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Atrito e Desgaste em Polímeros
Atrito e Desgaste em Polímeros
Abstract: Friction and wear in polymers differs substantially from metals and ceramics
although they are due to contact surface phenomena that occur between asperities. Friction in
polymers is dependent on elastic contact e also on the plasticity index. Besides, another
relevant factor is the strong dependence of its mechanical properties with time. The friction
and wear mechanisms are briefly reviewed and examples and illustrations are presented. The
friction force is divided into two parts: deformation force and adhesion force. A mathematical
treatment for these forces is done separately in order to obtain an equation for the total
coefficient of friction. The influence of hydrostatic pressure on the friction coefficient is also
presented as the polymer yield strength depends strongly on the hydrostatic component of the
stress state. The Archad equation for wear in materials was defined, graphs of wear resistance
of polymers and composites in function of its hardness and normal pressure and wear maps in
function of the maximum normal contact pressure were presented. In general, the friction
coefficient and the wear resistance of polymers and composites are lower than metals.
Desgaste por fadiga ocorre quando existem tensões cíclicas de contato, causando a
deterioração da superfície, eventualmente comprometendo a superfície do polímero com
desprendimento de material, criando buracos na interface. O contato entre polímeros, ou
entre polímero e um metal, é predominantemente elástico. A este respeito o atrito de
polímeros difere fundamentalmente dos metais [1]. A razão E/H, onde E é o módulo de
Young e H é a dureza do material, determina a extensão da plasticidade na região de contato;
sendo que a rugosidade da superfície, na escala microns, também é importante. Para metais, o
valor típico de E/H é maior ou igual a 100 , enquanto que para polímeros E/H fica em torno
de 10. Portanto, o índice de plasticidade para polímeros [1] é aproximadamente um décimo
do valor do índice de plasticidade de um metal e o contato é então quase que completamente
elástico, exceto contra superfícies rugosas. Alguns polímeros para os quais isso é verdadeiro
Figura 2 – As origens do atrito associado com o deslizamento de uma aspereza dura sobre
uma superfície polimérica.
Em um material viscoelástico, a energia será dissipada durante este ciclo como calor; a
força de atrito será igual à energia dissipada por unidade da distância movida pela força. Para
isto pode ser mostrado que se uma fração da energia total introduzida é dissipada (i. e. a
fração (1-) é recuperada mecanicamente), então para uma esfera de raio R rolando sobre uma
carga normal W, a força de atrito Fdef será dada por [1]:
(3)
O atrito devido a adesão : se uma superfície lisa de um polímero desliza contra uma
contraface rígida e relativamente lisa, então a contribuição do atrito devido à deformação é
desprezível e a força de atrito será predominantemente originada da adesão entre as duas
superfícies, podendo ser analisada da mesma maneira como na componente de atrito por
adesão nos metais. A análise difere, porém, no contato de um polímero contra uma superfície
típica de engenharia o qual será predominantemente elástico em lugar de plástico. Para baixas
cargas e para superfícies moderadamente rugosas, onde a área de contato real é uma pequena
fração da área aparente, a área de contato permanece efetivamente proporcional a carga
normal e o coeficiente de atrito é então constante e independente da carga normal. A figura 5
ilustra esse caso, para o atrito de cilindros transversais de PMMA (Polimetilmetacrilato) a
baixas cargas, quando as superfícies foram torneadas para produzir rugosidades de superfície
moderadas. Porém quando a carga é aumentada, ou se as superfícies são lisas e polidas, o
coeficiente de atrito decai com o aumento da carga. Sob essas condições, embora a força de
atrito permaneça proporcional a área real de contato, esta área não é proporcionalmente maior
para carga normal.
Sob altas cargas, ou para superfícies muito lisas, a deformação elástica nos pontos de
contato entre os cilindros é tão grande que aquelas rugosidades individuais nas superfícies de
contato são resolvidas, e a situação é aproximada ao contato de uma única rugosidade gigante.
