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PROVIMENTO Nº 637, DE 8 DE JANEIRO DE 2024.

Regulamenta a concessão de Bolsas de Estudo para cursos de Pós-


Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu, para magistrados e servidores,
no âmbito do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul.

O CONSELHO SUPERIOR DA MAGISTRATURA, no uso das atribuições


regimentais, e,
CONSIDERANDO que a educação é direito de todos e dever do Estado, devendo
ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho, conforme disposto no art. 205, da Constituição Federal de 1988;
CONSIDERANDO a relevância de incentivar e facilitar o aperfeiçoamento dos
magistrados e servidores para fins de aprimorar a qualidade da prestação jurisdicional e dos
serviços judiciários como um todo;

RESOLVE:

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Regulamentar, ad referendum, a concessão de bolsas de estudo para cursos


de Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu, no âmbito do Poder Judiciário de Mato Grosso
do Sul, obedecerá ao disposto neste Provimento.
Art. 2º O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul poderá conceder bolsas de
Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu aos magistrados e servidores efetivos, com o
objetivo de capacitá-los para melhor desempenho de suas atividades, conforme a
disponibilidade orçamentária e financeira.
Art. 3º Para os efeitos deste Provimento, consideram-se:
I – curso de Pós-Graduação Lato Sensu: aquele voltado para o aprimoramento
acadêmico ou técnico profissional, com caráter de educação continuada, com duração máxima
de 2 (dois) anos e carga horária mínima de 360 (trezentos e sessenta) horas, compreendendo os
cursos de especialização, os de aperfeiçoamento e os designados como MBA (Master Business
Administration) ou equivalentes, oferecidos por instituições de ensino superior;
II – curso de Pós-Graduação Stricto Sensu: aquele que compreende programas de
mestrado e doutorado realizados em instituições nacionais ou internacionais, sujeito às
exigências de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento, previstas na
legislação.
§ 1º Compreende ainda o conceito estabelecido no inciso II deste artigo, os
programas de mestrado e doutorado oferecidos mediante formas de associação entre instituições
brasileiras e estrangeiras, obedecendo às exigências de autorização, reconhecimento e
renovação de reconhecimento previstas na legislação.
§ 2º O conteúdo programático dos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto
Sensu, o objeto e o tema do projeto de pesquisa desenvolvido pelo estudante deverá,
necessariamente, estar vinculado às áreas de interesse do Tribunal de Justiça de Mato Grosso
do Sul, às atribuições do cargo efetivo ou às atividades desempenhadas pelo magistrado ou
servidor, no exercício de cargo em comissão ou de função de confiança, na ocasião do
requerimento para a concessão da bolsa.
§ 3º Para fins de participação de magistrados e servidores no processo seletivo de
concessão de bolsas de estudo, consideram-se áreas de interesse do Tribunal de Justiça aquelas
vinculadas à ciência jurídica (área-fim), inclusive administração da justiça, à tecnologia da
informação e à seara da administração pública.
§ 4º Prioritariamente, serão deferidas bolsas de estudos para objetos e temas de
pesquisas relacionados à área-fim do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
§ 5º A critério da Administração poderá ser celebrado convênio para cursos de Pós-
Graduação Stricto Sensu entre o Poder Judiciário e instituições nacionais e internacionais, como
forma de concessão de bolsas de estudo, conforme a disponibilidade financeira e orçamentária.
Art. 4º São condições para a concessão de bolsas de estudo de Pós-Graduação Lato
Sensu e Stricto Sensu:
I – a disponibilidade de recursos orçamentários e financeiros do Poder Judiciário;
II – a compatibilidade entre os horários das aulas, inclusive o das demais atividades
do curso e o expediente de trabalho, facultada, excepcionalmente, a concessão de horário
especial, podendo ser exigida a compensação na forma da legislação;
III – não afastamento do servidor para gozo de licença de estudo, na forma do art.
117, IX, c.c. art. 138 e seguintes, da Lei n.º 3.310, de 14 de dezembro de 2006;
IV – não afastamento do magistrado para gozo de licença de aperfeiçoamento
profissional, na forma previstos na Resolução n.º 559, de 5 de agosto de 2009, do Tribunal
Pleno.

