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GOVERNO DO MUNICÍPIO DE CABROBÓ

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO

Memórias Literárias
A doce espera do sábado
Estudante: Maria Fernanda Alves de Barros

Nasci e cresci na fazenda Ponta da Ilha – lugarzinho aconchegante e calmo – onde convivi com
boa parte da minha família mesmo em meio a tantas dificuldades. Guardo boas memórias vividas
naquela lugar.
Ah, e como me esquecer dos sábados barulhentos e bem divertidos, sábado sem feira é como
domingo sem missa. Acordava toda animada ia direto para o rio São Francisco, apesar de não gostar
muito de tomar banho no alvorecer, ainda tinha outro detalhe importantíssimo, não sabia nadar. Por
isso, sempre engolia as piabas que apareciam na minha frente, mas infelizmente elas não colaboraram
comigo. Nunca me joguei de corpo e alma nas águas do Velho Chico. Tomava banho em uma canoa e
usava uma cuia para me banhar com aquelas águas cristalinas. Uma alegria me contagiava. Era sábado
“dia de feira”.
Naquela redondeza o único transporte que tinha era uma camionete C10 de cor bege
que era de propriedade do meu pai. Quantas alegrias eu vivi com meus familiares em cima daquele
carro. Naquele tempo não existia lei que barrasse nosso trajeto de quinze quilômetros. Nos dias de
hoje, jamais passaríamos por aquelas emoções, pois as leis de trânsito se modificaram bastante.
Lembro-me ao chegar no meio urbano nesta maravilhosa cidade, Cabrobó, me embelezava
com o movimento das pessoas no meio da feira. Era um vai e vem, uma gritaria que soava como
música para os meus ouvidos. Como eu gostava! Aquele movimento comercial me encantava desde
os cordões de catolé ao doce de quebra queixo, na feira da farinha comprávamos os alimentos básicos
para a semana.
Meu pai era agricultor e tinha, em alguns períodos, a cebola para vender. Quando ele ganhava
com a venda da produtividade, na qual ele passava mais de oitenta dias de sol escaldante, chegava o
momento de festejar. Uma das lembranças desse momento guardo no coração o dia que papai
comprou a minha cama baú, na Casa Aliança, uma das poucas lojas de móveis que tinha aqui, hoje já
se tem várias lojas de móveis. Ah, e a lojinha de dona Zefinha mal avistava e já ficava toda serelepe,
porque amava comprar roupas. Às vezes ia em seu Zé Nélson também. Precisando de remédio contava
com a farmácia de Dr. Estrela que éramos atendidos pelo senhor Dário que não estar mais entre nós,
com muita satisfação nos recebia.
Quantas mudanças aconteceram na nossa cidade, agora fica difícil citar os nomes dos
comércios, sem esquecer que antigamente os pontos comerciais eram conhecidos pelo o nome dos
proprietários.
Ainda me recordo do sabor de morango daquela praça amparada pela sombra das castanholas,
localizada em frete ao Banco do Brasil. Quando o sino do carrinho de picolé anunciava a chegada das
garrafinhas, não podia ir embora sem me lambuzar com aquelas delícias, até tinha outros sabores,
mas o meu preferido era de morango. Depois daquele sábado recheado de alegria, era chegada a hora
do regresso para o lar. Na margem da BR meu pai aproximava sua velha camionete das bombas
impregnadas de gasolina no posto Limarques, o único da cidade daquela época. Atualmente, os postos
são muitos e os carros também.
Hoje morando na cidade, com a maturidade que os anos me trouxeram, assisto da minha calçada
a evolução do comércio cabroboense.
E como será Cabrobó daqui alguns anos? Viveremos para contar porque o progresso é constante
e veloz.

Texto baseado na entrevista com a senhora Natália Kécia Vieira Landim, 36 anos.
Professora: Luciene de Sá Ribeiro Siqueira
Escola de Referência em Ensino Fundamental Evandro Ferreira dos Santos

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