagem material (remuneração ou outras formas de pagamento) pelo
exercício das funções inerentes ao cargo. Da mesma maneira, os cargos
de Conselheiros não recebem remuneração pela atuação nos Conselhos
Regionais ou Federal.
As comissões podem ser divididas conforme as habilitações biomédicas,
podendo assim realizarem fiscalização mais específica dos profissionais.
Como exemplo, temos o Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região,
que possui 18 comissões: comissão científica; comissão de ensino e docência;
comissão fiscal; comissão de análise ambiental; comissão de social e eventos;
comissão de ética; comissão de constituição e justiça; comissão de licitação e
contratos; comissão de toxicologia; comissão de biomedicina estética; comis-
são de imprensa; comissão de acupuntura; comissão de anatomia patológica,
citologia e histotecnologia clínica; comissão de banco de sangue; comissão

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de docência e pesquisa; comissão de genética; comissão de imagenologia; e


comissão de patologia clínica (análises clínicas).
Atualmente, o Governo Federal e o Conselho Federal de Biomedicina
(CFBM) reconhecem seis conselhos Regionais. A lei nº 6684/79 regulamen-
tou a criação do CFBM e de quatro conselhos regionais, correspondendo ao
CRBM da 1ª Região – jurisdição nos estados do Espírito Santo, Mato Grosso
do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro e com sede em São Paulo (SP). O CRBM
da 2ª Região possui jurisdição sobre os estados de Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe,
tendo sede em Recife (PE). O CRBM da 3ª Região é responsável pelo Distrito
Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins, com sede em Goiânia
(GO). Já o CRBM da 4ª Região fiscaliza o Acre, Amapá, Amazonas, Pará,
Rondônia e Roraima e é sediado na cidade de Belém (PA). A Resolução do
CFBM número 195, de 10 de Dezembro de 2010, publicada no Diário Oficial
da União no dia 24 de Dezembro de 2010, criou o CRBM da 5ª Região, e seus
conselheiros foram empossados no dia 17 de janeiro de 2013 para um mandato
de quatro anos, possuindo jurisdição nos estados de Santa Catarina e do Rio
Grande do Sul. Em 2017, foi criado o CRBM da 6ª Região, com jurisdição
apenas no estado do Paraná.

Você pode acessar o site de qualquer um dos CRBMs ou do CFBM e consultar infor-
mações orçamentárias, financeiras, contábeis e administrativas
A Lei nº 12.527/2011 regulamenta o direito constitucional de acesso às informações
públicas. Essa norma entrou em vigor em 16 de maio de 2012 e criou mecanismos
que possibilitam a qualquer pessoa, física ou jurídica, sem necessidade de apresentar
motivo, o recebimento de informações públicas dos órgãos e entidades.
A Lei vale para os três Poderes da União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios, inclusive os Tribunais de Contas e o Ministério Público. Entidades privadas sem
fins lucrativos também são obrigadas a dar publicidade a informações referentes ao
recebimento e à destinação dos recursos públicos por elas recebidos. A Lei de Acesso
à Informação foi regulamentada pelo Decreto nº 7.724/2012.

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Qual a função de um conselho profissional?


Um conselho profissional tem como principais funções a orientação e a fisca-
lização da classe, zelando pela disciplina e pelo bom exercício das atividades.
Para isso, o conselho cria resoluções que normatizam a área de atuação e a
conduta profissional de acordo com um código de ética, assim como normas
para responsabilidade técnica, inscrição da pessoa física ou jurídica no res-
pectivo conselho e pagamento de anuidades.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, atual Carta
Magna de 1988, aborda o tema do exercício profissional no seu Art. 5º, fa-
lando sobre as garantias dos brasileiros e dos estrangeiros residentes no país
ao livre exercício de qualquer trabalho, desde que atendidas as qualificações
profissionais estabelecidas por lei.

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabi-
lidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes: [...]
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer; [...] (BRASIL, 1988,
documento on-line).

