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NIKOLAI I. BUKHARIN A Economia Mundial e o Imperialismo Esboco Econémico Dados de Catalogacio na Publicago (CIP) Internacional (Cémara Brasileira do Livro, SP, Brasil) ‘Bukharin, Nikolai Ivanovitch, 1888-1938. Tradugao de Raul de Carvalho 1B949e "A economia mundial ¢ o imperialismo : esbogo econdmico / Nikolai 3.ed. 1. Bukharin , tradugSo de Raul de Carvalho. — 3. ed. — S80 Paulo : Noval Cultural, 1988. (Os economistas) ISBN 85-13-00127-9 1. Cepitalismo 2. Imperiaismo 3. Unio Sovitica - Condigdes econémi- cas |. Titulo, Il. Série, cDp-330.122/ 325.32 330.947 ee eee | 1. Capitalisme : Economia 330.122 ‘now CULTURAL 2. Imperialismo : Cigncia polica 325.32 3. Unido Soviétca : Hist6ria econdmica 330.947 1988 A Economia Mundial e o Estado Nacional 1. A reprodugéo do capital mundial e as raizes da expansSo capitalista, — 2. A superprodugSo dos produtos industrials, a subproducéo dos produtos ‘agricolas e a superproducéo de capital, trés aspectos de um mesmo fendme- 3, O confito entre a economia mundial e os limites do Estado nacio- ‘0 imperialismo, politica do capital financeiro. — 5, A ideologia do 0s atritos e conflitos que fatalmente surgem na sociedade moderna conduzem, em seu desenvolvimento, & guerra, nico meio, segundo os cft- ff de uma fase da evolucSo hist6rica. Desnudamos os trés objetivos essenciais da politica de conquista dos Estados capitalistas contemporaneos: 0 agravamento da concorréncia pela ‘Ora, no fundo, essas trés raizes da politica do capitaismo financeiro so apenas trés aspectos de um mesmo fendmeno: 0 conflito entre o desen- volvimento das forgas produtivas e a limitagdo nacional da organizagao da produgéo. 95 _RELUNUMIA MUNDIAL E 0 PROCESSO DE NACIONALIZACAO DO CAPITAL Na realidade, uma superproduco de produtos industriais € uma sub- Perproducdo relativa de capital. Entretanto, e ainda uma vez, essa superpro- dugdo é apenas um novo aspecto da superproducao mercantil. “A superproducio de capital”, escreve Marx, “no passa de uma superpro- duc&o de meios de trabalho e de existéncia que, a um nivel determinado, po- dem ser aplicados na exploragio dos tablhadores (..) capital compde-se mercadorias; a superproducéo de capital pressupée, por conseguinte, uma superprodugao de mercadorias.”" E inversamente: quando ha reducdo da superproduc3o de capitais, hé diminuigéo da superproduggo de mercadorias. Desse modo, a exportagéo de capital, reduzindo a superproducao de capital, contribui para o decrésci- mo da superprodug4o mercantil. (Constatemos, entre parénteses, que se, “A explorag&o dos paises economicamente atrasados, pelos capitalistas de 4 MARX, Karl. Le Capital. Livro Terosiro. p. 273-279. £ essa a azo por que os fatores determinantes a exporagdo de mercadoras (venda de mercadoris, mati primas, mBo-de-obea ete) podem il: ‘mente determiner a exportagto de capital. Consular, a esse propéxiio, SCHUMACHER, Herman Weluinschaftiche Studien. Leipdg, 1911; art. “Die Wanderunger der Grossindustie in Deutschland ‘und Vereinigten Staaten”, sobretudo asp. 406-407. A ECONOMIA MUNDIAL EO ESTADO NACIONAL 97 um pafs europeu qualquer”, diz ele, “tem, nessas condicées, dois tipos de cconseqiiéncia: diretamente, a criac&o, para capital, de novas esferas de in- vvestimento num pais colonial, e, ao mesmo tempo, um escoamento maior de mercadorias para a indistria'do pais dominante, Indiretamente, novas éreas de investimento de capital no interior do pais dominante e ampliagéo do mer- cado para os produtos da totalidade dos ramos de sua induistria.”