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Há em mim uma pequenez daninha e devoradora

Que sai comendo as grandezas que vê pela frente, não pondera, não espera, só devora

Na sua ânsia feroz de fazer-se grande, definha sozinha em sua gula

Há em mim um vermezinho que apara as arestas das coisas, padroniza as formas e os


tamanhos, guiado por uma bússola mecânica ele segue insuave no seu afã

Há em mim uma mesquinhez de alma, que conta os minutos, as tarefas, as moedas e os


favores. A avareza do espirito, junta os grãos, controla as posses, segura a pose, em uma
tentativa desesperada de segurar a si mesma.

Há em mim desesperança e desconfiança, ressabio e abandono, há ódio e vingança e lá no


fundinho, num canto escondido, há um medo profundo.

Medo de amar, de deixar ir, de desapegar, de fruir, de expor, de viver

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