A Carta Magna de 1988 também prevê que compete à União organizar,


manter e executar a inspeção do trabalho, assim como é de competência da
União a organização do sistema nacional de emprego e condições para o exer-
cício de profissões segundo o art. 22º, inciso XVI. Porém, o Estado não cria
profissões; uma profissão surge a partir de diversos parâmetros que envolvem
as necessidades de uma sociedade, do mercado ou do momento histórico. Desde
que as pessoas passaram a viver em grupos sociais, a instituição de normas, leis
e de uma entidade que regulamentasse o cumprimento de tais normas fez-se
necessária para o seguimento da ordem. O surgimento de uma profissão leva
à formação de um grupo ou classe profissional, e, da mesma forma que uma
sociedade, tal grupo profissional precisa de um órgão que fiscalize o exercício
de suas atividades, zelando pelos interesses coletivos e não individuais. A
fim de agilizar suas atribuições e garantir o desenvolvimento da atividade
profissional competente, o Estado delega aos conselhos profissionais a função
pública de fiscalizar e disciplinar o exercício de uma atividade, assim como
a função de supervisão técnica e ética do ofício.

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As competências do Conselho Federal de Biomedicina estão dispostas na


Lei nº 7.017/82, constando no Decreto nº 88.439/83:

Art. 12. Compete ao Conselho Federal:


I - eleger, dentre os seus membros, por maioria absoluta, o seu Presidente e o
Vice-Presidente, cabendo ao primeiro, além do voto comum, o de qualidade;
II - indicar, dentre os seus membros, o Secretário e o Tesoureiro, a serem
nomeados pelo Presidente;
III - exercer função normativa, baixar atos necessários à interpretação e execu-
ção do disposto neste Regulamento e à fiscalização do exercício profissional,
adotando providências indispensáveis à realização dos objetivos institucionais;
IV - supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo território
nacional;
V - organizar, propor instalação, orientar e inspecionar os Conselhos Regionais,
fixar-lhes jurisdição e examinar suas prestações de contas, neles intervindo
desde que indispensável ao restabelecimento da normalidade administrativa e
financeira ou à garantia da efetividade ou princípio da hierarquia institucional;
VI - elaborar e aprovar seu Regimento, ad referendum do Ministro do Trabalho;
VII - examinar e aprovar os Regimentos dos Conselhos Regionais, modi-
ficando o que se fizer necessário para assegurar unidade de orientação e
uniformidade de ação;
VIII - conhecer e dirimir dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais e
prestar-lhes assistência técnica permanente;
IX - apreciar e julgar os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos
Regionais;
X - fixar o valor das anuidades, taxas, multas e emolumentos devidos pelos pro-
fissionais e empresas aos Conselhos Regionais a que estejam jurisdicionados;
XI - aprovar sua proposta orçamentária e autorizar a abertura de créditos
adicionais, bem como de operações referentes a mutações patrimoniais;
XII - dispor, com a participação de todos os Conselhos Regionais, sobre o
Código de Ética Profissional, funcionando como Conselho Superior de Ética
Profissional;
XIII - estimular a exação no exercício da profissão, zelando pelo prestígio e
bom nome dos que a exercem;
XIV - instituir o modelo das carteiras e cartões de identidade profissional;
XV - autorizar o Presidente a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis, ob-
servada a Lei nº 6.994, de 26 de maio de 1982;
XVI - emitir parecer conclusivo sobre prestação de contas a que esteja obrigado;
XVII - publicar, anualmente, seu orçamento e respectivos créditos adicionais,
os balanços, a execução orçamentária, e o relatório de suas atividades;
XVIII - definir o limite de competência no exercício profissional, conforme
os currículos efetivamente realizados;
XIX - funcionar como órgão consultivo em matéria de Biomedicina;
XX - propor, por intermédio do Ministério do Trabalho, alterações da legis-
lação relativa ao exercício da profissão de Biomédico;

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XXI - fixar critérios para a elaboração das propostas orçamentárias;


XXII - elaborar sua prestação de contas e examinar as prestações de contas
dos Conselhos Regionais, encaminhando-as ao Tribunal de Contas;
XXIII - promover a realização de congressos e conferências sobre o ensino,
a profissão e a prática da Biomedicina;
XXIV - deliberar sobre os casos omissos.

