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Ficha técnica

FREITAS, Luciana Maria Almeida de; COSTA, Elzimar Goettenauer de Marins; FOGLIA, Graciela Alicia.
Livro de resumos do VIII Congresso Brasileiro de Hispanistas. Rio de Janeiro: ABH, 2014, 161 p.

ISBN: 978-85-66188-03-5

Equipe de apoio
Beatrice Bruno Tuxen
Carolina Ecard Barros
Carolina Gandra de Carvalho
Tatiana Dias Lütz
Gestão da ABH 2012-2014

Diretoria
Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF) - Presidente
Elzimar Goettenauer de Marins Costa (UFMG) - Vice-presidente
Renato Pazos Vazquez (UFRRJ)- 1º secretário
Graciela Alicia Foglia (UNIFESP) - 2ª secretária
Antonio Francisco de Andrade Júnior (UFRJ)- 1º tesoureiro
Andrea Silva Ponte (UFPB)- 2ª tesoureira

Conselho Consultivo
Titulares
Adrián Pablo Fanjul (USP) - Presidente
Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues (UFSCar)
Magnólia Brasil Barbosa do Nascimento (UFF)
Marcia Paraquett Fernandes (UFBA)
Neide Therezinha Maia González (USP)
Ruben Daniel Méndez Castiglioni (UFRGS)
Vera Lucia de Albuquerque Sant’Anna (UERJ)
Suplentes
Maria Augusta da Costa Vieira (USP)
Maria Del Carmen Fátima González Daher (UFF)

Conselho Fiscal
Titulares
Rosa Yokota (UFSCar) – Presidente
Elena Cristina Palmero González (UFRJ)
Elena Ortiz Preuss (UFG)
Suplentes
Silvia Inés Cárcamo de Arcuri (UFRJ)
Paulo Antonio Pinheiro Correa (UFF)
Organização do VIII Congresso Brasileiro de Hispanistas

Coordenação
Antonio Francisco de Andrade Júnior (ABH-UFRJ)
Elena Cristina Palmero González (UFRJ)
Luciana Maria Almeida de Freitas (ABH-UFF)
Silvia Inés Cárcamo de Arcuri (UFRJ)

Membros
Andrea Silva Ponte (ABH-UFPB)
Elzimar Goettenauer de Marins Costa (ABH-UFMG)
Flavia Ferreira dos Santos (UFRJ)
Graciela Alicia Foglia (ABH-UNIFESP)
Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold (UFRJ)
Renato Pazos Vazquez (ABH-UFRRJ)

Secretaria
Carolina Gandra de Carvalho
André Lima Cordeiro

Bolsistas
Beatrice Bruno Tuxen
Carolina Ecard Barros
Tatiana Dias Lütz

Comitê Científico
Elena Cristina Palmero González (UFRJ) - Presidente
Adrián Pablo Fanjul (USP) Lívia Reis (UFF)
Ana Cecilia Olmos (USP) Marcia Paraquett (UFBA)
Consuelo Alfaro Lagorio (UFRJ) Neide T. Maia González (USP)
Del Carmen Daher (UFF) Silvana Serrani (UNICAMP)
Graciela Ravetti (UFMG) Silvia Inés Cárcamo de Arcuri (UFRJ)

Pareceristas ad hoc
Adriana Kanzepolsky (USP) María Teresa Celada (USP)
Antonio R. Esteves (UNESP) Marcos Antônio Alexandre (UFMG)
Ariadne Costa da Mata (UEPB) Margareth dos Santos (USP)
Ary Pimentel (UFRJ) Maria Mirtis Caser (UFES)
Claudia Estevam Costa (CP2) Miriam Garate (UNICAMP)
Claudia Heloisa I. Luna Ferreira da Silva (UFRJ) Pablo Gasparini (USP)
Cristiano Silva de Barros (UFMG) Paulo Antonio Pinheiro Correa (UFF)
Cristina Vergnano-Junger (UERJ) Romulo Monte Alto (UFMG)
Dayala Paiva de Medeiros Vargens (UFF) Rosa Yokota (UFSCar)
Eduardo Tadeu Roque Amaral (UFMG) Ruben Daniel Méndez Castiglioni (UFRGS)
Elena Ortiz Preuss (UFG) Sara Rojo (UFMG)
Elisa Maria Amorim Vieira (UFMG) Valéria de Marco (USP)
Fernanda dos S. Castelano Rodrigues (UFSCar) Vera Lúcia de Albuquerque Sant’Anna (UERJ)
Ivan Rodrigues Martin (UNIFESP) Viviane C. Antunes (UFRRJ)
Magnólia Brasil Barbosa do Nascimento (UFF) Xoán Carlos Lagares Diez (UFF)
RESUMOS
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El enfoque intercultural en los manuales de ele: análisis entre el local y el global


Abdon Mendes Borges Santana (UNEB)

Neste artigo se analisa a presença e a abordagem de componentes culturais nos manuais de


espanhol como língua estrangeira (ELE) “Espanhol Expansión” (RAMOS e CARVALHO, 2004) e
“Pasaporte Compilado A” (ARAGÓN; GILI; BARQUERO, 2010) como instrumentos para o
desenvolvimento da competência comunicativa intercultural dos alunos. Assim sendo o manual de
ELE Espanhol Expansión como exemplo de manual local, ou seja, voltado para um público brasileiro e
produzido no Brasil, enquanto que o manual Pasaporte Compilado A como amostra de manual
global, voltado para o público de diversas nacionalidades. O referencial teórico foi composto dos
conceitos de interculturalidade, assim como o conceito de cultura no sentido restrito (small culture).
Foram feitas análises do componente cultural presente nos manuais de espanhol como LE em
estudo, utilizando o guia de análise de livro-texto de Skopinskaja, adaptado para esta pesquisa.
Conclui-se que tanto o manual “Espanhol Expansión” quanto o “Pasaporte Compilado A” pouco
contribuem para o desenvolvimento intercultural do aluno, devido à falta de criticidade diante do
conteúdo cultural e de incentivo ao posicionamento crítico nas relações entre culturas, sendo que o
primeiro é ainda mais deficiente nesse ponto, mas não deveria ser por se tratar de uma produção de
manual local.

A linguística aplicada e os estudos culturais: um diálogo possível nas aulas de língua espanhola
Acassia dos Anjos Santos (UFS)

Este trabalho apresenta um estudo sobre a relevância da Linguística Aplicada (LA) no ensino de
língua espanhola a partir da valorização da interdisciplinaridade desse campo teórico. Nessa
perspectiva, aproximamos os estudos de LA da multiplicidade dos Estudos Culturais. Para isso,
investigamos como essa forma de pensar o ensino de línguas auxilia a construção de leitor crítico nas
aulas de língua estrangeira. Nesse viés, entendemos que a leitura nas aulas de língua estrangeira
coloca o leitor em contato direto com a cultura que sustenta língua estudada. Essa experiência vai
muito além da aprendizagem de novas palavras e estruturas gramaticais, pois exige do leitor um
processo de comparação entre diferentes formas de comunicação. Nesse processo de aquisição de
uma segunda língua, o espaço da leitura ganha uma dimensão pedagógica fundamental para a
aprendizagem do novo idioma, pois diferentes elementos culturais entram em jogo: como o
nacional, o regional, o racial, de gênero, entre tantos outros. Metodologicamente, exploramos a
quebra dos muros disciplinares do ensino de língua propostos por Moita Lopes (2006, 2009) e Marcia
Paraquett (2009), além de teóricos dos Estudos Culturais Beatriz Resende (2005), Reginaldo Marques
(1999). Dessa forma, sugeriremos a ênfase no viés cultural para a construção de leitores críticos nas
aulas de língua espanhola.

Para un abordaje enunciativo-discursivo de las construcciones de “haber” con artículo definido


Adrián Pablo Fanjul (USP)

El verbo “haber” del español, como otros presentativos en inglés y francés, muestra fuertes
restricciones para la combinación con expresiones definidas como argumento. La lengua portuguesa
evidencia que esas restricciones no son inherentes al carácter presentativo, ya que, en su
funcionamiento, “haver” y también “ter” cuando tiene ese carácter introducen sintagmas con todo
tipo de determinante definido, e inclusive nombres propios y pronombres personales. En este
trabajo nos ocuparemos exclusivamente del español. Primeramente, revisaremos algunas
explicaciones encontradas en instrumentos descriptivos para cuando “haber” introduce un sintagma
determinado por el artículo definido singular o plural. Nos referiremos a las hipótesis sobre mención
evocativa o sugerente, así como a otras más actuales sobre el papel de esas expresiones en la
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cuantificación o en procesos endofóricos. Creemos que esas dos últimas, al apoyarse en tipificaciones
para adjetivos que codeterminan el sintagma (dicho sea de paso, en tipificaciones poco precisas),
reducen a un intento de formalización en la lengua aquello que aparece orientado por factores
discursivos. Proponemos, mediante el análisis de varios casos, una explicación alternativa atendiendo
a la formación de puntos de vista en la interlocución y a la orientación argumentativa de los
enunciados.

Juan Rulfo historiador: a implicação da visão histórica de Juan Rulfo em suas obras artísticas
Adriana Bezerra da Silva (USP)

Além da recente aclamação das fotografias tomadas por Juan Rulfo, paralelamente ao seu status de
um dos maiores escritores latino-americanos do século XX, estudos vêm destacando outra grande
inclinação do autor de "El llano en llamas" e "Pedro Páramo": a história. Grande conhecedor da
história de seu país e leitor voraz de importantes historiadores, Juan Rulfo deixou numerosos
manuscritos que revelam seu interesse nessa área. Mantendo a visão de Juan Rulfo como um autor
coerente com toda a sua produção intelectual, busca-se analisar, neste trabalho, a transposição de
algumas de suas indagações referentes ao discurso histórico em suas produções artísticas, literária e
fotográfica. Em "Pedro Páramo", a menção ao período cronológico em que se dá a história da
narrativa, nos termos de Gérard Genette, esvai-se devido ao tempo dos mortos que o suspende. O
silêncio é o principal narrador da história que circunda os eventos murmurados pelos habitantes de
Comala. Nas fotografias, é principalmente quando as lentes da câmera rulfiana enfocam as também
silenciosas construções arquitetônicas mexicanas, desde igrejas espanholas a ruínas indígenas, que a
história se impõe com maior potência. A história, nesses termos, age como um motivo comum para a
produção literária e fotográfica do mexicano, operando, porém, de forma bastante particular em
cada uma destas artes devido as diferentes linguagens com que se confronta.

La casa de Bernarda Alba uruguaya: dramatis personae


Adriana Binati Martinez (UNICENTRO/Irati)

El teatro uruguayo del siglo XX, consolidado por la Generación de 45, en los decenios del 70 y 80 es
enmarcado por diálogos con autores universales, una vez que bajo la Dictadura (1973-1985), ese
cotejo es un modo simbólico, también, de referirse a la represión civil y cultural. Doña Ramona
(1981) de Víctor Manuel Leites hace parte de ese contexto político, sin embargo, la trama se sitúa en
fines del siglo anterior en el núcleo familiar burgués de los Fernández que se siente amenazado con
la llegada de la ama de casa que intitula a la pieza. El enlace y el desarrollo de la obra se basa en el
principio de autoridad y libertad, principalmente, entre las protagonistas femeninas en la casa de la
familia. De modo que el cotejo con La casa de Bernarda Alba – Drama de Mujeres en los pueblos de
España (1936) de Federico García Lorca se hace evidente tanto en el nivel estructural como
simbólico, siendo los principios de autoridad y libertad matices en la interpretación y análisis del
dramatis personae de las obras. Así, el objeto de nuestro trabajo es el diálogo de Víctor Manuel
Leites con Federico García Lorca, basándonos en JOSPEPHS, CABALLEROS, GONZÁLEZ, LUKÁCS,
MIDGAL, MIRZA entre otros. En resumen, observamos que la predominancia del principio de
autoridad en la vida de los personajes de ambas obras, además de causar la imposibilidad de sus
éxitos sociales y de felicidad, revela que el diálogo del teatro uruguayo con el lorquiano fue una
manera de referirse a una sociedad cerrada y reprimida.
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Su “acumulación primitiva”: desarticulaciones de Sylvia Molloy


Adriana Kanzepolsky (USP)

Escrito en el mientras tanto, en el intersticio que deja abierta la ruina, mientras ML y la relación
todavía persisten, como afirman la dedicatoria y el fragmento que abre el texto en cursiva,
Desarticulaciones (Sylvia Molloy, 2010) lleva a cabo algunos duelos, al tiempo en que la narradora
presenta el trabajo de la escritura (al texto por venir) como una búsqueda de comprensión acechada
por la urgencia. Claramente el relato pone en escena el temor de la narradora ante la
sospecha/certeza de que el Alzheimer de la amiga le arrebate una interlocutora con la que comparte
un “léxico familiar”, alguien que le permite volver a la Argentina sin dejar de estar en el extranjero,
mientras con no menor intensidad se regocija frente a la posibilidad de fabulación que la pérdida de
la memoria del otro -ese otro que el texto vive como un testigo- propicia. Una ambigüedad que
organiza la “novela” y la relación con el desmemoriado. En otro sentido, y considero esto
particularmente sugestivo, la ambigüedad que caracteriza la posición frente a la desmemoria del otro
(pesar y alivio) reduplica y metaforiza en la esfera de la intimidad, de lo acotado de una relación
entre dos sujetos, y en el plano de la representación narrativa, una serie de preocupaciones que en
un registro diferente se reiteran en varios ensayos recientes de la autora. Es decir, aquello que en
Desarticulaciones se vive como la amenaza de una pérdida, la de ese interlocutor que posibilita un
retorno simbólico a la Argentina y al tiempo de la juventud, en los ensayos asume la forma explícita
de la pregunta acerca de lo que significa “escribir afuera” (fuera de la “lengua materna” y fuera del
sistema literario del propio país), acerca de la escritura de la memoria como una forma de volver al
país natal, y acerca de la concepción de la escritura como una traducción, como un lugar de tránsito
o de pasaje. Nuestro lectura aborda Desarticulaciones en dos sentidos: como relato de duelo ante la
pérdida del otro, un otro concebido como interlocutor privilegiado, pero también del duelo por ese
otro fabulado como metáfora y representación de los vínculos entre “Patria y lengua”, tal como
explicita el título de uno de los capítulos de Desarticulaciones, o de los vínculos entre “lengua,
escritura y nación”, para usar una expresión de Molloy en la “Introducción” a Poéticas de la distancia.
Adentro y afuera de la literatura argentina.

La obra ensayística de Rogério Duarte y Hélio Oiticica: configuraciones del lenguaje y


configuraciones de lo común
Adriana Kogan (UBA/CONICET)

Los últimos años de la década del 60 en Brasil están signados por el contexto de violencia propio de
la Dictadura militar y por la fuerte crisis que atraviesa el pensamiento de izquierda. El arte queda
dentro de una encrucijada, en la medida en que la relación del artista de izquierda con la sociedad
sólo parece posible de ser asumida de dos maneras antagónicas: en términos pedagógicos (como lo
propulsaban los Centros Populares de Cultura) o en términos experimentales (como lo propulsaba la
Poesía Concreta). En este contexto, Rogério Duarte y Hélio Oiticica, artistas y pensadores críticos,
comienzan a postular en sus textos ensayísticos la posibilidad de crear un lenguaje propiamente
brasileño que, en dicho contexto de crisis del pensamiento de izquierda, configure la posibilidad de
rearticular un espacio de lo común que se desmarque de la polarización entre arte de vanguardia y
arte popular. En este sentido, el objetivo de nuestro trabajo es indagar acerca de la manera en que
Rogério Duarte y Hélio Oiticica articulan en sus textos críticos nuevas relaciones entre el arte y el
lenguaje, y reflexionar acerca del modo en que en su obra es posible pensar la noción de lo común.
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Objetos nulos nas variedades de espanhol de Madri e Montevidéu


Adriana Martins Simões (USP)

Neste trabalho, apresentaremos alguns dados da pesquisa que estamos desenvolvendo a respeito da
expressão do objeto pronominal acusativo de 3ª pessoa nas variedades de espanhol de Madri
(CESTERO MANCERA et al., 2012) e Montevidéu (ELIZAINCÍN, s/d), a partir de entrevistas do
PRESEEA. No espanhol, seria necessário que antecedentes [+específicos] sejam retomados pelo
clítico (FERNÁNDEZ SORIANO, 1999), enquanto apenas antecedentes [-específicos; -definidos]
permitiriam a ocorrência de objeto nulo (CAMPOS, 1986). Conforme Groppi (1997), a variedade de
espanhol de Montevidéu também seguiria essa tendência. Contudo, variedades como a do País
Basco (LANDA, 1993) e a de Quito (SUÑER e YÉPEZ, 1988) apresentam objetos nulos com
antecedente [+definido] em construções ditransitivas e de deslocação à esquerda, sendo que na
variedade basca outras construções sintáticas, o aspecto e a semântica verbal também favoreceriam
a elipse do objeto. Em nossa pesquisa, investigamos aspectos sintáticos, semânticos e discursivos
que poderiam favorecer o clítico ou o objeto nulo. Partimos da hipótese de que essa categoria vazia
nas variedades estudadas se restringiria a antecedente [-determinado; -específico]. Entretanto,
observamos objetos nulos não apenas nesses casos, mas também algumas ocorrências em que o
antecedente é [+determinado; +/-específico] e, inclusive, [+humano; +específico]. Ao observar os
contextos linguísticos dessas construções, verificamos que há semelhanças com as variedades de
espanhol que permitem objetos nulos de forma mais ampla, assim como com o português brasileiro.

Contar uma história: leveza, intertextualidade e metaficção na criação do efeito de historicidade


em Santa Evita
Adriana Ortega Clímaco (UFRJ / UERJ)

Este trabalho dedica-se a refletir sobre a narrativa do romance Santa Evita (1995), de Tomás Eloy
Martínez. Tal romance, apresentando em sua composição questionamentos sobre a história e os
atributos da ficção, tematiza não só a vida de Eva Perón, como o sequestro e a ocultação de seu
cadáver embalsamado. Destacam-se no modo de narrar em Santa Evita, leveza (CALVINO, 1990),
intertextualidade (ISER, 1999) e metaficção (BERNARDO, 2010). Na obra, busca-se a leveza, narra-se
de forma leve, como reação ao peso do viver. Embora o tema abordado seja denso e pesado, o
sonho é o fio condutor da jornada narrativa, a imagem que fornece o método empregado para
narrar. A intertextualidade permite a combinação de diversos discursos sobre Eva Perón, a
construção ou reelaboração de uma versão de seu mito a partir de um mosaico textual. O narrador
recolhe relatos, embaralha-os, reordena-os e devolve um texto próprio, peculiar. Com a metaficção,
aglutina-se o modo de narrar, gerando um efeito estético, o efeito de historicidade, permitindo assim
a relativização dos limites entre história e ficção.

Gênero canção e compreensão leitora em livros didáticos de espanhol para o ensino fundamental
Adriana Ortega Clímaco (UFRJ / UERJ)
Viviane Mendes da Cunha (UFRRJ)

O tema do trabalho é a compreensão leitora a partir de textos do gênero canção em livros didáticos
de espanhol voltados para o ensino fundamental. Analisamos duas coleções de livros didáticos
utilizadas na rede pública municipal de ensino do Rio de Janeiro (SME/RJ), Saludos (RODRIGUES,
2008, 2011) e Español: ¡Entérate! (BRUNO et al, 2009), e duas utilizadas na rede privada, Espanhol
sin fronteras (GARCÍA; HERNÁNDEZ, 2011) e Español Esencial (SANTILLANA, 2007), para verificar as
atividades propostas a partir de textos do gênero canção, como trabalhavam a compreensão leitora,
e, caso o fizessem, o destaque dado aos aspectos enunciativos e culturais. A análise de nosso corpus
baseou-se nos estudos sobre compreensão leitora de Solé (1998), Colomer e Camps (2002),
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Vergnano-Junger (2003; 2010) e Kleiman (2011); enunciado, enunciação e gêneros discursivos de


Bakhtin (2003) e leitura enunciativa de Mangueneau (1996); gênero canção e cultura, de Mata
Barreiro (1990), Santos Asensi (1995), Santos Unamuno (1998), Ruiz García (2005), Martínez Sallés
(2006), Huidobro-Goya (2006), Álvarez Montalbán (2007), Borges (2008) e Raizer (2012). Concluímos
que os livros didáticos de espanhol para o ensino fundamental analisados pouco trabalham a
compreensão leitora a partir de textos do gênero canção e, quando o fazem, não consideram os
aspectos culturais e enunciativos dos mesmos. Predominam atividades que utilizam o gênero canção
como pretexto para trabalhar estruturas gramaticais, vocabulário, atividades lúdicas e, às vezes,
compreensão auditiva. Além da análise que efetuamos, elaboramos propostas de aproveitamento
das atividades de compreensão leitora ou dos textos do gênero canção presentes nas coleções
analisadas, visando a demonstrar como o professor, fazendo uso de sua autonomia pedagógica, pode
desenvolver seu trabalho a partir de um material já existente, principalmente se seu uso lhe é
imposto.

O uso do texto literário nas práticas de leitura crítica nas aulas de língua espanhola do ensino
médio
Adriana Teixeira Pereira (UECE)
Cleudene de Oliveira Aragão (UECE)

Ler é uma prática social e por meio dela é possível o indivíduo compreender o mundo e ter acesso
aos mais variados conhecimentos que lhe permitirão transformá-lo. A leitura crítica, portanto, é de
fundamental importância para desenvolver a habilidade sociocultural e crítica de um indivíduo na
compreensão do mundo (CASSANY, 2006). Neste sentido, esta pesquisa, ainda em fase inicial, tem
por objetivo geral investigar as práticas de leitura crítica em sala de aula de língua espanhola por
meio do uso de textos literários, entendo-os como fontes primordiais para alcançar esse objetivo
porque conseguem integrar diferentes tipos de conhecimentos, fazendo com que o aluno adquira
também diferentes competências e seja capaz de reconhecer as distintas modalidades de discursos,
de gêneros e ideologia. Para este trabalho, os sujeitos participantes são alunos da 3ª série do Ensino
Médio da rede pública estadual de ensino e tomamos como aporte teórico os estudos sobre ensino
de leitura, ensino de literatura, materiais literários e leitura crítica de Kleiman (1995; 1999), Reyzábal
& Tenorio (1992), Mendoza (2007) e Sánchez-Miguel (2012), respectivamente. Com base nos
questionários e nas atividades que serão aplicadas com o grupo controle, esperamos contribuir para
o desenvolvimento de um leitor literário consciente, de forma a permitir que esses se desenvolvam
como sujeitos críticos nos variados contextos sociais.

Além da norma: mito e representação em El zorro Arguedas


Afonso Rocha Lacerda (USP)

Intentaremos retomar o vínculo originário entre criação verbal e mito, centrando nossa reflexão na
forma como concorrem para a elaboração do último romance de Arguedas, elementos dos
Manuscritos de Huarochirí. Focaremos os aspectos miméticos capazes de elucidar a convergência das
matérias discursivas da referida obra, tomando como referência a reflexão sobre a mimesis
empreendida por Luiz Costa Lima. Vislumbrando a possibilidade de uma compreensão do vínculo
capaz de precisar e mesmo suplantar certa “mecanicidade” que sua concepção apresenta em
reflexões que tendem a considerar a literatura (e a arte em geral) como desdobramento ou
deslocamento do mito e do rito, como em E. Cassirer e em N. Frye, por exemplo. Para este último,
por exemplo, os arquétipos são entendidos como “categorias pré-literárias” que se tornam objetos
eminentes da crítica. Sopesaremos redução de natureza distinta, ao voltarmo-nos para aspectos da
reflexão sobre o mito levada a cabo por Claude Lévi-Stauss - apenas para pensar algumas relações
disto com os relatos de Huarochirí, do qual nos ocuparemos, e também para tangenciar (e delimitar)
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a questão que nos ocupa a partir de uma perspectiva que postula o caráter extraliterário do mito. A
dimensão antropológica que com isto se depreende para a crítica, nos reconduzirá às considerações
sobre aspectos pragmáticos da fabulação presente nos mitos e, por extensão, nos desenvolvimentos
ficcionais que deles se diferenciam ou que podem mesmo, eventualmente, retomá-los – como
parece ser o caso de El zorro.

Uma viagem pela comunicação não verbal da Galiza até o Brasil: contribuição para a análise de
alguns quinemas e aloquinemas significativos em narrativas orais em galego, basco, catalão,
espanhol e português
Aitor Rivas Rodríguez (UFV)

A comunicação não verbal tem uma presença importantíssima nas nossas comunicações diárias;
mesmo assim não é uma matéria da educação formal e também não ocupa um lugar importante nos
estudos universitários sobre a comunicação. Muitos investigadores, partindo das ideias de Hall
(1994) mantêm que 60% da comunicação pessoal é absolutamente não verbal, achando que é muito
mais determinante o que transmitimos com os nossos gestos do que o que expressamos
verbalmente. O corpus de estudo deste trabalho consiste em cinco textos orais de falantes nativos
das línguas oficiais na Espanha (galego, basco, catalão, espanhol) e do português do Brasil. A
metodologia de trabalho está baseada nas propostas de análise de comunicação não verbal
formuladas por Birdwhistell (1970), Poyatos (1994), Bouvet (2001), Payrató et alii. (2004) e Galhano
Rodrigues (2007). Analisarei os principais traços da comunicação não verbal nessas narrativas orais e
proporei uma série de traços comuns (e outros diferenciadores) entre as cinco línguas. Não pretendo
uma análise comparativa entre a tradição quinésica oral das diferentes línguas e culturas, mas sim a
individualização e definição de quinemas (unidades mínimas de movimento corporal) com as suas
variantes, os aloquinemas e os principais quinemorfemas (movimentos abstratos precedentes de
mais de uma zona do corpo que podem substituir-se reciprocamente).

Interculturalidad, chamanismo y performance


Alai Garcia Diniz (UNILA)

En ese estudio se bosquejan apuntes para el reconocimiento de la poética amerindia Ava Guaraní,
particularmente en Santa Rosa do Ocoí, con el estudio que parte de una experiencia concreta sobre
el ritual del chamán Tupã Ñevangaju. Un campo recién abierto como el de las Poéticas Amerindias
intenta asimilar la noción de perspectivismo de Viveiros de Castro, cuya formulación antropológica
poco se ha expandido a otras especialidades (Cesarino, 2011). El intento de empezar por el área de la
traducción nace por la oportunidad de vincularla a una experiencia concreta de interpretación del
Guaraní al portugués y , con base a eso, arriesgarme a proyectar una metodología de la traducción
intercultural. Tal reflexión incide sobre la investigación de los ritos Ava-Guaraní de Santa Rosa do
Ocoí que se amplia por expandirse a un proyecto de investigación sobre el repertorio que contrasta
con la noción de archivo (Taylor, 2013). El uso de la interdisciplinaridad abarca la noción de
performance, no como práctica cultural que sobrepasa las fronteras entre distintos lenguajes
artísticos, sino como “una potencialidad epistemológica en el hacer científico social contemporáneo”
que permite plantear estudios de aspectos icónicos, corporales y afectivos e indagar sobre procesos
interculturales. (BIANCIOTTI y ORCHETTO, 2013).
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As interfaces de "Piel de Mujer" de Delia Zamudio e Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada
de Carolina Maria de Jesus
Alessandra Corrêa de Souza (UFS)

A presente investigação é um recorte transversal das obras "Piel de Mujer" (1995) de Delia Zamudio
e Quarto de Despejo - diário de uma favelada [(1960)2000] de Carolina Maria de Jesus. As autoras
Zamudio e Jesus são mulheres negras e pobres, a primeira leva o epíteto de favelada, portanto
pertencem ao grupo dos subalternos, dos sem voz, que a partir da literatura testemunho começam a
falar por si mesmos. Spivak traz à tona em seu livro Pode o subalterno falar? Algumas máximas que
corroboram a relevância e o recorte dessa comunicação, a saber: “não se pode falar pelo subalterno,
mas pode-se trabalhar contra a subalternidade, criando espaços nos quais o subalterno possa se
articular e, como consequência, possa também ser ouvido.” (Spivak: 2012, p.17). A partir dessa
citação, propõem-se diálogos transculturais entre “Piel de Mujer” e “Quarto de Despejo”. Bella Jozef
(2006) nos ilumina sobre o papel da literatura e da ideologia - “o ideológico e o literário constituem
unidade indivisível e suas relações recíprocas representam o mundo, a obra literária está
permanente aberta através do tempo, a diferentes criadoras, e cada momento histórico realiza sua
atualização da mensagem, superando a dimensão sincrônica.” (Jozef: 2006, p.30-31). As críticas
literárias supracitadas corroboram como referenciais teóricos para as análises das obras acima
mencionadas.

A imagem narrada: um diálogo entre literatura e cinema em El disputado voto del Señor Cayo
Alexandre Souza da Silva (CP2 / UFF)

As novas teorias que discutem a questão da adaptação fílmica buscam ir além das análises
essencialmente comparativistas. As investigações correntes deixaram de conceituar uma obra
cinematográfica adaptada a partir do seu homônimo literário, mesmo que compartam uma mesma
função: o "fazer vir a mente" ou o "transmitir as imagens" através da narração. Os métodos que
ambos os “meios” utilizam para a produção e recepção das histórias que transmitem são diferentes.
Baseando-se na linha teórica apresentada acima, esta comunicação busca através do cotejo entre a
obra literária de Miguel Delibes El disputado voto del señor Cayo e da obra fílmica homônima
adaptada ao cinema pelo diretor e roteirista, Giménez Rico, observar criticamente quais sugestões
contidas no texto-fonte foram aproveitadas na obra fílmica. Desse modo, algumas áreas da obra
seriam iluminadas, enquanto outras permaneceriam na penumbra. Segundo o crítico francês André
Bazin, dentro dessa linha a adaptação de um romance seria “um romance como é visto pelo cinema”.
Portanto, entende-se que a adaptação da obra literária El disputado voto del señor Cayo, de um
autor como Miguel Delibes, realizada por um cineasta que exercita uma visão bastante particular do
mundo, como Gimenéz Rico, representa uma atualização e universalização das ideias do primeiro e
um desafio para o segundo, sem nunca se deixarem influir mutuamente.

Heterogeneidade e violência no sainete rioplatense


Alfonso Ricardo Cruzado (UFF)

O sainete integrante do incorretamente denominado “género chico”, como oposição ao “género


grande”- culto, é uma peça breve cómica ou tragicómica (geralmente de um ato) de carácter popular
que utiliza os tipos tradicionais desse tempo. Para seu estudo foi dividido em períodos (sainete como
festa, sainete tragicómico e grotesco). O objetivo desta comunicação é desconstruir a periodização
tradicional do sainete através da análise de duas obras de Carlos Mauricio Pacheco: “La Patota” e
“Los disfrazados”. Estas obras produto das diferentes heterogeneidades do período destacam-se por
plantear conflitos que não são resolvidos e remetem aos que aconteciam nesse período no Rio da
Prata. Divergências ocorridas produto do crescimento da cidade, a aparição de novas classes sociais e
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das diferentes correntes imigratórias vão entrar em conflito no campo da linguagem, que, nos
sainetes de Pacheco, quebra a representação social harmônica através da violência sobre a
alteridade, pouco estudada até hoje neste gênero rioplatense.

Un mito sudamericano: la ciudad de los Césares


Alfredo Cordiviola (UFPE)

Este ensayo describe las formas de perduración de un nombre que atraviesa todo el imaginario
colonial sudamericano, la llamada Ciudad de los Césares. De las peripecias geográficas a las
peripecias de la política y de la ficción, la búsqueda de la Ciudad de los Césares se extiende desde los
primeros tiempos de la conquista hasta las últimas décadas de la dominación colonial; surge asociada
a los esplendores incas, a la suerte de perdidos náufragos y al fortuito nombre de un capitán de
Caboto, para ir creciendo con el tiempo en algún imaginado y remoto lugar patagónico. Noticias
desencontradas, informaciones propaladas por indígenas que confundían alguna ciudad realmente
fundada por españoles con la supuesta ciudad encantada, ecos y rumores que se multiplicaban a
partir de evidencias mínimas e intangibles fueron los instrumentos que favorecieron la existencia de
la ciudad de los Césares, y que generaron búsquedas, informes, esperanzas e intrigas que
analizaremos en este trabajo.

Reforma das licenciaturas e formação docente em língua espanhola: um estudo discursivo de


fluxogramas acadêmicos
Alice Moraes Rego de Souza (FME-Niterói / SME-Rio)

Desde 2001, intensificou-se a circulação de discursos sobre formação docente no Brasil. Com a
publicação da Resolução CNE/CP nº 1/2002, surge a demanda pela reformulação curricular das
licenciaturas, buscando privilegiar sua integralidade frente ao bacharelado e propiciar uma visão de
prática diferenciada na formação acadêmica do profissional docente. Considerando o panorama
apresentado, neste trabalho, discutem-se as reformulações curriculares dos cursos de Licenciatura
em Letras Português-Espanhol das universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro (UERJ, UFF e
UFRJ), partindo da análise de mudanças nos fluxogramas acadêmicos dos referidos cursos. A
realização da pesquisa se apoia na perspectiva teórica da Análise do Discurso (MAINGUENEAU, 1997,
2005, 2008) com contribuições da linguística enunciativa (BENVENISTE, 1989, 1995) e do conceito de
gênero de discurso (BAKHTIN, 2000), considerando que os fluxogramas acadêmicos apresentam
marcas de escolhas institucionais e também representam modos de organização do conhecimento,
consequentemente, participando da construção de sentidos de formação docente em língua
espanhola, no contexto pós-reforma. Recorre-se, ainda, aos estudos da Ergologia (SCHWARTZ, 2002),
para refletir sobre a atuação das instituições de ensino superior que realizam suas leituras de
documentos prescritivos e que, a partir de suas experiências, produzem outras prescrições (como
fluxogramas), as quais dialogam com discursividades que participam da produção de sentidos sobre o
que é formar professores de espanhol para atuar na educação básica brasileira.

Nem tudo é novo na caracterização de gêneros textuais em ambiente digital: uma proposta de
reflexão para o letramento em espanhol
Aline Bettencourt Donato (UERJ)
Cristina Vergnano-Junger (UERJ)

O conceito de gênero é complexo, estudado e discutido por diferentes correntes teóricas dos
estudos da linguagem. Com o advento das tecnologias da informação e comunicação, muitas práticas
sociais mediadas pela linguagem vêm sofrendo mudanças e fomentando reflexões sobre a
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caracterização dos gêneros textuais. Isso tem um reflexo direto nas considerações teóricas e nas
práticas de ensino-aprendizagem e desenvolvimento do letramento. Em nossos estudos optamos por
seguir uma orientação sociocognitiva e adotar o conceito de gênero textual. Nesse panorama,
incluímos o caso particular do ensino de espanhol como língua estrangeira, em especial no que se
refere à leitura. Destacamos esta habilidade porque defendemos que ler é um processo amplo, que
envolve diferentes linguagens e oferece insumo imprescindível às habilidades produtoras da língua.
Nossa atual pesquisa volta-se para a identificação e caracterização de gêneros textuais difundidos em
ambiente virtual, cuja leitura, portanto, é, necessariamente, mediada pelas tecnologias informáticas.
Um de seus desdobramentos é oferecer subsídios para que se discuta a contribuição do ensino-
aprendizagem de espanhol como língua estrangeira para o letramento na era da informação. Em
nossa breve comunicação, apresentamos um panorama sintético dos gêneros selecionados,
discutindo sua caracterização e consequentes implicações para a formação de leitores em espanhol.

Ecocrítica e a literatura latino-americana: homem e natureza em Cien años de soledad


Aline Coelho da Silva (UFPel)

Instigados pelas questões ambientais e sua representação nas literaturas latino-americanas,


buscamos com este estudo investigar, através da "ecocrítica", conceitos como mundo natural,
habitação da terra, poluição, urbanizaçãoXsustentabilidade em sua representação na obra de arte
literária. Para tal, conceitos trazidos da geografia humanista serão essenciais à análise do texto
literário no viés a que nos propomos, pois permitirão o estudo do sujeito e sua relação com o espaço,
desde outra perspectiva. A topofilia e a topofobia (Tuan,1980) – a aversão e pertencimento ao lugar,
assim como o topocídio (Porteus, 1988) – aniquilação do lugar, serão observados na relação entre
homem e natureza desde a narrativa dos conquistadores que se “encantaram” com o paraíso
encontrado e dão início à exploração do ambiente latino-americano até a possível reconciliação do
homem com o seu ambiente proposta pelo conceito de topo-reabilitação, em uma utopia possível de
reconstrução. Isto posto, observaremos como se dá o processo de adaptação do homem a seu
entorno em Cien años de soledad (1967) cuja narrativa propõe a fundação de um novo topos,
Macondo, no qual a tensão e o equilíbrio da criação de um novo mundo se dá nos diversos tempos
entrecruzados da América Latina.

Realizações fonéticas da vibrante múltipla /r/ da língua espanhola em aprendentes brasileiros de


variedade baiana
Aline Silva Gomes (UNEB)

Seguindo os pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista, nesta pesquisa tem-se como


objetivo principal analisar os condicionamentos para as diferentes realizações fonéticas do fonema
vibrante múltiplo /r/ na produção oral dos aprendentes brasileiros de Espanhol como Língua
Estrangeira (ELE) no estado da Bahia. Os objetivos específicos são: i) analisar a realização de /r/ a
depender do contexto fônico em que se apresenta; ii) identificar diferenças na realização de /r/
conforme o nível de aprendizagem de espanhol; iii) relacionar a escolha das variantes ao estilo de
fala empregado. A pergunta que norteia o trabalho proposto é: como se dá a interferência da língua
materna, ou seja, do português brasileiro (variedade baiana) na realização da vibrante múltipla
espanhola /r/? Neste estudo tem-se como hipótese que a produção do fonema /r/ pelos estudantes
baianos de ELE deve refletir diferentes realizações fonéticas, resultantes de condicionamentos
linguísticos (estruturais) e extralinguísticos. Os dados da pesquisa foram coletados de 20 estudantes
de espanhol, do gênero feminino, oriundas da cidade de Salvador/BA, de diferentes níveis de
aprendizagem. Utilizam-se questionários elaborados para a pesquisa, um gravador digital da marca
Panasonic RR-US511 e os programas VARBRUL e Praat como recursos e instrumentos de coleta e
análise de dados. Pretende-se, com esta investigação, poder contribuir para uma reflexão sobre a
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necessidade de se repensar o ensino de ELE para aprendentes brasileiros sob um novo prisma, que
considere as variedades dialetais existentes neste país. Para fundamentar o marco teórico, adotam-
se trabalhos de Labov (1972), Alkmin (2000), Martínez Celdrán (1997), Moreno Fernández (2004) e
Quilis (1993).

Estruturas de ausencia: Flores, de Mario Bellatin


Alvaro Mendes de Melo (UNEMAT)

O romance “Flores”, do escritor mexicano Mario Bellatin, apresenta, tanto no plano da estrutura
como no do conteúdo, um todo fragmentado. Neste trabalho, nos propomos analisar este objeto
(romance), que parece ter desmoronado ou se estilhaçado, pois, diante de uma narrativa, em geral,
esperamos, como leitores, que o enumerar de situações, de detalhes, das idas e vindas da trama, das
análises psicológicas realizadas pelo narrador, traga, ao final, um significado, um sentido que de
razão a tudo o que foi contado anteriormente. Este eixo de sentido, que uniria o todo e que de certo
modo daria estabilidade ao discurso romanesco, está, em “Flores”, desarticulado. Tal modelo
narrativo desintegrado vincularia Flores com outros romances contemporâneos que se distanciam de
romances mais tradicionais. Assim, a análise da obra visa compreender o processo de constituição da
desconstrução, ademais de refletir sobre o gênero romance na contemporaneidade.

"Los pasos perdidos" y el cuerpo sin lugar: Alejo Carpentier y la temática de las corporalidades
Amanda Brandão Araújo Moreno (UFPE)

Las variadas maneras de representar el cuerpo siempre fueron necesarias e hicieron parte de lo
artístico, así como de las teorizaciones sobre ello. Hoy día hay un buen número de teorías que tratan
de pensar sobre cómo fue y sigue siendo la relación del hombre con el cuerpo y con las
corporalidades (la suya y las demás). En ese trabajo se desea reflejar sobre los roles que representan
el cuerpo en las novelas de Alejo Carpentier, más específicamente en “Los pasos perdidos”. También
nos interesa pensar cuáles las relaciones que tienen el cuerpo, la mente y el espacio dónde uno está.
Lo que se plantea es establecer relaciones entre los espacios – no apenas los de las ciudades -, el
tiempo y el cuerpo y cómo de la interacción entre ellos no siempre resulta la sensación de “estar
completo”. A partir de los análisis del texto literario, asociados a teorías y reflexiones sobre las
corporalidades, trataremos de ubicar a los personajes, y a partir de ellos nosotros mismos, en sus
relaciones con el cuerpo.

A musicalidade na construção poética e tradutória de José María Arguedas


Amanda da Trindade Bitencourt (UFF)

Levando em consideração a música como elemento cultural constitutivo da cosmovisão andina, este
trabalho tem por objetivo principal a análise da musicalidade e das práticas orais discursivas na
dicção que elas alcançam na obra poética Katatay do autor peruano José María Arguedas. Além
disso, pretende-se analisar os poemas à luz da atividade tradutória do autor, uma vez que este
processo faz-se importante à compreensão e a uma análise mais pertinente, entendendo o processo
de tradução da obra como uma expressão complexa da heterogeneidade cultural latino-americana.
Por fim, pretende-se dar um enfoque capaz de aliar as categorias próprias dos estudos literários, da
tradução e da antropologia a fim de estabelecer uma análise mais significativa sobre o objeto de
estudo em questão, dando conta de sua complexidade como representação da heterogeneidade
formadora do universo cultural andino e latino-americano. Como norteadores teóricos para a
elaboração do trabalho serão utilizados os conceitos elaborados pelos autores Antônio Cornejo Polar
e Ángel Rama, ambos preocupados pela temática do indigenismo e da cultura andina; Martín
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Lienhard e William Rowe com relação à musicalidade na obra arguediana; e, para os estudos sobre os
aspectos antropológicos e do âmbito da tradução cultural, privilegiaremos autores como Mercedes
López Baralt e Cliffod Geertz. É importante salientar que estes autores não correspondem a todo o
corpus teórico da pesquisa e, como dito na proposta, pretende-se uma articulação entre estas áreas
(e seus respectivos estudiosos) dentro da construção poética de Arguedas, a fim de se alcançar um
estudo mais pertinente e adequado desta produção. Objetiva-se com este trabalho explorar melhor
a obra Katatay de José María Arguedas, tão pouco estudada, analisando-a desde uma perspectiva
múltipla – literária, antropológica e tradutória – e levando a cabo a análise de um processo complexo
e diverso tanto do ponto de vista cultural como literário.

Funções informativas do espanhol na legendagem em português de filmes argentinos: explorando


questões sintático-semânticas
Amanda Verdan Dib (UFF)

Este trabalho analisa e compara diálogos roteirizados de dois filmes argentinos - El secreto de sus
ojos (2009) e Un novio para mi mujer (2008) - e sua legendagem eletrônica correspondente em
português brasileiro (PB), dentro dos pressupostos teóricos da linguística comparativa. Verifica como
as funções informativas tópico e foco são realizadas sintaticamente no espanhol (ESP) e na sua
tradução para o PB na especificidade da tradução audiovisual (TAV) e na transposição do gênero oral
ao escrito.Este projeto, atualmente em curso, procura estabelecer uma tipologia dessas estruturas
no corpus e procura constatar se a sua legendagem preserva, silencia ou modifica as sutilezas do
conteúdo discursivo-pragmático dos enunciados em questão.Para sua realização, nos pautamos em
dois âmbitos de estudo: o das funções informativas, Gutiérrez Ordóñez (1997), Zubizarreta (1999),
Givón (1983), Dik (1997) e Lambrecht (1996) e da TAV, Lerma Sanchís (2012) e Duro (2001). A
metodologia foi formulada com base em etiquetas (<tags>) para as funções tópico e foco e suas
respectivas classificações sintáticas e semânticas. Consiste em reconhecer as estruturas nos dados
em ESP e verificar sua passagem para a legendagem em PB, observando se a tradução preservou a
construção marcada ou não e, em caso afirmativo, que recurso sintático foi empregado em PB para a
realização da mesma função em ESP. No momento, os resultados preliminares indicam que há
silenciamentos de ambas as funções em PB e empregos esparsos de estratégias sintáticas que
mantêm o status de marcadas de certas construções do original.

A criação literária em Belize: emergência de uma literatura hispana em contexto oficialmente


angloparlante
Amarino Oliveira de Queiroz (UFRN)
Eidson Miguel da Silva Marcos (UFRN)

Com suas fronteiras delimitadas por países oficialmente hispanófonos, a antiga colônia inglesa de
Belize só veio a tornar-se independente em 1981, dividindo com São Cristóvão e Nevis, Antigua e
Barbuda a condição de mais jovens Estados do continente americano. Apesar de sua pequena
extensão, a ex-Honduras Britânica abriga uma expressiva diversidade idiomática e cultural em que se
destacam, ao lado do inglês oficial, outras manifestações linguísticas como o castelhano, as línguas
maias, um crioulo belizenho de base inglesa e o idioma garífuna das populações afro-ameríndias
localizadas mais ao sul de seu território. Ainda que não tenha sido oficializado efetivamente, o
espanhol é falado por cerca de 50% da população como língua materna e por outros 36% como
segunda língua, alçando um importante patamar no que concerne à criação literária. Apoiados em
estudos temáticos como os desenvolvidos por, entre outros, Durán (2011), Cayetano (2011), Ruiz
(2001) e Edgell (1994), é de interesse esboçar aqui um breve panorama dessa literatura hispano-
belizenha em particular, relendo-a através de sua fortuna crítica.
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Literatura afro-hispana em contexto ahispânico? A experiência contemporânea da República dos


Camarões
Amarino Oliveira de Queiroz (UFRN)

Localizado na África Central, o antigo território bantu dos Camarões se tornou, ao longo de sua
trajetória histórica, colônia alemã, francesa e inglesa, razão pela qual adotou como idiomas oficiais e
de expressão literária duas dessas línguas herdadas da colonização, nomeadamente o francês e o
inglês. Não obstante, o atual mosaico linguístico do país apresenta um desenho mais complexo,
caracterizado pela ocorrência de cerca de outras 270 línguas. Some-se a essa realidade o alemão,
cuja oferta obrigatória se verifica como uma das duas línguas estrangeiras incluídas na educação
formal, ao lado do espanhol. Ainda que muitos escritores camaroneses sejam literariamente
bilíngues ou trilíngues, torna-se cada vez mais consistente a produção de textos literários originais
em castelhano, fazendo com que seus autores transitem por línguas, gêneros e sistemas literários
diferenciados, acumulando, assim, uma expressão abertamente plural. Tal disposição literária em
castelhano configura uma atividade criativa que, desenvolvida no contexto ahispânico dos Camarões
ou resultante da emigração de alguns de seus autores para a Espanha, faz com que essa experiência
ultrapasse os limites originais que a conformaram para reivindicar um maior espaço de visibilidade e
interlocução. Dialogando, pois, com estudos críticos de pesquisadores africanos como Pié-Jahn
(2013), Tadoun (2013), Miampika (2012), N´gom (2011) e Ngamba (2008), entre outros, a presente
comunicação sinaliza algumas considerações historiográficas e analíticas a respeito dessa original e
emergente criação literária, realçando sua transversalidade linguística, cultural e estética.

Una mirada al entremés d'El viejo celoso de Cervantes a la luz de los tratados de civilidad de los
siglos XVI y XVII
Ana Aparecida Teixeira de Souza (USP)
Mariana Barone Beauchamps (USP)

El entremés titulado El viejo celoso fue publicado por Miguel de Cervantes en su obra teatral Ocho
entremeses y ocho comedias nuevos nunca representados (1615). El enredo gira al alrededor de los
conflictos logrados a partir de un matrimonio desigual entre una joven, de quince años, y de un viejo.
La diferencia de edad entre los dos personajes desencadena en una serie de conflictos, entre ellos,
los de orden social. A través de esta mirada, las relaciones entre los personajes del entremés “El viejo
celoso” presentan una relación interesante con las ideas sobre educación femenina y casamiento que
vigoraban en la época. Frente a esa cuestión, el objetivo de esa comunicación es establecer una
relación entre lo que escribe Cervantes con los diversos tratados que estaban en voga en la época.
Para ello, ese trabajo se beneficia de las siguientes obras: Educación de la mujer cristiana y Deberes
del marido, ambas de Juan Luis Vives; La perfecta casada de Fray Luis de León y, por último, Los
coloquios de Erasmo de Rotterdam. En estas obras se observa que los autores discursan alrededor de
una temática común, que en la época era de primordial importancia una vez que la sociedad tenía un
ideal colectivo y las personas marcaban su posición social a través de su comportamiento. A partir de
dicho estudio, se espera poner de relieve que el texto dramático de Cervantes establece un diálogo
con los tratados de civilidad de su época.

Concepções dadas ao TL enquanto ferramenta de ensino: perspectivas dos professores de espanhol


da rede pública da cidade de Mossoró-RN
Ana Carla de Azevedo Silva (UERN)
Regiane Santos Cabral de Paiva (UERN)

Interessados em promover discussões relativas ao ensino do espanhol no nível médio, nos


propusemos apontar as concepções que os professores, que atuam nessa área, têm a respeito do
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papel do texto literário (TL) nessas aulas. Por isso, nossa pesquisa visou verificar como os professores
de espanhol - do ensino médio de escolas públicas da cidade de Mossoró- RN - concebem o uso do
texto literário em sala de aula e qual a sua relação com o ensino-aprendizagem da língua espanhola;
se o percebem enquanto material didático e autêntico e apontar quais gêneros mais utilizavam
(quando utilizados). Diante disso, tomamos como referência bibliográfica de Mendoza Fillola (2002,
2004, 2007), Santos (2004, 2007), Pita (1999) e Aragão (2006). Para executar este propósito,
escolhemos 4 escolas e aplicamos um questionário do tipo fechado com cinco professores de
espanhol do ensino médio e que foram aqui nomeados de P1, P2, P3, P4 e P5. Ressaltamos que em
nosso município não foi oferecido no ano da pesquisa, 2013, esta língua para a 3ª série do ensino
médio; por esta razão, nossa investigação incidiu sobre a 1ª e a 2ª série. Nosso resultado nos dará a
oportunidade de revermos o papel que o material literário tem para o ensino de língua espanhola,
bem como fazer-nos perceber as dificuldades que o professor tem de reconhecer as propriedades
contidas e oferecidas neste tipo de texto.

Usos amorosos de la postguerra española ou Crítica ao comportamento da sociedade espanhola no


pós-guerra
Ana Carolina da Silva Pinto (UFF)

Usos amorosos de la postguerra española (1987) trata-se de um ensaio de Carmen Martín Gaite
(1925 - 2000) no qual a autora analisa como se relacionavam, como se vestiam, quais eram os
padrões de amor, em suma, como se portavam as pessoas no período da pós-guerra espanhola.
Publicado depois da transição do regime ditatorial ao regime constitucional que declara um país
social, democrático e de Direito, a escritora que se expressou através de vários gêneros textuais,
encontrou no ensaio o gênero perfeito para formular e expor sua crítica à sociedade de pós-guerra,
uma vez que no momento de sua publicação já se podia refletir, livremente, sobre os anos vividos
após a Guerra Civil Espanhola (1936 - 1939). Muitos escritores afirmam que os anos da pós-guerra
foram até mais duros que os próprios anos da guerra: cidades arrasadas, famílias mutiladas, pessoas
exiladas, além do grande número de presos que superlotavam as prisões; antes da transição nada
disso podia ser dito, as pessoas estavam proibidas de olhar para o passado recente, pois deveriam
enaltecer o passado remoto, resgatando o conceito de 'espanholidade'. Pretendemos com esta
comunicação analisar a escrita ensaística de Usos amorosos de la postguerra española, esclarecendo
sob que circunstância o ensaio foi criado e a importância que teve no momento em que foi
publicado.

Escrituras ilegibles y comunidad literaria


Ana Cecilia Olmos (USP)

Algunas escrituras en América latina operan como máquinas de corrosión del lenguaje que
desestabilizan los sentidos cristalizados de lo literario, en particular cuando remiten a los mandatos
de una representación de lo nacional o continental. El carácter expresivo de escrituras como las de
Héctor Libertella o Diamela Eltit socavan cualquier código posible al apelar al trazo singular y único
de los idiolectos que cuestionan todo régimen de representación, renunciando a la nitidez
tranquilizadora de lo comunicable. Pensadas bajo la figura de la idiorritmia (Barthes), esas escrituras
desestabilizan los vínculos con lo común, entendido aquí como lo comunicable en el seno de la
comunidad literaria. Sin embargo, estos autores exploran también las posibilidades del ensayo como
forma discursiva que ofrece una condición de diálogo y debate que permitiría reestablecer esos
vínculos con lo común, sin dejar de problematizarlos. A través del ensayo, estos escritores buscan
intervenir críticamente en el debate acerca de la representación de lo local como variable
determinante de la literatura. Este trabajo se propone indagar cuál es la relación que se establece
entre la idiorritmia de esas escrituras y lo común literario que el ensayo de estos autores convoca.
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Esta indagación permitiría colocar la pregunta acerca de las variables que intervienen en la actual
crisis de representación de la literatura latinoamericana inserta en acelerados procesos de movilidad
cultural.

Formación de la identidad nacional en la novela Tungsteno de Vallejo


Ana Cláudia Trierweiller (UFSC)

La justicia/injusticia es uno de los temas permanentes de la literatura universal y en la literatura


peruana ocupa un amplio espacio. Está presente también en la obra narrativa y poética de Vallejo
como uno de los temas centrales. Tras un viaje a España y su vinculación con la intelectualidad
revolucionaria española en 1931, Vallejo publica Tungsteno bajo el sello “La novela proletaria”, por
Editorial Cenit, en la cual trató el tema de la formación de la identidad nacional peruana y el
problema del indio andino. En esas páginas el autor no esconde su intención social y su total
comprometimiento ideológico con las causas sociales y trabajadoras. Lleva a la novela las fracturas
de la convivencia étnica, pero también encontramos en esas páginas los primeros aparatos de
resistencia cultural y social de los sectores de la convivencia más pobres y étnicamente
marginalizados frente al poder autoritario o influyente de los más favorecidos. En medio a praxis
revolucionaria del movimiento trabajador, que estaba vigente en esa época en la sociedad europea,
Vallejo introduce el obrero campesino, el indio andino. Bajo un estilo elegante y en algunos
momentos con crudeza novelística plasma los fracasos de una lucha desorganizada frente a una
pequeña burguesía. Además de la intención doctrinaria en Tungsteno lo esencial y permanente está
por sobre esa doctrina, el drama que recoge Vallejo persiste hasta hoy.

Libro didáctico y profesores de ELE: una experiencia de investigación


Ana Cristina Borges Fiuza (IFTM)

Este estudio es parte de una investigación sobre historias de formación de profesores de lengua
española y tiene como objetivo discutir la relación entre profesores y el libro didáctico en las clases
de español como lengua extranjera (E/LE). Considerando la visión de experiencia de Dewey (1938,
2010) en que educación, experiencia y vida no se separan, este trabajo se vuelve para las historias de
vida narradas por otros tres profesores además de mí que también soy participante por tratarse de
una Investigación Narrativa de cuño autobiográfico, basado en Clandinin y Connelly (2000) en que
busco apoyo para el camino teórico metodológico. Los textos de investigación fueron analizados a
partir de la composición de sentidos de acuerdo con la propuesta de Ely; Vinz; Downing; Anzul,
(2001) y Mello (2004), realizada conjuntamente con los participantes. Como resultado de esa
composición de sentidos, percibí que todos los participantes de la investigación damos grande
importancia al libro didáctico en nuestras clases y terminamos entrando en un conflicto de que sin el
libro a veces nos sentimos despidos de condiciones de enseñar la lengua. Es importante observar que
no se trata de un juzgado de valor sobre su uso o no, sino de una búsqueda de compresión sobre el
espacio que el libro ocupa en las clases de E/LE.

Subjetividade e resistência: deslocamentos e relações de afeto como estratégias de sobrevivência


identitária à opressão
Ana Cristina dos Santos (UERJ)
Milena Campos Eich (UERJ)

Através do romance A ilha sob o Mar (2010), de Isabel Allende, o trabalho objetiva analisar a
construção de identidade de resistência (CASTELLS, 2002) por personagens femininos que se
encontram em posições desvalorizadas ou estigmatizadas pela cultura hegemônica falocêntrica. A
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partir da perspectiva de gênero (VELASCO MARÍN, 2007; CHANTER, 2010) compreendida como parte
de um processo de construção social e cultural institucionalizado e transmitido ao longo das
gerações, e sob o enfoque conceitual da metaficção historiográfica (HUTCHEON,1991), a obra
reexamina conceitos como liberdade e identidade (HALL, 2003, 2005; BAUMAN, 2005) e questiona o
lugar da mulher na sociedade. Por este motivo, concede especial atenção ao universo feminino da
personagem Zarité, duplamente oprimida por ser mulher e escrava, supostamente a figura mais frágil
em um sistema socioeconômico patriarcal e escravocrata. Ao contrário do que se poderia supor e,
ironicamente, graças à invisibilidade social que sua cor e sexo lhe impõem, essa personagem logra
êxito nas suas aspirações sociais e pessoais, devido às relações de afeto e ajuda que, enquanto
membro de toda uma comunidade igualmente reprimida/escravizada, consegue estabelecer com
seus pares, à sombra da percepção dos senhores. Nossa hipótese é a de que grande parte destes
laços afetivos se estabelece nos momentos de transcendência e deslocamento – tanto físico como
imaginado – que os rituais religiosos e a dança lhe permitem vivenciar, enquanto espaço de
encenação de cultura, valores e alianças que contribuem para sua afirmação identitária.

A visceralidade e a naturalização do baixo corporal na poética narrativa de Pedro Juan Gutiérrez


Ana Cristina Simões de Araujo (UFRJ)

Pedro Juan Gutiérrez é conhecido por sua forma crua e visceral de narrar o cotidiano de seus
personagens. Isso faz com que suas obras recebam constantemente a denominação de realismo sujo
por darem destaque a temáticas relacionadas ao baixo corporal (cf. BAKHTIN, 2009), como a
alimentação, a excreção e o sexo. Luz Horne (2011) y Josefina Ludmer (2010), em seus estudos sobre
a literatura do presente, indicam que a obsessão por narrar os aspectos baixos ou “humanoanimais”
dos personagens é uma característica comum à produção literária das duas últimas décadas, em que
predomina a presença de espaços e temporalidades específicos que fazem com que estas temáticas
não sejam consideradas obscenas. No livro Trilogía sucia de la Habana, Pedro Juan Gutiérrez traz
como cenário uma Havana em crise, tanto econômica quanto social, em que a forte carência de
elementos básicos parece levar seus habitantes a priorizarem as ações e necessidades imediatas.
Neste contexto, temas como a alimentação, a excreção, o sexo e a violência ganham protagonismo e
tornam-se cotidianos a tal ponto que deixam de ser interditados e restringidos unicamente ao
âmbito do privado. A partir da análise de determinadas cenas dessa obra, este trabalho tem como
objetivo mostrar que os aspectos considerados sujos e, portanto, indignos de serem mencionados, se
tornam naturalizados ao se inserirem em um espaço e em uma temporalidade outra (cf. LUDMER,
2010) em que os padrões comportamentais vigentes se distanciam daqueles pertencentes ao que
comumente se considera como civilizado (ELIAS, 2011).

El divino verdugo: a representação divina nos poemas de Blanca Varela


Ana Elizabeth Dreon de Albuquerque (UERJ)
Mariana da Costa Valim (UERJ)

Desde que o ser humano tomou consciência de si, sua relação com a carne, com a matéria, tem sido
conflituosa. O corpo, por sua concretude mortal, desafia a crença de que estamos à parte da
natureza, de que não estamos diluídos no mesmo mecanismo que submete todo e qualquer ente à
fatalidade da morte; e a linguagem, por muito tempo, corroborou a inferioridade da matéria em
detrimento de um “irradiador”superior vinculado à verdade. É, contudo, contra o cânone da
superioridade metafísica e sua isenção nos males da carne e da mortalidade que se coloca a poesia
de Blanca Varela (1926 – 2009). O corpo e sua miséria formam um campo de referência vasto nessa
poesia contaminando, assim, a pureza da representação metafísica e debochando do estatuto divino
e do quadro mitológico judaico-cristão. Deus comparece sempre como a figura do divino verdugo,
rodeado de fragmentos de corpos e com as mãos sujas de morte. O Divino é meticulosamente
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destituído de autenticidade por um trabalho de afirmação da mortalidade e do corpo. Esse trabalho


versará sobre a representação divina na obra “Canto Villano”, de Blanca Varela, realizada através de
um campo semântico escatológico, visceral e, portanto, essencialmente humano. Como suporte
teórico, adotaremos o campo conceitual elaborado por Severo Sarduy em sua interpretação do
Barroco; os trabalhos críticos desenvolvidos sobre a obra de Blanca Varela e reunidos sob
organização de Mariela Dreyfus e Rocío Silva Santisteban; e as considerações sobre a relação entre o
Homem, a Finitude e a Escrita desenvolvidas por Mário Bruno.

Experiências de leitura em uma classe de espanhol para o turismo


Ana Kaciara Wildner (IFSC)

Neste estudo analiso qual(is) concepção(ões) de leitura pode(m) ser depreendida(s) das práticas de
leitura realizadas com uma turma do curso de Espanhol para o Turismo (nível básico 3), em 2012/2.
Para a análise são considerados o plano de ensino, os textos e as atividades desenvolvidas, bem
como experiência própria como participante do processo de ensino-aprendizagem em questão.
Como postura teórica, assumo que a leitura é um fenômeno complexo e multifacetado, sendo
importante considerar seus diferentes aspectos (linguísticos, cognitivos e interacionais, entre outros)
no planejamento das estratégias didáticas, porém, sempre com vistas a contemplar os usos sociais da
leitura. Refletir teoricamente sobre as referidas práticas de leitura possibilitou-me identificar acertos
e limitações. Entre os primeiros, identifiquei a inclusão de temas com relevância social e sua
problematização com a turma (rumo à leitura crítica) e a experimentação de variados propósitos de
leitura. Quanto às limitações, observei um foco predominante no texto e no leitor (aluno e
professor), escassa problematização das condições de produção e ausência de ensino intencional de
estratégias de leitura. A experiência de analisar a própria prática contribuiu para a compreensão mais
global do processo de ensino-aprendizagem de leitura, repensando objetivos e estratégias de ensino-
aprendizagem.

Narrativas da colonização sob o olhar literário: as subversões de Carlos Fuentes no romance Terra
nostra
Ana Lucia Trevisan (UPM)

O romance Terra Nostra (1975), do escritor mexicano Carlos Fuentes, compõe o objeto de pesquisa a
ser analisado neste trabalho. As descrições do “mundo nuevo”, reveladas pelo ponto de vista do
homem europeu, representado na figura do narrador testemunha denominado Peregrino, são o
ponto de partida para uma discussão a respeito das atribuições de sentido que compuseram a tônica
de muitas narrativas da colonização da América. O romance se aproxima dos relatos clássicos de
cronistas e descobridores do século XVI, justamente, para subvertê-los e, nesse sentido, propõe uma
perspectiva reflexiva que se vincula às leituras propostas pelos estudos pós-coloniais. São
examinados os modelos de narrativa histórica, que se tornaram sinônimo de verdades históricas, por
meio da confrontação com uma estrutura formal, implícita a ficção, que propõe uma desordem
cronológica. A composição ficcional de Carlos Fuentes permite uma visualização das narrativas
coloniais como um binômio que associa forma e conteúdo e, logo, como uma ordenação possível que
se cristalizou como única e verdadeira. Em Terra Nostra o leitor percebe a representação narrativa
do encontro entre o mundo europeu e o mundo americano sob a forma cíclica, como repetição,
como reiteração de um modelo mítico de atos primigênios. O texto ficcional abre a possibilidade
para uma visão menos redutora da História, uma vez que se propõe a transitar pelas fronteiras do
universo cognitivo europeu cristalizado por uma ordenação narrativa paradigmática.
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O currículo mínimo para as línguas estrangeiras modernas na rede estadual do Rio de Janeiro: um
olhar etnográfico
Ana Maria Mendes Larghi (UFF)

Esta pesquisa está baseada na Linguística Aplicada (LA) e tem como cerne o processo de
ensino/aprendizagem de Espanhol/ Língua Estrangeira (E/LE). Considerando a introdução de um
currículo mínimo para as línguas estrangeiras modernas em 2012 aponta para um gesto de
continuidade das políticas públicas de padronização do Ensino Estadual e considerando ainda que
essa medida adotada pela Secretaria Estadual de Educação nos permite refletir e levantar
questionamentos a respeito desta atitude política, a pesquisa se justificará pela busca de depreender
vozes que indiquem posicionamentos discursivos a respeito do lugar do professor nesse contexto de
padronização do ensino das línguas estrangeiras no Estado do Rio, investigando ainda questões
culturais e sociais que inseridas no contexto da sala de aula interferem na construção e/ou
reconstrução do discurso do professor em seu trabalho na sala de aula. A pesquisa desenvolver-se-á
através da metodologia de pesquisa etnográfica estabelecendo uma relação dialógica entre o
pesquisador e o pesquisado, pela observação direta no contexto da sala de aula.

A implantação do ensino de língua espanhola nas escolas municipais de Salvador: o ensino de


língua estrangeira no processo de ensino - aprendizagem de línguas
Ana Paula Andrade Ferreira (UFBA)

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o relato de uma pesquisa que esta sendo
desenvolvida para conhecer a situação do ensino do espanhol como língua estrangeira nas escolas
municipais de ensino fundamental II da cidade de Salvador (Ba). Trata - se de um estudo
exploratório, quantitativo e qualitativo, com o intuito de pesquisar, estudar e analisar o ensino da
Língua Espanhola no atual contexto nacional de implementação de políticas públicas, tenciona
perscrutar os motivos educacionais, linguísticos, históricos e socioculturais que levaram a Prefeitura
Municipal de Salvador (BA) a adotar o espanhol no ensino fundamental nas escolas municipais, já
que para este período escolar esta língua estrangeira é facultativa, conforme a Lei Federal
11.161/2005. Cabe salientar que e os dados estão sendo coletados a partir de entrevistas com a
Secretaria de Educação, além de questionários e pesquisas documentais, para a interpretação
quantitativa, à ordenação, classificação e análise estatística descritiva, e para análise qualitativa, à
análise de conteúdo temática. O universo desta pesquisa compreende a produção técnico-científica
no campo temático dos estudos da língua, especificamente, a área da Língua Espanhola em relação
às políticas públicas.

Sob o olhar dos mortos: a construção alegórica em Pedro Páramo, de Juan Rulfo
Ana Paula Cantarelli (UNIR)

Pedro Páramo, de Juan Rulfo, publicado em 1955, é reconhecido como uma das obras mais
importantes da literatura mundial. Produzido após o término da revolução mexicana, esse romance
tem sido objeto de diversas propostas de leitura ancoradas em diferentes áreas (filosofia, sociologia,
história, etc.). Neste estudo, elaboramos uma proposta de análise dessa narrativa a partir do
conceito de alegoria formulado por Walter Benjamin, reconhecendo a condição temporal do
romance associada à condição temporal da humanidade. Ao reconhecermos que Pedro Páramo não
é apenas testemunho de seu tempo, mas também é um elemento constitutivo da existência da
humanidade, de um povo, de uma classe social, estabelecemos como objetivo responder a seguinte
pergunta: Como, em Pedro Páramo, o processo revolucionário mexicano e a perspectiva histórica de
futuro estão expressos? Dessa forma, buscamos reconhecer a construção do romance de Rulfo como
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uma referência à sua condição histórica, levando em conta sua estrutura narrativa e a estrutura
social na qual foi produzido como duas esferas que se relacionam.

A história que o dicionário (não) conta: a memória do franquismo nas definições lexicográficas da
Real Academia Española
Ana Paula Fabro de Oliveira (PG/USP)

Este trabalho apresenta, à luz do dispositivo teórico-metodológico da Análise do Discurso de


perspectiva materialista e da História das Ideias Linguísticas, um estudo diacrônico do verbete
franquismo, tal como registrado na versão online do Nuevo Tesoro Lexicográfico de la Lengua
Española (disponível em: http://ntlle.rae.es/ntlle/SrvltGUILoginNtlle). Esta reúne uma série de
dicionários produzidos pela Real Academia Española (RAE) entre 1726 – data de aparição da primeira
obra dessa instituição, o Diccionario de autoridades – e 1992 – ano de publicação da 21ª edição do
Diccionario de la Lengua Española. Buscamos, assim, por meio das “reformulações” (ARNOUX, 2004)
realizadas desde a primeira aparição do referido verbete, em 1984, no Diccionario manual e ilustrado
de la Lengua Española, até sua “versão final”, registrada na 21ª edição no Diccionario de la Lengua
Española (1992), refletir sobre o funcionamento discursivo desses instrumentos linguísticos com
relação à inscrição de um acontecimento da ordem da história na memória discursiva (PECHEUX,
1999). A análise dessas reformulações lança luz sobre o fato de que existem na cadeia interdiscursiva
séries de sentido nas quais “regime ditatorial” e “franquismo” se correspondem, tal como acontece
em certas vertentes do discurso historiográfico. No entanto, detectamos que no verbete franquismo
dos dicionários da RAE interrompe-se esse fluxo da memória do dizer: a série de sentidos que
vinculam este termo a “ditadura”, “repressão” e “totalitarismo” são apagados ou silenciados na
enunciação lexicográfica.

Aqui é falado o castelhano, não o espanhol”: algumas representações no ensino de espanhol na


fronteira Brasil/Venezuela
Ancelma Barbosa Pereira (UFRR)

O objetivo desta comunicação é problematizar o ensino de espanhol nas escolas públicas da fronteira
Brasil/Venezuela por meio das representações de alunos brasileiros de uma escola estadual do
município de Pacaraima (última cidade do norte roraimense), residentes em Santa Elena de Uairén
(município de GranSabana, Venezuela) e em contexto de mobilidade geográfica e linguística. Os
dados foram gerados através de diário de campo, atividade de grupo focal e entrevistas individuais. A
análise desses dados sugere que o tratamento dado à variedade linguística venezuelana, no sistema
escolar, parece ser de desprestígio, quando comparada à língua portuguesa e à variedade peninsular.
Entretanto, no que diz respeito à variedade peninsular, tal posição não é compartilhada pelos
participantes da pesquisa. Essas considerações se somam na tarefa de visibilizar o cenário
educacional da fronteira Brasil/Venezuela e, consequentemente, contribuir para a construção de
políticas públicas linguísticas e educacionais que sejam condizentes com esse contexto, sobretudo
em relação ao ensino de espanhol.

Currículos de licenciaturas de letras na Região Sudeste: a prática na teoria


André Lima Cordeiro (UERJ)

Este trabalho faz parte do desenvolvimento de uma dissertação de mestrado e pretende discutir a
divisão curricular nas duplas licenciaturas de letras à luz da articulação entre teoria e prática. A partir
do Parecer CNE/CP 28/2001 em que se destinam quantidade de horas mínimas para disciplinas dos
eixos Teórico-Metodológico, Prática como Componente Curricular e Estágio Supervisionado, os
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entendimentos de prática e teoria ganham relevância e são atualizados nas diversas composições
curriculares de cada instituição de ensino. Para tal discussão, apresenta-se a divisão de carga horária
nas unidades de cada universidade e os sentidos que determinadas composições podem construir.
Tomamos como base teórica as reflexões sobre linguagem da Análise do Discurso de base
enunciativa (MAINGUENEAU, 2011) atreladas às discussões promovidas por Deleuze e Guattari
(2009). Ademais, trazemos as propostas de Schwartz (1997) sobre a atividade do trabalho dentro de
uma perspectiva ergológica, em que a relação entre saberes investidos e saberes instituídos é
concebida de maneira circular e não hierárquica.

O ensino de espanhol como língua estrangeira através da literatura


Andréa Cesco (UFSC)

Nesta comunicação se investiga, comenta e propõe o uso de provérbios espanhóis retirados de obras
canônicas da literatura hispânica como uma ferramenta para o ensino de espanhol como língua
estrangeira (ELE), em níveis avançados na Língua Espanhola. Propõe-se uma fusão interdisciplinar
entre o ensino de espanhol como língua estrangeira, o ensino de literatura e a formação de
pesquisadores. A principal vantagem do uso de textos literários (em particular os textos literários
antigos) para o ensino de língua estrangeira é incitar nos alunos a prática da pesquisa, dando-lhes
aporte na compreensão de leitura, tanto de obras clássicas como modernas (lembrando que o aluno
em questão é um acadêmico de Letras). No que se refere ao uso de provérbios (CAMPOS e BARELLA,
1993), se justifica por atualizar e revitalizar os componentes culturais de um povo, manifestando os
elementos característicos de uma cultura, de uma forma de pensar e viver, ao mesmo tempo em que
destaca sua relação com as culturas que lhe são próximas. Os provérbios escolhidos para compor o
corpus analisado fazem parte do texto “Sueño de la Muerte” (1621), da obra Sueños y discursos
(Castalia, 1993, edição anotada de James O. Crosby), de Francisco de Quevedo y Villegas (1580-
1645), que fazem parte da literatura canônica espanhola. Os textos são criativos no uso da linguagem
coloquial, dos provérbios e expressões criadas no cotidiano de um grupo de pessoas de um lugar e de
uma época específica. Além disso, Quevedo é um autor pouco explorado academicamente no Brasil.

