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S912p Straub, Richard O. Psicologia da sate [recurso eletronico] : uma abordagem biopsicossocial | Richard O. Straub ; tradusi0: Ronaldo Cataldo Costa; revisio técnica: Beatriz Shaver. — Dados eletrnicos. - Porto Alegre : Artmed, 2014 Editado também como liveo impresso em 2014. ISBN 978-85-8271-054-8 1. Psicologia 2. Perspectiva biopsicossocial. I. Titulo, DU 1599 Catalogagao na publicagfo: Ana Paula M, Magnus ~ CRB 10/2052 Capitulo 6 Satide e comportamento Teorias sobre o ‘comportamento de saude Prevensio Vida saudivel Exercicios Sono saudével Promovendo familias e ‘comunidades saudaveis Educagéo paraa sadde comunitéria| Estruturagao de mensagens Promovendo locals de trabalho saudaveis Psicologia positiva e florescimento Alostasiae sate neuroendécrina Fatores psicossociats, eflorescimento fisioléaico Aspectos do florescimento psicolégico Permanecendo saudavel: prevencao primaria e psicologia positiva suando Sara Snodgrass encontrou wm nédulo em seu seo, seus primeiros pen- samentosoram a tia ea mie, que morreram apés lutar contra o cancer de mama. Depois de ser diagnosticada com cancer, sua tia “foi para casa fechou todas as cortinas, recusou- se a sair exceto para as quimioterapias e recebia pouguissimas visitas. la esperou pela morte” (Snodgrass, 1998, p. 3). A bidpsia de Sara foi seguida por uma lumpectomia (re ‘mogio do tumor maligno) e dois meses de radioterapia. Embora o médico e ela tivessem esperanga de que tivesse se curado, menos de um ano depois, foram encontradas metis- tases em seu abdome, Em suas palavras, ela havia “submergido no cancer” desde entio, tendo passado por trés cirurgias, cinco ciclos diferentes de quimioterapia, dois tipos de terapia hormonal, trés meses de radioterapia, um transplante de medula e wm transplan te de células-tronco. No decorrer do tratamento, ela também sofria dores imprevisiveis e debilitantes de 10 a 14 dias por més. Todavia, ao contrério de sua ti, Sara continuou seu trabalho como professora uni- versitéria, enquanto facia cirurgias, radioterapia e quimioterapia, Determinada a nado deixar 0 cancer interferir em sua vida, também continuow a mergulhar, esquiar ¢ fa~ zer outras atividades que surgiam de seu otimismo, seu senso de dominio pessoal e sua confianga naturais.E ela assumiu o controle de seu tratamento, aprendendo tudo 0 que puctesse sobre ele, tomando suas préprias decisbes e recusando-se a trabathar com médi- cos que no a tratassem com respeito e aceitassem seu desejo de manter um sentido de controle sobre a vida Talvez 0 mais notdvel de tudo seja a convicgao de Sara de que seu cancer levou a uma reorganizagio de sua autopercepgao, seus relacionamentos e sua filosofia de vida. ssa convicgao a ensinow a viver mais no presente e a nao ter preocupagao com o futuro. Fla parou de se preocupar se encontraria o homem certo, se seus alunos the dariam boas avaliagées ese teria dinheiro suficiente para viver de forma confortdvel durante a aposen- tadoria, Aprendeu também que os relacionamentos com amigos e familiares sao a parte ‘mais importante de sua vida. Quando pensa sobre morrer, ela diz: “Nao vou dizer que queria ter escrito mais artigos. Porém, posso dizer que queria ter visto ou falado com mais amigos ou conhecidos com quem perdi contato.” Fé isso que ela est fazendo ~ se corres pondendo, telefonando e viajando para renovar velhos relacionamentos e se divertindo em novas relagoes que ampliaram sua rede de apoio social por todo 0 pats De uma perspectiva estatistica, apenas 15% das pacientes com metéstase do cdincer de ‘mama vive cinco anos. Ainda assim, emt ito anos, 0 cancer de Sara nao se espalhou € cresceu de forma imperceptivel. Igualmente importante, Sara acredita que estd evoluindo CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva como pessoa e experimentando a vida de um modo mais positiva do que antes. Conforme sua propria descrigao, sua experiéncia da adversidade trouxe beneficios inesperados que ermitiram florescer psicologicamente. ‘quisa, visando a prevenir doengas ¢ ferimentos. As vezes, a doenga néo pode jer prevenida, como no caso de Sara. Ainda assim, mesmo nesses casos ex- ‘remos, desenvolver nossas potencialidades humanas pode nos dar a capacidade de florescer. Iniciamos este capitulo considerando a conexio entre o comportamento ¢ a saiide, Depois disso, exploramos de que maneira o foco biopsicossocial da psicologia da satide em abordagens baseadas em potencialidades para a prevengao, primeiro, ¢ a psicologia positiva, em segundo lugar, podem ajudar a formar individuos, familias ¢ comunidades saudaveis. AA ring ero eto de vide e ele denen grand erg depo Satide e comportamento a sade de alguma forma — para melhor ou pior, direta ou indiretamente, de jimediato ow a longo prazo. Os comportamentos de satide sio comportamen- tos das pessoas para melhorar ou manter sua saiide, Exercitar-se com regularidade, usar protetor solar, seguir uma dieta com baixo teor de gordura, dormir bem, praticar sexo seguro ¢ usar 0 cinto de seguranga sdo comportamentos que ajudam a “imuni- za” voce contra doengas e ferimentos. Exemplos menos dbvios incluem passatempos prazerosos, meditagao, rit, férias regulares ¢ até ter um animal de estimagao. Essas atividades ajudam muitas pessoas a lidar com o estresse ¢ manter uma perspectiva otimista sobre a vida Visto que os comportamentos de satide ocorrem em um continuum, alguns deles podem ter tanto um impacto positivo quanto negativo sobre a satide (Schoenborn et al, 2004), Por exemplo, praticar exercicios ¢ fazer dieta podem ocasionar uma perda de peso benéfica; se levados ao extremo, contudo, pode ser desencadeado um “efeito sanfona” de perda ¢ ganho de peso que pode ser prejudicial & sate. De maneira se~ melhante, a classificagao de uso “saudavel” de alcool é problemitica, pois, ainda que abundem estudos sobre os beneficios a satide do uso leve ou moderado do alcool, exatamente que constitui esse “leve” ou “moderado” parece depender do género de outras caracteristicas da pessoa (Green et al, 2004). (© abuso de cool é exemplo de comportamento de risco para a satide que tem impacto negativo direto sobre a satide fisica, Outras atitudes influenciam a satide di- retamente por meio de sua associa¢4o com comportamentos que tenham impacto direto sobre a sade, Beber muito café, por exemplo, pode aumentar o risco de doen- «as cardiacas, pois muitas pessoas que tomam café em excesso também fumam e pra- ticam outros comportamentos de risco que podem aumentar a ameaga de cardiopatia (Cornelis etal, 2006), ‘Como parte de seu projeto Youth Risk Behavior Surveillance,” o Centers for Di- sease Control and Prevention (2010) identificou os seguintes comportamentos de ris co A saide ~ em geral com inicio na juventude ~ que colocam as pessoas em situacao de risco de morte prematura, deficiéncia ¢ doengas crénicas: E= imaginar uma atividade ou um comportamento que nao influenciem, “N.de RET: Em portuguts, Observatério de ComportamentoJuveni de Riso 1 comportamento de sade lum comportamento, ou habito, que promove a sade; também chamado Imunégeno comportamental Figura 6.1 Imunégenes ‘comportamentals taxa ‘de mortalidade. Nove anos ‘meio depois do fanaso ‘Alameda Health Study comesar ‘8 moraldade dos homens {que pratcavar todos os sete hhdbitos saudvelsregularmente (dormirde 728 horas por dia, nunca fumar, estar perto dopeso ideal, beber com ‘moderacio, exercitar-se com ‘egularidade, comer desjeam & feviar comer entre as efeigoes) ‘rade 28% da mortalidade daqueles que haviam praticado trés ou menos dos ‘comportamentos saudéves. Fonte elo Le Belo N (9993). Hearn pracees ang dab lysSomeeldence om Alameda PARTE 3 | Comportamento.e sade « Fumar e outras formas de uso de tabaco. ‘Comer alimentos com alto teor de gordura e baixo de fibras, - Nao fazer atividades fisicas suficientes. Abusar de alcool ou outras substancias (incluindo as de prescrigao).. . Nao usar métodos médicos comprovados para prevenir ou diagnosticar doencas precocemente (p. ex. vacinas para gripe, decisbes saudaveis relacionadas com 0 ‘exo, papanicolau, colonoscopias, mamogramas). Participar de comportamento violento ou que possa causar lesdes involuntérias (p.ex, dirigir intoxicado). Alguns comportamentos afetam imediatamente a satide ~ por exemplo, envol- ver-se em um acidente automobilistico sem usar cinto de seguranga, Outros, como comer uma dieta com alto teor de gordura, tém efeito a longo prazo. E alguns com- portamentos, como fazer exercicios ou fumar cigarro, apresentam um efeito imediato €.a longo prazo sobre a side. Os comportamentos relacionados com a satide inte ragem e frequentemente sao inter-relacionados. Uma pessoa que fuma, por exemplo, também pode ingerir lcool e quantidades excessivas de café, O efeito combinado desses comportamentos sobre a satide é mais forte do que se a pessoa realizasse apenas um deles. De modo semelhante, praticar exercicios, comer alimentos saudaveis ¢ be- ber bastante égua também tendem a ocorrer juntos, mas de modo positivo. As vezes, a pessoa pode ter comportamentos saudaveis ¢ insalubres — por exemplo, beber alcool e praticar exercicios. Nesses casos, um pode minimizar o efeito do outro. Finalmente, ‘um comportamento de satide pode substituir um insalubre, Por exemplo, muitos ex- -fumantes verificam que a pritica regular de exercicios aerObicos proporciona um substitute saudavel (¢ eficaz) para a nicotina, Qual é 0 impacto potencial de adotar um estilo de vida mais saudavel? Em um estudo epidemioldgico classico iniciado em 1965, Lester Breslow e Norman Breslow comegaram a acompanhar a satide e os habitos do estilo de vida de homens residentes em Alameda County, na California. Durante os muitos anos desse estudo notavel, os efeitos salutares de sete habitos de satide — dormir de 7 a 8 horas diariamente, nunca fumar, estar proximo de seu peso ideal, beber alcool com moderacao, fazer exercicios fisicos com regularidade, comer desjejum ¢ evitar comer entre as refeiges — mostra ram-se surpreendentes (Fig. 6.1) slo represertam 2 ‘monaldage de aaa grupo meat aonumera de 2 a [NUMERO OF COMPORTAMENTOS DE SAUDE PORCENTAGEN 005 QUE MORRERAM ‘DESDE O COMEGO DOESTUDO CAPITULO 6 [| Permanecendosaudével preven prima epolosa posta Teorias sobre o comportamento de satide Os psicélogos da satide desenvolveram diversas teorias para explicar por que as pes- soas praticam ou nao determinados comportamentos de satide. Nesta segao, discuti- remos algumas das teorias mais influentes. © modelo de crenca de sauide Segundo o modelo de crenga de satide, as decisdes relacionadas com 0 comportamen- to de satide se baseiam em quatto fatores que interagem e influenciam nossas percep ‘bes a respeito de ameagas a sade (Fig. 6.2 [Strecher e Rosenstock, 1997]: Wi Suscetibilidade percebida. Algumas pessoas preocupam-se constantemente com sua vulnerabilidade a ameacas a satide, como o virus da imunodeficiéncia humana (HIV); outras acreditam que nao estejam em perigo. Quanto maior a suscetibili- dade pereebida, maior a motivacao para praticar comportamentos que promovam a satide, Os adolescentes, especialmente, parecem viver suas vidas seguindo uma {fabula da invencibilidade, Eles tém um falso senso de “invulnerabilidade” que for- rnece pouca motivagao para mudar seus comportamentos de risco. 1 Gravidade percebida de ameaga a saide. Entre os aspectos considerados esto 0 fato de se dor, deficiéncia ou morte podem ocorrer, assim como se a doenca terd impacto para a familia, os amigos e os colegas de trabalho. Sara Snodrass (da in- trodugao do capitulo) reconheceu a gravidade de sua condicao e dedicou-se a ter comportamentos e modos de pensar saudaveis, 1 Beneficios e barreiras percebidos ao tratamento. Ao avaliar os prés ¢ os contras de determinado comportamento de saiide, a pessoa decide se seus beneficios perce- bidos ~ como evitar uma doenca potencialmente fatal ~ excedem as barreiras — como causar efeitos colaterais desagradaveis ou desencadear uma reagao negativa de seus amigos. Por exemple, alguém pode ignorar as enormes vantagens de parar de fumar por preocupacao com engordar e perder a beleza. i Dicas para agai. Conselhos de amigos, campanhas de satide nos meios de comuni- cagio e fatores como idade, status socioecondmico e género também influenciam, 4 probabilidade de que o individuo venha a agir de determinada maneira. Em resumo, 0 modelo de crenga de saiide ¢ uma teoria Logica a qual propde que as pessoas irdo agir para afastar ou controlar condiges que induzem doencas: eaa0. ane ere pee Emesace "Bo peventva mens “eanhecmens — "P—Bareaspereetisas 3 + penonaiande ae preventive See ane ‘Aresgapercebids de Probabiidade de mada graidadedadoenceos > Goeneebucondgae, P decomparanente. cones Dias paraags: Consanor treo + Boengafamliar © Stones 1 formas na mia modelo de crenga de sade teoria em estigios que identifies quatro crengas ue influenciam as tomadas dedecisio relacionadas a comportamentos de sade: a suscetibilidade percebida ' uma ameaga a saide;a gravidade percebida de ddoenca ou condlicio; eo beneficiose bareiras a0 tratamento, ‘Omodelo de renga de side. Esa tora om estiios eniatiza os fatores que infuenciamas tomadas de deci relacionadas como comportamento de sai. Se ‘acreditarmos que uma ine de do esponivelit eda nossa suseetiblleade ova gravdade ‘da condo, adotaremos ese comportamento de sade. ‘Wise The eat beet model Emp toumfewmn.)Werman, EMiate Moone Com ge handbook fps heath Trecho nese vs = teoria do comportamento planejado teoria que prevé © comportamento saudével com base em tts ftores: 3 atitude pessoal para como. comportamento;a norma subjetiva em relagio ao comportamento;€ 0 grau de percepsio de controle sobre 8 comportamento. 