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11.

A intervenção do Estado na economia

11.1 Funções e organização do Estado

Estado: estrutura organizada, reconhecida por todos os membros e dotada de força coerciva, capaz de
garantir a vida em sociedade, ditando leis e regras que todos devem seguir, salvaguardando os interesses
de todos os membros da coletividade e defendendo os indivíduos uns dos outros.

Elementos do Estado:

Povo;

Território;

Soberania.

Principal objetivo do Estado: satisfazer as necessidades de toda a coletividade, garantindo a vida em


sociedade.

Funções do Estado:

Legislativa (elaboração de leis que regulam a vida da comunidade);

Executiva (execução das leis, que deriva da necessidade de cumprir e fazer cumprir as leis);

Judicial (intervenção em matéria de resolução de conflitos).


Órgãos de soberania:

Presidente da República;

Assembleia da República;

Governo;

Tribunais.

Três grandes áreas de intervenção estatal:

Política

Social

Económica

Setor Público

Setor Público Administrativo

Administração Central (integrados os Ministérios da Educação, Saúde, Finanças…)

Administração Regional (Regiões Autónomas)

Administração Local (municípios)

Segurança Social (instituições que têm como função fornecer prestações sociais)

Subsetor Fundos e Serviços Autónomos (Hospitais Públicos, Universidades, Teatros Nacionais, Regiões de
Turismo)
Setor Público Empresarial

Empresas Públicas (o Estado tem uma influência dominante)

Empresas Participadas (participação permanente do Estado, mas sem influência dominante)

11.2 A intervenção do Estado na atividade económica

A intervenção do Estado na atividade económica tem como fundamento a garantia da:

Eficiência (afetação eficiente dos recursos na economia)

Equidade (distribuição do rendimento e da riqueza para promover a igualdade de oportunidades)

Estabilidade (promover o crescimento da económica, através da criação de emprego, manutenção dos


preços e equilíbrio das contas externas)

A eficiência

Nem sempre o mecanismo de mercado funciona de forma eficiente, dando origem a ineficiências –
Falhas de mercado. A sua ocorrência relaciona-se com a existência de:

Concorrência imperfeita – no caso dos monopólios, os preços praticados são mais elevados em
comparação com mercados competitivos e as quantidades transacionadas podem ser inferiores.

Por isso, verifica-se uma afetação ineficiente dos recursos que exige a intervenção do Estado através de
leis antitrust que limitam o poder do monopólio ou evitam a sua formação.

Externalidades – o efeito que a ação, de consumo ou de produção, de um agente económico provoca


sobre o bem-estar de outros, sem que tal efeito esteja refletido no preço dos produtos.

Externalidade negativa: o caso da poluição ambiental que afeta a população, sem que esta tenha tido
qualquer grau de intervenção no processo produtivo

Custo social da produção ˃ Custo económico da produção


Estado desincentiva a sua produção (e o seu consumo), aplicando impostos sobre o bem (assim
internaliza a externalidade negativa através do imposto)

Externalidade positiva: o caso de criação de postos de emprego em zonas rurais, beneficiando a


população (e evitando o aumento do êxodo rural)

Custo social da produção ˂ Custo económico da produção

Estado incentiva a sua produção (e o seu consumo), através da atribuição de subsídios (assim internaliza
a externalidade positiva através do subsídio)

Bens públicos – bens dos quais várias pessoas podem usufruir sem que se possa impedir alguém de os
utilizar. Ex.: iluminação pública. Estes bens têm duas características:

Não rivalidade: o uso que alguém faz desse bem não diminui a quantidade disponível para outros

Não excluibilidade/exclusividade: não se pode impedir o acesso de qualquer pessoa ao bem.

Os bens com estas características não são atrativos à iniciativa privada e por isso o Estado intervém de
modo a assegurar a sua oferta à população.

A equidade

A repartição desigual do rendimento origina um fosso entre os grupos de rendimento elevado e os grupo
de baixos rendimentos. Por isso o Estado intervém com vista à redistribuição de rendimentos e
promoção da equidade.