Experiencias transfronterizas de Educación Superior, Ciencia, Lengua y Cultura


Andrea Fabiana Hidalgo (UTN-FRA)

El presente trabajo tiene como objetivo demostrar la importancia de las lenguas del MERCOSUR en
los procesos de integración latinoamericana a partir de una experiencia de internacionalización
transfronteriza entre dos instituciones de educación superior de Argentina y Brasil. El trabajo consta
de tres partes. En la primera parte, se contextualiza teórica e históricamente el MERCOSUR y se
presentan los puntos de vista que ha tenido y sigue teniendo en el ámbito educativo, social y
cultural, partiendo de la propuesta de la unidad en la diversidad y del papel preponderante de las
lenguas en ese proceso. En la segunda parte, rescatamos una experiencia de módulo internacional
llevada adelante entre dos instituciones tecnológicas de Brasil y Argentina; una experiencia que inicia
desde las lenguas entendidas como guías de integración del MERCOSUR lo que da lugar a un trabajo
de inclusión, integración y fortalecimiento de los vínculos entre ambos países con proyecciones en
las áreas de la ciencia, la tecnología y la investigación aplicada. Y como último punto, en las
consideraciones finales, se busca re significar el valor de las lenguas desde la ciencia y la tecnología y
su rol en el proceso de regionalización e integración.
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O livro didático de ELE no contexto das novas tecnologias


Andrea Galvão de Carvalho (UERJ)

Os materiais didáticos mais recentes de espanhol como língua estrangeira (ELE), visando aulas mais
dinâmicas e conectadas com a realidade do aluno, vêm apresentando propostas didáticas que
tentam trazer o ambiente virtual para sala de aula. A partir desse contexto, nossa comunicação
objetiva discutir como o livro didático de ELE se coaduna com o ambiente virtual trazendo a prática
digital para a sala de aula. Buscamos analisar as atividades dos manuais didáticos concebidas para
serem executadas em ambiente virtual e como essas tarefas se inserem no contexto de
aprendizagem da língua proposto pela obra como um todo. Nessa análise, são observados três
pontos: a) se há interação entre o conteúdo da unidade orientado para a sala de aula e o que é
apresentado como atividade a ser desenvolvida com recursos digitais; b) avaliação da atividade no
que tange ao seu aspecto digital; c) qual a papel da atividade no aprendizado do idioma estrangeiro.
Nesta fase inicial, a pesquisa está centrada em uma série didática composta de dez (10) livros que
abrangem os níveis básico, intermediário e avançado, além de um elaborado especialmente para o
ensino de espanhol para brasileiros. Os livros oferecem um capítulo de exercícios exclusivamente
digitais e um site com atividades a serem desenvolvidas em ambientes virtuais. Propomos não só a
analisar materiais didáticos, mas principalmente a discutir o papel do livro impresso e a sua relação
com recursos digitais no processo de ensino-aprendizagem de ELE.

General, globalizada, neutra, panhispánica e transnacional: lalengua, muitos nomes, um produto


Andrea Silva Ponte (UFPB)

Esta comunicação relata percurso e resultados da pesquisa de doutorado de mesmo título, a qual
aborda o español general que, segundo representantes da atual política linguística espanhola, é uma
variedade transnacional da língua. Comum, neutra e globalizada, não se impõe a ninguém, mas faz
parte do repertório linguístico de todo falante culto do mundo hispânico. Nas últimas décadas, e com
diferentes nomes, ele habita os instrumentos normativos produzidos pelas academias, protagoniza
eventos promovidos pelo Instituto Cervantes (IC) e é difundido mundo afora como língua estrangeira
pela mesma instituição, carro chefe do atual projeto de planificação linguística do Estado espanhol. A
tese central defendida é que a invenção, promoção, defesa e difusão dessa variedade visam à
comercialização da língua. O campo teórico da pesquisa é a glotopolítica; analisam-se ações de
política e planificação linguística e as ideologias que as acompanham. Para tanto se observa o
surgimento da RAE, da construção de sua autoridade linguística até a atual política panhispánica.
Observa-se como nos últimos anos desaparece de seus enunciados o termo policéntrico e ganha
espaço a noção de variedade central; analisa-se a criação e atuação do IC e dos instrumentos
linguísticos por ele elaborados e adotados; observa-se que o tratamento da diversidade linguística
nos manuais de ELE ainda guarda marcas de exotismo. Aponta-se, assim, uma significativa
incongruência entre o discurso panhispánico e os instrumentos que o veiculam e terminam por
revelar quem é e como soa o español general.

O malevaje e a malandragem como sina no tango e no samba


Andreia dos Santos Menezes (UNIFESP)

Em nossa pesquisa de doutorado, analisamos letras de samba e de tango compostas até 1945. Nelas
deveriam estar presentes, no caso do samba, o personagem conhecido como malandro e outros
pertencentes a seu universo, como as mulheres da orgia ou as mulheres de malandro. No caso do
tango, selecionamos letras onde aparecessem o compadrito e outros que o circundavam, como as
milonguitas. Nossa análise, de cunho discursivo, nos revelou diversos aspectos em comum, em
diferentes medidas, entre esses dois gêneros. O objetivo desta comunicação é demonstrar os
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resultados de nossa pesquisa no que se refere ao pertencimento à malandragem e ao malevaje como


algo relacionado à sina, ao destino ou a desígnios divinos. Para tanto, vamos analisar algumas letras
de samba e de tango do corpus selecionado onde essa questão se apresenta. Veremos que, no caso
brasileiro, essa determinação divina se coloca como algo positivo, como se o fato de pertencer à
malandragem fosse uma espécie de laurel destinado apenas a alguns agraciados. Por outro lado,
encontramos a associação do malevaje a um destino, porém, diferentemente do caso brasileiro, essa
condição aparece como um castigo.

O desmoronamento do paraíso: "Las bicicletas son para el verano" transposição do teatro para o
cinema
Angela dos Santos (FATEC-ZL)

A partir de uma perspectiva comparativa elaborada no campo das relações entre literatura e cinema,
este trabalho pretende analisar o filme de Jaime Chávarri “Las bicicletas son para el verano” (1984),
uma transposição da obra teatral de mesmo título de Fernando Fernán Gómez (1977). As duas obras
foram estreadas logo após a morte do ditador Francisco Franco e às portas de uma sonhada
democracia. Em nossa discussão, veremos que tanto o filme quanto a peça são ambientados na
cidade de Madri entre 1936 e 1939, durante a Guerra Civil Espanhola e como Jaime Chávarri
consegue transpor a obra teatral de forma exemplar com um toque de humor, apesar da tragédia
que se vive naquele momento. Portanto, a discussão do artigo gira em torno às representações
literárias transpostas pelas lentes do diretor madrileno e as estratégias dessa mesma transposição
sob o signo dessa suposta transição democrática. Como se trata de um filme realista, veremos a
importância de expor da vida cotidiana de uma família madrilena que lutou e sobreviveu em uma
Madri sitiada durante a guerra, seus conflitos mais relevantes, sucedidos em uma Espanha marcada
por distintas ideologias, além, claro, das péssimas condições de vida e a esperança de que tudo
acabasse logo. Todas essas características compositivas estão marcadas por um elemento simbólico:
a bicicleta e suas relações com as estações do ano. Um exemplo dessa relação são as falas de Luisito
e Don Luís. O primeiro, um menino que espera ganhar uma bicicleta de seu pai (Don Luis) desde que
aprove na disciplina de Física, repete que “las bicicletas son para el verano”, tentando convencer o
pai. No entanto, o segundo, responde em tom corriqueiro, sem saber o que passará durante os
próximos três anos seguintes “Bueno, el próximo año también habrá verano”, ou em tom
desesperançado, na última frase do filme: “Sabe Dios cuando habrá otro verano”. Em ambas as
frases, veremos como o filme indicará que a guerra terminou, mas sem deixar vencidos ou
vencedores, o que estabelece uma aguda discussão sobre todo o período da guerra e do pós-guerra
civil espanhola.

Dicionário mexicano e espanhol: presenças do sujeito lexicógrafo


Angela Marina Chaves Ferreira (UERJ/UFRGS)

Essa investigação está baseada em estudos que incidem sobre a organização constituinte de lemas
relacionados a possíveis aspectos ideológicos que fazem parte da micro-estrutura de dicionários
monolíngues de circulação em países de língua espanhola. Analisamos a organização da macro-
estrutura e da micro-estrutura de dois dicionários: Diccionario de la Real Academia Española (DRAE),
vigésima segunda e última edição, de 2001, disponível em http://www.rae.es, Diccionario del
Español de México (DEM), de 2010, dirigido por Luis Fernando Lara, editado por El Colegio de México
(COLMEX), disponível em http://dem.colmex.mx. São obras de diferentes propostas lexicográficas
constitutivas. O DRAE é classificado como um dicionário común (MARTÍNEZ DE SOUSA, 1995),
destinado a todos os 22 países de língua espanhola, enquanto o DEM se apresenta como nacional
(LARA,1990) e se propõe um dicionário dirigido especialmente aos mexicanos. Repartem o caráter de
serem ambos monolíngues. São analisados os enunciados de dois verbetes tomados do DEM e do
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DRAE para identificar possíveis marcas ideológicas presentes em cada uma das obras. Tomamos
como fundamentação teórica as propostas de Günther Haensch (1992), Luis Fernando Lara (1990,
2004), Porto Dapena (2002), entre outros, o que nos permite analisar dicionários e refletir sobre a
organização e a concepção das obras destacadas. Os dados coletados nos possibilitam discutir a
presença e a ausência de sujeitos lexicógrafos, entendidos como os responsáveis pela organização
dos enunciados lexicográficos dos verbetes, assim como as prováveis posturas ideológicas que
marcam o fazer lexicográfico desses sujeitos.

Sor Juana y la libertad absoluta


Anna More (UnB)

Este trabajo argumentará que la libertad para Sor Juana Inés de la Cruz (1651-1695) radicaba no en
una idea de autonomía individual, sino en la creación de espacios negativos, libres de restricciones,
mandatos y autoridad humana. El trabajo relacionará este espacio de la libertad con la doble
tradición de la poética de imitatio, radicada en la repetición y diferencia, y la metafísica escolástica
que articula y subordina sus objetos en una teleología final. Se propondrá que al final del siglo XVII en
la Nueva España, la poesía de Sor Juana funcionó como una estructura para pensar el ser a base no
de una teleología finalista escolástica sino como un movimiento a-teleológico del deseo. Este ser,
despliegue de deseo sin ser el individuo liberal, creó un paralelo con la obra de Baruch Spinoza,
quien, en el mismo momento pero en circunstancias radicalmente distinctas, rompió con la idea de la
causalidad finalista al proponer el ser como conatus. El contexto de Sor Juana sugiere la posibilidad
de que la ética a-teleológica cree un espacio de libertad absoluta en contraste con la tecnicidad
retórica y la “pasión por la obediencia” vigentes en su entorno. El argumento final será que la
actualidad de Sor Juana se encuentra en esta posibilidad de imaginar la libertad en tiempos sin
libertad.

A expressão aspectual das perífrases tener, estar e ir + particípio no espanhol da cidade do México
Anne Katheryne Estebe Maggessy (UFRJ)

De acordo com Wachowicz (2006), o que diferencia aspectualmente perífrases de gerúndio e de


particípio, é a noção de atelicidade que parece estar presente na terminação –ndo do gerúndio, e a
noção de telicidade que parece estar presente na terminação –do do particípio. Para essa autora, o
gerúndio marca mais acentuadamente uma habitualidade, em que as situações começam mas não
têm necessariamente um fim, podendo inclusive se sobrepor, enquanto que o particípio marca mais
acentuadamente a iteratividade em sentenças em que as situações têm necessariamente um fim. O
que levou, inclusive, a autora a relacionar a iteratividade com a noção de telicidade. Uma situação é
télica se existe um final inerente à mesma, que deve ser alcançado para que se possa dizer que tal
situação aconteceu, como por exemplo “Escreveu um livro”. E uma situação é atélica quando não
possui um fim inerente, que tem lugar desde o momento que começa e a partir daí pode prolongar-
se indefinidamente, como no exemplo “Ele escreveu livros”. Diante do exposto, o objetivo deste
trabalho é verificar a expressão aspectual das perífrases tener, estar e ir + particípio em oito
entrevistas transcritas do corpus oral do PRESEEA – México, observando a relação da expressão
aspectual com a telicidade presente em sentenças com essas perífrases, assim como a relação com a
terminação –do. A hipótese é de que as sentenças com as perífrases de particípio expressarão o
aspecto iterativo, conforme o exposto por Wachowicz (2006).
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Entrecruzamentos entre LA, estudos queer e ensino de línguas estrangeiras: a inclusão (ou não) do
tema “orientação sexual” nos livros didáticos de espanhol
Antón Castro Míguez (UFSCar)

Nos últimos anos, com a sanção da LDB e a publicação dos PCN e das OCEM, temas como pluralidade
cultural e orientação sexual, entre outros, incorporam-se, como temas transversais, às novas
propostas curriculares da educação básica, pensadas para a formação crítica e plena da cidadania.
Com os novos PCN, verifica-se, também, uma mudança no papel das LE no currículo escolar, que
passam a desempenhar um papel igualmente importante nessa nova proposta de uma educação
para a cidadania, superando o aspecto instrumental e comunicativo ao qual se restringiam. Nesse
sentido – e entendendo a sala de aula de LE como espaço privilegiado de contato com alteridades e
construção de subjetividades –, o trabalho com o tema “orientação sexual”, dentro de uma proposta
de desnaturalização e problematização, pode contribuir para o rompimento de essencialismos e
binarismos hegemônicos (masculino/feminino, heterossexual/homossexual etc.) ainda presentes na
sociedade. O objetivo de nossa comunicação é, a partir do entrecruzamento entre a LA – desde a
perspectiva de uma LA mestiça/transdisciplinar (Moita Lopes ([2006] 2013) – e os estudos queer,
verificar como esse tema é apresentado (proposto/problematizado) nos livros didáticos de espanhol.

Ensino de línguas: implicações biopolíticas


Antonio Andrade (UFRJ)

A obra de Foucault abre caminhos para se pensar a natureza biopolítica do paradigma de poder na
contemporaneidade. Assumindo tal herança foucaultiana, Hardt e Negri (2005:43) chegam a afirmar
que “Biopoder é a forma de poder que regula a vida social por dentro, acompanhando-a,
interpretando-a, absorvendo-a e a rearticulando. O poder só pode adquirir comando efetivo sobre a
vida total da população quando se torna função integral, vital, que todos os indivíduos abraçam e
reativam por sua própria vontade”. Note-se que, se para falar nesse novo paradigma, é necessário
abandonar a abordagem tradicional do problema do poder, fundada em modelos jurídico-
institucionais reduzidos ao código do direito e à análise das diretrizes do Estado, continua sendo
válido questionar, conforme fez Agamben (2002:13) “onde está, então, no corpo do poder, a zona de
indiferenciação (ou, ao menos, o ponto de intersecção) em que técnicas de individualização e
procedimentos totalizantes se tocam”. Nesse sentido, o objetivo principal deste trabalho é mostrar
como tal discussão, de caráter teórico, pode lançar instigantes perspectivas de reflexão em torno das
práticas didáticas atualmente valorizadas nos campos da formação e atuação de professores de
espanhol no Brasil: espaço problemático de interface/conflito entre discursividades que representam
interesses de mercado, de grupos políticos hegemônicos – que determinam os rumos das políticas
públicas – e de diferentes identidades sociais distribuídas entre os setores docentes e discentes da
escola.

Formação de professores de espanhol em Boa Vista/RR: o que nos revelam as narrativas de


docentes formadores
Antonio Ferreira da Silva Júnior (UFRJ)

O uso das narrativas como objeto e/ou método de pesquisa toma o indivíduo e suas experiências de
vida e de formação como objeto de estudo e como base de produção para novos conhecimentos
relativos à pessoa e seu trabalho (TELLES, 2002). Acreditamos que o perfil e a missão de ensino de
cada instituição de ensino apresentam dinâmicas sociais e discursivas diferentes para a construção
da identidade profissional docente. O fato de narrar histórias pode ser considerado como um dos
bens culturais mais preciosos de nossa humanidade. Desde sempre, ouvimos, contamos e somos
sujeitos de histórias individuais ou coletivas (CLANDININ; CONNELLY, 1990). Nossa memória funciona
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como um reservatório de imagens construídas a partir de nossas vivências, positivas ou negativas,


construindo o sujeito que somos. Diante do exposto, esta pesquisa busca dar voz aos professores
formadores de espanhol de uma instituição pública localizada na cidade de Boa Vista, com o objetivo
de construir, através das experiências relatadas, o cenário e o perfil da formação de docentes na
cidade. Além disso, a pesquisa pretende mapear mecanismos para uma discussão das práticas
pedagógicas adotadas pelos professores formadores.

Sua anotação, meu romance: Processo e produto nos diários-romance de Mario Levrero
Antonio Marcos Pereira (UFBA)

Considerando alguns comentários de Barthes em seu A Preparação do Romance – I, procuro abordar


neste ensaio um aspecto da poética tardia de Mario Levrero que, de maneira curiosa e um pouco
paradoxal, ao mesmo tempo que é seguidamente referido é pouco explorado analiticamente. Refiro-
me ao uso do diário como estruturador do romance, característica patente e óbvia dos
procedimentos de construção de Diario de un canalla, El discurso vacío y La novela luminosa. A
recepção aponta para essa característica, mas parece passar ao largo da solicitação analítica que é
colocada por Barthes, associada à passagem – essa, nada óbvia, muito menos necessária – do
descontínuo e fragmentário que é típico da anotação para o fluxo característico de certas
expectativas e protocolos de leitura bem estabilizados no que diz respeito ao gênero romance.
Concentrando a discussão em aspectos de La novela luminosa, argumento – principalmente através
de Barthes e de discussões da obra de Levrero realizadas por Astutti, Laddaga, Martinez, e outros –
que há uma barganha com hábitos de leitura peculiares ao gênero romanesco que é astuciosamente
construída a partir de uma certa ordem de manipulação do que a teórica Sianne Ngai conceitua como
interesse do leitor.

Os marcadores discursivos das variedades linguísticas latino-americanas: uma categoria silenciada


nos livros didáticos de espanhol
Antonio Messias Nogueira da Silva (UFPA)

Os marcadores discursivos da língua espanhola não recebem, ainda, a atenção que merecem nos
livros didáticos dedicados ao ensino-aprendizagem da língua. Menos atenção recebe a classe dos
marcadores discursivos conversacionais característicos e recorrentes nas variedades linguísticas
latino-americanas, dado que a maioria desses livros não os inclui nas diferentes classificações de
marcadores que apresenta tanto a professores como a aprendizes de espanhol. Nesta comunicação,
portanto, apresento os resultados de uma análise a respeito do silenciamento, em manuais didáticos
internacionais para ensino da língua espanhola, de alguns marcadores discursivos conversacionais
cujo uso e valor pragmático-discursivo aparecem de forma mais recorrente na atividade
comunicativa oral das variedades linguísticas latino-americanas. O resultado da análise demonstra
que os marcadores discursivos conversacionais, característicos e frequentes nessas variedades, são,
além de silenciados, também estereotipados e deformados, para anular a possibilidade de aparecer
como representantes de vozes de outras comunidades hispano-falantes. Concluo que, ao darmos
visibilidade aos referidos marcadores discursivos, contribuímos para maior valorização da
diversidade linguística e cultural dos povos latino-americanos.
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A memória da imigração no romance histórico latino-americano contemporâneo: leitura


comparada
Antonio Roberto Esteves (UNESP-Assis)

O trabalho propõe uma leitura comparada dos romances Árbol de família (2010), da argentina María
Rosa Lojo, e Nihonjin (2011), do brasileiro Oscar Nakasato. Cada qual à sua maneira, esses romances
constroem a memoria da gesta familiar do protagonista narrador, produzindo uma espécie de
memória da diáspora. No caso do romance argentino, a narradora conta a saga de uma família de
espanhóis na Argentina, emigrantes e refugiados da Guerra Civil, galegos por um lado e castelhanos
de origem andaluza por outro. O romance brasileiro, também através da voz de um narrador em
primeira pessoa, conta a história de três gerações de uma família de japoneses que se fixou no Brasil.
O que em princípio poderia conduzir a dissonâncias uma vez que as culturas em que se desenvolvem
a experiência do desterro e a produção dos romances são bastante diferentes, acaba por apresentar
várias confluências. As experiências são similares e elementos detonadores do processo de
reconstrução da memória familiar apresentam vários pontos em comum. O primeiro deles é o
motivo do álbum familiar que acaba dirigindo o relato. Em ambos, um narrador, terceira geração de
transterrados, organiza seu texto a partir do tecido de varias vozes antigas, com especial destaque
para o papel feminino. Outro elemento comum é a presença simbólica da árvore, que muito além da
transposição de um mundo rural e agrícola para uma sociedade urbana industrializada, parece
retomar o ciclo que faz reviver a natureza como símbolo de vida.

La palabra labrada por el agotamiento y el terror en el cotidiano ficcional de imán de Ramón J.


Sender
Antonio Valmario Costa Júnior (UFF)

El terror establece distintos rangos a través de las páginas de Imán (1930), el primer libro de Ramón
J. Sender (1901 – 1982) ambientado en la Guerra del Rif (1920-1926). El nivel inicial del terror se
encuentra en la amenaza provocada en los soldados por el propio rey y la Iglesia católica a través de
una serie de desprecios e indiferencias constituyendo lo que Carlo Ginzburg (1939 - ) llama de una
teología política. En su ensayo Medo, reverencia, terror: Reler Hobbes hoje (2014), Ginzburg
defiende que la estructura del Estado se impone por el estatuto del terror: “O Estado, o “deus
mortal” gerado pelo medo, incute terror”: […] Un segundo nivel del terror se presenta por las
condiciones indignas de supervivencia: “-Te digo que comerse una rata o tragarse un par de moscas
no tiene importancia para la salud” (SENDER, 2008, p.22) y un tercer por las deshumanidades
(“¿Desenterrarías tú un cadáver en tu tierra, así, ni más ni más?)(SENDER, 2008, p. 23). El cuarto
rango del terror se va a encontrarlo en el escondite del cotidiano ficcional de la acción repetida hasta
el extremo cansancio, llevando personajes y lectores a un agotamiento donde lo terrible puede
parecer simple y común. De este agotamiento la palabra emerge siempre como un último suspiro.
Creemos que un acercamiento entre los postulados de la Micro-historia establecidos por Ginzburg y
la narrativa en Imán puede desvelar el esfuerzo vivificante de la palabra como último recurso de
expresión de algo humano frente al terror provocado por la casi total supresión de los sentidos.

A comédia do autor: mitos de escritor na narrativa latino-americana contemporânea


Ariadne Costa da Mata (UEPB)

A narrativa latino-americana das últimas décadas está marcada pela presença do escritor como seu
próprio personagem, sustentando seu nome próprio e colocando em cena o trabalho de escrever,
representando, muitas vezes, o que Reinaldo Laddaga tratou como a "comédia do escritor" na era da
profissionalização. Desde a modernidade, a literatura e a figura de escritor estiveram estreitamente
vinculadas à economia e à ordem do mundo do trabalho. A tradição moderna acompanha o
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surgimento de um mito do escritor que se sacrifica pela literatura, que atribui à literatura um valor
transcendente, afastando-a da vida cotidiana. Esse mito do gênio, da inspiração e do sacrifício,
parece dar lugar nos textos contemporâneos ao um outro personagem: o escritor que não escreve. A
transformação dos mitos de escritor está diretamente ligada à profissionalização do seu trabalho e às
mudanças da relação entre literatura e mercado. Essa mudança acompanha, também, a passagem de
um sistema literário a outro e a reformulação do próprio estatuto da literatura e dos valores
atribuídos ao literário. Com base nas ideias de Laddaga e Josefina Ludmer, entre outros, este
trabalho vai analisar essas novas figuras de escritor partir de dois romances hispano-americanos
contemporâneos que parecem ou ficcionalizar a impossibilidade de escrever ou encenar a resistência
do mito de escritor moderno: La novela luminosa (do uruguaio Mario Levrero) e Bonsái (do chileno
Alejandro Zambra).

Traducción y corpus: los demostrativos en análisis


Ariel Novodvorski (UFU)

El crecimiento de las investigaciones en el ámbito de los Estudios de la Traducción basados en Corpus


(ETBC) ha aumentado en las últimas décadas (LAVIOSA, 2002); sin embargo, aún se hace necesaria la
definición de un cuadro teórico-metodológico más puntual, para la investigación de los perfiles
estilísticos de la traducción (SALDANHA, 2011b), con apoyo de la Lingüística de Corpus (BERBER
SARDINHA, 2004; 2009), ya sea como abordaje o como metodología (PARODI, 2010). Por otro lado,
es escasa también la representación de las lenguas española y portuguesa, tanto en las
investigaciones nacionales (brasileñas) como internacionales, en el ámbito de los ETBC. De esa
manera, en este estudio se investiga el perfil estilístico de los textos traducidos, especialmente a
través de un análisis contrastivo de los pronombres y adjetivos demostrativos (EGUREN, 1999;
BRUNETTI, 2009; REYES, 2002; NEVES, 2000; CASTILHO, 2012). El corpus está integrado por tres obras
del escritor argentino Ernesto Sabato, traducidas al portugués brasileño por Sergio Molina y
publicadas en portugués por la editorial Companhia das Letras en 2008. Se describirán todos los
procedimientos implicados para la compilación, preparación y análisis estilístico del corpus de
estudio, con apoyo de las herramientas y utilitarios del programa WordSmith Tools©, 6.0 (SCOTT,
2012). Se analizarán, en términos comparativos, todas las ocurrencias de los demostrativos, según su
frecuencia, porcentajes y significancia de los datos estadísticos.

Autorrepresentação dos subalternos no funk carioca e na cumbia villera: território, identidade e


violência nas vozes proibidas
Ary Pimentel (UFRJ)

Este trabalho é fruto de uma pesquisa sobre as representações nos limiares urbanos onde se dão
contatos entre culturas dos quais surgem procedimentos discursivos híbridos e novos códigos de
socialidade. Tendo como objeto o estudo os subgêneros musicais funk proibido e cumbia villera a
partir dos trabalhos dos grupos Damas Gratis e Pibes Chorros e de coletâneas de músicas difundidas
nos circuitos dos bailes cariocas, a pesquisa tem como proposta discutir as subculturas juvenis, como
a cultura de pequenos grupos diferenciados no corpo das megacidades contemporâneas,
recolocando a questão das estratégias de produção e consumo com foco nas principais
peculiaridades e especificidades de cada subgênero. Por levar em conta que quando as condições de
produção, circulação, reconhecimento e consagração variam, os discursos também apresentam
características próprias, daremos especial atenção neste estudo às gramáticas de produção e
reconhecimento de cada campo musical. Tendo em vista os aspectos que plasmam modelos
discursivos a partir das performances difundidas e popularizadas por uma complexa e diversificada
cadeia mediática, pretendemos estudar, mediante o uso de abordagem comparatista a
correspondência entre dois fenômenos musicais cuja emergência apresenta coincidência no que se
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refere ao contexto sociocultural e às dimensões temporais e territoriais. Nosso trabalho propõe


ainda uma leitura do universo das letras do funk carioca considerando a retomada do tópico
relacionado ao ethos guerreiro e das letras de cumbia villera a partir das imagens recorrentes do
roubo e da traição.

O trabalho com folhetos turísticos e o ensino de Espanhol sob uma perspectiva discursiva
Bárbara Regina de Andrade Caldas (IFRJ)
Raabe Costa Alves Oliveira (IFRJ)

Esta comunicação é fruto de uma pesquisa que vem sendo realizada há pelo menos um ano pelos
professores de E/LE do IFRJ, e tem como objetivo apresentar uma proposta de trabalho baseada no
estudo do gênero folheto turístico. Para sua elaboração partimos dos pressupostos teóricos de
Bakhtin (2000), sobre gêneros de discurso, apresentados por ele como tipos relativamente estáveis
de enunciados, orais ou escritos. Compreendemos, ainda de acordo com os estudos do autor, a
língua como fenômeno sócio-histórico, a partir da interação verbal. Consideramos também o exposto
nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira para o Ensino Médio (2000) e nas
Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Espanhol (2006), os quais realçam que o
ensino da língua estrangeira possui um papel relevante para a formação dos estudantes contribuindo
para o exercício da cidadania. Assim, começamos nosso trabalho com a apresentação de alguns
conceitos sobre nossa visão de ensino de línguas e como continuação elaboramos algumas atividades
para mostrar aos estudantes como se constituíam os diferentes gêneros de discurso e sua natureza
histórico-social. A partir daí, iniciamos o trabalho com o gênero folheto turístico e utilizamos tarefas
que tratavam suas características composicionais. Para finalizar esse estudo os alunos produziram o
seu próprio folheto. No decorrer de nossa pesquisa, que ainda está em curso, temos observado que
quando nos baseamos nessa compreensão de ensino, oferecemos situações que favorecem e
estimulam a compreensão do papel dessa língua estrangeira no contexto das atividades profissionais
e pessoais dos estudantes.

As traduções dos nomes próprios nas tiras Mafalda


Bárbara Zocal da Silva (USP)

Os nomes próprios têm como principal função identificar um referente. Quando não ficcionais, esses
nomes não acrescentam um significado por si só, embora possam conter um valor conativo ou fazer
associações determinadas (GONZÁLEZ; GONZÁLEZ, 1991); quando ficcionais, seu valor informativo é
tido como intencional e eles podem ser considerados “nomes descritivos” (NORD, 2003). A tradução
de antropônimos, os nomes de pessoas, e de topônimos, os nomes de lugares, envolvem certas
convenções literárias, próprias de cada língua, sendo assim, existem muitas técnicas possíveis das
quais os tradutores podem se valer para realizar tal tradução. A partir de nosso interesse no processo
de tradução de antropônimos e topônimos nas histórias em quadrinhos, realizamos uma análise
comparada entre os nomes próprios presentes nas tiras da Mafalda e suas três traduções brasileiras,
com base nas “modalidades de tradução” de Aubert (1998), a fim de identificarmos qual o referente
priorizado e o tratamento dado por cada tradutor à sua tradução, e observarmos as diferenças
existentes em termos de distribuição das modalidades de tradução.

La exaltación de lo español en 1918: abordaje discursivo de una exposición sociológica


Beatriz Adriana Komavli de Sánchez (UERJ-UFF/CAPES)

El objetivo de esta comunicación es presentar una serie de reflexiones en torno a una materialidad
lingüística que forma farte del corpus de nuestra tesis de doctorado, aún en desarrollo, cuyo foco
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recae en la institución del dispositivo de la efeméride del 12 de octubre. Se trata de un pequeño


artículo individual de 1918, del sociólogo Ernesto Quesada, de la UBA, en el que expone el significado
del Día de la Raza para Hispanoamérica en aquella coyuntura política y social. Nuestro estudio se
fundamenta en la perspectiva del Análisis del Discurso francés perfilado por MAINGUENEAU, 2008.
También consideramos los aportes de varios autores: de ANDERSON, 1983, las reflexiones en torno a
la idea de nación; de FOUCAULT, 1969, su visión desconstructiva y para los estudios Hispanistas, las
contribuciones de FERNÁNDEZ, 2007, y GONZÁLEZ, 2005. La visión dialógica de BAJTÍN, 2000, y el
apoyo en los estudios enunciativos nos ayudarán a destacar algunas marcas lingüísticas de la red de
filiaciones identitarias que se tejían entre la ‘Madre patria’ y las excolonias, en lo que se refiere a la
representación de la lengua, la religión y los valores de inicios del siglo XX.

A (in)determinação do sintagma nominal nas construções impessoais e passivas com o clítico SE/SE
no português brasileiro e no espanhol: um estudo contrastivo a partir da Gramática Cognitiva
Benivaldo José de Araújo Jr. (ESPN)

Esta comunicação tem por objetivo apresentar parte dos resultados que obtivemos na nossa
pesquisa de doutorado, cujo tema foram as construções impessoais e passivas com o clítico SE/SE no
espanhol e no português brasileiro. No referido estudo, que teve como referencial teórico a
Gramática Cognitiva, examinamos essas construções considerando sua coexistência com as reflexivas
e as médias. Na presente comunicação, restringimos nossa análise à determinação/indeterminação
do sintagma nominal nas passivas e impessoais com SE/SE e como esse fenômeno se relaciona com
três critérios que, conforme Maldonado (2006), possibilitam reconhecer as citadas construções; a
saber, a concordância verbal, o requisito verbal de agentividade humana e a ordem dos
constituintes. Primeiramente, comentamos conceitos importantes na análise, tais como os modelos
cognitivos de conceitualização, a transitividade e a elaboração de eventos. Em seguida, de modo
sintético, discutimos a influência da determinação/indeterminação do SN nas passivas e impessoais
com SE/SE no espanhol e no português brasileiro. Finalmente, ilustramos nossas observações com
dados coletados em dois corpora de falantes nativos, um para o espanhol (PRESEEA-ALCALÁ) e outro
para o português brasileiro (Amostra SP2010 – Piloto)

De ruidos y madrigueras: apuntes sobre dos (casi) narconovelas


Brenda Carlos de Andrade (UFRPE)

Las narconovelas se caracterizan como una especie de subgénero literario cuyo desarrollo se dio a
partir de la tematización del universo de los narcotraficantes. El fenómeno parece estar
directamente vinculado al desarrollo de un comercio mundializado de drogas, especialmente en
territorio latinoamericano. Por esa razón ese subgénero conoció una evolución más intensa en países
como Colombia y México, que presentaron una incidencia relevante de narcotraficantes y crímenes
vinculados al universo del tráfico. Muchos estudiosos no aceptan completamente esa división en un
subgénero específico, otros admiten que la creciente temática del universo de los narcotraficantes
trae una característica específica para esas obras. Me parece simbólico que dentro de las temáticas
de violencia/violencia urbana explotadas por la literatura contemporánea haya un campo bastante
definido para tratar del universo de los narcos, incluso con presentando una producción que ya
parece casi como una derivación de esas primeras novelas. En esa ponencia pretendo analizar dos
obras El ruido de las cosas al caer, del colombiano Juan Gabriel Vásquez, y Fiesta en la madriguera,
del mexicano Juan Pablo Villalobos, que no tratan directamente de la situación del narcotráfico, pero
dialogan con ese universo, como herederos de una cultura narco que de alguna manera sigue
presente a veces como fantasmas del pasado a veces partir de una mirada casi externa e inocente de
un niño. La “memoria del narcotráfico” que surge en ambas indica un camino importante a ser
analizado dentro de las culturas latinoamericanas.
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Experimentações de Borges através da flor especular de Coleridge ― do Paraíso utópico ao horror


moderno da autoria
Breno Anderson Souza de Miranda (USP)

Se recepções transversais, quase proibidas, permitem interrogar Borges contra sua nadería fictícia
particular, deslocando-o para terrenos das experiências, talvez, o que poderíamos antepor em
alguma justiça crítica seria ainda remetê-lo aos planos especulares, mas não de corpo inteiro em uma
maciça ontologização identitária autoral. Expliquemos. O que pretendemos em nossa comunicação
seria discorrer que o documentalismo enriquece sim a fortuna crítica sobre Borges, mas não basta,
isto é, pelo menos enquanto a figuração do duplo e da não-identidade ainda demonstrar seus fortes
traços de resistência, o que pelo menos faz agora com uma interessante refração pelas ilusões e
insólitos realistas, talvez exteriores, mas não muito distantes. A flor de Coleridge, dentre tantas
simbologias, garante a possibilidade de ser o “outro” escritor e não ser, de visitar suas peculiaridades
e historicidades, e ao mesmo tempo apagar-se. Esta flor pode retornar do Paraíso pelo sonho de um
amante leitor, mas logo se depara com o duro realismo da escrita/imagem a ser re-construída em
uma época tecnicista, cenário do horror de Wells e Adorno, e um dos fundamentos de nossa
modernidade que ainda perdura. Que sobrevida teríamos ao olharmos enquanto
escritores/críticos/historiadores através dessa mesma flor especular atual que já se apresenta tão
murcha e perecível?

A interferência na tradução do gênero receita: resultados de uma pesquisa de mestrado com base
na produção de estudantes brasileiros de E/LE
Bruna Macedo de Oliveira (USP)

Neste trabalho apresentamos os resultados de uma pesquisa de mestrado concluída em 09/2013.


Nela analisamos o fenômeno da interferência em traduções do gênero receita feitas por estudantes
brasileiros de E/LE, tomando como ponto de partida a hipótese de Presas (2000), de que haveria na
tradução um tipo especial de interferência: da L2 sobre a L1. Segundo nossa suposição, certas
estruturas favoreceriam a incidência do fenômeno por apresentarem um funcionamento análogo,
mas não idêntico, nas duas línguas. Para caracterizar esse tipo de interferência, foi fundamental
comprovarmos quais eram as estruturas mais frequentes no gênero em ambas as línguas. Valemo-
nos então de um corpus de receitas coletadas da internet (em português e espanhol) e de um corpus
composto por uma produção livre (receita escrita a partir de uma sequência de imagens) e por uma
produção dirigida (receita completada com as estruturas estudadas). Objetivávamos verificar no
gênero receita: 1) qual era a forma mais frequente para as orações com “cuando/quando”,
“hasta/até” e “para/para”; 2) se as construções temporais e finais usadas para escrever e completar
as receitas seriam as mesmas da tradução; e 3) se haveria diferenças entre receitas da internet e as
produções dos estudantes. A análise apontou preferência pelo infinitivo nas receitas em português
(com “até” e “para”), mesmo quando não há coincidência entre sujeitos sintáticos. Nas traduções
dos estudantes observamos o oposto: as estruturas se aproximavam mais às do texto fonte em
espanhol (preferência pelo subjuntivo) em contextos não-correferenciais.

Uma análise discursiva do Brasil e dos brasileiros nos LDs de espanhol


Bruna Maria Silva Silvério (UFF)

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar uma dissertação concluída que se destinou a analisar
como se estabelece a construção das identidades dos brasileiros e do Brasil nos livros didáticos de
língua espanhola dirigidos a estudantes da educação básica. Para tanto, foram observadas três
coleções de LDs: “Vamos a Hablar” (JIMÉNEZ e CÁCERES, 1990), “Arriba” (CALLEGARI e RINALDI,
2004) e “Saludos” (MARTIN, 2010). Tais obras representam diferentes décadas do ensino de
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espanhol no Brasil, de 1990 a 2011. Assim, a pesquisa visou verificar se tratam as identidades
brasileiras baseando-se em visões estereotipadas, além de observar se o tema modifica-se de uma
época a outra. Para isso, levou-se em conta as questão da identidade, diferença e educação,
discutida por Hall (2011), Silva (2011) e Woodward (2011) e Coracini (2007). As análises se
fundamentaram na semântica global de Maingueneau (2008). A partir disso, observou-se que há
alguns temas que são recorrentes nas três coleções didáticas, tais como o Brasil como atrativo
turístico e os brasileiros associados ao futebol. Com relação ao tratamento do tema nas três coleções
percebeu-se uma semelhança, principalmente, no que diz respeito à reprodução de estereótipos.
Notou-se, portanto, que as visões essencialistas das identidades ainda estão muito presentes no LD
de espanhol, desde aquele produzido em 1990, até o recentemente aprovado pelo PNLD 2011.

O discurso original e o discurso traduzido: uma análise discursiva de Pedro Páramo, pelo viés da
memória
Camila De Carli (IFC)

Esta pesquisa tenta estabelecer um possível diálogo entre os estudos literários e linguísticos,
considerando, em ambos, os conceitos de Língua, Sujeito e Sentido sob a ótica discursiva provinda da
Análise do Discurso (AD) de filiação francesa. O trabalho tem por corpus a novela Pedro Páramo, de
Juan Rulfo, no idioma espanhol e em sua tradução para o Português. A proposta é a de comparar a
obra original e a sua tradução, mediante o conceito de Memória, considerado a partir dos pontos de
vista discursivo e discursivo-literário, verificando de que forma os aspectos linguístico e ideológico
foram transpostos e ressignificados para a obra traduzida. O que contribui significativamente para a
análise proposta é o contexto social do corpus, em que é apresentado um mundo rural ibero-
americano que atribui um compromisso de revelação das injustiças sociais, conferindo vozes aos
recalcados pela dominação repressiva dos discursos sociais, políticos, culturais e ideológicos.
Registros de memória social do sujeito discursivo, histórias vividas, recordações e buscas
significativas estão presentes em Pedro Páramo, através da utilização de falas populares, poéticas,
sugerindo os aspectos formais e semânticos como outro viés possível de analisar-se
comparativamente no original e na sua tradução. Os fatores considerados para a análise, quais
sejam, memória e subjetividade, são analisados a partir do desconhecimento da existência do pai,
Pedro Páramo, fato com que o personagem Juan Preciado convive durante toda a sua vida e que o
decepciona quando enfim descobre a verdadeira história do seu progenitor.

Gêneros textuais e ensino de ELE: reflexões sobre a abordagem do gênero história em quadrinho
(HQ) em livro didático de espanhol
Camila Teixeira Saldanha (UFSC)
Maria José Laiño (UFSC)
Noemi Teles de Melo (UFSC)

Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise sobre a abordagem do gênero textual
historinha em quadrinho (HQ) no livro didático Saludos 1 e 2, selecionado pelo Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD) nos anos de 2011 à 2013. De acordo com os PCN's, o ensino de língua nas
escolas deve se pautar numa abordagem sociointeracionista da linguagem através do uso de diversos
gêneros textuais. Segundo tal concepção de ensino, recomenda-se que o material didático utilizado
nas salas de aula leve ao aluno à reflexão de que língua não é apenas um conjunto de regras descrito
numa gramática normativa, e sim entender a língua como uma prática social na qual proporciona um
contato com outras culturas, com modos diferentes de ver e interpretar a realidade. Partindo desse
pressuposto, analisamos o livro didático Saludos 1 e 2 para verificar qual é a abordagem proposta
para o gênero textual HQ, visto que apresenta um número bastante significativo de ocorrências: 16
HQ's no livro 1 (6º ano) e 17 HQ's no livro 2 (7º ano). Verificamos que das 33 ocorrências, apenas 1
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atividade promove a discussão de características formais, linguísticas e discursivas da HQ e o restante


somente apresenta como foco a fixação de determinadas estruturas gramaticais, sem qualquer tipo
de contextualização e reflexão do gênero textual em questão. A partir dessa constatação, propomos
uma reflexão do que preconiza os PCN's com relação ao ensino de língua e o que efetivamente vem
ocorrendo na prática na abordagem do material didático utilizado nas escolas brasileiras.

As funções que os diminutivos assumem na fala de mulheres de Montevidéu e Cidade do México


Camilla Santero (UFBA)

O presente trabalho é continuação de uma dissertação de mestrado, que teve como objetivo
investigar o uso dos diminutivos em corpora orais das variantes madrilena e carioca. Tal pesquisa
revelou uma variedade de usos deste recurso morfopragmático por parte das mulheres de ambas as
regiões; já os resultados para os corpora masculinos demonstraram um uso majoritariamente
dimensional destes sufixos. O objetivo deste trabalho é analisar o uso que as mulheres de
Montevidéu e Cidade do México fazem dos sufixos diminutivos de base substantiva concreta em uma
interação face a face. Pretende-se identificar as funções morfopragmáticas que emergem na
entrevista a partir do uso dos diminutivos e observar se as formações diminutivas estão a serviço da
construção de face da entrevistada para, posteriormente, confrontar os resultados dessas duas
variantes. Considerou-se, nesta análise, uma atividade de fala específica (SARANGI, 2000) ‒
entrevistas sociolinguísticas realizadas entre os anos de 2005 e 2008. O corpus compreende seis
entrevistas femininas do projeto PRESEEA, sendo três do Uruguay e três do México. As seis
entrevistadas possuem nível superior de escolaridade e idades entre 30 e 37 anos. As entrevistas
versam sobre os temas vida pessoal e profissional. O gênero entrevista sociolinguística supõe
amostras de fala espontânea dentro de uma interação com temas conversacionais e enquadres
comparáveis. Os dados serão analisados com base nos pressupostos teóricos da Morfopragmática e
da Teoria de elaboração de faces (GOFFMAN, [1975] 2009).

Iconografia de Santiago: Autoridade, violência e resistência política e cultural nos Andes Peruanos
Carla Dameane Pereira de Souza (UFBA)

Todos os anos na cidade de Cusco, durante os dias em que se realizam as festividades para Santiago,
em 25 de julho e durante a celebração do Corpus Christi, a imagem deste santo reúne milhares de
fieis em torno de si. Essas celebrações envolvem uma forma de hagiolatria que agrega alguns pontos
de encontro entre ícones religiosos, relacionados às rupturas e colisões culturais condicionadas pelo
processo de colonização vivido pelo Peru. Desse modo, a imagem de Santiago congrega a relação que
possui com a igreja católica e a religião cristã, como tais, mas também com as religiões e cultos
locais, associados às crenças pré-hispânicas e à violência referente à história do país e as identidades
que o constituem. Considerando tal contexto, esta comunicação propõe uma reflexão sobre a
iconografia de Santiago, presente na história da arte do Peru, e uma análise sobre de que maneira
essa iconografia foi resgatada no espetáculo Santiago (2000) do Grupo Cultural Yuyachkani, e nas
obras Santiago Mata Índios (2009) de Kukuli Velarde e Porque no tenemos nada lo haremos todo
(2012) de Mauricio Delgado. A partir de referências ao Conflito Armado Interno (1980-200), a
reflexão proposta parte da premissa de que, ao se trabalhar com as imagens que envolvem esse
santo e trazer à cena outros regimes de verdade, os artistas contemporâneos tratam a imagem do
Santo como uma alegoria reconstruída a partir de assimilações de signos culturais e sociais
associados à ideia de autoridade, violência e submissão impostas aos sujeitos andinos, durante esse
contexto histórico.
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Brasil, el país del carnaval y del mundial: la construcción argumentativa sobre el gigante
sudamericano en los periódicos españoles
Carla Severiano de Carvalho (UNEB)

Investigación sobre la construcción de la imagen de Brasil entre los formadores de opinión europeos,
más precisamente, sobre la construcción de esa imagen entre los formadores de opinión españoles,
a partir de la selección y análisis de 3 noticias publicadas en la versión online de los tres principales
periódicos de España, ABC, El Mundo y El País, durante el año 2014. La selección de las noticias se da
a partir de los buscadores de los sitios web de los referidos periódicos por la palabra-clave “Brasil” y
su análisis se realiza bajo la orientación de los aportes teóricos de la Retórica Aristotélica y de su
revisión, la Nueva Retórica, desarrollada por Perelman y Olbrechts-Tyteca (1958), además de otras
teorías subsidiarias, como el Análisis del Discurso de línea francesa. De este modo, el estudio articula
reflexiones sobre la composición textual en lengua española y el grado de eficiencia persuasiva en los
discursos de la prensa de España, la cual ofrece diversas y amplias narrativas sobre Brasil y las
enmarca dentro de contextos sociales definidos, involucradas en estructuras culturales e ideológicas
específicas, lo que conlleva la descripción de sus condiciones de producción.

Competição de gramáticas no espanhol antigo


Carlos Felipe Pinto (UFBA)

A sintaxe do espanhol antigo é diferente da sintaxe do espanhol atual com relação à possibilidade de
fronteamento de constituinte. Os complementos verbais fronteados, por exemplo, no espanhol
atual, possuem restrição à função informativa: se são tematizados, podem ser fronteados sem
retomada pelo clítico (ordem O-V); se são tematizados, precisam ser retomados pelo clítico (ordem
O-cl-V); se são neutros, não podem ocorrer em posição pré-verbal (ordem V-O). Este trabalho tem a
finalidade de analisar a) a ordem O(bjeto)-V(verbo) no espanhol antigo para averiguar se os objetos
fronteados apresentam apenas a ordem O-V sem clítico ou se também exibem a ordem O-cl-V e b) a
relação dessas ordens com as funções informativas de tematização e topicalização. O corpus
compreende textos espanhóis dos séculos XII ao XV. As orações foram separadas e classificadas por
tipo (matriz, completiva, adverbial e relativa) e foi feita uma análise sintática da ordem dos
constituintes nessas orações. Foram registradas no corpus tanto a ordem O-V como a ordem O-cl-V.
Contudo, com relação à ordem O-V foi observado que pode ocorrer em qualquer contexto
informativo, o que leva, além de outros aspectos sintáticos, à configuração de uma gramática V2, e
que também pode acontecer a ordem O-cl-V em contextos de tematização, o que leva à configuração
de uma gramática não V2. Considerando a socio-história da língua espanhola na Espanha durante o
período, sugerimos a existência de um processo de competição de gramáticas no espanhol antigo
dado alguns processos de contato de línguas.

Marcas autobiográficas e transgressão em Juan sin tierra, de Juan Goytisolo


Carmelita Tavares Silva (IFES)

Neste estudo serão analisadas em Juan sin Tierra de Juan Goytisolo ( 1975) as marcas
autobiográficas, destacando-se eventos ocorridos no contexto familiar do autor e por meio dos quais
o narrador registra seu posicionamento com relação à tradição e aos valores da sociedade
espanhola. Tais ocorrências se organizam em discurso fragmentado, com a alternância das vozes
narrativas, num caleidoscópio que expõe para o leitor sua crítica à Igreja, ao Estado e aos, assim
considerados, cânones da literatura espanhola.A função que exerce a memória na retomada dos
fatos passados em outro tempo e outro espaço será investigada. Será demonstrado, ainda, que a
proposta literária de Juan Goytisolo se concretiza nessa obra ensaística que completa a trilogia
Álvaro Mendiola e que encerra um processo de ruptura, em todos os sentidos, com a sociedade e a
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cultura de seu país. Serão tomados como ancoragem teórico-crítica, entre outros, os autores Leonor
Arfuch em O espaço biográfico e Gastón Bachellard em A poética do devaneio.

Enunciados interrogativos totais em conversas telefônicas coloquiais: uma análise entonacional e


pragmática na variedade de Santiago do Chile
Carolina Gomes da Silva (UFRJ)

Este trabalho pretende investigar a correlação entre a forma prosódica e a função pragmática de
enunciados interrogativos totais, realizados em conversas telefônicas coloquiais por falantes de
espanhol da variedade de Santiago do Chile. Em vista disso, nossos objetivos são i) observar as
variações de frequência fundamental (F0) no núcleo desses enunciados interrogativos e ii) comparar
o comportamento da F0 no núcleo (acento final do enunciado) desses enunciados para a
caracterização das diferenças conversacionais dos mesmos na variedade estudada. Para a coleta dos
dados, foram analisadas duas conversas telefônicas coloquiais, amostra de fala espontânea, nas
quais encontramos 39 perguntas totais, proferidos por quatro informantes: dois do sexo feminino e
dois do sexo masculino. Os contornos entonacionais desses enunciados foram obtidos a partir do
programa computacional PRAAT. Para a análise fonética, observamos o comportamento da F0 no
núcleo dos enunciados interrogativos totais. Para a análise fonológica, nos baseamos no sistema de
notação SP_ToBI (ESTEBAS VILAPLANA & PRIETO, 2008). Os resultados demonstram que as perguntas
totais apresentam diferentes contornos melódicos finais: ascendente (L+H*HH%) em 85% dos dados,
descendente em 24% dos dados (L*L%), ascendente em 12% e padrão circunflexo em 3% dos dados.
Acreditamos, assim como Couper-Kuhlen (2012), que tal variação de padrões no núcleo se relaciona
com os graus de certeza epistêmica estabelecidos pelo contexto.

A emergência de Tempo Futuro na gramática infantil: dados do Espanhol madrileno


Carolina Parrini Ferreira (UFRJ)

Este trabalho consiste na descrição da emergência das formas verbais de futuro (simples: hablaré e
perifrástica: voy a hablar) na gramática infantil de duas crianças madrilenas. Pretende-se identificar
em que idade emergem as formas verbais codificadoras de Tempo futuro; que traços, além do traço
de Tempo, são veiculados através das referidas formas; e como se dá o processo de expressão de
Tempo futuro ao longo de um período da aquisição (de 2 a 3 anos). A respeito do fenômeno, estudos
sobre aquisição da categoria Tempo apontam diferentes resultados. Scliar-Cabral (2007) defende a
precedência de Aspecto sobre Tempo. Primeiramente, a criança dominaria Aspecto e Modalidade e,
mais tarde, Aspecto e Tempo se integrariam, sendo Tempo adquirido tardiamente, à idade de
1;10;20. Para Lopes et alii (2004), Tempo emerge cedo, pois aos 1;8 a criança já apresenta marcas
morfológicas de Tempo na flexão verbal e alto índice de sujeitos nulos. Tais contradições se
justificam pela pluralidade de vertentes teóricas que buscam explicar como as crianças adquirem
uma língua. Nesse sentido, o estudo proposto pretende contribuir com a discussão. Vale destacar
ainda que, ao fazer um levantamento bibliográfico, constatam-se poucos estudos sobre a emergência
de Tempo futuro. A base teórica adotada é de cunho gerativista. Os resultados preliminares apontam
que: as crianças realizam formas verbais de futuro somente aos 2;3; a forma perifrástica é adquirida
antes da simples; a primeira codifica futuro iminente, a segunda codifica futuro longínquo ou incerto,
veiculando traços de Tempo e Modalidade.
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La dimensión polémica de los libros didácticos. Un análisis desde la polifonía enunciativa


Carolina Tosi (UBA)

El marco teórico de la presente investigación lo conforma la Teoría Polifónica de la Enunciación de O.


Ducrot [1984] (1986). Como es sabido, esta teoría postula que la subjetividad es un rasgo
constitutivo de la lengua y el sentido del enunciado se constituye como el producto de sujetos con
estatus lingüísticos distintos. Teniendo en cuenta, entonces, que la polifonía enunciativa considera
los discursos como un complejo construido por una multiplicidad de voces y puntos de vista, la
presente comunicación analiza los grados de explicitación u ocultamiento de la subjetividad y de la
polémica en un corpus de libros didácticos de nivel secundario, editados en la Argentina durante la
última década. Si bien los textos pedagógicos se caracterizan por ocultar la dimensión subjetiva y
polémica con la pretensión de construir un saber unívoco y neutro, este trabajo propone mostrar
que la controversia es también parte constitutiva del discurso pedagógico. En vistas a ese fin, se
indagan los diversos grados de polemicidad y de explicitación de las fuentes de los debates, a través
del análisis de dos aspectos que vehiculizan y configuran la refutación pedagógica solapada: los
conectores contraargumentativos y ciertos modos de introducción de la voz ajena. Con todo ello, se
busca mostrar que el ethos pedagógico construido como aparentemente neutro y objetivo se modela
a partir de ciertas estrategias polifónico-argumentativas que, aunque diluyen la explicitación de la
subjetividad y la controversia, se manifiestan como huellas que permiten identificar el constructo
ideológico que sostiene la enunciación del libro didáctico.

O universo literário na obra de Roberto Bolaño, uma leitura de “Llamadas telefónicas”


Cassio Dandoro Castilho Ferreira (UFPR)

Foi após sua morte precoce em 2003, que o escritor chileno Roberto Bolaño de fato alcançou o
merecido reconhecimento literário. Dono de uma produção bastante extensa, Bolaño escreveu
poesias, romances, contos e textos críticos. Alguns temas são recorrentes na obra do escritor, entre
eles a conexão entre a vida e a literatura. Em seus textos abundam os personagens que são
escritores fracassados ou exitosos. Em seu primeiro volume de contos, Llamadas telefónicas (1997),
encontramos cinco contos que abordam o universo da literatura e o fazer literário. O escritor chileno
também reflexionou sobre o tema em diversos textos críticos, entre eles o Consejos sobre el arte de
escribir cuentos, onde em 12 tópicos aconselha aqueles que querem se aventurar nesta arte. Esta
comunicação tem por objetivo fazer uma breve leitura dos contos de Llamadas telefónicas, tendo em
vista a configuração do universo literário dentro deles e tomando como base as colocações de
Roberto Bolaño presentes nos Consejos sobre el arte de escribir cuentos. Palavras-chave: Literatura
Hispano-Americana; Roberto Bolaño; Literatura; Contos.

A narrativa de teor testemunhal: a memória do trauma no contexto andino peruano


Catiussa Martin (UNISC)
Rosane Cardoso (UNISC)

Há, no atual contexto hispano-americano, uma tendência em abordar a temática da violência em


obras literárias. A brutalidade de guerrilhas armadas e das ditaduras militares recentes é reportada
para as narrativas emergentes, gerando críticas quanto à tentativa de politização das obras das
décadas de 1980 e 1990. Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre conceitos que envolvem
a relação existente entre literatura, violência e trauma na narrativa de teor testemunhal, bem como
debater a necessidade de narrar frente à realidade traumática como forma de superação e,
principalmente, como propulsora de uma memória social. Para esta discussão centramo-nos nos
pressupostos teóricos de Jelin, Ricoeur e Seligmann-Silva. Dentre os romances premiados no exterior
que englobam a violência política peruana relativa ao conflito entre as Forças Armadas e o grupo
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Sendero Luminoso, elegeu-se Abril rojo (2006), de Santiago Roncagliolo, para análise. A narrativa
está ambientada no período pós-guerra e permite pensar sobre a memória do trauma através do
testemunho de várias vozes narrativas. A partir dessas vozes, percebe-se a importância de
rememorar para enfrentar o trauma. Do ponto de vista artístico-literário, defende-se que um texto
não perde, necessariamente, o seu valor estético por apresentar um teor testemunhal que se
aproxima do real histórico.

Calderón de La Barca e Ariano Suassuna: o sonho e o circo


Célia Navarro Flores (UFS)

Ariano Suassuna é um dos autores brasileiros que mais se inspiraram nos escritores espanhóis dos
Séculos de Ouro da Literatura Espanhola. No caso de Calderón de La Barca, o próprio Suassuna
confessa ter sido ele uma de suas maiores inspirações: “recebi uma influência enorme de Cervantes e
de vários autores espanhóis, inclusive de Calderón de La Barca. Talvez até maior que a de Cervantes
foi a de Calderón.” (FELINTO, 1991, s/n). Pretendemos mostrar neste trabalho, em uma perspectiva
comparatista, como Ariano Suassuna se apropria de dois temas calderonianos: a metáfora da vida
como sonho e a do mundo como teatro. Para isso nos apoiaremos nas teorias de intertextualidade,
com foco no estudo de Fokkema (2004), que estabelece uma distinção entre intertextualidade
semântica e sintática. Entretanto, mais do que mostrar até que ponto estamos diante de uma
intertextualidade semântica ou sintática, pretendemos mostrar como o escritor brasileiro se apropria
da cosmovisão calderoniana em prol de sua poética, o movimento armorial, adequando-a ao
contexto brasileiro, mais especificamente, nordestino.

O teatro em Dom Quixote


Celia Regina de Barros Mattos (UFRJ)

Considerando a questão trazida por Staiger de que não há gênero puro, o texto D. Quixote que
inaugura o romance no Ocidente nos convida à pesquisa. Sua velha e conhecida marca paródica abre,
por si só, uma variedade de formas e gêneros, entre os quais o teatral se sobressai. Desde a farsa,
marionetes, encenações coletivas ao modo dos autos, companhia de saltimbancos até a encenação e
interpretação fazem parte da essência dessa obra. Assim, nossa proposta é penetrar na obra de
Cervantes, não só com o objetivo de reconhecer sua estrutura e marcas dramáticas, como também
de detectar os desdobramentos que sinalizam sua afinidade com o palco. Listaremos então alguns
itens de estudo que nossa leitura apontou como possibilidades: a) a questão do espetáculo chegando
ao liame da “espetacularização”; b) a “tensão” expressa em linguagem; c) a movimentação,
caracterização dos personagens e a dinâmica do texto; d) o “fingir” – (o “fazer de conta”) que lhe
confere status poético; e) a loucura como licença para a grande abertura à representação; f) o jogo
trágico X cômico e suas representações; g) o cenário; h) cenas tipicamente teatrais. Com esse
material será possível uma melhor compreensão da importância da linguagem teatral na criação da
linguagem do romance que inaugurava o século XVII, a valorização da relevância das diversas
modalidades teatrais no passado, quando ocupavam o lugar midiático que hoje ocupam a tevê, o
cinema e a Internet, além de trazer à cena o papel da leitura dramatizada na difusão da literatura e
na formação do gosto popular.
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O trabalho (in)visível do professor da escola básica na formação docente de espanhol: um olhar


discursivo na legislação do Brasil
Charlene Cidrini Ferreira (CEFET-RJ/UFF)

Esta comunicação tem o propósito de apresentar resultados parciais de minha pesquisa de


doutorado, cujo objeto de estudo é o trabalho do professor da escola básica que recebe estagiário na
formação docente de espanhol. Pouco (ou nunca) se discute sobre os saberes e atribuições que
constituem o trabalho desse professor, que mais do que regente de disciplina, compartilha com o
professor da licenciatura o papel de formador. Por meio da identificação das formas de designar esse
professor nos documentos de lei que regem a formação docente no Brasil, pretende-se compreender
como seu trabalho é instituído oficialmente na realização do estágio supervisionado, etapa
constitutiva da formação de professores. O aporte teórico está na articulação entre os estudos do
trabalho e os estudos de linguagem sob uma perspectiva discursiva, cujos principais teóricos são
Schwartz (1997) e Maingueneau (2007). Os primeiros resultados apontam para um apagamento do
trabalho do professor da escola básica na formação do estagiário, desde a LDB de 1996, ponto inicial
para o recorte de análise. Ainda que a legislação determine que o estágio supervisionado obrigatório
dos cursos de licenciatura deva ser realizado na rede de ensino básico, a participação do professor da
escola não recebe visibilidade nas normatizações oficiais. Assim, esta pesquisa coloca em evidência
discussões bastante desconhecidas no que se refere ao reconhecimento da complexidade que
envolve o trabalho docente, propondo encaminhamentos para uma transformação social que
ultrapassa conclusões de um estudo puramente linguístico.

Alejandra Pizarnik - ser fiel à própria voz


Clarisse Lyra Simões (USP)

Nos diários de Alejandra Pizarnik são frequentes as manifestações de certo desconforto em operar
dentro da língua castelhana: “hoy descubrí que no sé escribir, que no tengo la más mínima noción del
idioma español, que no son temas lo que me falta sino técnica. Hablo de moverse libremente dentro
del lenguaje” (PIZARNIK, 2010). Dobry (2004) relaciona esse sentimento de Pizarnik a uma possível
extraterritorialidade que leva em conta seu judaísmo, a experiência bilíngue e migrante de sua casa,
experiência que desestabiliza o uso corrente da língua da poeta. Por outro lado, propomos, está a
possibilidade de pensar tais colocações não apenas como registros de uma insegurança, como
marcas de uma não-pertenência, mas como indícios de um pensamento da língua e da linguagem
que Pizarnik expressa e que se tensiona em afirmações como essa: “Ahora bien, lo más difícil es
escribir con una lengua hermosa y, al mismo tiempo, ser fiel a la propia voz” (PIZARNIK, 2010).
Porque a tensão que a frase coloca parece ser: em que grau e por quais motivos escrever em uma
língua, em uma determinada língua (e aqui dizer “lengua hermosa” talvez equivalha a dizer em uma
língua literária, em uma língua que leva em conta e aproveita o legado de uma certa tradição
literária), significa trair a voz própria? Logo, do pensamento e do estranhamento de Pizarnik em
relação à lingua(gem) colocamos uma questão: a de uma escrita que se realiza como tradução (em
seu intento de constituir jogos de sentido, e não de palavras [AIRA, 1998]) e que reconhece de saída
a impossibilidade dessa tradução primeira.

Residência Docente: um caminho para a construção de discursos e práticas na formação em serviço


Claudia Estevam Costa (CPII)

Este trabalho vincula-se aos estudos realizados no grupo de pesquisa Práticas de Linguagem e
Subjetividade (PraLinS- UERJ) e tem por objetivo refletir sobre os desafios da formação para o
trabalho, partindo do pressuposto de que seja possível, a partir de uma perspectiva da formação
docente recíproca co-formar os trabalhadores envolvidos no processo de formação inicial e
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continuada. Para abordar o tema apresenta-se como pano de fundo uma escola de educação básica,
o Colégio Pedro II (RJ), que desde 2012 implementou o Programa de Residência Docente, nascido a
partir de uma iniciativa da CAPES de induzir e fomentar a formação inicial e continuada de
docentes(recém-licenciados), com a finalidade de promover formação ao magistério. Para demarcar
a proposição do estudo que inter-relaciona linguagem e trabalho propõe-se como enfoque teórico a
perspectiva dialógica de linguagem, os estudos em análise do discurso na sua vertente pragmático-
enunciativa (os estudos em Análise do Discurso, em particular: Maingueneau, 1993, 1998/2002).
Para dar conta das relações entre linguagem e trabalho opta-se por adotar teorias que abarquem os
conceitos de trabalho e suas possíveis configurações (pela ergologia, Schwartz, 1998, 2002).

Carlotismo: na contramão da história


Claudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva (UFRJ)

Muito distante da representação caricatural de que será objeto no imaginário popular, reforçada
pelo cinema e pela literatura, Carlota Joaquina foi uma mulher obstinada pelo poder, que se
embrenhou em lutas políticas na Europa e na América. Neste trabalho buscaremos analisar o
fenômeno do Carlotismo e suas repercussões na América Latina, no período joanino (1808-1821),
através da abordagem de seu epistolário e dos manifestos que assina. Trata-se de escudrinhar um
perfil feminino de poder, legitimado por longa linhagem de soberanas nas quais se espelha, em
tensão com projetos de emancipação no qual se debatiam as colônias, em busca de uma utopia
regressiva de perfil absolutista.

Poesía digital y política de las translenguas. Diálogos Brasil-Argentina


Claudia Kozak (UBA/CONICET)

La literatura electrónica se inscribe en una más amplia configuración de tecnopoéticas que


desbordan los límites entre distintos lenguajes artísticos entramando artes visuales, sonoras,
literarias y performáticas en su relación con la tecnología. Pero más allá de esta difuminación de
límites, la deriva electrónica de la literatura adquiere cierta especificidad por una experimentación
con/del lenguaje verbal que podría estar ausente en otras zonas de las tecnopoéticas. En particular,
esta presentación focalizará en el sub-género poesía digital: poesía programada informáticamente
que por sus recursos habilita ser leída desde la tradición poética. En Latinoamérica, los primeros
poemas digitales -la serie de poemas generados IBM publicados en versión impresa por el argentino
Omar Gancedo en la revista Diagonal Cero (1966) o los diez poemas ASCII, Le tombeau de Mallarmé,
del brasileño Erthos Albino de Souza (1972)- datan de fines de los años 60 y comienzos de los 70,
aunque la práctica haya adquirido consistencia con posterioridad y se revele aún hoy como
“novedosa”. En ese marco, nos concentraremos en una puesta en diálogo histórico-crítico entre
producción brasileña y argentina, particularmente bajo la perspectiva de una política de las
translenguas: por un lado, estudio de una literatura en tránsito que se enfrenta a la “necesidad” de
reafirmación en tanto literatura, aunque se presente como literatura “otra”; por el otro, pasaje y
migración de lenguajes en el contexto de la cultura digital globalizada que implica, en muchos casos,
una reflexión acerca de hegemonías lingüísticas en entornos global-digitales.

A Representação do Feminino em Blanca Sol de Mercedes Cabello de Carbonera


Cláudia Regina da Silva Rodrigues (UFRJ)

Esta pesquisa se propõe a fazer um estudo sócio-histórico do sujeito feminino dentro da obra Blanca
Sol da escritora peruana Mercedes Cabello de Carbonera. Para isso faremos uma leitura crítica do
romance; uma literatura de denúncia destinada à sociedade do final do século XIX. Durante a análise
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serão revistas as cenas em que se destacam situações que deixam claro como o sistema patiarcal,
que impunha padrões de comportamento previamente construídos, não foi suficiente para dominar
Blanca Sol a “heroína problemática”. A história relata a vida de excentricidades de uma dama da alta
sociedade que, envolvida em galanteios, perde a fortuna adquirida no matrimônio, o que a leva à
miséria e à prostituição. Durante a narrativa, percebe-se que a autora dá ênfase aos vícios da
sociedade limenha da época, sendo sintetizado na personalidade da protagonista. A metodologia
será fundamentada em pesquisa bibliográfica de estudiosos que desenvolveram questionamentos,
interpretaram e sistematizaram os dados inerentes ao assunto. O presente estudo faz uma junção
entre a obra e a crítica de alguns estudiosos, passando pelas referências teóricas de Cornejo Polar,
Benedict Anderson e Ismael Pinto Vargas. Assim, almejamos analisar as questões sociais inseridas na
obra sob a perspectiva de um olhar crítico que busca trazer à tona a problemática social do final do
século XIX explorada por Mercedes Cabello de Carbonera.

Poéticas do deslocamento na literatura hispano-canadense: a obra de José Leandro Urbina


Claudia Sulami Ferraz Neustadt (UFRJ)

O projeto de pesquisa Deslocamento cultural e processos literários nas letras hispânicas


contemporâneas: a literatura hispano-canadense, inscrito no PPG/LEN da UFRJ e do qual participo,
está centrado no estudo crítico e historiográfico das literaturas hispano-americanas produzidas em
âmbitos americanos não hispânicos, precisamente a literatura hispano-canadense. O projeto tem
como alicerce teórico a noção de deslocamento, noção imprescindível para visualizar a literatura
hispano-americana contemporânea no âmbito de uma cultura translocal. Minha participação nesse
projeto se sustenta no estudo da obra do escritor Leandro Urbina, com o objetivo de caracterizar
uma poética do deslocamento em sua práxis escritural. Centralizo como objeto de estudo nesse
projeto os romances Cobro revertido (1992) e Las memorias del Baruni (2009), dois textos que se
articulam em torno do produtivo diálogo intergenérico entre romance, autobiografia e memórias e
nos que confluem os mais variados tópicos do deslocamento. Nesta comunicação apresentarei
alguns resultados referidos ao estudo de Cobro Revertido. Analisarei o romance nas suas
coordenadas temáticas, compositivas e comunicativas; integrando o exercício interpretativo a uma
caraterização do que Palmero vem chamando de uma poética do deslocamento. Esse estudo cria
condições para desenvolver numa etapa posterior um estudo comparado. Os pressupostos teóricos
que alicerçam o trabalho que agora apresento estão na obra de A. Apadurai (2001), N. García
Canclini (1997), J. Clifford (1995), S. Hall (2003) e E. Palmero (2010, 2011, 2012).

Uma reflexão sobre a relação língua(gem)-sujeito-identidades em livros didáticos de espanhol para


o ensino médio
Cleidimar Aparecida Mendonça e Silva (UFG)

Nesta comunicação, nos propomos a apresentar os resultados da análise de duas coleções de livros
didáticos (LDs) de Espanhol, selecionadas pelo Programa Nacional de Livro Didático (BRASIL, 2012),
para o ensino médio: El Arte de Leer Español e Síntesis: Curso de Lengua Española no tocante às
complexas relações que envolvem a tríade língua(gem)-sujeito-identidades (REVUZ, 2002; SERRANI-
INFANTE, 2001). Trata-se de um trabalho realizado no âmbito do Programa Institucional de
Voluntários de Iniciação Científica (2013) e a opção pela análise de LDs justifica-se porque esse
recurso, em processo pedagógico de ensino de uma língua estrangeira na escola, representa um
mecanismo importante na mediação do conhecimento. Segundo Carvalho (1987), deve, portanto, ser
escolhido pelo professor, adequado a ele, aos alunos e ao ambiente onde está inserida a instituição
escolar. Fizemos um levantamento de textos e atividades que possibilitam ao docente discutir
questões identitárias (ligadas às identidades pessoal, linguística, étnica, social e cultural) e refletir
sobre a concepção de língua(gem) como prática social e identitária nas coleções. De forma geral, em
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El Arte de Leer Español, percebemos uma maior preocupação com a diversidade da América Latina
por meio de seus povos, culturas e variedades socioculturais, especialmente a rioplatense. Em
Síntesis, apesar da presença de temáticas variadas, predomina uma ênfase mais voltada para a
abordagem gramatical da língua. Esperamos que esta reflexão possa contribuir para os processos de
ensino- aprendizagem de línguas a partir do prisma língua(gem)-sujeito-identidades.

MERCOSUL: um ilustre desconhecido entre alunos e professores de espanhol e um tema ausente


nas redes sociais.
Cleidimar Aparecida Mendonça e Silva (UFG)
Lucielena Mendonça de Lima (UFG)

O MERCOSUL não é um conteúdo ensinado nas aulas de espanhol. Esta é uma das conclusões da
pesquisa realizada entre professores de espanhol da UFG e de português da UNC (Argentina) que
tem como um dos objetivos detectar as representações dos graduandos de Letras/Espanhol e
Letras/Português acerca do MERCOSUL, dos países que o compõem, dos cidadãos e de suas culturas,
das línguas estrangeiras que estudam, de suas variedades, de seus falantes e dos papéis destas
línguas no cenário mundial (como línguas internacionais) e no cenário regional (como línguas de
integração. Dessa forma, problematizamos essa ausência, considerando que há o Estatuto da
Cidadania Sul Americana, no qual se estabelecem os direitos e deveres dos cidadãos do MERCOSUL.
Como podemos fomentar a cidadania “mercosulina” se os cidadãos dos países membros não se
conhecem e por isso têm representações (SILVA, 1999) negativas uns dos outros? Os dados gerados a
partir de um questionário, respondido por cinquenta e sete alunos da Licenciatura em Letras:
Espanhol da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás, e uma entrevista, realizada com
sete professores de espanhol da rede pública de ensino de Goiânia, mostram que a representação do
MERCOSUL, somente como um Bloco Econômico, é difundida pela TV. Defendemos, que é preciso
levar o MERCOSUL como um conteúdo para os currículos e criar possibilidades para que alunos e
professores possam conhecer o MERCOSUL CULTURAL, SOCIAL e EDUCATIVO, inclusive a partir de
intercâmbios estudantis que provaram ser uma experiência que ajuda a relativizar os estereótipos.