Para uma única aspereza esférica deformada elasticamente a área de contato será proporcional
a à carga elevada a potência de 2/3. O mesmo expoente é aplicado para o contato elástico de
cilindros. Temos então sob estas condições:
Na prática , um ajuste é encontrado com essa relação, embora o expoente da carga normal é
ligeiramente menor que –1/3. A inclinação do gráfico da figura 5 (b) é cerca de –1/4; a
diferença é provavelmente devido a presença de alguma deformação plástica em torno do
contato, porém ela permanece predominantemente elástica. Dependência semelhante do
coeficiente de atrito a carga normal é encontrada para o contato fortemente carregado de um
corpo polimérico arredondado contra um substrato liso duro.
A adesão responsável pela componente de atrito em polímeros resulta primariamente
das forças de ligação fracas (por exemplo pontes de Hidrogênio e forças de van der Waals) as
quais são também responsáveis pela coesão entre as cadeias poliméricas no interior do
material. A relativa magnitude das forças pode ser descrita em termos de energias superficiais
do polímero e o substrato. Energias de superfície de polímeros não-polares são tipicamente da
ordem de 20 a 30 mJ.m-2 [1], enquanto os polímeros polares tem cerca de duas vezes a mais
esses valores. Polímeros polares tendem a mostrar forte adesão. As uniões formadas pela
adesão mostra muitas semelhanças com as responsáveis pelo atrito dos metais. Falhas de
união tendem a ocorrer dentro do polímero, mais que na interface; entretanto, só acontece um
crescimento de união muito limitado, e os valores altos de associados com extenso
crescimento da união em metais nunca é observado em polímeros.
Muitos polímeros deslizando contra superfícies duras (por exemplo metais) transferem
filmes de polímero detectáveis na contraface . A formação e o comportamento dos filmes
transferidos são fatores importantes no atrito e desgaste desses polímeros. Uma vez formado
um filme de transferência, a interação subseqüente acontece entre o polímero e uma camada
de material semelhante, não se levando em consideração a composição do substrato. Em um
posterior deslizamento de polímeros pode continuar o desgaste pela adição de material ao
filme transferido, considerando que a ligação interfacial de união com a contraface é
freqüentemente mais forte do que dentro do próprio polímero.
As propriedades do fino filme polimérico pode ser investigado pela colocação de um
filme entre um deslizador rígido e um substrato duro. Se o escorregamento ocorre sob uma
carga suficientemente alta, a área real de contato será igual a área aparente e uma comparação
direta pode então ser feita entre o coeficiente de atrito medido e o valor previsto de medidas
independentes da tensão de escoamento de cisalhamento de amostras de polímeros. O ajuste é
geralmente bom. O coeficiente de atrito depende da carga, assim como a tensão de
escoamento de um polímero, ao contrário do metal, depende fortemente da componente de
tensão hidrostática. A tensão de cisalhamento varia com a pressão hidrostática P aplicada da
seguinte maneira:
o .P (5)
onde e são constantes para um polímero em particular . Para o caso de um filme fino
polimérico intercalado entre duas superfícies rígidas, P = W/A e F = A . Então segue que:
F/W=/P= o/P+ (6)
Boa concordância é geralmente encontrada entre os valores medidos de para
polímeros que transferem filmes e aqueles calculados por esta equação , quando os valores de
o e são medidos em ensaios mecânicos convencionais [4]. Nota-se que é esperado a
diminuição do coeficiente de atrito com o aumento da pressão hidrostática P (e
consequentemente com a carga normal crescente), e isto realmente é observado na prática
para polímeros na forma de filmes. Para pressões muito altas, o valor de tende para . Essa
equação é também usada para prever o atrito de amostras de muitos polímeros se P é levado a
ter o valor da dureza do polímero.
Dois polímeros, lineares (isto é não ramificado: alta densidade) Polietileno (PEAD) e
Politetrafluoretileno (PTFE) exibem baixos coeficientes de atrito comparados a maioria dos
outros polímeros e tem aplicações importantes como lubrificantes sólidos e materiais para
mancais. Essas estruturas moleculares são caracterizadas pela linearidade, sendo cadeias não
ramificadas sem grupos laterais polares, resultando em fracas ligações intermoleculares e um
alto grau de cristalinidade. Embora esse polímeros formem filmes sobre uma contraface dura,
o subsequente deslizamento na mesma direção tende acontecer entre a interface do polímero e
o filme, conduzindo a baixas taxas de desgaste. O coeficiente de atrito no início do
deslizamento sobre um substrato duro limpo não é particularmente baixo ( tipicamente = 0.2
a 0.3) e a espessura do filme transferido é da ordem de micrômetros. Com o progresso do
deslizamento, o coeficiente de atrito cai para valores muito baixos (talvez tão baixo quanto
0.05 para o PTFE); o filme transferido se torna muito mais fino e contém cadeias moleculares
fortemente orientadas paralelamente à direção de deslizamento. Esse comportamento é
mostrado na figura 6 com o deslizamento do PEAD sobre o vidro.