1 intencéo comportamental fem teorias do comportamento de sade, adecisio racional de realizar um comportamento relacionade 3 satde ou de abster-se de partcipar de tal comportamento, = norma subjetiva interpretacso de um individuo das vsbes de utras pessoas no que diz respeltoadeterminado comportamento relacionado coma sade. PARTE 3 | Comportamento.e sade 1. se considerarem que sio suscetiveis a condigao; 2. se acreditarem que a condigao possa trazer consequéncias pessoais sérias; 3. seacreditarem que uma linha de agao disponivel ir reduzir sua suscetibilidade ou a gravidade da condigio; 4, seacteditarem que os custos de agir dessa forma serio superados pelos beneficios ocasionados por fazé-lo; e 5. se as influéncias ambientais incentivarem a mudanga (Strecher € Rosenstock, 1997), © modelo de crenga de satide foi 0 primeiro modelo de satide submetido a pes- quisas extensivas. Aprendemos que as pessoas tém mais probabilidade de fazer exa~ mes dentais regulares, praticar sexo seguro, comer de maneira saudavel, fazer exames para cancer colorretal e outras formas de cincer e participar de outros comportamen- tos protetores da satide se sentirem-se suscetiveis aos diversos problemas de satide que poderiam advir de nao fazé-lo (Deshpande, Basil e Basil, 2009; Manne et al., 2002). Estudos também mostram que intervengoes educacionais visando a mudar as crengas de satide aumentam os comportamentos de protegio a sate, Por exemplo, mulheres que recebem mensagens educativas objetivando aumentar seu conhecimento dos be- neficios de fazer mamografia ém quase quatro vezes mais probabilidade de realizar o exame do que mulheres de um grupo de controle (Champion, 1994), Apesar desses sucessos, alguns estudos verificaram que as crengas de saxide ape- nas conseguem prever comportamentos relacionados com a satide de forma modesta € que outros fatores, como a percepgao de barreiras contra a pritica de comporta- mentos saudaveis, sio determinantes mais importantes (Janz et al, 1997). Por exem- plo, em um importante estudo prospectivo, Ruth Hyman e colaboradores (1994) ve- rificaram que a percepgio de suscetibilidade ao cancer de mama nao conseguiu prever 6 uso de servigos de mamografia pelas participantes do estudo, embora houvesse a percepgao de beneficios ¢ de barreiras (como 0 fato de ter uma clinica acessivel € lum médico que recomendasse o exame). O mesmo estudo verificou que a etnia de uma mulher era o melhor prognéstico de todos, havendo significativamente mais probabilidade de as afro-americanas obterem mamogratias com regularidade do que as norte-americanas de origem europeia. Outros criticos afirmam que o modelo de crensa de satide concentre-se demais em atitudes sobre o risco percebido, em vez de respostas emocionais, que podem pre~ ver 0 comportamento de forma mais precisa (Lawton, Conner e Parker, 2007). O modelo de crenga de satde representa uma perspectiva relevante, mas ¢ incompleto. ‘Vamos ampliar nosso pensamento com outra teoria que focaliza o importante papel que as intengoes ¢ a autoeficécia das pessoas desempenham em seus comportamentos de satide, A teoria do comportamento planejado Assim como 0 modelo de crenga de sate, a teoria do comportamento planejado especifica relagdes entre atitudes e comportamentos (Ajzen, 1985) (Fig. 6.3).A teoria sustenta que a melhor maneira de prever se um comportamento ira ocorrer é me- dir a intengao comportamental da pessoa ~ a decisio de participar de determinado comportamento relacionado com a satide ou de abster-se dele. As intengdes compor- tamentais sio moldadas por trés fatores. O primeiro é nossa atitude em relagio ao comportamento, que é determinada por nossa crenga de que o comportamento levara a certos resultados. Por exemplo, podemos decidir que reduzir a quantidade de gor- dura saturada em nossa dieta é bom, pois acreditamos que diminuir a gordura levara a perda de peso e mais beleza pessoal segundo determinante da intengio de agir € a norma subjetiva, que reflete nossa motivagao para aderir as visdes de outras pessoas com relagdo a0 comporta- CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva iui em reac v0 (Tomar bebederas paisa") t Nom ee recerounde __. Comparamene chocolatey rcxprogns, > tte “eompaniar sours. sequlser que gostem demi’) mento em questao. Por exemplo, podemos ter dificuldade de mudar para uma dieta com pouca gordura se essa modificagao nao estiver de acordo com o comportamento de nossos amigos e parentes. Temos fortes intengdes para agir quando nossas atitudes em relagéo a0 comportamento em questao so positivas e acreditamos que as pessoas também o consideram apropriado. O terceiro componente das intengdes comportamentais &a percepgito de controle do comportamento, que se refere a nossa expectativa de sucesso em realizar 0 com- portamento de saide esperado. Quanto mais recursos ¢ oportunidades para efetuar ‘uma mudanga comportamental acreditarmos ter, maior nossa crenca de que possa- ‘mos de fato mudar o comportamento. Se, 20 mudar para uma dieta com baixo teor de gordura, tivermos confiangs de que seremos capazes de encontrar receitas saudéveis, comprar 0s ingredientes, ter tempo para preparar as refeigdes e ainda gostar do sabor ‘mesmo com uma dieta mais restrta, teremos uma inten¢ao comportamental mais forte do que alguém que esteja em diivida, As atitudes e intengdes autorrelatadas pelas pessoas preveem uma variedade de ages que promovem a satide, incluindo fazer testes genéticos para doengas, tomar medicamento (Golndring et al., 2002), perder peso (Schifter e Ajzen, 1985), fazer exercicios (Godin et al, 1993), comer alimentos saudaveis (Conner et al. 2002), usar preservativo (Bogart e Delahanty, 2004), nao fumar (Fishbein, 1982), fazer autoexame dos seios ou dos testiculos (Lierman et al, 1991), realizar mamografias (Brubaker Wickersham, 1990), fazer acompanhamento pré-natal (Michie et al, 1992), exames de cincer (Conner ¢ Sparks, 1996), consultas de acompanhamento para resultados anormais em exames de satide (Orbell e Hagger, 2006) e dispor-se a doar sangue (Ba- gozzi, 1981). Devido a sua énfase no planejamento, nao é de surpreender que 0 modelo do comportamento planejado seja mais preciso para prever comportamentos intencio- nais orientados para objetivos e encaixe-se em um modelo racional (Gibbons et al, 1998). Em alguns casos, como no consumo de substincias téxicas (Morojele e Ste- henson, 1994), no comportamento sexual pré-conjugal (Cha et al., 2007) e ao dirigir alcoolizado (Stacy et al, 1994), 0 modelo obteve menos sucesso, Talvez isso se deva em parte ao fato de que, para muitas pessoas, especialmente adolescentes e adultos jovens, esses comportamentos de satide costumam ser reagbes a situagdes sociais. Por exemplo, jovens indo a festas em que outras pessoas fumem maconha ou bebam em excesso ou cedam as demandas de um(a) namorado(a) que queira sexo, Conforme observou Frederick Gibbons (1998), em tais cendrios, a pergunta: “O que voce esté disposto a fazer?” provavelmente descreva o apuro em que se encontra o jovem ( prevé seu comportamento subsequente) de forma mais precisa do que: “O que vocé planeja fazer?” Disposi¢io comportamental refere-se 4 motivacdo de uma pessoa em dado ‘momento para envolver-se em comportamento de risco. Assim como a intengio Essa tora prev que a decisbo ‘se umingividuo e realizar determinado comportamento ‘audivl basis em ts fatores:aatitude pessoal para ‘como comportamentoa norma subjeta em relagio 20 comportamento;¢0 gra de peep de controle sobre oe Fonte: Suton 5.1987. The theory [Splsneedbehavior ema Boom Seaman! Wetman est ‘eC hewanus as] Cominage ‘Pee Cage Gamonge Univer re 1 disposigéo ‘comportamental em teorias de comportamento de salide, ¢3 motivagso reativa endo planejada envolvida na decisio de realizar um comportamento derisco, 1m modelo transteéricoteoria de estigios muito utiizada aque afrma apassagem «as pessoas por cinco tstigios quando tentam mudar comportamentos relacionados com a sauide:pré-contemplagier contemplago; preparago; agio;e manutensi0. PARTE 3 | Comportamento.e sade comportamental, a disposiga0 comportamental é fungao de normas subjetivas. Uma maior disposigao comportamental esté associada a uma percep¢o de que outras pessoas afetivamente significativas, em especial amigos, participam e aprovam 0 Comportamento em questo, Além disso, assim como a inteng4o comportamental, a maior disposi¢ao comportamental também esté ligada As nossas atitudes positivas para com 0 comportamento, Por fim, o fato de o comportamento jé haver sido rea- lizado em ocasiao anterior esté associado a maior intengio e disposicao de realiz4-lo novamente. Disposigao comportamental difere de intencdo comportamental no sentido de que ela ¢reativa, em ver de deliberativa (Gibbons etal. 1998). Os comportamentos de risco e aqueles que comprometem a satide com frequéncia sio eventos sociais espon- tineos, nos quais as pessoas seguem o Iider do grupo, em vez. de tomarem a decisio pessoal de seguir aquele comportamento. Por essa razio, os comportamentos de risco possuem imagens sociais claras que influenciam a disposigao momentanea de uma pessoa de se comportar de certa forma. Uma quantidade substancial de pesquisas recentes corrobora o conceito de disposicao comportamental em comportamentos relacionados com a satide. Pesquisas realizadas com adolescentes sexualmente ativos, por exemplo, demonstram que a atividade sexual costuma ser reativa, em vez de pla- nejada (Ingham et al., 1991). Parece que o mesmo ocorre com o ato de dirigir alcoo- lizado (Gerrard et al., 1996), O modelo transtedrico Um tio obeso que tenho continuava a fumar e seguir uma dieta com alto contedido de gordura apesar da recomendagao de seu médico para modificar esses comportamen- tos que comprometem a satide. Quando o pressionaram para explicar por que nao estava mudando seus maus habitos de satide, respondeu que estava ciente dos riscos e acreditava que devia melhorar seu estilo de vida ~ mas que nao estava “pronto”, Alguns meses mais tarde, depois de um ataque cardiaco quase fata, ele declarou que estava pronto para largar o cigarro. E assim o fez. Infelizmente, também “desistiu” seis meses depois, Ele lutou para alcangar esse objetivo até o final de sua vida. Sera que ‘meu tio nao lembra alguém que vocé conhega? ‘As teorias do comportamento de sate que consideramos até aqui tentam iden- tificar variaveis que influenciem atitudes e comportamentos relacionados com a sat\- de e combiné-los em uma formula que preveja a probabilidade de que determinado individuo aja de certa maneira em determinada situagio. Por exemplo, a teoria do comportamento planejado poderia prever que meu tio continuaria a fumar porque tinha uma atitude positiva em relagio ao cigarro, j4 que fumar era esperado entre seus amigos e dava um sentimento de controle sobre a vida. © modelo transtedrico (também denominado modelo de estigios da mudanga), entretanto, sustenta que 0 comportamento muda sistematicamente ao longo de cinco estigios distintos (Pro- chaska, 1994; Prochaska et al, 1992). Esse modelo afirma que as pessoas progridem por meio de cinco estégios a0 allerar comportamentos relacionados com a satide. Os estagios séo definidos em ter ‘mos de comportamentos passados e intengdes de agbes futuras. Estdgio 1: Pré-contemplagdo. Durante este estégio, as pessoas nao estdo pensando seriamente sobre mudar seu comportamento; podem até evitar reconhecer que comportamento deva ser mudado. Estdgio 2: Contemplagio, Neste estigio, as pessoas reconhecem a existéncia de um. problema (como o habito de fumar) e estdo considerando seriamente a possibili dade de mudarem seu comportamento (parar de fumar) em um futuro proximo (cm geral, em seis meses) Estdgio 3: Preparagdo, Este estigio envolve pensamentos e agdes. Ao prepararem-se para parar de fumar, por exemplo, as pessoas obtém uma receita para um adesivo de nicotina, entram para um grupo de apoio, buscam suporte familiar e fazem ‘outros planos especificas Estdgio 4: Agdo. No decorrer deste estigio, as pessoas jé mudaram 0 comporta- mento e estio tentando manter os esforgos. Estdgio 5: Manutencio, As pessoas nesta etapa continuam a obter sucesso em seus esforgos para alcancar seu objetivo final. Embora este estégio possa manter-se in- definidamente, sua duragao em geral & definida de forma arbitréria em seis meses. (© modelo de estagios da mudanga reconhece que as pessoas mudam entre os estgios de maneira nao linear, como em uma espiral (Velicer ¢ Prochaska, 2008). A Figura 644 ilustra a progressio de um fumante pelos cinco estagios da mudanga para parar de fumar. Como meu tio, muitos ex-fumantes recentes tém recaida entre a ma nutengio e a preparagio, seguindo um ciclo dos estagios 2 a 5 uma ou mais vezes até «que concluam sua mudanga comportamental. Embora 0 modelo transtedrico tenha mais éxito para prever certos comporta-_ Figura 6.4 mentos do que outros (Bogart e Delahanty, 2004; Rosen, 2000), a pesquisa costuma confirmar que pessoas em estgios mais clevados tém mais sucesso ao tentar melhorar seus comportamentos relacionados com a satide, como adotar uma dieta saudével (Armitage et al, 2004), testagem domiciliar para nivel de radénio (Weinstein e Sand- ‘man, 1992), prevensao da osteoporose (Blalock et al, 1996), vacinas contra hepatite B (Hammer, 1997), tabagismo (DiClemente, 1991), exames para cAncer de mama € colorretal (Champion etal, 2007; Lauver et al., 2003; Manne et al, 2002), comporta- _mentos sexuais seguros (Bowen ¢ Trotter, 1995), prevengao do HIIV (Prochaska et al, 1994) e dieta (Glanz et al, 1994). Outras pesquisas mostram que as teorias de estagios, como 0 modelo trans- te6rico, tém uma vantagem bastante pritica: promovem 0 desenvolvimento de in- tervengoes de satide mais efetivas, proporcionando uma “receita” para a mudanga comportamental ideal (Sutton, 1996). Iss0 possibilita aos