As concepções de leitura em material didático do curso de Letras-Espanhol da UAB-UFC


Cleudene De Oliveira Aragão (UECE)
Gleicyane Feitosa Gomes Torres (UECE)

Este artigo, de pesquisa bibliográfica, objetiva descrever e analisar concepções de leitura inseridas no
material didático utilizado na disciplina “Língua Espanhola: Texto e Discurso”, no curso de Letras-
Espanhol da UAB/UFC. Utilizar-se da literatura para fins didáticos significa proporcionar aos alunos
contato direto com a leitura de materiais autênticos, o que contribui sobremaneira para com o
aperfeiçoamento do processo de letramento, uma vez que ser letrado significa ler, inclusive, o que
está por trás das linhas. A literatura promove o contato com situações socioculturais e comunicativas
diversas. Sendo assim, este artigo pretende, também, verificar como a inserção do texto literário no
material didático contribuiu para o desenvolvimento do letramento em ELE. Nossos estudos sobre
leitura, letramento e uso de materiais literários estão ancorados, sobretudo, em Kleiman (1999),
Soares (2006), Cassany (2006) e Aragão (2006).

Propuesta de antología de textos de la Crónica de Guamán Poma de Ayala


Consuelo Alfaro (UFRJ)

La trayectoria de la Nueva Crónica y Buen Gobierno (1615) del indio peruano F. Guamán Poma de
Ayala da pistas de las dificultades de abordar estos textos. Su obra permaneció trescientos años en
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algún archivo, fue a dar a Dinamarca en el siglo XIX y a principios del XX fue oficialmente presentado
a los investigadores. Sin embargo, a pesar del esfuerzo del autor de crear una interlocución con el
cristiano lector, algunos historiadores peruanos de peso de mediados del siglo XX van a juzgar su
discurso como producto del “,,, enredo mental del cronista.” y el texto, lleno de “… errores,
jactancias, contradicciones y absurdos frecuentes” (Porras Barrenechea,1948). Se trata de 1200
páginas en un castellano-pidgin, con 398 dibujos. Proponer una antología de narrativas étnicas,
recogidas de la oralidad ilustradas con dibujos organizados para ese cristiano lector, tiene como
presupuesto que la narrativa, especialmente de la historia antigua, estructura un argumento central,
destinado a probar la naturaleza humana de los indios. Van acompañadas por dibujos que presentan
elementos de la cultura material y la organización social que caracterizan los avances técnicos de la
cultura andina. Esta versión subvierte la versión de algunos cronistas españoles al presentar la
sociedad andina como una civilización organizada sustentada por leyes y principios. La circulación de
una antología como esta seria, en principio, de interés en el universo académico en Brasil que
desconoce el autor y especialmente entre los 8 mil indígenas que cursan licenciaturas en más de 30
universidades brasileñas.

Um estudo comparativo entre os textos unamunianos "Niebla" e "San Manuel Bueno, Mártir"
Cristiane Agnes Stolet Correia (UEPB)

O presente trabalho objetiva investigar as relações existentes entre duas obras de Miguel de
Unamuno: "Niebla" (1914) e "San Manuel Bueno, Mártir" (1930). A comparação se dará em vários
âmbitos, mas especialmente no que tange a dois personagens: Orfeo e Lázaro. Orfeo é o nome do
cachorro que acompanha o protagonista de "Niebla" e Lázaro um rapaz que se faz amigo do padre no
povoado retratado em "San Manuel Bueno, Mártir". Os nomes citados são extremamente
significativos (como todos na obra unamuniana) e, ainda que o primeiro remeta à mitologia e o
segundo à tradição bíblica, há um elo entre ambos: a ida e a volta da morte. Propõe-se, portanto,
analisar em que dimensão esta aproximação divergente dialoga com a filosofia unamuniana. Na
busca deste propósito, será necessário pensar algumas noções criadas pelo autor, como nivola e
bufonada trágica / tragédia bufa, apresentadas no próprio prólogo de "Niebla" e retomadas em
vários escritos unamunianos. Assim, o procedimento adotado para esta investigação se dará com
base no resgate do mito clássico de Orfeu, dos mitos bíblicos de Lázaro e no sentido etimológico dos
vocábulos em questão (tanto dos nomes próprios como do neologismo – nivola - e da expressão
inusitada – bufonada trágica / tragédia bufa), com o intuito de se adentrar mais profundamente o
universo do autor espanhol.

Funcionalismo gramatical e formação de professores de espanhol


Cristiano Silva de Barros (UFMG)

Para que o professor de espanhol possa realizar com seus alunos um trabalho mais discursivo na
construção do idioma e considerar reflexões “sobre o funcionamento da língua, sobre a atuação
lingüística” (NEVES, 2002, p. 259), é preciso que em sua formação (meta)linguística haja um trabalho
baseado em teorias que o levem à compreensão de que o lugar da linguagem não é o lugar da mera
aplicação de um conhecimento prévio recebido, mas sim um lugar de construção e reconstrução, por
parte do sujeito, de conhecimentos existentes e novos, já que, na aprendizagem e no uso, a atividade
linguística não é somente uma atividade de reprodução e ativação de esquemas prévios: é, em cada
momento, um trabalho de reconstrução (FRANCHI, 2006, p. 48). Assim, modelos teóricos que
associem forma e discurso, vinculando o funcionamento da língua à produção de sentido nas
dimensões sintática, semântica, textual, discursiva e pragmática (GUIMARÃES, 2009, p. 55), podem
contribuir com o avanço no domínio e na reflexão sobre o idioma, por parte do futuro professor, pois
fomentam um aprofundamento mais reflexivo em relação à língua em uso e não tratam a gramática
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como um objeto em si mesmo, abstrato e independente dos falantes, dos textos e dos contextos em
que é acionada. Uma vertente teórica que se filia aos estudos da linguagem em uso, e que pode ser
muito rentável para os propósitos antes mencionados, é o funcionalismo gramatical, e o presente
trabalho pretende mostrar como os princípios dessa linha teórica podem nortear e contribuir para
uma formação mais discursiva do professor de espanhol.

Tipologia das orações introduzidas por quando em português e espanhol


Cristiany Fernandes da Silva (UnB)
Heloisa Salles (UnB)

Analisamos a formação das orações introduzidas pela conjunção quando em português e espanhol.
Dentro dos estudos linguísticos, é dado destaque apenas a sua conotação temporal – Vou sair
quando parar de chover/Voy a salir cuando pare la lluvia. Nesses casos, quando equivale a no
momento em que. Todavia, o conectivo se apresenta em contextos sintático-semânticos adicionais,
não destacados comumente. Declerck (1997) apresenta um trabalho tipológico do comportamento
dessa partícula no inglês, mostrando seu uso em orações interrogativas diretas/indiretas, relativas
(livres), função de preposição, contexto de narrativa e sentença atemporal. O objetivo é verificar se
essa classificação se aplica comparativamente ao português e ao espanhol. Preliminarmente, vimos
que o português não apresenta pelo menos dois dos tipos das sentenças levantadas acima em
relação ao espanhol. Na função de preposição – Hubo grandes críticas cuando el estreno de su
obra/*Houve grandes críticas quando a estreia da sua obra – e na função de advérbio relativo – Este
traje lo llevaba el día cuando se casó/*Esse vestido, levava-o o dia quando se casou (BRUCART, 1999;
MÓIA, 2001; GALLEGO, 2011). A hipótese é a de que há implicação entre o uso de cuando como
preposição e como advérbio relativo. A ausência de um acarreta a ausência do outro. Em português,
a obrigatoriedade no uso da preposição ‘de’ como regente do sintagma nominal (quando da estreia)
e da preposição ‘em’ como regente do sintagma adjunto circunstancial (o traje que usava no dia)
confirma a impossibilidade da ocorrência como advérbio relativo.

Criança e poesia: aspectos mito-poéticos na obra Quando as montanhas conversam/ Cuando los
cerros conversan
Daiane Lopes (UNISC)

O propósito principal deste trabalho é a análise da obra bilíngue infantil Quando as montanhas
conversam/ Cuando los cerros conversan. Ao escrevê-la em língua portuguesa e em língua
espanhola, Glória Kirinus, escritora peruana residente em Curitiba-PR, inova a poesia infantil
contemporânea e destaca a inter-relação de culturas. Nesse sentido, a escrita do referido texto se
configura na tentativa de assinalar as fronteiras linguísticas e culturais existentes na América Latina,
especificamente, entre Brasil e Peru, temáticas enfatizadas neste estudo. Discorreremos, assim,
sobre o aspecto lúdico que envolve o texto poético, argumentando sobre sua presença constante na
infância. Apresentaremos a ideia de que a criança possui uma identidade mito-poética e
verificaremos como a concepção de leitor-mirim enquanto protagonista do processo de
compreensão do texto poético é explicitada pela autora. Para tanto, ponderaremos sobre o
antropomorfismo, aspecto característico do saber mítico e presença constante na literatura
destinada às crianças, com o intuito de verificarmos a maneira com que Kirinus brinca com
imaginário infantil. Salientaremos a presença das memórias da infância peruana no texto e o diálogo
que estabelecem com o leitor-mirim, além de ressaltarmos o trabalho lúdico com a palavra e sua
relação com a oralidade.
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O intelectual e o poder em Frente al frente argentino de Augusto Roa Bastos


Damaris Pereira Santana Lima (UFMS)

O intelectual latino-americano faz parte de um contexto que não possui a pretensão de dar respostas
universais e fechadas aos problemas que se apresentam. No entanto, para Nercolini , em seu artigo
O intelectual latino-americano hoje – caminhos e descaminhos, “O intelectual parece ser aquele que
pensa criticamente a partir de um olhar local, abarcando suas especificidades, sem perder de vista o
global.” (NERCOLINI, 2002). É o caso de Roa Bastos que parte dos problemas da realidade paraguaia,
nela refletindo o que é universal. Nesse sentido, Roa Bastos não se baseia em modelos de outros
países, mas tem um olhar próprio para a representação da realidade hispano-americana,
especificamente a realidade paraguaia. Uma das atividades suscetíveis à intervenção dos intelectuais
é proteger o passado e impedir o seu desaparecimento, além de construir campos de coexistência
em vez de campos de batalha, pois, “o intelectual é talvez uma espécie de contramemória com seu
próprio discurso contrário que não permitirá que a consciência baixe seus os olhos ou adormeça.”
(SAID, 2004, p. 49). Roa Bastos é consciente de que utilizou o poder da arte para exercer seu papel de
intelectual. Para ele a literatura deve integrar-se plenamente com a função que lhe corresponde, ao
conjunto de todos os meios e atividades que conduzem à liberdade. Neste trabalho será apresentada
a análise sobre o intelectual e o poder em “Frente al frente argentino”, texto que integra a obra Los
conjurados del Quilombo del Gran Chaco, texto que propõe a reflexão sobre o poder da palavra e da
arte como libertadores do ser humano.

O pós-guerra civil espanhola ficcionalizado em "Madre, no entiendo a los salmones", de


Montserrat Roig
Daniel Carlos Santos da Silva (USP)

O objetivo desta comunicação é analisar as diferentes vozes presentes no conto "Madre, no entiendo
a los salmones", de Montserrat Roig. Para tanto, buscamos refletir sobre como os discursos
presentes no texto confluem para a representação de um todo, caracterizado por uma identidade
espanhola marcada pelas consequências do pós-guerra civil. Com isso, visamos a discussão sobre a
homogeneização da sociedade espanhola, imposta pelo regime ditatorial de Franco, e a relativização
do discurso da história oficial do país, que será contraposto ao discurso literário. Sendo assim,
baseamo-nos nas discussões referentes ao conceito de mimesis, somadas ao estudo da relação entre
literatura e sociedade e aos aspectos socioculturais da Espanha sob o regime ditatorial. Desse modo,
buscamos compreender como a estrutura fragmentária reflete a fragmentação da identidade
espanhola, fazendo-nos refletir sobre os possíveis sentidos presentes no conto. Este, por sua vez,
aponta para a existência de um discurso não oficial e o consequente engajamento de Montserrat
Roig em questões referentes à sociedade espanhola contemporânea.

Orientação e revolução sexual nos livros didáticos? Políticas por trás da obra e da crítica
Daniel Mazzaro Vilar de Almeida (UNIFAL-MG/UFMG)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), de 1998, apresentaram um texto sobre Orientação


Sexual que sugeria a inclusão da discussão desse tema transversal de forma “a sistematizar a ação
pedagógica da escola no trato de questões da sexualidade” (BRASIL, 1998, p. 287) e evitar a ideia de
que o assunto deveria “ser lidado apenas pela família” (BRASIL, 1998, p. 291). Desde então, os
materiais didáticos de algumas áreas, a passos contidos e frequentemente circundando o lugar
comum, têm tentado dar conta desse tema. No PNLD 2014, foram aprovadas algumas coleções de
línguas estrangeiras que propuseram uma (re)leitura das famílias e dos papéis de gêneros de forma
transgressora e, como não poderia ser diferente, receberam algumas críticas por essa razão. Este
trabalho se propõe a interpretar algumas críticas divulgadas em jornais brasileiros e que foram feitas
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a uma das coleções de língua espanhola. Com base na Teoria Queer, teoria na qual me debruço para
realizar minha pesquisa de doutorado em Análise do Discurso, retomarei algumas considerações de
Judith Butler de forma a englobar estudos sobre o discurso, os gêneros, os sexos e as sexualidades,
além de me apoiar na seção sobre Orientação Sexual dos PCN, a fim de propor uma interpretação
das políticas de gênero por trás tanto da coleção de língua espanhola como das críticas que esta
recebeu, de forma a buscar (in)compatibilidades entre a própria ideia de gênero/sexualidade
defendida pela TQ, pelos PCN, pelo livro didático e pelas críticas.

O embate entre línguas no Diccionario Panhispánico de Dudas


Daniela Ioná Brianezi (USP)

Apresentamos neste trabalho alguns resultados da dissertação de mestrado defendida na


Universidade de São Paulo em 2014. Tomamos como base a articulação feita no Brasil entre a Análise
do Discurso e a História das Ideias Linguísticas, recortando verbetes da letra “L” da nomenclatura do
Diccionario Panhispánico de Dudas (DPD), da “Real Academia Española/RAE” e da “Asociación de
Academias de la Lengua Española/ASALE”, e, mais especificamente, nos concentramos – a partir da
análise que realizamos das próprias páginas introdutórias desse dicionário – nos topônimos e
extranjerismos. A análise do funcionamento de tais verbetes nos leva a detectar que certos
enunciados definidores da 22ª edição do Diccionario de la Lengua Española (DRAE) ressoam no DPD,
assim como também nos leva a observar que as recomendações apresentadas nesta última obra são
retomadas na 23ª edição do DRAE, cuja publicação se dará em outubro de 2014. Lembramos que tal
análise é possível porque os verbetes reformulados para esta edição já podem ser consultados no
site da Real Academia Española. Além disso, detectamos no DPD gestos reguladores que para
“defender” a língua espanhola entram em um embate tanto com as línguas que habitam o território
do país no qual o dicionário foi publicado, a Espanha, quanto com as que habitam o espaço exterior a
ele, de modo a sempre tentar “controlar” a maneira pela qual os sujeitos hispano-falantes se
relacionam com as formas que, de nosso ponto de vista, funcionam como marcas que da memória de
outras línguas há no funcionamento da espanhola.

Sobre el funcionamiento de ciertos pre-construidos en los títulos de diccionarios de lengua


española: las marcas de una historia.
Daniela I. Brianezzi (USP)
María Teresa Celada (USP)
Michele Costa (USP)

A partir del lugar teórico abierto por la articulación entre el Análisis del discurso (AD) de línea
materialista y la Historia de las Ideas Lingüísticas (HIL), tal como viene siendo realizada y desarrollada
en Brasil, abordaremos el proceso de naturalización de ciertas designaciones en el campo de la
lexicografía hispánica: especialmente el caso de ciertos determinantes que pasan a especificar el
nombre “diccionario”, tales como “integral”, “de regionalismos” (o de –ismos), “de dudas”, entre los
principales. Todas ellas materializan los efectos de un juego de fuerzas instaurado por la
contradicción histórica constitutiva del proceso de (des)colonización lingüística que pensamos que
atraviesa el referido campo de producción de instrumentos lingüísticos. Esa naturalización que,
inclusive, contribuye a que tales designaciones funcionen como evidencias (pre-construidos) en el
propio campo de los estudios lexicográficos – hecho que lleva a que no se las someta a reflexión y,
por ello mismo, sean retomadas por efecto de una especie de filosofía espontánea (PÊCHEUX, 1975)
– llega a su máxima expresión cuando las mismas pasan a formar parte de los títulos de los propios
diccionarios.
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A literatura infantojuvenil brasileira traduzida para o espanhol: um estudo de caso sobre as


traduções de “Bisa Bia, Bisa Bel” de Ana Maria Machado
Danielle Amanda Raimundo da Silva (UFSC)

Inscrito na interface entre Estudos Descritivos da Tradução, Tradução de Literatura Infantojuvenil e


Estudos da Tradução com base em Corpus, são objeto de análise desta pesquisa as diferentes
traduções para o espanhol da obra “Bisa Bia, Bisa Bel” de Ana Maria Machado. Originalmente
publicada no Brasil em 1982, essa obra tem todas as suas traduções para o espanhol intituladas “Bisa
Bea, Bisa Bel”. A primeira edição foi lançada na Espanha em 1988 por Editorial Noguer, S.A. com
tradução de Rafael Morales e ilustrações de Eulalia Sariola. A segunda edição foi publicada no México
em 1997 pelo Fondo de Cultura Económica com tradução de Fátima Andreu e ilustrações de Vicent
Marco. Diferindo-se da segunda edição pelas ilustrações de Ignasi Blanch e nova diagramação, a
terceira edição foi lançada em 2012, servindo de base para a primeira edição eletrônica (Kindle Book)
publicada em 2013. Em linhas gerais, a presente comunicação visa discutir as escolhas tradutórias
adotadas em relações aos itens de especificidade cultural brasileiros presentes no texto-fonte
através da analise do papel do tradutor e do ilustrador como mediador/filtro cultural.

La cultura y su función componencial de la propuesta multidimensional-discursiva: la ciudad del


poeta colombiano del siglo XX
David Alonso Bueno Baena (Unicamp)

Existe, entre los formaores de lengua, la creencia de que la cultura es importante para la enseñanza
pero también de que no hay tiempo suficiente para ahondar en ella por lo que esta acaba siendo
banalizada en muchos casos. Presentamos el resultado de la investigación de un estudio de caso de
implementación de la propuesta multidimensional-discursiva (SERRANI, 2005; 2010), teniendo como
foco el tema cultural de la vida en ciudad (BARTHES, 2001; GAGGIOTTI, 1996; 2001) y, por corpus,
una selección de poemas colombianos del siglo XX. Se presentará, en una primera etapa, cómo está
involucrada la cultura como función “norteadora” del currículo multidimensional-discursivo. Ya en la
segunda parte, presentaremos una breve ejemplificación de cómo la cultura y la propuesta
multidimensional-discursiva de Serrani convergen en una selección de poemas colombianos aplicada
a aprendientes de ELE de graduación de la UNICAMP. Ejemplificaremos el trabajo con poemas de
autores colombianos de renombre nacional e internacional como Rafael Pombo, José A. Silva, Luis
Vidales, Aurelio Arturo, Giovanni Quessep, William Ospina y Juan M. Roca, cada uno representativo
de un periodo importante del siglo XX colombiano. La reflexión nos permitirá señalar una no
dicotomía lengua-discurso y, por consiguiente que tanto la materialidad lingüística como los procesos
discursivos son uno de los elementos primordiales para lograr transformaciones simbólico-
identitarias en los aprendientes.

Línguas para crianças: por uma análise crítica de livros didáticos de espanhol nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental
Dayala Paiva de Medeiros Vargens (UFF)

A implementação do ensino de línguas nos anos iniciais do Ensino Fundamental inaugurou-se


recentemente nos sistemas de ensino público dos Municípios do Rio de Janeiro e de Niterói. É para
esses contextos educacionais que se volta a presente investigação com o objetivo de iniciar reflexão
no âmbito acadêmico sobre a análise de materiais didáticos destinados aos alunos dos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental. Alguns motivos incentivam o desenvolvimento desta investigação: a
inexistência de um processo oficial de avaliação de livros didáticos de línguas estrangeiras nos
moldes do que ocorre no Programa Nacional do Livro Didático-PNLD de Línguas Estrangeira Moderna
nos âmbitos dos anos finais do Ensino Fundamental (desde 2011) e do Ensino Médio (desde 2012); a
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escassez de pesquisas voltadas para o ensino de línguas para crianças no Brasil e a necessidade de
ampliação desse objeto de estudo na formação de professores de línguas. Como fundamentação
teórico-metodológica, a pesquisa segue a concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2000) e
pressupostos da Análise do Discurso de base enunciativa (MAINGUENEAU, 2002). Além de fazer
mapeamento sobre as pesquisas dedicadas no Brasil ao ensino de línguas para os Anos Iniciais do
Ensino Fundamental, nesta apresentação, prioriza-se a análise de coleção didática utilizada
atualmente na rede de ensino público de Niterói, apontando para a necessidade de ampliação da
discussão sobre critérios utilizados na seleção dos materiais didáticos de línguas para crianças.

A ponte possível entre o “real” e o ficcional: análise do relato de uma sobrevivente da última
ditadura militar argentina
Debora Duarte dos Santos (USP)

Em “El texto histórico como artefacto literário” (2003), Hayden White demonstra que a história é
parte integrante de um todo muito mais complexo, contraditório e paradoxal: o processo de
tradução do “real” para o verbal, isto é, a própria escrita. Para o teórico: “Cómo debe ser configurada
una situación histórica dada depende de la sutileza del historiador para relacionar una estructura de
trama específica con un conjunto de acontecimientos históricos a los que desea dotar de un tipo
especial de significado. Esto es esencialmente una operación literaria, es decir, productora de ficción
y llamarla así en ninguna forma invalida el status de las narrativas históricas como proveedoras de un
tipo de conocimiento. (2003, p. 115). Do mesmo modo, em Ficción, testimonio y debate social:
acerca de Recuerdo de la muerte de Miguel Bonasso, o assunto é retomado por García quando esta
aponta que: “[…] el acto de leer o escribir supone una elección de estilo o temática en función de una
postura ideológica relacionada con una determinada acción que se pretenda llevar a cabo a través
del texto” (GARCÍA, 2002, p. 37). Consoante, o presente trabalho visa discutir o relato de uma
sobrevivente da última ditadura militar argentina, cujo valor testemunhal está imerso tanto nos
fluxos da história quanto atrelado à memória, e ao seu consequente oposto: o esquecimento.
Sustentamos nossas considerações na prerrogativa de que não é possível conjeturar a própria
experiência sem que esteja nos interstícios do gesto discursivo uma postura flutuante entre o
“passado” e o presente; entre o “real” e o ficcional. Há que se considerar que na contemporaneidade
é flagrante a inexistência de um eu sobrepujado pela orientação cartesiana, inclusive porque, como
enfatiza Seligmann-Silva: “[...] nossa visão de mundo sempre determinará nossos discursos e a
reconstrução da história”, pois já “[...] não podemos mais contar com discursos puros”, (2003, p. 17-
18).

O ensino de língua espanhola no Instituto Federal da Bahia: construindo uma proposta de ensino
intercultural para a diversidade afrolatina
Deise Viana Ferreira (UFBA)

Esta apresentação tem por objetivo propor um diálogo do ensino de espanhol com a diversidade
étnico-racial na pesquisa que está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Língua e
Cultura da Universidade Federal da Bahia. A partir da Lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que
estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana e da Lei 11.161,
de 05 de agosto de 2005, que regulamenta o ensino de língua espanhola como oferta obrigatória
para o Ensino Médio no Brasil surge a presente investigação. Pretende-se averiguar de que forma os
conteúdos de educação das relações étnicas e raciais, como temáticas que dizem respeito aos
afrolatinos são contemplados na prática de ensino no Instituto Federal da Bahia. Tendo como base a
abordagem intercultural, concebida por Mendes (2004) como a força potencial que pretende
orientar as ações dos professores, alunos e de outros envolvidos no processo de ensino-
aprendizagem de uma nova língua-cultura (...) com o objetivo de promover a construção conjunta de
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significados para um diálogo entre culturas. Desta forma, objetiva-se descrever qual é a postura do
professor frente às questões étnico-raciais e refletir sobre propostas didáticas para um ensino-
aprendizagem plural que fomente outras práticas e discursos sobre o modo de se pensar cultura e
ensino.

Concurso para professor de língua estrangeira: embates e renormalizações em um processo


seletivo
Del Carmen Daher (UFF)

A prática institucional da realização de concursos públicos dinamiza um complexo sistema


administrativo-pedagógico, envolve diferentes campos do saber e ritos interlocutivos. O trabalho
relatará conflitos, impasses e alianças vivenciados durante processo de seleção de professor de
língua estrangeira (espanhol) de uma das maiores redes municipais brasileiras. Vincula-se a pesquisas
anteriores realizadas no âmbito do GRPesq PRÁTICAS de linguagem, trabalho e formação docente
(CNPq 2010-2013 3 2014-2014) e teve como principal objetivo colaborar para a desnaturalização
dessa prática seletiva, de forma a buscar a valorização do trabalho docente e a constituição de um
processo seletivo mais democrático. Considera propostas teóricas advindas dos estudos de
linguagem (FOUCAULT, 1969; MAINGUENEAU, 1985), em especial, o conceito de prática discursiva, e
de pressupostos da abordagem ergológica (SCHWARTZ,1998, 2002), tais como o debate de normas,
os saberes acadêmicos e os saberes da experiência).

O espaço disciplinar do espanhol no Brasil e a formação docente: autonomia, hegemonia e


(des)interesses
Denise Trento Rebello de Souza (USP)
Edilson da Silva Cruz (USP)

Este trabalho busca analisar o espaço disciplinar de língua espanhola no Brasil, desenvolvido
enquanto espaço acadêmico, cujos interesses e disputas se refletem e refratam no campo mais
amplo da educação, onde a língua espanhola está presente como disciplina escolar (lei 11.161/05). A
partir da noção de campo (Bourdieu), retomamos a história recente da área para mapear seu
processo de autonomização enquanto “campo científico” regido por regras e interesses próprios, e
cuja “violência simbólica” é o alvo e a razão pela qual se disputa. Ao mesmo tempo, buscamos situar
nesse processo as polêmicas envolvendo a formação docente, sobretudo quanto ao Projeto OYE
(2006) e o acordo entre o MEC e o Instituto Cervantes (2009), entendidos como momentos onde o
direito de entrada no campo está em jogo. Dessa forma, o debate público em torno à legitimidade
das instituições envolvidas ou buscando se envolver na formação de professores de espanhol, faz
emergir estratégias diferentes segundo a posição que se ocupa no campo. De um lado,
representantes do campo acadêmico manifestam sua contrariedade diante da possibilidade do
Instituto Cervantes poder formar professores no Brasil. Por outro, o mesmo instituto e outras
instituições ligadas à sua política de promoção linguística engendram um discurso que dialoga com a
lógica própria dos campos de produção cultural: a lógica do desinteresse, que pressupões a negação
de motivações econômicas em prol de outras, desinteressadas financeiramente (“ajudar o Brasil a
formar professores”).

Letras y Mediación Cultural


Diana Araujo Pereira (UNILA)

Esta presentación tiene dos objetivos: 1) reflexionar sobre la carrera de Letras desarrollada en la
Universidad Federal de la Integración Latinoamericana (UNILA) y 2) reflexionar sobre el concepto
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mismo de mediación cultural. La carrera Letras, Artes y Mediación Cultural – de carácter inovador –
propone, como campo laboral para el egreso, la actuación en variados contextos artístico-culturales.
En un siglo en el que la imagen cobra cada vez más importancia, asociada al avance tecnológico,
cómo pensar las letras solamente vinculadas al tradicional contexto guttembergiano, sin reflexionar
sobre sus relaciones con otros marcos y soportes? Ya no es posible diferenciar al lector del
espectador, ya que ambos interactúan con imágenes y palabras en todos los ámbitos sociales,
políticos y culturales. Lo que se impone cada vez más es la interconexión de lenguajes del arte como
consecuencia de la nueva ordenación espacio-temporal que se sobrepone a la linealidad del
pensamiento moderno. Con Canclini (2007) proponemos un nuevo protagonismo: un “actor
multimodal que lee, ve, escucha y combina materiales diversos, procedentes de la lectura y de los
espectáculos.” Esta sería una de las vertientes que entendemos como mediación cultural: la
mediación entre lenguajes del arte, puestos en conexión. La segunda acepción es la que nos trae
Teixeira Coelho (2000), al problematizar las relaciones entre arte, cultura y política, llamando la
atención a las “guerras culturales” que disputan espacios de poder en el actual sistema mundo
marcado por nuevos intereses geopolíticos. Las letras – literaturas, linguística y traducción – forman
un espacio fundamental desde el cual reflexionar sobre el rol de América Latina en el nuevo contexto
global, como lugar de encuentros de memorias, imaginarios y lenguas, es decir, como territorio de
experimentaciones interculturales cuya circunstancia americana (Edgar Montiel, 1993) pone en jaque
el eurocentrismo a través del “alto voltaje creativo” de sus sociedades.

Inferenciação e Leitura em Livros Didáticos de Espanhol – Língua Estrangeira: um olhar cognitivista


sobre as atividades propostas e as respostas dos alunos
Diego da Silva Vargas (UNIRIO)

Este trabalho tem como objetivo compreender como os alunos interagem, em sala de aula, com
atividades de leitura apresentadas em livros didáticos de Espanhol – Língua Estrangeira (LDLE). Para
isso, foram selecionadas sete coleções voltadas para o ensino fundamental, lançadas entre os anos
de 2005 e 2013. Em um primeiro momento, foram analisadas as atividades de leitura presentes nos
livros do 6º ano de cada uma das coleções, com base na categorização proposta por Vargas (2012) –
questões literais, questões inferenciais e questões de ativação de conhecimento prévio. Nosso foco
está, portanto, em entender como os livros trabalham com as possibilidades de gerações de
inferências pelos alunos ao longo das leituras dos textos neles apresentados e como os alunos
explicitam as inferências geradas ao longo de suas leituras ao responderem a essas atividades.
Posteriormente, foram selecionadas atividades de leitura de cada livro analisado e aplicadas com
estudantes do 6º ano do ensino fundamental de uma escola pública da rede municipal da cidade de
Niterói-RJ. Com base em um aporte teórico derivado dos Estudos em Cognição, nossos resultados
apontam para o fato de que, apesar de se notar um avanço no trato com os textos nos LDLE nos
últimos anos, ainda se prioriza uma visão de leitura como produto e reprodução, ignorando-se os
processos inferenciais desenvolvidos pelos alunos ao longo de suas interações com os textos. De
igual maneira, as respostas dos alunos revelam dificuldades na explicitação dos processos
inferenciais, ao mesmo tempo em que revelam o caráter situado e normatizado da cognição e da
leitura que se desenvolve em sala de aula.

Jornalismo e memória na trilogia colombiana de Juan Gabriel Vásquez


Diogo de Hollanda Cavalcanti (UFRJ)

Este trabalho faz parte de uma pesquisa de doutorado sobre a obra do autor colombiano Juan
Gabriel Vásquez. A proposta da comunicação é analisar um tema ainda pouco explorado da ficção de
Vásquez e bastante presente na literatura contemporânea: as relações ambíguas e inescapáveis do
jornalismo com a memória coletiva. Passíveis de serem lidos como uma trilogia, cujo vínculo principal
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é a abordagem consecutiva do passado colombiano, os três romances que investigo – Los


informantes (2004), Historia secreta de Costaguana (2007) e El ruido de las cosas al caer (2011) –
mostram o jornalismo como elemento incontornável nos esforços de reconstrução memorial
empreendidos pelos protagonistas. Nas três obras, o jornalismo atua em três dimensões
contraditórias: como meio de preservar a memória, instrumento da história oficial e, finalmente,
produtor de esquecimento. Para discorrer sobre as três facetas, trabalharei com textos de Walter
Benjamin, Friedrich Nietzsche, Jorge Luis Borges, Jean Lacouture, entre outros.

Militarismo no romance republicano: Comparatismo literário entre o Brasil e a América Hispânica


Dionisio David Marquez Arreaza (ULA)

O modo de narrar o idealismo nacionalista em meio de guerras nacionais coloca em diálogo a


estrutura da personagem em Triste fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto e En este país...! do
venezuelano Urbaneja Achelpohl, com o fim da era do caudilho e do Império, respectivamente. O
percurso fracassado de Policarpo Quaresma e Gonzalo Ruiseñol constrói a fala política de cada
romance através da integração da forma narrativa e a conjuntura bélica definida, no caso, pelas
históricas Revolta da Armada (1893-1894) e a Revolución Libertadora (1901-1903). A idealidade
pessoal e a exclusão dela na guerra interligam a descrição psicológica da personagem e o violento
processo de inserção econômica da América Latina no mercado internacional. O estilo dos textos
veiculam uma crítica à atuação militar revelando, nesse percurso, os males de origem da república
em cada país e, por outro lado, as funções distintas do realismo literário na América Latina.

Alice no país da interculturalidade: desafios de uma proposta para o ensino da língua espanhola
nas escolas
Doris Cristina Vicente da Silva Matos (UFS)

As práticas pedagógicas e muitos materiais didáticos utilizados em sala de aula ainda reproduzem
visões reducionistas e preconceituosas da noção de cultura. Silva (2008, p. 178) menciona o fato de
que o professor está “fadado a usar um livro imperfeito”, sendo tarefa dele preencher as lacunas e
corrigir suas deficiências. Por isso, faz-se necessário reformular as bases teóricas que sustentam
nosso trabalho e construir novos conceitos e novas abordagens de se ensinar e aprender línguas
estrangeiras privilegiando a diversidade cultural e a realidade de nossos alunos. Dentre estas
abordagens defendo o trabalho a partir de uma perspectiva intercultural, tanto em sua execução nas
escolas de ensino básico, quanto na formação dos professores nos Cursos de Letras. Nesta
comunicação, apresento um recorte de parte do corpus de minha Tese de Doutorado, desenvolvida
na Universidade Federal da Bahia, na qual, dentre outras questões, investiguei se os professores de
língua espanhola são capazes de produzir materiais que promovam o diálogo intercultural no
contexto sociocultural brasileiro. Esta pesquisa insere-se na área de Linguística Aplicada e os
resultados alcançados apontam que o confronto com o outro a partir de nossas experiências pode e
deve fomentar a abertura à diversidade, ocasionando o diálogo intercultural, a partir do
entendimento das diferenças e semelhanças existentes. Este estudo está fundamentalmente
baseado em: MENDES (2007, 2008, 2011), MOITA LOPES (2006), PARAQUETT (2009, 2010) e SILVA
(2012).

Pedro Lemebel: entre a performance e a autoficção


Eder Porto de Santana (UFBA)

O estudo pretende analisar a questão da autoria na contemporaneidade, estabelecendo algumas


leituras sobre o apelo autobiográfico do escritor naquilo que se propõe escrever. Para isso, procurar-
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se-á mais precisamente estabelecer algumas evidências de escrita performática e autobiográfica,


além de uma possível autoficcção, dentro de suas respectivas teorias. Para isso, utilizar-se-á como
corpora deste estudo alguns contos dos livros "La Esquina Es Mi Corazón" e "Adiós Mariquita Linda",
ambos do escritor chileno Pedro Lemebel. A escrita de Pedro Lemebel advém de uma experiência
como performer e da sua militância política dentro do contexto político chileno nos anos 1980 e
1990. A sua narrativa está politicamente construída através de estéticas marginais e de identidades
que "incorpora", como a tipologia da loca latino-americana. A performance escrita do escritor possui
o seu viés diretamente discursivo em favor de identidades sociais socialmente excluídas, tais como o
travesti aidético, o indígena proletário e os jovens da periferia, etc. . Contudo, a referência direta a
sua própria figura de escritor em algumas crônicas sugeriria também uma construção autoficcional,
ou seja mais privada do que pública.

César Brie e o Teatro de los Andes: processos dramatúrgicos de reconstrução da memória


Éder Rodrigues (UNIR)

Os estudos sobre o texto teatral contemporâneo latino-americano têm expandido suas fronteiras
relacionais ao incorporar nas suas análises o processo de criação vivenciado na sala de ensaio à
escrita cênica. Trata-se de uma práxis que reconhece como poética dramatúrgica não só a palavra,
mas também todos os elementos das outras linguagens capazes de conferir teatralidade ao
prospecto eleito. Esta tem sido uma característica de coletivos teatrais latino-americanos que
elaboram coletivamente a dramaturgia de seus espetáculos como forma de acentuar o caráter
dinâmico da escritura teatral. Nesta perspectiva, concentro esta reflexão na obra "Otra Vez Marcelo"
de César Brie e o trabalho desenvolvido junto ao grupo Teatro de los Andes. Na peça em questão,
analiso a textura polifônica e os procedimentos dramatúrgicos utilizados para fundir a violência do
período ditatorial com a estética lírica proposta, além do caráter performático que elucida
estratégias de memória e resistência junto ao corpus extra-oficial das sociedades da América Latina.
Palavra e imagem se fundem como forma de ratificar o movimento memorialístico que a teatrografia
do grupo Los Andes privilegia e encena.

Preferências leitoras de sujeitos em aulas de E/LE: uso do texto literário na formação de alunos da
licenciatura em espanhol do CAMEAM/UERN
Edilene Rodrigues Barbosa (UERN)
Marta Jussara Frutuoso da Silva (UERN)

A literatura em qualquer uma de suas manifestações é o reflexo cultural de um povo, é uma fonte
inesgotável para aprender uma língua. Cada autor cria uma forma peculiar de olhar e interpretar o
mundo. Falar sobre literatura é traduzir uma prática social, pois através do trabalho com a leitura
literária entramos no mundo do outro. Dentro dessa perspectiva em relação às muitas ações da
leitura nos nortearemos no trabalho com literatura, pois através dela podemos experienciar outras
sensações. Dessa forma, apresenta-se como objetivo geral deste trabalho investigar como o
professor usa os textos literários em aulas de espanhol como língua estrangeira na formação de
alunos da licenciatura em espanhol do Campus Avançado Maria Elisa de Albuquerque Maia
(CAMEAM) e como esses textos são recepcionados pelos alunos. Como metodologia utilizada,
realizaremos uma análise através da aplicação de questionários e entrevistas com professores e
alunos de duas turmas da licenciatura, bem como a observação direta das aulas de língua espanhola
com o intuito repensar as práticas pedagógicas. Para um olhar aprofundado, a pesquisa foi
subsidiada nas concepções de Candido (1976) que nos apresenta estudos sobre a teoria literária e a
sua relevância para a sociedade. Nos serviremos também dos conceitos e estudos de Cosson (2006),
Rangel (2005), Rojo (2009) e Soares (2001-2003), que desenvolvem estudos na perspectiva do
letramento e letramento literário. Sendo assim, como resultado de pesquisa apresentaremos as
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reflexões concernentes ao uso do texto literário nas aulas de E/LE com o objetivo de melhorar e
aperfeiçoar cada vez mais o processo de ensino e aprendizagem.

Digressões nos intertítulos das traduções de Eugenio Amado, no primeiro volume de 1983, editora
Itatiaia, comparados com a tradução de 2005, editora Vila Rica, do Don Quixote de la Mancha de
Miguel de Cervantes
Edmilson Moreira Rodrigues (UFMA/UFF)
Lygia Rodrigues Vianna Peres (UFF)

Este é um texto que se faz por si mesmo. Ligeiro como um ensaio sobre fidelidade, no campo mais
nostálgico dos estudos literários – a tradução. Para Ortega y Gasset (1937), “la traducción no es la
obra, sino un camino hacia la obra”. Desse modo, os intertítulos, Genette (2009), ao estilo do autor,
devem ser mantidos? No Capítulo XXIX, temos: “Que trata de la discreción de la hermosa Dorotea,
con otras cosas de mucho gusto y pasatiempo.”, e na digressão traduzida: “Que trata do gracioso
artifício e plano que se organizou para tirar o nosso enamorado cavaleiro da tão áspera penitência
em que se havia posto”, afirmando que, “A tradução, segundo Theodor (1968), não vem a ser nem
reprodução fiel nem criação literária”, ainda que haja uma equivalência presumida: “Que trata da/o”
como parte do “desdobramento permanentemente renovado, que a vida do original alcança”?
(Benjamin, 1989). Tal desdobramento causa estranheza ao leitor quando não encontra, “os hábitos
linguísticos do autor”: Capítulo XXX: “Que trata del gracioso artifico y orden que se tuvo en sacar a
nuestro caballero de la asperísima penitencia en que se había puesto”; Pois, “Sólo cuando
arrancamos al lector de sus hábitos lingüísticos y le obligamos a moverse dentro de los del autor, hay
propiamente traducción” (Ortega y Gasset, 1937). E, quando na “equivalência de tradução” o
“camino” é outro, Capítulo XXX: “Que trata da discrição da formosa Dorotéia, e de outros cosias de
muito gosto e passatempo”, podemos afirmar a infidelidade na “tarefa do tradutor”? Eis o nosso
objetivo: investigar as digressões intertitulares da tradução em cotejo.

A escrita literária na América Latina e as arquiteturas da genealogia e da identidade


Edson Oliveira da Silva (UEFS)

Parte integrante do jogo de relações históricas, políticas, culturais e filosóficas de determinado grupo
social, a literatura para além de problematizar o referencial estético mobilizado pela própria noção
de arte, quando entendida como artifício de trabalho com a linguagem e com o reordenamento dos
signos,também potencializa os campos de tensão e poder instaurados pelo desdobramento das
práticas discursivas produzidas pelos sujeitos. Neste caso, em oposição a qualquer perspectiva
essencialista sobre o fazer artístico, a literatura se destaca em virtude de mobilizar os mesmos
aspectos de representação que são suscitados em torno da própria ideia de língua e nacionalidade,
de modo que as questões de raça, gênero, etnia, religião, dentre algumas outras, sejam entendidas
enquanto forças oblíquas, determinantes para a compreensão das subjetividades que ilustram as
diferenças culturais e nacionais, e para a configuração da escrita literária em si mesma. Assinalada
por um jogo multirreferencial de poder, imaginamos que a literatura produzida na América Latina,
ainda hoje, está inscrita no centro das hierarquias culturais do eurocentrismo. Assim, pois,em face de
tais considerações, o objetivo principal deste trabalho constitui-se através da discussão das
condições de produção da escrita literária na América Latina, levando-se em conta a sua história, as
suas tensões, bem como as principais noções de genealogia e identidade, tomando por base a análise
do romance Los dectetives salvajes, de Roberto Bolaño.
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Adeus Macondo!
Eduardo Andrés Mejía Toro (UFMG)

Nos anos de 1982, ao receber o Nobel, García Márquez acreditava no futuro das nações da América
Latina, ainda com todas as problemáticas do continente, segundo ele, tínhamos “a força vital e o
potencial criador” para mudar nossas realidades. Porém, na virada para os anos 90’s a terrível
violência que arrasou a Colômbia vestiu com uma forte desesperança o país. Alguns dos escritores
tiveram que mudar o estilo de suas narrativas, pois, a realidade maravilhosa na América Latina
continuava desbordando a imaginação, só que neste momento, num sentido contrario, em direção
ao terror. O próprio García Márquez percebeu esta realidade e retomando seu estilo de cronista
escreveu Noticia de un secuestro (1996), uma reportagem motivada pelo ápice da violência e do
narcotráfico no país, tema que exigia um tratamento muito além do conhecido realismo maravilhoso.
Nasce uma nova geração: de um lado a obra de Fernando Vallejo se desenvolverá com um olhar
extremadamente crítico, pessimista e desmistificador da humanidade. De outro lado, Evelio Rosero
interpretará no seu romance Los Ejercitos (2006), o destino de uma população sumida no meio de
guerrilhas, paramilitares, narcotraficantes... Ele descreverá na sua obra a personagem principal da
nova realidade colombiana: o medo. Estes autores, assim como suas obras, têm representado para a
crítica um banho de água gelada que ainda não reconhece nelas o mítico lar de Macondo.

Por trás do véu e da espada: o disfarce subjacente à representação das personagens cervantinas
Edwirgens Aparecida Ribeiro Lopes de Almeida (Unimontes)

A proposta de leitura de El celoso extremeño e Las dos doncellas se apoia na liberdade de


interpretação proposta no Prólogo das Novelas Ejemplares. Nessa perspectiva, tomamos a iniciativa
de refletir sobre esses textos tendo em vista o discurso mantenedor da ordem da época, sobretudo,
o relacionado com a moral e a religião, orientado pelos códigos de conduta e tratados morais e a
relação que se estabelece na representação da vida em sociedade, presente na arte literária. Vemos,
nessas narrativas, alguns rompimentos com relação aos perfis de gênero proeminentes naquele
contexto em que predomina a superioridade masculina. Como o texto materializa contradições
evidentes, através delas, somente conseguimos mostrar que a ficção, com uma estratégia de
representação da sagacidade da vida em sociedade, ultrapassa os limites das regras prescritas para o
bom comportamento tanto de homens quanto de mulheres. Utilizando-se de estratégias da
linguagem literária, Cervantes revela e oculta informações compatíveis com o experimentado no
âmbito social, contudo, as transforma a seu bel prazer, atribuindo o compromisso da interpretação a
seu interlocutor, isto é, ao leitor.

Memórias de Maria e Cecília: a experiência escravista pelas lentes românticas da literatura


colombiana do século XIX
Eidson Miguel da Silva Marcos (UFRN)
Rogerio Mendes Coelho (UFRN)

No tocante a discussão em torno de uma identidade hispano-americana, necessitamos perpassar


todo um processo de formação sócio-cultural que remete à chegada do colonizador europeu ao novo
mundo, a partir do século XV, e seu contato com o ameríndio autóctone e o negro africano com sua
experiência diaspórica. Durante vários séculos, no entanto, olhou-se para esse processo
principalmente a partir de lentes europeias, cristalizando-se leituras do contexto americano oriundas
de um único ponto de vista, o do “vencedor”. A partir do século XIX, com a ascensão dos valores
românticos atrelados, no contexto latino-americano, à eclosão de vários movimentos
independentistas que implicavam a construção de nacionalidades, autores nativos passaram a
problematizar, dentro dos modelos e valores da época, algumas questões concernentes à condição
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colonial de sua pátria, dentre elas a escravidão. No presente trabalho, investiremos na leitura
comparativa dos romances colombianos “Maria” e “Cecília Valdes”, de Jorge Isaacs e Cirilo
Villaverde, tendo como foco a memória numa perspectiva de se identificar possíveis esboços de uma
identidade hispano-americana que já leve em conta a experiência social, histórica e cultural de
alteridades que não a europeia, como a do negro escravizado por exemplo.

A importância da focalização como estratégia narrativa em La pregunta de sus ojos,


de Eduardo Sacheri
Elen Fernandes dos Santos (UFRJ)

Este trabalho figura como parte da pesquisa de mestrado desenvolvida nos dois últimos anos e que
teve por objetivo analisar as estratégias narrativas empregadas no romance La pregunta de sus ojos
(2005), do escritor argentino Eduardo Sacheri, como caminho de leitura dos significados
socioculturais latentes no romance. Uma das estratégias analisadas na pesquisa e que selecionamos
para reflexão neste Congresso diz respeito à polifonia enunciativa constituinte da narrativa de
Sacheri. Nesta medida, buscaremos discutir a arte de narrar como uma técnica artística fundamental
para que se conforme um interessante jogo temporal entre passado e presente na obra. Visamos
analisar as instâncias narrativas de La pregunta de sus ojos em suas peculiaridades estilísticas, nas
nuances destas vozes que narram e em sua importância para a dinâmica organizacional da obra a
partir de duas temporalidades distintas. Para tanto, nos valeremos dos estudos narratológicos
desenvolvidos por Mieke Bal (1995) e Dorrit Cohn (2001) e das reflexões sobre o fenômeno da
polifonia levantadas por Oswald Ducrot (1987). Cada enunciador desempenha uma função narrativa
que lhe é própria dentro do romance de Sacheri, primordial para o efeito de edificação de duas obras
que parecem ser escritas em compasso uma com a outra, mas a partir de sujeitos focalizadores e
objetos de focalização distintos. Em última instância, entendemos que a análise desta polifonia
enunciativa que norteia toda a construção do romance se mostra de extrema importância para que
se compreenda o tratamento da memória por Sacheri, valor semântico que buscamos atribuir a este
interessante jogo polifônico dentro do romance.

Diáspora y comunidad interliteraria: bases para un proyecto de historia comparada de la literatura.


Elena Cristina Palmero González (UFRJ)

Pensar una historiografía literaria a partir de los paradigmas de área cultural, formación cultural o
comunidad interliteraria, en sustitución de las tradicionales nociones de territorio, lengua y
literaturas nacionales, implica un desafío de la mayor envergadura, particularmente si consideramos
la literatura producida en un espacio complejo y multicultural como el de las Américas.
Contribuyendo para la quiebra de fronteras tradicionalmente impostas entre las literaturas de las
tres Américas, legitimando el lugar de las diásporas contemporáneas y proponiendo otros posibles
mapas para visualizar los procesos literarios en la región, presento en esta comunicación las bases
teóricas e metodológicas para un estudio historiográfico de base comparada de las literaturas del
Caribe hispánico insular producidas en los Estados Unidos, una comunidad interliterária que se fue
configurando a partir de los procesos migratorios que caracterizan nuestra modernidad en América
Latina. Partiendo de las nociones de transnacionalidade e interliterariedade, privilegiando los
contactos literarios, la negociación lingüística y la interacción cultural, y asumiendo el
desplazamiento como metodología de trabajo historiográfico, propongo el estudio de esas literaturas
en sus diálogos, conflictos e inter-relaciones.
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Algumas tópicas literárias na peça El cerco de Numancia de Cervantes


Eleni Nogueira dos Santos (USP)

Em nossa comunicação propomos analisar algumas tópicas literárias que aparecem na peça El cerco
de Numancia de Cervantes. Entre as tópicas a serem tratadas estão a do carpe diem, a do puer senex
e a da vera amicitia. O texto cervantino, escrito entre 1581 e 1587, isto é, no século XVI, torna-se
bastante propício para uma análise como esta, já que naquela época as tópicas faziam parte da
erudição e do trabalho do poeta. Ademais, pretendemos verificar se essas tópicas ou topos foram
mantidos e como eles se apresentam nas duas adaptações, intituladas de Numancia, escritas por
Rafael Alberti em 1937 e 1943, respectivamente. Acreditamos que essas adaptações albertinianas,
por estarem inseridas em um contexto totalmente distinto daquele no qual Cervantes compôs sua
obra, sirvam para mostrarmos como o tratamento dado a essas tópicas se distancia daquele dado
por Cervantes. E por fim, gostaríamos de ressaltar que as análises apresentadas, nessa comunicação,
fazem parte da nossa pesquisa de doutorado que está em andamento.

Uma análise de aspectos ortográficos e fonético-fonológicos na interlíngua de aprendizes de


espanhol/LE
Eliane Barbosa da Silva (UFAL)

Através deste trabalho, apresentamos a análise de alguns aspectos no nível ortográfico e fonético-
fonológico das línguas portuguesa e espanhola, os quais podem ser elementos conflitantes no
processo de ensino-aprendizagem desta última, como língua estrangeira (LE), por parte de
aprendizes brasileiros devido às interferências da sua língua materna (LM) ou decorrentes de outros
fatores linguísticos e extralinguísticos no processo de ensino-aprendizagem de uma língua
estrangeira. Assim, buscamos fazer um estudo contrastivo, observando a produção escrita de
estudantes de Letras – Espanhol da Fale/Ufal, a fim de descrever e analisar traços simétricos e
assimétricos na ortografia e fonologia dessas línguas, a partir da teoria fonológica de traços, visando
também uma análise contrastiva, em se tratando de estudos de línguas próximas. Nosso objetivo
parte da reflexão, enquanto professor-formador de língua estrangeira, sobre determinadas
assimetrias entre o sistema fonético-fonológico e ortográfico do espanhol em interface com o
português, buscando reconhecer e estabelecer essas diferenças, tendo em vista os obstáculos
observados na compreensão e produção oral e escrita de alunos aprendizes de E/LE em relação aos
aspectos fonético-fonológicos e ortográficos, especificamente, ao se observar as estratégias de
produção oral e escrita desses alunos, tanto de forma espontânea na discussão e participação nas
aulas, como na realização de atividades desenvolvidas em sala de aula e extraclasse.

A formação literária e cultural na licenciatura em Letras Espanhol


Elíria Quaresma Fugazza (UFRJ)

A investigação de currículos, práticas e discursividades relacionados aos cursos de formação de


professores é imprescindível para o estabelecimento de um diálogo mais profundo entre os saberes
acadêmicos e a educação básica. Partindo do levantamento de dados realizado ao longo de 2012 e
2013, pretendemos analisar de que modo a dimensão prática se insere nas licenciaturas em Letras
Espanhol em duas universidades federais do Estado do Rio de Janeiro, levando em consideração a
formação literária e cultural dos licenciandos. A partir de noções desenvolvidas no campo da Análise
Dialógica do Discurso, examinaram-se as marcas da enunciação e da heterogeneidade enunciativa
presentes nos discursos dos sujeitos envolvidos na formação dos professores de Espanhol. Deste
modo, constituíram o corpus os textos disponibilizados em pastas, as ementas de disciplinas de
literaturas e matrizes culturais hispânicas das universidades pesquisadas e entrevistas com
licenciandos, professores universitários e da educação básica. Para o desenvolvimento da pesquisa
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anteriormente mencionada, pretendemos contemplar, além da formação literária e cultural dos


licenciandos, sua formação linguística e o diálogo que a universidade estabelece entre essas três
dimensões. Consideramos, portanto, que refletir sobre as concepções e perspectivas teórico-críticas
trabalhadas nas licenciaturas em Letras Espanhol é essencial para que se contribua com uma
formação mais crítica e comprometida com a prática profissional.

Sobre el diario y las imágenes de un fotógrafo: Agustí Centelles en Bram


Elisa Maria Amorim Vieira (UFMG)

Al final de la Guerra Civil Española, en enero de 1939, ante el avance de las tropas franquistas, miles
de republicanos cruzaron los Pirineos en dirección al exilio. Entre ellos iba el fotoperiodista Agustí
Centelles, autor de algunas de las más emblemáticas imágenes del conflicto que había empezado en
1936. En Francia, Centelles es conducido al campo Argelès-sur-Mer, pasando en marzo al campo de
concentración de Bram. Allí escribe un diario íntimo donde narra el cotidiano en el campo, menciona
las noticias que llegaban de España y reflexiona acerca del destino de amigos y familiares. En
posesión del carné de fotoperiodista y de sus cámaras, consigue el permiso para trabajar en el campo
como fotógrafo, teniendo como clientes a los gendarmes franceses. Realiza, sin embargo, algunas
imágenes de los demás prisioneros y de la vida en el internamiento. Esta ponencia tiene como
objetivo analizar tanto el diario dejado por Agustí Centelles como las fotografías realizadas en
condiciones marcadas por la violencia y el dolor. Para eso, se tomarán como base las reflexiones
acerca del testimonio realizadas por autores como Marcio Seligmann-Silva, Jaime Ginzburg y Valeria
de Marco, además de las cuestiones éticas relacionadas con las imágenes de guerra referidas por
Susan Sontag, Caroline Brothers, Didi-Huberman y Antonio Monegal.

O julgamento original re-visado pelos olhos de Eva em Mujer sin Edén, de Carmen Conde: o
protesto feminino durante a ditadura franquista
Elisangela Abadia Franco (QUB)

Embora parte da crítica sugira que a coletânea de poemas intitulada Mujer sin Edén (1947), de
Carmen Conde, pode ser interpretada como um exemplo de ‘poesia de protesto’, vários desses
estudos elaborados até ao presente momento não enfatizam suficientemente a natureza subversiva
da obra. Como tal, neste artigo pretende-se re-visar esta obra a partir de uma ótica feminista,
procurando comprovar que ela não só pode ser interpretada como um ‘protesto’ feminino contra as
condições opressivas sofridas pelas mulheres dentro do contexto bíblico, mas também, de maneira
indireta, pode ser tida como um protesto contra a submissão da mulher espanhola, a quem não é
concedido um espaço para a sua voz nos contextos da Guerra Civil (1936-39) e da ditadura franquista
(1939-75). Desta maneira, veremos como esta obra subverte os discursos misóginos ao criar um novo
espaço, onde se escuta somente a voz feminina. Esta voz emerge a partir da construção de um novo
paradigma de Eva, reescrito a partir de sua figura tradicional. Este novo modelo de Eva, como
veremos, condena o julgamento feito pelo Deus-masculino no paraíso e o castigo suportado pelas
mulheres ao longo dos anos, especialmente durante os terríveis anos de guerra. Assim sendo, é um
modelo que propõe uma representação alternativa para a mulher de carne e osso. Tais aspectos
levam a que, nesta obra, os leitores possam ver elementos de transgressão e de resistência contra os
discursos patriarcais que, desde a criação da primeira mulher, têm aprisionado o gênero feminino
numa estrutura de poder em que aparece como sendo inferior. Deste modo, observaremos que a
mesma religião que oprime a mulher oferecerá uma simbologia para a criação de um novo espaço
lírico, onde a mulher pode e é capaz de reconhecer em si mesma o ‘Sujeito’ de seu próprio discurso.
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Como se mostra e o que representa: O reality show na forma e no conteúdo da novela Realidad, de
Sergio Bizzio.
Ellen Maria Martins de Vasconcellos (USP)

Esta apresentação pretende discutir a novela argentina Realidad (2009), de Sergio Bizzio com
ferramentas não só da análise literária, mas também da análise televisiva. Isso porque o reality show
aparece na obra tanto como forma quanto como conteúdo, isto é, a narrativa possui características
que são claramente transportadas do espetáculo televisivo; além deste ser também a temática da
narrativa. Para esta discussão, abordaremos os estudos massmedia de François Jost e Andres
Gaudreault sobre os três tipos de mundos criados pela televisão - para aprofundar no mundo lúdico -
o chamado telerreal - aquele que mistura elementos reais e ficcionais, onde o programa Gran
Hermano (Big Brother) está inscrito; e os estudos de Josefina Ludmer e Irlemar Chiampi, sobre a
apropriação dos gêneros massivos na literatura contemporânea latino-americana, com a presença do
ritmo de zapping, da edição de imagens, além da combinação do audiovisual com o texto narrativo. A
transposição de ferramentas do suporte televisivo para a obra literária faz com que pensemos
também no que acontece com o leitor desta literatura: lerá de modo fragmentado, assim como faz
com outros gêneros, como o texto da internet? Se converterá em um espectador? A partir destes e
outros questionamentos, nos aproximaremos da narrativa literária de Bizzio para, ao menos,
começar a entender o que essa novela, que dialoga com a televisão, mostra e representa para aquele
que a lê.

Traduzindo o inconsciente surrealista latino-americano - peculiaridades do poema surrealista


Elys Regina Zils (UFSC)

A proposta dessa comunicação é discutir o tema da tradução de poemas e suas particularidades.


Nesse cenário tratarei especificamente da poesia surrealista e como o surrealismo se “traduz” na
América Latina. O interesse no surrealismo dá-se por sua produção lírica nascida do automatismo
psíquico, entendendo-o como um código por meio do qual as ideias se associam livremente criando
os poemas de linguagem onírica. O texto poético é visto aqui como uma manifestação social além de
subjetiva, assim sendo, faz-se necessário uma investigação histórico-social para uma visão da
tradução como um terreno revelador do pensamento da linguagem e da literatura (Meschonnic). O
surrealismo teve grande repercussão na literatura hispano-americana, com presença marcante em
países como México, Argentina, Chile e Peru. No trabalho abordo particularmente a tradução ao
português da obra do poeta peruano Emilio Adolfo Westphalen, que exige que, para que se possa
fazer essa ponte entre culturas, o original seja devidamente compreendido e analisado no seu
contexto de produção para compreender suas peculiaridades, deste modo, exploro a relação desse
poeta com o surrealismo e outras questões.

O papel do texto no livro didático de espanhol


Elzimar Goettenauer de Marins Costa (UFMG)

Em texto publicado em 1991, Marisa Lajolo afirmava que o texto, em situações escolares, costumava
ser intermediário de outras aprendizagens que não ele mesmo. Naquela oportunidade, início de uma
década que se desvencilhava de um longo período de ditadura, a autora chamava a atenção para o
fato de que muitos livros didáticos continham ‘textos de celebração cívica’, muitos deles produzidos
pelos próprios autores dos livros, e outros que destacavam ‘o bom filho, o bom aluno, o pobre
conformado e limpo, o rico caridoso, etc.’ (LAJOLO, 1991, p. 55). Mas os textos eram usados também
como modelos de língua, visto que eram considerados repositórios de ocorrências linguísticas da
norma culta e bom recursos para o aumento do vocabulário. A pergunta que proponho para reflexão
nesta comunicação é se o texto na escola continua sendo pretexto e, nesse caso, para que
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aprendizagens. As considerações que farei serão baseadas em livros didáticos para o ensino de
espanhol na escola, nas últimas séries do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Como referências
teórico-metodológicas, usarei alguns documentos oficiais (PCN e OCEM) e textos que tratam de
leitura na escola, letramentos e letramento crítico.

Letras sin armas: variaciones sobre el problema del papel de la Literatura en la literatura española
contemporánea
Erivelto da Rocha Cavalho (UnB)

La cuestión del papel de la Literatura en el mundo moderno no es exactamente una novedad. Desde
el Siglo de Oro español, e incluso antes, el tópico acerca de la relación entre Letras y Armas resurge
con fuerza, asumiendo en cada contexto un nuevo matiz que destaca tanto la agudización del
problema como la conciencia de la impotencia del discurso literario (en su doble dimensión ética-
estética) ante el predominio de los poderes del mercado y de la técnica. La comunicación pretende
abordar algunas de las aproximaciones a este tópico en la literatura española contemporánea, a
partir de las obras de Juan Goytisolo (El bosque de las Letras, 1995), Enrique Vila-Matas (El mal de
Montano, 2002) y Miguel de Unamuno (Vida de Don Quijote y Sancho, 1905). Los pasajes elegidos
reafirman coincidencias a la vez que señalan sutiles contrastes ante el problema mencionado,
llamando la atención para sus implicaciones, especialmente en lo que se refiere a las conexiones
entre los aspectos políticos y ético-estéticos del mismo.

Valparaíso epicentro de movimientos sísmicos, comerciales y literarios


Esteban Reyes Celedón (UFAM)

El puerto de Valparaíso, epicentro de varios movimientos sísmicos, también fue, en las primeras
décadas del pasado siglo XX, centro comercial y financiero de un país nuevo que miraba hacia el viejo
continente con lentes modernos e ideas progresistas. Sin embargo, el viejo puerto reveló, entre sus
ilustres hijos, a uno de los más extraordinarios cronistas que las estrechas calles del centro financiero
chileno vieron pasar: Joaquín Edwards Bello – Premio Nacional de Literatura (1943) y de Periodismo
(1959). Este artista de las letras supo fotografiar con palabras las más bellas imágenes de una ciudad
moderna que, más allá de sus cerros y mar, más allá de los números y cuentas bancarias, exhalaba
fragancia de gente joven, innovadora, apasionada, inquieta y con sed de lo nuevo. Edwards es la voz
poética en el medio de gente que parece desconocer las palabras, comerciantes que solo piensan en
números. Este periodista, embriagado por las Musas, en una época de pocos recursos fotográficos
que solo se expresaban en blanco y negro, llenó las páginas de periódicos porteños con el color
intenso de sus crónicas. Como los mejores autores de crónicas urbanas, Edwards retrata las calles, las
gentes, los instantes infinitos, de una ciudad que se quiere y piensa moderna. En consonancia con
teóricos como la venezolana Susana Rotker, la argentina Beatriz Sarlo y el filósofo alemán Walter
Benjamin nos proponemos analizar algunas crónicas que Edwards dedico a su ciudad y a su gente.

Entre amanheceres e dissidências: a poesia de Pedro Sevylla de Juana


Ester Abreu Vieira de Oliveira (UFES)
Maria Mirtis Caser (UFES)

Trata-se de analisar Elipse de los tiempos (2012, 217p.), obra do poeta espanhol Pedro Sevylla de
Juana, em que se reúnem poemas, numerados de UNO a CIENTO CINCUENTA Y NUEVE, numa
metáfora da criação do cosmo a partir do “pueblo” Fuentes de Valdepero, espaço onde se dá o
nascimento e a decadência das pessoas e das coisas. Homem de seu tempo, Sevylla de Juana se
sensibiliza com o ser humano, sua vida e sua complexidade, e em linguagem concomitantemente
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sofisticada e clara registra o amálgama de culturas que marca as relações sociais na


contemporaneidade e que não poderia estar ausente da produção desse poeta que vive a
globalização, se reconhece no seu semelhante e respeita as diferenças. Marca-se essa postura, entre
outros sinais, no plurilinguismo com que se expressa o poeta, de que é exemplo em Elipse de los
tiempos a autotradução para o português, o inglês e o catalão de alguns de seus poemas. A polifonia
declarada pelo eu lírico, nas referências a “...Vallejo, Hierro, Maiakoviski, Apollinaire y Darío” e “
...Pessoa , Rilke, Aleixandre;/ Thomas, Hugo, Lorca Juan Ramón o Montale” (p. 216), entre outros, é o
reconhecimentos de que, a cada poema escrito em uma folha de papel, em um muro, na água ou na
areia, o poeta está apenas continuando o “Poema interminable/ que escriben todos los poetas”, em
todos os tempos e em todos os lugares.

Diálogo entre la novela "los días del arcoíris" deskarmeta y la película


Ester Myriam Rojas Osorio (UNESP)

En este trabajo entrelazamos un diálogo entre la novela “Los días del Arcoíris” del autor Skármeta y
la película “No” de Larraín. Para este propósito utilizamos algunos conceptos de la teoría Bahtiniana
como: autor, autoría, héroe, dialogismo, polifonía, ideología, etc. Iniciamos nuestra reflexión
desvendando la arquitectura estética utilizada por Skármeta en su obra, destacamos el excelente
trabajo de manipulación entre el juego del arte y el juego de la vida. Constatamos que el bellísimo
resultado contribuye a la conservación de la memoria histórica de la sociedad chilena de la década de
1980. Por otro lado, Larraín, al utilizar el lenguaje polifónico del séptimo arte, ayuda a despertar la
voz crítica del espectador que seguramente no olvidará los hechos históricos tristes y sobresalientes
de una dictadura de quince años. Valorizamos el papel del profesional de la publicidad que consigue
ir tejiendo las respuestas ideológicas dirigidas a una sociedad carente de libertad y sin perspectivas.

Fronteiras culturais desconhecidas da nação


Everton Almeida Barbosa (UNEMAT)

Esta comunicação tem por objetivo pensar um certa escassez, na crítica literária e cultural que lida
com as relações entre o Brasil e a América hispânica, de referências a regiões fronteiriças como a
Amazônica ou a Pantaneira, se comparadas com as estabelecidas para as regiões fronteiriças com os
países portenhos. Essa escassez, certamente, acompanha outras relações sócio-econômicas e
políticas que se dão tanto entre os países quanto internamente ao Brasil, entre regiões mais ou
menos desenvolvidas econômica e culturalmente. Nessa reflexão, enfatizam-se as produções
literárias das regiões menos estudadas pela crítica, que colocam em questão as relações entre centro
e periferia (numa perspectiva cultural) que ainda persistem e dão suporte para repensar ideias de
identidade – especialmente a nacional –, cultura e literatura, uma vez que pode se considerar que
essas são ideias construídas particularmente nos centros.

Los tests de hábitos sociales en los estudios de la (des)cortesía


Fabio Barbosa de Lima (USP)

Partiendo del estudio de maestría titulada “Parecer bom x parecer justo – o pedido de desculpas na
gestão da imagem nas interações midiáticas”, en la cual analizamos pedidos de disculpas en
situaciones espontáneas en el portugués de Brasil y en el español de Argentina, presentamos un
esbozo teórico para la continuidad para la investigación que se basa en la aplicación de tests de
hábitos sociales. Los tests de hábitos sociales (Hernández Flores, 2002) son encuestas con preguntas
relativas sobre el comportamiento social en estudio, en nuestro caso, los pedidos de disculpas. La
importancia metodológica de tal enfoque está en el hecho de que las respuestas obtenidas nos serán
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útiles para establecer premisas sobre el contexto sociocultural, apoyando, de esta forma, el análisis.
Como los programas televisivos Big Brother Brasil y Gran Hermano Argentina formaron los corpora
de nuestra investigación inicial, pautada por los estudios de la cortesía como fenómeno lingüístico-
discursivo que se apoya en el concepto de face en la cual nos volvemos a estudios de la Pragmática;
la idea central es aplicar los tests a telespectadores de esos programas, jóvenes, residentes en
grandes centros urbanos y con proporción igualitaria de género. Para tal, pensamos elegir São Paulo
y Buenos Aires, que concentran parte significativa de la audiencia de los reality shows.

Ensino de espanhol e formação crítica: uma proposta teórico-metodológica


Fabio Sampaio de Almeida (CEFET/RJ)
Maria Cristina Giorgi (CEFET/RJ)

Nesta apresentação, buscando dar visibilidade à proposta de ensino de espanhol em


desenvolvimento por docentes do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
(CEFET/RJ) no Rio de Janeiro e colocar em discussão a elaboração de práticas didáticas centradas no
conceito de gêneros do discurso, entendidos como tipos relativamente estáveis de enunciados e
produzidos no âmbito das mais diversas esferas de atividade humana (BAKHTIN 2000) –,
apresentamos proposta teórico-metodológica de planejamento, elaboração e organização de
materiais didáticos para o ensino da língua espanhola na educação básica que leva em consideração
as três dimensões da competência comunicativa (MAINGUENEAU, 2002): os gêneros do discurso, o
conhecimento linguístico e a produção e circulação de saberes, tendo em vista um projeto de escola
que pretende promover autonomia, responsabilidade ética e pensamento crítico dos estudantes.
Como embasamento teórico recorremos à abordagem enunciativa da linguagem (MAINGUENEAU,
2002), uma vez que os gêneros do discurso se materializam na enunciação, na interação entre dois
ou mais sujeitos legítimos, situados em um espaço e tempo legítimos e possuem uma finalidade
reconhecida, um suporte material e uma organização textual típica.

Fusión mítica: El Obsceno Pájaro de la Noche y el mito del Minotauro


Farides María Lugo Zuleta (FURG)

En la siguiente comunicación se pretende mostrar que en la novela "El obsceno pájaro de la noche"
(OPN, 1970), del escritor chileno José Donoso (1924-1996), existe "Fusión mítica" con el Mito del
Minotauro (MM). El concepto de "Fusión mítica" que se toma como referencia para el análisis es el
propuesto por el escritor y filólogo español Antonio Prieto (1929) en su obra "Ensayo semiológico de
sistemas literarios". De este modo, se intenta comprender cómo en el OPN se recoge la palabra del
mito y se la acuna hasta apropiarse plenamente de ella, para luego ser en ella y, en
consecuencia, darle vida al MM; creando así una atemporalidad mítica dentro de la novela. En este
sentido, se cumpliría con el objetivo de demostrar cómo Donoso une lo clásico con lo "nativo" de
América, esto es, la mitología clásica fusionada con leyendas indígenas cíclicas: al desafiar lo
científico por medio del absurdo y la desviación metafórica. Así el autor plantea una lucha contra la
pérdida de la tradición cultural latinoamericana y propone al mito (elástico y necesario al hombre)
como elemento arraigado a nuestra visión de mundo. El estudio tiene la siguiente estructura: (i)
Presencia del MM y significación de lo monstruoso en el OPN; (ii) El problema de la identidad:
Humberto Peñaloza y su decadencia; (iii) Presencia de la leyenda en el OPN.
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Redes intelectuales y editoriales en torno a una revista cultural del exilio español en la Argentina:
Cabalgata (1946-1948)
Federico Gerhardt (DIHCS / UNLP-CONICET)

Entre junio de 1946 y julio de 1948 se publicó Cabalgata, encabezada por dos exiliados españoles: el
escritor Lorenzo Varela y el artista plástico Luis Seoane, que venían de participar en dos revistas
editadas en Buenos Aires: De Mar a Mar (1942-1943) y Correo Literario (1943-1945). Ambos, a su
vez, contaban con una intensa actividad editorial en sellos como Emecé, Nova, Atlántida, Pleamar y
Losada, en la “época de oro” de la industria de la edición argentina. A Varela y Seoane se sumó,
aportando el financiamiento, el editor catalán Joan Merli, propietario de la editorial Poseidón de
Buenos Aires, en cuyos talleres se imprimía Cabalgata. La distribución de la revista se realizaba a
través de las redes establecidas por la editorial de Merli, que abarcaban a la Argentina, Uruguay,
Brasil y Chile, mientras en el resto de Latinoamérica se utilizaba un sistema de suscripción. Al igual
que sus dos predecesoras, Cabalgata busca integrarse en el campo cultural argentino y, más
ampliamente, en el ámbito continental; esta intención queda de manifiesto en la nómina de sus
colaboradores, que, junto a escritores españoles exiliados, incluye a varios argentinos y, en menor
medida, a otros latinoamericanos. Asimismo, coincide con aquéllas en el interés por la industria de la
edición, con diferentes secciones dedicadas a las novedades bibliográficas y a la marcha del mercado
editorial. La ponencia aborda las diversas conexiones intelectuales y editoriales establecidas en torno
a Cabalgata, a través del análisis de la revista misma así como del material documental relativo a la
publicación.

Subjetividad y violencia: los estados de contemplación de la violencia en Música de balas


Felipe Armando Saavedra Montoya (UACH)
Paola Margarita Chaparro Medina (UACH)

Las formas de representación presentes en la literatura y cultura de nuestro tiempo, nos proponen
una lectura sobre el paraje de nuestras sociedades en crisis y los modos en que el propio cuerpo es
sacudido por terribles fuerzas que a menudo vuelcan y rompen aquellos órdenes que ilusoriamente
enmarcan nuestros sistemas de creencias. En Música de balas de Hugo Salcedo, los deseos mueven
las pasiones de los actantes, y a través de la narración, somatizan en el espectador la contemplación
de la violencia. Música de balas es un compendio de micro obras dramáticas cuyo dispositivo se
encuentra regulado por medio de la narración. Sus personajes, constituyen un repertorio de sucesos
que a menudo narran y componen una estructura fragmentada, episódica, cuadros breves cuya
procedencia remite a un teatro documental, cuya disposición recuerda al teatro brechtiano, pero nos
lleva directamente a un tratamiento de los episodios, sensaciones y experienciaciones corpóreas de
los sujetos del México contemporáneo. Trata de personajes sacados de la realidad más inmediata, en
una forma de representación que nos lleva a proponer una indiferenciación entre la ficción y la
realidad, desde cuestionar los modos en que aquello que se encarna en la subjetividad misma, al
momento de ser representado se le escapa al ámbito de la textualidad, como indagar sobre la
experimentación y límites del propio cuerpo.

