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Por que a vacina BCG deixa marca

Quase todo mundo tem uma – os mais velhos têm até duas. A pequena cicatriz, que
costuma ficar no braço direito, é um símbolo do sucesso da vacinação na saúde pública.
Mas afinal, por que a vacina BCG deixa marca no braço?
Primeiro, vamos entender do que se trata. BCG é a sigla de Bacilo de Calmette-Guérin.
Ele começou a ser desenvolvido em 1906 pelos franceses Jean-Marie Camille Guérin e
Albert Calmette, que também lhe emprestam o nome. O objetivo da BCG é combater as
bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis, causadoras da tuberculose. Ela foi
usada pela primeira vez em 1921.

Por que ela é necessária?


A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a aplicação da vacina chegue a
prevenir mais de 40 mil novos casos anuais da forma grave da doença. A tuberculose é a
maior causa infecciosa de morte no mundo, superada apenas pela covid-19 – só em 2021,
foram mais de 10,6 milhões de pessoas atingidas, com cerca de 1,5 milhão de óbitos.
Ainda segundo a OMS, até um quarto da população mundial tem contato com a bactéria
em algum momento da vida. No entanto, o contágio ocorre somente quando os sintomas
estão presentes. A vacina atua especialmente nas formas graves da doença, como
meningite tuberculosa e tuberculose miliar.
No Brasil, o Ministério da Saúde tornou a administração da BCG obrigatória em crianças
em ainda em 1976. Em 2020, o país registrou 66.819 casos novos de tuberculose, com
notificação de 4,5 mil mortes pela doença em 2019.
Segundo dados do DataSUS, a taxa de cobertura da BCG esteve em 99,72% da
população 2018, mas caiu para 86,67% em 2019 e chegou a 73,38% em 2020.

O que tem na vacina?


O imunizante contém o bacilo de Calmette-Guérin, que se obtém por meio do
enfraquecimento de uma das bactérias que causam a tuberculose. Junto com ele, estão o
glutamato de sódio e a solução fisiológica (soro a 0,9%).
Como se trata da forma atenuada do micro-organismo, o corpo recebe a “receita” dos
anticorpos que precisa produzir, sem precisar passar pela doença.

Quem deve tomar a BCG?


A recomendação dos órgãos de saúde é que a aplicação aconteça o mais cedo possível.
Em geral, ministra-se a dose única ainda na maternidade, a partir de 12 horas de vida do
bebê. Caso isso não aconteça, a criança pode ser imunizada até os cinco anos. Porém,
quanto antes, menor a chance de desenvolver a doença.
A vacina também é indicada para pessoas de qualquer idade que convivem com
portadores de hanseníase, além de estrangeiros que não tenham recebido a dose na
infância e que estejam de mudança para o Brasil.
Por outro lado, não se aplica em bebês com peso inferior a 2 kg ou nascidos após uso de
imunossupressores pela mãe durante a gravidez; pessoas com febre; lesão no local da
aplicação; uso de corticoides; imunodepressão; ou durante a gravidez.

Quais são as reações?


A reação mais comum é justamente a “marquinha” no braço – uma cicatriz de até um
centímetro de diâmetro aparece no local da aplicação. Inicialmente, a área fica vermelha e
inchada. Uma pequena úlcera pode se formar, liberando secreção, mas que costuma ir
embora em aproximadamente 12 semanas.
Não se deve colocar nenhum tipo de medicação ou curativo na lesão. Ela é normal e não
apresenta perigo.
Apesar de ser comum, a marca não aparece em cerca de 5% dos vacinados. Isso não
significa que a vacina não tenha sido efetiva, e não indica necessidade de repetir a dose.
Outras reações comuns são febre, dor muscular, mal estar e calafrios.

O que é a tuberculose?
Em primeiro lugar, a tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, o que torna a
necessidade de imunização mais urgente. Mesmo o recém-nascido pode ter contato com
algum adulto infectado, podendo provocar sequelas e até a morte. A doença afeta
principalmente os pulmões, mas pode comprometer também rins, ossos e meninges
(membranas que revestem o cérebro).
Uma das formas graves, a tuberculose miliar ocorre quando as bactérias se deslocam pela
corrente sanguínea e se disseminam pelo corpo. Ela atinge também a medula óssea,
causando tosse, febre, anemia, dificuldade de respirar, náuseas, vômitos, dor abdominal e
outros sintomas.
A mais letal, no entanto, é a meningite tuberculosa, que atinge as membranas cerebrais.
Ela costuma começar seis meses após o contágio com piora gradual. Os sintomas incluem
febre, rigidez na nuca, confusão mental, dificuldades locomotoras, forte de dor de cabeça e
vômitos, podendo levar ao coma.
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