psicélogos da satide ¢ a ‘outros profissionais combinatem a intervengdo com as necessidades especificas de modelo transteérco. modelo transteérco, 4 dos estigos da mudanca, aualiaa prontidio da pessoa paraagircomum novo omportamento mals savdve, ‘Também identifica estrategias processos para orientar 0 indviduo pelos estigios a mudanga atéaagioe mantengio bem-sucedidas Oserticos observam que or ‘estigiosndo so mutuamente excludentes e queas pessoas rem sempre avangamm er sequéncia por etapas dstintas medida que lutam para ‘mudar seus comportamentos relacionados com a sade, “sue do cigar farts meses “Pai derma de resets, iba duas seman “conte mia ci fal que pret ‘etuar Ene dev una recta par “Pres parardefuma? “enho plans de pararefomar™ 132 © poder da situagho social ara multos adoescentes {assim como adultos joven ‘os comportamentos de side costumam ser eagoes a situagbes socials em verde stuacdes planejadasracionalmenteEles bbebem porque seus amigos bbeber, ndo porque tenham tornado uma decsao conscente de que gostam de aicool As, situagbes socais também podem desencadear comportamentos adultos, como dangat, fazer ‘exertcos ou algums outa forma derecreagio. PARTE 3 | Comportamento.e sade ‘uma pessoa que esteja “presa” em determinado estagio (Perz et al, 1996). © modelo também reconhece que diferentes processos comportamentais, cognitivos e sociais podem assumir a dianteira quando tentamos alcangar nossos objetivos basicos de satide, Entre eles, estéo a conscientizagao (p. ex. procurar mais informagies sobre um comportamento que compromete a satide), contracondicionamento (substituir com- portamentos alternativos pelo comportamento-alvo) ¢ uso de reforgo (recompensar- se ou ser recompensado pelo sucesso). Vejamos um exemplo. & provavel que tentar convencer uma pessoa obesa que esteja no estigio de pré-contemplacio a perder peso fracasse, pois as pessoas que se encontram nesse estigio nao acreditam que estejam com um problema de satide. A intervencéo mais efetiva nese momento seria incentivé-la a considerar mudar seu comportamento, talvez fornecendo informagdes sobre os riscos da obesidade para a satide, No entanto, uma pessoa no estagio de preparacio ou agdo nao precisa de mais persuasdo para mudar seu comportamento. ‘Todavia, ela pode precisar de dicas espe- cificas sobre como implementar um plano de agao efetivo, Abordando os beneficios percebidos de comportamentos de risco elevado Ainda que 0 modelo de crenga de satide, a teoria do comportamento planejado ¢ 0 modelo transteérico incluam beneficios €riscos percebidos, a intengao desses mode los era, a principio, explicar comportamentos preventivos motivados pelo desejo de evitar doengas e lesdes. Consequentemente, esses modelos tendem a enfocar os riscos de comportamentos insalubres, em vez. de quaisquer beneficios percebidos de com- portamentos de alto risco para o individuo. Os pesquisadores observaram, contudo, que os beneficios percebidos sao importantes preditores de certos comportamentos, como o ato de beber em adolescentes (Katz etal, 2000), 0 uso de tabaco (Pollay, 2000), € sexo desprotegido (Parsons etal, 2000). Em uma pesquisa com estudantes do quinto, sétimo e nono anos, Julie Goldberg € colaboradores (2002) apresentaram aos participantes o seguinte cendrio: Imagine, agora, que voce esteja em uma festa, Durante a festa, vocé toma al gumas doses de bebidas alcodlicas (como duas tagas de vinho, dois copos de cerveja ou duas doses de destilados). Mesmo que isto seja algo que voce jamais aria, ente imaginar Depois de ler 0 cendrio, os estudantes devem responder varias perguntas abertas sobre as coisas boas e ruins que poderiam ocorrer se bebessem em uma festa. Eles também devem falar de sua experiéncia verdadeira com o alcool e as consequéncia de beber. Seis meses depois, io questionados mais uma ver sobre seu comportamento coma bebida Os pesquisadores descobriram muito sobre os beneficios percebids da bebida. Mais que os alunos do quinto e sétimo anos, os do nono ano perceberam que os beneficios fisicos, € sociais do Alcool (p. ex. “Gosto do barato que dé quando bebo"; “Vou me divertir mais na festa”) sio mais provaveis, ¢ 0 riscos fisicos e sociais (p.ex., “Vou passar mal”; “Vou fazer algo de que depois vou me arrepender”), menos provaveis de acontecer. Esses resultados tm uma implicagdo profunda para campanhas de educagio em satide voltadas para adolescentes Embora os pesquisadores muitas vezes concluam que os ado- lescentes sao irracionais em suas decisbes, pois se envolvem. em comportamentos de risco mesmo conhecendo os riscos, CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva esses resultados sugerem que os jovens, de fato, ponderam os pr6s e contras de seus comportamentos. Mensagens mais efetivas sobre a satide poderiam se concentrar em como os adolescentes podem obter os beneficios percebidos de comportamentos de risco a satide de formas mais seguras, Por exemplo, as mensagens poderiam identificar coutras maneiras de se sentir mais maduro e ser mais socivel em festas do que por meio da bebida Prevencgao. dificar o risco da pessoa antes que a doenga a atinja, De fato, pesquisadores diferenciaram trés tipos de prevencao, que sao realizados antes, durante e de pois de uma doenga atacar, Prevencao primaria refere-se a ayes que promovem a satide, que sio realizadas para prevenir que uma doenga ow lesio ocorra, Exemplos de prevengao priméria si0 usar cinto de seguranca, seguir uma boa nutrigio, fazer exercicios, nao fumar, manter padres saudaveis de sono e fazer exames de satide regularmente Prevencao secundaria envolve aces para identificar ¢ tratar uma doenga no comeco de seu curso, No caso de uma pessoa com presséo alta, por exemplo, a pre- vyengio secundaria envolveria exames regulares para monitorar sintomas, 0 uso de medicamentos para a presso ealteragbes na dieta Prevencao terciéria envolve ages para conter ou retardar danos uma vez que a doenga jé tenha avancado além de seus estgios iniciais. Um exemplo de preven¢ao tercidria é0 uso de radioterapia ou quimioterapia para destruir um tumor. A preven 40 terciaria também busca reabilitar as pessoas ao maior nivel possivel Embora menos efetiva em termos de custos ¢ menos benéfica do que as preven ges primaria ou secundéria, a prevencao terciaria é, de longe, a forma mais comum de cuidado de satide, O cuidado terciério € muito mais cil de implementar, pois os grupos-alvo adequados (pessoas com doencas ou lesdes) sio facilmente identificados ‘Além disso, pacientes em tratamento terciério em geral tem mais motivagao para ade- rir ao tratamento e a outros comportamentos que promovam a save. Apesar disso, neste capitulo, enfocaremos as iniciativas de prevengao primaria dos psicélogos da satide. Esses profissionais incentivam os médicos ¢ outros traba~ Thadores na érea da sauide a aconselharem seus pacientes. Por mais que essa atenga0 personalizada possa parecer efetiva, muitos médicos tém dificuldade em usar medidas preventivas. Uma rario para essa dificuldade é que as faculdades de medicina tradi- cionalmente colocam pouca énfase em medidas preventivas. Outra éa falta de tempo, devido ao miimero de pessoas que os médicos precisam atender a cada dia, s psicblogos também promovem a satide incentivando a agao legislativa e rea- lizando campanhas educativas na midia. Esses esforgos focalizam muitos niveis, do individual a comunidade e & sociedade como um todo. A Tabela 6.1 ilustra um pro- grama amplo de prevengio priméria, secundaria e tercidria para aids com base nos objetivos de satide nacionais estabelecidos pelo U.S. Department of Health, Education and Welfare como parte da sua Healthy People Campaign. Conforme discutido no Capitulo 1, esses objetivos devem aumentar o tempo de vida saudavel, diminuir as disparidades em satide entre diferentes segmentos da populacio e proporcionar aces- so universal a servigos preventivos. As vezes, somos nossos piores inimigos na batalha pela satide. Na adolescéncia € no comeco da idade adulta, quando estamos desenvolvendo habitos relacionados com a satide, normalmente somos bastante saudaveis, Fumar cigarros, comer muita gordurae nao fazer exercicios nessa época sio coisas que nao parecem ter efeito algum sobre a satide. Desse modo, os jovens tém poucos incentivos imediatos para praticar bons comportamentos e corrigir mais habitos relacionados com a satide. GE pensamos na prevencao apenas em relagao aos esforcos para mo- 1» prevengéo priméria tsforgos para melhorara sade, prevenindo que fcorram doengas ou lesées 1 prevencio secundéria agées para identifica e trator ‘uma doenga ou deficiencia no comesa de seu curso, 1 prevencéo tercéria agées para conter danas depois que uma doenca ou deficgncia avancaram além de seus estigis nici, oo - Pesquisas mostram que ‘muitas das doengas mais fatais do mundo s80 baratas para prevenir. Por exemplo (Neergaard, 1999): 1 Medicamentos que tratam a aids podem ser caros ddemais para muitos paises em desenvolvimento, mas, fem principio, apenas 14 délares por um anode preservativos jé poderiam Prevenir a infecsao, = Um mosquiteiro banhado em inseticida para proteger pessoas de mosquitos portadores de maldrla custa 10 délares. 1§ Uma dose de vacina para sarampo custa 26 centavos dedélar. 1 Cinco dias de antbidticos para pneumonia custam 27 centavos de délar PARTE 3 | Comportamento.e sade Muitos comportamentos que promovem a satide, como fazer exercfcios vigo- rosos ¢ seguir uma dieta com baixo teor de gordura, sio menos prazerosos ou mais dificeis do que alternativas menos saudveis. Se um comportamento (como comer quando esté deprimido) causar alivio ou gratificagao imediata, ou se nao apresenté-lo proporciona desconforto imediato, ser dificil eliminar tal comportamento. Os comportamentos sexuais de alto risco que podem resultar em infecgio por HIV eaids sio um exemplo trigico desse principio. No periodo de 3a 6 semana apos a primeira exposicio, algumas pessoas soropositivas desenvolvem irritagao na gargan- ta, febre e um rash parecido com sarampo, Essa forma precoce de infecco por HIV geralmente desaparece ¢ as vezes € tao leve que nem sequer ¢ lembrada, Poder passar meses ou anos sem outros sintomas explicitos. No decorrer desse periodo, o HIV esta sendo produzido ativamente ¢ enfraquecendo o sistema imune. Nao se sabe o tempo exato necessério antes que a aids se desenvolva em determinado individuo. Alguns pesquisadores acreditam que o periodo de incubagao — 0 tempo entre a exposicéo a0 virus ea primeira aparigao de sintomas da doenga — pode ser de até 20 anos. Quando a aids completa aparece, a morte (se nao prevenida por novos tratamentos) costuma ocorrer nos préximos dois anos. As consequéncias negativas remotas e potenciais do comportamento de risco muitas vezes sio diminuidas pelos prazeres imediatos do momento. Vida saudavel © mito da “fonte da juventude” esté presente nas historias de quase todas as culturas € encontra sua expressio atual nos elixires, cremes e dispositivos supostamente reju- ‘venescedores que sio alardeados em comerciais, em websites de medicina alternativa € em vitrines de farmécias. AfirmagGes de que as pessoas logo chegardo a viver 200 anos devidoa megadoses de antioxidantes, vitaminas, ervas ou alguma outra “bala magica” resultam em confusio a respeito da longevidade. Por décadas, os cientistas investiga ram de forma sistemitica as alegagdes de pessoas que excederam muito o tempo de vida normal c, em cada caso, essas explicagoes nao puderam ser verificadas, Tabela 6.1 Niveis e momento da prevengao para HIV/aids Nivel Primaria Secundaria Torcidria Individual Guia de autoinstrugio sobre Designar uma dietaimunossaudivel Eames eintervengio precoce prevengio ao HIV para pessoas ara uma pessoa HIV-positive aa infectadas com babsorsco Grupo Pais recnem-se a fim de desenvolver Programa de ndoreurilzagao de aguihas Programas de reailtacao para hablidades para se comunicarem —parauisuirios de drogas IV de aka riscoe grupos de pacientes com aids melhor com adolescentes sobre Bako sttursocioeconémico comportamentasderisco| Localdetrabalho Campanha educativanolocalde Programa no lacal de trabalho de Lcengas maiores para que Lvabalho concentrada.em como incentive a0 sexo seguro (p. ‘empregados possam cuidar de ofiW évansmiido preservaivos grits exames confidenciais) parents HIV-positive Comunidade ‘Campania na mica para Estabelecer rede de apolo para Proporcionar maior acesso a promovercomportamentos pessoas HV: postvo Instlagbesteceacionas para Sexuais sequros Indviduos com aids Sociedade Fiscalzarcumprimento delels por Crarpotcasantlcscriminatérias Tornarobrigatérlaadsponiblidade Infectar outa pessoa com Parapessoas HIV-positive {demecicamentos para HVa HIV eanscentemente| pacientes com aide «sem seguro de saide Fant: hase oe Winer RA. [995 A fareworfor heath prion anes peventon pgs Amero tao a5 41-250 Mesmo sem uma “bala mégica’, as pessoas na atualidade podem esperar viver muito mais do que coortes anteriores. As principais doencas dos nossos ancestrais, como a polio, a catapora, o tétano, a difteria e a febre reumstica, foram quase total- ‘mente erradicadas. Quando se concentram na expectativa de vida saudavel, os psicdlogos da satide buscam reduzir a quantidade de tempo que os idosos passam em morbidade (defi- cientes, doentes ou com dor). Para ilustrar isso, considere dois irmaos gémeos que, ‘mesmo geneticamente idénticos € expostos aos mesmos riscos de satide enquanto cresciam, tiveram experiéncias muito diferentes em relagdo & satide desde a adoles céncia. O primeiro irmao fuma duas carteiras de cigarros por dia ¢ obeso, jamais faz exercicio, tem uma visio exasperada e pessimista em relagao a vida e come alimentos com quantidades excessivas de gordura animal e agticar. O outro irmao busca um estilo de vida muito mais