O uso de sintagmas nominais complexos em blogs de futebol argentinos e brasileiros


Felipe Diogo de Oliveira (UFRJ)

O estudo das línguas através dos gêneros textuais ganhou importância na Linguística, sobretudo se
tratando dos gêneros digitais. Sob a ótica da Linguística Funcional e dos estudos sobre gêneros
(BAKHTIN, 2003; HALLIDAY & HASAN, 1989), este trabalho analisa a variação de uso de Sintagmas
Nominais (SNs) complexos num gênero digital específico: blogs sobre futebol, da Argentina e do
Brasil. O conceito de SN complexo aqui adotado é aquele que, incluindo o nome núcleo, possui três
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ou mais constituintes. Sua complexidade foi medida pela quantidade de itens lexicais e pela
quantidade e posição de encaixes internos que cada SN apresenta. Além desses aspectos formais, foi
analisado também o uso das nominalizações (CHAFE, 1982) nesses SNs. Do ponto de vista discursivo-
pragmático, analisou-se a função sintática dos SNs, os traços [humano] e [coletivo] e o status
informacional (PRINCE, 1981). Foram coletados 20 blogs futebolísticos do Olé (Argentina) e do
SporTV (Brasil). Baseado em estudo anterior (OLIVEIRA, 2013), a hipótese inicial era a de que os SNs
do espanhol fossem mais complexos que os do português. Os resultados, entretanto, mostram que
em ambas as línguas a tendência é que os SNs sejam pouco complexos e apresentem poucos casos
de nominalizações. Isso nos leva a crer que as características estudadas são próprias do gênero blog
futebolístico, e não de uma ou outra língua. Além disso, pensando num continuum fala-escrita, a
temática do futebol parece contribuir para gerar textos mais próximos do pólo da fala que do da
escrita.

A formação do professor-pesquisador de espanhol: da teoria à prática, uma proposta pedagógica


para o exercício profissional
Fernanda Almeida Vita (UFBA)

Na atualidade, no campo das licenciaturas, há uma preocupação crescente em que o futuro


professor, já na sua formação inicial, adquira um perfil autônomo, reflexivo e que saiba enfrentar
satisfatoriamente as situações problemáticas no processo de ensino e aprendizagem. Assim,
propusemos um projeto de pesquisa, vinculado ao grupo de pesquisa PROELE, que objetiva avaliar
em que medida o vínculo como monitor-docente no Programa de Aprendizagem em LE para
Estudantes e Funcionários da UFBA (PROFICI) pode ser um elemento que contribua para a formação
do futuro professor de espanhol, durante a licenciatura de Espanhol. A pesquisa pretende verificar
de que forma a experiência como monitor contribui para a formação do professor pesquisador. Para
a consecução dessa tarefa nos baseamos nos estudos desenvolvidos por Stenhouse (2003), Carr
(1998), Kemmis (1998), Elliot (1990) Schön (1992), Zeichner (1993 y 1995), Contreras (2002) y
Zambrano (2006) nos quais defendem a pesquisa na sala de aula como um meio eficaz para a os
diagnósticos educativos e a observação como instrumento de pesquisa no processo de ensino e
aprendizagem de línguas. Nossa pesquisa se trata de uma pesquisa educativa apoiada num marco
teórico específico na área de formação do professor de ELE. Para lograr os objetivos pleiteados
utilizamos principalmente duas técnicas: a entrevista semiestruturada e a observação.

Deslocamento e memória autobiográfica na obra de Gustavo Pérez Firmat


Fernanda Orphão Corrêa de Lima (UFRJ)

A transformação acelerada dos meios de comunicação nas últimas décadas, o movimento massivo de
pessoas, o aumento do fluxo da informação e de imagens, a desestabilização de fronteiras nacionais,
assim como a crise dos paradigmas ideológicos que sustentaram a modernidade, influenciam de
maneira definitiva os estudos da cultura, tornando o deslocamento uma noção essencial para
compreender a sociedade atual e suas práticas culturais. Nessa perspectiva de análise literário-
cultural, estudo as obras do escritor cubano-americano Gustavo Perez Firmat: El año que viene
estamos en Cuba (1997) e Cincuenta lecciones de exílio y desexilio (2000), refletindo sobre as
relações entre deslocamento cultural e memória autobiográfica. Minha pesquisa tenta responder
algumas perguntas chaves: Como caracterizar a identidade da escrita do autor, especificamente no
que tange às relações entre deslocamento cultural e memória autobiográfica? Como a articulação de
duas culturas na obra de Gustavo Perez Firmat incide em sua produção literária e em suas reflexões
estéticas? Pode a experiência do deslocamento e do biculturalismo gerar uma poética escritural?
Tento, em consequência, caracterizar sua práxis artística e identificar o que poderíamos chamar uma
poética do deslocamento, analisando os textos em suas coordenadas temáticas compositivas e
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comunicativas. Para tais reflexões partiremos dos estudos sobre a cultura de Stuart Hall e James
Clifford; os estudos sobre a memória de Huyssen e Le Goff e os estudos de Palmero González sobre
as formas contemporâneas do deslocamento e sua expressão artística.

O discurso utilitarista sobre a aprendizagem da língua espanhola na mídia brasileira


Fernando Zolin Vesz (IFMT)
Flavia Braga Krauss de Vilhena (UNEMAT)

O número de pesquisas que se voltam para questões que investigam o ensino-aprendizagem de


espanhol no contexto brasileiro tem apresentado crescimento considerável nos últimos anos.
Entretanto, poucas ainda são as que buscam identificar os discursos que a mídia (re)produz sobre a
inserção e o papel do espanhol na educação brasileira, principalmente após a homologação, em
agosto de 2005, da Lei n. 11.161. O objetivo desta comunicação é analisar o discurso utilitarista sobre
a aprendizagem da língua espanhola veiculado em textos produzidos pela mídia brasileira, em
particular pelas revistas de bordo das companhias aéreas. Por discurso utilitarista entendemos
aquele que associa o ensino e a aprendizagem da língua apenas a objetivos instrumentais,
meramente relacionados com o mercado de trabalho. Para a análise dos dados, nos pautamosna
relação entre mídia e sociedade à luz da perspectiva proposta pelos estudos culturais (Kellner, 2001).
Os resultados da análise sugerem que problematizar esse discurso utilitarista se torna imprescindível,
já que este parece apenas (re)produzir práticas pedagógicas anacrônicas e pouco efetivas, tais como
um ensino facilitado da língua, geralmente baseado apenas na simples listagem de palavras ou na
comparação das diferenças lexicais com o português, ou ainda a valorização da temporada no
exterior e a adoração pelo que é estrangeiro.

Decolonización lingüística: el papel del inglés en la poesía de Nicolás Guillén


Fidel Pascua Vílchez (UNILA)

En el presente trabajo, abordamos el tema del papel que juega la lengua inglesa dentro de la obra del
poeta cubano Nicolás Guillén. Como es sabido, tras la independencia de Cuba de la Corona Española
en 1898 y hasta el triunfo de la Revolución en 1959, la isla antillana vive bajo la influencia de los
Estados Unidos de Norteamérica en el ámbito político y económico. La llegada de turistas,
comerciantes, empresarios, artistas, gángsteres, etc., provenientes de ese país durante la primera
mitad del siglo XX hace que la lengua inglesa tenga presencia continua en la isla caribeña en las
relaciones de los nativos com los recién llegados. Nicolás Guillén, por su parte, es testigo presencial
de los cambios sociales y políticos que vive Cuba durante ese periodo, siente la presencia
amenazadora de la gran potencia, su inmenso poder económico, militar y, al mismo tiempo, las
injusticias y los abusos existentes en su sociedad. Todas esas cuestiones están presentes en la
dilatada obra poética de Nicolás Guilén, desde Motivos de Son (1930) hasta Nueva Antología Mayor
(1979). Para nuestro trabajo, seleccionamos aquellas poesías del autor que incluyen palabras en
lengua inglesa y analizamos, con base en Pérez Firmat (2000) y Cárdenas (2013), su función en el
poema. Concluimos que el uso de la lengua inglesa en la poesía de Nicolás Guillén sirve de recurso
para resaltar y denunciar la desigualdad social en Cuba, el desarraigo y pérdida de identidad en los
emigrantes cubanos a Estados Unidos, el colonialismo primero y el imperialismo norteamericano
posterior en relación a Cuba.
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A performance da violência em “AdiosAyacucho”, de Yuyachkani


Flávia Almeida Vieira Resende (UFMG)

O presente trabalho propõe uma análise do texto dramatúrgico “Adiós Ayacucho”, adaptação feita
por Yuyachkani a partir da novela homônima de Julio Ortega. Sabemos que as marcas da violência de
um povo se transmitem muito mais pelo repertório do que pelo arquivo, segundo os termos de
Diana Taylor, ou para dizer de outra forma, estão inscritas muito mais no corpo das pessoas do que
nos informes oficiais. Intentamos analisar, assim, essa representação da violência, que é feita pela via
do grotesco no texto de Julio Ortega, daquele cadáver disforme que busca o resto de seus ossos, e
que ganha um corpo performático na representação de Yuyachkani. Ainda, é importante perceber
como a montagem de Yuyachkani acrescenta uma camada de significação ao texto, ao dividir a figura
do narrador entre a personagem do texto de Ortega, Alfonso Cánepa, camponês assassinado pelas
forças do Estado, e a figura mítica andina do Qolla. Entendemos, assim, que a oralidade e a escrita, o
rural e o urbano, o repertório e o arquivo estão presentes em “Adiós Ayacucho”, não como simples
oposições, mas convivendo e evidenciando as tensões presentes na própria história do Peru e,
poderíamos afirmar, da América Latina desde a colonização até os dias atuais.

Os manifestos literários cartoneros e o alinhavamento de um sujeito coletivo a partir de uma lógica


feminina
Flavia Braga Krauss de Vilhena (UNEMAT)

As cartoneras são coletivos literários que costumam ser batizadas com nome de mulher. Entretanto,
nossa aposta de escrita consiste em afirmar que, mais que terem nomes de mulheres, costuram uma
proposta de ação que se origina em uma estrutura de relação com o saber permitida pelo gozo
suplementar, feminino, tal como colocado por Lacan. O gozo suplementar seria uma matriz de leitura
e escritura que excede a lógica masculina, dicotômica e fálica, baseada em classificações e
hierarquizações. Ao estabelecerem uma relação com o gozo suplementar, se afastam da lógica
modernista, que justamente estabelece suas fronteiras ao firmar estratégias de separ-ação e
conquista, como tão comum nos manifestos artísticos do princípio do século passado (GELADO,
2008). De modo a atingir os objetivos de nossa aposta inicial, analisaremos os manifestos artísticos
redigidos por sete coletivos cartoneros e reunidos no “Akademia Cartonera: Un ABC de las editoriales
cartoneras en América Latina”, coletânea de manifestos resultante do Primeiro Congresso Cartonero,
que teve lugar na Universidade de Winsconsin-Madison. Por estar a mulher no campo do não todo
(LACAN), ela não se bastaria, não se completaria nem mesmo linguisticamente, havendo sempre
alguma coisa dela que escapa ao discurso, resistindo e excedendo as grades linguageiras. Assim, o
gozo suplementar seria não só uma costura linguístico-literária na construção dos manifestos
cartoneros, mas, sobretudo, alinhavaria a confecção de um sujeito coletivo que, nas pegadas
deixadas por Paul Henry (1992), talvez seja a única possibilidade de resistência à sociedade
capitalista.

A política educacional em seu contexto da prática: análise da implementação do currículo de língua


espanhola na Rede Municipal de Niterói.
Flavia Coutinho Ferreira Sampaio (UFF)

No ano letivo de 2011, a Rede Municipal de Ensino de Niterói recebeu os professores de espanhol
aprovados em concurso público realizado no ano anterior. Atendendo à Lei 11.161/2005, que se
refere ao ensino de Língua Espanhola no Ensino Médio e no Ensino Fundamental das escolas
brasileiras, a rede municipal optou por implementar o idioma para os terceiro e quarto ciclos do
Ensino Fundamental, ainda que, de acordo com a lei, para estes segmentos a oferta da disciplina seja
facultativa. Este artigo que é parte de uma investigação de mestrado em andamento, e tem como
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objetivo analisar o a matriz curricular proposta para o idioma, a partir do que Ball (1992) denominou
“contexto da prática” de uma política educacional. De acordo com o autor, as políticas educacionais
são complexas e não se concretizam através de um processo linear e, no contexto da prática é onde
os textos políticos podem ser contestados e, devido a isto, podem sofrer mudanças em sua
implementação.

O intelectual e as massas: o papel da revista de occidente no início da segunda república


Flavia Ferreira dos Santos (UFRJ)

A leitura dos volumes referentes aos anos de 1930 e 1931 da Revista de Occidente (R. de O.) revelam
uma preocupação constante com o aparecimento da massa não só como fenômeno social que
merece ser objeto de análise em si, mas também como ponto de partida para reflexões estéticas
sobre a literatura da época. Se em seu projeto inicial (1923) a publicação se definia não como una
revista “temática” – nem literária nem científica – mas sim como um espaço de preocupação com as
grandes questões da época nos mais diversos campos do saber, cuja única área a ser evitada era a
política, o acirramento das lutas internas pelo poder na Espanha dos anos 30 implica em uma
readequação do projeto inicial da R. de O. à nova conjuntura. Cabe recordar que neste mesmo
período José Ortega y Gasset publicava um dos seus livros de maior repercussão: A rebelião das
massas. A partir da associação entre estética e hegemonia política (EAGLETON) e dos conceitos de
massa, intelectual e campo intelectual (CAREY, GRAMSCI, BOURDIEU), procuramos observar como se
constrói o conceito de “massa” nos textos literários e nas reflexões sobre literatura dentro da
publicação e como, paralelamente a este eixo, surgem também diversos discursos “políticos” (textos
sobre a o papel do Estado, sobre aspectos das sociedades atuais...). Por fim, pretendemos
estabelecer como estes dois eixos temáticos se relacionam dentro da revista, mediados pelo
conceito de estética, construindo um discurso que fornece elementos de suporte ao futuro fascismo
espanhol (SAZ CAMPOS).

A presença da morte e a memória precária em "Los girasoles ciegos", de Alberto Méndez


Flavio Pereira (Unioeste)

Os quatro relatos que compõem "Los girasoles ciegos", único livro publicado por Alberto Méndez em
2005 na Espanha têm como eixo comuma memória precária em perigo, ameaçada pela morte
iminente dos protagonistas. Trata-se da memória dos vencidos pela guerra civil de 1936, tema que
dá nome a cada um destes textos cronologicamente organizados. Neste trabalho, pretende-se
propor uma leitura que relacione a precariedade destas memórias com a presença da morte,
valendo-nos das reflexões sobre barbárie, memória e esquecimento e do instrumental da Psicanálise
para refletir sobre os desdobramentos destas questões tais como estão desenvolvidas nos relatos
desta obra singular.

O que temos para ouvir: aproximações musicais entre o Brasil e a Argentina


Franklin Larrubia Valverde (Fatec/Estácio/Unip)
Rosângela Aparecida Dantas de Oliveira (UNIFESP)

Os estudos realizados por Merenson (2007) sobre a integração no Mercosul e os estereótipos que
envolvem essa relação, apontam que os argentinos culturalmente se sentiriam mais próximos da
Europa do que de outros países da América Latina. Entretanto, na contramão dessa visão,
encontramos na música algumas iniciativas que procuraram e procuram romper a barreira desse
desconhecimento mútuo no que se refere a manifestações artísticas e culturais entre o Brasil e a
Argentina. A que se deveriam? Estratégias mercadológicas ou interesses pessoais? Neste trabalho,
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recuperamos algumas dessas iniciativas, analisamos o papel dos agentes da indústria cultural no que
se refere aos artistas e produtos que são divulgados, bem como sua recepção em ambos os países.
Analisaremos desde o encontro entre Mercedes Sosa e León Gieco com Milton Nascimento, na época
da abertura política e construção da democracia nos anos 80; Fito Páez e grupos Paralamas do
Sucesso e Titãs, no final do século XX e início deste; até os atuais diálogos entre o Kevin Johansen e
Paulinho Moska. Mostraremos que essas manifestações trabalham e buscam a consolidação de um
efetivo intercâmbio cultural entre Brasil e Argentina.

Os gêneros do discurso nos livros didáticos de espanhol: PNLD 2011 e 2014


Gabrielle Oliveira Rodrigues (UFF/FME-Niterói)

O presente trabalho é uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento que objetiva analisar


atividades de leitura que pretendam trabalhar os gêneros do discurso (BAKHTIN, 2006) em livros
didáticos de espanhol aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2011 (Español
¡Entérate! e Saludos – Curso de Lengua Española) e 2014 (Cercanía e Formación en Español – Lengua
y Cultura), relativos aos anos finais do Ensino Fundamental. Pretende-se, assim, observar se há uma
abordagem teórico-metodológica do conceito de gênero no manual do professor e, caso haja, a qual
vertente dos estudos genéricos ela se filia. Em seguida, serão analisadas as propostas de atividades
de leitura presentes no livro do aluno e de que forma o disposto no manual do professor se reflete
no volume destinado ao estudante. Deste modo, será verificado se os textos são compreendidos
enquanto gêneros do discurso e se estão ligados a dispositivos enunciativos (MAINGUENEAU, 2013),
observando-se, portanto, a relação entre sentido e contexto.

Joao Cabral de Melo Neto, Andaluzia e o Nordeste: quando a geografia interfere na dicção do
poeta
George Hamilton Pellegrini Ferreira (UFPA)

João Cabral de Melo Neto é um dos poetas mais estudados do Brasil. Do rigor com que constrói seus
poemas, passando pelo processo de artesão da palavra, até a aspereza das imagens evocadas por
elas. Como diplomata do governo brasileiro, João Cabral viveu em várias regiões do mundo,
entretanto, duas regiões ganham particular interesse: o Nordeste brasileiro e a Andaluzia. Esta
comunicação pretende estudar parte da produção poética de João Cabral de Melo Neto,
particularmente a que faz referência a essas duas geografias. Partimos da premissa de que o estar
“empraçado” em outro espaço interfere na produção poética do autor. “Somos estando”, nos dice
Vázquez Medel, “nuestra dimensión material determina la estructura de una estancia, y con ella, una
circunstancia.” Tomando como suporte teórico a “Teoría del Emplazamiento”, de Manuel Ángel
Vázquez Medel, as noções de paisagem, de Cláudio Guillén e Michel Collot, os estudos culturais, de
Stuart Hall, entre outros, iremos comparar o discurso poético de João Cabral de Melo Neto nas
paisagens nordestina e andaluza. Serão utilizado como corpus os livros Sevilha Andando, Andando
Sevilla, Crime na Calle Relator, o Cão sem plumas, Paisagem com figuras, entre outros. É possível
perceber a interferência da paisagem na dicção de João Cabral de Melo Neto. Muda o discurso
quando muda a paisagem.

Tradução e interculturalidade em “el primer nueva corónica”


Giane da Silva Mariano Lessa (UNILA)

A implementação da colonização da América se deu, permeada e sustentada por diversas políticas


linguísticas, que implicavam processos de tradução cultural. Uma delas foi a produção historiográfica
dos cronistas de índias. Nelas, os autores descreviam e produziam narrativas sobre o contexto
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colonial, traduzindo as culturas ameríndias a partir de uma visão etnocêntrica europeia. Em


alternativa a essa produção, algumas discursividades indígenas emergiram, oferecendo uma versão
dos acontecimentos a partir de outro lugar de enunciação. O mais importante deles, Felipe Guaman
Poma da Ayala, redigiu “El Primer Nueva Corónica y Buen Gobierno”, na qual descreve o contexto
andino pré-colombiano, narra os acontecimentos da conquista e propõe um governo colonial
alternativo. Para tal, o autor andino apresenta uma textualidade marcada por um esforço de
interculturalidade (GODENZZI ALEGRE, 1996) e de diálogo (BAKHTÍN, 1996) com seus interlocutores
europeus. A abordagem metodológica se caracteriza pelo levantamento das fontes orais e escritas,
usadas por Guaman Poma, para verificar a construção discursiva das memórias andinas. Ao serem
analisadas e confrontadas essas fontes, emergem textualmente, como estratégia de comunicação,
alguns processos de tradução linguística e cultural. O presente estudo identifica tal estratégia como o
desenvolvimento da capacidade de transitar entre culturas distantes e do deslocamento cultural
(PALMERO, 2013) em relação a diferentes cosmovisões. Ressaltamos, finalmente, a relevância desse
estudo no contexto pós-moderno latino-americano, caracterizado por trânsitos culturais e fronteiras
étnicas, culturais e linguísticas em permanente fruição.

O teatro na Guerra Civil Espanhola: ação, representação e reflexão sob o olhar de María Teresa
León
Gisele Aparecida Costa Silva (SSP)

"O teatro durante a Guerra Civil Espanhola foi usado, sobretudo, pelos defensores da República
como uma arma de resistência e de propagação de seus ideais. Muitos autores escreveram textos
dramáticos com a finalidade de dar ânimo aos combatentes, entre eles estava María Teresa León,
que além de escrever uma peça – Huelga em el Puerto – publicada na revista Octubre, de ter atuado
no papel de España na Cantada de los Héroes y La Fraternidad de los Pueblos, escrita por Rafael
Alberti para homenagear os brigadistas que se retiravam do confronto, produziu peças apresentadas
no Teatro de la Zarzuela, em Madri, e dirigiu o grupo das Guerrilas del Teatro, durante os anos de
confronto. Sem dúvidas, María Teresa León esteve muito envolvida com as questões teatrais no
período da guerra, como poderemos analisar em três textos produzidos pela autora o modo como se
dava este envolvimento. O primeiro se refere a uma carta endereçada a uma organização de
trabalhadores, para que esses participassem de uma reunião preparada pelo Consejo Nacional del
Teatro, do qual era vice-presidente. O segundo, produzido durante seu largo exílio, trata-se de Juego
limpio, romance ambientado no casarão da rua Marqués del Duero, que abrigava as Guerrillas el
Teatro, ficcionalizando a experiência vivida durante a guerra. Por fim, Memoria de La Melancolía,
texto memorialístico em que revisita o passado analisando-o de modo mais crítico, entre outros
temas, o que representou a atuação desses artistas das Guerrilhas durante a guerra, sobretudo em
sua vida. Estes três registros feitos em períodos distintos são conectados por uma intenção: a de
utilizar do teatro como objeto de resistência ideológica. Portanto, este trabalho buscará, por meio
dos textos produzidos pela autora, a relação entre teatro, resistência e memória sob a perspectiva da
combativa María Teresa León."

A criação simbólica de Arturo Uslar Pietri: diálogo entre literatura e história


Gisele Reinaldo da Silva (UFRJ)

Com este trabalho, busca-se refletir sobre o papel do novo romance histórico contemporâneo, no
tocante à (re)construção de identidade do ser americano moderno, tomando por base a obra El
Camino de El Dorado, do escritor venezuelano Arturo Uslar Pietri (1947), cujo mergulho nos fatos
históricos de mais alta tensão do passado propiciaram o alcance de uma escrita literária com
expressão do nacional. Ao reportar-se ao período da Conquista Espanhola da América, embalada
pela força do Rio Amazonas, Uslar Pietri empreende uma viagem simbólica sobre a história da
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civilização do mundo ocidental, rumo à descoberta do puramente local, inserido no universal. Em


concordância com a perspectiva de que a tradição e o passado só são reais quando tocados, o autor
implica-se, no contexto da literatura Hispano-Americana do século XX, na busca ontológica por uma
identidade individual e coletiva que melhor contribuísse à compreensão histórico-cultural de seu
país, a Venezuela e, mais amplamente, do indivíduo americano. Cabe ao labor do escritor o esforço
de perguntar o “por quê” e o “para quê” do homem, abstendo-se da tentativa de defini-lo
categoricamente, como na forma do romance tradicional. Para o norteamento de todas estas
reflexões, será necessário abordar o modo como o tema da mestiçagem cultural, enquanto
protocélula formadora do povo latino-americano, é explicitado por Uslar Pietri, em sua obra,
culminando na reflexão sobre a imagem que o autor constrói a respeito do ser americano moderno.
Será necessário, ainda, o embasamento na vasta obra ensaística do autor (1949, 1955, 1969, 1991)

A questão da (in)definição em construções com haber + demonstrativo em espanhol


Gisele Souza Moreira (USP)

Neste estudo, trataremos da ocorrência, em espanhol, de construções com “haber” +


“demonstrativo” a partir de uma reflexão sobre questões referentes à definição. Os casos estudados
pertencem predominantemente à modalidade oral e foram extraídos do Corpus del Español (Davies,
Mark. 2002-). Na dissertação de mestrado (Moreira, G. S. 2013), fizemos um estudo comparativo
sobre o emprego dos demonstrativos no Português do Brasil e no espanhol e, ao final, observamos
alguns casos nos quais construções com demonstrativos assumiam diferentes graus de definição.
Para este trabalho, selecionamos os casos com “haber” + “demonstrativo” porque também se trata
de uma combinação que desafia o conceito de definição, conforme poderemos comprovar nos casos
selecionados. No corpus, encontramos enunciados como "que no hay ese algo", onde "algo" não tem
uma referência clara no texto e "había aquella cosa: te tenés que hacer amigo", na qual “aquella
cosa” também não pode ser identificada como uma referência a algo já dito. Depois de observar
como gramáticas tratam o assunto e revisar alguns conceitos que podem nos ajudar, consideraremos
os estudos sobre este assunto que já existem e analisaremos esses e outros casos considerando o
conceito de “mención evocativa” (Fernández Ramírez, 1987) e refletindo sobre o valor
argumentativo de tais construções.

O professor de língua estrangeira: um estudo discursivo sobre o seu trabalho no IFRJ


Giselle da Motta Gil (IFRJ/UFF)

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar o andamento de uma pesquisa que participa das
discussões da vertente teórica que integra questões da linguagem com as investigações sobre o
trabalho docente. Dessa forma, amplia o entendimento sobre a situação de trabalho e volta-se para
práticas linguageiras, em geral, vistas como desligadas da situação de trabalho docente stricto sensu.
Temos como objeto de investigação os discursos que circulam no Instituto Federal do Rio de Janeiro
(IFRJ) sobre o ensino das línguas estrangeiras (LEs): os documentos oficiais, entendidos como os
prescritos para o trabalho do professor (o Projeto Político Institucional, os programas de ensino etc),
a fala dos docentes dessas disciplinas sobre sua atividade, da comunidade escolar sobre o papel das
LEs na formação técnica na Instituição. Nosso objetivo é contribuir para a discussão sobre o lugar
ocupado pelo estudo do dessas disciplinas na formação dos estudantes dos cursos técnicos
integrados ao Ensino Médio do IFRJ. Para desenvolver este estudo consideramos os pressupostos
teóricos da Análise do Discurso de base enunciativa (MAINGUENEAU,1997, 2002). Para expor nosso
ponto de vista sobre o trabalho como objeto de estudo buscamos a proposta de análise ergológica
de Yves Schwartz (1998), as contribuições de Rocha et all (2002) e as pesquisas de Sant’Anna; Souza-
e-Silva (2007) e Freitas (2010).
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A tensão informar/opinar no gênero notícia: uma proposta para o ensino de E/LE


Giselle da Motta Gil (IFRJ/UFF)
Samara Lussac Kiperman (UFF)

Esta comunicação tem o objetivo de apresentar resultados de uma pesquisa sobre ensino de E/LE
baseada no estudo dos gêneros de discurso. Para tal, apoiamo-nos nos pressupostos teóricos de
Bakhtin (2000), que apresenta os gêneros de discurso como tipos relativamente estáveis de
enunciados que circulam em diversas esferas da sociedade e das contribuições da Análise do
Discurso de base enunciativa (Maingueneau, 2002), que propõe o estudo das produções verbais
relacionadas às condições sociais de produção. A opção pelo gênero notícia se justifica pelo fato de
que reflexões no âmbito dos estudos enunciativos tem possibilitado compreender o funcionamento
discursivo das notícias de jornal sob a perspectiva de que não há textos mais objetivos que outros, a
objetividade seria um efeito de sentido. A metodologia do projeto consistiu, inicialmente, em
atividades de análise das características composicionais desse gênero e da identificação dos
diferentes suportes em que as notícias são veiculadas. Em seguida, foram realizadas atividades de
comparação de um mesmo fato, relatado em diferentes notícias, em diferentes jornais, com o
objetivo de que os alunos pudessem identificar distintas posições diante do mesmo fato e os
aspectos da materialidade linguística que nos permitem perceber tais posicionamentos na tensão
informar / opinar (Sant’Anna 2004). Os resultados demonstraram que tais reflexões possibilitam aos
estudantes compreender que não há neutralidade em tais textos, o funcionamento discursivo das
notícias de jornal, além de contribuir para a aprendizagem da língua espanhola.

O processo de tradução em foco: o impacto da direcionalidade em tarefas de tradução no


desempenho de três perfis de sujeitos no par linguístico espanhol-português.
Gleiton Malta Magalhães (UnB /UFMG)

Esta comunicação examina dados obtidos num estudo exploratório realizado com dois professores
de tradução, dois alunos de tradução e dois tradutores com o objetivo de investigar o impacto da
direcionalidade na tradução, tomando como indicador os tempos relativo e total despendidos pelos
sujeitos nas fases de orientação, redação e revisão (Jakobsen, 2002; Alves, 2005) em tarefas de
tradução, direta e inversa, registradas em tempo real. Os dados são discutidos à luz de Buchweitz e
Alves (2006) e Ferreira (2010; 2012; 2013) que apresentam análises comparativas do desempenho de
tradutores experientes e novatos tendo a direcionalidade da tradução como foco. Com base no
registro de uso do teclado e do mouse por meio do programa Translog II, foram extraídos dados
tempo, pausas e segmentações da produção textual dos sujeitos. Para a coleta foram utilizados dois
textos fonte correlatos, excertos de introduções de artigos científicos, em espanhol e português, de
aproximadamente 150 palavras. Cada sujeito realizou tarefas de tradução direta e inversa, sem
acesso a material de consulta. Como resultado, verificou-se uma diferença nos tempos relativos e
total dos sujeitos de pesquisa no que concerne às fases de orientação, redação e revisão. Contudo,
não se observaram mudanças substanciais em tarefas similares utilizando outros pares de línguas
considerados tipologicamente mais distantes.

Especificidades e demandas do ensino da língua espanhola em um instituto federal tecnológico do


rio grande do sul
Glenda Heller Cáceres (IFRS)
Natalia Labella-Sánchez (IFRS)

O fortalecimento do ensino técnico no Brasil, por meio da criação dos Institutos Federais (Lei
11.892/08), traz uma nova e crescente realidade para os docentes de espanhol: o desafio de
trabalhar em um contexto educacional cuja proposta é baseada na verticalização do ensino. Nessa
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realidade, um docente pode atuar em distintos níveis educativos dentro de uma única instituição,
sendo eles o ensino médio integrado, o PROEJA, os cursos subsequentes, o ensino superior e a pós-
graduação. O objetivo deste trabalho é descrever o contexto de ensino de espanhol de dois campi de
um IF do sul do Brasil, bem como apresentar reflexões a respeito de questões que incidem sobre as
especificidades de ensino de seus cursos (de acordo com o nível educativo e com a inserção da língua
em uma instituição tecnológica – DCN-EPT, 2013) e de quais são as demandas geradas por tais
especificidades. A perspectiva metodológica adotada é qualitativa, já que seu objeto de pesquisa
consiste em um ambiente social com o qual o pesquisador – próprio instrumento de investigação –
está nitidamente imbricado. Para isso, partiremos de nossas experiências como docentes do Ensino
Médio e Subsequente, de questões político-linguísticas (KAPLAN & BALDAUF, 1997; RICENTO, 2006;
NICOLAIDES et al, 2013) e de pesquisas relativas ao ensino de línguas para fins específicos (RAMOS,
2009; 2004), de modo a mostrar as diferenças que devem ser consideradas nas decisões referentes a
aspectos metodológicos, planejamento de curso e definição de material didático.

Percepciones de los alumnos sobre una propuesta de curso de lengua española con foco en el cine
y la cultura
Gloria Cortés Abdalla (PUC-SP)

Este trabajo forma parte del conjunto de investigaciones realizadas en el programa de Lingüística
Aplicada y Estudios del Lenguaje (LAEL) de la Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, y muestra
las percepciones de alumnos sobre un curso de español que propone la enseñanza-aprendizaje con
foco en los aspectos culturales. Utilizando al cine como uno de sus principales soportes, el curso
desarrollado y evaluado es ofrecido en COGEAE-PUCSP. Para dicha evaluación, se analizaron las
percepciones de los participantes sobre los aspectos de la propuesta del módulo "Aprenda español
por medio del cine latino americano", ofrecido en el segundo semestre de 2011. Se analizaron las
percepciones sobre los elementos que despertaron su interés, tanto para su entrada al curso, como
también durante y al fin del proceso. Entre otros aspectos, se observaron las necesidades y deseos
de aprendizaje de los alumnos, sus percepciones sobre la metodología y los materiales utilizados. Se
procedió al Análisis del Contenido (Bardin, 2010) de los resultados obtenidos por medio de
cuestionarios, entrevistas y grabaciones, además de la observación del léxico elegido por los
participantes en lo que se refiere a cada uno de los aspectos analizados. El fundamento teórico se
dirigió principalmente hacia los presupuestos de la visión socio-histórico-cultural (Vygotsky,
1934/1934), la evaluación y elaboración de cursos y materiales (Graves, 1996, 2000; Ramos, 2001,
2004, 2009). Los resultados indicaron las evidencias de las contribuciones de una propuesta de
enseñanza de la lengua extranjera con base en la cultura, en especial el cine, y la posibilidad de
trabajar la lengua española de forma integrada a otros saberes.

Lucha armada y represión en la literatura argentina y brasileña: entre lo político y lo intimista


Graciela Foglia (UNIFESP)

En el marco de las reflexiones sobre literatura de testimonio, en esta ponencia se analizan y


comparan las novelas Los compañeros (1987) de Rolo Diez y Em câmara lenta (1977) de Renato
Tapajós buscando ver de qué manera la experiencia de militancia y cárcel de los autores (Diez,
argentino, militante del PRT/ERP, trotskista y Tapajós, brasileño, militante del PCdoB) se imprime en
sus obras. La hipótesis de trabajo es que las diferencias entre las escrituras –una más militante, la
otra más intimista– serían producto, no solo de procesos históricos completamente diferentes, ni de
los distintos alcances sociales que tuvieron las luchas de aquellos años, como tampoco de los
diferentes objetivos perseguidos en cada caso por los grupos armados (lucha contra la dictadura o
lucha para transformar el mundo), sino también en las intensas discusiones sobre la función del arte
en general, y de la literatura en particular, promovido y desarrollado en el ámbito Casa de las
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Américas, discusión que atravesó el discurso intelectual de los años sesenta y setenta, , en la América
hispánica, a partir de la Revolución cubana. Diez y Tapajós son herederos de esas diferentes
tradiciones.

Transgresiones de los márgenes en dos narrativas de María Rosa Lojo


Gracielle Marques (Unesp/Unir)

María Rosa Lojo (1954) asume con claridad la perspectiva histórica, valiéndose de las proposiciones
teóricas que caracterizan lo pos-moderno en la ficción, para crear un universo poético que rescata
mitos y reescribe la historia nacional argentina, bajo la óptica de la alteridad y de la diferencia. En
este trabajo, elegimos el cuento “Te de Araucaria” y la novela “Finisterre”, con el objetivo de hacer
una lectura comparada desde el punto de vista de la trayectoria de los personajes Manuela
Namuncurá y Elizabeth Armstrong. En esas obras Lojo nos presenta a esos personajes femeninos en
el momento en que sus vidas, hasta entonces determinadas por la voluntad masculina, se enfrentan
con el inevitable (re)encuentro con los vínculos e imaginario asentados en el pasado, lo que les
permite cuestionar sus trayectorias como algo fabricado y subvertir los discursos autoritarios. Ambas
historias son vividas, en parte, en Inglaterra y sus protagonistas están relacionadas con la pretensa
identidad blanca presentes en los discursos fundadores de la construcción nacional argentina. De esa
manera, las narrativas sacan a la luz un sujeto femenino ignorado en los relatos tradicionales,
concibiendo un espacio donde la superposición de las fronteras les permite repensar la identidad y
experimentar la alteridad.

A Comicidade nos Esperpentos Valle-Inclanianos


Gustavo Rodrigues da Silva (Unicamp)

O autor espanhol Valle-Inclán (1866 - 1936) é um autor prolífico dentro da história da literatura
espanhola e já foi muito estudado no exterior. Contudo, é pouco pesquisado no Brasil e, muito
menos, é estudada a comicidade presente em seus esperpentos, um gênero criado por ele na
literatura e que é originário do trabalho artístico do pintor espanhol Francisco de Goya y Lucientes
(1746 - 1828). Ao observarmos tal deficiência de pesquisa no cenário nacional, realizamos o estudo
sobre essa comicidade nas duas obras fundamentais desse gênero valle-inclaniano, a saber, Los
cuernos de Don Friolera (1990) e Luces de bohemia (2001). Temos como base teórica alguns
pressupostos da corrente literária da Estética da Recepção e do Teatro do Absurdo. Observamos os
recursos cômicos literários, como as gírias, os alogismos, as inversões, as ironias, os humores, entre
outros; que são descritos pelos autores Henri Bergson em sua obra O riso - ensaio de significação do
cômico (1983), Vladímir Propp em seu livro Comicidade e riso (1992) e Sigmund Freud em seu estudo
intitulado El chiste (2001). O nosso objetivo é provar que os esperpentos valle-inclanianos
supracitados são obras cômicas e constituem um subgênero cômico moderno. Defendemos que é
um subgênero e não um gênero cômico, porque não preenche todas as características desse gênero,
as quais foram propostas por Aristóteles em sua Poética (1997).

A oligarquia, a pequena burguesia e o proletariado nos diários de Rodolfo J. Walsh e a questão da


violência revolucionária
Gustavo Walter Spandau (USP)

O presente trabalho tem por objetivo analisar algumas passagens das anotações do escritor
argentino Rodolfo Walsh referentes à sua valoração sobre diversas categorias sociais, como a
oligarquia e o proletariado. Tudo isso no contexto dos processos de luta revolucionária e violência
política dos anos 60 e 70 na América Latina. A análise se baseia nos textos incluídos em Ese Hombre y
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otros papeles personales (2007), no qual se encontram diversos escritos de Walsh, que vão de 1957 a
1976, e podem ser considerados como uma espécie de diário. Neste trabalho, pretendemos observar
a apreciação que faz Walsh das mencionadas categorias sociais em dois planos. Primeiro, no aspecto
pessoal, como na descrição de alguns indivíduos da burguesia ou nas referências ao seu vínculo com
certos operários. Em segundo lugar, em um aspecto geral, analisamos sua alta valorização do
proletariado e o processo contrário em relação à classe dominante, por exemplo, no seu “Retrato de
la oligarquía dominante”, capítulo 37 da última edição de Operación Masacre (1972), onde justifica o
sequestro e morte do ex-presidente argentino Pedro E. Aramburu pelo grupo Montoneros. Em
síntese, se trata de uma aproximação ao pensamento de Rodolfo Walsh, tanto de seu olhar e
valoração de alguns indivíduos, quanto das categorias sociais sobre as quais reflete, observando os
conflitos ou contradições que podem aparecer no diarista por sua própria origem e posição social.
Tudo isso no contexto das lutas revolucionárias e utilização da violência como arma política.

O Brasil da Copa das Confederações 2013 e das Jornadas de Junho nos discursos jornalísticos dos
jornais La jornada (México) e El País (Uruguai)
Guy Pinto de Almeida Junior (ESPM)
Marcos Mauricio Alves da Silva (ESPM)

Este trabalho conjunto surge do cruzamento de investigações dos discursos jornalísticos sobre as
cidades e dos discursos produzidos nas manifestações que aconteceram em diferentes cidades
brasileiras em junho de 2013, as Jornadas de Junho na mídia de diferentes países latino-americanos.
Analisamos, assim, neste trabalho, os discursos jornalísticos sobre as Jornadas de Junho nos jornais El
País e La jornada – respectivamente de Uruguai e México, que tiveram suas seleções de futebol
participantes da Copa das Confederações de 2013. Para a seleção dos corpora de nossa análise,
buscamos nas versões digitais de ambos os jornais, no período de 15 a 30 de junho, textos
jornalísticos que relatassem as manifestações em paralelo aos jogos do Brasil na Copa das
Confederações. Nossa análise discursiva articula os estudos da cidade, as manifestações populares e
a sociedade brasileira desde o ponto de vista dos jornais estudados. Com isso pretendemos refletir a
localização do futebol nesses discursos procurando verificar como a discursividade dos dois jornais se
assemelham ou se repelem no que tange às formas de enunciação sobre o futebol e as
manifestações no Brasil. Demonstrou-se, como resultado da análise, que as referências ao futebol
são escassas nos corpora analisado, que, em muitos momentos reiteraram os discursos das ruas.
Dessa forma, o futebol não foi relacionado nos discursos como uma das possíveis representações do
Brasil, no entanto quando aconteciam podemos dizer que estavam mais no campo do passado
glorioso e das imagens de um “país do futebol” que já não mais existe.

O Devir-Darkroom e a Historiografia Literária Latino-Americana


Helder Thiago Cordeiro Maia (UFF)

Há uma “tecnologia de apagamento” que funciona na historiografia literária latino-americana que


busca normatizar as sexualidades e os gêneros e controlar a significação desses textos. Assim, o
devir-darkroom é tanto uma proposta de leitura capaz de enxergar essas pequenas luzes
antinacionais apagadas e/ou controladas pelas historiografias literárias, quanto um território literário
onde habita um desejo de experimentação de corpos-sem-orgãos e de desterritorialização da
heteronormatividade. Propomos, nesse artigo, portanto, uma análise de dois autores argentinos
contemporâneos, Copi e Néstor Perlongher, exemplos dessa escritura bicha-louca (Preciado), menor
(Deleuze) e profanatória (Agambem), através das historiografias literárias posteriores ao ano 2000,
com o intuito de verificarmos a presença de ambos no sistema literário latino-americano.
Objetivamos, através da análise comparativa entre historiografias “canônicas” e historiografias
“temáticas”, medir a presença e o silêncio sobre esses autores, entender as relações de saber-poder
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que constroem essas historiografias e sugerir possíveis estratégias de leituras que sejam capazes de
enriquecer esses dois tipos historiográficos. Contudo, não tivemos a pretensão de defender a
formação de cânones paralelos ou de sugerir a ampliação dos cânones oficiais, nossa ideia foi
questionar a própria existência do cânone, principalmente, através de um entendimento do literário
em campo expandido. Foram analisadas obras de Adrián Melo, Juan Pablo Sutherland, Beatriz Sarlo,
José Miguel Oviedo (Org), Noé Jitrik (Org) e David Viñas (Org).

A voz dos estudantes no livro didático de Espanhol/ Língua Estrangeira: OCEM, letramento crítico e
produção escrita
Hiran Nogueira Moreira (UECE)

As atividades de prática escrita presentes em livros didáticos de língua estrangeira podem permitir
ou não que a voz dos estudantes seja contemplada e externada pela escrita. Caso permitam, os
estudantes terão a chance de serem autores de sua própria escrita, se não permitem, eles serão
simples reprodutores de uma realidade externa a eles. A partir desse pressuposto é que traçamos o
nosso objetivo com esta pesquisa: analisar as propostas de produção escrita presentes na coleção
didática de espanhol Enlaces (ensino médio) tendo como referencial teórico a sugestão das OCEM
para as atividades de produção escrita e sua proposta de cidadania para o papel educacional do
ensino de línguas estrangeiras. Das 24 seções de prática escrita, 18 permitem o estudante tomar
decisões e fazer escolhas no momento da elaboração escrita do gênero textual, e dessas 24, somente
15 tocam em questões ligadas a cidadania. Embora o panorama revelado pela análise seja positivo
quanto as sugestões fornecidas pelas OCEM, ainda assim consideramos que a obra didática analisada
pode ser melhor pensada e formulada quanto ao desenvolvimento da habilidade escrita através dos
gêneros textuais como recurso pedagógico.

Los Pichiciegos: uma obra de testemunho e violência


Hosana Santos Agostinho Da Silva (UFU)

A ditadura argentina foi iniciada com um golpe de estado em 1976 por militares que queriam assumir
o poder do país e foi considerada, durante sua vigência, um dos governos mais autoritários do século
XX na América Latina. Propomos analisar o romance "Los Pichiciegos" (Rodolfo Enrique Fogwill) no
qual encontramos estruturas da literatura de testemunho apontando os sinais de violência e
repressão. Durante sua vida Fogwill se dedicou a escrever várias obras conhecidas como a coletânea
de poemas “Las horas de citar”, contos como “La muchacha punk”, e alguns romances como “Los
Pichiciegos”. Na obra a história vai se delineando a partir do relato de um coletivo e, igualmente
como afirma Sarlo (2005), o sujeito não se restaura a si mesmo no testemunho do campo, mas uma
dimensão coletiva que se desprende do que o testemunho transmite. Para dar mais credibilidade à
sua história, Fogwill utiliza de personagens fictícios que de fato vivenciaram a guerra, o exército que
estava na linha de frente contra seus oponentes. Os “não-vivos”, para Primo Levi (2003), que de fato
vivenciaram uma experiência traumática podendo então testemunhar a experiência no campo. A
obra então é uma mescla de estrutura testemunhal e ficção onde iremos analisar sinais deste valor
testemunhal e a forma como o autor representou a violência de governos repressivos e a guerra das
Malvinas.
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Alternância entre formas de Imperfectivo Habitual e Imperfectivo Durativo no Espanhol do México


Imara Cecília do Nascimento Silva (UFRJ)
Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold (UFRJ)

Neste trabalho, há duas noções relevantes: aspecto verbal e composicionalidade aspectual. O


aspecto (Comrie, 1976) define a constituição temporal interna de uma situação. A categoria
investigada aqui, o imperfectivo, focaliza uma fase de um evento. Tal aspecto pode apresentar duas
nuances: a duratividade (uma situação é característica de um determinado período de tempo); e a
habitualidade (a sucessiva ocorrência de várias instâncias dessa situação). Por sua vez, o termo
“composicionalidade” (Verkuyl, 1972) se refere ao papel que outros constituintes da frase exercem
na leitura aspectual, além da morfologia verbal. Observando o português do Brasil (PB), Freitag
(2011) verificou o uso da forma habitual (comia) em contextos canônicos de duratividade (estava
comendo). Isso se deveria à combinação da morfologia com constituintes como o sujeito. A autora
afirma que o uso da forma durativa, no PB e em outras línguas, está diretamente relacionado à
agentividade do sujeito. Logo, um sujeito [- agentivo] não seria compatível com estar+gerúndio.
Diante disso, nosso objetivo é analisar os contextos de ocorrência das duas formas, combinadas com
sujeitos [±agentivos]. Nossa hipótese é de que, no espanhol, sujeitos [+agentivos] são determinantes
para o uso da forma habitual de imperfectivo passado (corría) no lugar da durativa (estaba
corriendo). Verificaremos os contextos de ocorrência dessas formas num corpus de dados
secundário: entrevistas de informantes da Cidade do México, organizadas pelo projeto PRESEEA
(Proyecto para el Estudio Sociolingüístico del Español en España y en América).

O neopopularismo no Romancero Gitano de García Lorca


Irley Machado (UFU)

O objetivo deste artigo é analisar e tentar encontrar os elementos que poderíamos considerar como
pertencentes ao neopopularismo, presentes na obra Romancero Gitano de García Lorca. O termo foi
enunciado pela primeira vez por Gustavo Siebemann que o utiliza para falar da poesia de Alberti e
Lorca. Segundo o autor o neopopularismo surge não como uma reação, mas como um
aprofundamento da corrente popular desenvolvida pela geração de 98 e composta por poetas como
Unamuno, Azorín e Baroja, entre outros. García Lorca vive em um momento preciso e participa da
controvertida geração de 27. O granadino escreve sobre diferentes temáticas e de diversas formas
que conseguem romper qualquer classificação, o que justifica a atribuição do termo neopopularismo
quando falamos de sua obra Romancero Gitano. Tendo criado um mundo multiforme, cercado de
beleza, um universo de significações, de cheiros, de sons, de mistérios profundos, de amores
impossíveis, e de desejos insatisfeitos, o poeta nos brinda com uma poesia que nos dilacera
intimamente, enquanto revela ressonâncias profundas universais e andaluzas. Lorca coloca em cena
elementos associados a formas populares e aproveita os meios tradicionais com uma intenção
revolucionária para criar uma nova poesia, ou, pelo menos, dentro da dialética da modernização,
para responder às necessidades de uma nova linguagem poética.

Sor Juana Inés de la Cruz y Alejo Carpentier: dos voces del Caribe entre identidades y signos
musicales
Isabel Abellán Chuecos (Universidad de Murcia)

A pesar de la distancia temporal y espacial que separa a Alejo Carpentier y Sor Juana Inés de la Cruz
podemos observar, sin embargo, que sus obras pueden enlazarse a través de elementos comunes
como la música y las distintas identidades a través de ella. Elementos y visiones de la música
confluirán y establecerán una dialéctica entre ambos autores permitiendo unirlos a través de este
elemento que marca la ligazón y la interdisciplinariedad, así como permite dar sentido a este
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estudio.Es así como cobrará especial relevancia en ambos la representación del negro a través y
desde la música. Si históricamente el negro ha sido casi un “tabú”, en este caso puede convertirse en
tótem. Podemos observar cómo en la narrativa de Alejo Carpentier se le asigna al negro un papel
primordial frente a la música, con un ritmo intrínseco, que hace que podamos verlo incluso como
superior y magnánimo. Por su parte, en la obra de Sor Juana se reivindican las distintas músicas –
cosa que también sucede en la obra de Alejo Carpentier- y entre ellas se encuentran las canciones
que realice “el Negro”, siempre así, con mayúscula, pudiendo relacionarlo también –aunque sea sólo
por su forma léxica- con esta magnitud. En relación con los estudios interdisciplinares, con este
trabajo pretendo mostrar la importancia de las interrelaciones que nos permiten encontrar un hilo
conductor, revelador y deslumbrante entre autores alejados geográfica e históricamente –y sin
embargo tan unidos en parte-, así como posibilitan de igual manera el establecer una dialéctica no
solamente entre uno y otro, sino también en sus propias narrativas, otorgando una nueva visión
disparadora y en profundidad y proponiendo nuevos puntos de fuga al tiempo que ejes axiales.

El papel del antecedente (+/- específico) en construcciones relativas: análisis de un corpus de


Montevideo: (PRESEEA)
Isabel Contro Castaldo (UPM)

El objetivo del presente trabajo es observar, en el corpus PRESEEA de Montevideo, el papel de la


determinación del antecedente (+/- específico) en las relativas, tanto en las construcciones con
despronominalización de relativos (LOPE BLANCH, 1986) o con (re)duplicación de relativos
(BRUCART, 1999), así como en las construcciones no pronominales (NGLE, 2009), junto a las
construcciones relativas estándar. Para eso, en esta ponencia, se cuantificará la presencia de
construcciones relativas especificativas del tipo estándar, formación más usual y común de relativas;
y del tipo no estándar, despronominalizadas (LOPE BLANCH, 1983) o (re)duplicadas (BRUCART, 1999)
y no pronominales (NGLE, 2009), cuando su formación, en ambos casos, sea con el relativo QUE.
Además, se analizará el papel del antecedente, su aspecto (+/- específico) en el fenómeno de
formación de las relativas no estándar, aspecto ya mencionado en diferentes estudios como los de
Trujillo (1990), Brucart (1999), Suñer (2000) y Borzi & Morano (2009), entre otros. Se tratará de
observar, también, si la producción de relativas por hablantes nativos del español del Río de la Plata
guarda relación con lo que proponen las gramáticas prescriptivas en cuanto a la preferencia por las
relativas duplicadas en relación a las no pronominales.

O motivo do deslocamento em Saña, de Margo Glantz


Isabel Cristina Jasinski (UFPR)

Esse trabalho pretende considerar os aspectos relacionados ao tema do “deslocamento” em Saña


(2010) da escritora mexicana Margo Glantz e sua vinculação com uma poética que se sustenta sobre
a ideia de atravessamento de processos de significação diferenciados. O motivo “sair do lugar” tanto
está conectado à viagem e à percepção do “absolutamente outro”, como à narratividade das outras
artes nessa obra, vivenciado por uma percepção monstruosa do mundo. Todos esses fatores se
projetam como corpo-imagem, nas obras de Francis Bacon, por exemplo, constantemente revisitada
pelo narrador nos pequenos textos que compõem o livro. Assim também os relatos dos passos
nômades de Rimbaud nas colônias francesas da África, as viagens de um narrador desconhecido por
Varanasi na Índia, as notas estrangeiras de Domenico Scarlatti na Espanha do século XVII ou os
relatos dos sobreviventes de Auschwitz. Tal poética, chamada de “escrita nômade”, corresponde à
plasticidade do espaço da linguagem, seus modos de posicionamento no/sobre o mundo, definindo
um processo de percepção e concepção, conforme considera Christophe Bident em Les mouvements
du neutre. Em consequência, o deslocamento se efetua como articulação entre corpo e escrita ao
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definir um espaço de ação política na literatura, não um lugar, porque não se prende à identidade ou
à legitimidade, mas à experiência compartilhada de ser outro por meio da arte.

Imprensa e imaginário: o discurso feminista de Emilia Pardo Bazán na revista "Nuevo Teatro
Crítico"
Isabela Roque Loureiro (UFRJ)

A revista ""Nuevo Teatro Crítico"" (1891-1893), organizada e financiada pela escritora Emilia Pardo
Bazán, ocupa um lugar central na construção de discursos críticos sobre a mulher na Espanha do
século XIX. Os discursos sobre a inferioridade feminina fizeram com que a escritora galega tomasse a
palavra para si, de forma a pleitear, através de textos ficcionais e jornalísticos, uma imediata
revalorização da mulher. Encontrou na imprensa um caminho para ser percebida e escutada; passou
a concebê-la como um oportuno meio para defender seus ideais e impulsionar campanhas a favor de
causas extremamente necessárias para o desenvolvimento da sociedade espanhola. Apresentaremos
algumas regularidades do discurso feminista da autora, uma das mais importantes vozes do
feminismo no país, atribuindo especial atenção aos artigos publicados em NTC que versam sobre a
educação e o trabalho feminino. Por compreendermos os meios de comunicação como fontes de
criação e reprodução de imaginários sociodiscursivos, consideraremos os estudos críticos de Bakhtin
(1995; 2006), que tratam da enunciação e da polifonia, e os de Maffesoli (2001) sobre a natureza
essencialmente coletiva, social e histórica do imaginário.

Matar a Borges: a ficcionalização de Borges e da crítica literária


Isis Milreu (UFCG /UNESP-Assis)

Jorge Luis Borges é considerado por muitos escritores e críticos um dos autores mais importantes do
século XX. É inegável que sua poética e suas ideias filosóficas influenciaram e continuam
influenciando a literatura contemporânea. Por isso sua obra e sua figura histórica ainda suscitam
discursos tanto teóricos quanto ficcionais. Para comprovar estas afirmações, basta observar que
além de ser tema de inúmeros ensaios, teses e biografias, o escritor argentino foi convertido em
objeto literário de vários romances, contos, crônicas, obras teatrais e cinematográficas em diversos
países. Em geral, as narrativas que literaturizam Borges dialogam não só com a sua poética, mas
também com a história da literatura. Desse modo, a crítica literária é ficcionalizada e importantes
questões literárias são trazidas à tona. Neste sentido, nosso trabalho se propõe a analisar a
transformação do escritor argentino em personagem no romance Matar a Borges (2012), do escritor
argentino Francisco Cappelotti, bem como a forma como a crítica literária aparece na referida
narrativa.

Literatura e cinema: ressignificando as imagens de dom Quixote e Sancho Pança


Italo Oscar Riccard León (UNIFAL-MG)

No âmbito das relações dialógicas interdiscursivas que permeiam as ligações entre a literatura e o
cinema, surgiu o interesse por estudar e pesquisar – até agora em andamento – a imagem de dom
Quixote e Sancho Pança enquanto figuras/personagens emblemáticas do texto clássico cervantino,
tendo como finalidade desenvolver outro olhar que as possa ressignificar ao revisitar a obra de
Cervantes e a versão fílmica “Dom Quixote” (1957) do cineasta russo Gregory Kozintsev.
Inicialmente, o trabalho objetiva fazer um levantamento das aproximações da literatura e o cinema
(PALMA, 2004; JOSEF, 2006; BRITO, 2007; STAM, 2008) e, em seguida, conceituar a imagem como
representação visual e forma portadora de pensamento (PAZ, 2003; SANTAELLA e NÖTH, 2005;
SAMAIN, 2012) para analisar, posteriormente, algumas imagens significativas de dom Quixote e
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Sancho Pança portadoras de um protagonismo ambivalente que cativa até hoje (NABOKOV, 2009;
VARGAS LLOSA, 2010; BORGES, 2011). No entanto, na procura de um referencial teórico-crítico
válido e inédito que permita abordar e apresentar resultados ainda parciais sobre as imagens de dom
Quixote e Sancho Pança na inter-relação literatura/cinema (TROUCHE e REIS, 2005; HEREDERO,
2009; ROJO, 2012; VIEIRA, 2012), foram consideradas as contribuições teóricas de Rancière (2009;
2011) e Didi-Huberman (2011; 2012), cujas perspectivas de análise enfatizam a necessidade de outro
regime estético contemporâneo na interpretação ou leitura das imagens das obras artísticas que se
inserem nas proposições comparativas da literatura e outras linguagens artísticas.

A arte de voar e as outras artes de narrar


Ivan Rodrigues Martin (UNIFESP)

"Em 4 de maio de 2001, o ex-combatente republicano da Guerra Civil Espanhola (1936-1939),


Antonio Altarriba Lope, suicidou-se aos 90 anos, atirando-se do quarto andar de uma clínica
geriátrica. Trata-se de mais uma vítima da Guerra da Espanha, cuja história traumática foi narrada
pelo seu filho Altonio Altarriba e pelo cartunista Kim, no romance gráfico El arte de volar, publicado
em 2009. Do ponto de vista temático, a matéria narrativa do romance revela que embora o conflito
bélico tenha chegado ao fim há mais de sete décadas, ele segue fazendo vítimas. E do ponto de vista
estético, a opção dos autores pelo “romance gráfico” traz para a cena literária uma nova perspectiva
de retratar uma tragédia, cuja representação em romances, poemas, filmes, pinturas, canções,
testemunhos, etc. não esgotou a necessidade humana de buscar novas formas de narrar o conflito
para tentar superar o trauma. A partir das reflexões teóricas sobre trauma e representação,
particularmente dos estudos desenvolvidos na última década ao redor da Shoah, buscamos
demonstrar, nesta comunicação, de que modo a associação entre as linguagens pictórica e verbal
compensa os limites da palavra e apresenta novas possibilidades e perspectivas para o resgate da
memória."

Ser y no ser: sobre el sentido narrativo de la obra Una vez Argentina, de Andrés Neuman
Ivana Ferigolo Melo (UNEMAT)

En el escenario de la literatura de lengua española de la actualidad, es abundante la presencia de


narrativas que, debido a particularidades visibles tanto en el nivel estructural como de contenido,
tienden a romper con ciertas tendencias de narrar asumida por la novela desde su emergencia en los
albores de la modernidad y a provocar en el lector y crítico, en un primer momento, la sensación de
desconcierto que suele causar lo que se aleja de paradigmas consolidados. Una vez Argentina, del
escritor hispano-argentino Andrés Neuman, es una novela que tiende a ilustrar el fenómeno descrito.
Se trata de un relato en que el narrador autor moviliza un contenido biográfico y autobiográfico que,
mediante artilugios narrativos, es desautorizado, haciendo que la obra rompa con el modelo
autobiográfico tradicional de narrar y reivindique nuevas claves analíticas e interpretativas. Se busca,
así, analizar la referida narrativa de Neuman con el intuito de comprender qué narrativa es esa, cuál
es la razón de ser de esta novela y por qué se aleja de la forma tradicional de la autobiografía, siendo
su contenido de naturaleza biográfica.

Reflexionar y hacerse sujeto en la materialidad linguística: consideraciones sobre el trabajo con


reseñas académicas en las clases de lengua española.
Ivani Cristina Silva Fernandes (UFSM)

"El objetivo del presente trabajo es el de reflexionar sobre el trabajo con el género académico
“reseña” en las clases de lengua española en el curso de Letras / Español. Para lograr esta finalidad,
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se pretende analizar algunas producciones de estudiantes de esta modalidad de curso en la


Universidad Federal de Santa Maria (RS). Como fundamentación teórica, nos basamos en los campos
de Lingüística de la Enunciación, de la Argumentación, de la Lingüística Textual y, en particular, en los
trabajos de análisis de géneros académicos. Pensamos que los alumnos, futuros de profesores E. L.
E., deben desarrollar, además de sus habilidades linguísticas en español, su capacidad de hacerse
sujetos críticos que elaboran estrategias de selección, análisis, reflexión e interpretación “en y por la”
materialidad en la lengua española. Entre las muchas formas de trabajo, la reseña se presenta como
una posibilidad idónea para promocionar la discusión de textos teóricos a la vez que guía al alumno
durante su reto en analizar y relacionar ideas en la construcción de una perspectiva sobre un
determinado tema. Ahora bien, tal actividad implica también en un desafío para el docente, una vez
que requiere un trabajo vigoroso, detallado y constante en su papel de “mediador” en la
construcción de la voz del discente. Tal proceso resulta en una serie de cuestionamientos docentes
sobre las propias capacidades de análisis y de surgir como sujeto reflexivo, lo que promueve un
recorrido conjunto hacia la cuestión de autoría y de alteridad en las lenguas materna y extranjera."

Equivalentes españoles de los verbos portugueses ficar, tirar y colocar en clase de E/LE.
Javier Martin Salcedo

El verbo portugués “ficar”, cualquier estudiante brasileño de español lo traduciría por “quedarse”,
que es lo que normalmente aprende, sin embargo no funciona como tal en muchos casos. Basta
poner algunos ejemplos como: “ficar louco, ficar velho o ficar contente” para entender que lo usual
sería volverse loco, hacerse viejo o ponerse contento. Del mismo modo, “tirar” encuentra su
traducción en “sacar” y “colocar” en echar, sin embargo hay contextos de uso que no la admiten.
Para mejorar la calidad de la enseñanza del español, he llevado a cabo una investigación que parte de
los contenidos funcionales y aspectos metodológicos en diferentes métodos de la enseñanza del
español como: Prisma, Nuevo Avance, Ven, etc… así como artículos de investigación en relación a los
verbos de cambio hacerse, volverse, ponerse… que tienen como equivalente portugués
principalmente “ficar”, aunque también “virar”. Para esto, he usado como base de la metodología:
por una parte, la elaboración de una encuesta lingüística que reflexiona sobre el análisis del
funcionamiento de estos verbos en diferentes contextos, y por otra, la observación directa en
expresiones escritas y orales de alumnos de español de nivel intermedio y avanzado de la UFC. El
resultado de la investigación era el que se esperaba dentro del proceso de interlengua del alumnado,
destacando el desconocimiento en muchas ocasiones del uso correcto de los mismos. Por tanto, se
hace necesario lanzar una propuesta de actividades para trabajar estos aspectos en clase de e/le.

O uso do par tú/usted do espanhol na produção de alunos adolescentes.


Jean Carlos da Silva Roveri (USP)

O presente trabalho tem por intuito observar, à luz do pensamento complexo, o uso do par tú/usted
do espanhol na produção dos alunos adolescentes que estão no ensino regular. Observamos em
nossa prática como professor de espanhol como língua estrangeira a adolescentes que esses
aprendizes têm dificuldades ao (re)produzirem o par tú/usted em espanhol. Partimos, então, da
hipótese de que os adolescentes não conseguem estabelecer também em Língua Materna (LM)
limites entre formalidade e informalidade uma vez que estão em fase de construção e formação
social. Frente a este cenário, se levará em conta os estudos pragmáticos de Reyes (1990) y Bravo
(1999) a fim de analisar e verificar quais as influências linguísticas e socioculturais, principalmente
aquelas que se referem à LM e, por outro lado, como pano de fundo, os trabalhos de Morin (1990;
2000; 2005) sobre Pensamento Complexo, que desmistificam a ideia de sujeito cartesiano, racional,
autossuficiente, e abrem espaço para um novo sujeito, aquele inconsciente, heterogêneo, com
identidades fragmentadas.
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Os percursos da escrita acadêmica em língua estrangeira: produzindo um artigo científico em um


curso de letras-espanhol
Jefferson Januário dos Santos (FE-USP)

A aprendizagem da escrita em seus diversos gêneros discursivos é um processo que apresenta


múltiplas especificidades. Na escrita acadêmica, nosso foco de estudo, o aluno, já em seu ingresso na
Universidade, depara-se com variados gêneros textuaiscom os quais nunca teve contato. Ao
ministrar aulas nos três primeiros anos do curso de graduação em Letras-Espanhol na Universidade
Estadual de Londrina tenho me deparado com situações que evidenciam a complexidade em que o
processo de aprendizagem da escrita ocorre. Muitos discentes, ao longo do curso, demonstram
grande preocupação em não conseguirem desenvolver os trabalhos de tessitura textual que são
instados a realizar. Tendo essas dificuldades em mente, neste trabalho analiso minhas atividades de
orientaçãode um artigo científico para a disciplina Pesquisa em Ensino, vinculada ao curso de
licenciatura em Língua Espanhola de mencionada Universidade. O foco é entender alguns dos
intrincados processos em que se deu o refinamento da escrita do orientando em direção a um texto
acadêmico e, ainda, as funções do orientador nesse processo. Para tanto, tomo como base os
trabalhos de Riolfi (2003) e Riolfi e Andrade (2009) em que as autoras expõem uma perspectiva
teórica para a escrita baseada no conceito de autoria (POSSENTI, 2012) e nos quais o trabalho de
escrita configura-se como um processo minucioso, de idas e vindas, de entendimento de que os
efeitos provocados pelo texto escrito podem não surtir os efeitos pretendidos no leitor.

As comunidades discursivas na seleção e uso de games como objetos educacionais para espanhol
língua estrangeira
Jorge Luís Rocha da Silva (UFRJ)

"Este trabalho aborda as relações entre o conceito de comunidades discursivas (SWALES, 1990 e
BORG, 2003) e a construção e aplicação de games como objetos educacionais em aulas de Espanhol
como Língua Estrangeira. Segundo Swales (1990), as comunidades discursivas são grupos nos quais
indivíduos se identificam entre si por meio de fatores ocupacionais, de especialidade ou de gostos
pessoais que acarretam o domínio de um determinado repertório de gêneros discursivos, hábitos e
experiências em comum, gerando uma relação de aproximação desses indivíduos com os elementos
de suas comunidades discursivas. Pensando em grupos escolares cada vez mais marcados por
diversos discursos e identidades, além de influenciados pelo uso cotidiano de novas tecnologias de
informação e comunicação (as TICs), o uso de novas ferramentas didáticas e paradidáticas,
categorizadas pelo MEC como objetos educacionais, ganhou importância no âmbito pedagógico,
tornando-se inclusive requisito para a seleção de materiais pelo Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD/MEC). Sendo assim, discutimos aqui um paralelo teórico entre alguns estudos, como os de
Paul Gee (2009), sobre os princípios educativos contidos na experiência com jogos eletrônicos e
multimídia, e a noção de comunidades discursivas, entendendo que nesta conexão se encontra a
possibilidade de metodologia de seleção, criação e desenho de jogos como objetos educacionais,
utilizando o ensino-aprendizagem de Espanhol LE como caso específico."

A ficção contemporânea espanhola: forma e conteúdo


Jorge Paulo de Oliveira Neres (UNESA)

Nesta comunicação pretende-se estabelecer um panorama da ficção espanhola no período


sucedâneo à Guerra Civil Espanhola, mais precisamente os últimos anos da ditadura Franco e os
primeiros da redemocratização do país. Elegem-se como focos do os autores Miguel Delibes e
Manoel Rivas, com destaque para as opções estéticas que marcam suas produções. É de
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conhecimento geral que a matéria de extração histórica permeia e interpenetra-se na construção


narrativa destes autores, seja como elemento nuclear sub-reptício, seja como apêndice alusivo
remoto que se entranha na estrutura do texto. A partir desta premissa, o trabalho objetiva verificar
as inovações estilísticas e as modalidades de escritura veiculadoras do teor crítico-social da matéria
narrada. Esta comunicação pretende estabelecer a conexão entre forma e fundo tendo em vista o
fato de que as escrituras no período da ditadura franquista eram cerceadas pela censura e, na
redemocratização, estabeleciam liames perdidos com a trajetória histórica ceifada pelo discurso
opressor. As narrativas espanholas que apresentam a matéria de extração histórica da Guerra Civil
fazem aquilo que Barthes chama de “trapaça com a linguagem” alcançando os objetivos da denúncia
dos desmandos ditatoriais, preenchendo os vazios cavados pela censura. Como se nota, o presente
trabalho se propõe a uma discussão em torno do modelo de construção narrativa visto como
primordial para o efeito de possíveis mensagens trazidas pelas obras, avalizando o estético como
propulsor da validação do discurso posto que, sem a renovação da linguagem, o caráter subversivo
da obra de arte inexistiria e a literatura perderia sua funcionalidade.

A noção de cultura nas práticas de ensino de língua - no caso específico do espanhol para
brasileiros: problematização de seu papel
Jorge Rodrigues de Souza Junior (DIVERSITAS-FFLCH-USP/ PG- USP/ IFSP)

Discutiremos a reflexão teórica da apresentação de questões culturais em processos de ensino e de


aprendizagem de língua estrangeira e como a noção de cultura é discutida entre teóricos da
sociologia, da antropologia cultural e dos estudos culturais. Estabelecemos como eixo central discutir
a noção de cultura e como esta atravessa práticas de ensino de Espanhol como língua estrangeira
(E/LE), a partir de dois pontos de articulação. Primeiro, ao revisar como essa noção opera no
processo de interpelação de sujeitos-aprendizes brasileiros de E/LE. Pela perspectiva teórica da
Análise do Discurso (AD) esse processo funciona como uma inscrição na ordem da língua outra
(ORLANDI, 1996), como um contexto imediato de processos de identificação e de subjetivação
(ORLANDI, 1999) pelo qual cada sujeito está submetido a partir da linguagem. Cabe discutir se a
revisão da noção de cultura poderia instaurar novas séries de sentido capazes de promover e de
propiciar deslocamentos que permitam, em primeiro lugar, interromper certas rotinas dominantes
no funcionamento da memória discursiva que vinculam cultura a certos saberes ou sentidos; em
segundo lugar, também pensamos que poderia promover ou propiciar a produção da identificação
simbólica do sujeito aprendiz com essa língua. Em segundo lugar, entendemos a importância de
discutir o funcionamento discursivo da noção de cultura como arquivo, como um núcleo duro de um
pré-construído, enquanto um modo regular e estabilizado na construção de efeitos de evidência que
relacionam cultura como algo a ser trabalhado em aulas de língua estrangeira.

Materiales didácticos para Español, lengua adicional: diversidad, plurilingüismo e


interdisciplinaridad
Jorgelina Ivana Tallei (UNILA)

El objetivo de esta comunicación es describir el proyecto llevado a cabo por el área de lenguas de la
Universidad Federal de Integración Latinoamericana (UNILA). Tal proyecto ancora sus propuestas en
la pedagogía por proyectos teniendo en cuenta tres pilares: diversidad, plurilingüismo e
interdisciplinaridad. Dicha metodología tiene como objetivo construir el conocimiento mediante la
realización de metas a cumplir por parte de los alumnos fomentando así el trabajo investigativo y el
aprendizaje de lenguas en un contexto determinado, en este caso de frontera. Para tal objetivo nos
propusimos revisar las teorías de Boutinet (2002) las cuales describen la antropología de proyectos.
Para la elaboración de materiales también tuvimos en cuenta Documentos Oficiales y Parámetros
Curriculares creando una matriz de referencia que nos permitió elaborar los contenidos de cada
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unidad. Para construir un diálogo interdisciplinar revisamos temas propuestos en otras áreas,
principalmente las que abarcan el ciclo común de estudios de la Institución. Este diálogo nos
posibilitó crear un trabajo colaborativo e interdisciplinar en la elaboración de los proyectos buscando
en cada actividad propuesta desconstruir estereotipos, creencias y mitos que se entrelazan alrededor
del aprendizaje de una lengua.

A implementação da lei 10.639/2003 no livro didático de língua espanhola


Josane Silva Souza (UFBA)

A educação sempre foi muito importante na sustentação dos pilares da sociedade, negligenciar seu
papel é caminhar irremediavelmente para o insucesso das classes sociais, em especial das
emergentes. É no sentido de buscar soluções para a inserção do sujeito negro de forma positiva na
sociedade que uma educação pensada e planejada fará toda diferença. Nesse contexto esse trabalho
tem como tema analisar a representação do negro nos livros didáticos de Língua Espanhola
recomendados pelo MEC no ano de 2011 por entender que a linguagem utilizada no livro didático no
processo de ensino/aprendizagem é carregada de conceitos e preconceitos. O tema foi pensado a
partir de indagações feitas sobre a Lei 10.639/03 que obriga o Ensino sobre História e Cultura Afro-
Brasileiras nas escolas públicas e privadas da Educação Básica, oportunizando o aluno a conhecer e
valorizar sua alteridade. O propósito deste trabalho é, portanto, analisar e verificar a aplicabilidade
dessa Lei nos livros didáticos de Língua Espanhola, partindo da premissa que a Cultura Afro-brasileira
deverá ser tema constante no cotidiano dos alunos e a presença do negro deve sempre ser tratada
de forma positiva. Ao instaurar a Lei 10.639/03 o MEC através das Diretrizes Curriculares Nacionais
indica que o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas se dará especialmente por meio
das disciplinas de Arte, História e Literatura, no entanto pressupõe que todas as disciplinas deverão
trabalhar de maneira interdisciplinar para a consolidação dos objetivos que a lei empreende. Para o
desenvolvimento deste trabalho foram tomados como referencial teórico os documentos oficiais do
MEC: LDB (2010), DCN (2004), OCEM (2006), PCN (1998), PNLD (2012); e os autores: Freitag (1993),
Silva (1995), Munanga (2008), Santomé (1995), Hall (2006), Martínez (2008) entre outros.

