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INTRODUÇÃO

A Primeira República Portuguesa, ou República Parlamentar, foi o sistema político


novo em Portugal. Este deu-se após a queda da Monarquia Portuguesa, entre a
revolução republicana de 5 de outubro de 1910 e o golpe de 28 de maio de 1926, que
deu origem à Ditadura Militar.

A maioria das forças formadoras de opinião, econômicas, intelectuais e classe média


migraram da esquerda para a direita, trocando a utopia falsa de um republicanismo
cívico e em desenvolvimento por noções de "ordem", "segurança" e "estabilidade".

A Primeira República colapsou devido ao confronto entre as elevadas esperanças e os


feitos escassos.

Apesar do seu fracasso, o legado de portugal no século XX considerou -se insuperável e


duradouro, formando uma nova lei civil mudada, com base numa revolução
educacional, o princípio da separação entre Estado e Igreja e uma forte cultura
simbólica cujas materializações (a bandeira nacional, o hino nacional e a nomeação de
ruas) ainda estão presentes no quotidiano dos portugueses atualmente.

OBJETIVOS

Síntese:

Para a implantação da República ocorrer, antecederam-se vários acontecimentos, ou


seja:

→ À crise económica, financeira e de contestação social, somaram-se problemas


políticos

→ A questão do Ultimato, lançado pela Inglaterra em 1890, obrigava Portugal a


renunciar ao projeto de criação de uma faixa territorial que ligava os territórios de
Angola a Moçambique, previsto pelo mapa cor-de-rosa

→A cedência, por parte de D. Carlos e do governo, às incontornáveis exigências dos


ingleses provocou uma onde de indignação generalizada

→ Sucederam-se manifestações públicas e campanhas de imprensa contra a cedência


governamental, que levaram à demissão do governo

→ 31 de janeiro de 1891, revolta republicana fracassada no Porto


→ Houve A questão dos “adiantamentos” do governo à Casa Real, vai servir como
arma de ataque dos republicanos e fazê-los aparecer mais uma vez como defensores dos
interesses nacionais

→ A oposição à ditadura intensifica-se e os republicanos, através da maçonaria e da


carbonária, iniciam uma conspiração contra a política de João Franco e contra o rei

→ A família real foi alvo de um atentado a 1 de fevereiro de 1908

→ Com a morte do rei, D. Carlos I, e do príncipe herdeiro, D. luís Filipe, sobe ao trono
D. Manuel II, para um reinado que este pretende ser de "aclamação"

→ A liberdade e a tolerância promovidas acabaram por possibilitar a ascensão do


Partido Republicano, nas eleições de 1910

A 5 de outubro desse ano foi proclamada a República Portuguesa, devido à pressão


politica e social que havia.

Contexto político na 1ª República

Assim que terminou a Revolução Republicana de 5 de outubro de 1910, foi necessário


elaborar uma Constituição que instituísse os fundamentos do novo regime político.

Através de um sufrágio, onde apenas houve eleições em cerca de metade dos círculos
eleitorais, foi eleita a Assembleia Nacional Constituinte. E assim, não existindo mais
candidatos do que os lugares a preencher numa certa circunscrição eleitoral, os outros
eram proclamados “eleitos” sem votação.

Este sufrágio tratou-se de um sufrágio onde se utilizou, pela primeira vez, o método da
representação proporcional de Hondt, que consistia em haver proporcionalidade no
número de eleitores por cada candidatura concorrente a uma determinada eleição em
relação ao número de eleitores que escolheram votar nessa mesma candidatura, embora
apenas tenha sido realizado nas cidades de Lisboa e Porto. Com isto, foi afastado o
sufrágio universal, justificada pelo atraso cultural de uma população na sua maioria
analfabeta, onde apenas votaram os cidadãos alfabetizados e os chefes de família. Este
novo método assegurou uma boa proporcionalidade em relação aos votos e mandatos,
mas, por outro lado, ia favorecer os partidos maiores. Por exemplo, em 1913, a Lei
Eleitoral era mais restritiva em relação a algumas leis da Monarquia, isto fez reduzir a
base eleitoral do regime e foi criado um problema de legitimidade e representatividade
relativamente ao regime republicano.

1. Agravamento da instabilidade política:

Em janeiro de 1915, uma manifestação militar chamada de “Movimento das Espadas”


motivou o Presidente da República, Manuel de Arriaga a nomear um homem da sua
confiança para liderar o novo executivo extrapartidário e garantir a ordem pública e
preparar, imparcialmente, as eleições que se avizinhavam. Este golpe de Estado levou à
demissão do governo Bernardino Machado, entregando então ao general Pimenta de
Castro. Como o Partido Democrático não partilhava a mesma opinião, o ministério foi
ocupado por militares, tendo sido abandonada a política de guerra. Este período
chamou-se Ditadura militar de Pimenta Castro.