saudave, evitando o tabaco ¢ 0 estresse excessivo, fazendo exercicios regularmente, observando sua dieta e desfrutando do apoio social de um irculo intimo de familiares e amigos. Conforme mostra a Figura 6.5,embora os dois Figura 6.5. irmaos tenham as mesmas vulnerabilidades genéticas a doengas pulmonares, circula t6rias ¢ cardiovasculares, o estilo de vida insalubre do primeiro o condena a um longo periodo de morbidade na vida adulta, comesando por volta dos 45 anos de idade. Em comparagio, o estilo de vida mais saudavel do segundo irmao posterga a doenga até ‘muito mais adiante em sua vida, Se ele contrair alguma das doengas, é provavel que seja menos grave, ¢ a recuperagao sera mais répida. Em alguns casos, como o cancer de pulmao, pode ser “postergado” para além do fim de sua vida. Compressio da morbidade ‘Ao ocalizarem os anos devia os individuos ajustados pela qualidade, os psieslogos da side buscam limita o tempo ‘que pessoa passa deente ou enferma,conforme usta este diagram das doengas e mores de mies gemeos idencicos Embora os mins tvessem asmesmas wulneabilidades doengas eredgios geneticos {ue limitassem seu tempo de vida,0 estilo de vida saudivel eum (b) mantéma doengae da defcincia sob controle até ‘que a envenecimento primério seenconte bastante svangado, Em comparagio,o estilo de vida insalubre de seu rio (a) cobra Seu progo muito antes na vida, Font: 2093) ing lt Taking oe your heath in re mi Praticar exercicios é 0 mais perto que podemos chegar de uma fonte da juventude Isso torna-se ainda mais importante & medida que as pessoas envelhecem, pois pro- move o bem-estarfisico e psicologico e pode ajudar a desacelerar ou até reverter mul tos dos efeitos do envelhecimento. A pritica regular de exercicios pode reduzir o risco de doencas cardiovasculares, diabetes, muitos tipos de cancer e outras condigées rela cionadas com o estresse, Pessoas fisicamente ativas também tém niveis mais baixos de ansiedade e menos depressao. O mais importante para manter a vitaidade ¢ 0 exerci- io aerdbico, no qual 0 coragao acelera para bombear quantidades maiores de sangue, a respiracdo é mais profunda e mais frequente, ¢ as células do corpo desenvolvern a capacidade de extrair quantidades crescentes de oxigenio do sangue. Além disso, exer cicios aerobicos com uso de pesos, como caminhar, correr e jogar com raquetes, aju- dam a preservar a flexibilidade dos misculos, bem como manter a densidade 6ssea. (senso Foi demonstrado que fazer exercicios protege contra cincerdepungo ‘a osteoporose, uma doenga caracterizada por um declinio wae, na densidade 6ssea devido A perda de calcio. Isso € espe Prferrnis cialmente verdadeiro em individuos que foram ativos du- A zante a juventude, quando os minerais dos ossos estavam cal se acumulando (Hind e Burrows, 2007). Embora a osteo- 30 ore 100 porose seja mais comum em mulheres na pés-menopausa, também ocorre em homens, assim como o efeito protetor dos exercicios. Por volta de | em cada 4 mulheres com mais de 60 anos tem osteoporose, sendo que mulheres brancas € asidticasestdo em maior isco do que as affo-americanas. A ‘osteoporose resulta em mais de I milhao de fraturas 6sseas brome por ano apenas nos Estados Unidos, entre as quais as mais A debiltantes sao as nos quadris. Em um estudo retrospec- tivo, mulheres ¢ homens idosos descreveram seu nivel de” babe anos) exercicio na adolescéncia, novamente aos 30 anos € mais Ave acdene vascular enctiee PARTE 3 | Comportamento.e sade uma vez aos 50 (Greendale et al., 1995). ‘Tanto homens quanto mulheres com niveis maiores de atividade apresentaram densidade bem maior de minerais 6sseos do que seus correlatos sedentarios. ‘Além de aumentar a fora fisica e manter a densidade dssea, a pratica regular de exercicios reduz o risco da pessoa idosa de duas das condigdes cronicas mais comuns na idade adulta: doenga cardiovascular ¢ cancer. Em um estudo, pesquisadores inves- tigaram fatores de risco coronariano em homens idosos, de 65 a 84 anos (Caspersen et al, 1991). Mesmo exercicios moderados, como jardinagem e caminhadas, resultaram em aumentos significativos nas lipoprotefnas de alta densidade (colesterol HDL) - 0 chamado “bom colesterol”—e reduziram 0 colesterol sérico total. A prética regular de exercicios esta ligada a niveis mais baixos de triglicerideos, que foram implicados na formagao de placas aterosclerdticas (Laka e Salonen, 1992), assim como em niveis, mais baixos de lipoproteinas de baixa densidade (colesterol LDL}, 0 colesterol “ruim’, e niveis maiores de HDL (Szapary, Bloedon e Foster, 2003). Como veremos no Ca- pitulo 9, os exercicios também so uma arma valiosa no controle do diabetes tipo I (Conn etal, 2008) Varios estudos amplos relatam que a atividade fisica também oferece protegao contra canceres de colo e reto, mama, endométrio, préstata e pulmao (Miles, 2008; Thune ¢ Furberg, 2001). Enfocando as préticas de caminhar, andar de bicicleta, correr, nadar, jogar ténis e golfe, Goya Wannamethee e colaboradores (1993) en. contraram uma relagdo inversa entre o nivel de atividade fisica ¢ mortes por todos 0s tipos de cancer. A atividade fisica regular pode reduzir o risco de cancer, influen- ciando citocinas proinflamatérias (Stewart et al, 2007), que, por sua vez, tém efeitos bbenéficos sobre o desenvolvimento e crescimento de células tumorais (Rogers etal, 2008). Além disso, a atividade fisica promove o funcionamento das células imuno- logicas, retardando alguns declinios relacionados com a idade nos glébulos brancos do sangue. Por exemplo, atletas que fazem treinamento de resistencia preserva © cumprimento dos telémeros em seus glébulos brancos ~ que, de outro modo, diminui sistematicamente em adultos sedentérios que envelhecem (LaRocca, Seals «Pierce, 2010), Os beneficios de fazer exercicios estendem-se a0 nosso bem-estar psicol6gico, embora as evidéncias cientificas sobre isso sejam menos conclusivas (Larun et al, 2006). Mesmo assim, parece claro que a pritica regular de exercicios est associa- daa melhoras no humor e no bem-estar aps a mesma (Moti etal. 2005). Estudos mostram que, com o tempo, os exercicios atuam como uma protegio efetiva contra © estresse (Trivedi et al, 2006), aumentam a autoestima e a autoeficacia (McAuley et al, 2003) e oferecem protecio contra depressio (Daley, 2008) e ansiedade (Wipf, Rethorst e Landers, 2008). ‘Aboa forma fisica em homens e mulheres retarda a mortalidade e pode estender a vida em dois anos ou mais. Em tltima analise, as pessoas podem “lucrar” com os bencficios dos exercicios, com uma maior longevidade como seus dividendos (Paffen- barger et al., 1986). Todavia, durante a velhice, a intensidade dos exercicios deve ser ajustada para refletir dectinios no funcionamento cardiovascular ¢ respiratorio, Para alguns adultos, iso significa que uma caminhada substitui a corrida; para outros, como o ex-maratonista Bill Rodgers, agora com mais de 60 anos, isso significa treinar uma corrida de seis minutos por milha, em vez de cinco. Como diretriz, 0 relat6rio Healthy People 2000 recomenda 150 minutos de exer- cicios totais a cada semana, dos quais pelo menos 60 minutos envolvem atividades aerobicas ritmicas ¢ continuas, Para muitos adultos, desligar a televisdo serve como trampolim para a pritica de exercicios e uma satide melhor. O Family Heart Study ‘mostrou que pessoas que assistiam uma hora de televisto por dia se exercitavam mais, e tinham indices de massa corporal (e outros fatores de risco coronariano) signifi- cativamente menores do que pessoas que assistiam trés horas de televisio por dia (Kronenberg et al, 2000). CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva Pode ser tarde demais para comecar a fazer exercicios? Nao, Em um estud, individuos frégeis que residiam em lares para idosos, com idades entre 72 e 98 anos, participaram de um programa de 10 semanas de treinamento em resisténcia ¢ fortalecimento muscular, trés vezes por semana (Raloff, 1996). Depois de 10 semanas, os sujeitos do grupo que fez exercicios mais que dobraram sua forca muscular e aumentaram sua capacidade de subir escadas em 28%. Em outro estudo, Maria Fiatarone e colaboradores (1993) dividiram aleatoriamente 100 sujeitos com idade média de 87 anos em quatro grupos. Os sujeitos do primeiro grupo fizeram cexercicios regulares para treinamento de resisténcia. Os do segundo grupo tomaram um suplemento multivitaminico disrio. Os do terceiro grupo tomaram o suplemen- to ¢ fizeram o treinamento de resisténcia. Os do quarto grupo poderiam fazer trés atividades fisicas de sua escolha (incluindo exercicios aerdbicos), mas nao poderiam fazer o treinamento de resisténcia. No decorrer do estudo, a forga muscular mais que dobrou nos grupos da resisténcia, com um aumento médio de 113%, comparado com um aumento mintisculo, de 3%, nos sujeitos do segundo grupo. Curiosamente, © grupo que fez exercicios e tomou o suplemento nao apresentou melhora maior do {que os grupos que fizeram exercieios, mas nao tomaram suplementos. Outras evidéncias de que nunca é tarde para comegar a se exercitar advém de estudos demonstrando que exercicios, mesmo em um ponto avangado da vida, ainda podem ajudar a prevenir ou reduzir a taxa de perda na densidade éssea. Em compa- ragio com um grupo de controle de mulheres sedentarias, mulheres de 50 a.70 anos que foram colocadas em um grupo de exercicios, apresentaram uma perda bastante reduzida no conteiido de minerais ésseos (Nelson et al, 1994). Como um beneficio adicional, as mulheres do grupo de exercicios aumentaram sua massa ¢ forga muscu- lares, Juntos, esses beneficios sao associados a menor morbidade e mortalidade entre iddosos fisicamente ativos (Everett, Kinser e Ramsey, 2007). Por que mais idosos nao fazem exercicios? Apesar dos documentados beneficios fisicos e psicologicos da pritica de exercicios por toda a vida, a porcentagem de pessoas que se exercitam regularmente diminui coma idade (Phillips et al, 2001). Porcentagens estimadas de 32% dos homens e 42% das mulheres nos Estados Unidos descrevem-se como sedentarios (USCB, 2009). Por qué? Uma razio é que alguns adultos mais velhos relutam e até temem fazer exercicios demais devido aos mitos associados a pritica de exercicios. Esses mitos envolvern a ideia de que os exercicios podem acelerar a perda de densidade 6ssea, causar artrite e até aumentar o risco de morrer de ataque cardiaco. De fato, é muito mais provavel que ‘corpo enferruje do que se desgaste. Como diz o ditado: “Use ou perca!” © comportamento de fazer exercicios também esta relacionado com as cren- «2s do individuo sobre os beneficios para a satide, a confianga em sua capacidade de Gesempenhar certas habilidades fisicas corretamente (autoefcdcia para o exercicio) ea automotivagdo. Acreditar que os exercicios possam ajudar a pessoa a viver uma vida mais longa e mais saudével ¢ um forte estimulo para iniciar a faz8-Ios. Muitas pes- soas idosas podem nao ter informagées basicas sobre os beneicios de atividades fisi- cas apropriadas e podem considerar os exercicios dificis, imiteis ou perigoso: 1993). Ou podem sentir que ¢ tarde demais para melhorar sua satide com exercicios, pois acreditam que os declinios na satide so inevitaveise irreversiveis com o aumento da idade (O'Brien ¢ Vertinsky, 1991), Existem varias raz6es para os idosos ndo possuirem autocficacia para os exer- cicios, Por um lado, geralmente tém menos experiencia com a pratica de exercicios e ‘menos modelos que os inspirem a pratics-los do que pessoas mais jovens. Por outro, 6s idosos também enfrentam esterestipos etarstas sobre o que constitui o compor- 157 PARTE 3 | Comportamento.e sade tamento apropriado; a pratica de exercicios vigorosos, sobretudo para as mulheres, € contraria aos esterestipos da velhice, Por fim, muitos idosos consideram que a velhice € uma época de repouso ¢ relaxamento e tém menos probabilidade de comesar € manter a realizagéo de exercicios regulates. Para explorar por que alguns adultos decidem fazer exercicios e outros nao, Sara Wilcox ¢ Martha Storandt, da Washington University (1996), estudaram uma amostra aleatéria de 121 mulheres entre as idades de 20 e 85, concentrando-se em trés variaveis psicologicas: autoeficécia para exercicios, automotivagao ¢ atitudes para com a pratica de exercicios. A amostra consistia em dois grupos: individuos que faziam exercicos e individuos que ndo faziam exercicios. As mulheres no grupo dos exercicios vinham fazendo atividades aerébicas por pelo menos 20 minutos, trés vezes ou mais por semana, por pelo menos quatro meses antes do estudo. As que nao faziam exer- Cicios relataram fazer pouco ou nenhum (menos de duas vezes por més) nos quatro meses antecedentes ao estudo. Os resultados revelaram que 0 desejo de fazer exercicios e a disposi¢do para tal tém menos a ver com a idade do que com as atitudes em relacio a pritica de atividades fisicas. A crenga de que exercicios seriam prazerosos ¢ benéficos diminuiu com a idade, ‘mas apenas entre individuos que nao os faziam. Aquelas que fizeram exercicios durante aidade adulta foram significativamente mais automotivadas, inham mais autocficécia em relagio a eles e atitudes mais positivas a respeito deles do que as que nao faziam exercicios. Esses resultados sugerem que a educagdo que enfatiza os beneficios ¢ a quéncia, durasao e intensidade necessérias para que os exercicios alcancem esses benefi- cios deve ser um componente fundamental em intervengdes com exercicios para idosos. Além disso, os estere6tipos sobre a velhice como um tempo de declinio inevitavel devem ser questionados. Os idosos terAo menos probabilidade de comegar um regime de exer- cicios se acreditarem que sio incapazes de fazer mesmo atividades basicas, de modo que a intervengao deve incluir instrugdes fundamentais, Finalizando, os programas apro- priados