Etica, retórica y didáctica de la literatura


José Luis Martínez Amaro (UnB)

Es constatable en los cursos de letras que la enseñanza de la literatura hispánica en el siglo 21 sigue
en buena medida los parámetros de una historiografía decimonónica en la organización de las
materias. Los curriculums se organizan por períodos en un recorte progresivo y sucesivo, donde se da
la diferencia como un impensado, naturalizando un punto de vista que tiende a la tautología.
Proponer que los manuales, organizados como historias de la literatura son útiles para una didáctica
de lo literario suele terminar en una organización de los cursos que dispensa la lectura de los textos,
acompañada por un punto de vista que al uniformizar, deshistoriza. Se da por sentado que esa es la
única teoría disponible, al punto de convertirse en un grado cero, post teórico, replicado en las
curriculas. En este trabajo se opone a ese modelo que llamaré de crítico, ya que sus supuestos son
hegelianos y kantianos,otro, que llamo de retórico, cuyos supuestos son genéricos, donde se asume
que la didáctica es una deriva del género demostrativo o epidíctico. Una retorización de lo literario
ofrece un mapa diferente a ser explorado.

Mímesis e Autorreflexividade na obra de Jorge Luis Borges


José Wanderson Lima Torres (UESPI)

Esta comunicação aborda a prosa de ficção de Jorge Luis Borges sob a ótica da mímesis e da
autorreflexividade. Parte-se da hipótese de que o Aleph é o símbolo central do universo ficcional de
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Borges, e que sua retomada e reescrita ao longo de toda a obra borgeana vincula-se a uma reflexão
sobre as possibilidades e os limites da mímesis. Constata-se que a literatura de Borges,
autoconsciente de seus processos, como o demonstram seu senso paródico e sua procedência
livresca, exaspera a crise mimética da linguagem e tensiona os liames que unem ficção e realidade,
porém não sucumbe à perspectiva niilista de fechamento da literatura ao mundo.

O impulso poético nas correspondências de Emilio Prados a José Sanchis-Banús


Josenildes da Conceição Freitas (USP)

As correspondências entre os intelectuais espanhóis exilados após a Guerra Civil Espanhola se


configuram como um campo de atuação que reforça laços de solidariedade entre estes e contribuem
para a recuperação da memória republicana. Durante o exílio do poeta Emilio Prados no México se
estabelece entre este e o escritor José Sanchis-Banús, então exilado na França e estudante da
Sorbonne, uma relação exclusivamente epistolar que se inicia em setembro de 1957 eé interrompida
com o falecimento daquele poeta em abril de 1962. A aproximação entre ambosé motivada por um
trabalho de investigação sobre a obra de Prados realizado por Sanchis-Banús e que lhe concederia o
Diplôme d’Hautes Études. As cartas remetidas pelos escritores são publicadas na obra
Correspondencia (1957-1962) cuja edição é organizada por Juan Manuel Díaz de Guereñu que reúne
36 missivas de Sanchis-Banús e 45 de Emilio Prados. Nelas se ampliam dados ou informações
referentes à vida e obra do escritor malaguenho eé possível captar suas impressões sobre si mesmo
e suas obras, além das impressões de conterrâneos ou companheiros de sua geração sobre este e
sua produção literária.Nas missivas do escritor malaguenho, reproduzem-se práticas e sentidos
assinalados em sua poética que despertam a atenção da presente abordagem. A partir da leitura de
duas cartas de Prados e uma de Sanchis-Banús este estudo pretende traçar um esboço da
personalidade do poeta Emilio Prados, além de analisar sua relação com a poesia e, ao mesmo
tempo, apontar inquietações que afetavam os intelectuais do exílio republicano espanhol.

Regionalismo e universalidade em Pedro Páramo: uma análise da formação da identidade cultural


latino-americana
Josilene Simões Carvalho Bezerra(UFS)

O presente trabalho destina-se a uma breve análise dos aspectos constitutivos da formação
identitária na obra de Juan Rulfo: Pedro Páramo. Para uma melhor abordagem tomaremos como
ponto de partida, por um lado, alguns elementos que revelam uma profunda relação entre o drama
campesino narrado na novela e o processo de formação da consciência nacionalista da América
Latina e, por outro lado, as metáforas identitárias, tais como a violência, a invasão e o
subdesenvolvimento. Estas metáforas revelam, no fundo, a questão dolorosa da origem da América
Latina frente ao colonizador. Deste modo, buscaremos entender em que medida o discurso rulfiano,
presente em Pedro Páramo, embora marcado pelo contexto social mexicano (particular), expressa a
consciência dilacerada do subdesenvolvimento latino-americano (universal). Para este trabalho, nos
pautaremos nas análises interpretativas de Leyla Perrone Moisés, particularmente na sua obra Vira e
mexe nacionalismo (2007), e Antônio Cândido, no que se refere a Literatura e
subdesenvolvimento(2000).

Sobre nação, nacionalismo e língua nacional nas leis de educação do Paraguai


Joyce Palha Colaça (UFS)

Em nossa tese de doutorado, analisamos os dizeres sobre a língua nacional e as línguas oficiais no
Paraguai, com o objetivo de compreender os sentidos construídos historicamente acerca do guarani
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e do castelhano naquele país. Nossa pesquisa se realiza no campo da História das Ideias Linguísticas
(Auroux, 2009 [1992]; Orlandi, 1988) em seu encontro com a Análise de Discurso (Pêcheux, 1988
[1975]; Orlandi, 1983), para o qual interessam os saberes sobre as línguas na história. No trabalho
ora apresentado, partimos das noções de nação e de nacionalismo em sua relação com a língua
nacional. O conceito de nação nos é caro por ter este, de acordo com Orlandi (2009), no continente
americano, uma relação intrínseca com a língua nacional. Para a autora, falar de nação do lado de cá
do Atlântico (como ela se refere) é falar também da língua, visto que o projeto nacional em nosso
continente não prescinde a produção de uma língua nacional sob a égide da unidade imaginária
(linguística e nacional). Com base nestas considerações, analisamos os dizeres sobre a língua nacional
nas leis de educação para compreender seus sentidos na história da nação paraguaia.

Categorias de humor na série Mafalda, de Quino


Jozefh Fernando Soares Queiroz (UFAL)

Este trabalho tem por objetivo observar a realização das concepções de riso, humor e
comicidade empregadas na obra Mafalda, do argentino Joaquín Salvador Lavado, mais conhecido por
Quino, publicada entre o início dos anos 60 e 70. Tais concepções são amplamente discutidas no
âmbito do senso comum, mas no entanto, possuem diferenças conceituais relevantes que vão sendo
esclarecidas por meio da leitura dos teóricos do assunto, a exemplo de Bergson (2001) e Freud
(2006), ambos precursores dos estudos sobre a comicidade. Ao analisar a composição das tiras da
Mafalda, é possível entender que cada personagem da série se constitui sob uma fórmula específica
de humor, que os torna únicos e denota uma amplitude do termo “humor”. Em outras
palavras, entende-se que o humor e a comicidade não se constituem de uma definição única, mas
sim de processos complexos e subjetivos, intrinsecamente ligados ao ser humano e ao seu lado
social. Vemos que as fórmulas empregadas pelo autor para a produção do efeito possuem
particularidades quando comparados os personagens, posto que cada um deles será construído de
acordo com uma perspectiva humorística diferente. Entender os mecanismos de funcionamento
deste humor permite ao leitor analisá-lo mais criticamente, não apenas nesta obra que serve como
objeto de estudo, mas em diversas outras que se utilizem do humor e da comicidade para a
execução. Este trabalho pretende esclarecer as questões mais básicas referentes a essas concepções,
tendo como texto-base a obra Mafalda em seus quatro primeiros anos, período em que o autor
insere cada novo personagem como maneira de experimentar novas fórmulas de comicidade.

Interculturalidade no livro didático de espanhol: o ponto de vista do professor e dos alunos


Joziane Ferraz de Assis (UFV/ UFBA)

Esta comunicação apresenta os resultados finais da pesquisa “Interculturalidade no livro didático de


espanhol: o ponto de vista do professor e dos alunos”, desenvolvida na Universidade Federal de
Viçosa com bolsa BIC-Júnior/CNPq/FAPEMIG/UFV. Nossas perguntas de pesquisa foram: “Para
professores e alunos, há diálogo cultural nos livros didáticos de espanhol utilizados nos colégios?” e
“Como se pode avaliar a utilização do livro didático de espanhol nas salas de aula desses sujeitos?”. O
referencial teórico se constituiu de estudos sobre a concepção de cultura, as relações entre cultura e
educação, a abordagem intercultural e o livro didático. Tratou-se de uma pesquisa de campo
qualitativa e interpretativista. Os sujeitos foram 2 professoras de espanhol, que responderam uma
entrevista semi-estruturada, e 21 alunos seus da 1ª série do EM, que responderam um questionário.
As categorias de análise foram: presença do diálogo cultural nas atividades previstas, aspectos
positivos e negativos do material, motivos da escolha do livro. Os resultados apontaram uma
concepção equivocada de diálogo cultural como apresentação da diversidade cultural e linguística
dos povos de língua espanhola, desconsiderando as relações entre o universo cultural do aluno e o
da língua estudada. Os livros foram avaliados diferentemente entre os sujeitos, mas com prevalência
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de avaliação positiva. Tais resultados indicam a necessidade de discutir a concepção de língua como
cultura na formação inicial e continuada de professores, visando melhor abordagem da mesma nas
escolas brasileiras.

La novela familiar del neurótico espejada en Vargas Llosa


Juan Ignacio Azpeitia (UNEB/UFBA)

"El ensayo de Freud sobre el relato de su propia historia familiar que es habitualmente construido
por los neuróticos nos ofrece un excelente punto de partida para analizar la reconstrucción de su
propia historia personal que nos ofrece Mario Vargas Llosa en las diversas narraciones
autobiográficas que ha producido en su prolífica carrera. Este trabajo se dedica especialmente al
análisis de lo publicado en ""El pez en el agua"" donde cuenta las historias de su más tierna infancia a
la par de los sucesos que rodearon su incursión en la arena política durante la campaña en la que
luchó por alcanzar la presidencia del Perú. Encontramos demasiadas coincidencias entre los dos
textos como para que sean meras coincidencias y nos preguntamos también hasta qué punto Vargas
Llosa utiliza esta organización de la historia familiar propuesta por Freud para organizar la suya
propia. En busca de posibles respuestas a estas preguntas observamos entonces en el conjunto de su
obra la significación que algunos conceptos relacionados con la “ley”, relacionados para Lacan con
“los nombres del padre” aparecen retratados y a partir de este análisis generamos algunas hipótesis
sobre los fundamentos de su accionar político y literario como búsqueda catártica de sublimación de
estos conflictos latentes. Militarismo, censura, libertades políticas, luchas de clases, quien sabe, estos
posicionamientos no encuentren una referencia en la propia historia familiar del autor."

Escenas urbanas de violencia y muerte. Modulaciones del crimen en los folletines policiales de
Eduardo Gutiérrez.
Juan Pablo Canala (UBA-BN)

"En Argentina durante las décadas de 1870 y de 1880 se advierten cambios en la prensa periódica en
general y en la de temática policial en particular. El crimen político, que había dominado la escena
pública en tiempos del rosismo, comenzaba a alternar con nuevas formas de la criminalidad de
carácter privado. Así, los diferentes diarios comenzaron a narrar en un lugar preferencial a los robos,
estafas y asesinatos que asolaron cotidianamente a la ciudad de Buenos Aires. La atención que
cobrarán estos hechos policiales redefinirá los vínculos y la circulación de la información entre los
miembros de la institución policial y los trabajadores de las redacciones en los diarios. De este modo,
los periodistas entablaran vínculos con policías y comisarios para obtener los detalles de diversos
hechos delictivos para la confección de las noticias diarias, a al vez que comienzan a aparecer nuevos
escritores que, desde la prensa, construirán sus propias ficciones de temática policial basándose en
casos reales. En ese contexto, la emergencia de la ficción del escritor y periodista Eduardo Gutiérrez
resultará condensadora de los modos tan particulares en los que la violencia y el delito urbano serán
representados en el cruce del periodismo, la ficción y las imágenes (grabados y fotografías)
desarrollando un renovado imaginario del crimen. El principal objetivo del presente trabajo pretende
analizar los modos en los que se articula la representación de las muy variadas escenas del crimen
que se plasmarán en sus textos literarios, a partir de la circulación e intercambio mantenido entre
policías, dibujantes, archiveros y periodistas."
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El proyecto Stahl y la novela Nadie recuerda a Mlejnas: nuevas perspectivas literarias y culturales
en el Uruguay del siglo XXI
Juan Pablo Chiappara (UFV)

La obra de Ramiro Sanchiz (Montevideo, 1978) – 12 títulos entre novela y cuento, publicados entre
2008 y 2013 – responde a un proyecto en el cual el personaje Stahl siempre está presente, sea entre
jóvenes de la década de los 90 vinculados a la contracultura (Perséfone, 2009), sea involucrado en
una trama que transita en los bordes de lo fantástico y de la ciencia ficción (Los viajes, 2012), sea
como la voz que modula un relato cultural a partir de lo ucrónico y lo distópico (La vista desde el
puente, 2011; Historia de la ciencia ficción uruguaya, 2013). Estos tres modos del stahlinismo, como
el autor lo llama, suelen, sin embargo, superponerse. En la novela Nadie recuerda a Mlejnas (2011),
en particular, se narra una historia ambientada en la primera década del siglo XXI, en una ciudad
satélite de Montevideo, en la que Stahl conocerá a unos jóvenes músicos de glam rock terraja (una
parodia/homenaje a David Bowie, a The Stooges, a T-Rex y a otros), al mismo tiempo que conoce al
mentor de la banda, un escritor de ciencia ficción olvidado por la crítica. Nuestro objetivo es dialogar
sobre la propuesta autoral que destaca la contracultura del rock y la literatura de ciencia ficción
como corrientes contestatarias que, desde antes de la dictadura – tratada en la novela
distópicamente (con influencias de Borges, Fogwill, K. Dick y otros) –, propusieron otra forma de
revolución cultural que Sanchiz inventa, reivindica y trabaja a contramano del establishment local.

¿Contables o incontables? Posibles interpretaciones de los nombres en español


Juan Romero Díaz (KCUFS)

Tradicionalmente los nombres en lenguas como el español pueden clasificarse en dos grandes
grupos: contables, discontinuos o discretos; e incontables, continuos o de masa. Los primeros se
refieren a realidades individuales con límites definidos y pueden combinarse con numerales,
mientras que los últimos aluden a cualidades, sustancias y procesos, y no pueden combinarse con
numerales. No obstante, la definición de los tipos de nombres es mucho más compleja de lo que
parecen afirmar las clasificaciones tradicionales. Los nombres contables pueden en muchos casos
interpretarse como incontables, y viceversa. En esta comunicación pretendo explicar las posibles
interpretaciones de los nombres referidos a alimentos en español basándome en la Teoría del
Lexicón Generativo de Pustejovsky (1995, y ss.), a partir de la alternancia contable/incontable en los
nombres complejos de tipo evento・alimento (e.g., La comida ha sido muy larga. / No me gusta esta
comida.) y animal ・alimento (e.g., Tengo un cerdo en la granja. / Los musulmanes no comen
cerdo.). Concluiré señalando que en español este tipo de nombres reciben una interpretación
contable si se refieren a evento o animal (e.g., Las comidas han sido muy largas. / Tengo dos cerdos
en la granja.) e incontable si se refieren a alimento (e.g., ?/*No me gustan estas comidas. / ?/*Los
musulmanes no comen cerdos.). Estas diferencias en la alternancia de los nombres pueden tener
repercusiones en la clase de ELE, como se observará en algunos ejemplos de errores léxicos.

Sobre a recepção do Quixote no Brasil


Juciane dos Santos Cavalheiro (UEA)

Na história da recepção de um livro, coexistem como herdeiras as mais diversas leituras e releituras
vinculadas à enunciação, isto é, ao sujeito que se propõe a reescrever o texto, artística e/ou
cientificamente, segundo as particularidades do paradigma espaço-temporal em que está inscrito.
Assim, propomo-nos, neste trabalho, a acompanhar as recriações, tanto literárias quanto pictóricas,
da obra máxima de Cervantes, realizadas no Brasil. Elegemos, pois, três locus investigativos: a
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, o Real Gabinete Português de Leitura, a web. Do levantamento
das recriações literárias em prosa infantojuvenil, parte-se para as releituras da obra propriamente
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dita, nos versos de poetas brasileiros, chegando, portanto, às interpretações iconográficas do


Cavaleiro da Triste Figura, em especial àquelas publicadas em edições da máxima obra cervantina. Na
grande maioria destas apropriações da personagem, é possível constatar que o motivo da escolha se
deve, sobretudo, à evidência de que se dá importância à luta por uma vida outra ou por uma outra
vida. A loucura quixotesca, nestas (re)criações, longe de ser uma loucura cavalheiresca ou
carnavalesca, pode ser entendida e absorvida como utópica, em que o aspecto onírico atravessa a
fronteira que se levanta entre o ser e o devir de vasta memória, por mais paradoxal que possa ser.

Processos discursivos e ensino de línguas: uma análise de interações motivadas pela utilização dos
filmes “un cuento chino” e “el hombre de al lado” em aulas de espanhol/le
Julia Caldara Pelajo (UFRJ)

Esta comunicação busca apresentar resultados de uma pesquisa de campo que objetiva analisar as
interações discursivas entre enunciadores situados em diferentes contextos socioculturais,
motivadas pela utilização de filmes hispânicos em aulas de Espanhol/LE. Utilizando a metodologia da
pesquisação (Moita Lopes, 1996), são apresentados, em uma instituição escolar federal, localizada no
Estado do Rio de Janeiro (RJ), aos alunos de duas turmas do 1° ano do Ensino Médio os filmes “Un
cuento chino” (2011) e “El hombre de al lado” (2009), ambos produzidos na Argentina. A partir da
perspectiva da Análise do Discurso, com ênfase especial para a noção de formações discursivas,
desenvolvida por Michel Foucault (2008), e para a noção de ressonâncias discursivas, desenvolvida
por Silvana Serrani (2010), são examinados os sentidos que são construídos na interação filme-
espectador e os movimentos de aproximação e distanciamento dos estudantes em relação às
práticas enunciativas que se realizam nos filmes argentinos, a fim de compreender como os alunos
brasileiros interagem com uma discursividade em língua estrangeira. Para tal exame, são analisadas
as transcrições das gravações em áudio dos debates travados em sala de aula a partir dos filmes e as
produções resultantes das atividades desenvolvidas neste âmbito. Observou-se, numa primeira
análise do corpus, que os estudantes aderem com maior frequência aos modos de construção do
discurso que predominam no contexto brasileiro, pois estes lhes são mais familiares. Porém esse
posicionamento em relação ao discurso do outro também é relativizado pelo atravessamento de
outros fatores, tal como a identificação subjetiva com o problema vivido pelos personagens.

Bolaño crítico
Júlia Morena Silva da Costa (UFBA)

Este trabalho objetiva analisar as relações entre a ficção e a crítica nos textos narrativos de Roberto
Bolaño (Chile, 1953 – Espanha, 2003). A relação crítica/arte é muito cara para o autor e a figura do
crítico aparece em sua obra ficcional e nas suas entrevistas como aquele essencial para o escritor e a
literatura, tanto pelo lado comercial e de legitimação, mas também, e principalmente, por ser
necessário para criar o lugar do autor dentro de um campo e estabelecer as relações de sua obra
com as demais. Em entrevistas, Bolaño afirmou: “para mí, la crítica literaria es una disciplina más de
la literatura. La literatura es la prosa (novela, cuento), la dramaturgia, la poesía, y el ensayo literario y
la crítica literaria” (BRAITHWAITE, 2013). Roberto Bolaño, que também trabalhou como crítico de
jornal, atuou em suas obras ficcionais em um lugar duplo, de escritor e de crítico. Firma-se como um
narrador metaliterário, usando frequentemente referências a autores e obras reais, para questioná-
los ou enaltecê-los. Este feito desenha o seu campo literário, exibindo dentro de sua própria
narrativa quais seriam seus aliados e quais seus combatidos, entre uma tradição relevada ou
questionada. Este trabalho pretende, portando, analisar como estas relações de homenagem e
ruptura com a tradição literária e de entrecruzamento entre o fazer literário e crítico estão presentes
e são tensionadas em suas narrativas ficcionais.
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Aspectos da heterogeneidade no discurso crítico latino-americano: leituras de Antonio Cornejo


Polar sobre a obra literária de José María Arguedas
Juliana Bevilacqua Maioli (UNESP-UNIR)

O presente artigo examina como o crítico Antonio Cornejo Polar (1936-1997) lê a identidade cultural
do Peru a partir da obra de José María Arguedas (1911-1969). Ao investigar a narrativa arguediana
em função das relações que essa estabelece com o contexto heterogêneo e conflituoso em que foi
produzida, Cornejo Polar reitera que o sujeito nela retratado, expressa plasticamente, tanto em sua
subjetividade quanto em seu discurso, as mesmas oscilações, ambiguidades e contradições do meio
em que está inserido. Entendendo a conformação da cultura peruana, mais especificamente da zona
andina, em termos de totalidade contraditória, Cornejo Polar formula as categorias de “sujeito
migrante” e “heterogeneidade não dialética”, por meio das quais visa atribuir sentido aos paradoxos
recorrentes nos romances de Arguedas. É, pois, com base nesses conceitos que Cornejo Polar
desenvolve uma crítica ideológica que tem como objetivo ressemantizar a questão identitária
peruana sobre a base da pluralidade, deslegitimando assim o arbitrário projeto homogenizador e
universalizante proposto por vertentes críticas viés humanista ou de afã totalizante que, durante
séculos, permanecem vigentes na América Latina. Observar em que medida os limites e as tensões
intrínsecas ao dispositivo teórico de Cornejo Polar parecem projetar, no espaço do próprio discurso
crítico, a ambivalência e as contradições do sistema literário que aquele procura investigar é o
objetivo desse trabalho.

O lugar do precário em Puesta en Claro e em La Nana


Juliana Helena Gomes Leal (UFVJM)

"Esta comunicação objetiva analisar a trajetória de personagens tidas como subalternas construída
pelas personagens Clara, no texto dramatúrgico Puesta en claro (1974), da escritora argentina
Griselda Gambaro e Raquel (interpretada pela atriz Catalina Saavedra), no filme La nana (2009), do
diretor chileno Sebastián Silva. A primeira; mulher pobre e cega, se vê imersa num ambiente familiar
masculino bastante hostil no qual sofre toda sorte de violências físicas e psicológicas, enquanto que a
segunda, disposta no cotidiano de uma família rica chilena e dentro da qual é empregada há vários
anos, se autopune e pune em decorrência de uma rotina doméstica alienante que faz deslocar
papeis, expondo sujeitos às mais bizarras situações. Desenvolverei dita comparação a partir de
alguns argumentos traçados por Jaime Ginzburg (2012) acerca das significações em torno da
metáfora da cegueira, bem como de algumas reflexões teóricas formuladas por Michel Foucault
(1979) acerca da questão da lógica de funcionamento do poder. Minha hipótese de trabalho se pauta
no argumento de que é no lugar da precariedade (da cegueira física de Clara e da cegueira simbólica
dos patrões de Raquel) que ambas as mulheres (Clara e Raquel, do texto literário e do
cinematográfico, respectivamente) encontram espaço para o exercício do poder (no caso de Clara, de
superação inversão de uma situação de opressão e no de Raquel, de apoderamento temporário e
clandestino do lugar dos donos da casa)."

A visão da infância nas narrativas de Manuel Rivas


Juliana Magalhães Catta Preta de Santana (UFRJ)

A presente comunicação visa a expor os resultados de uma pesquisa cujo enfoque se produziu em
torno do tema da infância na literatura espanhola contemporânea, mais especificamente, nas
narrativas de Manuel Rivas. Partindo-se do princípio de que a figura da criança é recorrente em suas
obras e que, em função de uma construção cultural, atribui-se ao ser infantil certo sentimento de
ingenuidade, buscou-se analisar o espaço que ocupam as personagens infantis em seus contos. Para
tanto, foram analisados os contos La lengua de las mariposas, La lechera de Vermeer, Chiapateco e
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Algo de comer, sendo os primeiros do livro ¿Qué me quieres, amor? (2006) e os seguintes do livro
Las llamadas perdidas (2002). A análise fundamentou-se no plano da enunciação, conforme estudos
de Genette (1989), com o intuito de averiguar como Manuel Rivas consolida as vozes infantis nos
referidos contos e o papel que representam nas obras citadas. Concluímos que o mito da infância
pura se corrompe nos contos analisados, uma vez que as crianças são vozes que têm o que dizer.
Pode-se evidenciar que os contos criticam, por meio do olhar infantil, as injustiças e os problemas
sociais dos contextos em questão. Ao mesmo tempo em que simulam seres desamparados, há um
olhar crítico sobre a sociedade, o que permite perpassar, assim, uma falsa ingenuidade da visão que
se tem da infância.

“No se construye una patria sobre pilares gastados”: Representaciones políticas en el teatro
contemporáneo chileno y brasileño
Karen Basaure Guerrero (UFRJ)

Tanto el teatro chileno como el brasileño de las décadas del 70’y 80’ presentaron autores que se
distinguieron en sus características, que se refieren a una definición de voces sociales, de espacios
marginales e inquietudes propias del momento de producción de estos escritores. El dramaturgo
chileno Juan Radrigán y el brasileño Plinio Marcos, trabajaron las pequeñas historias, revelando
tensiones contingentes entre las clases sociales marginadas y desvelando el proceso histórico común
de ambos países. Así, el objetivo se presenta como un mapa de la producción autoral, entre las
décadas del 70’y 80’, definido por un encuadre sociocultural y comparatista, con la finalidad de
especificar las influencias que ejercen estos dramaturgos en el teatro contemporáneo de ambos
territorios, específicamente en la dramaturgia de Luis Barrales en Chile y Mario Bortolotto en Brasil.
Así, comprenderemos los procesos de creación y sus recorridos, la gestualidad en relación a lo visual,
social y político, así como sus influencias y consecuencias en la actualidad.

Leitura da guerra civil no adendo a Campo de los almendros A recepção da obra como parte do
enredo
Karina Arruda Cruz (USP)

Campo de los almendros (1968), de Max Aub, formula uma leitura da guerra civil espanhola ao
plasmar os últimos dias do conflito em Alicante e Valência. A obra mostra milhares de republicanos
no porto alicantino à espera de navios franceses ou ingleses para evacuar os derrotados. A ajuda
prometida pelas democracias europeias não é enviada e aquela massa de gente, sob a custódia do
exército italiano, é levada ao campo de amendoeiras situado às margens da rodovia que dá acesso ao
porto e que servirá de campo de concentração. A essa leitura da guerra civil, o enredo incorpora
outra, qual seja, a de um leitor ficcional, que num adendo se dirige ao romancista com o pretexto de
corrigir uma informação posta no relato. Essa escusa que toma o leitor lhe permite dar continuidade
à narrativa, construindo outro registro do conflito. Assim, este trabalho se centrará no processo de
representação e função do leitor ficcional para o enredo. A análise considerará, portanto, o artifício
de se criar uma recepção do romance no interior da própria obra, formulando para tanto mais uma
leitura da guerra civil.

Los (des) caminos de la escritura en la clase de lengua extranjera: lengua, sujeto y autoría en el
libro didáctico de E/LE
Karla Janaína Alexandre da Silva (UFPE)

"Esta investigación pretende promover una discusión sobre el espacio que se reserva a la escritura en
la enseñanza del español como lengua extranjera (E/LE), ofrecida por la escuela pública. A través del
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análisis de libros didácticos de E/LE buscamos debatir las consecuencias del direccionamiento dado
por la escuela al trabajo con la escritura, en la formación de los aprendices brasileños. Para la
construcción del estudio, abordaremos su contenido dentro del Análisis del Discurso Pecheuxtiano
(AD), teoría que propone pensar las nociones de lengua y de sujeto caracterizadas por una falta
constitutiva, producto del cruce de elementos de la Historia y de la Ideología en su proceso
constitutivo. Por ello, la relación entre lengua y sujeto será concebida como desde siempre
predestinada a la no completitud, lo que implica una falla que se muestra tanto en la materialidad de
la lengua, como en las prácticas que el sujeto realiza a través de ella. En ese sentido teórico,
trabajaremos otras dos nociones vinculadas a la expresión escrita: la noción de texto y la noción de
autoría. El texto será visto como materialidad que se constituye en el juego entre los elementos de
su faz lingüística y los de su faz discursiva; la autoría como un movimiento realizado por el sujeto a
través de su inscripción en la lengua, por el cual realiza la lectura y el recorte de elementos del orden
de la discursividad, para actualizarlos y convertirlos en materialidad que se presenta por su
responsabilidad. Con base en esas consideraciones teóricas, direccionaremos un observatorio a las
actividades de escritura que los libros didácticos de español utilizados en escuelas públicas brasileñas
proponen, con el fin de verificar cuál es la concepción de escritura y del sujeto-autor que los
atraviesa, así como las implicaciones de esa concepción en la formación de los estudiantes
brasileños. Con este trabajo esperamos contribuir a la reflexión docente sobre la importancia de una
postura más crítica respecto a la elección de un libro didáctico de E/LE, el cual será utilizado en la
escuela pública y, por encima de todo, en relación al modo de cómo esos materiales proponen un
trabajo con la lengua extranjera a través de prácticas discursivas como lo es la escritura.

A literatura no ensino de espanhol como língua estrangeira: um estudo a partir da prática de


professores em formação inicial
Kátia Rodrigues Mello Miranda (UNESP)

O presente trabalho tem por objetivo apresentar o projeto “A literatura no ensino de espanhol como
língua estrangeira (E/LE): um estudo a partir da prática de professores em formação inicial”,
vinculado ao Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Assis
e ao Centro de Línguas e Desenvolvimento de Professores (CLDP) da mesma instituição. O projeto, a
ser desenvolvido ao longo de três anos, e com foco no contexto de ensino e aprendizagem de E/LE
no CLDP da UNESP de Assis, pretende, dentre outras ações, verificar a situação e relevância do
ensino da literatura na prática de professores de E/LE em formação inicial; analisar a presença e a
abordagem da literatura em materiais didáticos de E/LE; estimular a ressignificação da literatura
como estratégia didática e delinear propostas didáticas para a utilização da literatura. Para tanto,
haverá a participação de estudantes de espanhol do curso de Licenciatura em Letras da universidade
que ministram aulas de E/LE no CLDP para a comunidade interna e externa ao campus, como parte
de seus estágios de regência. O desenvolvimento do projeto será pautado nos pressupostos da
pesquisa qualitativa, em sua modalidade de pesquisa-ação, e os procedimentos de análise dos dados
terão caráter interpretativista. Por meio da realização desta proposta, esperamos incentivar esses
alunos-professores a uma prática docente reflexiva e consciente, e, assim, contribuir para uma
formação inicial significativa.

PIBID Letras/Espanhol: implicações para o ensino e formação de professores


Kelly Cristiane Henschel Pobbe de Carvalho (UNESP)

Neste trabalho, apresentamos algumas reflexões sobre o desenvolvimento das ações no contexto do
subprojeto PIBID Letras/Espanhol - FCL Assis/UNESP. No âmbito das políticas de investimento na
formação de professores, o PIBID constitui iniciativa do MEC juntamente com a CAPES, como “uma
proposta de rompimento de barreiras que separam a universidade da escola” (MATEUS, 2013). Dessa
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forma, o projeto abre espaço para inserir bolsistas de iniciação à docência, em nosso caso, alunos da
graduação em Língua Espanhola, no cotidiano da escola parceira. A partir desse contexto, a presente
pesquisa tem como objetivos: (a) formar um espaço de formação inicial assistida; e (b) investigar as
implicações dessa relação de parceria universidade/escola na formação do professor e no ensino de
espanhol/LE da Educação Básica. Os pressupostos metodológicos que fundamentam essa
investigação estão ancorados no modelo da pesquisa qualitativa, de caráter socioconstrutivista, uma
vez que todos os participantes trabalham engajados na produção de sentidos sobre a prática
pedagógica (TELLES, 2002). Como forma de desenvolver essas ações, realizamos reuniões de
supervisão com os participantes (bolsistas e professores da EB), as quais constituem um contexto de
reflexão acerca dos questionamentos referentes às especificidades do ensino-aprendizagem de E/LE
e seus desdobramentos. Com essa proposta, buscamos construir um espaço de ensino-aprendizagem
dialógico e, assim, contribuir para a formação reflexiva e emancipadora de professores de E/LE,
incentivando o papel educativo do ensino do espanhol.

“Este ano eu resolvi ser radical, resolvi trabalhar só com leitura”: a fala do professor de espanhol
sobre o seu trabalho
Kelly Cristina da Silva Bandeira (UFF)

Esta pesquisa, fundamentada na concepção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2003) e dos estudos
sobre o trabalho, especialmente, a Ergologia (SCHWARTZ, 2002) tem como objetivo apresentar uma
análise da fala de um professor de espanhol acerca do seu ofício, em especial para verificar de que
forma as prescrições e autoprescrições sobre o ensino da leitura nela aparecem. Para tal, foram
realizadas entrevistas por meio das quais se verificou de que maneira os prescritos educativos,
particularmente, os do âmbito federal, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), propõem
o ensino de língua estrangeira visando à formação de um cidadão crítico, e de que maneira o
professor sujeito da pesquisa, por meio de suas experiências e valores, estabelece a sua maneira de
realizar o que foi prescrito. Além disso, buscou-se verificar de que forma o docente verbaliza antes e
após a atividade as autoprescrições para seu trabalho. Os resultados das análises nos possibilitam
perceber como as prescrições e as autoprescrições permeiam a atividade docente, além de revelar a
maneira como o professor se investe no seu trabalho.

Estratégias de visibilidade em Juan Rodolfo Wilcock


Kelvin Falcão Klein (UEPG)

O objetivo desta comunicação é o de investigar, a partir da obra e da recepção da obra do escritor


argentino Juan Rodolfo Wilcock (1919-1978), estratégias de visibilidade que problematizam critérios
de organização da história literária. A hipótese inicial é a de que Wilcock arma tal cenário a partir de
um progressivo resgate de premissas expostas por Jorge Luis Borges (com quem conviveu nos
bastidores da revista Sur) em “Pierre Menard, autor del Quijote”, sobretudo no que diz respeito à
cisão entre “obra visível” e “obra invisível” do personagem. Com o livro de contos El estereoscopio
de los solitarios (1972), Wilcock elabora um inventário de personagens e situações que ilustram essa
tensão entre o visível (o canônico, o clássico e o estabelecido) e o invisível (a exceção, a
incompletude e o resto). Em um segundo momento, esse cenário estabelecido como leitura crítica a
partir da ficção de Wilcock é revertido em direção a sua própria fortuna póstuma: de que forma
Wilcock é hoje requisitado pela historiografia literária? Pretende-se esboçar uma reflexão sobre as
dificuldades inerentes ao seu duplo pertencimento, tanto geográfico quanto linguístico (Itália,
Argentina; italiano, espanhol), bem como resgatar importantes elaborações críticas – aquelas que
falam do Wilcock da “indigência” e dos “prazeres baixos” (Reinaldo Laddaga) e aquelas de sua
poética homoafetiva (Daniel Balderston).
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A pesquisa no ensino médio técnico integrado: reflexões sobre as práticas de letramento(s) em


espanhol como LE
Kélvya Freitas Abreu (IFSPE)
Lucineudo Machado Irineu (UERN)

O presente trabalho discute os resultados da pesquisa PIBIC-Jr aplicada no Instituto Federal de


Educação Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano, Campus Salgueiro, intitulada: Agência de
letramento(s): Diagnóstico das práticas de leitura e de escrita em língua estrangeira no IF Sertão
Pernambucano. Nesse sentido, objetiva-se para este estudo compreender o que se entende por
letramento(s) e como esta abordagem pedagógica de ensino pode produzir impactos na formação
dos sujeitos aprendizes de língua estrangeira (LE), em especial em espanhol como LE;pois como
usuários de linguagem, os alunos se percebem como construtores e produtores ativos do seu
conhecimento, em contextos diferenciados além da sala de aula. Assim, o estudo propôs diagnosticar
as práticas de leitura e de escrita que são desenvolvidas e vivenciadas pelos discentes do ensino
médio técnico integrado do Campus, em seus três cursos técnicos, a saber: Agropecuária, Edificações
e Informática. Deste modo, o presente trabalho por meio de pesquisa exploratória apresenta os
resultados de base qualiquantitativa dos questionários aplicados em 2013, revelando a forte
influência dos gêneros digitais no contato com a língua alvo, além da escola como agência formadora
de letramento(s) em LE. Destaca-se que o estudo pauta-se nos últimos direcionamentos propostos
pelas Orientações Nacionais do Ensino Médio (OCNEM, BRASIL, 2006) e pela perspectiva do
letramento, mais precisamente em sua vertente sociocultural (BARTON, HAMILTON, IVANIC, 2005;
SOARES, 2005; CASSANY, 2006; ROJO, 2009), para a discussão e análise desta pesquisa.
O Grupo Narración e seus reflexos na literatura peruana
Lara Mucci Poenaru (UFMG)

Em 1965, um grupo de novos escritores peruanos (do qual fazem parte Oswaldo Reynoso, Miguel
Gutiérrez, Luis Urteaga Cabrera, Roberto Reyes Tarazona, entre outros) se une em torno de uma
visão compartilhada da necessidade de revisão da literatura nacional, com anseios de negação e
ruptura com a tradição. Tendo como pano de fundo o governo ditatorial do general Manuel Odría e a
expansão urbana, com as migrações em massa rumo aos grandes centros, especialmente Lima, o país
vê surgir uma nova corrente literária com uma poderosa narrativa breve. Com o claro objetivo de
publicar trabalhos dos novos narradores que se identificavam com os postulados socialistas, pois
acreditavam que a literatura deveria ser um reflexo direto de sua atitude vital, o grupo Narración se
torna um dos fenômenos mais relevantes para a literatura peruana moderna, a meados da década de
1960. Este trabalho busca analisar a forma como o grupo se posicionou fora e contra o circuito
literário – e crítico – oficial, bem como os reflexos de como essa posição será recebida pela crítica
mais conservadora de então.

Literatura e cinema: uma questão de fidelidade?


Larissa Pinheiro Xavier (UFC)

Quais são as escolhas ao se adaptar uma obra literária para o cinema? Como representar através de
imagens as palavras expressas no texto? É possível ser “fiel”? As críticas são várias quando
classificam o filme adaptado de obras literárias. O processo pode ser considerado como
“vulgarização”, “traição” ou “infidelidade” de um texto dito original. Essas são algumas das questões
sobre as quais nos propomos refletir. Segundo Robert Stam (2008, p. 20), a crítica à adaptação
fílmica de romances tem sido muitas vezes discriminatória, pois considera que o cinema vem
prestando “um desserviço à literatura”. Para o autor, não há comparação de um com o outro, pois o
filme, por mais que seja adaptado, é diferente do original, ao mesmo tempo é também original, uma
vez que muda o meio de comunicação. O processo entre linguagens, como o da literatura para o
cinema, tem seus próprios recursos, suas técnicas, sua linguagem e sua abordagem. Para cumprir
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esse objetivo, esses mecanismos tornam-se muito mais abrangentes do que meros estudos
linguísticos, e não mais podem se desassociar dos estudos literários e culturais. Se associarmos essa
discussão ao romance O amor nos tempos do cólera, de García Márquez, percebemos a cultura
latino-americana inserida no espaço e no enredo da obra. Ele mostra os personagens dentro do
contexto verossímil em que os comportamentos, os costumes e as ações das personagens podem ser
identificados ou reconhecidos como fazendo parte de uma parcela da sociedade. É o que iremos
analisar nesse estudo.

A mulher nas tirinhas da Mafalda: uma análise discursiva da construção de humor


Larissa Zanetti Antas (UFF)

Este trabalho traz como finalidade apresentar uma reflexão sobre a mulher a partir da construção do
discurso do humor das tirinhas da Mafalda, criadas pelo cartunista argentino Quino entre 1963 e
1974. Para isso, são analisados os enunciados das personagens Mafalda e Susanita, que, apesar da
mesma idade - 5 ou 6 anos - pensam de maneira diferente em relação a diversos assuntos, entre eles
a respeito da mulher na sociedade. A análise se desenvolve à luz da concepção de discurso proposta
por Maingueneau (1997; 2008), a qual é vista como prática discursiva, pois está formado por um
componente social e outro textual. Além dessa noção, trabalha-se o conceito de gênero discursivo
(BAKHTIN, 2011) a fim de pensar o tipo relativamente estável no qual esses enunciados se
materializam: as tiras cômicas. Portanto, pretende-se analisar como é constituída a comicidade em
tiras que tematizam a questão da mulher, a partir da análise de enunciados verbais e não verbais. O
que se pôde observar é que as duas personagens remetem a formações discursivas diferentes e que
possuem características bem marcadas, que levam a refletir sobre as identidades femininas como
construção (HALL, 2012) e que geram humor nas tiras. Além disso, notou-se que ora existiam
categorias específicas que causavam a comicidade, como o uso de determinado vocabulário, a ironia,
ora o não verbal provocava o sentido de humor nas tirinhas. Por meio do cômico é possível notar
como a mulher nas tirinhas da Mafalda é retratada e, principalmente, constatar que não existe uma
identidade única e fixa do gênero feminino.

Psicología de las masas violentas. Experiência n°2 de Flávio de Carvalho


Laura Cabezas (UBA-CONICET)

En 1931 Flávio de Carvalho decide atravesar en sentido contrario la procesión de Corpus Christi que
se estaba llevando a cabo en la ciudad de San Pablo. Con su sombrero verde, de Carvalho vivencia las
consecuencias de una multitud enfurecida que quiere lincharlo. Esa experiencia que atañe a las
masas en las calles, en una década que verá resurgir con potencia a la religiosidad católica, se
convierte en un documento escrito en primera persona en el que el autor describe y analiza la
reacción de la turba, junto con sus propias impresiones y sensaciones frente a una emoción que
desborda todo parámetro racional y se deja llevar por un estado semejante al de los participantes del
cortejo. Esta ponencia, que se inscribe en un proyecto de investigación mayor sobre las relaciones
entre arte y religión en los años treinta, tiene como objetivo pensar el libro de Flávio de Carvalho
como una respuesta a la renovación cristiana que se vivencia en Brasil en esa época. En efecto, en
Experiencia n°2, a través del cruce entre psicoanálisis y surrealismo, el arquitecto y artista paulista
arremete contra esa “moda cristiana” (Badiou, 2009: 48) que invade la ciudad con sus multitudes,
sumisas frente a la figura de Cristo (y también la de la Patria). En este sentido, la hipótesis del trabajo
propone leer la experiencia performática y escritural de Flávio de Carvalho dentro de un imaginario
sagrado que si, por un lado, critica a la religión institucionalizada, por el otro, se abre a las
supervivencias primitivas en el mundo moderno que permite la fuga de la racionalización y
cosificación del proceso de modernización que se da en las primeras décadas del siglo XX.
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Sociabilidad literaria en Buenos Aires durante el Centenario: en torno a los escritores viajeros
europeos
Laura María Giaccio (UNLP)

"Durante el período de modernización literaria en la Argentina (1870-1910) emergieron y se


consolidaron en el campo cultural del país diferentes prácticas relacionadas o que incidían
estrictamente en la llamada sociabilidad literaria: banquetes, conferencias, visitas a las redacciones
de diarios y revistas, presentaciones de libros y homenajes a artistas, entre otras. Con respecto a esta
situación, las revistas culturales y los periódicos de la época cumplieron un rol importante ya que
dedicaron a estos eventos un espacio destacado en sus páginas con la publicación de crónicas,
fotografías e ilustraciones. En torno al Centenario de la Revolución de Mayo (1910) la ciudad de
Buenos Aires recibió la visita de escritores que llegaron desde distintos puntos de Europa, en
especial, de Francia, España e Italia. Este episodio de la historia cultural argentina puede ser
considerado como la primera gran ocasión de afluencia de viajeros intelectuales de la talla de
Anatole France, Georges Clemenceau, Jules Huret, Ramón del Valle-Inclán, Eduardo Zamacois,
Vicente Blasco Ibáñez, entre otros. En esta ponencia se analizarán una serie de crónicas periodísticas
aparecidas en la prensa porteña sobre las actividades de la vida literaria que realizaron los escritores
viajeros europeos en Buenos Aires, con el objetivo de dar cuenta de algunos de los modos de
intercomunicación entre escritores latinoamericanos y europeos y, de las formas de sociabilidad que
se producían en el campo literario argentino del Centenario."

A gramatização do espanhol como língua estarngeira no Brasil. Algumas reflexões


Laura Sokolowicz (USP)

O presente trabalho se insere numa área que estuda o processo de gramatização das línguas, neste
caso, do espanhol como língua estrangeira no Brasil. Olhar os livros didáticos como instrumentos
linguísticos que fazem parte do processo que instrumentaliza a língua como estrangeira permite
compreender que eles vão forjando a relação do sujeito com a língua, interpelando-o pelo modo em
que neles se agencia e se propõe o trabalho com o simbólico e pelos universos de significação que
vão sendo construídos. No Brasil, a última década do século XX e a primeira do XXI estão marcadas
por uma nova cena para o ensino de espanhol. O contexto histórico desses anos contribuiu a alterar
a demanda pela língua bem como a estrutura do mercado editorial. Essas duas décadas ganham
dimensão concreta se compreendidas como um momento peculiar do processo de gramatização: a
configuração de um segundo período. Por um lado, a significativa expansão do ensino da língua a
partir dos anos 90 e a chegada das produções espanholas que atendem não só, mas especialmente, o
setor do ensino não formal; por outro, a presença do Estado regulando o ensino formal por meio da
produção de documentos e da publicação de editais, seleção e posterior distribuição de coleções
didáticas. O objetivo desta comunicação é apresentar a conjuntura histórica e as transformações do
mercado editorial na passagem de um período ao outro. Realizamos este trabalho à luz do
dispositivo teórico-analítico da Análise do discurso de linha francesa que aborda seus objetos na sua
forma material, colocando-os em relação com suas condições de produção.

A Poética do Deslocamento, a Poética do Espaço e a Poética da Relação em Os Palácios Distantes,


de Abilio Estévez
Lays Gabrielle Neves Moreno (UFRJ)

No âmbito da mobilidade cultural na contemporaneidade, mais especificamente no que concerne


aos deslocamentos no cenário da literatura hispano-americana, estudo o sistema narrativo de Abilio
Estévez em Os Palácios Distantes (2002) observando a configuração de suas poéticas: do
deslocamento (PALMERO, 2010, 2011 e 2012), do espaço (BACHELARD, 1993) e da relação
(GLISSANT, 1993), tendo como base as discussões contemporâneas de mobilidade cultural
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(CLIFFORD, 1995), identidades em movimento (HALL, 2006,2011) e o papel da memória (ARFUCH,


2013) na construção de um imaginário que ultrapassa fronteiras. O poeta, dramaturgo, contista e
romancista Abilio Roberto Estévez Pazo nasceu em Cuba em 1954 e atualmente está radicado em
Barcelona, lugar onde escreveu seus principais romances e pode estabelecer sua produção literária.
Diferentemente de outros autores que saem de Cuba pelo exílio, Abilio Estévez viaja simplesmente
porque conforma um quadro de fluxo migratório através de fronteiras cada vez mais porosas. A
leitura da obra literária Os Palácios Distantes nos possibilita entrever alguns espaços, fundamentais
para a caracterização de sua narrativa: estudar as poéticas que compõem o sistema narrativo de
Abilio Estévez, então, se faz cada vez mais urgente e pertinente. É no deslocamento, nos espaços
ocultos de nossas subjetividades e na relação que se estabelece entre múltiplos lugares de
enunciação que a poética de Abilio Estévez é tecida discursivamente.

Espanhol como língua estrangeira: as categorias tempo, aspecto e ponto de referência no ensino
das formas verbais do indicativo
Leandra Cristina de Oliveira (UFSC)

É o tempo parâmetro suficiente para a compreensão funcional das formas verbais do modo
indicativo? Direcionamos este questionamento para o contexto de ensino do sistema verbal
castelhano para estudantes brasileiros. Sob a perspectiva tradicional, costuma-se debater sobre os
verbos, considerando as seguintes noções temporais: passado, presente e futuro. No entanto, no uso
efetivo da língua, essa divisão tripartida não é capaz de ilustrar os valores das diferentes formas
verbais do modo indicativo. Nesse âmbito, sob uma perspectiva funcional-discursiva, considera-se a
categoria tempo não apenas a partir do momento da situação ilustrada pelo verbo, mas também
tomando como base outros pontos de referência identificados na linha temporal – tópico aqui
debatido a partir do estudo lógico reichenbachiano. Além das categorias tempo e ponto de
referência, o aspecto é também noção fundamental para a compreensão de formas verbais
complexas, conforme se assume na literatura da área. Essas discussões de cunho linguístico são
redimensionadas, neste trabalho, para o contexto do ensino de espanhol como língua estrangeira,
mais especificamente no que diz respeito ao sistema verbal. Nossa proposta é compartilhar os
resultados de uma experiência didática, voltada para estudantes da terceira fase do curso de
graduação em Letras Espanhol (UFSC), fundamentada em estudos linguísticos sobre o sistema verbal
de línguas naturais, de modo a enfatizar a relação entre nomenclatura, forma e função de tempos
verbais do indicativo.

Sempre fomos queer? Desestabilizações entre hispanistas interessados na linguagem


Leandro da Silva Gomes Cristóvão (CEFET-RJ)

Ao final do século passado, uma série de trabalhos no âmbito das ciências humanas e sociais,
sobretudo no contexto dos EUA, debruçou-se sobre práticas sociais não-normativas relacionadas às
identidades de gênero e sexualidade (Sedgwick, 1990; Butler, 1990; Halberstam, 1998). A intenção
era principalmente propor um caminho de desconstrução das cristalizações identitárias binárias e
heteronormativas, que pareciam fixar como naturais as semantizações envolvidas nas identidades de
homem, mulher, hetero/homossexual, entre outras. Posteriormente reunidas sob a denominação de
epistemologias queer, esse conjunto de formulações vem impactando, no contexto brasileiro, não
somente estudos relativos às identidades de gênero e sexualidade, mas também as reflexões acerca
de outras práticas sociais como, por exemplo, aquelas envolvidas no contexto escolar (Louro, 2001;
Moita Lopes, 2008). É seguindo tal atalho que esta proposta se apresenta: o hispanismo interessado
na linguagem, já há algum tempo, é queer. A ideia não é a de apresentar novos panoramas,
contribuições ainda não feitas. O ponto é retroceder e construir, a partir de um trabalho
arqueológico (Foucault, 1969), um arquivo queer que contemple contribuições que, entre nós,
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hispanistas interessadxs nos estudos da linguagem, “provoca[ram] e perturba[ram] as formas


convencionais de pensar e de conhecer” (Louro, 2001: 551). O fazer epistemológico aqui se une ao
tributo: o trabalho da pesquisa constitui-se, ao fim, na prática, sempre necessária, de reconhecer os
passos que nos antecederam. Sim, sempre fomos queer.

O lugar do léxico do Espanhol nos PCNs e na Matriz de Referência do ENEM.


Leticia Finkenauer (UFRGS)

O presente trabalho tem por finalidade analisar as orientações dos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) e da Matriz de Referência da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)
referentes ao ensino do léxico do Espanhol como Língua Estrangeira (ELE). A justificativa para a
realização do trabalho se deve ao fato de que esses documentos se refletem no ensino e podem
nortearolíticas públicas.Embasamos nossa análise com a fundamentação teórica referente ao léxico
(KLEIMAN, 1985; LEFFA, 2000; SCARAMUCCI, 2007), ao ensino de Língua Estrangeira (LE) (MARQUES,
2012; MORITA, 2007) e à avaliação (FIDALGO, 2001). Como metodologia, realizamos uma leitura
cuidadosa dos documentos e coletamos as passagens que faziam referência ao léxico nas diferentes
áreas que compõem o exame. Posteriormente, selecionamos as passagens referentes
exclusivamente à área de LE e procedemos sua análise. Nos PCNs, identificamos que o momento que
o léxico deve ser ensinado encontra-se nos estágios iniciais da aprendizagem. Além disso, é tratado
nos temas transversais e estudos da variação linguística. Na Matriz de Referência, a LE está inserida
em uma área maior – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias – e entende-se que o conhecimento da
LE é instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais. As análises permitem
concluir que, embora o léxico seja abordado nos documentos, ele ainda aparece de forma singela em
relação à LE, pois é apresentado mais no campo do reconhecimento e da associação do que no da
utilização.

O vocabulário do sertão baiano presente no romance a guerra do fim do mundo


Liliane Lemos Santana Barreiros (UNEB)
Patrício Nunes Barreiros (UEFS/UNEB)

Apresentam-se nesse artigo os resultados de um estudo lexicológico que tem como corpus o
romance A guerra do fim do mundo, de Mário Vargas Llosa, publicado em 1981. Para a escrita dessa
obra, o autor realizou uma densa pesquisa em arquivos históricos e viajou pelo sertão da Bahia, com
o objetivo de conhecer as peculiaridades da cultura nordestina e aprofundar seus conhecimentos
históricos e lingüísticos da região. A leitura do romance revela a preocupação de Vargas Llosa em
preservar aspectos do falar regional do sertão e de manter a estrutura de determinadas palavras no
texto em língua espanhola. Nesse sentido, buscou-se inventariar o léxico da língua portuguesa,
especificamente da região de Canudos-BA, presente na obra e identificar as estratégias utilizadas
pelo autor ao traduzir esse vocabulário para o espanhol. A pesquisa exploratória e documental
concentrou-se no romance de Vargas Llosa em espanhol (1981) e a tradução de Paulina Wacht e Ari
Roitman (2008); a o romance Os sertões em português (CUNHA, 1902) e as traduções de Benjamín
de Garay (1938) e de Estela dos Santos (1983); e em dicionários regionais (MARROQUIM, 1996;
CASCUDO, 1972). O estudo está subsidiado pelos aportes teóricos da lexicologia (ARAGÃO, 1990,
1983; COSERIU, 1978, 1977, CARDOSO, 2000, VILELA, 1994).
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Pela Defesa de A, B, C e D: família, gênero e sexualidade nos LD de espanhol


Liliene Maria Novaes Pereira da Silva (UFF)

O veto do Projeto Escola sem Homofobia pela presidente Dilma Roussef com o argumento de não
que órgãos do governo não poderiam fazer “a defesa de A, B, C ou D”. A partir dessa questão, o
presente trabalho apresenta a análise de três livros didáticos (LD) de espanhol aprovados pelo
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD 2012) com o objetivo de compreender como são tratados
os temas de família, gênero e sexualidade nesses materiais. O marco teórico foi fundamentado na
análise do discurso de cunho enunciativo (MAINGUENEAU, 1997, 2004, 2008, 2013) em conjunto
com estudos sociológico sobre a dominação masculina (BOURDIEU, 2011). O foco se deu nos
questionamentos sobre a presença de determinadas estruturas familiares em detrimento de outras,
sobre a forma como os LD apresentam ou silenciam a diversidade familiar, de gênero e de
sexualidade que fazem parte da nossa sociedade e em que medida os discursos difundidos pelos LD
poderiam contribuir (ou não) para a formação cidadã do aluno. Levando em consideração
inequidades em nosso meio, pretende-se uma reflexão sobre a necessidade de inclusão da
diversidade sexual, de gênero e familiar na educação brasileira como meio de combate ao
androcentrismo.

Os ditadores e a literatura latino-americana


Livia Reis (UFF)

O presente trabalho é um estudo sobre a marcante presença dos ditadores na literatura hispano-
americana. Uma observação diacrônica desta literatura, a par de gêneros e estilos, oferece ao
estudioso uma constante que permeia toda a sua história – a temática do poder forte. Caudilhos,
ditadores, patriarcas, ou qualquer outra denominação determinada pelas nuances de tipos de
exercício de poder, são uma presença no texto hispano-americano nas mais variadas épocas.
Delineia-se na literatura hispano-americana o que chamamos de perfil do autoritarismo, tema
redundante ao longo de sua história. E é este dado que inicialmente motiva a nossa reflexão, e nos
leva a tomar a afirmação acima como hipótese primeira do trabalho; ou seja, investigar a origem e
presença da temática do caudilhismo ou poder forte ao longo da literatura hispano-americana. Neste
caminho, uma primeira questão se impõe: seria esta redundância temática uma linha mestra? Uma
tendência? Ou simplesmente uma tradição na literatura?

Um Remake de Borges
Livia Reis (UFF)
Tatiana da Silva Capaverde (UFRR/UFF)

Agustín Fernández Mallo publica em 2011 a obra El hacedor (de Borges), Remake que apresenta a
mesma ordem e o título de cada um dos textos publicados em 1960 por Jorge Luis Borges em El
Hacedor, trazendo ao debate noções de autoria e tradição através da reescrita. Jorge Luis Borges foi
o propulsor da discussão sobre reescrita, autoria e influência na América Latina quando em seu texto
Pierre Menard, autor del Quijote (1939) propõe a leitura como ato de recriação e em Kafka y sus
precursores, publicado (1952) propõe o entendimento de que cada escritor cria seus precursores,
desmontando a relação temporal de sucessão e continuidade dentro de uma relação diacrônica, mas
atribuindo ao processo a noção de ruptura e transgressão enquanto relação de influência. Agustín
Mallo, por sua vez, publica o livro Postpoesía: hacia un nuevo paradigma (2009) que propõe a
conexão entre a literatura e as ciências e defende a postpoesía como proposta estética que possui,
entre outros procedimentos, o apropriacionismo que irá executar literariamente no remake da obra
de J.L.Borges. O ensaio de Mallo dialoga com a estética de vanguarda e se insere no contexto de
produção em rede da literatura contemporânea. Após revisão dos conceitos de autoria e tradição
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nos autores citados, será feita a análise comparada das obras ficcionais a fim de observar a proposta
estética e os atos apropriacionistas dos dois autores, que, sintonizados nos preceitos e na estética de
seu tempo, irão discutir a temática da originalidade e praticar a apropriação como ato criativo.

A literatura do Caribe hispânico nos Estados Unidos: os contos de Junot Diaz


Livia Santos de Souza (UFRJ)

A narrativa do dominicano radicado desde a infância nos EUA Junot Diaz trata diretamente da
questão do sujeito diaspórico e do papel desempenhado por indivíduos marcados pelo deslocamento
entre dois países na contemporaneidade. No presente trabalho, pretendemos realizar uma leitura
comparativa de seus contos, reunidos nos volumes Afogado (Drown / los Boys, 1996) e É assim que
você a perde (This is how you lose her / Es así que la pierdes, 2011) com foco nos processos de
construção de identidades ficcionais elaborados pelo autor. Em ambos os livros está presente uma
duplicidade tanto espacial quanto linguística, fato que nos permite formular a hipótese de que o
trânsito, o entre-lugar em que se encontram os personagens e tramas, funciona como um elemento
fundamental na construção da poética do autor. Dessa forma, a migração transnacional, mais do que
condição se torna um motor para essa narrativa e uma ferramenta de leitura para a compreensão
não só da obra de Junot Diaz, mas da literatura que se constrói no eixo Caribe/Estados Unidos na
atualidade.

A escrita em espanhol: o uso das narrativas pessoais como estratégia de ensino


Lúcia Kozow (UFAL)
Maria Inez Matoso Silveira (UFAL)

A prática da escrita significativa no ensino-aprendizagem de língua estrangeira é sempre postergado


e praticamente inexistente na educação básica. Neste trabalho, analisamos as estratégias narrativas
utilizadas por uma aluna do ensino médio profissionalizante de uma escola pública, considerando a
escrita e a reescrita de um texto produzido em espanhol. Este trabalho fez parte de uma experiência
didática mais ampla posta em prática na última série do ensino médio, no Instituto Federal de
Alagoas (IFAL), no campus Marechal Deodoro, no primeiro semestre de 2013, e teve por objetivo
desenvolver a habilidade escrita dos alunos em Espanhol como língua estrangeira, numa visão de
processo e na perspectiva de produção de um gênero textual. Para isso, utilizamos as narrativas
pessoais, que são um gênero textual muito frequente nas nossas interações orais do dia-a-dia.
Segundo Labov e Waletsky (1967), na estrutura interna dessas narrativas orais existem certos
elementos que são geralmente incorporados pelas narrativas escritas. A análise mostrou que a
aprendizagem da escrita aconteceu por meio de um processo, e que o uso do gênero narrativa
pessoal como estratégia de ensino foi eficiente, na medida em que, supostamente, contribuiu para
mostrar e ajudar a conscientizar a aluna colaboradora sobre como esse processo se realizou, a partir
do ensino explícito que envolveu o planejamento, a escrita e a reescrita do texto produzido.

Folhas do carvalho, fotografias de Madrid... tecidos e tessituras em Árbol de Familia, de María


Rosa Lojo
Luciana Carneiro Hernandes (UTFPR/Unesp)

O presente trabalho objetiva explicitar alguns pontos da tessitura urdida por María Rosa Lojo
em Árbol de Família (2010) e verificar em que medida os discursos "de la intimidad" propostos por
Luz Marina Rivas em La Novela Intrahistórica (2004) se aplicam a ele. Construindo seu romance a
partir do que parece ser uma singela caixa de fotografias, Lojo, desde a escolha do título enlaça o
leitor, que se sente a vontade para partilhar com a narradora de Árbol de Família os
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segredos/recordações desse híbrido de álbum, árvore genealógica e árvore mítica/elo de passagem


para terra ancestral. Ainda que haja uma divisão do livro em duas partes, que correspondem aos
membros da família – paterna, galega ("Terra Pai") e materna, madrilenha ("Língua Mãe") –, as
fotografias a partir das quais 'a história é contada' são retiradas aleatoriamente, trazendo imagens
vívidas ou fantasmagóricas, tempos de guerra ou apenas sem paz. Franquistas, comunistas; católicos,
ateus; espanhóis, argentinos; enfeitiçadas, desafiadores do diabo; nativos, exilados; vencidos-
vencedores, vencedores-vencidos... A ampla gama familiar é apresentada na obra, nem sempre com
benevolência pela protagonista, a partir de tecidos e andrajos; de roupas finas e da falta delas; de
tramas da memória e da história; dos vestidos de noivas e dos de viúvas; de ritos e de rituais; dos
tecidos-presente que uniram os extremos do "corredor"/entrelugar que compuseram cada uma das
folhas dessa árvore - ou o emaranhado de todas elas. Sente-se à sombra...

Língua, Política, Mercado: o funcionamento discursivo do espanhol em materiais didáticos para


negócios
Luciana de Carvalho (Unicamp)

Nesse trabalho consideramos, para fins de investigação, o funcionamento discursivo do


espanhol/língua estrangeira (ELE), a partir de materiais didáticos direcionados à área de negócios,
em circulação no mercado brasileiro de línguas. Na base desse funcionamento, existe uma política de
línguas para o espanhol no Brasil e uma relação estreita entre Língua, Mercado e Estado. Desse
modo, focalizaremos as condições de produção em que esses materiais, instrumentos linguísticos,
são produzidos, como aparece a especificidade dessa língua e de que modo ela se constrói
discursivamente nos materiais didáticos. Nesse sentido, tal trabalho se inscreve no campo teórico-
metodológico da Análise de Discurso (AD), de base materialista, na sua relação com o Projeto
História das Ideias Linguísticas (HIL) no Brasil. Ao partirmos de tais perspectivas, consideramos o
conceito de gramatização, tal qual concebe Auroux (1992), isto é, como o processo de
instrumentalização de uma língua através de gramáticas, dicionários, vocabulários, livros didáticos.

Atividades de escrita em livros didáticos aprovados pelo PNLD: exercícios ou produções textuais?
Luciana Maria Almeida de Freitas (UFF)

Nesta apresentação pretende-se enfocar as atividades de produção escrita em coleções de espanhol


aprovadas no PNLD 2012 (Ensino Médio) e 2014 (anos finais do Ensino Fundamental). Dessa forma,
busca-se refletir sobre uma breve série histórica de resultados do PNLD com foco em uma
competência - a escrita - que, segundo o mais recente edital do Programa (MEC/FNDE/SEB, 2013),
deve ser uma das priorizadas nos livros aprovados. Como suporte teórico, lança-se mão,
fundamentalmente, das contribuições da concepção dialógica de linguagem do Círculo de Bakhtin,
em especial o conceito de gênero discursivo (BAKHTIN, 2003). Além disso, servem de suporte para as
discussões as contribuições de pesquisadores que vêm abordando o ensino da escrita em suas
produções (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004; GERALDI, 2006; BUZEN, 2006; FREITAS e
VARGENS, 2010; ELIAS e KOCH, 2011). A pergunta norteadora das reflexões será: as atividades de
produção escrita são exercícios, nos quais o sujeito-aluno é apagado em prol da prática de um
determinado conteúdo, ou produções textuais, que permitem que ele se aproprie da palavra?

Leonardo, Yerma, Adela: conflitos irreconciliáveis no teatro de García Lorca


Luciana Montemezzo (UFSM)

Nas peças Bodas de Sangue (1932), Yerma (1934) e A Casa de Bernarda Alba (1936), que compõem a
chamada “Trilogia Dramática da Terra Espanhola”, o poeta e dramaturgo espanhol Federico García
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Lorca (1898-1936) problematiza o desejo de liberdade individual em conflito com os interesses da


coletividade. A complexidade das personagens, ao mesmo tempo tão humanas tão simbólicas,
encerra uma perspectiva que está presente ao longo de toda a trilogia: o conflito entre o que se
deseja intimamente e a expectativa social que rege a vida dos seres humanos, sem permitir-lhes
outra alternativa além daquela imposta pela tradição e pelas obrigações sócio-familiares. No
entender de RUIZ RAMÓN (1986: 177), há apenas duas maneiras de resolver este conflito, no
contexto da dramaturgia de García Lorca: a loucura ou a morte. Por meio de personagens
emblemáticos como Leonardo – personagem que, de certa maneira, é responsável por desencadear
a tragédia em Bodas de Sangue –, Yerma – a esposa fiel e ansiosa pela chegada de filhos, presa a um
casamento estéril – e Adela – a filha mais nova de Bernarda Alba, que não se conforma com a
imposição de um luto de oito anos – estes conflitos são abordados e trabalhados de maneira
singular: não somente porque tratam de temas profundamente humanos, mas também porque
elaboram ferrenhas críticas à sociedade espanhola, presa a costumes e religiosidade anacrônicos em
relação aos demais países europeus no período.

A formação de professores de espanhol e a promoção do diálogo intercultural através de materiais


didáticos
Luciana Vieira Mariano (UNEB/ UFBA)

Tratando da interculturalidade na formação de professores de espanhol, Gomes de Matos (2009)


afirma que, a partir da Declaração dos Direitos Humanos, o ensino de línguas começou a incorporar,
de maneira positiva e eficaz, o trabalho humanizador dos professores. Contudo não podemos ignorar
o fato de que, muitas vezes, as universidades não têm conseguido formar professores interculturais
e, desta forma, esses professores podem continuar mantendo uma postura etnocêntrica ou de
relativismo intercultural frente às identidades hispânicas. É importante ressaltar que é a partir de
suas posturas que os professores construirão os materiais didáticos para as suas aulas. Desta forma
estaremos apresentando nessa comunicação o resultado de uma pesquisa realizada com professores
em formação do sétimo semestre do curso de Letras - Língua Espanhola e Literaturas do Campus V
da Universidade do Estado da Bahia que teve como principal objetivo observar quais eram as
concepções desses professores acerca das identidades dos países hispânicos e se os mesmos se
sentiam preparados para elaborar materiais didáticos que proporcionariam um diálogo intercultural
em suas aulas. O referencial teórico dessa pesquisa está fundamentado em Gomes de Matos (2009),
Mendes (2004, 2008), Mota (2004), Paraquett (2009, 2010) e nas propostas apresentadas pelos
documentos que norteiam ensino/aprendizagem de Língua Estrangeira (LE) em nosso país (PCN e
OCEM).

Literariedade e imaginários em La frontera de cristal, de Carlos Fuentes


Luciano Prado da Silva (UFRJ)

Esta comunicação versa sobre a interação literariedade e imaginários, tal como apresentada no
romance em tela. Em La frontera de cristal, de Carlos Fuentes, chama à atenção a abordagem de
conflitos de alteridade que sobressaem das intrincadas relações fronteiriças entre mexicanos,
chicanos e estadunidenses. Ao explorar as questões do homem como indivíduo migratório e as
consequências dos embates e entrecruzamentos culturais advindos desse processo, o texto ficcional
ora estudado coincide com debatido e contemporâneo temário acerca do sujeito migrante.
Apoiando-se em uma linguagem textual de forte tom imagético, em que longas passagens do texto
servem como amplas metáforas, a narrativa aqui trabalhada procura correlacionar História e ficção,
justapondo-lhe a imbricação memória e olvido, evocando e ao mesmo passo compondo com
imaginários sobre as conflituosas relações suscitadas. A partir do observado, buscou-se deslindar as
estratégias narrativas que ajudam a vincular a mostra em destaque ao caráter de permanência dos
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imaginários. Sobressai, pois, o teor de literariedade, de especificidades literárias próprias de um


romance o qual, desde sua estruturação estética, apresenta já sua característica de estranhamento,
porquanto dividido (e unido) em e por nove contos (quase) independentes. Assim sendo, no que toca
ao desenvolvimento da correspondência proposta, fazem parte das referências teóricas do presente
trabalho Wolfgang Iser (2002), Serge Gruzinski (1988, 2006), Gilbert Durand (1988) e textos
formalistas russos [1914-1928] (Toledo: 1973).

Contribuições do intercâmbio estudantil UFG/UNC para as discussões sobre a (in)visibilidade da


América Latina na formação de professores de espanhol
Lucielena Mendonça de Lima (UFG)

Discutir as representações (SILVA, 2010) de futuros professores de espanhol e português, no âmbito


do MERCOSUL, é imprescindível, posto que estas podem ser transmitidas aos alunos, inclusive
inconscientemente pelos professores. Assim é necessário que tenham a oportunidade de
problematizá-las ainda durante a formação inicial. Neste texto, temos o objetivo de apresentar as
reflexões realizadas por oito alunos das Licenciaturas em Letras/Espanhol (UFG) e Língua/Português
(UNC) que participaram de um intercâmbio estudantil que lhes propiciou a oportunidade de
reafirmar e/ou relativizar seus estereótipos, suas imagens e representações sobre o Brasil e a
Argentina. Os dados gerados a partir de narrativas autobiográficas apontam que os três
intercambistas argentinos reafirmaram suas representações positivas sobre o Brasil e as cinco
brasileiras relativizaram seus estereótipos e imagens negativas sobre a Argentina. Ademais, o
impacto na formação acadêmica e pessoal superou as expectativas de todos os participantes. Estes
dados revelam, portanto, a importância de um diálogo frequente e contínuo de projetos
educacionais para integração da região.

Tradição e apropriação 2.0: um talento original?


Luciene Almeida de Azevedo (UFBA)

O cenário cultural espalha indícios de que a figura do autor ocupa no contemporâneo uma posição
ambivalente. Ao mesmo tempo em que não podemos nos descartar tão facilmente de seu nome e da
função que exerce na relação que mantém com o texto literário, já convivemos com episódios e
obras que demonstram um desprendimento, um deslizamento dessa mesma função, sugerindo uma
reinvenção do modo de inscrever assinaturas. Assim, a comunicação quer apostar no comentário de
um estudo de caso em particular: trata-se de El Hacedor (remake) do escritor espanhol Agustín
Fernández Mallo. Identificando nesse texto uma estratégia de composição que recicla ideias e
imagens já presentes na obra de Jorge Luis Borges, é fácil ver como tal procedimento de escrita
ganha fundamento teórico se consideramos as noções de "escrita não-criativa" tal como elaborada
por Kenneth Goldsmith (2011) e "gênio não original", investigada por Marjorie Perloff (2010). Nesse
sentido, a hipótese é que a 'apropriação criativa' em operação pode ser considerada como uma
estratégia de redimensionamento dos modos de entendimento da autoria na dinâmica de forças do
sistema literário, comprometendo, por tabela, a noção de obra, de originalidade e o próprio conceito
de literatura.
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Abordagem intercultural no livro didático de espanhol como língua estrangeira (E/LE): os gêneros
discursivos como mediadores culturais
Lucila Carneiro Guadelupe (UFJF)
Marta Cristina da Silva (UFJF)

Esta comunicação é um recorte de nossa pesquisa de doutorado direcionada à análise do tratamento


dos gêneros discursivos como mediadores culturais no livro didático de E/LE. Nossos objetivos
ancoram-se na perspectiva de um ensino de línguas que priorize o diálogo entre culturas,
ressaltando-se, desta maneira, a importância em promover uma maior aproximação entre os países
da América Latina. A partir dos dados elencados, apresentamos o questionamento que motivou esta
pesquisa: Considerando os gêneros do discurso, como os elementos interculturais e socioculturais
são apresentados nos gêneros selecionados pelo livro didático de E/LE? Adotou-se uma metodologia
situada em um paradigma interpretativo, de viés qualitativo. Realizou-se a Análise Documental da
coleção Enlaces: español para jóvenes brasileños, aprovada pelo PNLD (2012), e destinada aos alunos
do Ensino Médio. Para a interpretação do corpus, tomamos como base os temas das seções
analisadas e a exploração dos gêneros discursivos. Verificamos nos gêneros apresentados elementos
que remetem a questões sociais e culturais, a aspectos que envolvem a diversidade latina e a
representações dos países hispânicos. Os resultados obtidos indicaram que, em sua maioria, as
unidades analisadas estabelecem a interculturalidade entre o contexto cultural brasileiro e os países
da língua-alvo, considerando tanto a Espanha quanto os países latino-americanos, e promovem o
diálogo tão necessário em uma perspectiva de ensino que se preocupa com a função social da língua.