Ex.: aplicação de impostos diretos progressivos para conseguir receitas para os cidadãos mais
carenciados, através da atribuição de subsídios (como subsídio de desemprego, pensão de velhice…)

A estabilidade

As economias são frequentemente atingidas por situações de instabilidade, que se caracterizam por
fortes níveis de desemprego, aumento dos preços, diminuição da produção e falência de empresas.
O Estado intervém com o objetivo de prevenir tais situações e promover a estabilidade da economia,
intervindo como estabilizador macroeconómico, através de medidas de combate ao desemprego, criação
de emprego, combate à inflação e equilíbrio das contas externas.

Instrumentos de intervenção do Estado na vida económica e social:

Planeamento económico (indicativo para o setor privado e imperativo para o setor público)

Políticas económicas e sociais (política fiscal, orçamental, monetária, de preços, de combate ao


desemprego)

Orçamento do Estado: documento escrito, apresentado sob a forma de lei, proposto pelo Governo à
Assembleia da República e no qual se preveem as receitas a cobrar e as despesas a efetuar no horizonte
temporal de um ano.

Receitas públicas

As receitas públicas podem ser:

Coativas (provenientes dos impostos, das taxas e das multas)

Patrimoniais (rendimentos gerados pelo património do Estado)

Creditícias (contração de empréstimos junto de famílias e instituições financeiras nacionais ou


estrangeiras)
No Orçamento do Estado as receitas são classificadas como:

Receitas correntes – resultam de rendimentos criados no período de vigência do OE, prevendo-se que se
voltem a repetir noutros anos, como receitas dos impostos, taxas e multas.

Impostos diretos (sobre os rendimentos) e indiretos (sobre os bens e serviços)

Receitas de capital – receitas que não se repetem noutros anos, tais como as receitas de privatizações ou
da contração de empréstimos.

Despesas públicas

As despesas públicas são igualmente classificadas como:

Despesas correntes – encargos permanentes do Estado no desempenho das suas funções num dado ano,
tais como as pensões de reforma e invalidez, o subsídio de desemprego e o pagamento de vencimentos
aos funcionários públicos.

Despesas de capital – encargos do Estado num dado ano, mas cujos efeitos se preveem que serão
prolongados em anos seguintes. São exemplos a construção de escolas ou hospitais públicos e a
aquisição de capital fixo.

Saldos orçamentais

Saldo orçamental corrente = Receitas correntes – Despesas correntes

Saldo orçamental de capital = Receitas de capital – Despesas de capital

Saldo orçamental global = Total de receitas – Total de despesas


Saldo orçamental primário = Saldo orçamental global – encargos da dívida pública

Superavit: Receitas ˃ Despesas

Nulo: Receitas = Despesas

Défice: Receitas ˂ Despesas

Quando existem défices orçamentais, as autoridades recorrem à contração de empréstimos, dando


origem à dívida pública.

Políticas económicas

Diagnóstico e caracterização da situação económica e social do país naquele momento;

Definir as finalidades;

Fixar os objetivos;

Escolher os instrumentos mais adequados;

Avaliar os resultados.

Políticas conjunturais – políticas de curto prazo que se destinam a corrigir desequilíbrios económicos
como o desemprego, a inflação ou o défice das contas externas.

Política monetária (garantir a estabilidade dos preços)


Instrumentos:

Enquadramento do crédito

Operações de mercado aberto

Reservas obrigatórias

Política fiscal

Instrumentos:

Aplicação de impostos

Política orçamental

Política de redistribuição do rendimento

Instrumentos:

Fixação do salário mínimo

Sistemas de Segurança Social

Políticas estruturais – políticas de médio ou longo prazo que procuram alterar o funcionamento da
economia, corrigir falhas de mercado e promover o crescimento económico.

Ex.: política de educação; política de saúde; política agrícola

11.3 As políticas económicas e sociais do Estado português

Com a adesão de Portugal à União Económica e Monetária, a política monetária e cambial deixou de ser
definida ao nível nacional, tendo passado a ser determinada pelo Banco Central Europeu.

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