para a idade, como o tai chi, reduzem temores em relagao a problemas que si0 comuns em idosos, especialmente o medo de cair (Zijlstra et al., 2007) Sono saudavel Seo exercicio € a “fonte da juventude’; os habitos saudveis relacionados com 0 sono podem ser o “elixir da satide” (Grayling, 2009). Infelizmente, por volta de 1 em cada 5 adultos nao dorme o suficiente e experimenta privagio do sono (ASM, 2010) (Tab. 6.2; ver também dicas de especialistas para higiene do sono, p. 159). Para cerca de 70 rifles de norte-americanos, um transtorno do sono, como a insonia, a narcolepsia, osonambulismo ou a apneia, éa causa, Para outros, o estresse ou um horério pesado de trabalho ou estudo contribuem para seus maus habitos de sono. Os adolescentes, que precisam de 8,5 29,5 horas de sono por noite, hoje dormem uma média abaixo de sete horas ~ duas horas a menos do que seus avés quando eram adolescentes. Quase um tergo dos estudantes do ensino médio que responderam a uma pesquisa recente admitiu pegar no sono rotineiramente na classe (Sleep Foundation, 2010). © sono deficiente cabra um prego do bem-estarfisico e psicalogico. Considere alguns dos resultados de estudos sobre a privacao crénica do sono: A divida cronica de sono promove um aumento no peso corporal. Criangas ¢ adul- tos que dormem menos tém uma porcentagem maior de gordura corporal do que aqueles que dormem mais (Taheri, 2004). O sono deficiente estimula um aumento no horménio da fome, a gretina, e uma reduga0 no horménio supressor do apeti- te, a leptina, A perda do sono também eleva os niveis do horménio do estresse, 0 cortisol, que promove 0 armazenamento de calorias na gordura corporal (Chen, Beydoun © Wang, 2008). Esse efeito pode ajudar a explicar por que universitérios com privasdo crénica do sono costumam adquirir peso. CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva A privasio do sono suprime o funcionamento imunolégico. As moléculas de si- nalizacio imunolégica, como o fator de necrose tumoral, a interleucina-1 ¢ ain terleucina-6, desempenham um papel importante na regulagao do sono. Niveis clevados dessas citocinas, que podem ocorrer com 0 sono inadequado, também so associados a diabetes, doengas cardiovasculares e diversas outras condigoes cronicas (Motivala e Irwin, 2007). Idosos que nao apresentam privacao do sono podem, na verdade, viver mais tempo que pessoas que tém dificuldade para pegar no sono ou permanecer adormecidas (Dew et al., 2003). A perda do sono tem um efeito adverso sobre o funcionamento metabélico, neural endécrino de nosso corpo de maneira semelhante ao envelhecimento acclerado (Pawiyek et al, 2007). Outros efeitos do sono inadequado sao dificuldades de con- centrago, meméria ¢ criatividade, bem como maior tempo de reagio, erros ¢ aci- dentes (Stickgold, 2009). Estudos sugerem que o cérebro usa 0 sono para reparar lesdes, repor 0s estoques de energia e promover a neurogénese, ou sea, a formagao de novas células nervosas (Winerman, 2006). Especialistas tém algumas dicas para promover habitos saudaveis para o sono, ‘muitas vezes chamados de higiene do sono: Evite qualquer forma de cafeina antes de dormir, (Isso inclui café, ch, reftigeran- tes, chocolate e nicotina,) Evite 0 alcool, que pode perturbar 0 sono. I Faca exercicios regularmente, mas termine sua gindstica no minimo trés horas, antes de deitar. 1 Estabelega um horério consistente ¢ uma rotina relaxante para deitar (p. ex. tomar sum banho ou ler um bom livro). rie um ambiente que conduza ao sono, que seja escuro,silencioso e preferencial- mente fresco e confortavel. Se voce tiver problemas com sono ou sonoléncia durante o dia, considere man- ter um disrio do sono, como o publicado pela National Sleep Foundation, Nesse dig rio, registre seus padres de sono e 0 quanto dorme. O diério ajudara a examinar Tabela 6.2 \Vocé tem privasao do sono? ‘Marque verdadeiro ou false para as seguintes afirmagées: Verdana Faso 1. Precso de um despertador pare acordar ne hor cera, 2. Teno cifculdade para levantar pela man 3. Nos dias de semana, 2pertaobotia sonecs”vrias vezes para dormir um pouce mais. 44. Fico cansado, iitvele estressade durante a semana 5. Tenho aficuldade de me concentra elembrar 6. Sinte-me lento com 9 pensament tic, a resolucio de problemas e para ser catvo. 7. Costume pegar no sono assstindo a teevisso, 8. Costume pegar no sono em reuniges ou palestraschatas ou em slas quentes. 9. Costume pegar no sono depois de refeigbes pesadas ou depois de uma dose pequena de coo 10. Costumo pegar no sono quando reloxa depois do fata 11. Costume pegar no sone em cinca minutos depals de dear, 12. Costume me sentir sonolento 20 dig 13. Costume dormir até mais tad nos finals de semana 14. Costume tirar um sesta para conseguir vencer oda 15, Tenho lhelras pretas, 160 PARTE 3 | Comportamento.e sade alguns de seus habitos de satide e sono para que vocé e seu médico possam identificar possiveis causas de problemas com o sono (Sleep Foundation, 2010). Promovendo familias e comunidades saudaveis © modelo biopsicossocial da satide nao se limita a individuos. A pesquisa sobre a psi- cologia da satide preventiva tem-se concentrado cada vez mais nos diversos sistemas externos que influenciam a satide do individuo. O principal entre esses sistemas € a familia. Em uma pesquisa nacional com mais de 100 mil adolescentes do 7° a0 12° anos," Resnick ¢ colaboradores (1997) observaram que o contexto social da familia tinha uma forte influéncia sobre os comportamentos de risco. Nas palavras dos pes- quisadores, as “conexdes com pais-familia” previram o nivel de perturbacao emocio- nal de adolescentes na familia, sua probabilidade de usar drogas e dlcool e, até certo ponto, o quanto se envolviam em violencia. Outros fatores importantes que afetaram, 6s comportamentos desses adolescentes eram se seus pais estavam presentes em pe- rfodos cruciais do dia e se eles tinham poucas ou muitas expectativas em relacao a0 desempenho académico de seus filhos. Mais recentemente, Rena Repetti e colaboradores (2002) verificaram que certas caracteristicas familiares produzem uma “cascata de riscos” que comega cedo na vida ao “criar vulnerabilidades (e exacerbar vulnerabilidades bioldgicas preexistentes) que formam a base para problemas de satide fisica e mental a longo prazo” (p. 336). Essas caracteristicas de risco familiares dividem-se em duas: conflitos familiares explicitos, manifestados em episddios frequentes de raiva ¢ agressividade, e criagio deficiente, incluindo relacionamentos de pouco apoio, distantes e até negligentes. A maneira da teoria sistémica, a psicologia da satide comunitéria concentra-se na comunidade como unidade de intervengio, reconhecendo que os individuos fazem parte de familias, assim como de contextos culturais, econémicos e comunitarios. Os psicélogos da satide comunitrios costumam defender politicas piblicas que promo- ‘vam a justiga social,os direitos humanos e a igualdade no acesso a tratamento de saui- de e outros servigos humanos de qualidade (de La Cancela et al., 2004). Barreiras familiares Os habitos de satide costumam ser adquiridos dos pais e de outras pessoas que fun- cionam como modelos para comportamentos de satide. Pais que fumam, por exem- plo, tm uma probabilidade significativamente maior de ter filhos que fumaam (Schu- lenberg et al., 1994). De maneira semelhante, pais obesos tém mais chance de ter filhos obesos, 0s filhos de alcoolistas apresentam uum risco maior de abusar do alcool (Schuckit e Smith, 1996). Embora possa haver uma base genética para esses comportamentos, as criangas também podem adquirir expectativas sobre comportamentos de risco observando seus familiares. Em um estudo, Elizabeth D'Amico e Kim Fromme (1997) demons- traram, de maneira convincente, o impacto de irmaos maiores sobre o comportamen- to e as atitudes de irmaos adolescentes mais jovens. Sus resultados sugerem que a aprendizagem vicéria com um irmao mais velho seja um dos mecanismos pelos quais, os adolescentes podem formar expectativas sobre comportamentos de risco a satide. utras variveis familiares relacionadas com esses comportamentos entre adolescen- tes sio contlitos parentais, inconsisténcias ¢ rejeigdo, auséncia de supervisio parental, auséncia do pai falta de moradia, relacionamentos familiares difusos, relacionamen- [N-de RT: No stema deensino nort- american, 0578 a 128 anos correspondem 20s 20S do ensino funda mental ea tés anos do ensino mao no Bras, CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva 108 coercitivas entre pais e filhos e uso de éleool e outras substancias pelos pais (Bra- cizewski, 2010; Metaler et al, 1994). Barreiras do sistema de sauide Visto que a medicina tende a focalizar 0 tratamento de condigdes que jé se desenvolve- ram (cuidados secundario e tercfrio), os sinais precoces efatores de risco para doengas, _nuitas vezes passam dlespercebidos. As pessoas que no esto apresentando sintomas de doencas veem pouca razdo para procurar orientagio sobre fatores de risco potenciais, ¢ (0s médicos sio orientados a corrigir condiges, em vez de prevenir problemas futuros. ‘Ainda que o cuidado de satide tenha comecado a mudar — os médicos atualmen- te recebem muito mais treinamento na promogio da satide -, forgas econdmicas com frequéncia sabotam os esforcos de trabalhadores da satide para promover medidas preventivas. Alguns planos de satide, por exemplo, ainda nao cobrem servigos preven tivos, como exames de colesterol. Sem a implementacao de novas politicas federais, como aquelas aprovadas nos primeiros anos do governo Obama, prevé-se que o nti- ‘mero de norte-americanos sem seguro de satide aumentard de cerca de 45 milhes em 2010 para em torno de 54 milhdes em 2019 (CBO, 2010). Os individuos sem seguro recebem aproximadamente metade dos cuidados médicos de pessoas seguradas, 0 que 6s torna mais doentes e com maior probabilidade de morrer com menos idade. Por deixarem de fazer consultas ¢ exames regulares que poderiam identificar doengas gra- ves de maneira precoce, como cdncer e cardiopatias, muitos pacientes sem seguro sio Giagnosticados tarde demais para influenciar o resultado, Estima-se que os Estados Unidos percam de 65 a 130 bilhoes de délares por ano em razio da mé satide ¢ das mortes prematuras de norte-americanos sem seguro. Mais de 8 em cada 10 individuos sem seguro vém de familias operarias, e apenas 27% vvém de familias com renda abaixo da linha federal de pobreza (por volta de 22.050 dlares para uma familia de quatro pessoas em 2010). Embora alguns grupos étnicos tenham um risco muito maior de nao erem seguro, individuos que nao o possuem no se encaixam em qualquer estereétipo. Eles vém de todos os grupos raciaise étni- cos, todas as comunidades e todos os setores da sociedade (Kaiser Foundation, 2004), Em relagio razdo para as pessoas nio terem cobertura de satide (sem impe- dimentos legais), cerca de 10% dizem que nao si0 cobertos porque nao sentem que necessitam dle seguro de satide. Mais de dois tergos dos individuos sem seguro, in- cluindo muitos adultos solteiros com renda baixa, historicamente citam 0 seu custo elevado como a principal razao. Por exemplo, os custos dos seguros de sade subiram de forma excessiva entre 1990 e 2010, ocasionando que os patroes transferissem uma proporgao maior dos custos para seus empregados. Os prémios subiram em uma mé- dia de 13 a 16% em 2004 ~ mais de seis vezes mais rpido que o crescimento do fn- dice de Pregos ao Consumidor e cinco vezes mais répido que a inflagao geral (Kaiser Foundation, 2004) fato de nao ter seguro pode causar um impacto devas- tador na satide e na seguranca financeira da pessoa. Os indi- viduos sem seguro tém menos probabilidade de atendimento ‘médico regular € mais probabilidade de problemas crénicos de satide (Pauly e Pagan, 2007). As contas médicas podem lim- par a poupanga da familia rapidamente, € 0 medo das contas altas € uma barreira que impede muitos individuos que nao tém seguro de procurarem tratamento de satide. Os adultos sem seguro tém uma probabilidade quatro vezes maior que 6s segurados de postergarem ou nao procurarem servigos de satide necessérios. Por exemplo, apenas 16% das mulheres sem seguro recebem recomendagao para fazer mamografia a cada ano, comparadas com 42% das seguradas (Kaiser Foundation, 161 Barreiras do sistema de sade (O fato densa ter seguro de saude pode causar um impacto devastadorsobrea sade ea Seguranga fnancera da pessoa, Osindividuos quenéo tém Seguro apresentam menor probabllidade de consultar um médico regularmente e maior probabilidade de depender deur pronto-socoro e deter problemas crénicos de sade. 182 Pane 3 | Comportamentoe sade 2000). Nao é de admirar que as mulheres serem seguro tenham uma probabilidade 40% maior de ser diagnosticadas com cancer de mama em estégios iniciais e40 a 50% maior de morrer de cancer de mama que as mulheres que tém seguro? Para piorar, as empresas de seguro de satide, ao longo da histéria, tém usado a gestio de satide para reduzir os beneficios a satide comportamental em um nivel substancialmente maior que outros beneficios. De modo geral, 0 cuidado de savide comportamental como uma porcentagem dos beneficios totais ~ com sua énfase na prevengio priméria - tem caido de modo gradual desde 1990 (Kaiser Foundation, 2000). Chama ateng4o que um estudo patrocinado pela Kaiser Foundation (2004) tenha estimado que os Estados Unidos poderiam proporcionar cuidado médico para cada norte-americano sem seguro com cerca de 48 bilhdes de délares em 2005 — um aumento de apenas 396 nos gastos nacionais com sate. Barreiras da comunidade Acomunidade € uma forga poderosa para promover ou desencorajar uma vida saudé. vel. As pessoas tém mais probabilidade de adotar comportamentos que promovam a satide quando eles sio defendidos por