Memórias sobre a América Latina na formação de professores de espanhol


Lucineudo Machado Irineu (UERN)

Esta comunicação analisa as memórias de um grupo de professores de espanhol sobre a América


Latina, tomada como objeto de representação, e a relação desse objeto com a formação dos
referidos docentes. Para tanto, tomo como corpus o material discursivo proveniente da produção
escrita de um memorial, gênero do discurso em que impressões e vivências são resgatadas através
de lembranças e de recordações. Para a interpretação dos dados, analiso as projeções
memorialísticas nos textos produzidos pelos professores, a fim de identificar os desdobramentos das
práticas pedagógicas na construção de determinadas representações no universo conceitual desses
sujeitos. A análise dos memoriais sinaliza que as práticas pedagógicas desenvolvidas na formação
docente tendem a silenciar a América Latina enquanto legítimo objeto de conhecimento e que as
referidas práticas repercutem na representação que os professores constroem, na graduação, sobre
a América Latina e sobre o universo latino, tomado como o lugar do desconhecido, do exótico, do
estranho, do diferente. Com base nos resultados, acreditoser preciso seguir no projeto de
problematização do espaço da América Latina na formação dos futuros professores de espanhol em
nosso país, para que tais representações sobre o mundo latino não se tornem instrumento de
propagação de estereótipos culturais sobre os povos americanos.

A língua-cultura e a interculturalidade no Programa Nacional do Livro Didático de Línguas


Estrangeiras
Ludmila Scarano Coimbra (UESC/ UFBA)

Esta comunicação apresenta as primeiras discussões realizadas na pesquisa “Programa Nacional do


Livro Didático 2011 e 2014: análise e produção de material didático de língua espanhola”
desenvolvida com quatro alunas da graduação em Letras, duas alunas da Especialização em “Didática
de Espanhol como Língua Estrangeira na Educação Básica” e duas professoras de língua espanhola da
rede pública de Ensino Fundamental II. O projeto, inserido na área da Linguística Aplicada, justifica-se
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pela necessidade de o professor de língua espanhola estar consciente dos vários critérios de
avaliação para saber analisar, escolher, usar, ou até mesmo, produzir um material didático para os
seus alunos. Interessa-nos discutir, especialmente nesta comunicação, os critérios da Ficha de
Avaliação e o próprio Guia de Resenhas do PNLD 2011 e 2014. Dentre nossas perguntas de pesquisa,
pretendemos compreender de que forma a língua-cultura e a interculturalidade estão presentes nos
critérios de avaliação do PNLD. Como referencial teórico, estudamos a concepção de cultura e a
abordagem intercultural, fundamentando-nos em AZIBEIRO (2006), MENDES (2007, 2011, 2012) e
PARAQUETT (2011, 2012); e o papel do livro didático de língua espanhola, a partir das discussões de
Martínez Bonafé e Rodríguez Rodríguez (2012) e Gimeno Sacristán (2012). Com a realização desta
pesquisa, em desenvolvimento na UESC, através do Convênio FAPESB/UESC 005/2012, espera-se
auxiliar os professores de línguas estrangeiras no processo de análise, seleção e utilização dos
materiais que lhe são apresentados.

Tradução e adaptação do mito histórico de Camila O’Gorman


Luísa Perissé Nunes da Silva (UFRJ)

A partir de uma análise histórica e cronológica baseada nos estudos da tradução, este trabalho visa
identificar as teorias que servem como apoio à investigação sobre o mito histórico de Camila
O´Gorman e a maneira como esse mito apresenta-se traduzido e introduzido nas culturas brasileira e
argentina. Os objetos de estudo para esta pesquisa são o romance “Una sombra donde sueña Camila
O’Gorman” (1973) do escritor argentino Enrique Molina, a tradução do mesmo para o português
brasileiro feitA pela tradutora Sônia Régis (1986) e sua adaptação para o cinema feita pela cineasta
argentina María Luisa Bemberg (1984). Com relação às estratégias de tradução e adaptação,
nortearão as análises os seguintes eixos temáticos: o Histórico-Nacional, a Sexualidade e o Poder e o
Poético-Imaginário. Inseridos nos eixos temáticos, será possível considerar também aspectos da
Argentina do século XIX como o feminismo, a identidade nacional, o regime autoritário, entre outros.
As três obras (romance, tradução e adaptação) dialogam entre si e, assim, internacionalizam a vida, o
mito e a tragédia de Camila O’Gorman, já que o filme “Camila” foi nomeado para o Oscar de melhor
filme estrangeiro do ano de 1985.

Enrique Vila-Matas: literatura e pensamento abissal


Luiz Lopes (CEFET-MG)

O presente trabalho pretende efetuar uma leitura da obra de Enrique Vila-Matas, um dos maiores
nomes da ficção de língua espanhola contemporânea. Trata-se de um trabalho de cunho
comparativo que pretende aproximar literatura e filosofia. Não se trata, no entanto, de ler a obra de
Vila-Matas por meio de um modelo pré-estabelecido por determinado pensamento filosófico, mas,
ao contrário, o de promover uma espécie de confronto entre o pensamento trágico de Nietzsche e
de outros pensadores e a literatura do escritor espanhol. Nesse sentido, entendemos a ficção de Vila-
Matas não como uma literatura filosófica, mas como uma “literatura pensante”, uma literatura que
pensa, que promove e que instiga o pensamento, seguindo aqui as colocações de Compagnon em
Literatura pra quê?. Para efetuarmos esse movimento de aproximação, partimos do signo do abismo
que aparece em Nietzsche e também em Vila-Matas. No escritor espanhol, esse signo constitui um
elemento importante, sobretudo, se tomamos como objeto de leitura sua obra Exploradores del
abismo, publicado no Brasil em 2013. Esse mesmo signo revela, numa leitura mais atenta, o caráter
abissal de um literatura que é também provocação para o exercício do pensamento.
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Tiempo verbal en textos de material didáctico de español para Secretariado


Luizete Guimarães Barros (UEM)

Nuestro objetivo es estudiar la manifestación del tiempo en el lenguaje y su representación en


diferentes géneros discursivos, con énfasis al universo secretarial: curriculum vitae, carta comercial,
acta, informe, relato, entrevista laboral, etc…Para tanto, examinamos una colección didáctica de
español para secretariado En equipo.es – curso de español de los negocios (2008), de las autoras O.
Juan, M. de Prada y A. Zaragoza, de la editorial Edinumen, compuesta de volúmenes destinados a
tres niveles de aprendizaje: inicial, intermedio, avanzado. Nuestro interés es decir si los textos de
dicho material obedecen una secuencia didáctica que sigue la propuesta de M. Fátima Cabral Bruno
(2013) para el curso de Español en USP, es decir, que el nivel inicial se dedica al “foco no presente”,
el intermedio se organiza de acuerdo con el “foco no passado” y el avanzado con “foco no futuro”. El
análisis de las formas verbales de los libros de cada nivel demuestra los tiempos predominantes. Y si
el universo de los negocios excluye el texto literario y narrativo, suponemos que los verbos del
“mundo narrado”, según Weinrich (1968), o de la “historia, según Benveniste (1976), estarían
alejados de ese tipo de discurso. Otro tema que nos interesa es la comparación español-portugués,
ya que nos importa ver si los tiempos predominantes en español en el texto del acta de una reunión,
por ejemplo, coinciden en las dos lenguas.

Educação de adultos e ensino de espanhol


Luziana De Magalhaes Catta Preta (Colégio Pedro II/SME-RJ/UFF)

A presente comunicação visa a apresentar os resultados de uma tese cujo objetivo foi discorrer sobre
a educação de adultos e o trabalho do professor de língua espanhola nos Centros de Estudos
Supletivos (CES). A pesquisa fundamentou-se na análise de discurso de base enunciativa
(MAINGUENEAU, 2010). Discorremos, ainda, sobre a noção de fórmulas discursivas (KRIEG-PLANQUE,
2010) e enunciação aforizante (MAINGUENEAU, 2010), a partir de enunciados provenientes da
educação de adultos. Como a instituição referida tem como característica principal o estudo
semipresencial efetivado por meio de módulos didáticos, entrevistamos professores de língua
espanhola que atuavam/atuam nessas escolas buscando perceber como desenvolviam sua atividade
docente e sua visão sobre os alunos matriculados. Por último, investigamos como os alunos se
percebiam dentro deste contexto educacional. Evidenciamos os efeitos de sentido produzidos por
esses discursos e o papel que desempenham na constituição da identidade dos aprendizes adultos,
uma vez que podem contribuir para reforçar o estigma de baixa autoestima atribuído aos sujeitos
constituintes dessa modalidade de ensino. Em um primeiro momento, nos foi possível perceber, por
exemplo, que o termo “supletivo” foi incorporado às políticas de educação de adultos e que o
mesmo apresenta características de “fórmula discursiva”. Além disso, a partir do corpus de
entrevistas realizadas com os professores e alunos, observamos que concepções designadas aos
aprendizes em períodos educacionais anteriores ainda perpassam o discurso de alguns professores.

Fénix, Mariene y Campaspe: el arte del retrato en el teatro de Calderón de la Barca


Lygia Rodrigues Vianna Peres (UFF)

En la Corte de los Felipes en el siglo XVII, dramaturgos y pintores enseñan la expresión del arte:
poesía y pintura se muestran en la escena teatral y, el retrato – memoria de la amada, presencia de
la ausente criatura, presentación y conocimiento de novios reales en alianzas matrimoniales – se
materializa en el arte de la pintura en los salones y galerías para mostrar la nobleza de las Casas en
cuya estirpe se registra la memoria de los antepasados y mantiene el orgullo de las familias en el
presente. Los retratos de los reyes enseñan la majestad y la excelencia de los artistas. La estrecha
relación política y cultural entre la Corte española e Italia muestra la excelente influencia y presencia
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del arte italiano en el arte español. Calderón de la Barca y Diego Velázquez se unen en la
especificidad del arte, cuando en diferentes momentos el dramaturgo pinta en El príncipe constante
la princesa Fénix, por extensión nos ofrece el retrato – bello original con alma y vida – del rey de
Marruecos y de la mujer africana. Escena barroca, luces y sombras, juventud y vejez, presente y
futuro. La bellísima Mariene, que, frente al Cesar Octaviano, le permite pintarla para el
espectador/lector /milagro hermoso del tiempo/ejemplo de la fortuna/, en El mayor monstruo del
mundo. Mas el retrato de Campaspe enseña la perfección y excelencia del arte de Apeles, en Darlo
todo y no dar nada.

La memoria de la derrota y del miedo, en Los girasoles ciegos


Magnólia Brasil Barbosa do Nascimento (UFF)

Se propone en esta ponencia una reflexión sobre la guerra civil española y los siguientes años de
dictadura, a través de uno de los cuentos de Los girasoles ciegos, de Alberto Méndez, escritor nacido
después de la guerra civil, quien escribe para grabar la memoria de la derrota y del miedo vigentes en
aquel momento histórico. Por la importancia de la apropiación del pasado (Benjamin), se optó por el
cuento Segunda derrota: 1940, para acompañar las vicisitudes de un joven soldado y poeta que
busca escapar hacia Francia con la novia embarazada y es sorprendido por la muerte de la joven
durante el parto. En la obra, se percibe el poder de la palabra, de que nos habla Agamben (2008). El
escritor ofrece a la reflexión algunos hechos reales, ficcionalizándolos, exponiendo la verdad y la
mentira, la crueldad y la insanidad de un momento en el que muchas vidas sufrieron una
interrupción violenta y la vida de tantos seres humanos cambió su rumbo. En 26 páginas de un
cuaderno, el soldado/poeta nos remite a otros poetas también derrotados y elabora un manuscrito
donde registra un momento traumático en el cual avulta el miedo, un sentimiento que le impide al
ser humano actuar libremente. El cuento echa al lector en un vértigo de reflexiones sobre cada
individuo, pieza única del engranaje de la historia, como quiere Valls (2005). En todos los diálogos
paralelos propuestos por la “Segunda Derrota”, se percibe que es fundamental mantener viva la
memoria de las infames sombras para que no se pierdan en los silencios y, luego, en una imprudente
indiferencia.

Retomando a linguística histórico-comparativa românica: uma proposta de estudo da prefixação


no castelhano e no galego-português medievais
Mailson dos Santos Lopes (UFBA)

O estudo ora apresentado visa a propiciar uma retomada da perspectiva histórico-comparativa


atrelada a aspectos morfológicos das línguas românicas peninsulares e a seu fluxo diacrônico. A
partir da descrição e análise do paradigma prefixal do castelhano e do galego-português, e tomando
como lastro teórico-epistemológico as premissas fundamentais da área da linguística românica
comparada, da morfologia histórica e da morfologia construcional, pretende-se chegar a estabelecer
escólios comparativos entre a configuração dessas línguas novilatinas ibéricas no período arcaico, no
âmbito da morfologia léxica derivativa. Este estudo tem como objetivo precípuo fornecer alguma
contribuição para as investigações de morfologia histórico-comparativa, ao abordar o fenômeno da
formação de palavras via prefixação em registros escritos remanescentes da produção primitiva em
galego-português e em castelhano (séculos XII e XIII). Partindo da observação atenta sobre os
mecanismos de prefixação na língua latina e sua influência na constituição do arcabouço léxico-
morfológico do vernáculo (castelhano e galego-português), pretende-se analisar o estatuto
semântico-morfolexical-etimológico dos vocábulos prefixados coletados em edições de mais de uma
centena de textos medievais. Uma descrição histórica da prefixação, alicerçada nos primórdios da
expressão escrita nesses idiomas românicos peninsulares, oferecerá dados relevantes para o estudo
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linguístico diacrônico, podendo prestar-se também ao esclarecimento de fenômenos abstrusos


quando observados sob a luz de uma análise puramente sincrônica.

La voz del SE-rumor: propiedades polifónico-argumentativas


Manuel Libenson (UBA - CONICET)

"Desde su nacimiento, la teoría de la polifonía enunciativa (Ducrot, 1984) ha llamado la atención


acerca de que el enunciado puede manifestar la existencia de puntos de vista de procedencia
impersonal y anónima, como una de las tantas imágenes constitutivas del sentido comunicado. Así, la
conceptualización semántica de esta voz o punto de vista impersonal, conocido en polifonía como
“Doxa”, “SE” u “ON”, habilitó a Ducrot a explicar fenómenos tales como la presuposición, el
enunciado-proverbial y la llamada “enunciación histórica”. Anscombre (2004), quien ha ido más allá
en las investigaciones sobre “ON”, se ha encargado de mostrar múltiples de los valores que puede
mostrar esta voz, a partir de la observación de tres tipos de entidades específicas: marcadores
epistémicos del tipo (es bien conocido que X, sabido es que X), verbos de decir o creencia (se sabe, se
dice), sintagmas con referencia genérica y anónima (la comitiva del ministro, el rumor) y funciones
lingüísticas indisolublemente conectadas con la introducción de un SE (el tema, la presuposición, las
formas sentenciosas y las frases genéricas). En mi caso, y en el marco de los trabajos citados, el
objetivo del trabajo que presentaré será caracterizar un conjunto de propiedades semántico-
argumentativas que exhibe un tipo de voz genérica y anónima, constitutiva del sentido de un tipo
particular de enunciado: el enunciado-rumor. La materialización discursiva de esta voz en español,
que aquí se denomina SE-rumor, no ha sido caracterizada aún ni tampoco puede agotarse su
descripción a partir de las pruebas provistas por Anscombre para el ON del francés. Como
buscaremos argumentar en este trabajo, cuatro propiedades semántico-pragmáticas son distintivas
del SE-rumor respecto de otros SE (por ejemplo, el proverbial o el de la historia): inminencia deíctica,
incerteza epistémica, refutabilidad, y elasticidad respecto de los posicionamientos enunciativos que
habilita su conformación como voz genérica.

Tradução comentada de amor es más laberinto de Sor Juana Inés de la Cruz


Mara Gonzalez Bezerra (UFSC)

Esta comunicação discute a tradução de textos de Sor Juana Inés de la Cruz, poetisa mexicana e
freira, em especial sobre a tradução em andamento da peça de teatro Amor es más laberinto (1689),
comedia escrita por Sor Juana Inés de la Cruz e Juan de Guevara em que eles partem da fábula de
Teseu e Ariadne a partir do mito do Minotauro de Creta em que se incorpora elementos de capa e
espada. Texto pertencente ao Século de Ouro espanhol, se investigam as posibilidades de tradução
da língua espanhola para a língua portuguesa na variante brasileira sob os pressupostos de Berman
(2013). Os textos de Sor Juana, graças à tradução já são conhecidos em diversas línguas. No Brasil são
poucas as publicações e já estão esgotadas. A importancia de realizar novas traduções e ou
retraduções são relevantes para o conhecimento do Barroco hispanoamericano e como forma de
aproximar culturas. O recorte será a partir dos discursos dos personagens como elementos de
vanguarda na escrita da freira e aspectos de inclusão social.

As contribuições do componente curricular de língua espanhola na formação de alunos


investigativos: as marcas textuais e suas revelações para a constituição do sujeito
Marcelo Gonçalves Maciel (UFRGS)

Com o desenvolvimento do ensino politécnico nas escolas estaduais de ensino médio do Rio Grande
do Sul/Brasil, viu-se a premência em um ensino voltado à interdisciplinaridade, visando desenvolver
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um sujeito com perfil investigativo. Três são os pilares de constituição do ensino médio integrado, a
saber: trabalho, ciência e cultura, e cabem às disciplinas que compõem o currículo escolar se adequar
a tal demanda. Deste modo, este estudo objetiva verificar como a disciplina de espanhol pode
corroborar para que os alunos, em um estágio introdutório de ensino de E/LE, consigam utilizar a
mesma na elaboração de sua pesquisa. Para tanto, a base teórica deste trabalho articula a concepção
dialógica de Bakhtin/Volóshinov (2009) para delinear a constituição do sujeito, e conceitos provindos
da linguística textual (Beaugrande e Dressler, 1997) para analisar as marcas textuais do sujeito.
Salienta-se que este estudo parte de uma experiência observada, por meio de oficinas semanais de
dois períodos. Para a execução das oficinas, optou-se que o espanhol fosse trabalhado por meio de
textos que envolvessem as minorias como temática. Verificou-se que as práticas de letramento
assumiam um papel de suma relevância, pois elas envolvem, valores, atitudes, sentimentos e
relações sociais. Observou-se que, deste modo, os alunos ao se depararem com o conhecimento da
cultura do outro, conseguiram desenvolver em seus textos aspectos relevantes para a constituição
de sujeitos na produção em língua estrangeira, bem como na seleção de informações relevantes para
a previsão de seu alocutário.

Sonetos do Prado
Marcelo Maciel Cerigioli (CEETEPS)

O artigo analisa seis poemas sobre elementos do universo pictórico (“A la retina”, “A la paleta”, “A la
perspectiva”, “Al claroscuro”, “A la gracia” e “A la acuarela”), presentes no livro A la pintura (1948),
do poeta espanhol Rafael Alberti, produzidos no pós-guerra em seu exílio na Argentina. Os
elementos da pintura homenageados nesses poemas podem ser classificados em três grupos:
objetos concretos como a retina e a paleta, abstratos como a perspectiva, o claro-escuro e a graça, e
materiais ou técnicas de pintura como no caso da aquarela. Nos poemas há não só a definição de
cada elemento homenageado como a sua exaltação, mostrando sua função e sua importância para a
atividade da pintura. Na análise destes seis sonetos, são estudadas as particularidades de cada
poema e, consequentemente, as simbologias exploradas por cada um. Além disso, o estudo também
analisa os poemas em seu conjunto e sua relação com o Museu do Prado, demonstrando como o
livro A la pintura recria o Prado, por meio das técnicas e dos elementos da pintura, o que representa
a adolescência de Alberti, já que evoca seus primeiros contatos com as obras do Museu, na imagem
de suas aulas de pintura e desenho. Assim, em A la pintura, os elementos da pintura elevam a
importância desta arte, mostrando as técnicas utilizadas pelos grandes pintores, presentes no Prado,
celebrando a poesia, a linha, a cor e a pintura.

Escritas de si: Memórias da ditadura


Marcia Paraquett (UFBA)

Minha proposta é apresentar os resultados preliminares de meu atual projeto de pesquisa, que tem
como objetivo principal a recuperação da memória da ditadura brasileira (1964-1985) em ambiente
universitário. Minha motivação principal foi a leitura de Volver a los diecisiete. Recuerdos de una
generación en dictadura, de Oscar Contardo, publicado no Chile, em 2013, como parte das
manifestações contra os quarenta anos da Ditadura de Pinochet. Através de narrativas em primeira
pessoa (escritas de si), o autor oferece um painel sobre os dezessete anos da ditadura chilena (1973-
1990), oportunizando diversas perspectivas de memória e, dessa forma, fazendo um retrato bastante
multifacetado da Ditadura. De forma similar, estou trabalhando com ‘autobiografia como ensaio’,
entendendo este gênero como uma escrita que se pretende ensaística, ao mesmo tempo em que
assume o sujeito como autor ou testemunha do que está ensaiando. Além da organização de relatos
que recontem as experiências vividas em universidades brasileiras durante os ‘anos de chumbo’,
associando-as a sua formação profissional ou acadêmica, como professora e pesquisadora da área de
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estudos hispânicos, pretendo estabelecer conexões entre as escritas de si que estão sendo
produzidas no Brasil sobre a Ditadura e as de países hispânicos, como o Chile e a Argentina. Dessa
forma, minha intervenção no VIII Congresso Brasileiro de Hispanistas quer contribuir para uma
discussão sobre a memória; a possibilidade de recontar as ditaduras; e a associação entre memória,
ditadura e formação profissional de estudantes brasileiros, particularmente, alunos de Letras.

O Cruzamento de Linguagens em Jorge Ricardo Aulicino


Márcio Luiz Oliveira Pinheiro (IFAM)

A obra poética de Jorge Ricardo Aulicino compreende elementos do Objetivismo argentino e tem
como marca específica o cruzamento de linguagens com as artes visual e musical. Abordaremos,
portanto, a construção de cenas poéticas e o elemento dialogal e polifônico na obra de Aulicino,
compreendendo jogo de vozes que pode se dar com interlocutores concretos, sendo incluído pelo
poeta em situações dialogais. Tais situações estão, frequentemente, associadas à autorreflexão do eu
lírico ou, a outra voz que pode não ser a de um interlocutor individual, mas uma voz genérica. Ela
pode estar incluída no poema em estilo linear ou não, nos termos bakhtinianos. Em Aulicino, a
indagação poético-existencial integra a cena, revelando-nos a busca do eu-lírico pela veracidade das
formas de captação da realidade. Outro elemento recorrente na obra dele é a contradição entre a
concretude e a intangibilidade/imaterialidade ou êxtases no cotidiano. Na obra poética de Aulicino, o
ponto de injunção em que se dá a representação artística do que se quer expressar na cena poética
tem por base a expressão da diversidade de sentimentos demonstrados pelo sujeito-lírico que
iluminam o “mundo real”.

Ángel Rama e a interpretação da América Hispânica em código cultural


Marco Antonio Bonilla Díez (UNIANDES)

La ponencia (y el texto resultante para su publicación) parte de reconocer el carácter seminal de la


obra de Ángel Rama para una interpretación de Hispanoamérica en clave cultural. La propuesta
interpretativa de Rama es pionera en una gran variedad de reflexiones sobre la cultura y la identidad
hispanoamericanas. En palabras de Mario Vargas Llosa, la obra de Rama es la semilla de donde han
brotado novedosas interpretaciones de la cultura y la tradición intelectual en América Latina. Rama
es, quizá, el autor que ha expuesto de forma más profunda los hilos del dominio cultural ejercido en
nuestros países, con ayuda de la escritura. El nuestro, es un continente cuyo poder descansa en una
legitimidad escrituraria. El llamado de Ángel Rama y su apuesta política es por una democratización
cultural en la región, a partir de la equidad en los medios de representación. El gran aporte de Rama,
por tanto, ha sido tanto teórico como político; y consiste en descifrar el papel clave que la escritura
ha tenido en el ejercicio de una soberanía basada en la exclusión y el reparto inequitativo de la
riqueza. Por otro lado, se argumenta que hay en Rama un intento por superar las lecturas
fragmentarias de la cultura latinoamericana. Hay en su obra una visión totalizante y de conjunto. Sin
desconocer la diversidad que la constituye, Rama piensa América Latina como conjunto. En palabras
de Saul Sosnowski, Angel Rama apuntalaba el trazado de un mapa continental que, desde lo
heterogéneo de toda geografía física, permitiera vislumbrar la composición general e integral del
territorio latinoamericano”. Este principio de unidad es cultural y se constituye en el gran
metarrelato latinoamericano, construido a partir de una genealogía de los poderes hegemónicos en
la región.
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"Chamaco", de Abel González Melo, y "Agreste", de Newton Moreno: dramaturgias homo-


afectivas latinoamericanas
Marcos Antônio Alexandre (UFMG)

"Chamaco" (2005), de Abel González Melo (Cuba), y "Agreste (Malva-Rosa)" (2004), de Newton
Moreno (Brasil), se configuran como piezas que pueden ser interpretadas y leídas como integrantes
de una dramaturgia homo-afectiva. Los textos, escritos por dos autores latinoamericanos, que
aunque tengan como lugar de enunciación dos realidades sociopolíticas distintas y resguardando sus
diferencias estilísticas, pueden ser analizados desde una perspectiva comparativa por el hecho de
que las dos obras tratan de aspectos que se relacionan con la cuestión de los afectos, en diálogo con
temáticas comunes como las identidades y la violencia – puntos esos que se constituyen como
elementos constructores de la dramaturgia de los autores. Teniendo en cuenta la temática de la
violencia, se puede afirmar que las dos piezas tratan de este aspecto, pero a partir de miradas
distintas: "Chamaco" trae un retrato de una realidad cruda de un joven cubano que transita por las
calles de La Habana y su destino cruza con la historia de una familia “común”; a su vez, "Agreste" nos
enseña una mirada de una pareja que vive, en un ambiente árido e inhóspito, una relación de amor
que está, desde su primer encuentro, asociado a lo trágico. De esta manera, el objetivo de este
trabajo es contrarrestar los dos textos, desde una perspectiva de la dramaturgia homo-afectiva,
buscando identificar los elementos que los acercan y a la vez los distancian a partir de los temas de
las identidades y de la violencia.

Entre a lucidez e o desengano: um percurso poético pelos anos franquistas


Margareth dos Santos (USP)

Nossa proposta de discussão gira em torno da poética de Ángel González, em especial, de sua obra
Tratado de Urbanismo, na qual, vemos um núcleo que oferece ao leitor um exercício compositivo
que se equilibra entre procedimentos formais e uma sarcástica filosofia da existência. Através de
seus exercícios autoreferrenciais, marcados por um deliberado prosaísmo, o poeta nos oferece uma
crônica dos chamados “anos triunfais” franquistas. Em seu percurso, acreditamos que esses poemas
adquirem a amplitude de uma “narrativa poética” capaz de desvelar o lado mais sombrio desse
suposto triunfalismo, mediante uma ironia cortante, em que o “áspero mundo” da ditadura
franquista revela-se em extensão e em detalhes sórdidos.

Aproximação transcultural entre "Utopia Selvagem", de Darcy Ribeiro, e "La tumba del
relámpago", de Manuel Scorza
Maria Aparecida Nogueira Schmitt (CES/JF-SMC)

Num esforço de aproximação das literaturas latino-americanas de temática indígena, Darcy Ribeiro,
com Utopia selvagem, e Manuel Scorza, com La tumba del relámpago, trabalham uma literatura de
superação da intolerância de sociedades de castas. A busca de superação da mentalidade de
escravos pelo povo peruano, em particular, e latino-americano, em geral, leva Scorza a criar uma
literatura que ressuscita antigos deuses da civilização quéchua e a reuni-los com os novos deuses da
civilização ocidental, encarnados pelas ideologias do progresso. Procura recuperar a forma do
pensamento mágico religioso primitivo, aproximando-o da cultura racionalista ocidental para verter
a consciência mítica do antigo quéchua na consciência histórica do homem moderno. Por sua vez, no
Brasil, Darcy Ribeiro, com Utopia selvagem, apresenta semelhante preocupação à de Scorza, no que
se refere à estratégia mítica na recuperação das raízes culturais. A mentalidade mítica é igualmente
explorada por ambos os escritores, dando prosseguimento ao processo transculturador, proposto
por Ángel Rama. Na integração de escritores irmanados no propósito de empregar palavras como
pontes interculturais, propõe-se este estudo, a atender a proposta do crítico peruano sobre a
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necessidade de os trabalhadores na comarca literária da América Latina se conhecerem além das


fronteiras pátrias.

Fortunas y adversidades del “Licenciado Vidriera” de Miguel de Cervantes


Maria Augusta da Costa Vieira (USP)

La trayectoria del Licenciado Vidriera parece reproducir, en alguna medida, el aforismo mencionado
por don Quijote en el capítulo 25 de la segunda parte que dice: “el que lee mucho y anda mucho, vee
mucho y sabe mucho. Al fin y al cabo, el Licenciado Vidriera es un personaje que leyó mucho y
anduvo mucho y que tiene una historia de vida cimentada en la experiencia del hombre peregrino,
que recorrió tierras y más tierras, y al mismo tiempo, en la experiencia del estudiante universitario
que siguió el campo de las leyes, aunque su notable entendimiento siempre prefirió el de las letras
humanas. Lecturas y andanzas, al fin de cuentas, fueron las actividades que basaron sus recorridos y
le concedieron el don de la agudeza y de la discreción. En cierta medida se podría pensar que su
historia de vida es la ilustración de este aforismo pronunciado por su hermano mayor, Don Quijote.
Por otro lado, desde el punto de vista de la genealogía de las formas narrativas, el relato parece ser
la representación del propio concepto de poesía –como se designaba a la literatura en los tiempos de
Cervantes– identificándola con un océano en el que las aguas se confunden continuamente en la
apropiación de imágenes del mundo y de estructuras textuales preexistentes. En este sentido, la
novela cervantina puede considerarse como una novela verdaderamente ejemplar, por componer un
intrincado y sustancioso diálogo con múltiples formas, trayendo a la luz un vasto repertorio textual y
creando una red de alusiones y apropiaciones al interior de la composición poética.

La influencia de los factores extralingüísticos en la atrición de la l1 de inmigrantes españoles en


brasil
María Carolina Calvo Capilla (UnB)

La atrición es un fenómeno habitual en los contextos de bilingüismo. Este proceso de erosión


lingüística que se produce en la L1 de inmigrantes en contacto con la lengua del país de acogida
(Hamers y Blanc 2005: 76), está determinado solo parcialmente por factores lingüísticos como la
influencia de la L2 y la privación de input de la L1 (Sharwood Smith y Van Buren 1991: 22; Silva-
Corvalán 1994: 218). Los factores extralingüísticos desempeñan un importante papel; entre ellos se
cuentan variables sociolingüísticas como la edad y la educación y otras cuestiones como la duración
de la inmigración, el contacto con la L1 y las actitudes (Schmid 2011). En esta comunicación se
presentan los resultados de una investigación sobre el proceso de atrición en la L1/español de ocho
inmigrantes españoles adultos residentes en Brasil y con conocimiento de la L2/portugués, la lengua
de contacto. Los datos se obtuvieron mediante entrevistas grabadas en español y la aplicación de un
cuestionario sociolingüístico que proporcionó informaciones personales variadas sobre los
participantes, las cuales permitieron examinar la incidencia de los diferentes factores
extralingüísticos analizados. Los resultados revelan que los factores más decisivos en esta
investigación fueron el contacto con la L1 y las actitudes favorables a la L1 y su cultura, resultados
que coinciden con otras investigaciones como las de Dewaele (2004) y Schmid (2002). Ambos
parecen explicar la extraordinaria resistencia a la atrición de uno de los participantes, tras más de
cuarenta años de emigración en Brasil.
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Niñez y violencia en La Casa de los conejos de Laura Alcoba e Infancia clandestina de Benjamín
Ávila
María Celina Ibazeta (PUC-RIO)

La experiencia traumática de una infancia atravesada por la pérdida, el dolor y la violencia fue una
situación común entre los niños y niñas cuyos padres pertenecieron a los grupos militantes en la
Argentina de los años setenta. Muchos de ellos forman parte hoy de HIJOS (Hijos e Hijas por la
Identidad y la Justicia contra el Olvido y el Silencio) y luchan por mantener viva la memoria de sus
progenitores, otros construyen relatos, literarios o cinematográficos, en los cuales vuelcan su
vivencia como una manera de “hacer el luto” con un pasado perturbador. Este es el caso de Laura
Alcoba y Benjamín Ávila, hijos de padres montoneros, y cuyas obras, La casa de los conejos (2008) e
Infancia clandestina (2012) respectivamente, narran el impacto en sus vidas de una época
extremadamente cruenta, como no se había conocido hasta ese momento. Este trabajo compara tres
puntos claves que se desarrollan en la novela y la película: la representación de la violencia fuera (y
dentro) de sus casas, la posibilidad (o imposibilidad) de construir una memoria y la postura personal
de los protagonistas frente al compromiso político de sus padres que convivió de manera tan visceral
con el proyecto familiar.

O Ensino do Espanhol como língua estrangeira: numa perspectiva ecológica


Maria da Graça Carvalho do Amaral (FURG)

Este trabalho apresenta uma proposta de abordagem ecológica de ensino do Espanhol como língua
estrangeira, tendo como marco teórico os estudos de Van Lier (2004), Vygotsky (1978), Humboldt
(1990). A abordagem ecolinguística é o estudo das relações entre a língua e o meio ambiente. Este
trabalho parte de um projeto de extensão intitulado Eco-línguas no Centro de Convívio dos Meninos
do Mar .Esse centro ministra curso a jovesn de 14ª 17 anos em situação de vulnerabilidade social.e
foi ministrado por acadêmicos do curso de Letras em dois encontros semanais seguindo metodologia
baseada nas abordagens ecológica, na qual se estabelece relação entre a aprendizagem lexical e os
vários organismos disponíveis no momento da interação, e multimodal, cujo objetivo visa propiciar a
difusão do conceito de multileitura, dentro de um ambiente de ensino de línguas estrangeiras . Como
resultados, desenvolvemos as competências profissionais, pessoais, sociais, produtivas e cognitivas
dos jovens participantes do curso, além de oferecer aos ministrantes uma atividade de ensino
contextualizada dentro de uma nova abordagem de ensino de línguas estrangeiras.

Amor e erotismo na poesia de Cristina Peri Rossi: uma leitura


Maria de Fatima Alves de Oliveira Marcari (Unesp-FCL Assis)

A produção poética da uruguaia Cristina Peri Rossi (1942-) inicia-se em 1971 com a publicação de
Evohé, contando atualmente com doze obras, ao longo das quais a escritora desenvolve um corpus
ideológico que se nutre de diversas linhas do pensamento contemporâneo, desde a psicanálise até o
pós-estruturalismo e os estudos de gênero. De modo geral, sua poesia se caracteriza pela brevidade,
pela presença abundante de símbolos e metáforas, pela concisão linguística e pela tendência à
narratividade, sem deixar de lado o lirismo tradicional do gênero poético. Pode-se afirmar que
existem diferenças notáveis entre os poemários da primeira fase poética da autora e os posteriores,
mas também evidencia-se uma reincidência de motivos e mecanismos retóricos que buscam
enfatizar progressivamente a posição do sujeito poético diante da realidade. Trata-se de um eu
poético predominantemente feminino, que se situa heterodoxamente dentro dos parâmetros
culturais do final do século XX, incorporando e discutindo suas contradições. Nosso trabalho
pretende examinar alguns dos poemas mais representativos da autora, compilados no livro Poesía
reunida (2005), por meio da análise da exploração de temas recorrentes, como o amor, o erotismo, e
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o compromisso sócio-político. A leitura proposta contará com o apoio teórico de obras sobre o
erotismo (BATAILLE, 1987) e os estudos de gênero (BUTLER, 2004, 2006).

Euclides da Cunha en la prensa masiva argentina de 1930: monstruosidad, violencia y exotismo


María de los Ángeles Mascioto (IdIHCS/ FaHCE/ UNLP)

A comienzos de la década de 1930 la Revista multicolor de los sábados, suplemento literario de


Crítica (un diario masivo y popular que articuló los propósitos de la industria cultural –entretener–
con los formulados por revistas de vanguardia política contemporáneas –hacer el arte “accesible a las
masas”–) publicó por primera vez en Argentina una traducción de fragmentos de Os Sertões de
Euclides da Cunha. Esta ponencia propone un análisis de tres aspectos presentes en los fragmentos
que se eligieron traducir (la monstruosidad, el exotismo y la violencia) y en los modos en que ellos se
vincularon con la temática de otros textos publicados en este suplemento de llegada multitudinaria,
dirigido por Jorge Luis Borges y Ulyses Petit de Murat en los que se establecieron vínculos entre la
experimentación vanguardista y las exigencias de la prensa masiva. Si, como sostiene Gustavo Sorá,
“la traducción nos revela una de las dimensiones centrales de la circulación de las ideas, de la
circulación de intercambios de bienes simbólicos, de la constitución de las identidades nacionales”
(2003), podemos pensar en las traducciones de Euclides da Cunha en este suplemento de llegada
masiva como una relectura en la que se interpretarían algunos rasgos de lo “brasileño” y lo
“argentino”, en el marco de las reflexiones sobre las multitudes en los primeros años de 1930.

O trajeto da Serrana para converter-se em mito


Maria do Carmo Cardoso da Costa (UFRJ)

A Serrana é um curioso tipo feminino, capaz de enfrentar a moral social, de explicitar os sentimentos,
de decidir o momento dos propósitos amorosos ou de angustiar-se quando não os realiza, que
descobre o prazer e a liberdade. Seus traços fisionômicos carecem de verossimilhança: os cabelos
compridos e soltos (“hasta los zancajos”) lhe dão uma sensualidade primitiva que se coaduna com o
meio natural, onde vive, assim como suas necessidades (“sed de agua y de hombres”); e quanto aos
trajes, usa “una falda corta para andar más ligera. Desde o século XIV, com as primeiras aparições no
Libro de buen amor, de Arcipreste de Hita, nas serranillas do Marquês de Santillana, passando no
século XVII pelas comedias de Lope de Vega e de Vélez de Guevara identicamente denominadas La
serrana de la Vera, além de outras, no século XVII, com Góngora, e no século XX, com as inúmeras
versões do Romanceiro, essa mulher viril, que é a Serrana, percorreu um longo caminho para levar a
cabo sua vingança à qual se somou “el deseo de conseguir fama por su fuerza”. O que se constatou,
no entanto, foi que ela superou esse desejo individual, pois alcançou a permanência do mito, pela
força da luta que suas histórias mostram e que a inscreveram na cultura popular.

El Caballero Carmelo: uma análise semiótica


Maria Eugenia Santos Conceição (UNEB)

Abraham Valdelomar (1888-1919), escritor peruano do pós-modernismo e de grande influência no


cenário intelectual e artístico de sua época. Era um intelectual versátil, pois em sua breve existência
fez de tudo: jornalismo, conto, romance, ensaio e teatro. Em 1918, Valdelomar escreve El caballero
Carmelo – seu conto mais famoso, que também intitula o livro do qual faz parte. O alcance das obras
de Abraham Valdelomar foi, em seu tempo, majoritariamente, local. E ainda hoje é quase que por
completo desconhecido fora do Peru. A partir da leitura do conto El caballero Carmelo, do escritor
peruano, busca-se, nesse artigo, desenvolver uma análise baseada na semiótica greimasiana. A
análise do conto parte de três personagens: Pelado, Carmelo e Ajíseco. A partir deles observam-se a
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estrutura fundamental, os actantes, o programa narrativo e os percursos temáticos e figurativos. Ao


longo do artigo apresenta-se um breve contexto sócio histórico da obra em análise, bem como os
dispositivos teóricos evocados no percurso analítico. A modo de conclusão expõem-se as
considerações acerca do processo de análise.

Sem saída e atrapados: as bricolagens do absurdo e da aporia nos textos de Veronica Stigger (BR) e
Mariana de Althaus (PE).
Maria Fernanda Grabero de Aragão (UFRRJ)

Este trabalho é uma proposta de leitura do absurdo e da aporia inscritos na peça teatral “Ruido”
(2006), da dramaturga peruana Mariana de Althaus, e no teatroconto “Tristeza e Isidoro” (2007), da
escritora gaúcha Veronica Stigger. Com base na perspectiva crítica de Martin Esslin, acerca do
movimento por ele intitulado de “Teatro do Absurdo” (1961), os textos escolhidos parecem delinear,
na contemporaneidade, um apelo cênico empenhado na incomunicabilidade e na aporia. Presas a
situações que, aparentemente, não remetem à impossibilidade de egresso, as personagens
envolvidas em ambos os enredos evidenciam relações capazes de conduzir a experiências aporéticas,
termo pensado a partir do que Jacques Derrida propõe sobre o conceito, em Apories (1996). Com
efeito, um olhar pela fenda (e com lentes em distorção) torna-se a via por onde novos sentidos serão
construídos. Através do riso, da ironia e da encenação de ambíguas fragilidades na relação com o
outro, Althaus e Stigger investem no nonsense para a (re)criação de imagens, elementos e ideias que
dialogam com alguns recentes impasses presentes na história do Peru e do Brasil.

Da literatura para o cinema: uma análise da representação da identidade latino- americana


Maria Inês Freitas de Amorim (UERJ)

Um dos maiores representantes da Literatura Hispano América contemporânea é o colombiano


Gabriel García Márquez. Em suas obras literárias, o escritor imprime aspectos bem próprios do
universo cultural da América Latina, misturando elementos do cotidiano ao do mundo do fantástico.
Algumas obras marquezianas já foram adaptadas para o cinema, sobretudo por diretores latinos. A
exceção é o livro O Amor nos Tempos do Cólera (1985), que foi transposta para o cinema pela
indústria cinematográfica de Hollywood, pelo diretor inglês Mike Newell (2007). O trabalho de
adaptação é visto como uma tradução que ultrapassa a questão das diferentes linguagens (cinema e
literatura), mas que inclui também as demandas das traduções culturais. O presente trabalho busca
analisar de que forma esta adaptação representou as características do universo latino americano,
destacando que elementos fílmicos consolidam certos estereótipos atribuídos aos latinos. Para a
análise que propomos, foram utilizados textos que discutem a questão da identidade cultural, como
Hall (2003, 2013), Said (2007), García Cancline (2000) e Spivak (2010), além de autores que trabalham
a questão do diálogo entre literatura e cinema, como Stam (2008).

Cultura, Literatura e Complementação de Material Didático na Formação do Professor de Espanhol


Maria Jeslima Cahuao Riera (Unicamp)

A preocupação acerca da relação entre língua e cultura no processo de ensino e aprendizagem de


línguas não é algo novo. Muitos pesquisadores da linguagem já se dedicaram ao assunto, mas ele
parece estar sempre nos desafiando, mostrando que sempre há lugar para novas reflexões. Por isso,
nesta comunicação, retomamos a questão ao ocuparmo-nos da memória sociocultural quando
implementamos currículos multidimensionais (STERN, 1989; SERRANI, 2005) em cursos de formação
de professores de espanhol como língua estrangeira. Assim, para iniciar nossa reflexão, evidenciamos
as mudanças nas concepções de cultura ao longo do tempo até as mais recentes contribuições
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teóricas advindas dos Estudos Culturais. Em seguida, ponderamos sobre os funcionamentos do


componente cultural em aulas de espanhol e, a partir disso, nos questionamos: de que forma o
trabalho crítico-reflexivo em torno da língua-cultura nos cursos de Letras pode contribuir para a
formação dos alunos futuros professores? Uma resposta a tal questionamento pode ser viável a
partir das reflexões da análise e complementação de uma unidade didática de livro de espanhol
seguindo um modelo de currículo multidimensional e da sua articulação com as Orientações
Curriculares Nacionais.

Descalificación, refutación y marcadores del discurso


María Marta García Negroni (UBA/UDESA/CONICET)

En el ámbito de los estudios sobre la negación metadiscursiva, un área permanece poco explorada, a
saber la de las operaciones de descalificación y refutación introducidas por marcadores de discurso
especializados en ellas. En este trabajo, nos detendremos pues en el análisis de las instrucciones
polifónico-argumentativas inscriptas en la significación de (ma) qué, otra que, minga, y todo,
marcadores cuya enunciación obliga a interpretar el miembro de discurso sobre el que gravitan como
una descalificación o refutación de un discurso previo. Hasta donde hemos podido verificar, ninguno
de estos marcadores ha sido objeto de estudio en los numerosos trabajos que en los últimos años
han aparecido sobre conectores, marcadores o partículas del español. Después de caracterizar la
negación metadiscursiva (Ducrot, 1984, García Negroni, 2009), a la que pueden reemplazar, y de
señalar los vínculos que pueden establecerse entre evidencialidad y polifonía, marco teórico en el
que se inscribe este estudio, propondremos una descripción polifónico-argumentativa que intentará
dar cuenta de las similitudes y diferencias que estos marcadores, propios del español rioplatense
coloquial, presentan en relación con los discursos que descalifican y con la rectificación que habilitan.
En ese marco, analizaremos la incidencia del futuro perifrástico citativo y mostraremos que, si
análogamente al futuro morfológico citativo, el empleo “dislocado” de la perífrasis de futuro también
puede presentar un punto de vista evidencial citativo (i.e. que obliga a reconocer su origen en una
palabra previa), el posicionamiento enunciativo del locutor frente a esa palabra es claramente
diferente: no solo no la asume como propia, sino que ni siquiera la considera para aceptarla o
concederla en su discurso. Su actitud, frente a ella, es de total y absoluto rechazo.

Discursos sobre formação de professores de línguas e a experiência com o PIBID português-


espanhol na UFRJ
Maria Mercedes Riveiro Quintans Sebold (UFRJ)

Os discursos de formadores e formados revelam muitas tentativas que parecem não estar agradando
nem ao primeiro e muito menos ao segundo grupo de envolvidos no processo. Trazer algumas dessas
vozes no âmbito da pesquisa visa tão somente a recuperar uma memória desses últimos anos de
tentativas por um modelo de formação mais condizente com as novas realidades. Se se considera
que um currículo busca precisamente modificar as pessoas que vão ”seguir” aquele currículo (Tadeu,
2011), o que supõe um currículo de um curso formador de professores de línguas? As teorias do
currículo propõem como questão central qual conhecimento deve ser ensinado? Intimamente
vinculada a esta pergunta está outra: “o que eles ou elas devem ser”? O passado dos cursos de letras
centrado na ideia de uma universidade com foco na formação de seus alunos para o Beletrismo tem
repercussões até hoje na tradição de uma universidade geradora de teorias dissociadas da prática.
Por outro lado, tal como já foi feito anteriormente com o modelo de formação de pesquisadores, o
projeto PIBID parece apontar para uma boa tentativa de conciliar teoria e prática na formação de
professores de línguas. Portanto, trazemos também a voz de formadores e bolsistas que participam
do projeto PIBID português-espanhol da UFRJ. O discurso de ambos revela boas surpresas e sugere
um redimensionamento do que se entende por saberes de um professor de línguas.
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A questão da nasalidade vocálica em português e em espanhol


Maria Silvia Rodrigues Alves (Uni-FACEF)

A presente pesquisa trata a nasalidade vocálica, comparando o português com o espanhol. A


nasalidade vocálica em língua espanhola é tratada, algumas vezes, como inexistente. Diante disso,
apresentamos uma revisão da literatura, demostrando diferentes opiniões sobre o fenômeno
estudado. Este trabalho mostra, através de uma abordagem fonético-descritiva, uma investigação
das ocorrências das vogais nasalizadas em português. Em seguida, apresenta um estudo descritivo do
sistema fonético das vogais nasalizadas em língua espanhola. Com a finalidade de estabelecer um
estudo comparativo entre as duas línguas, no que diz respeito às vogais nasalizadas, apontamos
ocorrências de vogais nasais e não nasais, em contextos semelhantes, para ambas as línguas. Os
sujeitos da pesquisa são cinco falantes nativos de espanhol e cinco de português (brasileiro). Além da
análise auditiva e respectiva transcrição fonética, faz-se um estudo acústico dos casos mais
importantes para os objetivos da pesquisa, através de análises realizadas com o programa de análise
fonética acústica Praat. O parâmetro privilegiado na análise acústica foi a estrutura formântica das
vogais. Os resultados mostram que, na língua espanhola, também ocorrem vogais nasalizadas em
determinados contextos. Isso se revela evidente nas análises acústicas. Por outro lado, a nasalização
vocálica em português não ocorre exatamente como é encontrada em espanhol. Um quadro
comparativo entre as ocorrências de vogais nasais das duas línguas mostra claramente as diferenças
e semelhanças entre elas.

La traducción como ejercicio de contrastividad linguística y cultural en la enseñanza de español


como lengua extranjera
Mariana Ferreira Ruas (UFV)

La traducción, utilizada en algunos métodos de enseñanza de lenguas como transposición de


palabras y frases aisladas, se ve, actualmente, como interacción comunicativa intercultural (NORD,
2009) que pone en contacto dos lenguas que poseen características estructurales y convenciones
culturales distintas. Por ello, investigadores como LUCINDO (2006) y TAVALÁN (2013) defienden su
uso en las clases de LE para potenciar la mejora de los conocimientos lingüísticos, el desarrollo de la
competencia cultural y de la concienciación de los alumnos respecto al tipo de lenguaje adecuado al
texto que se está traduciendo. Para Atkinson (1993) el uso de la traducción les permite a los alumnos
pensar “comparativamente”, haciendo que, al reflexionar sobre las diferencias, eviten los errores
más comunes en la LE. Respecto al par lingüístico portugués-español, Cintrão (2006) indica que la
proximidad entre las dos lenguas es muy alta en términos lexicales y morfológicos; sin embargo, en
las estructuras sintácticas y palabras gramaticales se nota una acentuada distancia. Este trabajo
forma parte de una investigación hecha con alumnos de la graduación en Letras y tiene como
objetivos llevarlos a entender los contextos de producción y recepción de textos publicitarios,
identificando sus marcas culturales e intenciones comunicativas para, posteriormente, traducirlos de
manera satisfactoria; comparar la ocurrencia de uso de los pronombres complemento en español y
PB de modo a propiciar un entendimiento más claro respecto a un tema de difícil aprendizaje por
parte de hablantes brasileños de español.

A lembrança, o objeto e o espaço: a memória na trajetória dos Buendía


Mariana Marise Fernandes Leite (UFES)

Em Cien Años de Soledad vemos o desenvolvimento de sete gerações da família Buendía desde o
momento em que a primeira geração da estirpe deixa Rioacha em busca de uma nova cidade até o
momento em que o último de seus membros se extingue. Aliado a esse ciclo de vida desenvolve-se o
espaço de Macondo, cidade que, acompanhando a trajetória da família, é fundada, segundo a
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idealização de José Arcádio Buendía, às margens de um rio de águas diáfanas, e desaparece


juntamente com a extinção do último Aureliano da estirpe após ser decifrada por ele a profecia dos
pergaminhos do cigano Melquíades. Essa conexão entre a história da cidade e da família se reafirma
em todo o romance quando, sob a influência de ações das gerações dos Buendía, Macondo passa
pelo processo de criação, desenvolvimento e destruição, reconstituído por um narrador onisciente,
que dá conta dessa existência a partir das memórias da família extinta. Buscamos demonstrar neste
artigo como essas memórias se organizam no relato, ressaltando sua interferência na organização do
espaço, do tempo e das personagens do romance. Dão a ancoragem teórica para a discussão os
estudos de Henri Bergson (2006) em Matéria e memória sobre a relação do corpo com a memória e
os de Maurice Halbwachs (1990) em Memória coletiva e de Ecléa Bosi em Memória e Sociedade
(1975) e O Tempo vivo da Memória (2006), destacadamente no que tange à relação da memória com
o espaço e os objetos.

Las corrientes literarias en la América Hispánica de Pedro Henríquez Ureña: momento fundante de
la historiografía literaria hispanoamericana
Martín Sozzi (UNTREF/UNAJ)

El trabajo se ocupa de una de las historias de la literatura latinoamericana que fue publicada en los
años ’40 del siglo XX: Las corrientes literarias en la América Hispánica, de Pedro Henríquez Ureña.
Pensada originalmente como una sucesión de conferencias, la historia del pensador dominicano
introduce una serie de novedades en el modo de historiar, como el hecho de romper con el criterio
de unidad de lengua (incluye a Brasil) sostenido por otras historias anteriores (la de Menéndez
Pelayo, por ejemplo, de fines del siglo XIX y comienzos del XX) o casi simultáneas a Las corrientes… Es
el caso, por ejemplo, de De la Conquista a la Independencia (libro publicado en 1944), del venezolano
Mariano Picón-Salas. Si bien el ensayo de Picón Salas no constituye estrictamente una historia de la
literatura (es mencionado por su autor como un “ensayo de historia cultural”), puede ser
considerado de esa forma ya que se interna en problemas característicos de la historia cultural. Nos
introduciremos, entonces, en ideas rectoras que subyacen a Las corrientes… para establecer
semejanzas y diferencias con otras historias de la literatura previas o simultáneas (pero también
posteriores), con el objetivo de poder determinar, de esa manera, la innovación efectuada por el
autor dominicano en su libro en relación con las concepciones historiográficas a las que recurre, el
recorte que efectúa, el canon que busca establecer y las posibilidades que propicia.

A normalização teórica do conceito de norma no âmbito da hispanofonia


Matías Blanco (UERJ / IUPERJ)

Os desdobramentos do conceito de norma (na) linguística são variados e tem alcançado diferentes
graus de desenvolvimento. O amplo leque de qualificativos aplicados ao binômio normal/normativo
na literatura especializada denota os variados ‘ajustes’ e ‘deslizes’ que o termo tem sofrido no
interior dos diversos (sub)campos glotopolíticos. São esses modos particulares de teorização sobre a
norma que constituem um ponto de partida para compreender como os efeitos de legitimidade
normativa têm contribuído para formar e transformar espaços sociais de produção, acumulação e
circulação de conhecimento linguístico. As reflexões que apresentamos nesta comunicação, por
tanto, dizem respeito aos processos beligerantes de produção de saberes linguísticos, isto é, das
lutas que resultam de/em um conhecimento validado sobre a linguagem e sua natureza. Assim, a
proposta desta intervenção, entendida como gesto glotopolítico de análise, é a de construir, a partir
de um corpus composto por enunciados referentes ao binômio normal/normativo, uma
leitura/interpretação – discursiva e relacional – dos efeitos de autoridade que tendem a
naturalizar/institucionalizar formas de (re)conhecimento linguístico no âmbito da hispanofonia. As
conclusões extraídas da análise evidenciam a centralidade científica (e social) da noção de norma no
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campo da língua espanhola e o papel fundamental das práticas glotopolíticas na (des)estabilização


dos critérios legítimos sobre os quais se apoia a autoridade linguístico-normativa.

Doña María de Padilla, herdeira de Vizcaya: entidades românticas da Ibéria Medieval entre
Alexandre Herculano e Agustín Durán
Mauricio Matos (UEA)

Vizcaya, século XI. Tendo por mote o vulgarmente chamado Livro de Linhagens do Conde Don Pedro
de Barcelos, Alexandre Herculano, único romântico ortodoxo português, transfere literariamente a
um anônimo jogral a responsabilidade pelo relato do caso de amor supostamente vivido por Don
Diego Lopez de Vizcaya com uma senhora identificada apenas como Dona “pee de cabra”. É este o
conto mais fantástico de suas notórias Lendas e Narrativas (Lisboa, 1851), publicado originalmente
em O Panorama, 1843. Ciente de que o alto medievalismo português – por assim dizer – teria de
abranger necessariamente o espaço geográfico em que hoje se circunscreve a Península Ibérica, o
autor não se furta a reunificar reinos outrora unidos por conta das chamadas guerras cristãs de
reconquista. Em Madrid, Agustín Durán, considerado um dos maiores medievalistas românticos de
Espanha, publica os cinco volumes de seu Romancero General (1828-1832), onde se encontram
quatorze composições poéticas que tomam por mote o caso de amor vivido por Don Pedro I de
Castela, o Cruel (1334-1369), e Dona María de Padilla (1334-1361). Merece destaque a obra esgotada
Maria Padilha e toda a sua quadrilha, de Marlyse Meyer (1987), em que a eminente pesquisadora
busca refazer o trajeto espaço-cultural da Rainha da Castela medieval para a entidade das culturas
afro-brasileiras. O presente trabalho tem por objetivo fazer o percurso inverso e anacrônico, de Doña
María de Padilha, de Castela, à sua possível ancestral, Dama Pé de Cabra, de Vizcaya, utilizando, para
tanto, as intersecções entre história e literatura.

Considerações a respeito de (inter/intra) culturalidade no ensino de Línguas Estrangeiras aos


militares
Mauro Ricardo Toniolo (COpEsp)

Nesta comunicação, apresento dados recentes de um projeto iniciado em 2010, sob a orientação de
docentes da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (UFG), com o objetivo de
investigar criticamente, planejar e desenvolver o ensino de Línguas Estrangeiras (LEs) no Comando de
Operações Especiais (COpEsp), unidade do Exército Brasileiro (EB), cujos integrantes participam de
diversas atividades no exterior. No primeiro estudo, realizado no projeto de ensino de LEs para os
integrantes do COpEsp (TONIOLO, 2012), foi possível verificar a pertinência da abordagem
comunicativa como método de ensino-aprendizagem de LEs para os militares. Nesta comunicação
apresento as características específicas da identidade cultural militar e as relações culturais que se
estabelecem entre professores civis e alunos militares nesse contexto, bem como as características
dessa relação e as estratégias adotadas pelos docentes como forma de adaptar sua atuação às
demandas específicas desse contexto. Assim, torna-se relevante revisitar o conceito de competência
comunicativa, como defendido por Hymes ([1971]/1995) e Canale ([1983]/1995), assim como
aspectos da abordagem comunicativa, conforme Widdowson ([1978]/1991), Almeida Filho (2010),
Abadía (2000) e Santa-Cecilia (1996). Destaca-se a importância do desenvolvimento das
competências interculturais, partindo da premissa de que trabalhar de maneira crítica o conceito de
cultura, desfazendo ideias relacionadas a preconceitos, discriminação, etnocentrismo e estereótipos,
como proposto por Casal (2003), constitui um desafio para o qual o docente deve preparar-se
adequadamente. A partir dessa perspectiva, foram examinados os costumes e usos dos militares,
segundo as unidades de análise propostas por López (2004), o que permitiu mostrar as características
específicas da identidade cultural dos militares. Essa autora propõe, ainda, o conceito de choque
intracultural, cuja aplicabilidade parece adequada no caso das relações entre docente civis e alunos
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militares. O desenvolvimento da sensibilidade intercultural conduz à investigação da relação entre


identidade e diferença, na medida em que a questão do multiculturalismo passa pela
problematização desses conceitos, como proposto por Silva (2012). Por meio da análise dos dados
colhidos junto a professores que trabalharam e/ou trabalham no ensino das línguas espanhola,
francesa e inglesa no ambiente militar, foi possível compreender as pautas de conduta socioculturais
dos militares, como forma de orientar as estratégias que podem ser adotadas por docentes, com
vistas ao desenvolvimento de posturas interculturais no ensino de LEs.

Martín Kohan, Dos veces junio – Uma ficção que ilumina um discurso
Máximo Heleno Rodrigues Lustosa da Costa (UFF)

O romance de Martín Kohan, cuja trama se desenrola entre junho de 1978 e junho de 1982, começa
com a seguinte a pergunta: “¿A partir de qué edad se puede empesar a torturar a un niño?”. Ocorre
que a pergunta está grafada com um erro ortográfico (empesar no lugar de empezar) e é este fato
que causa um grande incômodo ao protagonista. Tal estratégia se reproduzirá em vários momentos
da narrativa, ocasionando uma espécie de amenização do fato narrado em favor do como narrar. Em
outras palavras, o texto segue sempre chamando a atenção do leitor para o seu aspecto estético, e,
em diversas passagens, a linguagem, por apresentar algum desvio, coloca em relevo seu aspecto
farsesco. Por outro lado, alguns elementos presentes na narrativa foram retirados de outros gêneros
textuais, como o documental histórico, e acabam esfumaçando a convicção ficcional da narrativa.
Desta forma, lemos o texto de Kohan, trabalhando o repertório conceitual da crítica literária Josefina
Ludmer, e, como em um reflexo, nos permitindo localizar também o caráter farsesco do discurso
oficial, produzido durante a ditadura militar argentina, através da assistência a entrevistas
concedidas pelo o então ditador Jorge Rafael Videla.

Rafael Courtoisie: o escritor enquanto arqueólogo


Maykson Cardoso (UFF)

Apresenta-se, aqui, alguns aspectos da obra poética do escritor uruguaio Rafael Courtoisie,
demonstrando, em primeiro lugar, que, desde a sua multiplicidade genérica e sua linguagem repleta
de oxímoros, paradoxos e antíteses, ele confere ao seu projeto – e, de modo especial, à sua poesia –
um caráter enigmático, recobrando, à literatura, uma reflexão igual ou semelhante à da filosofia. A
partir desta entrada, busca-se compreender o modo como tal operação pode ser notada em um dos
temas trabalhados principalmente em sua antologia poética intitulada Todo es poco: o tema dos
objetos que, vistos e d/escritos por meio da razão e da palavra poéticas, tornam-se objetos
complexos, imagens-críticas, capazes de acusar a nossa fragilidade e, assim, solicitar-nos outros
modos de ver, conhecer e conceber o mundo. Neste sentido é que, ao final, toma-se a arqueologia –
enquanto a prática mesma do arqueólogo – como tropo que, se de um lado pode designar o gesto do
escritor de “restar la mirada”, olhar o mínimo objeto cotidiano ao rés-do-chão e fazer, dele, matéria
de poesia, de outro, também desvela-se como uma proposta para compreender outros processos
criativos do contemporâneo.

Más que pluma es aire y cercanía”: a correspondência poética de Rafael Alberti a José Bergamín
Mayra Moreyra Carvalho (USP)

Entre maio de 1971 e julho de 1972, os poetas espanhóis Rafael Alberti (1902-1999) e José Bergamín
(1895-1983) trocam cartas, o que não seria uma novidade em se tratando das relações epistolares
entre as centenas de intelectuais e artistas exilados após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939). No
entanto, as cartas entre Alberti e Bergamín têm a particularidade de serem escritas em versos, são
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cartas-poemas, e, como tais, guardam as especificidades de uma correspondência e o lirismo próprio


da poesia. As dez cartas aparecem publicadas em 1982 na revista Litoral, sob o título de “De X a X.
Correpondencia en verso con José Bergamín”. Em suas reflexões sobre as cartas-poemas, Claudio
Guillén (1985) sublinha o caráter essencialmente intergenérico desse tipo de produção, que toma da
carta a relação básica entre duas pessoas – remetente e destinatário – vale-se de sua função de meio
de comunicação, e as alia às características formais da poesia e à possibilidade de expressar estados
de ânimo e uma perspectiva fundamentalmente subjetiva. Em síntese, a heterogeneidade é
intrínseca às cartas-poemas. Na tentativa de dar conta de aspectos tão diversos, este trabalho se
organiza a partir de cinco citações: um verso tomado das cartas, três fragmentos das reflexões do
também poeta espanhol Pedro Salinas sobre cartas, e uma expressão de Claudio Guillén ao descrever
a mescla de gêneros nas cartas-poemas. As citações nos orientam na abordagem de cinco aspectos:
o trabalho da memória, o lirismo, a preocupação com a forma, a ironia e a escatologia e a questão da
censura e circulação da obra.

Formas de tradução na literatura andina: El pez de oro, de Gamaliel Churata


Meritxell Hernando Marsal (UFSC)

A literatura andina constitui um contexto paradigmático para os estudos da tradução na América


Latina, pois nela evidenciam-se processos tanto de tradução cultural, como de tradução
interlinguística e intersemiótica. Estes processos não são neutros, mas ideologicamente marcados, e
obedecem a um contexto de persistência da colonialidade nos produtos culturais e de proposta de
modelos de convergência que integrem o subalterno. Diante destas tensões, o indigenismo
posicionou-se a favor da incorporação do indígena, mas sob condições de acesso pautadas pela
adopção de uma língua (o castelhano) e uma forma (a literária). Gamaliel Churata que, depois de
participar da vanguarda indigenista na década de 20, publica El pez de oro em 1957, questiona estas
premissas a partir de uma proposta de tradução que nega um modelo transparente de transferência
de significados: o emissor perde sua segurança como mediador e a língua de chegada incorpora as de
partida transformando-se e afirmando o caráter processual do fenómeno linguístico. Na esteira de
Benjamin, Churata propõe uma versão interlinear, onde as línguas se relacionam como numa trama.
Para isso, os modos de expressão e saberes andinos são colocados como referente principal da obra,
numa estrutura indicial, não fundada na representação, que questiona a autossuficiência das formas
letradas. Desta maneira, na tarefa de mediação, no corpo linguístico da obra, se propõe um modelo
cognitivo próprio (awqa) que delineia formas possíveis de convivência, além da dialética da
colonização.

Brie-rapsodo: retalhos e costuras em "La Odisea"


Michel Silva Guimarães (UFBA)

Resumo: cotejo de três edições do texto dramático La Odisea (2007, 2009, 2013) de autoria de César
Brie, dramaturgo argentino radicado na Bolívia. As análises foram realizadas a partir do operador de
leitura rapsódia, teoria criada por Jean-Pierrre Sarrazac, teórico do drama, na década de 80. Foram
analisadas as inclusões e exclusões de cenas e passagens operadas no texto após o evento de 24 de
maio de 2008 ocorridos em Sucre, Bolívia, no qual camponeses que vão à cidade recepcionar o
presidente Evo Morales foram hostilizados pela população local, o dramaturgo participou ativamente
do evento, fazendo e recolhendo gravações que resultaram em um filme documentário de sua
autoria, Humillados y Ofendidos. Após a publicização das imagens realizadas no documentário,
realização que interrompeu a montagem da referida peça, o dramaturgo sofreu represália de grupos
locais, o que resultou em seu afastamento da companhia que fundou e na qual esteve vinculado por
dezoito anos, El Teatro de Los Andes, e em sua partida para Itália. No texto o dramaturgo representa
a imigração de um terço da população Boliviana – sobretudo para Europa, Estados Unidos e
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Argentina – em busca de melhores condições de vida, para tal escolheu propor interlocuções com a
Antiguidade Clássica através da Odisseia homérica.

O Diccionario integral del español de la Argentina: a contradição constitutiva do processo de


(des)colonização linguística
Michele Costa (PG/USP)

Este estudo apresenta uma análise discursiva de certos aspectos do Diccionario integral del español
de la Argentina (DIEA), repertório lexicográfico lançado na Argentina no ano de 2008, considerado o
primeiro dicionário não contrastivo ou não diferencial elaborado e publicado em um país hispano-
americano. Seguindo as proposições teóricas de Auroux (2009), compreendemos nosso objeto de
estudo como um instrumento de endogramatização, pois entendemos que o DIEA serve de
instrumento a uma língua no sentido de que a recorta, a descreve e a interpreta num jogo de forças
que está marcado por movimentos de inclusão e de exclusão. Compreendemos, portanto, que esse
dicionário legitima as formas de dizer da língua no espaço referido como Argentina, sendo parte de
um processo de (des)colonização linguística, concebido como um processo complexo no qual se
entrelaçam acontecimentos diversos. Não se tratando, portanto, de um processo unívoco, a
(des)colonização linguística dá lugar a movimentos que são, por vezes, contraditórios. Neste
trabalho, propomos-nos observar algumas marcas identificadas no paratexto (em especial, o Prólogo
e os Apêndices) e nas definições do DIEA que em certos momentos se aproximam de um movimento
na direção da descolonização, mas que em outros se filiam a sentidos que podem ser relacionados à
colonização linguística. A partir dessa análise, podemos observar o funcionamento da contradição
que é constitutiva do processo de formulação do DIEA.

A retextualização como ferramenta de análise de textos de alunos de Espanhol-LE


Michele Mafessoni de Almeida (UFRGS)
Lucia Rottava (UFRGS)

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre como a análise de produções escritas de
aprendizes de Espanhol-LE sob o viés da retexualização pode mostrar-se importante ferramenta para
o professor de língua estrangeira identificar problemas no processo de aprendizagem. Os conceitos
teóricos articulados na pesquisa se centram no conceito de retextualização, entendida como a
produção de um novo texto, a partir de um texto base, devido a uma nova/distinta necessidade
comunicativa em uma língua. O exame das produções analisadas é de natureza qualitativa. Foram
selecionados textos produzidos ao longo dos meses de março e abril do semestre 2013/1, com sete
turmas de segundo ano da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul. Para a análise do corpus,
foram adaptados critérios de Marcuschi (2001) que contemplassem as produções escritas dos
aprendizes na especificidade do evento de sala de aula e o modo como esses educandos se
apropriam do texto-base e o ressignificam, demonstrando, ou não, a compreensão dos conceitos
articulados no texto-base. Os resultados indicam que alguns alunos conseguem desestabilizar e
estabilizar as informações culturais, operando, assim, uma retextualização completa; já outros,
mostram dificuldade em estabilizar conceitos devido a um problema de compreensão.

Guerra civil, exílio y memoria en réquiem por un campesino español, de ramón j. sender y en
campo de los almendros, de max aub
Michele Fonseca de Arruda (UFF)

La Guerra Civil, acaecida en España entre 1936 y 1939, fue uno de los episodios más impactantes del
siglo XX. Se estima que las víctimas de la contienda superaron el medio millón de personas,
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incluyendo los muertos en combate y los ejecutados por los vencedores tras la guerra. Finalizado el
conflicto, se abrió otra herida: la de los exiliados. La victoria del ejército franquista lanzó al destierro
millones de españoles, entre ellos intelectuales, científicos y artistas que habían apoyado la causa
republicana y que se vieron obligados a abandonar el suelo patrio y emprender el azaroso camino
exílico del que muchos jamás habrían de retornar. Los trágicos y controvertidos acontecimientos de
este período de la historia reciente española, han sido inmortalizados en la pluma de grandes
novelistas que han testimoniado este hecho extremamente relevante de la “Era de las catástrofes”,
en las palabras del historiador Eric Hobsbawn.
Entre los literatos de la España peregrina destacamos los nombres de Ramón J. Sender, autor de
Réquiem por un campesino español (1953) y Max Aub, autor de Campo de los Almendros (1967),
novelistas españoles que han convertido su oficio no sólo en un medio eficaz para llevar a cabo la
función de resistencia y oposición en contra al régimen que les ha condenado a la dispersión, sino
una posibilidad de recuperar la memoria del conflicto bélico. Esta comunicación pretende analizar los
recursos empleados por los dos escritores para contar/denunciar, desde el exílio en México, las
atrocidades del confronto fratricida de España en sus obras y destacar los elementos que las acercan
y/o diferencian. También se hará hincapié en el valor testimonial de estas dos novelas como modo de
consolidación identitária por la trágica experiencia del exílio.

La locura erasmiana en el entremés cervantino La guarda cuidadosa


Miguel Ángel Zamorano Heras (UFRJ)

Siguiendo una intuición presentida ya en otros comentaristas, en este trabajo parto de que la
influencia erasmiana en la obra cervantina, además de en el Quijote, es nítida y rastreable también
en el entremés La guarda cuidadosa. Concretamente, en los reflejos que en este se detectan de las
poderosas conceptualizaciones y análisis de Erasmo en su obra Moriae Encomium sobre la
personificación de la locura, satirizada en tipos y estamentos sociales. De tan rico arsenal conceptual
el autor del Quijote se serviría como procedimiento literario para unir en la creación de sus
personajes y temas lo universal poético en lo particular histórico y de ello intentaremos dar cuenta a
través de algunas estrategias de análisis dramatúrgico, como el concepto de motivo y la
segmentación de interacciones. Revisaremos algunas aportaciones dedicadas a este asunto por los
estudiosos de la obra Cervantina y sostendremos, posteriormente, que Elogio de la locura (Moriae
Encomium) de Erasmo de Rotterdam es, en el entremés cervantino La guarda cuidadosa, fuente para
la construcción del carácter del Soldado, su personaje protagonista. Dicha construcción se realiza en
torno al estereotipo literario del soldado fanfarrón y de un universo del discurso que, en contraste
con la Comedia Nueva, satiriza el ideal de amor y, en menor medida, tematiza ambiguamente
asuntos como la movilidad social y el patriotismo. Siendo que lo que sobresale como valor no
depreciado es lo que comunica este entremés en la trama indirectamente a través del motivo del
autoengaño: la estrategia de supervivencia del poeta soldado enamorado o la locura como ideal.

Os "latinos" viajam à Meca do cinema


Miriam Viviana Garate (Unicamp)

A presença de relatos que se organizam em torno ao motivo da viagem a Hollywood é um dado


significativo das letras latino-americanas dos anos 1920-1930, que corre paralelo à expansão da
cinematografia estadunidense e dos pilares em que se fundamenta seu esquema de produção,
promoção e distribuição em escala planetária. Una aventura de amor (La semana cinematográfica,
Santiago, 23/5/1918), publicado no Chile sob o pseudônimo de Boy; Miss Dorothy Phillips, mi esposa
(La novela del día, Buenos Aires, 14/02/1919), do uruguaio Horacio Quiroga; Che Ferrati, inventor
(1923), do mexicano Carlos Noriega Hope ou Hollywood, novela da vida real (1932), do brasileiro
Olympio Guilherme são narrativas que se estruturam, com efeito, em torno ao motivo da viagem à
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capital do cinema e a uma série de tópicos derivados desse núcleo: o desvendamento das regras que
vigoram nos estúdios, bem como de pormenores técnicos e truques da rodagem; o retrato de tipos
que se consolidam por esses anos; a relação mimética das personagens com o cinema em diversos
âmbitos (aparência física, sensibilidade, comportamento); o enredo sentimental (também ele
estreitamente vinculado ao imaginário cinematográfico, o que reverte no entrelaçamento constante
dos registros da “vida” e do “filme”); o vínculo afetivo espectador-estrela; o tema do dublê. Por outro
lado, em alguns desses relatos é possível constatar a presença de procedimentos tendentes a
conferir à escrita uma estrutura cinemática, bem como a imbricação entre crítica
cinematográfica/ficção literária. A comunicação propõe um exame dessas questões.