No dia 5 de dezembro de 1917 desencadeou-se um golpe de estado que colocou no


poder o major de artilharia Sidónio Pais. A ditadura militar, assim inaugurada, manteve-
se até ao seu assassinato, que ocorreu no ano seguinte. Por um lado, Sidónio Pais, era
visto como um salvador que iria retirar o país da situação difícil em que se encontrava.
Mas para outros era um ditador que aproveitou a crise e, com promessas populistas,
tomou o poder. Durante este período do Sidonismo, o Partido Democrático não tinha
um modelo organizativo moderno, portanto enfrentava diversas atividades punitivas dos
republicanos.

Ficou então demonstrada a fragilidade das instituições republicanas e procurou-se que a


República era apenas um regime democrático na aparência, dado que nem admitia a
alternância de partidos no poder.

Após o assassinato de Sidónio Pais, em janeiro de 1919 a Junta do Norte proclamou, no


Porto, a restauração da Monarquia, anunciando a constituição de uma Junta
Governativa. Tratou-se de uma guerra civil entre Monárquicos e Republicanos e ficou
conhecida como “Monarquia do Norte” que acabou por proclamar a restauração da
monarquia no Porto e que alastrou a várias cidades do norte de Portugal.

O fim da “Monarquia do Norte” assinalou então a derrota dos setores sidonistas e o


regresso das lutas entre os partidos republicanos tradicionais. Os anos seguintes foram
marcados por uma extrema instabilidade política, com a rápida sucessão de governos,
por vezes vários no espaço de um ano, e repetidos atos eleitorais.

Foi esta instabilidade e a incapacidade dos políticos republicanos de resolver os


problemas do país que acabou por conduzir ao golpe militar de 28 de maio de 1926,
assinalando o regresso ao poder dos setores monárquicos e conservadores, uma vez que
as classes médias já aceitavam satisfatoriamente um governo autoritário, ou seja, uma
ditadura.

No geral, podemos dizer que entre os anos de 1911 e 1926 foram anos marcados por um
clima de enorme instabilidade política havendo uma constante queda de governos.
Houve um total de 45 governos em Portugal no espaço de 15 anos, sendo que 25 destes
foram de 1919 a 1925. Referindo ainda que apenas António José de Almeida cumpriu o
seu mandato na íntegra, entre 1919 e 1923. Já Bernardino Machado serviu o cargo em
duas ocasiões: 1915-1917 e 1925-1926.

Partidos Políticos originam maior instabilidade política:

Durante a formação constante do governo na 1º República, no Partido Republicano


Português, houve uma divisão partidária, onde se destacaram 3 partidos, o Partido
Democrático (por Afonso Costa), sendo este o que foi dominante por mais anos, o
Partido Evolucionista (por António José de Almeida) e o Partido Unionista (por Brito
Camacho), tendo ambos uma consistência estatuária relevante, e mesmo com esta
divisão partidária, não resultou de verdadeiros partidos políticos capazes de disputarem
a alternância no poder de forma democrática.

Ao longo dos anos, como já referi, o Partido democrático foi o partido dominante
mesmo com muitas discordâncias nas alas esquerda e direita, o que agrava as
rivalidades dentro do governo, e uma fação que estava mais inclinada para a esquerda,
mais tarde, deu origem ao Partido Nacionalista, com características mais conservadoras,
por Cunha Leal. Devido à situação económica do país e no decorrer das propostas
orçamentais para o ano de 1923-24, surgiu uma grande oposição por parte dos
nacionalistas no Parlamento, não dando sinais de um abrandamento da instabilidade
política. No Partido Democrático, a ala direita mostrava preferência por um regime
autoritário, para por um fim à volatilidade política, mas a ala esquerda discordava, tanto
que recusaram reconhecer a autoridade do chefe do partido.

As eleições legislativas de 1925 (e as últimas da República), deram mais uma


vez a vitória ao Partido Democrático, o partido que representava mais uma vez o
governo republicano. Nesse mesmo período contou-se com a resignação ao exercício do
cargo de presidente, Manuel Teixeira Gomes, que, por conseguinte, elegeu o Congresso.

A participação militar na política

A 1º República acaba por ter um regime de cariz violento, pois como já foi referido, a
mesma resultou de um golpe civil-militar e não de uma votação maioritária ou de um
movimento nacional unânime e pacifico, tendo a presença militar também na exclusão
dos monárquicos da Assembleia Constituinte, contando com um todo de 42 golpes
militares ao longo do período Republicano

Dando para analisar os períodos onde havia maior interferência militar, correspondendo
estes aos períodos de maior instabilidade. Os golpes militares aumentam após a 1º
Guerra Mundial, em 1915. Em 1918, quando ocorre a instauração da ditadura Sidonista,
e nos últimos anos da 1º República, entre 1924/25.