organizagSes comunitarias, como escolas, agen- cias governamentaise o sistema de satide. Como exemplo, varias escolas em Minnesota mudaram o horirio de inicio para mais tarde em resposta a estudos que demonstram que os adolescentes precisam dormir mais. Citando evidéncias de que a privagao do sono em adolescentes esté associada a deficiéncias no processamento cognitivo, ansie~ dade, depressao e acidentes de trinsito, os novos horérios de in{cio das aulas entraram, em vigor durante 0 ano escolar de 1997 a 1998. Trés anos de dados mostraram que (0 novos horsrios de inicio resultaram em maior possibilidade de que os estudantes fazerem o desjejum, melhoraram a frequéncia, reduziram os atrasos, aumentaram a atengao na classe, levaram a uma atmosfera escolar mais calma e demonstraram me- nos encaminhamentos ao diretor por indisciplina e menos idas dos alunos a orientagio educacional e & enfermaria da escola por problemas relacionados com o estresse e OU- {ros problemas de satide (National Sleep Foundation, 2010). Nos ikimos anos, também tivemos um progresso significativo em mudar atitudes em relagdo a pritica de exercicios € nutrigao correta, Estamos muito mais informados sobre a importancia de reduzir fa- tores de risco para o cincer, doengas cardiovasculares e outras condigdes crénicas gra- ves, Todavia, ainda existem fortes presses sociais que levam as pessoas ase envolverem em comportamentos que comprometem a satide. Considere o uso de élcool. Pesquisas nacionais indicam que 0 uso de Alcool é mais prevalente entre universitérios norte-americanos do que entre seus pares que nao fre- quentam a faculdade (Adelson, 2006; Quigley e Marlatt, 1996). Outras pesquisas reve Jam que tomar bebedeiras entre universitérios esta associado a varios fatores de risco sociais, incluindo morar em certos dormitsrios “festeiros” Para alguns estudantes, a empolgagao por estarem juntos em um ambiente pouico supervisionado pode desenca- dear esses comportamentos de risco (Dreer et al., 2004). Felizmente, a maior parte dos comportamentos de risco inspirados pelos legas representa um experimento efémero que ¢ abandonado antes de haver conse quéncias irreversiveis e a longo prazo. Embora a frequéncia do consumo de élcool aumente significativamente na transigao do ensino médio para o primeiro ano da faculdade, o consumo pesado diminui a medida que os estudantes ficam mais velhos, assumem mais responsabilidades e apresentam um padrio chamado de maturing out (Bartholow et a., 2003). Psicologia da satide comunitéria e controle de lesées Todos os anos, nos Estados Unidos, quase 120 mil pessoas morrem de ferimen. tos, incluindo 45 mil em acidentes automobilisticos ¢ outros acidentes relacionados CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva com 0 transporte; 33 mil devido a suicidios; 71 mil mortes em incéndios, afoga- ‘mento, quedas, envenenamentos e outros acidentes sem relacao com o transporte; € 17 mil em decorréncia de homicidios (Xu, Kochanek e Tejada-Vera, 2009). Quando todas as pessoas entre 1 € 44 anos séo consideradas como um grupo, os ferimentos representam a principal causa de morte, a frente das doencas cardiovasculares e do cancer. Adicionados a esse custo em mortalidade, existem 3,3 milhdes de anos po- tenciais de vida perdida prematuramente a cada ano como resultado de lesbes. Os termos lesdes ¢ trauma substituem 0 uso da palavra acidente para enfatizar 0 fato de que a maior parte dos ferimentos nao advém de eventos aleatérios e inevitaveis — eles sto previsiveis e evitaveis (Sleet et al., 2004). ‘A adogio de uma abordagem de prevencao priméria no controle de ferimentos & uum fendmeno recente. Ainda na década de 1980, a prevengao de lesGes nao era tratada ra maioria dos livros didéticos sobre psicologia comunitéria. Os psicélogos da satide comunitarios geralmente se concentram em trés estratégias aceitas em programas de prevencio de lesdes: educago e mudanga de comportamento, legislagao ¢ fiscalizasiio e engenharia e tecnologia. As estratégias de educacio e mudanca de comportamento costumam visar & redugéo dos comportamentos de risco (qualquer aspecto que au- mente a probabilidade de a pessoa se ferir) e ao aumento dos comportamentos de protecao (qualquer aspecto que minimize o perigo potencial em um comportamento de risco), Educacao para a sauide comunitaria E provavel que haja maior énfase na promogao da satide atualmente do que em qual- quer outra época da histéria. Novas les federais relacionadas com o cuidado de satide foram aprovadas em margo de 2010, esforgos substanciais sio dedicados para moldar a opiniao piiblica a respeito de questdes de satide por meio de campanhas educativas em amtincios, nos meios de transporte piblico, em revistas e jornais, na televisio, no radio e em websites. A importincia dessas campanhas ¢ revelada em controvérsias nas pesquisas sobre a maneira como as informagoes devem ser apresentadas. (p. ex. Ser que as campanhas de prevengdo ao HIV devem se concentrar em formas mais seguras de sexo ou em abstinéncia?) Educagao para a satide refere-se a qualquer intervengao planejada envolvendo a comunicagdo que promova o aprendizado de comportamentos mais saudéveis. O modelo mais usado em educagio para a satide é 0 de preceder/proceder (Green e Kreu- ter, 1990; Yeo, Berzins e Addington, 2007). Segundo esse modelo, o planejamento da educagao para a satide comega com a identificagao de problemas de satide especificos em determinado grupo. A seguir, sio identificados elementos do estilo de vida e do ambiente que contribuam para o problema visado (assim como aqueles que protegem contra cle), Entao, fatores da histéria que predisponham, causem ou reforcem esses fatores relacionados com o estilo de vida e o ambiente sio analisados para determinar a possivel utilidade da educagio para a satide ede outras intervengées. Durante a fase final de implementagao, os programas de educagio para a satide sio projetados, iniciados e avaliados, ‘Vamos examinar como 0 modelo de preceder/proceder se aplicaria a uma cam- panha de educagao para a saiide sobre 0 cancer de pulmao. Em primeiro lugar, os psicélogos da side identificam o grupo-alvo para a intervensdo. A seguit, investi- gam fatores ambientais que possam afetar o grupo-alvo, pois a doenga pode resultar de condigdes de vida ou trabalho insalubres, em que as pessoas estejam expostas poluentes perigosos. Além disso, esses psic6logos consideram fatores psicolégicos sociais. Eles comegam determinando quem fuma. Quando comesou a fumar? Por qué? Pesquisadores verificaram que o habito de fumar inicia normalmente durante a adolescéncia, sobretudo em resposta a presses sociais (Rodriguez, Romer ¢ Audrain- McGovern, 2007), que incluem a imitagao de familiares, amigos e modelos, como = educagso para a satide qualquer intervencio planejada envolvendo comunicagées que ppromovam o aprendizado dde comportamentos mais saudives ‘Campanha anthabagismo na China Embora onimero de fumantes nos Ertados Unidos tena diminuigo recentemente, Cinverso também parece ocorer ‘em outros pases, como a China ‘Outdoors coma este podem ser compreencides por qualquer um, ‘ie import ua lingua nativa PARTE 3 | Comportamento.e sade atores ¢ atletas conhecidos. Muitos adolescentes consideram dificil resist 8s pres- Bes sociais, pois ser accito pelos amigos éfonte de reforgo extremamente importante. ‘Também existem fatores causais relevantes: os cigarros costumam ser muito féceis de obter,¢ as sangdes contra o habito de fumar sto minimas. Havendo determinado quais sio os fatores que contribuem para o problema, os psicélogos preparam um programa de educagao para a save contrabalangando esses fatores. Por exemplo, se for verficado que a pressao social éfator importante, ees po- dem projetar um programa de educagéo para a satide que se concentre em aumentara capacidade dos adolescentes de resistir pressdo social. Esse tipo de programa envolve modelos de comportamento que estimulem os adolescentes a nao fumar, politicas antitabagismo em prédios piblicos, sangées mais firmes contra a comercializagio de cigarros e/ou impostos mais altos sobre a venda. Qual é 0 nivel de eficacia das campanhas de educagao para a side? Pesquisa dores verificaram que campanbas educacionais simplesmente informando as pessoas dos perigos de comportamentos que comprometem a satide em geral sio ineficazes para motivi-las a mudar habitos de satide antigos (Kaiser Foundation, 2010). Por exemplo, isolados, mensagens antitabagistas e outros programas de educagio contra as drogas apresentam poucos efeitos - ou até mesmo efeito negativo. Em um estudo, adolescentes que haviam participado de um programa de educagao contra as drogas, patrocinado por uma escola, na verdade, tiveram mais propensdo a consumir slcool, de maconha ¢ dietilamida do Acido lisérgico (LSD) do que um grupo de controle de estudantes que nao haviam participado do curso (Stuart, 1974). O simples fato de ve- rificar que o proprio estilo de vida nao é tao saudavel quanto poderia ser €insuficiente para provocar mudancas, pois muitas pessoas acreditam estarem protegidas ou serem invulnerdveis as consequéncias negativas de seu comportamento de risco. De modo geral, campanhas comunitérias multifacetadas que apresentam infor- magoes de diversas frentes funcionam melhor do que campanhas em “dose nica’, Por exemplo, duas décadas de campanhas antitabagismo combinando programas de interven¢ao escolar com mensagens nos meios de comunicacao de massa no ambito da comunidade resultaram em uma reducao significativa no tabagismo experimental e regular e em uma mudanca de visio entre estudantes do 72 a0 112 ano no sistema escolar no condado de Midwestern entre 1980 ¢ 2001, que passaram a considerar o tabagismo mais viciante e com mais consequéncias sociais negativas (Chassin et al., 2003). Como outro exemplo, um programa recente de prevengio ao cancer de pele se concentrou no uso de protetor solar, chapéus, 6culos de sol e outros habitos de protegio contra o sol por criangas em aulas de natagao em 15 piscinas no Hlavai e em Massachusetts. Além de visar as criangas, o programa Pool Cool, que combinou educasao, atividades interativas e mudangas no ambiente (fornecendo protetor solar gratuito, estruturas de sombra portiteis e pOsteres sobre a seguranca contra 0 sol), foi "uma intervengio controlada e randomizada voltada para pais, salva-vidas e instruto- res de natagio. Comparadas com criangas em um grupo de controle em 13 outras piscinas que receberam uma in- tervengio de seguranga no uso de patins ¢ bicicletas, as criangas do grupo de intervengao apresentaram mudan- «25 positivas relevantes no uso de protetor solar e sombra, habitos gerais de protecao contra o sol e no niimero de queimaduras (Glan7 et al., 2002). De maneira semelhan- te, outros pesquisadores observaram que as intervenes, com multicomponentes para protegao contra o sol sto particularmente efetivas com adultos frequentadores de praias (Pagoto et al., 2003). Os programas comunitérios estio em voga porque uma grande quantidade de evidéncias de pesquisas indica que as taxas de morbidade e mortalidade estao ligadas a CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva condigdes sociais como pobreza, condigses de vida instiveis, desorganizagio da co- munidade, educacao deficiente, isolamento social e desemprego. 0 objetivo da inter- ven¢ao comunitiria € criar uma infraestrutura social que apoie os esforgos de cada ‘membro da comunidade para aumentar a qualidade em sua vida (Heller etal, 1997). Esses programas apresentam diversas vantagens importantes. Em primeiro lugar, sio capazes de promover mudangas dificeis de serem realizadas pelos préprios indivi- duos, como criar ciclovias e outras instalagdes piiblicas de exercicios ou banir o tabaco «em repartigdes piiblicas. Em segundo, a0 contrario de intervengdes focalizadas em indi- viduos sob situacao de risco elevado, os programas comunitérios atingem setores mais amplos do publico, potencialmente alcangando aqueles que se encontram nas primeiras categorias de risco mais baixo e moderado do processo da doenca. Em terceiro, combi- nam as informagoes com 0 apoio social de amigos, vizinhos e familiares. ‘Uma das primeiras campanhas comunitérias foi criada para residentes de uma zona rural na Finlandia com incidéncia muito alta de doenga coronariana (Puska, 1999). Langado em 1972 pelo governo finlandés, o objetivo do North Karelia Project era reduzir 0 habito de fumar, o colesterol e os niveis de pressio arterial por meio de campanhas de informagao. Quando programa comecou, os finlandeses tinkam as taxas mais elevadas de mortalidade coronariana do mundo. © estudo de acom- panhamento inicial, realizado nos primeiros cinco anos, demonstrou uma redugio de 17,4% nesses fatores de risco para doenca coronariana entre os homens e uma Giminuigéo de 11,5% entre as mulheres. Além disso, os pagamentos por invalidez coronariana cairam aproximadamente 10%, muito mais que o suficiente para pa- gar todo o programa comunitério, Ainda mais significativo, nas Ultimas trés décadas, as mortes por doengas cardiacas entre a populacio em idade produtiva cairam 82% (Templeton, 2004) Estruturacdo de mensagens Um fator importante na eficécia da educacdo para a satide € a forma como as infor- mages sao transmitidas ou estruturadas, As mensagens relacionadas com a satide costumam ser estruturadas em termos dos beneficios associados a determinada aco preventiva ou aos custos de nao realizar essa ago (Salovey, 2011). ‘A mensagem estruturada na forma de ganhos concentra-se no resultado posi- tivo obtido ao se adotar um comportamento favorivel A satide (“Se voce fizer exerc- ios regularmente, é provavel que venha a parecer e se sentir melhor”) ou evitar um resultado indesejavel ("Se voce fizer exercicios regularmente, diminuirao 0 risco de obesidade ¢ diversas doengas crénicas”), Jé a mensagem estruturada na forma de perdas enfatiza 0 resultado negativo de nao adotar uma acio preventiva (“Se vocé nao fizer exercicios com regularidade, aumentaré o risco de uma doenga potencial- ‘mente fatal nao detectada’). Esta mensagem também destaca a falta de um resultado desejavel ("Se voce nao fizer exercicios regularmente, nao ter a energia extra que a boa forma fisica traz”). Mensagens sob medida Um crescente corpo de literatura atesta a importancia de preparar as mensagens intervengdes sob medida para as caracteristicas individuais dos participantes, em vez de dar informagées estruturadas de maneira idéntica a todos. Por exemplo, a efetivi dade das mensagens estruturadas na forma de ganho ou de perda parece variar com o fato de sea pessoa tende a ser orienstada para evitagao ou orientada para aproximagao. 