Entre “guaranis, castejanos e afros duros brasileños”: o portunhol selvagem e a (re) criação
literária
Nádia Nelziza Lovera de Florentino (UNESP)

O estranhamento em relação à linguagem foi e ainda continua sendo considerado por muitos
teóricos como uma das características marcantes do texto literário. Nesse tipo de texto, em
particular, os elementos linguísticos podem ser explorados ao extremo, subvertendo quaisquer
fronteiras. Nessa perspectiva, considerando o portunhol selvagem como uma forma de (re)criação
artística da linguagem, este trabalho tem como proposta a reflexão dessa mescla aberrante entre
espanhol, português e guarani em obras literárias transfronteiriças. Para tanto, tomamos como base
de análise alguns trechos do romance Mar paraguayo (1992), de Wilson Bueno e a Karta-Manifesto-
del-Amor-Amor-en-Portunhol-Selvagem, texto escrito por Douglas Diegues e assinado por poetas e
outras personalidades do meio intelectual e artístico. Por fim, evidenciando o portunhol selvagem
como recurso literário, esperamos proporcionar uma melhor compreensão da travessia, do entre-
línguas que marcam a manipulação artística revelada na linguagem.

A gostatividade como fenômeno afetivo: elucidações teóricas e aplicadas ao ensino-aprendizagem


de ELE
Nair Floresta Andrade Neta (UESC)

Em nossa pesquisa de doutorado, realizamos um estudo com o objetivo de avaliar a influência das
emoções e sentimentos na formação de professores de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE)
desde a percepção dos sujeitos participantes. Entre os dados mais salientes, encontramos as
constantes referências à importância de gostar ou não gostar do professor, do aluno, da disciplina,
da profissão, como um fenômeno afetivo ao qual se atribuía grande relevância emocional na
formação de professores. Ao relacionar as três dimensões de nosso estudo (teórica, metodológica e
empírica), concluímos que esse fenômeno merecia ser melhor estudado e compreendido devido a
sua relevância no contexto educacional. Como parte de nossas contribuições iniciais, o
conceitualizamos, o definimos e o denominamos de “gostatividade”. O objetivo desta comunicação é
apresentar os resultados parciais de um projeto de pesquisa em curso, financiado pela FAPESB, que
pretende elucidar, mediante a ampliação do corpus e do marco teórico, o que é a gostatividade e
qual é o seu papel no ensino-aprendizagem e na formação dos professores de ELE, assim como no
exercício docente dos professores egressos. Para tanto, projetamos uma pesquisa de tipo educativa,
de corte quanti-qualitativo e de natureza compreensiva, que prevê a participação 120 sujeitos,
estudantes e egressos provenientes dos cursos de Letras-Espanhol, de quatro universidades públicas
baianas. Os dados, coletados in situ mediante entrevistas focalizadas de grupo e entrevistas
individuais semi-estruturadas, estão sendo analisados com o apoio do procedimento simplificado da
Análise de Conteúdo.
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Ensino de Espanhol no sistema educativo baiano: legislação e realidade


Nair Floresta Andrade Neta (UESC)
Rogério Soares de Oliveira (UESC)

O objetivo desta comunicação é apresentar uma pesquisa em curso, que busca avaliar o processo de
implantação da Lei 11. 161/2005. Passados quatro anos do prazo limite para a implantação da
referida lei e observando os indícios de não cumprimento das determinações legais nacionais no
âmbito das escolas públicas, interrogamos sobre que cara tem o espanhol na zona de abrangência da
UESC. Essa pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado da Bahia (FAPESB),
está em conformidade com os objetivos gerais do Grupo de Pesquisa PROELE: Formação de Professor
de Espanhol no Estado da Bahia, que pretende, entre outros propósitos, mapear a realidade baiana
no que concerne à implantação do espanhol na educação básica e conhecer suas políticas públicas
para o ensino dessa língua, colaborando com ações que efetivem sua implantação. No que tange à
metodologia, trata-se de uma pesquisa educativa, de corte quanti-qualitativo, de orientação
compreensiva, centrada no currículo. Os dados estão sendo obtidos através de entrevista semi-
estruturada e analisados com o apoio do procedimento simplificado da Análise de Conteúdo. O
referencial teórico se centra nas áreas de política linguística e planificação linguística, tomando como
ponto de partida os estudos de Calvet (2007), Orlandi (1998) e Paraquett (2006). Os resultados dessa
pesquisa nos permitirão traçar o perfil do ensino de ELE no contexto pesquisado, contribuindo para:
o mapeamento da implantação do Espanhol no Estado da Bahia; o cumprimento aos objetivos do
PROELE; e para a consolidação desse grupo de pesquisa. Além disso, nos indicarão possibilidades de
atuação que visem à efetivação da oferta de Espanhol nas escolas pesquisadas.

Um estudo sobre a contribuição do estágio supervisionado para a formação do professor de


espanhol
Natália Curti (UFSCar)

No que se refere à formação inicial de professores, estudos atuais como Silva & Margonari (2005),
Alvarez-Ortís (2006), Vieira-Abrahão (2006, 2007) apontam a falta de congruência entre o discurso
acadêmico e a prática. De um lado, tem-se o discurso de que os licenciandos devem se preocupar em
fazer projetos, refletir sobre sua prática, promover intercâmbios entre disciplinas, trabalhar
colaborativa e cooperativamente; e, por outro lado, o que se percebe no cenário nacional atual é a
desconexão entre o que é ensinado na universidade (teoria) e o que é feito na prática. O estágio dá
oportunidade de unir a teoria, ensinada na universidade, à prática. Por isso, este estudo tem por
objetivo analisar como os estagiários de licenciatura em Letras Português/Espanhol refletem sobre a
prática docente; como os estagiários revelam suas crenças sobre ensino e aprendizagem de língua
espanhola; se a prática realizada durante o estágio de regência é coerente com os relatos
apresentados no estágio de observação; e se os estagiários, durante o Estágio Supervisionado,
retomam as teorias relacionadas à Linguística Aplicada e Prática de ensino, estudadas durante a
graduação. Para o desenvolvimento deste estudo faremos uma pesquisa de caráter qualitativo-
interpretativista (MOITA LOPES, 1994) e documental (se levarmos em conta o tipo de material que
será utilizado para coleta de dados [GIL, 2002]), a partir de relatórios dos estágios supervisionados de
língua espanhola de universidades públicas e particulares do interior paulista.

Ensino de língua espanhola para artesãos: concepção, planejamento e produção de material


didático
Natalia Labella-Sánchez (IFRS)

Este trabalho objetiva apresentar o processo de concepção, planejamento e elaboração de um


material didático (MD) para o ensino de espanhol para fins específicos (ELFE), com vistas à
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qualificação de artesãos expositores das principais feiras de artesanato de Porto Alegre (RS) e região
metropolitana. O surgimento de tal projeto ocorreu em função da demanda apresentada por esses
trabalhadores a um Instituto Federal do Sul do Brasil. Para tornar viável um ensino direcionado às
reais necessidades desse público, utilizamos pressupostos do ELFE, partindo de uma análise de
necessidades junto a esses profissionais (RAMOS, 2009; 2004). Com base nas informações coletadas,
realizamos o planejamento do material didático pautado nas cinco situações interativas identificadas
durante o atendimento a cliente nas feiras: O que é is so? Para que serve? Do que é feito? Como se
faz? Quanto custa? Quanto à elaboração do MD, dentro de uma linha de ensino de línguas
sociointeracionista, incluímos atividades para desenvolver diferentes operações de linguagem que
levassem os estudantes a se apropriarem das características da língua de forma contextualizada e
para o seu uso efetivo. Além de contemplar a necessidade de utilizar a língua oralmente, o MD
também previu a produção escrita de dois gêneros de texto relacionados à divulgação dos produtos e
contatos profissionais dos artesãos: o catálogo e o folder. O resultado final indicou que o MD,
aplicado em uma turma piloto, mostrou-se adequado às necessidades dos artesãos e que a produção
escrita dos gêneros foi parte relevante do aprendizado.

A polissemia do verbo modal “poder” em dados do espanhol peninsular


Natalia Rinaldi (UNESP)

Os estudos sobre modalidade apresentam uma grande diversidade, que se justifica, de acordo com
Neves (2006), não só por algumas questões teóricas, mas também pela dificuldade no seu próprio
conceito. De um modo geral, Quirk et al (1985) afirmam que a modalidade pode ser definida como o
modo pelo qual o julgamento do falante acerca da proposição feita é expresso no enunciado. Dentro
de uma perspectiva funcionalista da linguagem, Hengeveld (2004) faz a distinção entre dois
parâmetros relevantes para o estudo da modalidade. O primeiro refere-se ao alvo de avaliação, isto
é, a parte do enunciado que é modalizada. Já o segundo diz respeito ao domínio semântico em que a
avaliação é feita. É nesse parâmetro que as modalidades são divididas de acordo com o significado
que expressam, ou seja, modalidades facultativa, deôntica, volitiva, epistêmica, e evidencial. A partir
dessa classificação e da relação estabelecida entre esses dois parâmetros, o presente trabalho tem
por objetivo verificar o comportamento do verbo auxiliar modal "poder" no espanhol falado,
analisando os empregos que os falantes de língua espanhola fazem desse modal.O córpus utilizado
está constituído por amostras do espanhol falado das cidades espanholas de Alcalá de Henares e de
Granada pertencentes ao PRESEEA.

A Implementação do Livro Didático de Espanhol na Sala de Aula a partir do PNLD-LE: Implicações


para o Ensino e a Aprendizagem de Língua Estrangeira no Ensino Público
Nayara Molina (UNESP)

A base para a pesquisa são o livro didático (LD) de espanhol língua estrangeira “Enlaces”, aprovado
pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD-LE) em 2012, e aulas de espanhol em um Centro de
Estudo de Línguas (CEL) que adotou tal material. O objetivo é verificar se há coerência entre o exigido
pelo MEC para aprovação do LD, o proposto pelo material e os desejos/necessidades dos alunos e
professor participantes do contexto investigado. Para tanto, tem-se o desenvolvimento de uma
pesquisa qualitativa de tipo etnográfico (ANDRÉ, 2008), atribuindo natureza dialógica à
coleta/análise de dados. Para realizar a análise de cunho interpretativista (BURNS, 1999), foram
observadas aulas, realizados questionários com alunos e entrevista com a professora, a fim de colher
informações acerca da utilização do material. Além disso, o LD foi amplamente analisado, assim
como o Manual do Livro Didático elaborado pelo MEC. Como arcabouço teórico, visando
compreender a concepção de LD e sua importância nas aulas, utiliza-se Almeida Filho (2007), Jorge e
Tenuta (2011), Xavier e Souza (2008), também Dias e Cristóvão (2009), que tratam do PNLD-LE, e
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Costa (2011), que analisa os possíveis fatores que justificam a baixa aprovação de séries didáticas nos
PNLD, além de teorias para o desenvolvimento e compreensão de dados, de língua e linguagem,
cultura e transposição didática. Os resultados iniciais obtidos pela confrontação entre o discurso do
LD e dos participantes da pesquisa mostram que não há coerência entre o que o material propõe e as
necessidades do contexto.

Nueva Gramática Básica de la Lengua Española e o discurso sobre a língua


Neide Elias (UNIFESP)

Em 2009 foi publicada a Nueva Gramática de la Lengua Española. Nessa ocasião, do compêndio de
três volumes foram lançados dois: Morfología - Sintaxis I e Sintaxis II, o terceiro de Fonética y
Fonología aparece dois anos depois. Nos anos subsequentes a Real Academia Española (doravante
RAE) e a Asociación de las Academias de la Lengua Española apresentam, em 2010, a Nueva
Gramática de la Lengua Española – Manual (doravante Manual) e em, 2011, a Nueva Gramática
Básica de la Lengua Española (doravante Gramática Básica). Escolhemos a última versão desse
conjunto de instrumentos linguísticos como objeto de análise para esta comunicação, a fim de
analisar que imagem de língua ela veicula e de que forma alguns recursos didáticos e de divulgação
científica impactam na construção dessa representação. Vamos nos concentrar em dois elementos
paratextuais na reformulação do texto: o prólogo e a as caixas com sombreamento cinza que
aparecem ao longo de todas as páginas da Gramática Básica. A valorização da existência de diversos
centros de produção de norma em diferentes níveis para uma mesma língua, ou seja, a
estandardização policêntrica, prometida nos prólogos e nos vários meios de divulgação dos mais
diferentes instrumentos linguísticos da RAE, não se concretiza na elaboração dos mesmos. E, talvez,
o texto da Gramática Básica seja o exemplo mais emblemático nessa série de gramáticas. Uma vez
que no processo de didatização e simplificação do texto optou-se, entre outras coisas, pelo recurso
de destacar, com o uso de caixas com sombreamento cinza, aquilo que principalmente estaria alheio
à “norma padrão”.

Referência específica vs. referência genérica: projeções desses traços semânticos na sintaxe do
espanhol e do português brasileiro e consequências para a aprendizagem e a intercompreensão
Neide T. Maia González (USP)

Na presente comunicação retoma-se a ideia central da tese de doutorado de González (1994): a da


existência de uma inversa assimetria entre o espanhol (E) e o português brasileiro (PB), que se reflete
num relativamente amplo conjunto de fenômenos gramaticais. Defende-se aqui que a essa inversa
assimetria entre o PB e o E se manifesta, de um modo bastante geral, em todos os processos de
determinação que caracterizam essas duas línguas, o que fica muito claro nos diversos casos que
serão focalizados na sessão de comunicações em que se insere este trabalho, intitulada “A referência
[+/-específica] ou [+/- genérica] e seus reflexos nas gramáticas do espanhol e do português
brasileiro”. Essa tendência assimétrica está altamente associada ao peso de traços semânticos como
[+/- definido] e com o manejo de informação velha (tema) e informação nova (rema), e afeta a
referencialidade e a interpretação do sintagma nominal, inclusive nas construções impessoais e
passivas com SE/SE, o uso ou não uso de formas pronominais (e as formas como isso ocorre no plano
da sintaxe) para a expressão dos argumentos do verbo e também as estratégias de relativização,
segundo as características referenciais do antecedente. Conclui-se a apresentação com duas
questões que também serão focalizadas nos demais trabalhos desta sessão: Que pistas/qué huellas é
necessário deixar em cada uma dessas línguas para que se tenha acesso à referência e à informação?
Que pistas/huellas deixa tudo isso na produção não nativa de lusoparlantes brasileiros?
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La inmovilidad perfecta
Oscar Román Zambrano Montes (UFRJ)

Con este trabajo pretendo reflexionar, a partir del poema “Derrota” de Rafael Cadenas, publicado en
el contexto de la Venezuela post dictatorial de 1963 y tomando como referencia el concepto partilha
do sensível de Rancière, sobre las ligaciones profundas entre la creación del acto poético y su
intervención política en la comunidad. Si pensamos, como aconseja Rancière, en las obras de arte
como escenas de pensamiento, estaríamos con el poema Cadenas frente a una escena desconocida
donde se producen reflexiones originales y apartidarías. “Derrota” es un poema sin lugar: fuera de la
tradición y fuera de la revolución. El problema de la suerte del poema es triple, pues representa una
práctica sin precedentes que, por lo mismo, carecía de visibilidad en el espacio común y era
imposible de ser aprehendida en el entorno tal y como estaba configurado. El poeta, incluso el poeta
disidente, establece relaciones con el poder. Hasta en el retraimiento del arte –recuerda Adorno– el
autor es político. El proyecto de construcción de Cadenas, sin embargo, concebido desde su reacción
tanto al gobierno de Betancourt como a la radical violencia de las FALN, se fundaba en la política de
la estática. A la obligación moral de la lucha armada, dogma compartido por la Doxa izquierdista,
Cadenas opuso un nuevo tipo de libertad, la libertad de la inmovilidad. Cadenas inauguró con
“Derrota” un espacio de pensamiento sin precedentes: el espacio del no movimiento, dominio de la
política estática. Las referencias teóricas son Arráiz Lucca (2003), Rancière (1995, 2005, 2012) y
Berenguer (2009).

Os desafios do ensinar e do aprender espanhol na educação profissional


Paolla Cabral Silva Brasil (IBC)

As novas tecnologias exigem do sistema educacional uma postura consciente e crítica em relação a
tudo o que está sendo produzido. No âmbito do setor público, a Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica está em expansão, sendo que a projeção para 2020 é que mais
de quinhentos campi dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia estejam implantados
no país (BRASIL, 2012). Acerca do processo de ensino-aprendizagem de línguas em contextos de
educação profissionalizante, observa-se a existência de especificidades que devem ser identificadas e
atendidas, visando à qualificação e à satisfação dos estudantes. Diante desse panorama, Almeida
Filho (2008) argumenta sobre a necessidade de o ensino de línguas nesses contextos ser melhor
compreendido e equacionado. Pautando-se na necessidade de investigações sobre o ensino de
espanhol na educação profissional, este trabalho tem como objetivo revisitar o conceito do ensino de
Línguas para Fins Específicos – LINFE – (HUTCHINSON; WATERS, 1987; AUGUSTO-NAVARRO, 1997,
2008; DUDLEY-EVANS; ST JOHN, 1998; RAMOS, 2005, 2008; CELANI, 2009), estabelecendo uma
análise crítica e reflexiva sobre o emprego do Espanhol para Fins Específicos - EFE – nessa
modalidade de ensino.

Variación de los pronombres clíticos en el habla espontánea de Misiones/Argentina


Patricia Vanessa de Ramos (UFRJ)

Este trabajo pretende analizar la variación de los pronombres clíticos lo, la, le, y sus formas plurales
los, las, les; así como también el cero clítico. Se estudia especialmente la realización del pronombre
le en posición de objeto directo con un referente animado, como se demuestra en el siguiente
ejemplo: “Y bueno, vos sabés que la chica ésta agarra y le llama a la patrona y le dice”: “Mirá, faltó la
cartera.[...] “Y la patrona le dijo: “Vos dejá no más, y agarró le llamó por teléfono y le dijo, te doy
media hora para que me traigas la cartera nueva”. “Ella no le denucio ni nada porque ya le conoce
viste”. Así como también el cero clítico, en casos en el que el referente es inanimado: Y tardó unos 15
minutos, y ya la señora: -mirá, la pizza, quiero mi pizza”. “- Si señora, ya le llevo, ya le llevo [...]”;
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“Dijo: -Mirá, esta pizza está horrible, es incomible- me dice”. “Le digo: -¿Pero por qué señora?”, “ Y
me dice:- ¡y no, está fría!”. “-Le caliento señora”. “-Bueno, calentame”. La investigación se objetiva a
partir del análisis de grabaciones realizadas en Oberá, Misiones, Argentina en el año 2013. Son
narraciones espontáneas tanto de mujeres como de hombres que tienen entre 20 y 35 años de edad.
El análisis se basa en los presupuestos teóricos de (1) Palacios (2008), quien ha demostrado en sus
estudios que los pronombres clíticos lejos de ser un aspecto invariable en la lengua española es un
aspecto que varía de región a región y que depende de factores diversos. (2) Corvalán (2008), quien
señala que el estudio de los pronombres clíticos en español se analiza a partir de dos sistemas: a) el
sistema referencial y b) el sistema de casos. Y (3) Martínez (2010) quien investiga, entre otros
aspectos sintácticos, los pronombres clíticos de tercera persona y la concordancia de género. Con
este trabajo se pretende demostrar que el uso de los pronombres clíticos es variable en la lengua
española y que en algunos casos llega a cero. Así como también, se intenta señalar algunos de los
factores que condicionan esa variación.

WebQuests: complementando o LD, desenvolvendo a sensibilidade intercultural e fomentando a


cidadania mercosulina dos alunos de espanhol do ensino médio
Paula Renata Almeida Lima (UFG)

No contexto de ensino-aprendizagem de LEs, o desenvolvimento da perspectiva intercultural em sala


de aula tem sido um esforço, a fim de incluir conhecimentos culturais que possibilitem ao aluno
conhecer outras culturas e a sua própria. Contudo, outra luta é travada quando pensamos nos livros
didáticos (LD), que, em sua maioria, ainda dão preferência aos aspectos culturais peninsulares e
desconsideram ou tratam de modo superficial as realidades latino-americanas, por exemplo. Desse
modo, como professores de E/LE, podemos aproveitar a condição de integrantes do MERCOSUL para
começarmos a fomentar a identidade mercosulina em nossos alunos brasileiros. Nosso objetivo é
analisar um LD e discutir como os novos recursos tecnológicos podem complementá-lo e contribuir
para o desenvolvimento da cidadania mercosulina de alunos brasileiros de E/LE em uma perspectiva
intercultural, ademais de propor caminhos para fazê-lo através de uma WebQuest (DODGE, 1997).
Pautamo-nos, principalmente, em teorias sobre interculturalidade (CORBETT, 2003; Kramsch, 1993) e
nas discussões sobre a utilização das novas tecnologias na sala de aula (MASETTO, 2000; GARCÍA,
2005). O que verificamos é que as novas tecnologias nos proporcionam recursos diferentes e amplos
para se trabalhar nas aulas. Embora o LD continue presente e sendo relevante no contexto de
ensino-aprendizagem de uma LE, podemos aprimorar nossas práticas docentes, possibilitando ainda
mais informação, o que pode contribuir para a construção mais apurada do conhecimento.

Don Quijote para la juventud. Estudio de las adaptaciones de la obra y su recepción en el ámbito
escolar
Paula Renata de Araujo (USP)

Desde que empezaron los estudios cervantinos en Brasil, siempre hubo una reflexión sobre la
recepción del Quijote en nuestro país. Se ha estudiado la historiografía de las traducciones y el Don
Quijote de los niños de Monteiro Lobato. Estudios con una profundización cada vez mayor buscan,
entre otras cosas, acercarse al Quijote de los brasileños, personaje literario famoso, sin embargo
poco leído en su versión original. En el contexto de la literatura infantil, el Quijote adaptado es leído
desde la infancia. La adaptación de clásicos para niños y jóvenes es un procedimiento antiguo y está
inscripto en los umbrales de la literatura infantil y juvenil, no sólo en Brasil, sino también en la
mayoría de las culturas. No obstante, aun siendo una literatura tan popular y presente en las salas de
clase de Brasil, todavía son escasos los estudios que analicen con rigor el texto y las coyunturas de
esas obras abreviadas. En este contexto, es importante la realización de investigaciones que estudien
el fenómeno de la adaptación del Quijote en Brasil y su repercusión en el ámbito escolar. , De este
modo, este trabajo tiene la finalidad de presentar y discutir una propuesta de estudio que analice los
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procedimientos de adaptación de algunas obras infantiles brasileñas y algunas españolas que tienen
como texto fuente el Quijote. Por otra parte, la discusión también se extenderá al proceso de re-
producción/recepción de esa obra canónica, con el objeto de enriquecer el debate sobre la presencia
del Quijote adaptado en las salas de clase.

A leitura de obras literárias nos cursos de E/LE: seu espaço e sua função
Paulo Henrique Moura Lopes (UECE)

A adoção de obras literárias (autêntica ou adaptação literária) para leitura é uma prática comum nos
cursos de língua estrangeira. Essa atividade parece estar de acordo com recentes estudos que
comprovam a importância do uso do gênero literário como material autêntico e relevante no ensino
de línguas, principalmente no aprimoramento da competência leitora (PERIS 2000; ALBADALEJO
2007; LOEBENS, 2008; LOEBENS&GÓMEZ, 2009; MENDOZA, 2002, 2007). No entanto, cabe
perguntar: como é realizada esta leitura? Qual é o seu espaço na aula? Qual é sua verdadeira função
como material de uso no ensino de LE? Este artigo tem como objetivo refletir sobre essas perguntas
à luz das concepções de leitura mais atuais e vigentes (CASSANY, 2006; FREIRE, 1985; KLEIMAN,
2002; MENDOZA, 2002) e sobre o processo de leitura e suas implicações para o ensino de LE
(WIDDOWSON, 1991; DENYER&JANSEN&GAVILÁN, 1998; ALBADALEJO 2007). Estas reflexões serão
feitas a partir de minha própria experiência como professor de língua espanhola em cursos de
idiomas com posterior relato de uma experiência de uso de uma obra literária em aulas de espanhol
como língua estrangeira. Esse artigo é parte preliminar de nossa pesquisa de mestrado em linguística
aplicada pela UECE, ainda em sua fase inicial, que observará o papel do texto literário no processo de
aprimoramento do desempenho em leitura em língua estrangeira e proporá atividades para a leitura
de obras literárias em cursos de E/LE.

Hombre-Essais: el laberinto, la soledad y un soldado paz armado por la reflexión


Phelipe de Lima Cerdeira (UFPR)

Octavio Paz es, sin duda, uno de los representantes más importantes de la actuación crítica literaria
hispanoamericana en el siglo XX. Valorando su fuerza poética y capacidad de encadenar las ideas
para construir un lenguaje híbrido, ese trabajo tiene como reto expandir las posibilidades de lectura
epidérmicas de El laberinto de la soledad (1950), utilizando la obra como un postulado para
demostrar la existencia de lo que se entiende como una ensayística paciana. Para lograr tal desafío,
serán necesarios cumplir con objetivos específicos, tales cuales delimitar el ensayo en cuanto género
literario; registrar la importancia de México como un sitio de resignificación de ideas y de
enunciación; y, también, elaborar acerca del significado de esa soledad metafórica para el ámbito de
la identidad. Como aportes teóricos, son indispensables las ideas de Adorno, Bense y Lukács, además
de la mirada de sus coterráneos latinoamericanos José Miguel Oviedo, Alfonso Reyes, Ricardo
Ferrada Alarcón, entre otros. En el año en el que se conmemora el aniversario de 100 años de
Octavio Paz, la investigación se postula como una contribución novedosa en el sentido de proponer
una reflexión acerca del escritor como un referente intelectual y, sobre todo, por utilizar una de sus
obras más dementadas para demarcar la relevancia del ensayo hispanoamericano en la historiografía
literaria. Adentro de una lírica laberíntica y con la conciencia de que la soledad de una dicha
mexicanidad es también condición de un individuo cosmopolita, Octavio Paz regala a sus lectores un
ensayar visceral y sin límites.
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O processo de ensino-aprendizagem em aulas de espanhol/le à luz das formações discursivas


Priscila da Silva Marinho (UFRJ)

O propósito desta comunicação é apresentar resultados parciais do desenvolvimento do projeto de


mestrado referente à investigação da relação entre discurso e processos de construção de sentidos
em aulas de Espanhol/LE por meio de produções escritas. Sendo assim, o objetivo geral da pesquisa é
lançar um olhar de análise e reflexão sobre as chamadas formações discursivas, entendidas como
“modos predominantes de construir sentidos discursivamente em cada língua” (FOUCAULT, 1986;
SERRANI, 2010). Estas são evocadas no momento em que os alunos de ensino médio de uma dada
instituição da rede pública de ensino realizam produções escritas, entendendo tais produções como
distintas atitudes responsivas diante dos textos em Língua Materna (Português) e Língua Estrangeira
(Espanhol) que se destinam ao debate em aula. Esses gestos de leitura manifestados pela escrita
desvelam diferentes processos de inscrição discursiva, que têm a ver com a constituição identitária,
sócio-cultural, ideológica e histórica do sujeito. Desse modo, também observaremos o intercâmbio,
isto é, a relação de mútua troca, que se verifica entre elementos lingüísticos e formações discursivas
tanto da LM para a LE, quanto da LE para a LM, ao se propor que o alunado leia e redija acerca de um
mesmo tema em ambas as línguas. Acreditamos que relacionar produção discursiva com a
interpretação de sentidos sociais seja um caminho para a conscientização da linguagem, na medida
em que se entrelaçam a reflexão e a intervenção didática e social. Simultaneamente, tais análises
proporcionam um questionamento de professores e alunos acerca de seus próprios modos
predominantes de enunciar e acerca de outros modos possíveis em situações equivalentes. Além das
produções escritas, também serão somadas ao corpus as anotações de campo, aplicação de
questionários a professor e alunos, entrevistas e gravações em áudio, com vistas a se traçar um perfil
da turma observada, e, dessa forma, analisar sua interação em sala de aula, bem como sua atuação,
modos de produção de leitura, discurso e sentidos. Em suma, esta investigação, guiada à luz da
Análise do Discurso, pretende examinar as diversas discursividades e ressonâncias enunciativas que
vão se construindo graças ao deslocamento contínuo do sujeito no processo de inscrição e
construção de sentidos em uma LE, observando, dessa maneira, a interface entre a atividade de
leitura e produção textual.

Archimboldi, o escritor, a fama e o anonimato


Rafael Gutiérrez (PUC- Rio)

O escritor Benno von Archimboldi, pseudónimo de Hans Reiter, é o personagem central da ultima
parte do romance póstumo de Roberto Bolaño 2666, intitulada A parte de Archimboldi. Nascido em
1920 numa aldeia da Alemanha, como soldado na guerra descobre os papéis do escritor russo Boris
Abramovitch Ansky que serão determinantes para sua formação literária. Desde o inicio de sua
carreira como escritor Reiter decide publicar com pseudónimo, permanecendo afastado dos centros
de poder literário e artístico. Com o passar do tempo sua obra ganha cada vez mais destaque e
reconhecimento crítico e de público, mas Archimboldi continua sendo um personagem oculto: nunca
da entrevistas, ninguém sabe como ele é, onde mora, etc. Construída como um encadeamento de
biografias de escritores, A parte de Archimboldi oferece um amplo campo de possibilidades para
discutir questões como a origem do desejo da escrita, os caminhos da publicação, e especialmente o
conflito de um escritor que opta pelo anonimato. Nesta apresentação pretendo descrever e analisar
a figura de Archimboldi problematizando especialmente o lugar do escritor que prefere ficar afastado
da fama e do reconhecimento público.
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Análisis de las estrategias de anticortesia contenidas en un chiste


Ramiro Carlos Humberto Caggiano Blanco (USP)

El presente trabajo tiene por objetivo analizar cómo los insultos, en determinadas condiciones de
producción comunicativa y entre determinados interactuantes, puede significar una marca de
compañerismo o amistad envés de un agravio, como es característico. Para tal fin analizamos un
mismo chiste que circuló por Internet en Argentina y Brasil y expondremos de qué manera se
desarrollaron las diferentes estrategias de cortesía y anti-cortesía, además de puntualizar cómo las
diferentes versiones son atravesadas por los diferentes aspectos socioculturales de cada una de las
comunidades de habla. Partiendo del presupuesto de que “la lengua es una forma de
comportamiento social […] usada por seres humanos en un contexto social, comunicando sus
necesidades, ideas y emociones a los otros” (LABOV, 2011), en la comunicación apreciaremos,
primeramente, que la cortesía es un constructo social dterminado por y determinante de la cultura
en la que se insiere y, también, que la anticortesía es la otra cara de la propia cortesía donde los
insultos y la fustigación, que en cualquier otro contexto bien podría considerarse manifestaciones de
descortesía, se desarrollan, en los casos analizados, como estrategias de aceptación del otro o de
pertenencia a un determinado grupo social. Finalmente veremos como la anticortesía no es exclusiva
de los adolescentes (como sugiere Zimmermann) sino que ha extendido su frontera a los adultos de
las clases medias altas de la sociedad, al menos en Argentina.

Fragmentos de um anoitecer: notas para uma leitura tardia de Antes que anoiteça, de Reinaldo
Arenas
Raphaella Mendes Silva de Castro Lira Yaakoub (UFRJ)

Em Estilo tardio, obra póstuma do crítico literário Edward W. Said, encontramos uma definição mais
detalhada do estilo tardio, inicialmente proposto por Theodor W. Adorno, em relação à música de
Beethoven. A definição de Said ganha profundidade ao ser caracterizada a partir de uma
compreensão do idioma encontrado por artistas que se percebem ao cabo de suas existências.
Sobreposição delicada de obra e biografia individual, o estilo tardio se traduz na expressão
encontrada por artistas que, ao serem confrontados com a finitude e o desaparecimento, trilharam
uma rota lúcida de contrariedade e rebeldia. Mais do que uma possível expressão do choque entre o
ser e seu fim, trata-se de uma interessante via de acesso à obra daqueles que, quando conscientes da
doença e da senescência irrefreáveis, procuraram traduzi-las. O escritor cubano Reinaldo Arenas
representa um caso cuja produção convida o diálogo com a noção de estilo tardio. Morto em 1990,
vitimado pela AIDS, dedicou seus últimos dias às narrações que integram Antes que anoiteça. No
meio do caminho entre ficção e autobiografia, sua obra se coloca como um terreno propício para
uma análise que tem como base as considerações de Said, não apenas pelas condições em que foi
produzida mas pelo caráter de ruptura que possui em relação a seus livros anteriores. Assim, analisar
o estilo tardio que emerge da estrutura fragmentada de Antes que anoiteça significa não apenas
lançar luz sobre a obra do escritor cubano, como também explorar uma teorização inovadora a
respeito da conexão entre biografia e produção artística.

A imaginação da História em La Guerra Carlista, de Ramón del Valle-Inclán


Raquel da Silva Ortega (UESC)

As Guerras Carlistas foram o grande conflito bélico e político da Espanha no século XIX. A disputa
entre tio e sobrinha pela sucessão do trono gerou três guerras civis entre 1833 e 1876, uma profunda
disputa política entre liberais e conservadores e o nascimento de uma doutrina política (Carlismo),
cujo partido resultante existe até hoje. As consequências deste conflito se estenderam até o século
XX, transformando-se em um dos elementos determinantes na Guerra Civil Espanhola (1936). Ramón
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del Valle-Inclán cresce no ambiente da terceira guerra carlista (1872-1876), vendo a participação
direta de parentes na mesma e escutando inúmeras histórias sobre as guerras anteriores. Já adulto,
transforma suas impressões sobre estes relatos em matéria narrativa. O objetivo deste trabalho é
apresentar a trilogia La Guerra Carlista, escrita por Valle-Inclán, composta pelos livros Los Cruzados
de la Causa, El Resplandor de la Hoguera e Gerifaltes de Antaño, escritos entre 1908 e 1909. A partir
das ideias de GIL (2008), RUBIO LINIERS (2007) e CLEMENTE (2011), analisaremos a representação do
evento histórico nas obras mencionadas, comparando-a com o registro historiográfico do mesmo,
demonstrando assim uma característica recorrente da obra do autor: a representação da história
através da fantasia e da imaginação, além da deformação da mesma pela estética do esperpento.

Enunciações e interações digitais: uma complexa relação entre língua, sujeito e tecnologia
Raquel La Corte dos Santos (USP/UFS)

O objetivo deste trabalho é socializar uma reflexão que vem sendo elaborada ao longo da nossa
pesquisa em nível de doutorado sobre a relação entre língua estrangeira – o espanhol -, sujeito e
tecnologia. Fundamentados numa visão holística presente em dois pensamentos contemporâneos –
o pensamento sistêmico (VASCONCELLOS, 2002) e o pensamento complexo (MORIN, 1999) –, nosso
objetivo na pesquisa tem sido ver como aqueles três fenômenos complexos se inter-relacionam e de
que forma favorecem ou não a aprendizagem de espanhol. Para este trabalho selecionaremos
algumas cenas provenientes de uma experiência pedagógica na modalidade da educação a distância.
A metodologia utilizada é de natureza qualitativa e pretende problematizar as relações entre sujeito,
língua espanhola e tecnologia. Alguns resultados dessas problematizações são: em relação às
tecnologias, as dinâmicas interativas parecem indicar, por meio das enunciações digitais, que os
sujeitos estão fazendo uso da tecnologia com o objetivo de aprender/praticar a língua,
principalmente porque são motivados a ter uma rotina de escrita na língua alvo. Em relação à língua
espanhola e à relação dos sujeitos com essa língua, observamos que a tecnologia pode “dar asas” a
uma ilusão de competência instantânea (CELADA, 2002) já que os alunos se comunicam de forma
espontânea e rápida nessa língua e, muitas vezes, parecem pouco preocupados se sua escrita se
aproxima ou não da língua alvo.

2666 e a política da individualização do des-espero


Raquel Parrine (UnB)

O filósofo lituano Emmanuel Levinas transformou sua própria experiência/reflexão a respeito do


Holocausto em uma experiência/reflexão a respeito do sofrimento humano como um todo. A
figuração da alteridade em Levinas não aparece como experiência de um grupo subalterno, ou
marginalizado pelo hegemônico; ao contrário, o Outro é um enigma, um rastro, uma presença
ausente, cuja experiência não está disponível para o Mesmo. A ideia de infinito ético, a alteridade
absoluta, é uma forma de denunciar as tentativas de apropriação do Outro, sob pena de transformar
o Outro em Mesmo. Em outras palavras, a crítica de Levinas reside na generalização e na
ficcionalização do sofrimento do Outro, inimiga da individualização, da unicidade da experiência do
des-espero. Como filosofia primeira, a ética levinasiana exige um posicionamento radical: o filósofo
abomina a possibilidade da construção de teodiceias sustentadas pelo sofrimento do Outro Para ele,
o sacrifício do Outro em prol do bem comum é o mal absoluto. Em 2666, Roberto Bolaño apresenta
um universo distópico precisamente como uma teodiceia sustentada pelo sofrimento do Outro --
mais especificamente, pelo sofrimento de mulheres mexicanas, trabalhadoras de maquilladoras, cujo
des-espero não parece importante o suficiente sequer para movimentar uma investigação. Seus
corpos são largados no meio do deserto, anônimos, ou em grandes depósitos de lixo. Contra a
tentação de generalizar o des-espero dessas mulheres, Bolaño as nomeia uma a uma, numa lista
grotesca e interminável. O anonimato, aqui, é mais uma violência.
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O imaginário carolíngio na encantaria maranhense


Regina Célia de Lima e Silva (UFF)

A presente comunicação é parte de minha tese de doutorado em Literatura Comparada pela UFF e
ainda se encontra em elaboração. A tese trata de uma narrativa difundida no Brasil até o inicio do
século XX e sua influência no nosso imaginário. História de Carlos Magno e dos doze pares de França
é o nome dessa narrativa surgida na idade média e trazida pelas mãos dos navegadores em seus
navios. A narrativa repleta de batalhas entre mouros e cristãos, assume grande importância
principalmente no interior do Brasil. Sua divulgação, feita em grande parte oralmente, foi assim
divulgada pelos desbravadores das novas terras como reprodução de um costume corriqueiro muito
antes de 1500 em suas terras de origem. Os colonos trouxeram essa cultura da oralidade e eram
impregnados da mentalidade medieval. Tal mentalidade encontrou campo fértil no interior e as
aventuras das novelas de cavalaria preencheram o imaginário do povo. Sua identificação com os
modelos medievais proporcionou a assimilação não só de comportamentos, mas de personagens que
ressurgiram tanto em festas populares como na encantaria do Tambor de Mina. Personagens como
Ferrabrás, fazem parte dessa religião e servem para perpetuar esse imaginário. Através de autores
como P. Zumthor, J. Le Goff e Irving A. Leonard tento verificar como se deu o encontro entre
imaginário carolíngio e encantaria maranhense.

As figuras femininas em La boda de Chon Recalde, de Gonzalo Torrente Ballester, e As meninas, de


Lygia Fagundes Telles
Regina Kohlrausch (PUCRS)

Gonzalo Torrente Ballester e Lygia Fagundes Telles são distintos no que se refere ao gênero e à
nacionalidade, mas muito próximos no que diz respeito à atividade profissional e artística:
produtores de literatura, isto é, escritores de obras literárias significativas no contexto nacional
(ambos premiados em seus países pelo conjunto de sua produção), internacional (ambos foram
traduzidos para outros idiomas), e clássicos, pois suas obras, mesmo revelando a “cor local” em
relação ao contexto histórico e social, são universais porque retratam problemáticas humanas,
própria das relações individuais, familiares e sociais que ultrapassam o âmbito local. Em outras
palavras, os espaços –espanhol e brasileiro – retratados podem ser reconhecidos a partir de dados
mencionados no decorrer da narrativa, assim como a época e o tempo, isto é, o contexto histórico e
político – ditadura militar e pós-guerra civil –, respectivamente, mas o conflito vivido pelas
personagens das obras desses dois autores ultrapassa o local e alcança o universal. O problema das
personagens de cada romance não é a ditadura militar ou o pós-guerra civil, mas os dilemas da
condição humana e também feminina, considerando as obras As meninas, de Lygia, e La boda de
Chon Recalde, de Torrente Ballester, objetos de estudo desta comunicação que tem por objetivo
apresentar uma análise comparativa, à luz da literatura comparada, entre as obras mencionadas,
visando destacar o processo de construção narrativa no que se refere à representação das figuras
femininas dos dois romances.

Tipos de retomada de objeto selecionadas por falantes de português do Brasil aprendizes de


espanhol
Renata Daniely Rocha de Souza (UFRJ)

A teoria gerativa, que guia o presente estudo, postula que a aquisição da linguagem é um fenômeno
natural e ocorre de maneira inata. Para tal teoria, o indivíduo nasce com um dispositivo preparado
para a aquisição – a Gramática Universal (GU), que englobaria os princípios linguísticos universais.
Sendo assim, uma vez exposto aos dados de uma língua (INPUT), o falante será capaz de
particularizá-la. Neste trabalho, investigaremos qual o papel da língua materna no processo de
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aquisição de traços sintáticos do espanhol língua estrangeira. Nossos objetivos são verificar quais são
as estratégias de retomada mais selecionadas pelos aprendizes de espanhol e observar se o aprendiz
seleciona na língua estrangeira o tipo de retomada predominante em sua língua materna. Pesquisas
sobre o português do Brasil (doravante PB) apontam para uma assimetria no preenchimento dos
argumentos. Segundo Galves (2001), o clítico de 3º pessoa não seria mais produzido pela gramática
nuclear do português, tal gramática legitimaria, apenas, os clíticos de 1º e 2º pessoas. Considerando
o exposto, falantes do PB têm como referência em sua língua materna um sistema pronominal de
terceira pessoa em mudança e o complemento tende cada vez mais a ser apagado ou retomado por
um pronome tônico. No que diz respeito ao fenômeno de apagamento no espanhol, ocorre
preferencialmente em contexto restrito, predominando, assim, a estratégia de retomada por clítico.
Sebold (2005) verificou em aprendizes de espanhol do curso de português-espanhol que a estratégia
de retomada mais selecionada foi a retomada por pronome clítico, seguida da estratégia de
retomada por pronome átono e da estratégia de apagamento do complemento. Por essa razão,
neste trabalho utilizaremos o mesmo tipo de informantes, ou seja, alunos do curso de graduação
português-espanhol. A nossa hipótese é de que falantes de PB aprendizes de espanhol selecionam a
estratégia de retomada mais produtiva em língua materna, predominando, assim, o apagamento do
clítico nas retomadas em língua estrangeira.

“La 31”: isla precaria de ariel magnus y los desplazamientos del yo y del otro entre los fragmentos
de la ciudad
Renata Dorneles Lima (UFRJ)

Frente al fenómeno de la fragmentación del sujeto y del territorio urbano que se reproduce a través
de fraccionamientos y segregación residencial, escritores hispanoamericanos de las últimas dos
décadas escriben una literatura que narra la ciudad como un espacio geográfico no homogéneo, es
decir, una literatura que no plantea la urbe como una unidad geográfica, sino como una pluralidad de
territorios fragmentados que pueden borrar las referencias identitarias o actuar como locus de
pertenencia de grupos o tribus. La obra que es objeto de esta investigación y base para pensar la
fragmentación de la ciudad es la ficción de Ariel Magnus "La 31: una novela precaria", que narra uno
de los “microterritorios” de la ciudad de Buenos Aires – la villa miseria que da nombre a la obra. Se
pretende pensar la representación de la villa y sus pobladores a partir de la difusión de imágenes
proporcionadas por los medios y de las estrategias narrativas que reproducen en el cuerpo del texto
la fragmentación de la ciudad. Este trabajo propone una reflexión acerca del modo cómo, a través de
la fragmentación y la pluralidad de miradas, la ficción de Ariel Magnus consigue representar la
otredad y el territorio periférico desde afuera pero sin el recurso al exotismo y al esencialismo. Esta
mirada que no cristaliza al Otro se logra por medio de desplazamientos constantes entre sujetos e
islas.

A viagem e a escrita - trânsito entre gêneros e territórios em Martín Caparrós


Renata Magdaleno (UERJ)

O presente ensaio procura refletir sobre a mescla entre ficção e ensaio na literatura contemporânea
da América Latina, as tênues fronteiras que separam a ficção de uma crítica literária e, ao mesmo
tempo, pensar sobre o lugar do escritor e intelectual latino-americano nos dias de hoje, em toda uma
gama de autores em movimento, inseridos nesse mercado globalizado, viajando a trabalho em busca
de algo ou desempenhando um papel que eles não sabem bem explicar. Este tema será tratado
através do romance Una luna, do escritor argentino Martín Caparrós, no qual o leitor se depara com
uma experiência vivenciada pelo próprio autor. Ele é contratado pela ONU para contar as histórias
dos imigrantes do mundo, daqueles que viajam em busca de melhores condições de vida. O papel
que desempenha é de escritor e de jornalista. Estamos diante do que poderíamos chamar de um
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diário de viagem, ou hiperviagem, como reforça Caparrós em seu livro, referindo-se às tecnologias
contemporâneas que permitem cruzar fronteiras rapidamente e, em um mês, circular entre Kishinau
e Monrovia, Amsterdam e Losaka, Pittsburgh e Paris, Madri, Barcelona, Johannesburgo. Mudando de
cultura como quem troca de roupa; percorrendo grandes capitais do mundo e locais devastados pela
pobreza, como alguém que folheia uma revista, navega pela internet ou atravessa ruas de uma
metrópole globalizada, experimentando restaurantes típicos de diferentes regiões do mundo,
entrando em contato com diversas culturas de forma rápida, em pequenas porções.

Vozes que emergem no Edital PNLD 2011 de Língua Estrangeira


Renato Pazos Vazquez (UFRRJ)

Neste trabalho mostram-se resultados de uma tese que analisou sentidos que emergem no Edital de
Convocação do PNLD 2011 relativos à visão de língua e de trabalho docente. Para tal apoia-se em
uma perspectiva dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2003) conjugada ao aporte da Análise do Discurso
de base enunciativa (MAINGUENEAU, 2009). Busca-se compreender o LD como material presente
nas salas de aula ao longo da história e sua relação com o professor (CORACINI, 1999; FECCHIO,
2007), principalmente, de língua estrangeira, apontando os fatores históricos da trajetória que o
levou a desempenhar o papel de destaque que ocupa no cenário escolar. A partir das análises da
seção do Edital destinada à descrição pedagógica da Língua Estrangeira Moderna (LEM), chega-se a
três enunciadores: enunciador-legitimador, em que sentidos valorativos são agrupados para justificar
a presença da LEM como disciplina do PNLD; enunciador-especialista, que se subdivide em ideias
conservadoras e progressistas sobre o ensino de línguas estrangeiras, pois busca, ora reiterar uma
tradição de ensino de línguas, ora romper com ela; enunciador-empoderador do LD, que atribui valor
de verdade ao material didático, o que minimiza o papel do professor no espaço escolar. Conclui-se
que a LEM luta para legitimar-se no espaço do PNLD ainda que opere a partir de discussões de língua
e de docência que busquem fugir do tradicionalista, nem sempre com êxito.

Análisis pragmático de los marcadores del discurso en el género foro de debate para profesores
ELE
Rita Fabiana de Lacerda Jota (UNED /CSIC)

El objetivo de este trabajo es la constatación del uso de los marcadores del discurso como ejes
orientadores que guían las inferencias, posibilitando la interacción y comprensión de los usuarios en
los foros de debates para profesores ELE. Dentro del desarrollo de esta investigación se consideraron
como objetivos específicos: el estudio de frecuencia de uso y su clasificación; la comprobación de la
tipología textual del mensaje de apertura del foro como determinante para el uso de marcadores
discursivos específicos; la identificación de frecuencia de marcadores discursivos propios del discurso
oral y/o escrito. De esta manera, se hizo un análisis pragmático de los marcadores del discurso a
partir de una recopilación de mensajes empleados en los foros de debate de la web Comunidad
Todoele – Red Social de profesores de ELE. Bajo este prisma de investigación y análisis se tuvieron en
cuenta los aportes teóricos desarrollados por Portolés (2001) y (2003), Martín Zorraquino y Montolío
Durán (1998), Martín Zorraquino y Portolés (1999), Lourera y Acín (2010). La adopción del
procedimiento metodológico de este estudio se encauza hacia el análisis descriptivo de los
marcadores del discurso dentro de los referidos foros de debate desde una perspectiva pragmática.
Los resultados colegidos durante la realización del trabajo conllevaron a deslindar las cuestiones de
estudio propuestas para el objeto de análisis en mención, es decir, los marcadores del discurso como
ejes orientadores de las inferencias en el género discursivo foro de debate.
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A individuação de Natalia através de seu eterno contar, em La plaza del Diamante, de Mercè
Rodoreda
Robson dos Santos Leitão (UFF)

mbora compreendamos que um romancista, em seus textos, não reproduza a vida tal como ela é,
“seja na singularidade dos indivíduos, seja na coletividade dos grupos”, como nos ensina Antonio
Candido, propomos uma análise do processo de individuação da personagem Natalia, dentro do
romance La plaza del diamante (1981), escrito pela catalã Mercè Rodoreda. A narrativa conduzida
pela personagem é feita de forma loquaz, contundente e descreve boa parte de sua vida adulta, de
sua evolução como ser vivente, à medida que a identificamos no mesmo contexto da Guerra Civil
Espanhola, pano de fundo empregado por Rodoreda. A individuação a que nos referimos é a mesma
desenvolvida pelo psicanalista suíço Carl Gustav Jung e a utilizamos aqui para exercitarmos a
comparação possível entre a personagem e milhares de mulheres que sofreram anonimamente os
horrores da guerra e serviram de base testemunhal para a construção, ficcional, da história de vida
de Natalia. Segundo Todorov, “a personagem é uma história virtual que é a história de sua vida” e
Rodoreda, neste contexto, convida-nos a refletir sobre a personagem Natalia e suas significativas
transformações rumo à autoconscientização de seu papel diante da vida, reconstruída virtualmente,
no romance, a partir de suas memórias.

O erotismo e a morte em Bodas de Sangre de Garcia Lorca


Rociele de Lócio Oliveira (UFES)

Em nosso trabalho procuramos analisar a obra Bodas de Sangre de Federico García Lorca,
observando como se dá a relação entre o erotismo e a morte na peça teatral, a partir da apreciação
de como os personagens passam por esse duplo, que se completa e que tem como fonte a relação
amorosa e sexual. Conhecendo as demais obras teatrais do escritor, foi possível perceber como o
tema do erotismo lhe é caro e recorrente, ele está presente, por exemplo, em La casa de Bernada
Alba, em Yerma e nas peças para títeres, nessas obras é possível perceber como a relação sexual é
um fator fundamental para o enredo e para o destino dos personagens no final de cada peça.
Tomamos aqui como aporte teórico para o nosso trabalho os estudos de George Bataille, que trata
do tema do erotismo e sua relação com os interditos humanos, de Philippe Ariés e de José de
Anchieta Corrêa, em suas contribuições sobre a representação da morte pelos séculos, e de Mario
Miguel González, em seus estudos sobre o conflito dramático em Bodas de Sangue.

Bernardo Kordon: aventura e tradução cultural


Rodrigo Labriola (UFF)

A fortuna crítica da narrativa de Bernardo Kordon (1915-2002) foi módica, pois logo foi encaixado
nos estereótipos do quadro de costumes, do realismo social ou da picaresca portenha. Nos últimos
anos, porém, seus relatos começaram a serem lidos focalizando a heterogeneidade dos mundos que
invadem sua literatura, destacando noções como vitalidade, intensidade, experiência e migrança. Em
todos os casos, o que se observa é um cruzamento dos artifícios literários do relato de aventuras com
diversas entre-línguas vividas durante suas experiências de andarilho pela América Latina, Europa e
Ásia. Assim, em Kordon a literatura é descolada para territórios fronteiriços e complexos,
atravessados pelas questões da vida e da experiência, da alteridade e da cultura; o que talvez seja
uma razão para que a crítica dos anos 1960 e 1970 haja negligenciado Kordon, preocupada com a
instauração de um cânone latino-americano sustentado no Boom. Nosso trabalho analisa, em dois
relatos de Kordon (“Vagabundo en Tombuctu” de 1961 e “A punto de reventar” de 1971), como a
literatura é deslocada do seu universo letrado sob os problemas da “tradução cultural”.
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O escritor Almodóvar
Rodrigo Santos de Oliveira (CEFET-MG)

A obra de Pedro Almodóvar apresenta instigantes comparações entre a arte metacinematográfica e a


literatura. Desde os filmes iniciais, em especial “Maus hábitos” (1983), ou em narrativas em que o
escritor é o foco da trama - “A flor do meu segredo” (1995) - esse personagem tornou-se recorrente
e exposto de forma clandestina, fracassada, amadora e passional. Este trabalho pretende analisar a
representação funcional e metafórica do escritor nos filmes de Pedro Almodóvar, a partir do
embaralhamento e compartilhamento entre as atividades criativas do escritor literário e as do
roteirista, também personificado em filmes como: “Má educação” (2004) e “Abraços partidos”
(2009). Pretende-se discutir como as obras literárias escritas pelo cineasta espanhol - "Fogo nas
entranhas" e "Patty Diphusa" - podem ser articuladas ao projeto do diretor, numa perspectiva da
autobiografia e de uma conexão intratextual. Para isso, serão analisadas entrevistas concedidas por
Pedro Almodóvar a Frédéric Strauss; serão consideradas as acepções teóricas em torno crítica
biográfica, segundo Eneida Maria de Souza; o conceito de “urdidura de sigilos”, aplicado por Eduardo
Peñuela Cañizal ao cinema de Almodóvar; o conceito de autor e escrita de si, segundo Michel
Foucault e as concepções sobre os diversos perfis do escritor contemporâneo, segundo Sérgio Sá.

La gran novela hispanoamericana: el método crítico de carlos fuentes


Rodrigo Vasconcelos Machado (UFPR)

Esta investigación tiene como blanco la problemática del ensayo en el ámbito de Iberoamérica, es
decir, se propone a investigar cómo el método ensayístico del escritor mejicano Carlos Fuentes
(1928-2012) sobrepasó las comunidades imaginadas de las naciones hispánicas y puso las literaturas
iberoamericanas en relación. La obra elegida para este estudio ha sido la Gran novela
latinoamericana, de 2011. El marco teórico-metodológico de la presente investigación se inscribe en
el contrapunteo de los postulados planteados por Carlos Fuentes al comparar la literatura brasileña
con las literaturas hispánicas.

O comparativismo afro-hispano-americano de Teresa Cárdenas e Miguel Barnet.


Rogerio Mendes Coelho (UFRN)

Ao priorizar argumentos sobre a valoração estética universalista, costuma-se não levar em conta, ou
em menor proporção, a legitimidade representacional de vozes dissociadas de sua tradição, o que
em alguns momentos fez com que não ficassem visíveis ou devidamente representadas a
integralidade do que constitui a base de muitas culturas e, mais especificamente, a cultura hispano-
americana. Dessa forma, a partir das bases lançadas pelo “Afrorrealismo”, conceito do escritor costa-
riquenho Quince Duncan (1977), interessado em evidenciar a contribuição estético-literária africana
na Hispano-América, o desenvolvimento do presente trabalho consistirá no estudo comparativo
entre dois romances cubanos: “Memórias de um Cimarrón” (1966), do cubano Miguel Barnet e
“Cachorro Velho (2010)“, de Teresa Cárdenas. A ideia está centrada na análise do mérito que os
aproxima das disposições “afrorrealistas” do Quince Duncan ao reivindicar contribuições vinculadas a
uma tradição cultural Africana, por meio de memórias sobre a experiência escravistas que perfazem
as duas obras e compõem o mosaico híbrido da realidade hispano-americana.
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A abordagem do conceito cultura em documentos oficiais


Romany Martins (UFPR)

O presente trabalho apresenta parte de alguns resultados obtidos a partir de uma pesquisa de pós-
graduação desenvolvida dentro do programa de mestrado em Letras, na área de Estudos Linguísticos
da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em tal pesquisa foram analisadas se são e como são
apresentadas concepções do conceito/termo cultura em documentos oficiais balizadores do ensino
de línguas estrangeiras no Brasil. Fizeram parte das análises: Parâmetros Curriculares Nacionais para
o Ensino Médio (PCNEM), Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN+), Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) e Diretrizes Curriculares da
Educação Básica (DCEs). Como referencial teórico para realização dos estudos foram adotados
conceitos de cultura presentes na obras de Terry Eagleaton (2005) e Homi Bhabha (1998). Buscou-se
contudo, entender como estes distintos documentos oficiais, tidos como orientadores do ensino de
língua estrangeira, propõem o ensino de língua atrelado ao trabalho com a cultura. Acredita-se que a
cultura é parte constitutiva de qualquer língua e que a aprendizagem da mesma necessita estar
permeada não só de aspectos linguísticos, mas sim de valores e saberes diversos, assim justifica-se a
pertinência de tal análise apreciativa.

Análisis de errores en la interlengua y estrategias para superarlos


Romilda Mochiuti (Unicamp)

En investigaciones acerca del análisis de errores de estudiantes de lengua española se puede


reconocer en el modus operandi que coexisten en el discurso teórico y también en el docente teorías
que ora suman y mezclan datos de “aparición” de los errores sin alcanzar a identificar más que
semejanzas con la lengua materna; ora intentan hipotetizar caminos a partir de los cuales la
aparición de error podría ser justificada. Así que es difícil encontrar investigaciones que nos lancen
una luz de cómo se debe proceder para superar y evitar que esos errores se cristalicen en la
interlengua. El presente trabajo busca demostrar dos tipos de estrategias y sus resultados para la
superación de algunos problemas ya ampliamente referidos en la interlengua de los aprendientes de
ELE, cuya lengua materna es el portugués variante brasileña. Para ello, presentaremos primeramente
los errores más detectados y los recursos didácticos y pedagógicos utilizados a lo largo del
acompañamiento de un grupo de alumnos durante dos semestres en dos asignaturas regulares –
respectivamente, lengua española II y IV - de una universidad pública estatal. El análisis de los
resultados demuestran que: 1) Pese a que el alumno entienda y reconozca sus errores, hay una
persistencia de la aparición de estos tanto en la producción escrita como en la oral; 2) La superación
sólo es posible cuando se empieza un proceso de autocorrección a través del uso de herramientas y
recursos didácticos y pedagógicos que privilegian el uso de la gramática cognitiva y del enfoque
intercultural.

Narrativas da modernização literária peruana


Rômulo Monte Alto (UFMG)

Durante a década de 1950, a narrativa indigenista, que tinha os olhos voltados para a serra, seria
remodelada em seus fundamentos com o surgimento de obras como Ñahuín (1953), de Eleodoro
Vargas Vicuña, La batalla y otros cuentos (1954), de Carlos Eduardo Zavaleta e Los ríos profundos
(1958), de José María Arguedas. Um movimento perceptível do traço dessas narrativas reelabora
uma nova subjetividade na serra andina e assinala seu progressivo esvaziamento, em razão da
migração massiva rumo aos grandes centros. A cidade de Lima é invadida por olas de migrantes que,
vindos de todas as regiões do Peru, promovem a desorganização de seu espaço urbano, regido por
um desenho radial, aristocrático e excludente. Um grupo de jovens narradores busca as formas de
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narrar a nova realidade urbana, certos do esgotamento da perspectiva indigenista. Enrique Congrains
será um dos primeiros a radiografar esta nova realidade em seu livro Lima, hora cero (1954); logo
será seguido por Julio Ramón Ribeyro e Los gallinazos sin plumas (1955), Oswaldo Reynoso con Los
Inocentes (1961), Mario Vargas Llosa con La ciudad y los perros (1962) e culmina com Sebastián
Salazar Bondy e seu livro Lima la horrible (1964). Estes autores e obras mencionadas revelam os fios
de uma densa urdidura que recobre o céu da literatura peruana, ao longo daquela década, no
interior da qual distintos projetos literários disputam o espaço narrativo. Discutir as relações entre
esses grupos é o objetivo desta comunicação, que estima ser aquele um momento decisivo para a
modernização da narrativa peruana.

Repensando o (não) uso da preposição “a” junto a objeto direto na produção não nativa de
aprendizes brasileiros de espanhol
Rosa Yokota (UFSCar)

González (2006) apresenta a importância da determinação na diferenciação entre o português


brasileiro e o espanhol, bem como as falsas impressões e as consequências de tais diferenças na
produção e na compreensão em ELE. Inspirado em seu artigo, este trabalho pretende apresentar
uma reflexão sobre o papel da determinação no uso da preposição marcadora de caso acusativo “a”
do espanhol e sobre como o aprendiz brasileiro de espanhol como língua estrangeira (ELE) interpreta
(ou não) este traço. Os estudos gramaticais e os manuais didáticos, ao abordar este uso da
preposição “a”, se concentram principalmente no traço [humano] ou [animado] do referente do
objeto direto. Para ampliar a forma de entender o Objeto Direto Preposicionado (ODP), a partir de
Pensado (1995) e Torrego García (1999), buscamos outras características do ODP do espanhol, em
especial a determinação e outros traços ligados a ela, e revisamos a pesquisa de Yokota (2001) sobre
o uso desta estrutura na produção escrita de estudantes adultos de espanhol. Os resultados da
revisão da bibliografia teórica sobre o tema e da releitura dos dados sobre a produção não nativa
serão apresentados nesta comunicação.

Soldados de Salamina: uma aventura na história ou uma história de aventura?


Rosana Silva da Mota (UFF)

A presente comunicação pretende fazer uma análise de algumas características presentes em


Soldados de Salamina, do escritor espanhol Javier Cercas. Investigamos a diversidade de gêneros
literários encontrados e delimitamos seu enfoque ao longo dos três capítulos que compõem a obra.
Cercas sinaliza para a necessidade das novas estratégias narrativas, condicionadas pelas
transformações ocorridas no processo de escritura e de leitura. As constantes aparições desse
escritor em sua ficção confirmam uma tendência da literatura atual que consiste em sua tripla
função: de autor, de narrador e de protagonista, sem, no entanto, deixar de ser um relato de ficção.
Averiguamos a relação existente entre o romance de extração histórica, o uso da memória, o
hibridismo narrativo com o pensamento da Espanha atual. Para isso, estabelecemos relações com os
textos ficcionais, críticos e híbridos em nossa reflexão. Ao valer-se dessa articulação, Javier Cercas faz
ecoar, de modo sutil, a manifestação de dar voz aos anônimos que lutam e morrem na guerra, mas
seus atos, não reconhecidos publicamente, podem ganhar vida se forem lembrados nas páginas de
um livro. A busca de novas estratégias narrativas, em nossa proposta, explica a crítica da realidade do
mundo que envolve a literatura e a exaltação ao leitor, que se torna companheiro do escritor nessa
viagem pela estrada literária.
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Conflitos de Memória: contemporaneidade e regionalismo na narrativa andina peruana


Rosane Maria Cardoso (UNISC)

Este artigo reflete sobre o regionalismo na literatura contemporânea, frequentemente conceituada


como globalizada e fragmentada, e sua complexidade na narrativa hispano-americana,
especialmente a andina peruana. No contexto literário focalizado, as narrativas pautadas pelo debate
sobre a violência, pela memória e pela subjetividade, constroem um intrigante paradoxo entre o
local e o global, entre o campo e a cidade, entre o novo e o antigo, entre o homem e a comunidade.
Assim, propõe-se pensar sobre como as relações entre violência e regionalismo – temas que há
muito são pautados como sinônimo da América Latina e de sua literatura –, se redimensionam na
narrativa contemporânea em que a memória e a tradição, ao se aproximarem do “regional”, também
o subvertem, rompendo com os clichês sobre determinada identificação local.

Entre jornais, suplementos e revistas: breve história das tiras cômicas no Brasil e na Argentina
Rosângela Aparecida Dantas de Oliveira (Unifesp)

É fato que a relação entre quadrinhos e a pesquisa acadêmica no Brasil nos últimos anos se estreitou
sensivelmente. Levantamentos realizados por Vergueiro e Santos (2006) e Ramos (2006) constataram
um notável aumento no número de trabalhos acadêmicos produzidos sobre o tema. Na área de
ensino-aprendizagem de espanhol no Brasil, no entanto, ainda são escassos os trabalhos de
mestrado e/ou doutorado sobre quadrinhos produzidos em espanhol. O trabalho a ser apresentado
nesta comunicação é parte de uma pesquisa de doutorado em desenvolvimento na qual serão
analisadas tiras cômicas publicadas nos jornais Clarín e Folha de S. Paulo, durante os anos 80 e 90. O
objetivo da pesquisa é comparar como se dá a construção do humor em ambas as línguas e analisar o
que as tiras revelam a respeito de cada cultura. No recorte efetuado para este trabalho,
apresentaremos um histórico do percurso das tiras cômicas em ambos os países durante o século XX.
O levantamento foi realizado com base em autores que publicaram estudos sobre o tema tanto na
Argentina como no Brasil, tais como Paulo Ramos, Sonia Bibe-Luyten, José María Gutierres,
Martignone & Prunes, Óscar Steimberg, Waldomiro Vergueiro, entre outros. Ao refazer o percurso
histórico constatam-se singularidades importantes que lançam luzes sobre as diferenças
quantitativas e qualitativas observadas nas produções de tiras cômicas de ambos os países.

Leituras de Mariátegui na obra de Arguedas


Roseli Barros Cunha (UFC)

José Carlos Mariátegui e, principalmente Siete ensayos de interpretación de la realidade peruana,


norteou o pensamento de mais de uma geração de peruanos e, talvez se possa dizer, de muitos
intelectuais latino-americanos. O próprio autor e antropólogo José María Arguedas aponta a
importância da obra de seu conterrâneo em sua produção. A proposta desta comunicação é discutir
como se dá a presença dos ideais mariateguianos na obra de José María Arguedas, mais
especificamente em “El sueño del pongo”, relato recolhido e recriado pelo autor, publicado pela
primeira vez em 1965 em quíchua e em espanhol. Nesse “cuento quéchua”, como é denominado por
Arguedas, a temática é a violência e opressão presente nas relações humanas que permeiam
sociedade na região andina. Para realizar esse trabalho, além da obra de Mariátegui, os aportes
teóricos serão, além dos reconhecidos estudos de Ángel Rama e Antonio Cornejo Polar, as discussões
suscitadas por Sergio Franco (2006), Gracia Morales Ortiz (2011), entre outros.
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“Eu tenho medo de não saber”: a formação de professores de espanhol atrelada a projetos
institucionais
Rozana Aparecida Lopes Messias (Unesp/Assis)

Apesar de todas as políticas recentes de valorização do ensino de línguas estrangeiras, essa ainda é
uma questão que carece de grande investimento e transformações, tanto por parte das políticas
públicas, quanto das instituições que se ocupam da formação de professores de línguas. Nesse
sentido, no contexto de três (projetos) vinculados à UNESP/Assis cujo foco é inserir os alunos de
graduação em práticas de ensino de línguas estrangeiras, desenvolvemos nosso estudo. Tais
atividades efetuam-se, então, no âmbito de um Centro de Línguas e Desenvolvimento de
Professores, no contexto do projeto PIBID – Letras (espanhol) e do projeto PELT- Projeto de Ensino
de Línguas de Tarumã/SP. Todos os alunos participantes dos três projetos frequentam reuniões de
supervisão e orientação periódicas, contexto em que é efetivada a coleta de dados. Como forma de
colher, analisar e interpretar os dados utilizamos os pressupostos da pesquisa qualitativa crítica,
(CARSPECKEN, 2011), nos moldes da Pesquisa Narrativa (CLANDININ & CONNELLY, 1995) por meio de
gravações em áudio, vídeo, relatos, entrevistas, diários. A expectativa, quanto aos resultados, tendo
em vista que o projeto encontra-se em andamento, é a criação de um contexto de ensino-
aprendizagem dialógico, em que os alunos-professores possam refletir sobre suas vivências nas aulas
que ministram, recriando essas experiências à luz de teorias (linguísticas, metodológicas, estruturais)
importantes para a prática e a formação plena de um professor de LE.

El asesinato de Santiago Nasar: el crimen y la ley


Ruben Daniel Mendez Castiglioni (UFRGS)

El estudio de las relaciones entre el derecho y la literatura está tomando dimensiones cada vez
mayores. Diversos investigadores están contribuyendo con nuevos aportes a los trabajos realizados
por Ronald Dworkin. Evidentemente, la literatura tiene más teoría de interpretación que el derecho y
el interés por los análisis literarios por parte de aquellos que actúan en ese ramo hace con que sean
muchas las obras analizadas y las teorías confrontadas. Consecuentemente, presentan listas de obras
en las cuales confluyen los dos saberes, comenzando por la Biblia y la negociación de la ley, el incesto
y el estupro, pasando por el tema del adulterio, con Madame Bovary, o Don Quijote y la justicia
distributiva y las dificultades de una justicia ideal. Algunas cuestiones acerca de la honra, el honor, la
verdad y la justicia (entre otras) pueden ser encontradas cuando se realiza la lectura de Crónica de
una muerte anunciada, de Gabriel García Márquez, con el enfoque mencionado, y es pues,
justamente ese, el objetivo de nuestro trabajo.

Perguntas, ordens e pedidos: atos de fala proferidos por uma brasileira em português e espanhol
Sabrina Lima de Souza Cerqueira (UnB/UFRJ)

Quando interpretamos um enunciado, uma ilocução, recorremos a conhecimentos que estão além
da sintaxe, morfologia ou semântica. É possível modificar um enunciado sem alterarmos palavras,
somente mudando o tom em que os proferimos. O “como falar” muitas vezes causa problemas para
interagentes em uma língua estrangeira, pois pode não ser coincidente com o “como falar” em língua
materna. O ramo da linguística que vai estudar esse “como falar” é a prosódia, já os diferentes
significados de uma mesma curva entoacional serão estudados pela pragmática. Neste trabalho,
pretendemos descrever o contorno melódico de perguntas, ordens e pedidos realizados em espanhol
e em português por uma falante nativa do português brasileiro. Ou seja, verificar quais padrões
entoacionais ocorrem na fala da informante, assim como sua proximidade ou distância com o padrão
descrito para o espanhol de Madri e o português brasileiro (o carioca, mais especificamente), a partir
de descrições feitas em pesquisas anteriores. O corpus deste trabalho é composto por 2 enunciados
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para cada ato de fala, proferidos em português e espanhol por uma falante carioca. Para este
trabalho inicial, nossa hipótese é que o padrão entoacional da informante falando espanhol será
mais próximo ao padrão do português brasileiro. Parte-se dos trabalhos de Brown & Levinson(1987),
Goldsmith; Riggle e C.L.YU (2011), Prieto (2003), Kerbrat-Orecchioni (2005), Ladd (2008), Mey (2001),
Moraes (2012, 2011 e 2008), Oliveira (1995), Pierrehumbert (1980), Prieto & Roseano (2003-2013),
Quilis (1993), Searles (1990) e Sosa (1999).

Idiossincrasia, opcionalidade e regras simples em interrogativas QU- do espanhol/L2 por falantes


adultos do PB: uma (outra) proposta de análise
Samara de Souza Almeida Ruas (UFRJ)

Nas interrogativas Qu- do Espanhol (não caribenho) com função de objeto há inversão da ordem
sujeito-verbo: (1) ¿Qué compró Juan? No entanto, como assinalam Baauw (1998), Goodall (2011),
Bosque & Gutiérrez-Rexach (2009) e Francom (2012), algumas interrogativas QU- do Espanhol com
função de adjunto licenciam a ordem sujeito-verbo. Os dados evidenciam, porém, que nem sempre a
não inversão é gramatical: (2) a. ¿Por qué Juan arregló esta bicicleta? / b. ¿Por qué arregló Juan esta
bicicleta? (3) a. ¿Cuándo vendió Juan este coche? / b. *?¿Cuándo Juan vendió este coche? Dados
coletados junto a falantes adultos do PB aprendizes de Espanhol como L2 mostram desvios da regra
de inversão da ordem sujeito-verbo. Observamos, ainda, um maior índice de inversão em
interrogativas formadas por verbos inacusativos. Considerando os pressupostos da Teoria Gerativa,
analisamos os papéis da L1 e da GU no processo de aquisição da ordem verbo-sujeito em tais
construções. Seria um caso de transferência dos parâmetros da L1 para a L2? Em linha com a Teoria
das Gramáticas Múltiplas (Amaral &Roeper, 2014), é possível postular a existência de subgramáticas
na representação linguística dos falantes de L2 referentes à ordem dos constituintes oracionais em
interrogativas QU- do Espanhol. Nessa linha, buscamos discutir: (i) o fenômeno da opcionalidade de
regras na interlíngua, isto é, o fato de atuarem regras da L1 e da L2; (ii) a produtividade ou não da
regra de inversão nas gramáticas envolvidas (PB e Espanhol); e (iii) a escolha por regras simples.