Para um subsequente deslizamento com a mesma orientação na mesma pista, o atrito
permanece baixo. Mas se o corpo deslizante muda de direção e destrói o alinhamento
molecular entre este e o filme transferido, a taxa de atrito e desgaste sobem substancialmente.
O comportamento do PEAD e PTFE tem sido atribuído a igualdade das cadeias
moleculares nesses materiais, embora pareça que uma baixa energia de superfície, associada
com forças intermoleculares fracas, permitem também o depósito de filmes orientados muito
finos nos substratos.
No projeto e tecnologia de mancais, o parâmetro de interesse prático é a pressão
nominal P , em vez da carga normal, pois o mancal é geralmente projetado para suportar uma
carga máxima com um tamanho mínimo compatível com sua resistência mecânica. A equação
(1) acima é, portanto, modificada para relacionar pressão e velocidade. Partindo-se do volume
Figura 8 – Mapa Geral de Desgaste que mostra a taxa de desgaste normalizada K versus
pressão nominal de contato para vários materiais de uso na engenharia. Resultados
de testes não lubrificados contra aço [3].
Desta expressão surge o conceito do “fator PV” para classificar o desempenho de mancais
conforme figura 7 visto acima [5].
Para se comparar a taxa de desgaste entre materiais diferentes, é freqüentemente útil
definir uma taxa de desgaste normalizada ou coeficiente de desgaste dimensional K (= k/H)
que representa o volume de material removido no desgaste por unidade de carga normal por
unidade da distância deslizada. A unidade dos valores é mm 3/Nm ou (Nm-2)-1 ou Pa-1 (1mm
3
Nm - 1 = 10 9 m 2 N - 1 ). A figura 8 acima mostra um Mapa Geral de Desgaste com os valores
da taxa de desgaste normalizada ou coeficiente de desgaste dimensional K em função da
pressão nominal de contato para materiais que deslizam na condição sem lubrificação e contra
aço [3]. Para baixas pressões de contato, o valor de K para cada material é aproximadamente
constante. Taxas de desgaste só podem ser preditas com mais precisão do que isto na prática.
Com o aumento da pressão de contato, o valor de K sobe, crescendo rapidamente com o
aumento da pressão até um valor limitante. Este limite é o valor máximo para mancais de
pressão cujo material pode ser usado sem falha catastrófica, e em qualquer aplicação prática,
o material deveria ser usado substancialmente a uma pressão abaixo deste máximo. O
diagrama ilustra alguns materiais e pontos importantes.
3. CONCLUSÕES
De acordo com o visto acima, podemos resumir as principais conclusões em:
O atrito e desgaste em polímeros diferem fundamentalmente do que ocorre nos metais e
cerâmicas, embora sejam devidos aos fenômenos de contato entre as rugosidades nas
superfícies. O atrito em polímeros depende tanto do contato elástico, da aderência como
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
[1] HUTCHINGS, I. M., Tribology: Friction and wear of engineering materials. Edward
Arnold, 1992.
[2] HUTCHINGS, I. M., Wear-resistent materials: into the next century. J. Mat. Sci. Eng.,
pp.185- 195 , 1994.
[3] ASHBY, M.F., Materials Selection in Mechanical Design. Pergamon Press, 1992.
[4] BRESSAN, J.D., G. GENIN e WILLIAMS, J.A., The Influence of Pressure, Boundary
Film Shear Strength and Elasticity on the Friction Between a Hard Asperity and a
Deforming Softer Surface. Livro: Lubrication at the Frontier, Editores: D. Dowson e
outros, Elsevier Science B.V., 1999.
[5] MASCIA, L., Thermoplastics: Engineering Materials, Elsevier Applied Science, 1989.