CAPÍTULO II
DOS REQUISITOS

Art. 5º As bolsas de Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu serão oferecidas,


mediante processo seletivo, a magistrados vitalícios e servidores efetivos, desde que em efetivo
exercício neste Poder Judiciário.
Art. 6º Observado o disposto no art. 5º, o candidato à bolsa de Pós-Graduação Lato
Sensu e Stricto Sensu deverá atender aos seguintes requisitos:
I – não ter sido contemplado com bolsa de estudo em curso de Pós-Graduação Lato
Sensu e Stricto Sensu de mesmo nível (Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado), custeado por
este Tribunal, ao qual pretende concorrer, nos últimos 5 (cinco) anos;
II – não se encontrar em usufruto de licença para aperfeiçoamento profissional ou
estudo;
III – não responder a sindicância ou a processo administrativo disciplinar ou estar
suspenso de suas atividades em razão de decisão judicial;
IV – não estar à disposição de outro Poder Público;
V – não receber, durante o período de vigência da bolsa, qualquer modalidade de
bolsa de programa de outra agência financiadora pública ou privada;
VI – apresentar a documentação necessária para o reembolso, no prazo a ser fixado
em edital.

CAPÍTULO III
DA INSCRIÇÃO E DO PROCESSO SELETIVO E DA CONCESSÃO DAS BOLSAS DE
ESTUDO

Art. 7º Preferencialmente, no início de cada ano, conforme disponibilidade


orçamentária e financeira, será definido em edital, o quantitativo e valor máximo de bolsas de
Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu.
Parágrafo único. A elaboração do edital poderá ser delegada à Escola Judicial do
Estado de Mato Grosso do Sul, com base nas orientações da Presidência, bem como do modelo
anexo a este Provimento.
Art. 8º Os interessados em participar do processo seletivo para a concessão de
bolsas de Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu deverão protocolar a solicitação na forma
estabelecida em edital específico.
Art. 9º A classificação e a aprovação de magistrado ou servidor no processo
seletivo, dentro do número de vagas ofertadas, assegura o custeio até a conclusão do curso, nos
termos estabelecidos no respectivo edital, condicionada à disponibilidade orçamentária e
financeira, a cada exercício.
Art. 10. O processo seletivo será executado pelo Diretor-Geral da EJUD-MS,
segundo as normas do edital, podendo delegar a servidores a incumbência de realizar atividades,
cabendo-lhe ainda:
§ 1º Não participar do processo seletivo para a concessão de bolsas e, caso o
cônjuge, companheiro ou parentes de linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
participem do processo seletivo, deverá se afastar e ser substituído pelo suplente ou por outro
responsável.
§ 2º Analisar da documentação apresentada pelos candidatos às bolsas de Pós-
Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu, magistrados ou servidores.
§ 3º Após a análise da documentação e a avaliação dos requisitos, emitir relatório
com a lista dos aprovados e reprovados, devendo constar expressamente os motivos da
reprovação e do respectivo não enquadramento às regras editalícias.
§ 4º Submeter o relatório final do processo seletivo à homologação do Presidente
do Tribunal de Justiça, bem como publicar no Diário de Justiça Eletrônico e divulgar no portal
da intranet.
§ 5º Os magistrados e servidores classificados no processo seletivo serão
convocados de acordo com o quantitativo de vagas disponíveis, devendo as vagas
remanescentes serem disponibilizadas ao outro grupo.
Art. 11. O valor máximo da bolsa, a ser definido por meio de edital, compreenderá
apenas taxa de matrícula, mensalidade, anualidade, parcela ou prestação relacionados à
participação no curso, excluindo-se os valores referentes ao processo seletivo para o curso
pretendido pelo magistrado ou servidor, assim como os de multas, juros ou encargos
decorrentes de atraso no pagamento à instituição de ensino.
§ 1º O magistrado ou servidor selecionado deverá apresentar cópia do contrato,
ajuste ou outro instrumento celebrado com a instituição de ensino, comprovante de pagamento
e de matrícula, bem como documento em que constem os períodos, módulos, frequências,
matérias ou disciplinas a que se refere o pagamento.
§ 2º A não apresentação da documentação acima referida, no prazo estabelecido
implica a desclassificação automática do candidato e chamamento do próximo aprovado.
§ 3º O custeio das bolsas de Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu será feito
por meio de procedimento de reembolso, ou outra forma definida pela Presidência, ao
magistrado ou servidor do valor que, comprovadamente, tenha despendido com o curso,
observado o limite previsto neste artigo.
Art. 12. Não serão reembolsadas despesas referentes a exercícios anteriores ao da
publicação de cada edital.