O objetivo de um conselho profissional não se baseia no corporativismo,


ou seja, na defesa exclusiva dos próprios interesses profissionais por parte
do conselho, criando uma rede de proteção. O conselho é estruturado par-
tindo da ideia de zelar pelos interesses do coletivo e não pelos interesses
individuais, o que determina que um profissional esteja sujeito a punições
caso não siga as normas técnicas, a moral e o código de ética da profissão.
Logo, regulamentar é impor limites e restringir o livre exercício da atividade
profissional, assegurando a proteção da sociedade. Aqui, o termo “livre” não
está relacionado com a liberdade para exercer a profissão, mas sim com o
exercício sem regras e sem controle de qualidade. Um biomédico que possui
habilitação em Reprodução Humana não pode/deve exercer atividade em
Imagenologia, por exemplo.
Pensando no exemplo citado anteriormente, você acha que a situação
relatada seria de responsabilidade do CFBM? Uma das competências dos
CRBMs é zelar pela fiel observância dos princípios deontológicos (expostos no
Código de Ética do Profissional Biomédico) e dos fundamentos de disciplina
da classe, cada CRBM fiscalizando o exercício profissional na sua respectiva
área de jurisdição. Assim, a responsabilidade de julgar e decidir os processos
de infração ao Código de Ética e ao Regulamento é do CRBM.
As competências dos CRBMs, segundo a Lei nº 7.017/82, constando no
Decreto 88.439/83, são:

Art. 17. Compete aos Conselhos Regionais:


I - eleger, dentre os seus membros, por maioria absoluta, o seu Presidente e
o seu Vice-Presidente;
II - indicar, dentre os seus membros, o Secretário e o Tesoureiro, a serem
nomeados pelo Presidente;
III - elaborar a proposta de seu Regimento, bem como as alterações, subme-
tendo à aprovação do Conselho Federal;
IV - julgar e decidir, em grau de recurso, os processos de infração ao presente
Regulamento e ao Código de Ética;
V - agir, com a colaboração das Sociedades de Classe e das Escolas ou Facul-
dades de Ciências Biológicas - modalidade Médica, nos assuntos relacionados
com o presente Regulamento;
VI - deliberar sobre assuntos de interesse geral e administrativos;

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VII - expedir a Carteira de Identidade Profissional e o Cartão de Identificação


aos profissionais registrados, de acordo com o currículo efetivamente realizado;
VIII - organizar, disciplinar e manter atualizado o registro dos profissionais
e pessoas jurídicas que, nos termos deste Regulamento, se inscrevam para
exercer atividades de Biomedicina na região;
IX - publicar relatórios de seus trabalhos e relações das firmas e profissionais
registrados;
X - estimular a exação no exercício da profissão, zelando pelo prestígio e bom
conceito dos que a exercem;
XI - fiscalizar o exercício profissional na área da sua jurisdição, representando,
inclusive, às autoridades competentes, sobre os fatos que apurar e cuja solução
ou repressão não seja de sua alçada;
XIl - cumprir e fazer cumprir as disposições deste Regulamento, das resoluções
e demais normas baixadas pelo Conselho Federal;
XIII - funcionar como Conselhos Regionais de Ética, conhecendo, processando
e decidindo os casos que lhes forem submetidos;
XIV - julgar as infrações e aplicar as penalidades previstas neste Regulamento
e em normas complementares do Conselho Federal;
XV - propor ao Conselho Federal as medidas necessárias ao aprimoramento
dos serviços e do sistema de fiscalização do exercício profissional;
XVI - aprovar a proposta orçamentária e autorizar a abertura de créditos
adicionais e as operações referentes a mutações patrimoniais;
XVII - autorizar o Presidente a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis,
observada a Lei nº 6.994/82;
XVIII - arrecadar anuidades, multas, taxas e emolumentos e adotar todas as
medidas destinadas à efetivação de sua receita, destacando e entregando ao
Conselho Federal as importâncias referentes à sua participação legal;
XIX - promover, perante o juízo competente, a cobrança das importâncias
correspondentes às anuidades, taxas, emolumentos e multas, esgotados os
meios de cobrança amigável;
XX - emitir parecer conclusivo sobre prestação de contas a que esteja obrigado;
XXI - publicar, anualmente, seu orçamento e respectivos créditos adicionais,
os balanços, a execução orçamentária e o relatório de suas atividades;
XXII - aprovar proposta orçamentária anual;
XXIII - elaborar prestação de contas e encaminhá-la ao Conselho Federal;
XXIV - zelar pela fiel observância dos princípios deontológicos e dos fun-
damentos de disciplina da classe;
XXV - impor sanções previstas neste Regulamento.