0s individuos orientados para aproximagao sio bastante responsivos a recompensas e incentivos, enquanto os orientados para evitagao sdo bastante responsivos a pu- nigdes ou ameagas. Em um estudo recente, ‘Traci Mann e colaboradores, na UCLA 1 mensagem estruturada nnaforma de ganhos rmensagem relacionada com a saide concentrada em ‘obte resultados positives fouevitarresutados indesejave's, adotando lum comportamento que promova a sadde. = mensagem estruturada forma de perdas ‘mensagem relacionada com a sade concentrada no resultado negativo causado Por nio ser adotado um comportamento que promovaa saude. © texto de uma mensagem podefazera diferenca As «ampanhas educatvas podem User mensogens estruturadas na forma de ganhos ou de perdss conforme mostrado aqui. Uma rmensagem estrutrada na forma de ganhos sobre decisoes relacionadas com a saude sexual poderia dizer"Seguro éseq!” i i if PARTE 3 | Comportamento.e sade (2004), observaram que, quando universitérios receberam mensagens estruturadas na forma de perdas para promover o ato de passar fio dental, os orientados para evi- tagio afirmaram que cuidaram melhor de seus dentes, e quando receberam uma mensagem estruturada na forma de ganhos, os orientados para aproximagao afit~ maram usar mais o fio dental do que aqueles orientados para evitasao. Esses resul- tados sugerem que preparar mensagens sob medida para individuos com base em suas motivagées disposicionais é uma estratégia efetiva para promover a mudanga comportamental, Mensagens amedrontadoras estruturadas na forma de perdas Sera que as mensagens que provocam medo sio eficazes para promover a mudanga de atitude e de comportamento? Para descobrir, Irving Janis ¢ Seymour Feshbach (1953) compararam a eficacia de mensagens que excitavam varios niveis de medo na tentativa de promover mudangas em higiene dental. As mensagens que provocavam niveis moderados de medo eram mais eficazes do que as mais extremas para fazer estudantes do ensino médio mudarem seus habitos de higiene dental. Para explicar os resultados, os pesquisadores concluiram que os individuos eas circunstancias diferem em seu nivel apropriado de medo necessério para desencadear uma mudanga de ati- tude e comportamento. Quando esse nivel € ultrapassado, as pessoas podem recorrer A negacao ou a medidas de enfrentamento evitativo. ‘Um fator fundamental na determinagao da eficécia de mensagens de satide ame- agadoras € a percepcao de controle comportamental daquele que a recebe. Antes que possam ser persuadidas, as pessoas devem acreditar que possuam a capacidade de seguir as recomendagées. Em um estudo, Carol Self e Ronald Rogers (1990) apre- sentaram mensagens extremamente ameagadoras em relagio aos perigos da vida sedentéria com ou sem informagées que indicassem se os sujeitos conseguiriam rea- lizar 0 comportamento favoravel & satide (como praticar exercicios) e melhorar sua satide. O que eles descobriram? Mensagens ameacadoras funcionariam apenas se 0s participantes estivessem convencidos de que eram capazes de enfrentar a ameaga a sua satide; jd as tentativas de assustar os participantes sem asseguré-los disso foram ineficazes Heike Mahler e colaboradores (2003) observaram que frequentadores de praia com idade universitéria eram particularmente responsivos a uma campanha educa- cional para promover 0 uso de protetor solar e outros comportamentos de protegao contra o sol quando ela se concentrava nos perigos da exposisao ao sol para a apa- réncia de cada individuo. A intervengéo comegou com uma apresentagio de slides de 12 minutos contendo fotos de casos extremos de rugas e marcas de cenvelhecimento, Depois disso, 0 rosto de cada sujeito foi fotografado com a cimera com filtro ultravioleta que acentuava as manchas marrons, as sardas € outras lesdes cuténeas existentes causadas pela exposigdo ao ultravioleta. Um més de seguimento indicou que a exposicao resultara em um aumento significative em comportamentos de protesao contra 0 sol e uma redugao substancial da prética de tomar banho de sol. Todavia, as taticas de susto que provocam muito medo, como fotogra- fias de gengivas totalmente deterioradas ou doentes, tendem a perturbar as pessoas. Como resultado, essas mensagens podem ter o efeito contrario € diminuir a probabilidade de que uma pessoa mude suas crencas ¢, assim, seu comportamento (Beck e Frankel, 1981). Esse tipo de mensagem aumenta a ansiedade de tal forma que o tinico recurso de enfrentamento que percebem 6a recusa em encarar o problema. Concluindo, pesquisas sobre a estruturagio de mensagens relaciona- das com a satide revelam um padrao basico: as mensagens estruturadas na forma de ganhos sio eficazes para promover comportamentos de prevengio, CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva enquanto as estruturadas na forma de perdas sao eficazes para promover comporta~ ‘mentos que impulsionem a detecgao de doencas (exames) (Salovey, 2011). Promovendo loc; de trabalho saudaveis Os psicélogos da saiide ocupacionais séo pioneiros em projetar locais de trabalho saudaveis. Quatro dimensoes do trabalho saudével foram identificadas: o estresse, re lagoes entre trabalho e familia, prevengio a violencia ¢ relagdes no trabalho (Quick et al,, 2004), Uma ver.que o estresse no trabalho é uma epidemia nos Estados Unidos, a pesquisa e as interven des psicologicas séo vitais para asatide dos trabalhadores. Cada vyez mais, as seguradoras estao reconhecendo que as causas de deficiéncias no local de trabalho estao mudando, de ferimentos para o estresse. O local de trabalho tem um efeito psicol6gico profundo em todos os aspectos de niossas vidas e das vidas de nossos familiares. Por exemplo, os estressores encontrados, no trabalho podem resultar em interagdes sociais menos sensiveis e menos solidérias «mais negativas e conflituosas na familia, que podem afetar negativamente as respos- tas biolbgicas das criangas ao estresse, bem como sua regulacao emocional e compe- téncia social (p.ex., Perry-Jenkins eta, 2000). Foram observados dois efeitos cruzados comportamentais entre as experiéncias de estresse no trabalho por um trabalhador € © bem-estar de outros membros da familia. O transbordamento de emogoes negativas ‘ocorre quando frustragGes relacionadas com 0 trabalho contribuem para um aumen- to na iritabilidade, na impaciéncia ou em outros comportamentos negativos em casa. 0 retraimento social ocorre quando um ou mais pais ou cuidadores adultos que traba- Iham retraem-se comportamental ou emocionalmente da vida familiar depois de dias muito estressantes no emprego. Nos iltimos 20 anos, houve uma mudansa significativa na maneira como pensa- mos sobre a relagao entre o trabalho ea vida familiar. A medida que mais e mais familias, consistem em dois adultos que trabalham em horério integral, os patrdes e agéncias governamentais comecam a reconhecer que todos os empregados enfrentam desafios complexos para equilibrar os papéis profissionais ¢ familiares. Essas novas visbes de- sencadearam uma explosio de pesquisas sobre a relacdo entre o trabalho e a familia. Entre os resultados mais consistentes, esté o fato de que, nos Estados Unidos, a maioria dos empregados encontra pouco apoio e tem pouca vor nas politicas trabalhistas que ‘os afetam ¢ atingem suas familias (Quick et al, 2004). Consequentemente, eles fica a sua propria sorte para organizar os cuidados dos filhos, equilibrar horérios de trabalho, prevenir o estresse no trabalho e coisas do género. A Family and Medical Leave Act, de 1993, ajuda alguns trabalhadores protegendo seus empregos enquanto cuidam de bebés, ¢ familiares doentes, mas muitos profssionais nao sto cobertos por essa legistagao. ‘A violéncia no local de trabalho e nos campi universitérios tem recebido con- sideravel atengio nos tiltimos anos. Conforme algumas estimativas, 0 homicidio se tornou a segunda causa principal de morte por ferimentos ocupacionais, perdendo apenas para obitos decorrentes de acidentes automobilisticos. A maioria dessas mor tes ocorre durante assaltos, mas por volta de 10% podem ser atribuidos a colegas de trabalho ou ex-empregados. Outros 2 milhdes de pessoas sio agredidas todos os anos no trabalho (Bureau of Labor Statistics, 2006). Diversos fatores aumentam 0 risco de uum trabalhador ser vitima de violéncia (Quick et al, 2004) Contato com o piiblico ‘Transagio em dinheiro Entrega de passageiros e mercadorias ou prestagdo de servigos Local de trabalho mével ‘Trabalho com pessoas instiveis ou volateis (p. ex., em ambientes médicos ou de assisténcia social) ‘Trabalho realizado s6, tarde da noite e em Areas com alta criminalidade 167 Figura 6.6 Atriade da seguranga. Uma ‘cultura de trabalho saudsive ‘xigeatengio a tis fatores: 8 pessoa, oambienteeo ‘omportamento. FontasCanton D Wi Boyce 8 oper .(008).enstng Realy working ves Em Reansty N Nanmand as, Poche ais ‘they wo 277. Washing fon DC american ychoagy PARTE 3 | Comportamento.e sade Na érea das relagdes trabalhistas, construir uma cultura de trabalho saudével cexige que os empregados aceitem a responsabilidade por sua prépria satide e segu- ranga e pela seguranca e satide de seus colegas. De maneira mais geral, conforme ob- servaram Dorothy Cantor e colaboradores (2004), construir uma cultura de trabalho saudavel exige atencio a trés fatores: a pessoa (diferengas individuais, educagao, per- sonalidade), o ambiente (condigdes de trabalho, equipament, sistemas de gesto) € comportamento (comportamentos de risco, procedimentos, desempenho do grupo). Em uma cultura de trabalho saudavel, as politicas baseadas na triade de seguran- ga motivam os empregados a agirem de maneiras que deem um exemplo saudavel e tornem o ambiente de trabalho seguro, prestando também atengdo a fatores indivi- duais da pessoa (Fig. 6.6). Programas de bem-estar no local de trabalho Por varias razbes, o local de trabalho € um lugar ideal para promover a satide. Pri- meiro, 0s trabalhadores consideram conveniente participar desses programas. Alguns patrdes até mesmo permitem que seus empregados participem de programas de pre~ vencio durante o dia de trabalho. Além disso, 0 local de trabalho oferece a maior oportunidade para contato continuado, acompanhamento ¢ feedback, Finalmente, 08 colegas de trabalho estdo dispontveis para proporcionar apoio social e ajudam a mo- tivar as pessoas nos momentos dificeis. O mesmo se aplica a programas de bem-estar em universidades e faculdades. Os programas de bem-estar no local de trabalho comegaram a surgit em um ritmo acelerado com o advento do movimento do bem-estar durante a década de 1980, Hoje, nos Estados Unidos, mais de 80% das organizagées com 50 ou mais fun- cionérios oferecem algum tipo de programa de promogao da satide, Os programas de bem-estar no local de trabalho oferecem uma variedade de atividades, incluindo con- trole do peso, orientagao nutricional, cessagéo do tabagismo, exames preventivos de satide, seminérios educacionais, controle do estresse, cuidados com a coluna lombar, academias de ginéstica, programas de imunizagéo e programas pré-natais. No centro do movimento do bem-estar, esté a compreensio de que prevenir doengas & mais facil, mais barato e muito mais desejével do que curé-las. Um exem- plo: a campanha de vacinagio para o HINI em campi universitirios na temporada de 2009 a 2010. Ao redor do mundo, os custos com tratamento de satide aumentaram, de cerca de 3% do produto interno bruto (PIB) em 1948 para aproximadamente 8% nos dias atuais. Os Estados Unidos gastam 16% de seu PIB em tratamento de satide (Smith et al, 2006). Conforme jé foi observado, uma proporgao cada vez maior desses eS es {CUSTURA DE SEGURANGA Desempento ndidual de Boos, cogniio cpr comeciments, imitcesmtemusegetio, Sepetegacroeraear habacadecopscdade, | Canagauscevbntorpoto Coenen neat Urenameni edvarsa atude, —_ Sowasene ce aba ‘eos na clgue age Poona moti) frocedaern CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva custos tem sido transferida para os patrdes que pagam os prémios do seguro de satide de seus empregados. Segundo um estudo realizado em 2006 por William B. Mercer, 97% dos custos de beneficios de satide cooperativos sao gastos para tratar condicoes evitéveis, como doengas cardiovasculares, problemas com a coluna lombar, hiperten- sio, acidente vascular encefilico (AVE), cincer de bexiga e abuso de dlcool. Os patroes compreenderam que mesmo programas com resultados modestos em melhorar a satide dos empregados podem resultar em economias substanciais. Esses programas sio eficazes? Varios estudos minuciosos revelam que sim, O custo dos programas é mais que compensado pelas redugées em ferimentos relacio- nados com trabalho, absentefsmo e rotatividade de funcionsrios. Por exemplo, em- pregados da Union Pacific Railroad que participavam de um programa de bem-estar reduziram o risco de pressio alta (45%) e colesterol alto (34%), sairam da faixa de ris- co para obesidade (30%) e pararam de fumar (21%), gerando uma economia liquida para.a empresa de 1,26 milhao de délares (Scott, 1999). Estudos demonstraram que, para ter sucesso, os programas de bem-estar no local de trabalho devem: Ser voluntarios. Incluir exames de triagem de satide, que tém 0 maior impacto sobre os custos de satide no local de trabalho. 