® entre a base da economia social do mundo e a estrutura de classe especifi- ca da sociedade, na qual a prépria classe dirigente (a burguesia) se acha di- Vidida em grupos nacionais, com interesses econdmicos discordantes: gru- Pos que, embora se contraponham ao proletariado mundial, atuam ao mes- nt 0s dentes e prontos, a qualquer momento, a lancar-se uns sobre 0s outros. Nao se poderia definir melhor do que o fez Hilferding os objetivos essen- ciais da politica modema. “A politica do capital financeiro”, escreve ele, “‘procura triplice objetivo. Em primeiro lugar, a criagSo de um teritorio econdmico to vasto quanto pos- sivel. Em segundo lugar, a defesa desse tertitério contra a concorréncia estran- geira, por meio de barreiras aduaneiras. E, a seguir, em terceiro lugar, sua * BAUER, Ott. La Question Nationale et la Sct. Démocrati 988 ECONOMIA MUNDIAL E © PROCESSO DE NACIONALIZACAO DO CAPITAL transformagéo em campo de exploragio para os monopélios do pais”? A expansao do territ6rio econémico entrega aos cartéis nacionais re- gies agrétias e, por conseguinte, mercados de matérias-primas, e aumenta 0s mercados eslera de investmento do capita ‘A politica aduaneira per- ir corréncia estrangeira, obter mais-valia e por em movi- ping. Todo © conjunto do sistema contribui para o 0 dos monopélios. Ora, essa politica do capital fi- Essa politica implica métodos violentos, pois a ampliagSo do tentt6rio nacional € a guerra. Nao se deduz daf, entretanto, que qualquer guerra e qualquer expansao do temitério nacional pressupdem uma politica imperia- , ; 0 undo tem 0 dom de conhecé-las, e utllza, a0 lado de um maximo de assi- milago ou de uma unio econémica Gnica, uma formula eléstica, como, por exemplo, as tarifas preferenciais entre colbnias e metr6poles etc. Tal € a teoria de Loria. eakiarin ci Sid eo sp esanenins entre a Inglaterra e os demais pafses); igualmente, é impossivel falar do ca- rater exclusivamente “tropical” do imperialismo “‘econémico”. O destino da Bélgica, da Galicia, da América do Sul, da China, da Turquia, da Persia @ disso a melhor prova. ® HILFERDING, Rudolph. Le Capital Financier. p. 435. “Ver LORIA, Achile. “Les Deux Notions de Tlmpériaisme”. In: Revue Economique Intemational. 1907, tI, p. 459 et segs ‘A ECONOMIA MUNDIAL E 0 ESTADO NACIONAL Recapitulemos. O desenvolvimento das forgas produtivas do capitals dos cartéis e o estreitamento dos mercados, em conseqliéncia da politica colonial e aduaneira das poténcias capitalistas; a crescente desproporcéo entre a inddstria, com seu extraordindrio desenvolvimento, e a agricultura retardatéria; enfim, o alcance imenso da exportacdo de capital e a depen- déncia econémica de paises inteiros para com cons6rcios bancrios nacio- nais levam antagonismo entre os interesses dos grupos nacionais do capital ma e que estenda infinitamente sua forca imensa até governar 0 mundo num império universal, tal é o ideal sonhado pelo capital financeiro. “Com olhar confiante, ele contempla a mescla babilénica dos povos e, aci- ma das demais, vé sua propria nagfo. Ela é real, vive em seu Estado poderoso, mmlipcando inintemuplamente sua fora ¢ seu poder. Consagr todas as suns da nacdo, cimentadas por idéntico objetivo: a grandeza nacional.”* © HILFERDING, R. Op. ct, . 515, tadugdo nussa 100 AECONOMIA MUNDIAL E 0 PROCESSO DE NACIONALIZAGAO DO CAPITAL. } | PARTE TERCEIRA i te sobre os pés dos sldados, as ara Sessa el e sobre set cora co". O Imperialismo, Reproducao Ampliada da Concorréncia Capitalista * Die Deutsche Finane Reformen der Zukunft. Part Il de “Stoatseich oder Reformen” von Einem ‘Ausland Deustschen. Zurique, 1907. p. 208.

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