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4º DOMINGO DA QUARESMA - «SÃO

JOÃO CLÍMACO» - 3° ANTES DA


PÁSCOA
(9º Domingo do Triódion1 Quaresmal)
(MODO Plagal 4º)
Comemoração dos Ss. Abrão do Monte Latros; Basilio, o Jovem; Codrat, Théodose, Emmanuel
e 40 outros martires; Etienne de Triglia, o Confessor; Irineu, hieromártir da Hungria; Nicéforo,
bispo de Milet; 26 Mártires da Criméia.

1
Triódion é o tempo que abrange as 10 semanas de preparação para a Páscoa: três semanas antes da
Quaresma e sete semanas de Quaresma. Esse tempo começa no Domingo do Publicano e do Fariseu e
termina na tarde do Grande e Santo Sábado.

─1─
No Orthros (Matinas)
Evangelho (Eoth. 8)
Santo Evangelho segundo o Evangelista São JOÃO (20:11-18).
aquele tempo, 11Maria estava junto ao sepulcro, de fora,
chorando. Enquanto chorava, inclinou-se para o interior do
sepulcro 12e viu dois anjos, vestidos de branco, sentados no lugar
onde o corpo de Jesus fora colocado, um à cabeceira e outro aos
pés. 13Disseram-lhe então: «Mulher, por que choras?» Ela lhes
diz: «Porque levaram meu Senhor e não sei onde o puseram!» 14Dizendo isso,
voltou-se e viu Jesus de pé. Mas não sabia que era Jesus. 15Jesus lhe diz: «Mulher,
por que choras? A quem procuras?» Pensando ser o jardineiro, ela lhe diz:
«Senhor, se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar!»
16
Diz-lhe Jesus: «Maria!» Voltando-se, ela lhe diz em hebraico: «Rabbuni!», que
quer dizer: «Mestre». 17Jesus lhe diz: «Não me toques, pois ainda não subi ao
Pai. Vai, porém, a meus irmãos, e dize-lhes: Subo a meu Pai e vosso Pai; a meu
Deus e vosso Deus». 18Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o
Senhor», e as coisas que ele lhe disse.

Na Divina Liturgia
Primeira Antífona (Modo 2º)
Vers. 1: Bendize, ó minha alma, ao Στίχ. α´. Εὐλόγει ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον,
Senhor e todo o meu ser bendiga o seu καὶ πάντα τὰ ἐντός μου τὸ ὄνομα τὸ ἅγιον
santo nome! αὐτοῦ.
Vers. 2: Bendize, ó minha alma, ao Στίχ. β’. Εὐλόγει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον,
Senhor e não esqueças nenhum de seus καὶ μὴ ἐπιλανθάνου πάσας τὰς
benefícios! ἀνταποδόσεις αὐτοῦ.
Vers. 3: O Senhor firmou no céu o seu Στίχ. γ’. Κύριος ἐν τῷ οὐρανῷ ἡτοίμασε τὸν
trono e sua realeza governa o universo. θρόνον αὐτοῦ, καὶ ἡ βασιλεία αὐτοῦ
πάντων δεσπόζει.
Glória… Agora e sempre….
Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…

Segunda Antífona (mesmo modo)


Vers. 1: Louva, ó minha alma, o Senhor! Στίχ. α´. Αἴνει, ἡ ψυχή μου, τὸν Κύριον
Louvarei o Senhor enquanto eu viver; αἰνέσω Κύριον ἐν τῇ ζωῇ μου ψαλῶ τῷ
cantarei louvores a meu Deus enquanto Θεῷ μου ἕως ὑπάρχω.
eu existir. Στίχ. β´. Μακάριος, οὗ ὁ Θεὸς Ἰακὼβ
Vers. 2: Bem-aventurado o que tem por βοηθὸς αὐτοῦ, ἡ ἐλπὶς αὐτοῦ ἐπὶ Κύριον τὸν
protetor o Deus de Jacó, que põe sua Θεὸν αὐτοῦ.
esperança no Senhor, seu Deus. Στίχ. γ´. Βασιλεύσει Κύριος εἰς τὸν αἰῶνα, ὁ
Vers. 3: O Senhor reinará eternamente; Θεός σου, Σιών, εἰς γενεὰν καὶ γενεάν.
ele é teu Deus, ó Sião, de geração em

─2─
geração! Δόξα Πατρὶ… Καὶ νῦν…
Glória… Agora e sempre… Ὁ μονογενὴς Υἱὸς καὶ Λόγος τοῦ Θεοῦ…
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus…

Terceira Antífona
Vers. 1: Este é o dia que o Senhor fez, Στίχ. Αὕτη ἡ ἡμέρα Κυρίου,
exultemos e alegremo-nos n’Ele! ἀγαλλιασώμεθα καὶ εὐφρανθῶμεν ἐν αὐτῇ.