1m Estar relacionados com comportamentos de satide de interesse para os emprega- dos. Garantir a confidencialidade das informayoes de sate Ser convenientes ¢ ter apoio da empresa. Oferecer outros incentives, como descontos em planos de satide, bonus monet- ios ou outros prémios pelo sucesso. Psicologia positiva e florescimento ragio de misséo, que ja durava 60 anos, para incluir a palavra satide pela [primeira vez. Mais de 95% dos membros da organizagao endossaram a mu- danga no regimento, enfatizando sua percepgio de que, embora existam elementos fisicos e psicolégicos que contribuem para doenga e deficiéncia em cada pessoa, existem outros que cooperam para sate, bem-cstar e florescimento. A mudanga no regimento foi parte da Healthy World Initiative da APA, que se alinhou com 0 novo movimento da psicologia positiva, descrito no Capitulo 1, para promover ‘uma abordagem preventiva baseada em potencialidades para pesquisa ¢ intervenes, em vez. do tratamento mais tradicional da psicologia de atacar problemas depois que ocorreram (Seligman, 2002). Conforme afirmou a presidente da APA, Norine Johnson (2004), “Devemos trazer a construgao de potencialidades para o primeiro plano no tratamento ¢ na prevengao de doengas, para a promogio do bem-estar € da saiide” (p. 317). Um tema central do movimento da psicologia positiva ¢ que a experiéncia da adversidade, seja de natureza fisica ou psicol6gica, as vezes pode trazer beneficios, como fez para Sara Snodgrass, que conhecemos no comeco do capitulo. Conforme observou Charles Carver (Carver et al., 2005), quando temos uma adversidade fisica ‘ou psicolégica, ocorrem pelo menos quatro resultados possiveis: E: 2001, a American Psychological Association (APA) modificou sua decla- Uma piora continuada Sobrevivencia com capacidade reduzida ou comprometimento Um retomo gradual ou r§pido ao nivel de funcionamento anterior & adversidade mA emergéncia de uma qualidade que deixa a pessoa melhor do que antes 1 psicologia positivao estudo do funcionamento hhumano adequado e da Intertelagio saudavel entre aspessoas e seus ambientes. | iia PARTE 3 | Comportamento.e sade Florescimento refere-se a esse quarto resultado paradoxal, no qual a adversidade leva as pessoas a maior bem-estar psicol6gico e/ou fisico (O'Leary e Ickovics, 1995). Como pode ser isso? Segundo o neurocientista Bruce McEwen (1994, 2011), que in- troduziu 0 conceito de carga alastitica, “Em condigdes de estresse, devemos esperar um enfraquecimento fisico do sistema, mas pode haver mudangas psicoldgicas positi- vas — muitas vezes no contexto do florescimento psicolégico. Em termos lisiolégicos, isso se traduz em mais processos restauradores do que destrutivos em a¢a0” (p. 195). Usando a analogia de atletas que fortalecem seus miisculos decompondo-os por meio de exercicios, permitindo que se recuperem, e depois repetindo esse padrio para pro- duzir masculos mais fortes e capazes de fazer mais trabalho, os psicdlogos positivos apontam para evidéncias de que a adversidade pode desencadear uma “musculagao psicol6gica” (Pearsall, 2004). Alostasia e sade neuroendécrina Conforme vimos no Capitulo 4, em resposta a um estressor, a ativagao do eixo hipo- télamo-hipéfise-adrenal (HAA) causa uma mudansa no estado metabélico geral do compo. Na maior parte do tempo, as células do corpo esto ocupadas com atividades que constroem o corpo (anabolismo). Quando o cérebro percebe uma ameaga ou um desafio iminentes, contudo, 0 metabolismo anabélico é convertido em seu oposto, 0 catabolismo, que decompde os tecidos para fornecer energia. O metabolismo catabé- lico caracteriza-se pela liberagao de catecolaminas, cortisol e outros hormonios res- ponséveis pelas reagoes de “luta ou fuga” que ajudam o corpo a mobilizar energia rapidamente. Para combater essas reagdes neuroendécrinas,o sistema nervoso paras- simpético (SNP) desencadeia a libera¢io de horménios anabélicos, incluindo 0 hor- ménio do crescimento (GH), fator do crescimento semelhante a insulina (IGF-1) e os esteroides sexuais. 0 metabolismo anablico combate a excitagao ¢ promove o relaxa- ‘mento, 0 armazenamento de energia e processos de cura, como a sintese de proteinas. Lembre, do Capitulo 4, que alostasia refere-se a capacidade do corpo de se adaptar ao estresse e a outros elementos de ambientes que sofrem mudangas répidas (McEwen, 2011). Uma medida do florescimento fisico € um sistema alostatico Muido, que muda flexivelmente de niveis altos para niveis baixos de excitayao do sistema nervoso simpatico (SNS), dependendo das demandas do ambiente. Os hormonios catabélicos, por exemplo, sio essenciais & satide no curto prazo. Todavia, quando as pessoas encontram-se em um estado constante de excitagao, elevagdes prolongadas desses horménios podem prejudicar 0 corpo e promover doengas crénicas. Como exemplo, oestresse repetido pode afetar muito o funcionamento cerebral, em especial no hipocampo, que tem grandes concentragoes de receptores de cortisol (McEwen, 1998, 2011). As consequéncias de elevagdes de longo prazo em horménios catab6- licos, quando vistos em conjunto, parecem-se muito com o envelhecimento. Hiper- tensio, misculos desgastados, ticeras, fadiga e um risco maior de doengas crénicas sio sinais comuns de envelhecimento ¢ estresse crénico, Esse estado, que tem sido chamado de carga alastatica, é indicado pela predominancia da atividade catabélica em repouso. Um nivel eevado de cortisol saivar ou sérico em repouso é um indicador biol6gico de carga alostatica e do funcionamento geral do eixo HAA. Em contrapar- tida, a predominancia de horménios anab6licos em repouso reflete melhora na satide uma carga alostatica baixa. ‘Uma série de estudos classicos de Jay Weiss ¢ colaboradores (1975) demonstra ram que a excitagao do estresse pode levar a uma melhor satide fisica, condicionando 0 corpo a ser resistente a estressores futuros. Vocé aprendeu que, quando experimen- tam estresse crénico, cobaias de laboratério sofrem de desamparo aprendido e deple- [40 de catecolamina, Paradoxalmente, Weiss observou que a exposicao de cobaias a CAPITULO 6 | Permanecendo saudével: prevencio priméria e psicologia positiva estressores intermitentes seguida por periodos de recuperagao pode levar a um “endu- recimento fisiol6gico’, incluindo resistencia a deplecao de catecolamina ¢ supressio de cortisol, e maior resilincia a estressores subsequentes. Outros estudos revelaram que a exposicio a estressores precoces na vida as vezes pode resultar no desenvolvi- mento de resiliéncia em macacos-de-cheiro (Lyons e Parker, 2007) Fatores psicossociais e flores: ento fisiolégico Em outra parte do livro, vimos como o sistema imune reage ao encontrar patégenos € como seu funcionamento é influenciado por citocinas e sinais de outros sistemas corporais, incluindo o cérebro. Grande parte dessa discussto entfatizou como os fato- res psicossociais podem modificar o funcionamento imunolégico e outros sistemas do corpo. Diversas variaveis psicol6gicas foram relacionadas com redugées nos niveis de hormonios do estresse ou maior imunidade em resposta a0 estresse, incluindo auto estima e percepgoes de competéncia e controle pessoal sobre os resultados (Seeman et al, 1995), autoeficacia (Bandura, 1985) e uma sensagao de coeréncia na vida (Myrin € Lagerstrom, 2006). No local de trabalho, uma sensacio de controle ¢ autonomia vem acompanhado por niveis basais mais baixos de catecolaminas, mesmo quando as demandas do teste e os niveis de estresse so muito elevados (Karasck et a., 1982). ‘Aempresa Google, por exemplo, tem uma Area de lazer onde os funcionérios podem jogar basquete, pingue-pongue e outros jogos quando estao se sentindo cansados. Autoengrandecimento Um corpo crescente de pesquisas relaciona estados mentais positivos, mesmo esta dos irrealistas envolvendo ilusées positivas, com um funcionamento fisiologico mais saudavel (p. ex. Taylor et al., 2003). Pessoas que tendem ao autoengrandecimento, por exemplo, tém a tendéncia desproporcional a recordar informag6es positivas so- bre suas personalidades e scus comportamentos, de se enxergarem de maneira mais positiva do que os outros as veem e de aceitar o crédito por bons resultados (Taylor € Brown, 1988). Ao contrério de visdes anteriores em psicologia, que consideravam esse tipo de autopercepsao inflada evidéncia de narcisismo, autocentrismo e mé satide mental, estudos recentes sugerem que, em vez de ser associado ao desajuste, 0 auto- engrandecimento é indicativo de satide, bem-estar e da capacidade de se sentir bem a respeito de si mesmo, O autoengrandecimento também foi relacionado com a ca- pacidade de desenvolver e manter relacionamentos, de ser feliz e de prosperar em ambientes inconstantes ou mesmo ameagadores (Taylor et al., 2003). Visbes erréneas, mas positivas, de nossa condigao médica e da percepgao de nosso controle sobre ela parecem promover a satide e a longevidade, Por exemplo, individuos HIV-positivo e aqueles diagnosticados com aids que mantém visbes posi- tivas irreais sobre seus progndsticos apresentam uma deterioracao menos répida ~ ¢ ‘mesmo um tempo mais longo até a morte (Reed et al, 1999). Embora esses resultados correlacionais nao provem uma relagao de causalidade, pesquisadores especulam que as cognicaes de autoengrandecimento podem abrandar as respostas fisioldgicas ¢ neu- roendécrinas ao estresse e, assim, reduzir as respostas do eixo HAA a esta condicao (Caylor etal, 2000). Em um estudo, Shelley Taylor e colaboradores (2003) pediram a 92 universits rios que preenchessem 0 How I See Myself Questionnaire,” uma medida do autoen- “N. deTs im ports rads seria “nvetirio como vj a mim mesma ™ 7 im Envolvimento social Peszoas que rmantém lags socials fortes tém ‘mais probablidade de assegurat sade e ver mais tempo. PARTE 3 | Comportamento.e sade grandecimento na qual os participantes se avaliam em comparagio com individuos correspondentes em capacidade académica, autorrespeito ¢ 19 outras qualidades po- sitivas, assim como egoismo, pretensiosidade e 19 outras caracteristicas negativas. les também responderam a escalas de personalidade que avaliavam recursos psicolégi- cos como otimismo, extroversio e felicidade. Uma semana depois, os participantes compareceram a um laboratrio da UCLA onde forneceram uma amostra de saliva para anilise de cortisol e fizeram diversos testes padronizados de aritmética mental que induziam o estresse de maneira confivel. Enquanto respondiam aos testes, suas frequéncias cardiacas e pressdes sistolica e diastélica eram monitoradas. Depois de concluirem os testes de estresse, uma segunda medida do nivel de cortisol foi colhida. Os resultados mostraram que os individuos que tendiam ao autoengrandeci- ‘mento apresentavam niveis basais mais baixos de cortisol no comego do estudo e respostas mais baixas de frequéncia cardiaca e pressio arterial durante os testes de estresse. Os resultados para os niveis basais de cortisol sugerem que 0 autoengran- decimento esteja associado a niveis mais baixos do eixo HAA em repouso, indicando um estado neuroendécrino cronicamente mais saudavel. As respostas reduzidas em frequéncia cardiaca e pressdo arterial sugerem que autopercepgdes positivas ajudem as pessoas a lidar com estressores agudos. Com o tempo, os autoengrandecedores podem ter menos desgaste relacionado com 0 estresse em seus corpos, Interessantes de igual modo foram as respostas dos participantes ao questionario de recursos psi colégicos, as quais indicaram que a relagdo entre o autoengrandecimento ¢ a resposta neuroendécrina era medida por maior autoestima, otimismo, extroversio € apoio so- cial mais forte, bem como um maior envolvimento ocupacional e comunitrio do que © observado em sujeitos com escores baixos em medidas do autoengrandecimento. Envolvimento social Sara Snodgrass (a nossa introdugéo) acredita que um aspecto fundamental de seu florescimento psicol6gico seja o nivel em que reorganizou as prioridades de sua vida em torno de seus relacionamentos com amigos familiares. De fato,a importancia do envolvimento social foi demonstrada por estudos epidemiolégicos, os quais eviden- ciaram que pessoas cujos lagos sociais sao fortes tm mais probabilidade de manter a saide e de viver mais tempo (Berkman et al., 2000). O envolvimento social tam- ‘bém parece estar diretamente relacionado com a satide neuroenddcrina. Estudos re- velaram, por exemplo, um aumento na contagem de linfécitos em resposta a0 apoio social. Intervengdes que incluem alguma forma de apoio social tém efeitos maiores sobre a citotoxicidade das células natural killer (NK), a proliferagio de linfécitos ea imunidade mediada pelas células (Miller e Cohen, 2001). Os proponentes de trata mentos médicos alternativos (ver Cap. 14) também sio encorajados por evidéncias de que a massagem, que exige contato fisico entre pelo menos dois individuos, tem efeitos promotores de imunidade, como maior atividade das células NK (Ironson etal, 1996) 3s individuos costumam procurar 0 apoio de outras pessoas para revelar seus sentimentos durante momentos de adversidade. Pesquisas realizadas, pelo menos nos iiltimos 15 anos, do- cumentaram que esse tipo de revelagao emocio- rnal altera a atividade autonémica e o funciona ‘mento imunolégico de maneiras que promovem a satide. O trabalho de James Pennebaker e co- laboradores (1995, 1988) mostrow que, quando discutem situagdes que geram estados emocio-

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