CAPÍTULO IV
DOS DEVERES DO BOLSISTA

Art. 13. São deveres do magistrado ou servidor contemplado com a bolsa de Pós-
Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu:
I – entregar, na forma do edital:
a) cópia do trabalho de conclusão de curso, que será disponibilizado para
conhecimento de todos os interessados;
b) cópia do histórico escolar e diploma de conclusão do curso;
c) relatório de avaliação do curso, nos termos e prazos estipulados, no qual prestará
esclarecimentos a respeito da qualidade do curso e da instituição de ensino, bem como do
aproveitamento e da aplicabilidade do conteúdo do curso no Poder Judiciário de Mato Grosso
do Sul;
II – observar os sistemas e métodos de trabalho apresentados durante o curso, para
possível implementação no Tribunal, coletar bibliografia de livros, periódicos, monografias e
outras publicações e disseminar no ambiente de trabalho o conhecimento adquirido, por
iniciativa própria ou sempre que solicitado;
III – prestar informações e esclarecimentos a respeito do curso, da instituição de
ensino e de seu aproveitamento em cada período, módulo, matéria ou disciplina, quando
solicitado.
Art. 14. No trabalho de conclusão de curso, o bolsista deverá desenvolver tema
vinculado às áreas de interesse do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, fazendo-se
constar, obrigatoriamente, no artigo, dissertação ou tese, a percepção de bolsa de Pós-
Graduação Stricto Sensu por parte do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Art. 15. A disseminação do conhecimento adquirido a que se refere o inciso II do
art. 13 poderá ser efetivada por meio de eventos internos promovidos pela instituição, conforme
critérios de oportunidade e conveniência estabelecidos pela Administração.

CAPÍTULO V
DO CANCELAMENTO DA BOLSA DE ESTUDOS

Art. 16. Serão canceladas as bolsas de Pós-Graduação Lato Sensu e Stricto Sensu
nos seguintes casos:
I – descumprimento das disposições deste Provimento;
II – desistência ou interrupção do curso;
III – reprovação em alguma disciplina, módulo ou matéria do curso;
IV – trancamento de disciplina, módulo ou matéria do curso, sem prévia autorização
da Administração;
V – aposentadoria;
VI – exoneração do cargo de provimento vitalício ou efetivo;
VII – demissão;
VIII – posse em outro cargo inacumulável, exceto se aprovado em concurso do
próprio Tribunal;
IX – gozo de licença para aperfeiçoamento profissional ou estudo em outro curso.
§ 1º Quando cabível, será realizado o desconto em folha de pagamento do valor
desembolsado por este Tribunal, a título de ressarcimento, nas hipóteses referidas nos incisos
anteriores, ficando o magistrado ou servidor, nos 5 (cinco) anos subsequentes ao cancelamento,
impedido de receber idêntico benefício, nos casos de:
I – reprovação no curso;
II – cancelamento da bolsa, nas hipóteses previstas nos incisos I ao VI e IX deste
artigo;
III – não apresentação de diploma, certidão de conclusão do curso ou ata da defesa,
no prazo de até 90 (noventa) dias.
§ 2º O magistrado ou servidor aposentado por invalidez está isento do ressarcimento
de que trata o § 1º deste artigo.
§ 3º Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos incisos V a IX do art. 16,
durante os 2 (dois) anos seguintes à data da ata de defesa ou do diploma do curso, pela
instituição de ensino, o magistrado ou servidor deverá ressarcir o valor custeado pelo Tribunal.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 17. O magistrado e o servidor beneficiado com a bolsa de Pós-Graduação Lato


Sensu e Stricto Sensu obrigar-se-ão, mediante assinatura de Termo de Compromisso, a cumprir
as disposições deste Provimento, autorizando o ressarcimento dos valores, via desconto em
folha, nos casos previstos nos §§ 1º ao 3º, do art. 16, deste Provimento.
Art. 18. Fica vedada a mudança de curso ou de instituição de ensino, salvo prévia
e expressa autorização.
Art. 19. O Tribunal alocará, anualmente, observada a disponibilidade orçamentária
e financeira, os recursos necessários à concessão das bolsas de estudo de Graduação Lato Sensu
e Stricto Sensu de que trata este Provimento.
Art. 20. A cada exercício financeiro, observada a disponibilidade orçamentária e
financeira, os limites de reembolso estabelecidos nos editais de seleção poderão ser majorados,
a fim de contemplar o valor integral de custeio das mensalidades dos bolsistas.
Art. 21. As hipóteses e o procedimento relativo à interposição de recursos ao
processo seletivo serão definidas em edital específico de seleção.
Art. 22. Os casos omissos serão dirimidos pelo Presidente do Tribunal de Justiça.
Art. 23. Todas os atos previstos neste provimento ficarão a cargo da Presidência do
Tribunal de Justiça, que poderá delegar a outros órgãos a responsabilidade pela sua execução.
Art. 24. Este Provimento entra em vigor na data de sua publicação.

Campo Grande, 8 de janeiro de 2024.

Desembargador SÉRGIO FERNANDES MARTINS


Presidente
Desembargador DORIVAL RENATO PAVAN
Vice-Presidente
Desembargador FERNANDO MAURO MOREIRA MARINHO
Corregedor-Geral de Justiça
Desembargador JOÃO MARIA LÓS
Membro do CSM
Desembargador DIVONCIR SCHREINER MARAN
Membro do CSM

DJMS n.º 5318, de 9.1.2024, p. 2-4 (caderno 1).

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