Organização sindical: uma das facetas do trabalho docente


Samara Lussac Kiperman (UFF)

Esta pesquisa tem como objeto de estudo os discursos produzidos pelo Sindicato Estadual dos
Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (SEPE) – núcleo Duque de Caxias – veiculados por meio
do jornal de tal instituição. O objetivo principal da pesquisa é refletir acerca das imagens discursivas
do professor e de seu trabalho que são constituídas por seus representantes legítimos. Para tal,
relacionamos reflexões dos estudos do trabalho (SCHWARTZ, 1997) com os estudos de linguagem
sob a perspectiva discursiva de orientação enunciativa (MAINGUENEAU, 1989) e, para melhor
entender como se estabelecem as relações de poder conforme as especificidades do contexto de
nossa investigação, recorremos a Foucault (1987, 1996). Consideramos que analisar práticas
discursivas relacionadas ao mundo do profissional da educação nos permite uma maior compreensão
do trabalho docente. Entre os resultados esperados está a compreensão sobre o modo como tais
discursos inserem a atividade de trabalho do profissional de Educação em determinada situação
sócio histórica.

José de Anchieta, mística y poesía


Samuel Anderson de Oliveira Lima (UFRN)

La poética de José de Anchieta, escrita en el siglo XVI y leída hoy por la modernidad, se presenta bajo
la luz del Barroco, en donde es posible hallar las huellas de la poesía mística española, tan bien
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representadas por los poetas españoles San Juan de la Cruz y Santa Teresa de Jesús. Los poemas
anchietanos, iluminados por lo que llamamos “Espírito de la Literatura”, se acercan en su máxima
potencialidad a la poética mística de los poetas españoles de manera que su lectura y análisis reflejan
el aspecto de la modernidad literaria, en el sentido de que es posible aproximar los poetas en un
mismo espacio, en un mismo diálogo, todos conducidos por la luz del Barroco. Este artículo, que es
un desdoblamiento de una investigación desarrollada a lo largo de la maestría en literatura
comparada, tiene como objetivo principal presentar un análisis de los poemas de José Anchieta
escritos en español teniendo como eje central las características de la poesía mística española, en la
cual se armoniza lo divino y lo humano: escribir canciones sagradas a partir de las profanas, o sea,
canciones profanas revertidas a lo divino; tono erótico; presencia de parejas amorosas representadas
por Dios y su iglesia. Y tiene como base teórica el pensamiento de Guillermos Díaz-Plaja, Fernando
Ricco, Ramón Xirau, entre otros.

Crenças e a formação docente


Samylle Bomfim Souza (UFBA)

Os estudos de crenças sobre o ensino-aprendizagem de línguas surgiram na década de 70 no âmbito


internacional, com a pesquisa de Hosenfeld (1978) denominada “mini-teorias de aprendizagem de
língua dos alunos” Já no Brasil os estudos de crenças se intensificaram a partir da década de 1990,
com o foco apenas na sua descrição. Muito embora as pesquisas tenham avançado muito e hoje já
abordem, inclusive, aspectos da cognição ainda é uma área em crescimento e que merece atenção.
Sendo assim, neste trabalho será discutida a importância da pesquisa sobre crenças de docentes de
língua estrangeira/ espanhol em formação, a partir da análise dos documentos oficiais com respeito
ao ensino de língua estrangeira no país e os tipos de crenças relacionadas à língua estrangeira como
concepção de língua, ensino e cultura. Os resultado obtidos servem de embasamento para uma
análise dos cursos superiores de formação docente bem como de como esses professores em
potencial irão orientar a sua práxis diária como professores de língua estrangeira."

Afinal, que texto se lê nos Livros Didáticos de Espanhol? As contribuições da Crítica Textual à
Linguística Aplicada
Sandro Marcio Drumond Alves (UFS)

No Brasil atual, atravessamos um momento em que as políticas públicas governamentais de viés


educativo estão bastante preocupadas com a qualidade dos materiais didáticos e com o conteúdo
que está vinculado neles. Dessa forma, uma ciência como a Crítica Textual passa a ocupar um lugar
de significativa importância nos estudos textuais dirigidos para o ensino de língua estrangeira e
língua materna (DRUMOND & RODRIGUES, 2012). Este fato se deve ao conhecimento de que a
presença de textos (não só escritos) é imperativa nos livros didáticos. No entanto, os trabalhos
dirigidos à investigação da fidedignidade e seus desdobramentos neste suporte ainda não são
expressivos (CAMBRAIA, 2005). Assim, pode-se verificar que as modificações de várias tipologias
sofridas pelo texto alteram significativamente questões relacionadas à sua leitura e entendimento
(MOREIRA, 2010; MENDES, 1986; COSTA, 2012). Nossa proposta de trabalho apresentará os
resultados de pesquisa de dois textos: o primeiro, de caráter não-literário, intitula-se “El Gaudí de la
favela” e está presente no volume 1 da coleção de livros didáticos “Enlaces”. O segundo, pertence ao
cânone da Literatura espanhola (“Don Quijote de La Mancha”), e encontra-se no volume dois da
mesma coleção. É conveniente assinalar que esta coleção foi aprovada pelo Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD 2012). Para a realização da pesquisa, as perguntas formuladas foram: a) de que
forma os textos literários e não-literários aparecem nos livros didáticos de espanhol indicados para
distribuição pelo Governo Federal?; e b) Como os textos editados nos livros didáticos são explorados
em níveis e estratégias de leitura (Kleiman, 1998; Solé, 1999, Cassany, 2012)? Tendo em vista essa
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problematização, estabelecemos como objetivos a serem alcançados: a) Descrever o lugar dos textos
literários e não-literários na coleção escolhida; b) Verificar, com base na Crítica Textual (Moreira,
2010; Mendes,1986 e Cambraia, 2005), como foram preparados estes textos; e c) Analisar de que
forma são explorados os textos no corpus delimitado (Ritcher, 2005). Metodologicamente, primeiro
foi realizado o processo de cotejo (collatio) destes textos. Depois desta análise prévia, foram
catalogados os tipos de erro de edição. Em seguida, as análises se centraram na tipologia de erros de
edição (BLECUA, 2001) e na exploração das questões de leitura propostas para a compreensão destes
textos editados.

Literatura dramática amordazada en el Chile dictatorial


Sara Rojo (UFMG)

En marzo de 2015 se cumplirán 25 años del término de la dictadura militar chilena y en abril del
presente año se cumplieron 50 años del término de la dictadura brasileña. Fechas que trajeron
demasiado dolor y que precisan ser estudiadas a fondo en todos los campos. En este trabajo,
específicamente, nuestra contribución será a partir de un análisis contextual del teatro de ese
período en Chile. Específicamente reflexionaremos sobre las condiciones de creación, el tipo de
producción y las imágenes creadas por la dramaturgia producida durante el período dictatorial. El
análisis se centrará en algunos nombres claves de la dramaturgia teatral que sostuvieron, a pesar de
las mordazas, una creación constante: Isidora Aguirre, David Benavente, Marco Antonio de la Parra,
Ramón Griffero y Juan Radrigán. Cada uno de ellos será analizado en forma individual y en la
interrelación con sus pares capaz de generar un determinado movimiento artístico y social. Este
estudio tendrá como base teórica los estudios históricos e dramatúrgicos realizados sobre el período
(Gabriel Salazar, Luis Pradenas, entre otros), los aportes de lo que hoy se denomina políticas del
contemporáneo (Didi-Huberman-Rancière).

Vomitar en contexto
Sara Stradioto (UNAM)

El comportamiento del verbo “vomitar” en corpora de lengua española presenta usos bastante
curiosos. En su forma transitiva, el argumento objeto directo puede o bien ser un alimento
(significado prototípico) o bien una entidad abstracta (significado metafórico). Con respecto al
segundo caso, los datos muestran que a menudo se vomitan injurias y ofensas, pero nunca se
vomitan palabras de amor. Esto ocurre porque el verbo “vomitar’ tiene una carga negativa. El vómito
es una práctica común en la manifestación religiosa Santo Daime debido a que durante los rituales se
hace uso de la bebida enteógena ayuahuasca. Para los daimistas, la acción de vomitar es sinónimo de
sanidad. El que vomita es merecedor de ello, pues se trata de una limpieza interna propiciada por la
espiritualidad. Vomitar, en este contexto, tiene carga positiva. ¿Qué es el vómito, al final de todo?
¿Es bueno o malo? ¿Cómo se reflejan lingüísticamente los valores que los hablantes atribuyen a esta
acción? El carácter de esta investigación es antropológico y lingüístico. En un primer momento, se
solicitó a hablantes del español mexicano y del portugués brasileño describieran la imagen de una
persona vomitando. La segunda parte de esta investigación consistió en examinar los recursos
lingüísticos empleados en la prueba anterior. El análisis reveló que el valor negativo en ambas
lenguas se origina a partir de una dinámica de fuerzas (Talmy, 1988), y que el uso de “purgar (esp.)” y
“fazer a limpeza (port.)” es resultado de operaciones cognitivas de especificación y mezclaje
conceptual (Turner y Fauconnier, 1994).
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Víctor Álamo de la Rosa y la comarca atlántica.


Sarah Munck Vieira (UFJF)

En el presente trabajo, nos propondremos a investigar el espacio multiterritorial atlántico que García
Ramos (1996) denomina por “comarca atlántica”. Por lo tanto, examinaremos la existencia de la
comunidad atlántica en dos novelas del escritor canario Víctor Álamo de la Rosa: Terramores (2008) y
El año de la seca (2011). En Terramores observaremos la construcción poética de la Isla Menor:
espacio repleto de cuevas volcánicas donde ocurren los furtivos encuentros amorosos y donde
sobreviven los personajes que huyen de las atrocidades de la dictadura franquista. A través del
estudio de Maffesoli (2010), descubriremos que las aproximaciones y las identificaciones sociales y
culturales del personaje isleño con su entorno geográfico construyen un inusitado ethos insular. Por
otro lado, en El año de la seca estudiaremos la constitución estética literaria del atlántico: lugar que
simboliza libertad y a la vez cárcel. Por medio del concepto de multiterritorialidad de Haesbaert
(2007), concluiremos que el océano Atlántico recibe diferentes connotaciones simbólicas y
geográficas: funciona como puente entre el archipiélago canario y el continente americano, pero
también actúa como un monstruoso muro de agua.

Infinitivos y Gramática Funcional


Secundino Vigón Artos (UFCG)

Las estructuras de infinitivo son unas de las piezas gramaticales que más problemas han causado a
los gramáticos españoles de todos los tiempos, desde las primeras gramáticas del español como la de
A. Nebrija (1492) hasta los estudios gramaticales más recientes sobre estas estructuras como los de
Anula Rebollo & Fernández Lagunilla (1997) o los de Rodríguez Espiñeira (2004). Si es bien verdad
que hoy encontramos numerosos estudios que se centran en describir estas estructuras desde un
modelo teórico u otro, también lo es que, a día de hoy, aún no encontramos una teoría coherente
que nos justifique si son piezas sincategoremáticas, si son verdaderos verbos que forman oraciones
subordinadas o si, por el contrario, estamos ante auténticos funtivos nominales. Tal como nos indica
Gutiérrez Ordóñez el problemas está en que "tan innegable es que contraen funciones nominales
como que muchos infinitivos pueden tener sujetos y otros complementos propios del verbo. El
gramático que evite cualquiera de estos aspectos estará ocultando gravemente aspectos importantes
de su naturaleza" [Cf. Gutiérrez Ordóñez, 2007]. Serán, pues, estos aspectos los que dificulten su
clasificación y descripción dentro de las teorías gramaticales. Apoyados en los estudios gramaticales
de la Escuela Funcional de Oviedo (EFO) y, comparando estas estructuras con sus equivalentes en
portugués, como venimos haciendo en anteriores estudios gramaticales [Cf. Vigón Artos, 2007],
trataremos de proponer en esta comunicación una teoría general desde la Gramática Funcional que
permita clasificar, sistematizar y dar coherencia a estas estructuras dentro de la teoría funcionalista,
así como pretendemos presentar una propuesta que permita solucionar algunos de los problemas
que el propio enfoque funcional plantea.

Poética de las migraciones: interdisciplinaridad en una antología temática de poesía del Cono Sur
Silvana Serrani (Unicamp)

Comenzaré refiriendo resultados de análisis de antologías bilingües (Español/inglés y


Español/Portugués) de poesía hispanoamericana, en lo que respecta a elementos de estructura
composicional-discursiva (Bakhtin, Foucault, Pêcheux) que afectan trayectos de lectura. En seguida,
presentaré resultados del primer año del proyecto bienal: Discurso, Antologias e Dicções Poéticas
Hispano-americanas: Poética das Migrações do Cone-Sul (Fapesp/CNPq), una de cuyas consecuencias
es la elaboración de una antología temática de poesía producida en la región a partir de los años 50.
Discutiré articulaciones entre materialidades del discurso poético y desarrollos conceptuales de los
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estudios socioculturales (Williams, Eagleton, Baeninger), referidos al tema migratorio y en relación


con diferentes contextos (ultramarinos, intrarregionales, interregionales, de metrópolis y de
frontera, entre otros). A partir de un corpus amplio de antologías bilingües, monolingües y de obras
individuales de poetas argentinos, chilenos, paraguayos y uruguayos, presentaré ejemplos que
ilustran criterios de selección antológica y que procuran poner en evidencia especificidades del
discurso poético para la comprensión del referido fenómeno sociocultural, pues como recuerda
Octavio Paz, la poesía muestra realidades indecibles e intraducibles, pero no incomprensibles. En las
conclusiones señalaré consecuencias sobre la obvia (aunque a veces denegada) relevancia del
discurso poético y del género antología para la formación de hispanistas, enfocando el contexto
brasileño.

Los diarios íntimos de Rosa Chacel como espacio escritural de encuentros y desencuentros
Silvia Cárcamo (UFRJ)

Los diarios íntimos de Rosa Chacel pueden ser leídos como el relato de los desencuentros y
desajustes de una escritora española que no halló en los medios intelectuales con los que se
relacionó en América (Argentina, Brasil) la posibilidad del diálogo o del reconocimiento. En ese
sentido, representa la contracara amarga de los españoles que, exiliados durante la guerra o después
de la derrota republicana, se integraron a nuevos ambientes intelectuales. Para éstos, la actuación y
el discurso marcadamente antifranquistas les facilitaron, incluso, un lugar en la nueva escena
intelectual. La fidelidad de Rosa Chacel a la literatura pura, la creación de un mundo ficcional y
ensayístico definido acertadamente como “claustrofóbico” (Ricardo Tejada Minguez) y su opción por
el silencio en política acentuaron la marginalidad (Alberto Giordano) de la escritora en América, de la
cual se lamenta en los diarios. Pero es igualmente cierto que la escritora no dejó de establecer redes
y de circular entre Argentina, Brasil y España durante varias décadas, lanzando sobre todo su
particular mirada crítica de outsider. En el presente trabajo focalizamos esta faceta productiva de
Rosa Chacel, algo opacada por la que describimos antes. Estamos interesados en pensar el lugar
contradictorio, problemático y desconcertante en el que se sitúa su figura intelectual. Tenemos en
cuenta los estudios de autobiografía y subjetividades femeninas (Blanchot, Lejeune, Pozuelo
Yvancos) y la tradición del diario íntimo (Catelli, Alberca), así como los estudios de los cruces de los
campos literarios.

Ethos y estereotipos: acerca del discurso ‘villero’ en la serie El puntero


Silvia Ramírez Gelbes (UB)

Manifestado por marcas que suelen inscribirse en los estudios acerca de la subjetividad, el ethos
constituye la imagen discursiva identitaria tanto de los sujetos individuales cuanto de los grupos que
pueden ser socialmente reconocibles. De hecho, en este último sentido sobre todo, puede admitirse
que el discurso es una especie de “’kit de identidad’ que viene complete con el traje apropiado y las
instrucciones para saber cómo actuar, hablar y a menudo escribir, de modo que se encarne un
determinado rol social que otros puedan identificar” (Gee 1990: 142). Muchos estudios se han
llevado adelante desde esta perspectiva: el ethos académico, el ethos corporativo o el ethos
religioso, entre otros. Esto significa, como se ve, que los trabajos sobre el ethos quedan
habitualmente asociados a los individuos de carne y hueso. Sin embargo, poco se ha dicho de la
relación entre el ethos y los estereotipos que pueden resultar evidenciados en los personajes de
ficción televisiva. En esta comunicación, parte de un trabajo en progreso, me propongo explorar las
características discursivas del personaje Lombardo de la serie de ficción televisiva El puntero emitida
por la televisión argentina en el año 2012, con el objetivo de identificar los rasgos discursivos que, en
la serie, resultan vinculados al personaje del ‘villero’. Luego del visionado de los 1900 minutos de la
serie completa, el corpus con el que trabajo queda conformado por los guiones de sus 39 capítulos.
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Aunque las conclusiones no pueden ser sino preliminares, las recurrencias muestran que el discurso
del ‘villero’ está plagado de repeticiones, vocativos y paráfrasis fallidas, lo que parece estar
determinado por la presencia del estereotipo de un individuo carente de recursos lingüísticos,
cercano a la situación del habla de un niño.

Estratégias para entrar e sair do campo literário


Silvina Liliana Carrizo (UFJF)

O trabalho tem como objetivo analisar as representações que os escritores e os críticos literários
formulam na sua prática em relação ao portunhol na literatura com a finalidade de compreender o
efeito que isto produz dentro do sistema de crenças e habitus do campo literário. Procuram-se,
assim, entender diversas representações em torno do conceito de campo literário “nacional” e como
elas são manifestadas a partir desses dois tipos de agentes, partindo do suposto de que os escritores
ao produzir uma literatura numa linguagem que mescla duas línguas nacionais e oficiais como o
espanhol e o português, articulam batalhas culturais de graus diversos que contribuem para
repolitizar e desnaturalizar as relações entre língua, nação e literatura no contexto de modernidade
tardia, e levando em consideração o que poderíamos denominar de “mini-mercosul estético”.
Destacam-se assim as propostas de Néstor Perlongher (1980), o romance Mar paraguayo de Wilson
Bueno (1990), o surgimento da formação cultural do “portunhol selvagem” e a irrupção da literatura
e outras práticas performáticas em portunhol no Uruguai já no nosso século. Para levar a cabo tal
proposta, trabalhar-se-á com as poéticas de Douglas Diegues e Xico Sá - escritores do portunhol
selvagem - e do escritor uruguaio Fabián Severo, em tensão com materiais de domínio público como
entrevistas e apresentações desses autores e com textos de críticos literários.

Testemunho, ficção e realidade: as relações de poder no México contemporâneo em El testigo de


Juan Villoro
Simone Silva do Carmo (UFRJ)

El testigo do escritor mexicano Juan Villoro, publicado em 2004, discute entre outros temas, a
pretensa transição à democracia durante as eleições de 2000, que anunciaram como vencedor o
Partido de Acción Nacional - PAN e o fim da hegemonia de 71 anos do Partido Revolucionario
Institucional - PRI. O romance apresenta um balanço do México a partir dos primeiros anos do século
XXI, debruçando-se sobre o seu processo histórico pós-revolucionário e trazendo a tona uma
indagação, já subentendida no título do romance, a figura da testemunha, que no universo
romanesco criado por este escritor também aparece como intelectual. A obra, além de expor um
pano de fundo histórico e político, aborda temas relacionados com a história recente do país, tais
como: as feridas abertas pela Guerra Cristera; reflexões sobre os meios de comunicação e a
influência do narcotráfico no contexto sociocultural e político do país. Villoro traz para discussão a
problemática relação entre os intelectuais mexicanos e o poder desde o porfiriato, passando pelas
vanguardas mexicanas, pela figura do poeta da pátria, Ramón López Velarde, por grupos importantes
do meio do século como: Hiperión e Casa del Lago, chegando até o ano 2000. Com estas reflexões
objetiva-se, portanto, analisar a relação entre os intelectuais, o poder e os limites entre a ficção e a
realidade no México contemporâneo. Os textos de Giorgio Agamben (2008), Edward Said, Michel
Foucault (1995) e Juan José Saer (1997) serviram como suporte teórico, para a análise.
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A ordem dos constituintes oracionais SVO na interlíngua de brasileiros aprendizes de espanhol


Solange Labbonia (USP)

O objetivo deste trabalho é apresentar uma pesquisa, ainda em fase inicial, sobre a ordenação dos
constituintes SVO (Sujeito, Verbo, Objeto) nas produções escritas de alunos brasileiros de língua
espanhola como língua estrangeira. Com base nos trabalhos de SORIANO, 1993; KATO, 2000;
BERLINCK, 1997; ZUBIZARRETA, 1999; PEZATTI, 1997; PINTO (2009), ORDOÑÉZ, 1994; PADILLA, 2001;
GONZÁLEZ, 1994; BELLETTI e CHIARA, 1994, TORIBIO, 2002, entre outros, pretende-se recuperar e
sistematizar de forma contrastiva (Português x Espanhol), em quais contextos determinadas
ordenações são possíveis e quais estruturas poderiam ser interpretadas como equivalentes desde o
ponto de vista pragmático. Serão consideradas as modalidades oracionais declarativa e interrogativa,
a estrutura informativa da sentença (focalização, tematização, rematização) e questões relacionadas
aos processos de clivagem, aos sujeitos nulos e a outros arranjos estruturais em ambas as línguas.
Após a descrição comparativa, o corpus será analisado a fim de verificar como tais processos se dão
na escrita dos alunos. Já a partir de alguns pré-testes, percebeu-se, por exemplo, que em muitos
casos parece haver Interferências das estruturas da LM dos alunos em suas produções, como é o
caso das orações interrogativas diretas, que em espanhol (variedades não-caribenhas) exigem um
sujeito pós-verbal, mas que os alunos brasileiros tendem a reproduzir a estrutura da Língua
Portuguesa, mantendo um sujeito anteposto ao verbo.

Movimentos da (auto)censura na correspondência entre Camilo José Cela e Américo Castro


Solange Munhoz (CEETEPS / USP)

Publicar na Espanha foi sempre uma meta para um número significativo de intelectuais que se
exilaram em consequência da guerra civil. Para isso, em maior ou menor medida, tiveram que
restaurar ou estabelecer pontes de comunicação com os agentes do campo cultural peninsular,
construir estratégias de escritura e fazer concessões para burlar a organização administrativa e o
sistema burocratizado e hierarquizado da censura da ditadura de Franco. Um dos epistolários
publicados há poucos anos que nos fornece subsídios para conhecer o alcance da atuação da censura
e como afetava a criação e a publicação das obras, bem como as maneiras de minimizar suas ações e
danos, é o escrito por Camilo José Cela e Américo Castro. No total, entre correspondência ativa e
passiva, além de uns poucos documentos enviados por parentes desses autores, 327 cartas
compõem o bloco referente a essa comunicação no livro Correspondencia con el exilio de 2009. O
material original faz parte do acervo do arquivo/biblioteca da Fundación Pública Gallega Camilo José
Cela e foi produzido entre as décadas de 50 e 70. Por meio dessa correspondência, pretendemos
identificar e examinar as referências aos movimentos da censura oficial à circulação dos manuscritos
– em suas facetas de censura prévia e de censura definitiva –, bem como os movimentos de
autocensura proposto por um dos autores ao outro ou ainda autoimposto.

Nuevos puentes culturales en las clases de ELE


Sonia Maribel Muñoz Croveto (IFBA-Vitória da Conquista)

Desde que Canale (1983) contempló como uno de los pilares del método comunicativo, la sub
competencia sociolingüística que, tiempo después, fue catalogada como sociocultural, la relación
entre lengua, cultura y sociedad se ha afianzado de tal manera en las clases de lenguas extranjeras
que es imposible “hablar de uno sin hacer referencia a los otros” (GARGALLO:2004, p.36). Por tanto,
el aprendizaje de una lengua extranjera implica aprender una nueva cultura, enriquecerse con lo
diferente, contrastar la cultura del aprendiz con la cultura del otro, respetando y comprendiendo los
diferentes estilos de vida. La cultura del aprendiz, antes relegada, pasó a tener un rol más activo en el
aprendizaje. En consonancia con esta perspectiva, en esta comunicación se presenta los resultados
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preliminares del proyecto “Postales en el mundo”, desarrollado en 2013 por los alumnos del curso
técnico integrado del IFBA-Vitória da Conquista, que busca dar visibilidad a la cultura bahiana, a
través del envío de postales escritas en español a diferentes partes del planeta. La elección de este
género textual se debe a que, a pesar de la predominancia de la comunicación virtual, constituye
“uno de los hobbies más populares del mundo” (JACQUILLAT; VOLLAAUSCHEK, 2008, p. 9).

Representação e Autorrepresentação do Feminino nas Letras da Cumbia Villera e do Funk Carioca:


A conquista de espaço no processo de representação feminina nas músicas populares das culturas
argentina e brasileira
Sorraine Alcantara de Castro (UFRJ)

A partir dos conceitos de “baixo corporal” de Bakhtin, do conceito de “subalterno” de Gayatri Spivak,
além do enfoque sobre dois ritmos musicais populares que as pessoas escutam e dançam nas
periferias como elemento fundamental para a compreensão das mudanças de escala identitária, este
trabalho centrará sua análise na forma pela qual acontece a conquista de espaço no processo de
representação das mulheres dentro desses estilos musicais da Argentina e do Brasil. Nos dois ritmos
musicais encontra-se uma afirmação de identidade muito ligada ao território, ao gênero e à
sexualidade. Pode-se dizer que trata-se de manifestações culturais características de um grupo social
(predominantemente jovens e de classes populares), uma vez que a cumbia villera e o funk carioca
são formas de manifestação da realidade comunitária que representam um meio para estes grupos
sociais de construir e divulgar suas noções de pertencimento e identidade. Este trabalho tentará
mostrar como esses dois ritmos por expressarem elementos constitutivos e característicos dessas
duas culturas transitaram por caminhos bastante diferentes. Interessa também destacar o modo
como se dá a participação das mulheres na cumbia villera e no funk pornográfico, problematizando
como essa participação garantiu visibilidade e um papel diferenciado para a figura feminina nos
temas difundidos pelos dois estilos musicais, e, finalmente, como esse discurso feminino ou sobre o
feminino colaborou para a formação de uma percepção do corpo, de questionamento dos papéis do
homem e da mulher numa sociedade patriarcal e machista.

Representações ficcionais de D. Pedro em O Chalaça e El imperio eres tú


Stanis David Lacowicz (UNIOESTE)

De acordo com os estudos sobre as relações entre literatura e história, enquanto formas discursivas
cujas fronteiras porosas possibilitam um constante diálogo, nosso trabalho propõe-se a analisar
reconstruções ficcionais de Dom Pedro I, Imperador do Brasil, nos romances O Chalaça (1994), do
Brasileiro José Roberto Torero, e El imperio eres tú (2010), do espanhol Javier Moro. O romance de
Torero reescreve situações do Primeiro Império brasileiro a partir da perspectiva de Francisco Gomes
da Silva, o Chalaça, amigo de D. Pedro I, seu secretário particular e de alcova. . Desse modo, a
personagem histórica de D. Pedro é ficcionalizada e reconfigurada, atentando a sua intimidade e as
imagens grotescas e naturais do corpo humano, como a defecação e o sexo. A narrativa compõe-se,
portanto, pela perspectiva bakhtiniana da carnavalização, pela qual o discurso resgata os aspectos
menos nobres da realidade, privilegiando o baixo corporal, os locais onde o corpo entra em contato
com a terra. El imperio eres tu (2011), de Javier Moro, focaliza os relacionamentos amorosos e
sexuais do Príncipe, as mulheres que ele teve e que o levaram tanto à perdição quanto à glória.
Nesse romance, a utilização de um narrador heterodigético e uma perspectiva "não focalizada" (ou
focalização zero), já demonstram certo pendor tradicionalista no trato para com o material literário,
ainda que se volte também a certos aspectos íntimos da vida da realeza. Por meio da análise
comparativa dessas narrativas, buscaremos explicitar o processo de mediação efetuado pela ficção
em relação aos discursos da história, analisando as aproximações e distanciamentos na maneira
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como os dois romances recriam a personagem histórica de D. Pedro, preenchendo-lhe com novos
sentidos.

De una antología en papel a una antología virtual


Stefano Tedeschi (Università di Roma – La Sapienza)

En 2008 terminé una antología destinada a estudiantes italianos del curso de Literatura
Hispanoamericana de nuestra Universidad, y durante los años siguientes usé este texto para la parte
del curso desde el Descubrimiento hasta el Modernismo. A partir de 2010 empecé a utilizar la
plataforma Moodle, antes como simple herramienta de apoyo pero, a partir de las mejoras de las
posibilidades de la plataforma, la antología publicada en papel se ha transforrmado en una antología
virtual y multimedial. Esta relación quiere presentar las posibilidades y los problemas que supone el
paso del soporte en papel al soporte digital, con especial atención al tema de la producción de
material antológico. Se establecerán entonces antes de todo las condiciones de producción y de uso
del texto, sus destinatarios y los problemas editoriales correspondientes, para presentar
seguidamente las cuestiones críticas que acompañan cualquier proyecto de antología pensada en un
contexto diferente del lugar de enunciación de los textos mismos. Todas estas cuestiones han tenido
sus correspondencias en la adaptación del proyecto a la plataforma virtual, y sin embargo las
potencialidades del nuevo soporte han ido cambiando no solo las respuestas posibles, sino que han
abierto caminos antes impensables, y al mismo tiempo han puesto la cuestión crítica del papel de la
enseñanza de la literatura en el mundo contemporáneo, donde otras formas artísticas parecen tener
una importancia mayor respecto al texto escrito.

A ‘inovação’ de Bello (1847) nos domínios retórico e metalinguístico: uma interpretação


historiográfica
Stela Maris Detregiacchi Gabriel Danna (USP)

Como sabemos, Andrés Bello (1781 − 1865) foi um erudito de sólida formação e autor, dentre outras
obras, da "Gramática de la lengua castellana destinada al uso de los americanos" (1847) − destacado
manual gramatical do castelhano, produzido em solo americano e considerado pelas crônicas
históricas como uma obra ‘inovadora’. A presente comunicação, ancorada em conceitos e bases
metodológicas da Historiografia Linguística e vinculada a uma pesquisa de mestrado, propõe analisar
o ‘caráter’ inovador desta Gramática considerando-se: (i) a ‘escolha de retórica’ (Murray, 1994), ou,
em outras palavras, o modo de diálogo que Bello estabeleceu com estudiosos da linguagem,
explicitamente citados na gramática castelhana que escreveu; e (ii) a ‘metalinguagem’ empregada
pelo autor para sistematizar dados de língua, em especial, aqueles reunidos sob o rótulo de ‘artigos’.
A seleção deste tema gramatical deveu-se por sua ampla repercussão em estudos linguísticos
posteriores à sua obra (cf. Carreter s/d, Martínez 1989, entre outros). Os resultados da análise
realizada apontam para o alinhamento ‘retórico’ de Bello à tradição gramatical espanhola, ao passo
que a sistematização que faz da língua castelhana, principalmente dos ‘artigos’, evidencia que este
gramático estabelece parâmetros que vão além dos utilizados pelos autores desta ‘tradição’.

Do contexto sócio-político para os tablados: o que a murga Los Diablos Verdes traduz?
Sueli Fontes de Araújo (UFBA)

O carnaval do Uruguai é considerado o mais longo do mundo. Foi declarado de Interesse Nacional
pela Presidência Uruguaia e considerado como a máxima festa popular em 2007. Entre as suas
distintas manifestações, a murga é um dos gêneros mais populares. A murga uruguaia é uma mescla
de teatro, coral e música. É um meio de comunicação com vistas a transmitir a canção do bairro
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recolhendo a poesia da rua e cantando os pensamentos do asfalto. Realizam assim uma tradução
humorística da vida política, econômica e social do país. Este trabalho pretende analisar de que
forma foi traduzido o contexto sócio-político uruguaio para a letra de um fragmento do espetáculo
de 2014 que compõe o livreto da murga Los Diablos Verdes, fundada em 1939, e desses para as
apresentações nos teatros e tablados, bem como, identificar as etapas envolvidas no processo. O
trabalho foi realizado em etapas que envolviam a identificação e seleção nas letras do livreto; a
análise dos trechos selecionados e busca dos possíveis textos de partida e a análise das traduções do
contexto até as apresentações. Identifiquei três etapas no processo que apresento, bem como seus
textos de partida e chegada. Entre as considerações finais estão que a leitura que realizei indica que
o fragmento analisado é a tradução indicial e simbólica do contexto sócio-político uruguaio e que
apesar do texto produzido da leitura do contexto ser verbal, ocorre tradução intersemiótica, pois as
letras são musicalizadas e outros elementos são incorporados ao texto.

As perífrases [estar + gerúndio/estar + gerundio] com auxiliar em pretérito perfeito simples no


Português Brasileiro e no Espanhol Platino
Talita Vieira Moço (USP)

Neste trabalho, que tem por base nossa dissertação de mestrado, analisamos as perífrases [estar +
gerúndio/estar + gerundio] com auxiliar em pretérito perfeito simples no Português Brasileiro e no
Espanhol Argentino, mais especificamente nas variedades de São Paulo e Buenos Aires. A partir de
ocorrências retiradas de textos dos jornais Folha de São Paulo e La Nación, descreveremos as
condições de uso e os valores semânticos representados pela perífrase numa amostra coletada da
modalidade escrita de ambas as variedades escolhidas. Considerando as características da nossa
amostra, partimos da hipótese de que, ao lado de muitas coincidências, há também aspectos em que
as formas diferem a ponto de que, em alguns casos, um conteúdo semelhante seja expresso em cada
língua de modo distinto. Da análise das perífrases em tempo perfeito, verificaram-se três principais
valores aspectuais imperfectivos, sendo eles o durativo, o iterativo e o destelizador. Os resultados
revelaram, ainda, que, entre esses valores, destaca-se, em ambas as línguas, uma forte tendência à
expressão da duratividade de eventos representados como contínuos. Constatou-se, também, que a
perífrase perfectiva no PB apresenta um emprego mais restrito, o que se justifica inclusive pela sua
maior incompatibilidade com determinadas bases léxicas. Na variedade platina observada, além dos
frequentes enunciados de caráter durativo, encontrou-se uma quantidade maior de ocorrências que
permitem, com mais frequência, as leituras iterativa e destelizada dos predicados.

O Spanglish nos EUA: identidades em (re)construção


Thábata Christina Gomes de Lima (UFF)

Este trabalho é resultado de uma pesquisa realizada durante o Mestrado em Estudos de Linguagem,
na Universidade Federal Fluminense, cujo objetivo foi analisar um fenômeno linguístico muito
debatido e polemizado nos Estados Unidos: o Spanglish. Apesar de estar muito associado a uma
possível “deficiência linguística” dos seus falantes, o Spanglish vem marcando presença nas
comunidades hispanas dos EUA, sendo frequente seu uso nos meios de comunicação, na música e na
Literatura. Isso tudo vem demonstrando que este fenômeno está-se convertendo em algo mais que
uma simples “mistura de línguas”: em um símbolo de identidade “mestiça”. (BETTI, 2009) Logo,
durante a dissertação, objetivou-se analisar este fenômeno enquanto marca de identidade cultural
de muitos hispano-falantes nos EUA, através do estudo das principais representações, ideologias e
políticas linguísticas relacionadas a ele. Para isso, foram analisados, principalmente, artigos e
comentários de periódicos online que falassem sobre o Spanglish entre os anos de 2010 e 2013, e
documentos e/ou informes divulgados em sites de associações culturais hispanas nos EUA e do
governo norte-americano. Com base nos estudos realizados, pode-se perceber que, ainda que seja
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muito criticado e haja muitas tentativas de “coibir” seu uso, o Spanglish tem-se tornado um símbolo
de identidade de muitos hispano-falantes nos Estados Unidos, pois reflete a marca de uma
“população” que, em meio a diferentes comunidades de fala, acaba por produzir uma peculiar
maneira de falar, de expressar-se, de viver.

Proximidade linguística e pontos de contraste em traduções de canções do espanhol ao português:


Da Nova Trova à MPB
Thais Marçal Passos Sarmento (USP)

Muitos não consideram como tradução as canções em língua materna que tenham a mesma melodia
de uma canção previamente gravada e divulgada em uma língua estrangeira. Provavelmente porque
a equivalência nem sempre se estabelece de maneira estreita, palavra por palavra, no nível léxico-
gramatical. No caso de canções em espanhol vertidas para o português, em uma perspectiva
linguística, a proximidade entre as línguas nos permitiria falar de tradução, pois a equivalência no
nível léxico-gramatical se estabeleceria em muitos casos. No entanto, devemos levar em conta que
“as relações entre o português e o espanhol se caracterizam (1) por uma proximidade mais
superficial (plano do significante no nível do léxico) do que real; (2) por uma distância lexical (maior
transparência) diferente da distância sintática e discursiva (divergência em importantes pontos
específicos)”. (CINTRÃO, 2006: 100). Por isso, mesmo que essa proximidade facilite a tradução de
canção para ser cantada, nos casos em que há pontos de contraste o tradutor pode se deparar com
desafios a serem resolvidos baseando-se não só no elemento linguístico. Isso porque a tradução de
canção para ser cantada conjuga questões específicas em diferentes aspectos que devem ser levadas
em conta (LOW, 2005). Propomos apresentar alguns exemplos de análises das traduções feitas por
Chico Buarque de canções de artistas da Nova Trova cubana à luz do Princípio de Pentatlon (LOW,
2005) para mostrar como a música determina as estratégias de tradução, mesmo quando se trata de
línguas próximas como o português e o espanhol.

Las relaciones semánticas en el desarrollo de la competencia léxica de los estudiantes del


COLUN/UFMA
Thiago Augusto dos Santos de Jesus (COLUN/UFMA)

El presente trabajo tiene como objetivo general analizar si las relaciones semánticas como la
hiponimia y la hiperonimia favorecen el desarrollo de la competencia léxica de los estudiantes de la
enseñanza media del Colegio Universitario de la Universidade Federal do Maranhão. Según Luque
Durán (2004), la hiponimia es una relación semántica muy relevante para aclarar conceptos como
distinción, profundidad taxonómica y taxonomías populares y la hiperonimia envuelve los procesos
mentales de superordinación y coordinación en la organización de los elementos léxicos. En este
sentido, Aitchison (1987) y Miller (1991) afirman que dichas relaciones semánticas explican como los
conocimientos lingüísticos son almacenados en la mente de los aprendices, así como los procesos de
conceptualización y categorización de las palabras. Entre las estrategias cognitivas para realización de
los dichos procesos, los autores mencionan la piramidización léxica y los mapas mentales. Así, el
vocabulario debe ser el componente lingüístico más destacado en el aula, porque está presente en
todas las habilidades lingüísticas receptivas y productivas. Para llevar a cabo la investigación, se ha
optado por un estudio descriptivo y explicativo, de enfoque cualitativo y diseño de investigación no
experimental. Participaron de la investigación 28 alumnos del primer año de la enseñanza media,
constituyendo así la población y la muestra de la investigación. Las técnicas fueron el análisis de las
actividades y la observación del contexto de aprendizaje. La investigación fue realizada en octubre de
2013.
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Projeto pedagógico de curso em relações interprofissionais: um estudo de caso sobre o ensino de


espanhol e de latim
Thiago da Silva Pinheiro (UFF/UERJ)

A pesquisa que apresentamos é parte das investigações sobre ensino em universidades públicas
brasileiras. Nosso objetivo geral é comparar o Projeto Pedagógico de Curso – PPC – de Letras da
Universidade Federal Fluminense – UFF – nas habilitações em Espanhol e em Latim, uma língua-
história e uma língua moderna. A partir dessa comparação, podemos perceber o quanto há de
“novidades” nas concepções de língua e ensino definidas nos cursos em questão. Os objetivos
específicos estão situados em (a) uma análise da constituição de sujeitos discursivos construídos a
partir do documento investigado, bem como (b) uma construção brevíssima de um panorama das
relações de poder que podem ser criadas a partir do documento que serve de base para o
direcionamento dos trabalhos dos professores formadores alocados nos cursos de graduação da
instituição. A opção em analisar o PPC da UFF se justifica por encontrar nestes cursos de Letras uma
única opção de formação: a dupla habilitação em licenciatura – Português-Espanhol e Português-
Latim e suas respectivas Literaturas. Para a análise, utilizaremos por base teórica a análise do
discurso francesa de orientação enunciativa (MAINGUENEAU, 1996, 1997, 2001, 2010, 2011, 2012) e
a filosofia das relações de poder (FOUCAULT, 2000a, 200b, 2013; AGAMBEN, 2005).

Narcocultura e deslocamento: o desafio da representação das temporalidades de um presente


violento
Thiago José Moraes Carvalhal (UFRJ)

As narrativas que se alinham ao que, nos meios massivos e na indústria cultural, convencionou-se
nomear como narcocultura abrangem um amplo leque de construções discursivas centrado
principalmente, e como foco deste trabalho, nas chamadas narconovelas e osnarcocorridos. A partir
do questionamento acerca dos modos através dos quais a literatura contemporânea encara o desafio
de representar as temporalidades de um presente marcado por culturas cada vez mais particulares
(LUDMER, 2013), abordamos três romances mexicanos – Juan Justino Judicial (1996), de Gerardo
Cornejo, Fiesta en la madriguera (2010), de Juan Pablo Villalobos, e Trabajos del reino (2010), de Yuri
Herrera. Nosso intento é investigar de que maneira as produções simbólicas de uma cultura
favorecem o contato com a textura da vida tal como ela se apresenta em um território de fluxos
vários. Nestas três narrativas se estabelecem diálogos com o discurso dos narcocorridos a partir dos
quais se encontra um importante fator de deslocamento na leitura da realidade da fronteira norte do
México – enquanto um contexto histórico particular, fundado na violência e em certos códigos de
conduta associados ao delitivo e ao narcotráfico. Essa leitura favorece a percepção de um imaginário
socialmente construído: o de uma realidade atravessada pelo horror e, simultaneamente, pela
representação imagético-discursiva processada no interior da própria comunidade. Assim, letras de
músicas e obras literárias como as que constituem o corpus desta pesquisa apontam para o
“deslocamento” como chave de leitura e representação, estratégia que, conforme propõe Ricardo
Piglia, aparece como proposta central para a produção da literatura do novo milênio a partir do
entre-lugar nas margens sociais, geográficas e culturais da periferia do capitalismo, bem como uma
das maneiras mais prolíficas planteadas enquanto modo de lograr êxito frente ao desafio de se
representar o presente.

Identidades em LDs de Espanhol: quadrinhos e leitura


Valdiney da Costa Lobo (UFF)

Esta comunicação enfoca na análise de atividades de leitura acerca de identidades (HALL, [1992]
2006; SILVA, 2000) representadas no gênero discursivo multimodal (ROJO, 2010; MOURA, 2010)
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quadrinhos (RAMOS, 2009), do livro de 9O ano da coleção didática de Espanhol “Cercanía”, aprovada
pelo PNLD 2014. Para proceder à análise, além dos pressupostos teóricos supracitados, aproprio-me
da teoria de Bakhtin sobre gêneros discursivos ([1979] 1997), a partir de um diálogo com as
metafunções textuais de Halliday (1985). Alinho-me, assim, à proposta de Rocha & Tilio (2009) e Tilio
(2013), que sugerem as dimensões ideacional-temática, interpessoal-composicional e textual-
estilística. Além disso, também estabeleço uma relação dialógica com a Análise Crítica do Discurso
(FAIRCLOUGH, 2001). Na perspectiva crítica, o discurso apresenta-se como uma forma de ação social,
uma maneira de agir sobre o mundo, assim como de representá-lo. Portanto, esta comunicação tem
o objetivo principal de analisar em que medida os quadrinhos e as atividades de leitura sobre as tiras
em quadrinhos, do livro didático “Cercanía”, questionam/problematizam as representações de
identidades das personagens. Por fim, espera-se que as atividades de leitura, assim como as tiras em
quadrinhos, contribuam para promover a negociação de significados e a construção de um olhar de
criticidade sobre os perfis identitários representados.

La persistencia del origen. Severo Sarduy y el método


Valentín Díaz (UBA)

El trabajo desarrolla una lectura de la producción teórica de Severo Sarduy a partir de una indagación
sobre la participación de Neobarroco (tal como es concebido por el autor cubano) en la tradición de
la arqueología filosófica (que encentra en Giorgio Agamben 2008 su reformulación más reciente).
Una de las preguntas más inquietantes que Sarduy formula persistentemente en su obra es la del
origen y, con ella, despliega una serie de imágenes organizadas en torno al Big Bang como punto de
irradiación. En efecto, a partir de una remisión permanente al discurso científico (concebido en el
registro de lo imaginario) el Big Bang supone en Sarduy la posibilidad de ver y oír los rastros (luz y
sonido) del estallido originario del Universo y por lo tanto hacer de ese origen una experiencia
siempre presente. Sarduy participa, de este modo, en la tradición arqueológica (ruina y, al mismo
tiempo, persistencia del origen como tarea del pensamiento). Sin embargo, la participación de
Sarduy en esa tradición supone también (ésta es la hipótesis que el trabajo sostiene) el despliegue de
una tradición específicamente americana que, por ejemplo, ya en José Lezama Lima funcionaba
como posibilidad de hacer de América (asumido el caos y la fatiga europeos) el espacio privilegiado
para una crítica (y una reinvención) del origen. El (Neo)barroco, en este sentido, se vuelve un
método, un modelo de lectura que hace posible la persistencia, siempre nueva, del origen como
experiencia.

Os Quixotes de Cervantes e Avellaneda - autênticas poéticas da escrita


Valéria da Silva Moraes (Faculdade Sumaré )

Nosso objetivo é discutir as relações entre os Quixotes de Miguel de Cervantes e de Alonso


Fernández de Avellaneda considerando que, apreciados em conjunto, estes livros se erigem como
verdadeiras poéticas da escrita. Tais obras são arquitetadas estabelecendo um intenso diálogo entre
si como um enramado de fios que, entrelaçados, compõem a narrativa quixotesca. A obra de
Avellaneda se constitui como peça fundamental para Cervantes compor a segunda parte de sua
novela. Deste modo, o elemento cômico é parte da tessitura narrativa das obras e o que configura,
entre outras coisas, a invenção na qual elas foram compostas. Nesse sentido, pautamo-nos nos
prólogos dos Quixotes cervantinos e avellanedesco e na recepção da obra apócrifa no Brasil, a partir
da tradução de Eugênio Amado, que outorga a este livro um “inegável valor literário desde que
considerado como uma paródia da história escrita pelo manco de Lepanto” com o intuito de
compreender como as obras devem ser lidas como representantes de seu tempo. Após a publicação
do Quixote dito apócrifo, em 1614, Cervantes se coloca como o primeiro crítico da versão
desautorizada e a usará como matéria poética na composição da continuação do Dom Quixote de
sua autoria. Assim, estudiosos se dedicaram ao “enigma de Avellaneda” a fim de descobrir o nome
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de quem se ocultou sob um pseudônimo ao publicar a segunda parte das aventuras de Dom Quixote
e Sancho. Parte da crítica se afinou ao discurso de Cervantes ao apontar que a versão apócrifa possui
menor qualidade e, em alguns casos, classificaram-na erroneamente como um simples plágio.

A Guerra da Espanha En la orilla: o pântano e os condomínios.


Valeria De Marco (USP)

O corpus em estudo é o romance En la orilla de Rafael Chirbes. O enredo da obra concentra-se em


torno de deambulações. As mais explícitas são protagonizadas por Esteban, personagem principal.
Uma se objetiva no deslocamento físico da personagem em um espaço restrito a uma faixa entre sua
casa, um pântano e uma praia do Levante ocupada pelos empreendimentos da construção civil dos
anos da última “bolha” imobiliária; outra consiste em suas incursões no território da subjetividade, o
de projetos frustrados, o da memória familiar e o dos fracassos econômicos. Outras deambulações
menos explícitas desenvolvem-se na instância da enunciação narrativa, movimento que deixa
brechas, ora invadidas pelas vozes da esfera da subjetividade de Estaban, ora por uma falsa
onisciência que sublinha vazios, solicitando do leitor a convivência com lacunas do enredo. Nessa
escritura datada de 2010, nessa sintaxe narrativa atormentada, incrustam-se ficções e imagens da
Guerra Civil Espanhola. O discurso da intimidade, fragmentário e descontínuo, desse tempo de
falência de ambições de consumo, seria a forma que resta para transmitir a utopia derrotada na
guerra da Espanha?

A Habilidade Leitora em Espanhol LA no Suporte da Plataforma Moodle


Valéria Jane Siqueira Loureiro (UFS)

Neste trabalho trataremos a interação como fator primordial para o desenvolvimento da habilidade
leitora em espanhol como língua adicional. As atividades colaborativas propostas e desenvolvidas no
meio virtual de aprendizagem, a Plataforma Moodle, levam os estudantes do Curso de Espanhol
Instrumental (CEI) que se oferece para a comunidade interna da Universidade Federal de Sergipe na
modalidade a distancia a desenvolver a compreensão escrita, além do que seria capaz de realizar
individualmente. A partir da perspectiva de ensino/aprendizagem socioconstrutivista de Vygotsky, do
conceito de linguagem de Bakhtin e da educação Inter/Multicultural, se concebe que os estudantes
se ajudam mutuamente com o conhecimento que cada um aporta nas atividades. A realização das
atividades pressupõe um ambiente colaborativo onde o professor e os próprios estudantes
participam mutuamente. Assim, questionamos como proporcionar uma aprendizagem da habilidade
leitora que capacite os estudantes a compreender de forma consciente e autônoma em espanhol. A
demanda de uma prática de ensino que se ajuste às necessidades do alunado passa pela mediação
do uso das NTICs para fomentar o processo de ensino. A inclusão das tecnologias na elaboração do
material didático de uma forma mais ajustada à realidade dos estudantes promove o emprego de um
novo recurso para interação na aula de espanhol. Abordamos o uso e a criação de material didático
on-line para o ensino da leitura para as aulas de espanhol a partir da experiência do CEI. Esperamos
que os estudantes adquiram os mecanismos da competência leitora de forma cooperativa nesta
proposta de ensino a distância, pois fazem parte da atual sociedade da informação e do
conhecimento.

Las oraciones relativas – la “evitación” de su producción por estudiantes de ELE


Vanessa Nogueira (USP)

Las oraciones relativas con preposición no son un tema fácil para los brasileños en su lengua materna
(Perroni, 2001) y tampoco lo son en ELE, ya que el estudiante debe, además de lidiar con una
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estructura con la cual tiene dificultad, hacerlo mientras adquiere una lengua extranjera. Kenedy
(2008) relata que, en su estudio, los brasileños presentaron dificultad para diferenciar las oraciones
relativas estándar gramaticales de las agramaticales, lo que demuestra incapacidad para detectar
automáticamente la agramaticalidad de tales oraciones. De acuerdo con Liceras (1986) el hablante
tiende a evitar una estructura con la cual tiene dificultad y para esto, puede usar otras estructuras,
pausas, etc. En este trabajo, hablaremos sobre las dificultades que presentan los brasileños con
relación a las oraciones relativas de ELE y realizaremos un análisis de las “evitaciones” escritas
producidas por esos brasileños en ELE. Seleccionamos también los datos de un grupo de nativos de E,
argentinos, con el objetivo de comparar sus oraciones de “evitación” con las oraciones de los
estudiantes de ELE. El material analizado en este trabajo forma parte del corpus recogido para
nuestra maestría, dónde se observó un gran número de oraciones que “huían” de la estructura con el
relativo.

Uma reflexão funcionalista sobre o reconhecimento perifrástico do verbo modal deber


Vanessa Querino Durigon (UNESP/IBILCE)

Neste trabalho, investigaremos a natureza de auxiliaridade verbal da construção deber + infinitivo


em dados do espanhol falado peninsular extraídos do córpus pertencente ao projeto PRESEEA
(Proyecto para el estudio sociolingüístico del español de España y de América). Acreditamos, assim
como Olbertz (1998), que o conceito de auxiliaridade relaciona-se com aspectos sintáticos e
semânticos. Dessa forma, consideramos a proposta da autora de que as perífrases verbais podem ser
parcialmente perifrásticas ou completamente perifrásticas. De acordo com Olbertz (1998), as
expressões parcialmente perifrásticas dizem respeito aos verbos semiauxiliares e tratam de
construções em que o contexto não licencia sintaticamente uma leitura não-perifrástica. Já as
expressões completamente perifrásticas dizem respeito às construções que licenciam leitura de
perífrase em qualquer contexto linguístico. Com base nessa definição de perífrase verbal, buscamos
responder em que medida o verbo deber pode ser considerado auxiliar ou semiauxiliar. Propomos
também relacionar o estatuto de auxiliaridade do verbo deber com os subtipos modais propostos
por Hengeveld (2004). Para o reconhecimento perifrástico, aplicaremos procedimentos formais, bem
como aspectos semânticos e pragmáticos, tais como testes de pronominalização, de omissão da
construção infinitiva, de coincidência de argumentos, entre outros que se fizerem pertinentes para a
pesquisa (com base em Fernández de Castro, 1998; Olbertz, 1998; Gómez Torrego, 1999).

El Coloquio de los perros - um pequeno entremez


Vania Pilar Chacon Espindola (USP)

Diversas composições escritas do chamado século de ouro espanhol foram marcadas por sua
natureza cômica, em função de retratarem os vícios, costumes e fraquezas da sociedade cortesã do
período, como é o caso da novela: El Coloquio de los Perros. Nesse sentido, foi escolhido para o
presente trabalho um dos episódios de maior comicidade da novela, ou seja, o momento em que o
cão Berganza esteve a serviço de um oficial de justiça corrupto. Como as próprias qualidades desse
amo não deixam quaisquer dúvidas, o tema da corrupção, a prostituição e outras questões morais
serão abordadas nessa passagem da novela. Evidentemente, a conduta viciosa das personagens
secundárias é observada através do olhar atento e muitas vezes ingênuo do protagonista, sem contar
com suas inúmeras insinuações maliciosas, sempre pontualmente repreendidas pelo interlocutor
Cipión. Assim, a história do oficial de justiça é repleta de cenas burlescas, em que a utilização do
elemento cênico será responsável pela transformação do episódio em um pequeno entremez. Com
base nessas características, este trabalho se limitará em apresentar um maior aprofundamento a
respeito desse gênero, tido como menor nos séculos XVI e XVII, cuja autoria nem sempre era
assumida pelos seus compositores, muito embora Cervantes não só os reconhecia, como os
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intitulava: "hijos legítimos de su ingenio", com a intenção de que "se vea de espacio lo que pasa de
prisa".

Ementas de disciplinas como práticas discursivas constituidoras de uma noção de atividade de


trabalho de professor de línguas
Vera Lucia de Albuquerque Sant’Anna (UERJ)

Esta apresentação expõe uma opção para pensar caminhos que estabeleçam relação entre uma
concepção discursiva de linguagem e a perspectiva ergológica de estudos sobre o trabalho, tendo
como foco de análise ementas de disciplinas do currículo de Letras de uma instituição específica.
Esse recorte pretende apontar tendências à aproximação e afastamento da situação de trabalho do
professor, a partir da observação de conteúdos validados por ementas de disciplinas de língua, de
práticas como componentes curriculares e de estágios. Como conceitos norteadores da análise,
ressaltamos, no campo da análise do discurso o de prática discursiva (MAINGUENEAU, [1984] 2005),
o de memória discursiva (ACHARD et al, 1999), e no campo dos estudos do trabalho (SCHWARTZ,
2012), os de epistemicidades, aderência e desaderência. A proposta considera as ementas como
integrantes de práticas discursivas que remontam a memórias que alimentam valores, atribuídos a
modos de conceituar ensino de língua, língua, e, como consequência, papel do professor.

O discreto charme da narcocultura


Víctor Manuel Ramos Lemus (UFRJ)

A partir da década de 50, a emergência da denominada “filosofia do mexicano” fez com que ensaios
como El labirinto de la soledad, de Octavio Paz, ou romances como Pedro Páramo, de Juan Rulfo,
entre outros, fossem lidos enquanto reflexão sobre essa enteléquia chamada “o mexicano”. Muitos
dos elementos que compõem os signos desse constructo foram celebrados ao longo do século XX por
artistas e intelectuais como Antonin Artaud, ou transformados em estereótipos pelo cinema
hollywoodiano. Em sua vasta e diversificada obra, Juan Villoro tem questionado os postulados da
“identidade do mexicano”. No entanto, em um movimento que arranca pelo menos desde El testigo,
de 2004, a reflexão sobre a violência e o narcotráfico que vem tomado conta da vida política,
econômica e cultural do México tem sido nota importante em seus ensaios, relatos e romances.
Nesta comunicação se pretende refletir (a partir do romance Arrecife, e dos contos “Amigos
mexicanos” e “Mariachi” do livro de relatos Los culpables, de Juan Villoro) sobre a maneira em que a
“narcocultura” tem se consolidado enquanto palco de uma nova “identidade cultural” que, com o
charme que caracterizou àquela que foi celebrada e/ou vilipendiada durante boa parte do século XX,
continua a dominar a reflexão sobre a cultura no México, assim como sobre os sentidos atribuídos à
chamada “identidade cultural”.

El apocalipsis del pórtico de la gloria y la prisión a falcona en el lápiz del carpintero, de Manuel
Rivas
Virginia Videira Casco (UFRJ)

El lápiz del carpintero, una de las principales novelas del escritor Manuel Rivas, ambientada en la
Guerra Civil Española, en la ciudad de Compostela, narra la historia de amor de dos protagonistas, el
Dr. Daniel da Barca y Marisa Mallo. Pero también a través de otros grandes personajes, como Herbal
y el pintor, nos narra la historia de un lápiz que conduce las memorias, antes y después de ese
periodo de represión. Aun cuando la muerte sea un hecho concreto, como en el caso del pintor que
es asesinado, o tantos otros que tuvieron el mismo fin, lo que nos llamó la atención fue el recurso
usado para mantener viva la memoria de los presos políticos, ya que los rostros de los profetas y
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otras figuras del Pórtico de la Gloria, tendrán una estrecha relación con los presos de la cárcel A
Falcona. En su origen, el Pórtico no poseía puertas, las que se traspasan actualmente corresponden a
la fachada posterior barroca, y según algunos estudiosos eso se atribuye al siguiente párrafo del
Apocalipsis: “Tus puertas no se cerrarán, son el día porque allí no habrá noche” (APOCALIPSIS,
21:25). Como metáfora podemos decir que también no habrá noche en El lápiz del carpintero. Así
como los constructores medievales documentaron las enseñanzas bíblicas, el personaje pintor de
alguna forma al representar el Pórtico buscó, durante sus últimos días en la cárcel, retratar los Siete
Pecados Capitales, la Fortaleza de los presos frente al régimen impuesto, la Justicia que, pese a los
años de guerra seguidos por los de dictadura, al final prevalecerá, y la Fe de que la historia un día
será contada.

Entre la voz y el papel: problemas de constitución de un canon de la moderna poesía negra


hispanoamericana
Viviana Gelado (UFF)

Para discutir especificidades del género antología desde diversos ángulos, esta presentación
analizará las relaciones intersemióticas establecidas entre las antologías de la así llamada “moderna
poesía negra” hispanoamericana y la interpretación de esta poesía en recitales por la declamadora
negra cubana Eusebia Cosme. En 1934, un año antes de la publicación de la primera antología
dedicada a dicha serie poética, Cosme se presentaba por primera vez en un espectáculo unipersonal
en el prestigioso Teatro Payret de La Habana, con un repertorio constituido casi exclusivamente por
esta producción, estableciendo, mediante esta práctica, un canon que presenta elementos en
común, pero que también cuestiona las prerrogativas de la autoridad de los poetas que formulan
esas antologías, al poner en escena otras producciones y genealogías, silenciadas por aquellas. En
efecto, el análisis de los programas de los recitales de Cosme y la escucha de los que presentara en
enero de 1940 en la Universidad de Northwestern, en Chicago, exponen criterios heterogéneos de
selección y montaje del material reunido a través de ambas prácticas (escrituraria y oral) e introduce,
con el gesto de ese corte, diferencias notables de perspectiva crítica expresadas por las prerrogativas
de la voz (y los tonos y énfasis que ella opera), en cuyo dominio, según la opinión de poetas
contemporáneos como Manuel Bandeira, aquella producción se realizaba, en fin, plenamente.

A compreensão leitora de hiperficção exploratória em espanhol: da perspectiva do gênero textual


em ambiente digital
Viviane da Silva Santos (UERJ)

Muitos são os gêneros textuais que circulam no meio digital. Porém, nem todos podem ser
considerados eminentemente digitais por se tratar de digitalizações. Nos gêneros do domínio
discursivo literário, por exemplo, grande parte das obras literárias é disposta de maneira digitalizada.
Porém, há gêneros que são considerados digitais, como a ciberpoesia e, no caso de nosso estudo, a
hiperficção exploratória. Trata-se de um gênero textual em ambiente digital, multimodal e de
tipologia predominantemente narrativa. Possui uma organização essencialmente hipertextual em
cuja concepção o link é o elemento mais representativo. Isso porque, é através dele que a hiperficção
exploratória se realiza. Há disposto na internet um número relevante de hiperficções em língua
espanhola, o que motivou o presente estudo. Deste modo, pensando no ensino de compreensão
leitora em espanhol como língua estrangeira, acreditamos que a hiperficção exploratória, além de
desenvolver a competência literária, potencializa as estratégias de leitura, como a formulação de
hipóteses, por exemplo. Por isso, nosso objetivo é descrever, a partir da perspectiva das
características do gênero textual em ambiente digital, que implicações a leitura de hiperficções
exploratórias demandam para o ensino/aprendizagem de compreensão leitora em língua
estrangeira.
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El método ensayístico de Octavio Paz en el arco y la lira


Wagner Monteiro Pereira (UFPR)

Para el escritor argentino, Julio Cortázar, Octavio Paz era un ensayista genuinamente
latinoamericano, que no se reducía a una cultura impuesta, a una manera de pensar, como los
ensayistas europeos. La obra ensayística de Paz es extensa, recurriendo cinco décadas de una vasta
producción. Son de su autoría ensayos que analizan la constitución de la nacionalidad mexicana,
como El laberinto de la soledad, o Las trampas de la fe, obra de referencia en los estudios de Sor
Juana Inés de la Cruz. El presente estudio se propone analizar el método ensayístico del escritor
mexicano en El arco y la lira, llevando en cuenta estudios críticos como los de Perrone-Moisés (2009)
y Ferrada (2009), que analizan al Octavio Paz ensayista-poeta. En dicho ensayo, Paz analiza cómo se
constituye un poema que, en pocas palabras, se establece entre la unión del espacio histórico y la
inspiración poética. O sea, para el autor, historia y poesía forman el poema. Así pues, el ensayista
consigue analizar lo estético sin ignorar el contexto histórico, en el cual todo poema se inserta. Paz
transita a lo largo de la obra por las literaturas oriental y occidental, demostrando la
descentralización postmoderna. El autor todavía reflexiona cómo se constituye el fluir natural del
lenguaje rítmico, típicamente poético, y sobre la falta de espacio que la poesía posee en una
sociedad burguesa, ya que para él, el poeta es, desde el ascenso de la burguesía, literalmente nadie.
Por lo tanto, esta comunicación expondrá las características de un ensayo poético, como lo hace
Octavio Paz y como este dialoga con la tradición ensayística. Asimismo, vale la pena discutir el papel
del poeta moderno en la sociedad burguesa y la gran contribución de Paz: la discusión sobre el
concepto de otredad.

Lugares de fala na literatura latino-americana contemporânea: considerações a partir da produção


literária de Washington Cucurto
Wanderlan da Silva Alves (UEPB)

Nas últimas décadas os lugares ou territórios de fala se problematizam na literatura latino-


americana, e um exemplo disso é a repercussão do discurso de abertura da Feira do Livro de
Frankfurt de 2013. Por um lado, se fragilizam as fronteiras entre o cultural e o econômico (LUDMER,
2007; 2011), mas, por outro, a consciência de que toda a produção literária de um autor porta
marcas de sua inserção social corrobora a crise da própria ideia de representação que, de certo
modo, imperou anteriormente nos discursos canônicos dessa literatura (DALCASTAGNÉ, 2012), e que
pareciam conferir-lhe harmonia no âmbito das vozes representadas. Nesse contexto, a produção
literária do argentino Washington Cucurto se singulariza, quando se consideram as origens étnica e
social do autor – sua mobilização junto ao grupo de Eloisa Cartonera e suas publicações iniciais
semiartesanais –, espécie de produção à margem do sistema econômico que, no entanto, é
parcialmente incorporada pelo sistema econômico, com a publicação, por exemplo, de Cosa de
Negros. Esta comunicação propõe analisar a tensão dos lugares de fala que, entre as publicações
iniciais em Eloisa Cartonera e a publicação de Cosa de Negros, conferem ao discurso literário de
Cucurto uma condição de discurso fronteiriço cuja perspectiva se situa exteriormente à esfera
econômica, mas, ao mesmo tempo, pertencendo a ela (MIGNOLO, 2007; 2009), por meio de uma
escrita cuja significação mobiliza, também, traços autobiográficos articulados às suas próprias
imagens de escritor já difundidas no tecido social, no campo acadêmico e na mídia.

O policial em revista: Invierno em Lisboa de Muñoz Molina e Zorrilla


Wellington Ricardo Fioruci (UTFPR/UFRGS)

O trabalho ora proposto centra-se na análise do romance de Antonio Muñoz Molina Invierno en
Lisboa, publicado em 1987, bem como em sua adaptação para o cinema, sob a direção de José A.
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Zorrilla, em 1991. Tendo por base um olhar focado na questão da tradução intersemiótica, o estudo
em questão pretende abordar a problemática do gênero policial na contemporaneidade e, a partir
dessa perspectiva, avaliar em que medida a narrativa de ambas as obras contribuem para a
atualização e consequente renovação do gênero. Importa, nesse sentido, rastrear as origens da
narrativa policial e compreender a trajetória desta até o presente, focando, entretanto, no período
histórico correspondente ao momento de produção do romance e sua posterior adaptação
cinematográfica. Além disso, a análise lançará mão de amplo arcabouço teórico relativo à
intersemiótica, com vistas a ampliar o estudo das obras em seus respectivos códigos e destacar quais
são os pontos de contacto entre os textos, para que se possa efetivamente compreender o lugar
desses no quadro histórico do gênero policial.
Representações e políticas linguísticas na Galiza: um estudo de caso
Xoán Carlos Lagares (UFF)

O galego é língua cooficial na Comunidade Autônoma da Galiza (Espanha) desde a aprovação, em


1981, do Estatuto de Autonomia atualmente em vigor. A partir deste momento, com a inserção
gradual da língua galega no ensino fundamental e secundário, na Administração Pública da
Autonomia e na mídia de titularidade pública, abre-se uma nova etapa na vida social da língua. O
novo contexto político, com suas ações positivas de promoção do galego, produz novas
representações sociais sobre o idioma, que convivem de forma mais ou menos conflituosa com
antigas ideias negativas sobre ele. Analisamos em nossa comunicação, numa perspectiva
microssociolinguística, um depoimento recolhido num programa de televisão, onde essas ideias
preconceituosas aparecem de forma explícita, embora com nuances e contradições que surgem no
desenvolvimento da interação comunicativa (Calvet 2004, Petitjean 2009). Analisamos também os
resultados de pesquisas macrossociolinguísticas sobre atitudes linguísticas, dos anos 1992, 2003 e
2008, em relação à faixa etária da pessoa que faz o depoimento. A comparação entre os dados
resultantes de ambas as abordagens (micro e macro, Monteagudo 2011), permite-nos formular
algumas conclusões na avaliação das políticas linguísticas aplicadas pelos sucessivos governos
galegos durante o período autonômico, e que não foram capazes de subverter as antigas
representações negativas sobre a língua.

Identidades e representações da mulher no conto Bumerang: implicações para o ensino de ELE


Yamilka Rabasa Fernández (Unicamp)

Neste trabalho nos propomos analisar e discutir as identidades e representações da mulher no conto
“Bumerang”, da narradora cubana Adelaida Fernández de Juan. Começamos tecendo algumas
considerações acerca das propostas estéticas das escritoras ‘posnovísimas’, geração literária cubana
na qual se insere dita autora. Para tanto, nos espelhamos nos trabalhos de destacadas críticas
literárias (YÁÑEZ, 1998, 2009; ARAÚJO, 1999; CAMPUZANO, 2003, 2009), bem como na literatura
existente a respeito da escritura feminina. Na sequência delimitamos as categorias que, no bojo da
Análise do Discurso, serviram de alicerce para o nosso estudo: intradiscurso/interdiscurso (PÊCHEUX,
1998; SERRANI, 2010); heterogeneidade enunciativa (AUTHIER-REVUZ, 1990); ressonância
enunciativa (SERRANI, 2010); e, uma vez analisado o conto, encerramos com alguns desdobramentos
para o ensino de espanhol como língua estrangeira no Brasil, espelhados na proposta intercultural e
discursiva de Serrani (2010).

Questão racial e identidade no discurso do rap cubano


Yanelys Abreu Babi (UNESP)

A questão racial em Cuba, como resultado da escravização que por séculos sofreram os negros, tem
muito a ver com a identidade dos afrodescendentes, que têm desenvolvido diferentes ações, dentre
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elas o rap, para conseguir a valorização do componente negro e denunciar o preconceito racial. Este
trabalho tem como objetivo fundamental descrever os mecanismos linguístico-discursivos usados
para essa denúncia e para construir as identidades que emergem no discurso do rap cubano. Para
tanto, o estudo terá como base o universo teórico da análise do discurso de linha francesa e filiação
pechetiana que define os conceitos de formação ideológica, formação discursiva e condições de
produção; e os conceitos de identidade, discriminação percebida e poder. Analisaremos o “lugar”
que o rapper, como enunciador do discurso, ocupa na sociedade, assim como para quem escreve; o
discurso como um produto da “visão de mundo” de um enunciador que se insere em uma formação
social onde coexistem o preconceito racial e sua denúncia; e os “diálogos” que esse discurso
estabelece com outros que foram produzidos sobre o tema. Será igualmente importante o fato das
identidades que emergem dos textos serem construídas levando em conta o outro e valorizando
elementos referentes às matrizes africanas. Por fim, entenderemos o discurso do rap como um
produto do poder que é exercido pelo grupo que defende o preconceito, pois o poder não só vai
desvalorizar os afro-descendentes e dificultar o acesso aos recursos, também vai gerar atitudes,
representações e discursos tanto pelos membros do grupo quanto pelas vítimas.

Nuevas rutas / antiguos caminos de una memoria indígena: de Los Andes al Río de La Plata durante
el centenario de la independencia
Yazmín López Lenci (UNILA)

La ponencia aborda el análisis de una de las ritualizaciones escénicas itinerantes del renacimiento
cultural andino de mayor envergadura en los momentos iniciales del auge de las vanguardias en
América Latina. La Misión Peruana de Arte Incaico (octubre de 1923 y enero de 1924) con ocasión de
las celebraciones del centenario de la batalla de Ayacucho (Perú), planeó desde la región del Cusco
una gira en ferrocarril, ómnibus y automóvil, con el objetivo de representar, performar y celebrar
vestigios recuperados de una América antigua e indígena, a través de la puesta en diálogo de los
lenguajes del teatro, la literatura, la música, la pintura y la fotografía.La ponencia presenta los
elementos y factores de articulación de una memoria viajera y performativa que enlaza los Andes
con el Río de la Plata. La diseminación de una común y compartida herencia indígena “recuperada”
otorgaba el reconocimiento de una matriz común (la civilización incaica) y al mismo tiempo, permitía
la conexión con su propias tradiciones populares marginalizadas.

Pintura y poesía: encuentros entre Charles Baudelaire y José Lezama Lima


Yolanda Mariana Sierra Aponte (USP)

La crítica de arte escrita por el poeta, narrador y ensayista José Lezama Lima proporciona una triple
perspectiva. Observa –tanto en los ensayos compilados en La visualidad infinita, como en los
artículos de la revista Orígenes– el diálogo entre las corrientes artísticas internacionales y una pintura
vanguardista cubana, reflexiona sobre elementos propios de la labor plástica y teje un continuo
contrapunto entre la poesía y la pintura. Este encuentro entre los dos quehaceres artísticos, donde la
imagen juega un rol fundamental, desdoblándose en el par imago visible-pictórica e imago invisible-
poética, es el eje desde el cual pueden pensarse los planteamientos críticos de este autor sobre
ambas manifestaciones estéticas. De esta manera, nos proponemos un análisis de este carácter
óptico en los poemas “Me hace propenso” y “La prueba del jade”, y a partir de Baudelaire, del
concepto de ecfrasis y de la noción de traducción. Así, nuestra hipótesis es que el escritor cubano
muestra en la totalidad de su obra una presencia constante de la imagen visual, aunque él mismo
evite definiciones sobre este rasgo, y que esta misma visualidad representa un diálogo con Charles
Baudelaire.
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Biografía ficcional de escritores: Historia literaria desde la ficción


Yuly Paola Martínez Sánchez (FURG)

Hoy, cuando las fronteras entre los discursos históricos y literarios están en un proceso de disolución,
cobra especial importancia aquella narrativa que toma como materia prima el pasado. Para los
estudios literarios es más significativa aún la narrativa que vuelve su mirada a personalidades
literarias –los escritores mismos- para recrear un fragmento de su paso por el mundo existencial y el
mundo literario. Una exponente de esta corriente es la escritora brasilera Ana Miranda, que ha
reinventando personajes como el poeta Gregorio de Matos, Gonçalves Dias, Clarice Linspector y en
su última obra a José de Alencar. En la literatura hispanoamericana el interés por ficcionalizar
grandes nombres de la literatura ha tenido resonancia. Por ejemplo, la escritora argentina María
Rosa Lojo ya rescató con los poderes de la ficción a Eduarda Santos y a la famosa Victoria Ocampo. La
dominicana Julia Álvarez vuelca su atención hacia las mujeres de la familia Henríquez Ureña, en
especial hacia Camila. Y el colombiano Fernando Vallejo recrea a los poetas Porfirio Barba Jacob y
José Asunción Silva. Así, teniendo como referencia las obras de los escritores nombrados, el objetivo
de la ponencia es desarrollar la idea de que esta narrativa, que podríamos llamar de biografía
ficcional de escritores, puede ser considerada como una tentativa de hacer historia de la literatura
desde la perspectiva renovadora de la ficción. Con esto, las fronteras entre la literatura y la historia
de la literatura se difuminan con más rapidez, al punto de que la ficción ya se está encargando de
hacer su propia historia y hasta su teoría.

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