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Dia do biomédico
O dia do profissional biomédico foi instituído no calendário nacional brasileiro pela Lei
nº 11.339, de 3 de agosto de 2006, com base na iniciativa do biomédico e deputado
federal Lobbe Neto. O dia do biomédico passou a ser o dia 20 de novembro, repre-
sentando um marco importante na história de luta da regulamentação da profissão.
O dia não foi escolhido à toa: profissionais biomédicos e alunos dos cursos de
Biomedicina reivindicaram pela inconstitucionalidade das Leis nº 6.686, de 11 de
setembro de 1979, e nº 7.135, de 26 de outubro de 1983, que limitavam a atuação do
biomédico nas análises clínicas, levando o pedido ao Supremo Tribunal Federal. Foi
por meio da Representação 1256-5 DF, de 20 de novembro de 1985, que o Supremo
Tribunal Federal, em sessão plenária, sentenciou decisão favorável à Representação,
declarando que todos os biomédicos estão autorizados ao exercício das atividades
de análises clínico-laboratoriais, abolindo a restrição imposta pela Lei nº 7.135, de 26
de outubro de 1983. A decisão da Suprema Corte conferiu ao Biomédico a excelência
no campo das análises clínicas.
Fonte: Conselho Regional de Biomedicina da 2ª Região.

Processo de inscrição no Conselho Regional


Para exercer uma atividade profissional, o indivíduo deve apresentar determi-
nadas qualificações e conhecimentos técnicos, científicos e especializados, a
fim de evitar colocar em risco a população. Ao final do curso de Biomedicina,
o aluno deve realizar um estágio supervisionado de caráter obrigatório, com
duração mínima de 500 horas, para obter habilitação e qualificação na área
do estágio. Após a colação de grau (formatura), o egresso deve procurar o
Conselho Regional com jurisdição em seu estado para efetuar o processo de
inscrição. Consta na Lei 6.684, de 3 de Setembro de 1979, no Código de Ética
do Profissional Biomédico e no Decreto 88.439/83 que para exercer a profissão
de biomédico na habilitação obtida é obrigatório o registro no devido CRBM.
A Resolução nº 169, de 16 de Janeiro de 2009, disciplina o registro de
habilitações profissionais em carteira, realizada pelos CRBMs. Segundo a
Resolução, somente serão registradas em carteira, pelos CRBMs, as habili-
tações obtidas:

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a) na graduação, respeitando o estágio supervisionado mínimo de 500


(quinhentas) horas;
b) na pós-graduação (Lato ou Stricto Sensu), de acordo com a Lei de Di-
retrizes e Bases da Educação (LDB) e com as determinações e normas
da Coordenação de Aperfeicoamento de Pessoal de Nível Superior do
Ministério da Educação e Cultura (CAPES – MEC);
c) com o Título de Especialista, obtido através da Associação Brasileira
de Biomedicina (ABBM);
d) por meio do Certificado de Residência Biomédica, ofertada por Insti-
tuição de Ensino Superior (IES) devidamente reconhecida pelo MEC.