Na perspetiva republicana, os golpes militares ocorriam em consequência do


predomínio dos Democráticos, que apenas dessa maneira permitiam a alternância no
poder, e para estes voltarem ao poder e regressarem à mesa do orçamento, respondiam
com um novo golpe.

Os pronunciamentos militares eram justificados com os problemas corporativos das


forças armadas existentes, no sentido de os resolver, e com o objetivo de criar um
governo extrapartidário que afastasse autoridade que o Partido Democrático tinha no
poder. E ainda no âmbito da extrema-direita dividida entre organizações monárquicas e
republicanas, que acabou por servir de estratégia para uma unidade anti-sistema contra a
Ditadura do Partido Republicano Português.
4. Contexto económico

Desde o início do século XIX que era quase impossível equilibrar as contas públicas, já
que o défice aumentava constantemente, à medida que a economia portuguesa se ia
expandindo. Assim, um dos grandes objetivos do Partido Republicano era o equilíbrio
orçamental.

A Primeira Guerra trouxe despesas com a organização dos corpos expedicionários, antes
de 1916, antes de intervir na guerra ao lado dos Aliados, Portugal teve de custear os
corpos expedicionários para as colónias de África e reorganizar o exército. Para além
destas despesas, registou-se ainda a desvalorização monetária, devido à extinção das
reservas de ouro, acompanhada da inflação e do desemprego, que no pós-guerra se
registou face a uma instabilidade política que acabava por se refletir no equilíbrio
financeiro.

Quando acabou a guerra, entre 1919-1920, a economia nacional sofreu um boom, tal
como aconteceu no resto do Mundo. O comércio do vinho, da cortiça e da sardinha
expandiu-se. Aumentaram os gastos em artigos de luxo e as importações. Devido à
afluência de capitais, assistiu-se à abertura de novos bancos entre 1918-1920.

Contudo, este boom foi seguido por uma nova crise internacional, entre 1920-1922, que
se refletiu também em Portugal.

Esta crise prolongou-se até 1925. Caracterizou-se por uma grande subida da inflação e
da especulação. A taxa de juro e desconto aumentou fortemente.

O problema financeiro foi um dos mais graves problemas da 1º República Portuguesa,


que esteve por detrás de toda a agitação social e política que iria levar à queda da
República.

O equilíbrio orçamental, a dívida pública e a desvalorização da moeda constituíram a


base das discussões entre monárquicos e republicanos, conduzindo a graves crises
ministeriais.
5. Contexto sociopolítico

De acordo com o contexto sociopolítico, podemos abordar vários tópicos que se


destacaram nesta época de instabilidade.

A Lei da Separação do Estado das Igrejas foi aplicada, desprezando as associações


culturais.

A eficácia do governo republicano na gestão da violência foi notavelmente melhor:

- Os ataques monárquicos foram facilmente abatidos;

- A mobilização dos soldados para a Primeira Guerra Mundial foi conseguida com
antecedência, atingindo 14% da população com idade de combater (cerca de um terço
da população masculina total).

A Primeira Guerra Mundial origina uma nova adaptação:

- Em 1916 foi definido o Ministério do Trabalho e da Previdência Social, a maior


diligência da Primeira República em relação à classe operária;

- Em 1918, Sidónio Pais desenvolveu uma maior igualdade relativamente às classes


rurais, ao estabelecer o ministério da Agricultura e, no sentido mais conjuntural,
instaurou os ministérios das Subsistências e Transportes, tal como o dos
Abastecimentos.

A população portuguesa estagnou entre 1910 e 1920:

- Devido à emigração, por motivos políticos, sociais e económicos;

- A natalidade diminuiu.

- Fracasso do estímulo económico apesar da económica variável;

- O aumento da frequência dos golpes de Estado.

Fatores que fortaleciam o Estado:

- A nacionalização dos cidadãos;

- A ausência de bancarrota, não sendo a República penalizada por não regressar ao


padrão ouro por este estar a sair de cena;
- A conservação das colónias;

- O aumento do prestígio de Portugal no mundo.

Fim da 1º República em 1926

A instabilidade constante do país abriu caminho à intervenção militar em 1926,


comandada pelo general Gomes da Costa. Bernardino Machado pede a demissão,
entregando todos os poderes a Mendes Cabeçadas (da Marinha).

Onde o parlamento foi dissolvido, as liberdades individuais foram suspensas e o poder


era controlado diretamente por militares, tendo como objetivo a eliminação das
instituições parlamentares, combater a instabilidade, a corrupção e a degradação
económica, sendo estes os fatores que caracterizavam a 1º República.

Conclusão

Concluímos com este trabalho, que a 1º República ao durar 16 anos, demonstrou muita
instabilidade, tanto política, ao sucederem-se 45 governos, tanto económica e social,
acabando por não solucionar o pretendido com a instauração. Não desfazendo do facto
que foi através da persistência do povo e do Partido Republicano que o País deixou de
estar numa Monarquia.

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