Apolitíkion da Ressurreição (Modo Plagal 4º)


Desceste das alturas, ó Misericordioso, e Εξ ύψους κατήλθες ο εύσπλαγχνος, ταφήν
suportaste a sepultura por três dias, κατεδέξω τριήμερον, ίνα ημάς
para nos libertar dos sofrimentos. ελευθέρωσης των παθών. Η ζωή και η
Senhor, nossa vida e ressurreição, glória ανάστασις ημών, Κύριε δόξα σοι.
a Ti!

Apolitíkion da Festa da Anunciação


Hoje é o prelúdio de nossa Salvação e a Σήμερον τῆς σωτηρίας ἡμῶν τὸ
manifestação do Mistério preparado Κεφάλαιον, καὶ τοῦ ἀπ’ αἰῶνος Μυστηρίου
desde a eternidade: o Filho de Deus ἡ φανέρωσις, ὁ Υἱὸς τοῦ Θεοῦ, Υἱὸς τῆς
torna-se Filho da Virgem, e o Arcanjo Παρθένου γίνεται, καὶ Γαβριὴλ τὴν χάριν
Gabriel anuncia a graça. Por isso, com εὐαγγελίζεται, Διὸ σὺν αὐτῷ τῇ Θεοτόκῳ
ele clamamos à Mãe de Deus: «Salve, ó βοήσωμεν, Χαῖρε Κεχαριτωμένη, ὁ Κύριος
Cheia de Graça, o Senhor é contigo!» μετὰ σοῦ

Apolitíkion Próprio (Modo Plagal 4º)


Pela abundância de tuas lágrimas, o Ταῖς τῶν δακρύων σου ῥοαῖς, τῆς ἐρήμου
deserto estéril tornou-se fértil; e pela τὸ ἄγονον ἐγεώργησας, καὶ τοῖς ἐκ βάθους
tua profunda compunção, tuas obras στεναγμοῖς, εἰς ἑκατὸν τοὺς πόνους
produziram o cêntuplo. tornaste-te ἐκαρποφόρησας, καὶ γέγονας φωστὴρ τῇ
assim, para o universo, um astro οἰκουμένῃ, λάμπων τοῖς θαύμασιν· Ἰωάννη
Πατὴρ ἡμῶν ὅσιε, πρέσβευε Χριστῷ τῷ
brilhante, pelos milagres, ó nosso justo
Θεῷ, σωθῆναι τὰς ψυχὰς ἠμῶν.
pai João. Intercede, pois, ao Cristo Deus,
pela salvação de nossas almas.

Kondakion Próprio
Ofereceste-nos os teus ensinamentos
como frutos sempre maduros que
deleitam os corações dos que os ouvem
com atenção, ó sábio e bem-aventurado!
São eles, com efeito, uma escada que
conduz para a celeste glória as almas
dos que te honram com fé.

─3─
Kondakion da Theotokos (Modo Plagal 4º)
Τῇ ὑπερμάχῳ στρατηγῷ τὰ νικητήρια, ὡς
A ti Maria, como ao general invencível,
meus cantos de vitória. A ti, que me λυτρωθεῖσα τῶν δεινῶν, εὐχαριστήρια,
livraste de meus males, ofereço meus ἀναγράφω σοι ἡ Πόλις σου, Θεοτόκε, ἀλλ'
cantos de reconhecimento. Pois que tens ὡς ἔχουσα τὸ κράτος ἀπροσμάχητον, ἐκ
uma força invencível, livra-me de toda παντοίων με κινδύνων ἐλευθέρωσον ἵνα
espécie de perigos, a fim de que te κράζω σοι, Χαῖρε, Νύμφη ἀνύμφευτε..
aclame: Ave, Virgem e esposa!

Prokímenon (Modo Plagal 4º)


Refrão: Fazei votos ao Senhor nosso Εὔξασθε καὶ ἀπόδοτε Κυρίῳ τῷ Θεῷ ἡμῶν.
Deus e cumpri-os. Στίχ. Γνωστός ἐν τῇ Ἰουδαίᾳ ὁ Θεός, ἐν τῷ
Vers.: Deus é conhecido na Judéia, Ἰσραὴλ μέγα τὸ ὄνομα αὐτοῦ.
grande é o seu nome em Israel.