A inscrição do Biomédico deve ser efetuada no Conselho Regional da


jurisdição, de acordo com a Resolução do Conselho Federal de Biomedicina.
Deferida a inscrição, será fornecida ao Biomédico a Carteira de Identidade
Profissional, na qual serão feitas as anotações das relativas atividades ao
portador. Para se inscrever no Conselho Regional de sua jurisdição, o Bio-
médico deverá satisfazer as exigências da Lei nº 6.684, de 3 de Setembro de
1979 (portador de diploma devidamente registrado, de bacharel em curso
oficialmente reconhecido de Biomedicina), não estar impedido de exercer a
profissão e gozar de boa reputação por sua conduta pública.
Segundo o Art. 31 do Decreto 88.439/83, o pagamento da anuidade ao
Conselho Regional da respectiva jurisdição constitui condição de legitimidade
do exercício profissional. Além disso, conforme o Art. 32, a inscrição do
Biomédico, o fornecimento de Carteira de Identidade Profissional e certidões,
bem como o recebimento de petições, estão sujeitos ao pagamento de anui-
dades, taxas e emolumentos. O profissional que exercer atividade simultânea
em municípios com jurisdições diferentes deve realizar o registro em cada
um dos Conselhos Regionais, efetuando inclusive o pagamento das anuidades
respectivas e atendendo a demais exigências dos Regionais (Resolução nº
50, de 24 de Maio de 2000). O aluno formando pode solicitar uma inscrição
provisória no Conselho Regional, desde que apresente para o conselho um
certificado de conclusão de curso com data de colação de grau, cópia de histó-
rico escolar com a área e carga horária do estágio supervisionado, pagamento
das taxas estabelecidas pelo Conselho Federal de Biomedicina, além de outros
documentos de identificação exigidos pelos conselhos. A inscrição definitiva
para o biomédico pessoa física somente é realizada mediante a apresentação
do diploma original e pagamento das taxas. A inscrição de pessoa jurídica, ou
seja, empresa, deve ser realizada de forma distinta e conforme seu objetivo,
tais como Pessoa Jurídica de Direito Privado com Fins Lucrativos, Pessoa

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Jurídica de Direito Público ou Pessoa Jurídica de Natureza Filantrópica. Os


procedimentos para inscrição de empresas – Pessoa Jurídica de Direito Privado
com Fins Lucrativos, inscrita na Junta Comercial ou no Cartório incluem:

1. Preencher o requerimento “Inscrição de Pessoa Jurídica”;


2. Detalhar as atividades que serão desenvolvidas pelo Responsável
Técnico;
3. Gerar cópia simples de certidão ou certificado de inscrição da matriz,
filial(is) ou posto(s) de coleta inscrito(s) em outros Conselhos, conforme
o caso, se houver;
4. Gerar comprovante de situação cadastral do Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica (CNPJ) junto à Receita Federal;
5. Gerar 1 cópia autenticada do documento de constituição da Pessoa
Jurídica (contrato social ou estatuto ou ata de assembleia ou declaração
de empresário individual em que conste a criação e o endereço da
unidade a ser inscrita, o capital social e também assinatura com firma
reconhecida dos sócios e do advogado com nº da OAB; ou
6. Gerar 1 cópia autenticada da última alteração consolidada ocorrida
no documento de constituição da Pessoa Jurídica (contrato social ou
estatuto ou ata de assembleia ou declaração de empresário individual)
em que conste a criação e o endereço da unidade a ser inscrita, o capital
social e também assinatura com firma reconhecida dos sócios e do
advogado com nº da OAB;
7. Caso a empresa seja da modalidade EMPRESÁRIO INDIVIDUAL, o
item 5 será substituído pela apresentação do Requerimento de Empre-
sário, devidamente registrado na Junta Comercial.

