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REVERENCIE-SE COM A CONSERVAÇÃO

Acho que foi minha avó que me fez acreditar que eu precisava ficar o tempo todo ocupada. A
inatividade, ela afirmava, era sinal de preguiça, e a preguiça era pecado. Quando fui descobrir, já adulta,
que isso não é verdade, meu ritmo de vida se tornara frenético. Eu parecia uma formiguinha trabalhadeira,
andando de um lado para o outro, fazendo um pouquinho disso e um pouquinho daquilo. Aos vinte e
cinco anos, já estava exausta. Eu não sabia relaxar. Não sabia conservar minha energia.
O relaxamento é a melhor forma de conservar energia e de viver mais e melhor. A primeira
coisa a fazer é repensar e mudar nossos padrões de comportamento. É você quem se levanta primeiro para
limpar a mesa? É você quem diz primeiro "Deixa que eu ajudo!" ou "Deixa comigo!"? A gente ganhava
pontos por esse tipo de coisa na primeira série do primário. Lembra quando você levantava a mão e
implorava à professora para apagar o quadro-negro? Pois todo esse frenesi de "ocupação" começa nessa
época. Fomos premiados por nos dispormos a fazer mais do que precisávamos. Fomos encorajados a nos
manter ocupados. Depois, aprendemos a medir nossa importância na vida pelo número de coisas que
fazíamos. Quando não temos coisa alguma para fazer, nos sentimos inúteis. Nos casos mais graves,
acreditamos mesmo que somos inúteis. Como resultado, aprendemos a nos impor deveres que, em última
instância, levam à exaustão mental, física e espiritual.
A conservação exige a disposição de ficarmos inteiramente parados, correndo o risco de
demonstrar preguiça. Ela inclui não só a quietude física como a quietude mental e emocional para
conservar corpo, mente e espírito. Você merece descansar. Tem o direito de proceder num ritmo que lhe
for confortável. Precisa de tempo para você, por você e com você, se quiser manter sua mente sã. A
ocupação constante pode levar a uma insanidade causada por nós mesmos.
Da mesma maneira que não nos ensinaram a nos conservar, não aprendemos a conservar
nossos recursos. Tempo, dinheiro e conhecimento são todos recursos dignos de serem preservados. Gastar
o seu tempo fazendo coisas que não trazem a você ou a qualquer outra pessoa prazer ou alegria é um
desperdício de recursos valiosos. Gastar o seu dinheiro de maneira e com coisas que não trazem benefício
algum a você ou a qualquer outra pessoa é outro desperdício de recursos. Tentar convencer uma pessoa
de algo que ela se recusa a ouvir é um desperdício de recursos valiosos. Quando aprendemos o valor de
quem somos e do que temos, tomamos consciência da conservação.
O maior inimigo do princípio de conservação é o medo de ser preguiçoso, sovina e egoísta.
Por algum estranho motivo, acreditamos que conservar o que temos para o nosso próprio bem é uma
coisa negativa. Se você é inteligente, as pessoas esperam que você compartilhe o seu conhecimento. No
entanto, uma das profissões mais mal remuneradas em nossa sociedade é a de professor. Se você tem
dinheiro, esperam que você o reparta com os mais carentes. Não há dúvida de que compartilhar é uma
coisa maravilhosa, mas isto não significa que você deva se deixar explorar ou encontrar formas de livrar-
se do que tem por pura ingenuidade ou sentimento de culpa. Fechar sua porta, baixar as persianas e
passar um tempinho em silêncio, a sós, não significa que você seja egoísta. É fundamental que você se
reverencie o suficiente para passar algum tempo na sua própria companhia, longe de todo mundo.

Laiane da Silva Corrêa


Psicóloga – CRP 10/02910
Clínica Espaço Saúde - Trav. Piedade, nº 566 – Reduto
Fone: (91) 3223-2060 Celular: (91) 8124-3820/92688293
A conservação é uma forma de cura que desenvolve a consciência de quem somos, nos torna
mais tolerantes e aumenta nossa auto-estima. À medida que vamos aprendendo a conservar nossos
movimentos, nossa energia e nossos recursos, vamos nos curando de padrões de comportamento
destrutivos, freqüentemente associados a um falso sentimento de responsabilidade. Se estamos
constantemente ocupados, passamos a acreditar que somos responsáveis por pessoas, circunstâncias e
situações que podem encontrar soluções sem a nossa intervenção. Em nome do bem-estar dos outros,
abrimos mão do nosso.
Você não precisa ter uma ocupação o tempo todo. Mas, quando tiver algo para fazer, faça-o
num ritmo que lhe seja confortável. Não se apresse. Não entre em competição. Procure passar seu tempo
num estado de relaxamento mental, emocional e espiritual. Mesmo quando tiver um impulso de extrema
generosidade, conserve alguns de seus recursos para você. Minha avó costumava dizer: "Não gaste tudo
no mesmo lugar!" Existe uma simpática emenda ao que ela dizia: não gaste tudo e ponto final.
A Bíblia nos adverte: "Não atire pérolas aos porcos. Não dê o sagrado aos cães." Evite, a todo
custo, dar o seu conhecimento, seu tempo e sua energia a causas e pessoas que não as merecem. Como
saber que não merecem? Se você precisa brigar com uma pessoa para que ela aceite o que você lhe está
oferecendo como um ato de amor, ela não merece a sua doação. As árvores, as florestas tropicais, os
minerais e os animais não são os únicos recursos naturais dignos de seu esforço de conservação. Você é
um recurso natural divino. A vida quer que você dure muito, muito tempo. A vida quer que você esteja
bem enquanto estiver por aqui. Aprender a relaxar e a conservar sua energia natural é um dos maiores
presentes que você pode dar à vida e especialmente a você.

ATIVIDADE: Diário Noturno da CONSERVAÇÃO


— Hoje achei difícil relaxar quando...
— Me dou conta de que preciso CONSERVAR meu tempo / energias / recursos com relação
a...
— Hoje progredi com relação à CONSERVAÇÃO de meu tempo/ energias/recursos quando...

FONTE: Reverencie-se com a CONSERVAÇÃO, texto adaptado do livro Um dia minha alma se abriu
por inteiro, da autora Iyanla Vanzant, 5ª edição, (2000).

Laiane da Silva Corrêa


Psicóloga – CRP 10/02910
Clínica Espaço Saúde - Trav. Piedade, nº 566 – Reduto
Fone: (91) 3223-2060 Celular: (91) 8124-3820/92688293

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