Epístola (Apóstolos)
Epístola do Apóstolo São Paulo aos HEBREUS (6:13-20).
rmãos, 13Com efeito, quando Deus fez a promessa a Abraão, não
havendo um maior por quem jurasse, jurou por si mesmo, 14dizendo:
Eu te cumularei de bênçãos e te multiplicarei em grande número.
15
Abraão foi perseverante e viu a promessa se realizar. 16Os homens juram por
alguém mais importante, e para impedir qualquer contestação recorrem à
garantia do juramento. 17Por isso, Deus mostrou com insistência aos
herdeiros da promessa o caráter irrevogável da sua decisão, e interveio com
um juramento, 18a fim de que por dois atos irrevogáveis, nos quais não pode
haver mentira por parte de Deus, nos comuniquem consolação segura, a nós
que tudo deixamos para conseguir a esperança proposta. 19A esperança, com
efeito, é para nós qual âncora da alma, segura e firme, penetrando para além
do véu, 20onde Jesus entrou por nós, como precursor, feito sumo sacerdote
para a eternidade, segundo a ordem de Melquisedec.
.

Aleluia (do Sl 30, Modo 3º)


Vers. 1: Vinde, regozijemo-nos no Στίχ. αʹ. Ἐπὶ σοί, Κύριε, ἤλπισα, μὴ
Senhor, cantemos as glórias de Deus, καταισχυνθείην εἰς τὸν αἰῶνα· ἐν τῇ
nosso Salvador! δικαιοσύνῃ σου ῥῦσαί με καὶ ἐξελοῦ με.
Vers. 2: Apresentamo-nos diante dele Στίχ. βʹ. Γενοῦ μοι εἰς Θεὸν ὑπερασπιστὴν
com louvor, e celebremo-lo com salmos! καὶ εἰς οἶκον καταφυγῆς τοῦ σῶσαί με.

─4─
Evangelho
Santo Evangelho segundo os santos Evangelistas MARCOS (9: 17-31).
aquele tempo, 17alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu te
trouxe meu filho que tem um espírito mudo. 18Quando ele o toma,
atira-o pelo chão. e ele espuma, range os dentes e fica ressequido.
pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas não conseguiram”. 19Ele,
porém, respondeu: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até
quando vos suportarei? Trazei-o a mim”. 20Levaram-no até Ele. o espírito,
vendo a Jesus, imediatamente agitou com violência o menino que, caindo por
terra, rolava espumando. 21Jesus perguntou ao pai: “Há quanto tempo lhe
sucede isto?” — “Desde pequenino, respondeu; 22e muitas vezes o atira ao
fogo ou na água para fazê-lo morrer. Mas, se tu podes, ajuda-nos, tem
compaixão de nós”. 22Então Jesus lhe disse: “Se tu podes! …Tudo é possível
àquele que crê!” 24Imediatamente, o pai do menino gritou: “Eu creio! ajuda a
minha incredulidade!” 25Vendo Jesus que a multidão afluía, conjurou
severamente o espírito impuro, dizendo-lhe: “Espírito mudo e surdo, Eu te
ordeno: deixa-o e nunca mais entres nele!” 26E, gritando e agitando-o
violentamente, saiu. E o menino ficou como se estivesse morto, de modo que
muitos diziam que ele tinha morrido. 27Jesus, porém, tomando-o pela mão,
ergueu-o, e ele se levantou. 28Ao entrar em casa, perguntaram-lhe os seus
discípulos, a sós: “Por que não pudemos expulsá-lo?” 29Ele respondeu: “Essa
espécie não pode sair a não ser com oração”. 30Tendo partindo dali,
caminhava através da Galileia, mas não queria que ninguém soubesse, 31pois
ensinava aos seus discípulos e dizia-lhes: “O Filho do Homem é entregue às
mãos dos homens e eles O matarão e, morto, depois de três dias Ele
ressuscitará”.
Em vez de «Verdadeiramente é digno e justo…» canta-se:

Hirmós
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda Ἐπὶ σοὶ χαίρει, Κεχαριτωμένη, πᾶσα ἡ
a Criação. A assembleia dos anjos e o κτίσις, Ἀγγέλων τὸ σύστημα, καὶ
gênero humano te glorificam, ó templo ἀνθρώπων τὸ γένος· ἡγιασμένε ναέ, καὶ
santificado, paraíso espiritual e glória Παράδεισε λογικέ, παρθενικὸν καύχημα, ἐξ
das virgens, na qual Deus se encarnou e ἧς Θεός ἐσαρκώθη, καὶ παιδίον γέγονεν, ὁ
πρὸ αἰώνων ὑπάρχων Θεὸς ἡμῶν.
da qual tornou-se Filho Aquele que é
nosso Deus antes dos séculos. Ἦχος α’ ἐκ τοῦ Κε (μέλος ἀρχαῖον)

Porque fez de teu seio um trono e as Τὴν γὰρ σὴν μήτραν, θρόνον ἐποίησε, καὶ
tuas entranhas, mais vastas do que os τὴν σὴν γαστέρα, πλατυτέραν οὐρανῶν
céus. Ó cheia de graça, em ti rejubila-se ἀπειργάσατο. Ἐπὶ σοὶ χαίρει
toda a Criação e te glorifica! Κεχαριτωμένη, πᾶσα ἡ κτίσις, δόξα σοι.

─5─
Kinonikón
Louvai o Senhor nos céus | louvai-O nas Αἰνεῖτε τὸν Κύριον ἐκ τῶν οὐρανῶν.
alturas! Aleluia! Ἀλληλούϊα.

SUBSÍDIOS HOMILÉTICOS
Arquimandrita Mons. Irineo Tamanini

SÃO JOÃO CLÍMACO

ão João Clímaco nasceu por volta de 579 e morreu no Egito, no ano


649. Aos 60 anos foi eleito abade do Mosteiro do Sinai. Seu nome
“Clímaco” é um codinome derivado da obra escrita em grego,
intitulada “Klimax tou Paradeisou”. Sua obra ficou tão afamada que
rapidamente o autor era referido como “João da Escada” ou, “João Clímaco”.

Escreveu esta obra quando ainda era abade. Em 30 capítulos ou 30


degraus, como preferia chamar, explicava quais os vícios perigosos para os
monges e quais as grandes virtudes que os distinguiam. O próprio João
Clímaco comparava sua obra à escada de Jacó ou também aos 30 anos da vida
de Jesus.

A obra encontrou aceitação e rápida divulgação: atesta-se a existência


de 33 manuscritos gregos, muitas traduções latinas, siríacas, armênias,
eslavas e árabes. Junto à obra, como apêndice, está um importante
documento que orienta os abades a exercer santamente sua autoridade
dentro do monastério.

Para São João Clímaco, o ideal monástico é uma vida hesycasta onde
trava-se uma guerra invisível e constante contra os maus pensamentos para
que eles não atrapalhem a vida de oração do monge. Ele era um bom
conhecedor dos Antigos Padres – dos solitários do deserto egípcio aos Padres
da Palestina. Considerava a vida monástica como necessária para a vida da
Igreja, não só como um apostolado, mas como exemplo de vida a ser seguida.

Para João Clímaco, os monges devem influenciar a Igreja por viverem


uma vida angelical, embora ainda possuíssem um corpo material e
corruptível. Dizia que o chamado à vida monástica é para poucos e não para
todos.

─6─
Após termos vivido as riquezas da celebração do “Domingo da
Venerável e Vivificante Cruz”, o domingo posterior nos convida a descobrir
os valores da oração, do sacrifício e dos jejuns, tendo como exemplo São João
Clímaco. Não é difícil encontrarmos cristãos que pensem que a prática da
oração constante e do jejum seja um dever exclusivamente daqueles que
abraçaram a vida religiosa.

Parece que num mundo tão materializado, a prática da oração e do


jejum são relegados ao esquecimento. A Igreja enfatiza que tais práticas são
extensivas a todos os cristãos, pois através delas encontraremos caminhos
que nos levam à santidade. Embora a vida monástica não seja para todos,
como dizia São João Clímaco, alguns exemplos porém, devem ser seguidos .
Entre eles estão a oração e o jejum. Assim dizia a respeito:

«A Oração é o jejum da mente, pois quando rezamos afastamos


dela pensamentos mundanos para nos elevar até Deus. O
Jejum e a abstinência de certos alimentos é a oração do corpo,
pois educamos nossa vontade corporal para se chegar à
perfeição espiritual. O jejum refreia a tagarelice. Ele nos fará
misericordiosos e dispostos a obedecer; destrói os
pensamentos maus e elimina a insensibilidade do coração. O
jejum é uma maneira de exprimir o amor e a generosidade;
através dele, sacrificam-se os prazeres da terra, para obter as
alegrias do céu».