Para conhecer o procedimento completo para inscrição de Pessoa Jurídica – Pessoa


Jurídica de Direito Privado com Fins Lucrativos, Pessoa Jurídica de Direito Público ou
Pessoa Jurídica de Natureza Filantrópica, acesse o link a seguir.:

https://goo.gl/djbS4a

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De acordo com a Resolução nº 255, de 12 de Junho de 2015, do Conselho


Federal de Biomedicina, o profissional Biomédico no primeiro ano de sua
inscrição (a partir da colação de grau) terá 50% (cinquenta por cento) de
desconto na anuidade. A partir do segundo ano, a anuidade de sua inscrição
será atribuída pelo Conselho Regional de Biomedicina.

BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n° 50, de 20 de maio de 2000. Dis-


põe sobre a obrigatoriedade de registro nos CRBM’s de Biomédicos com atividades
simultâneas em mais de uma jurisdição. Brasília, DF, 2000. Disponível em: <http://
crbm1.gov.br/RESOLUCOES/Res_50de24maio2000.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n° 169, de 16 de janeiro de 2009. Dis-
ciplina o registro de habilitações profissionais em carteira, pelos Conselhos Regionais
de Biomedicina. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 13, 20 jan. 2009. Seção 1, p. 36.
BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n° 255, de 12 de junho de 2015.
Dispõe sobre inscrição de Biomédicos e dá outras providências. Brasília, DF, 2015.
Disponível em: <https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=301862>. Acesso em:
01 abr. 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Decreto nº 88.439, de 28 de junho de 1983. Dispõe sobre a regulamentação do
exercício da profissão de Biomédico de acordo com a Lei nº 6.684, de 03 de setembro
de 1979 e de conformidade com a alteração estabelecida pela Lei nº 7.017, de 30
de agosto de 1982. Brasília, DF, 1983. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto/1980-1989/D88439.htm>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975. Cria o Conselho Federal e os Conselhos
Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e dá outras providências. Brasília, DF,
1975. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6316.
htm>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Lei nº 6.684, de 3 de setembro de 1979. Regulamenta as profissões de Biólogo
e de Biomédico, cria o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Biologia e
Biomedicina, e dá outras providências. Brasília, DF, 1979. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6684.htm>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Lei n° 7.017, de 30 de agosto de 1982. Dispõe sobre o desmembramento dos Con-
selhos Federal e Regionais de Biomedicina e de Biologia. Brasília, DF, 1982. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7017.htm>. Acesso em: 01 abr. 2018.

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14 Conselhos Federal e Regional de Biomedicina

PERNAMBUCO. Conselho Regional de Biomedicina (2ª Região). Histórico. 2015. Dispo-


nível em: <http://crbm2.gov.br/website/historico/>. Acesso em: 01 abr. 2018.
RIO GRANDE DO SUL. Conselho Regional de Biomedicina (5ª Região). Procedimento
para inscrição de Pessoa Física: Biomédico. [2017]. Disponível em: <http://crbm5.gov.
br/site/wp-content/uploads/2017/07/Procedimento-para-Inscri%C3%A7%C3%A3o-
-de-Biom%C3%A9dico-PF.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2018.
SÃO PAULO. Conselho Regional de Biomedicina (1ª Região). 2018. Disponível em:
<https://crbm1.gov.br/>. Acesso em: 01 abr. 2018.

Leituras recomendadas
BRASIL. Conselho Federal de Biomedicina. Resolução n° 92, de 14 de maio de 2003.
Normatiza registro de Diplomas nos CRBM’s. Brasília, DF, 2003. Disponível em: <http://
crbm3.gov.br/arquivos/resolucoes/resolucao_92.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2018.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. A Constituição e o Supremo. 4. ed. Brasília, DF:
Secretaria de Documentação, 2011. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/
cms/publicacaoLegislacaoAnotada/anexo/Completo.pdf>. Acesso em: 01 abr. 2018.

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