No jejum, o homem fundamenta sua vida em Deus e não em si mesmo.


Através de um corpo educado pela vontade, buscamos a Deus Uno e Trino,
verdadeiro alimento e verdadeira água viva.

São João Clímaco definia a oração como uma profunda amizade com
Deus. O amigo sente necessidade de estar com o seu amigo. Desta forma a
saudade de se estar com Deus é amenizada pela oração. A oração é o oxigênio
da alma. É o hálito do Espírito Santo que perpassa todo o interior da pessoa.

«Orai sem cessar», dizia São Paulo. Este conselho paulino não pode ser
entendido como o afastamento completo de nossas responsabilidades nem
como escusa no cumprimento de nossos compromissos. Devemos rezar em
nossos momentos de trabalho. Fazer do nosso trabalho um ato de louvor ao
Criador é um ideal.

Grandes monges de longa experiência de vida em oração, nos dão


algumas orientações para que possamos chegar ao amadurecimento
espiritual. Para iniciarmos uma vida de oração são necessários alguns
cuidados: devemos esforçar para evitar tudo o que agita o nosso coração,
tudo que é causa de falta de atenção, de super excitação, tudo o que desperta
as paixões ou nos torna ansiosos. Na medida do possível, devemos nos

─7─
libertar do barulho, da agitação e da inquietação. Basta termos certeza que a
graça de Deus nos é suficiente e a Ele nos entregar.

Não menos importante é nos libertar das inquietações internas: nossa


alma deve estar apaziguada, tranquila e serena. Não podemos nos apresentar
diante de Deus para rezar possuindo sentimentos de rancor, ódio, frieza no
coração.

São João Clímaco também nos orienta que para se viver uma vida de
oração verdadeira é preciso antes sermos obedientes à voz de nossa alma.
Devemos obedecer à voz de nossa alma quando nosso corpo exige que se
satisfaça suas vontades. A obediência é um instrumento indispensável, na luta
contra a própria vontade.

«Ela é a condenação à morte dos membros do nosso corpo, em


benefício da vida do espírito. Ela é ainda a sepultura da
vontade própria, e a ressurreição da humildade» (Escada,
Degrau 3:3).

Por mais que façamos jejuns e ofereçamos nossa oração a Deus, é


necessário termos consciência de que Deus não precisa do nosso jejum, nem
tem necessidade da nossa oração. Ele é perfeito, nada lhe falta, e não pode
precisar de coisa alguma que nós, suas criaturas, possamos lhe oferecer.
Nada temos para lhe dar; mas, diz São João Crisóstomo, «Ele aceita que lhe
apresentemos as nossas ofertas, para nossa própria santificação».

A maior oferenda que podemos apresentar ao Senhor, somos nós


mesmos; e, só o poderemos fazer, entregando-lhe nossa vontade.
Aprendemos isso pela obediência; e aprendemos a obedecer pela prática.
Estar ciente destas verdades e ainda assim sermos pessoas de oração e de
jejuns significa que o orgulho e a vaidade foram dominados.

A oração é uma das asas que nos erguem para o céu; a outra é a fé. Com
uma asa só, não se pode voar: a fé sem a oração é tão vã quanto a oração sem
a fé. Mas, se nossa fé for frágil demais, é bom clamarmos: “Senhor, dai-nos a
fé!” . Sem a oração, não esperemos encontrar o que tanto procuramos: Deus.
A vida de oração é exercitada pela prática constante. Podemos iniciar a
passos lentos mas profundos. Cada passo um após o outro deverá ser sinal
de progresso na vida espiritual. O tempo é o que menos conta, a qualidade de
nossa oração é que faz a diferença.

Quando oramos, nosso “eu” deve calar-se. Segundo São Basílio, nossa
oração deve conter quatro elementos: adoração, ação de graças, confissão
dos pecados e pedido de salvação. Tanto a oração e o jejum nos auxiliam para
a nossa salvação e santificação. A Igreja nos convida a prosseguir nesta

─8─
caminhada de riquezas que nos fazem sentir encorajados a prosseguir rumo
à perfeição. Que Deus nos ilumine e nos dirija nestes santos propósitos.

Referências Bibliográficas:

• BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém (Nona Edição Revista e Ampliada). São Paulo: Paulus, 2013.
• DE FIORES, Stefano. Dicionário de Espiritualidade, São Paulo: Ed. Paulinas, 1989.
• BERARDINO, Ângelo. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Petrópolis: Ed. Vozes, 2002.

─9─

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