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40 Estudo-Vida de Mateus Vol. 1 - To (1) - Unlocked
40 Estudo-Vida de Mateus Vol. 1 - To (1) - Unlocked
ISBN 0-87083-162
Impresso no Brasil
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MENSAGEM 1
INTRODUTÓRIA
A Bíblia é o falar de Deus. Nela há duas seções. Na primeira seção, o
Antigo Testamento, Deus falou pelos profetas, e na segunda seção, o Novo
Testamento, Ele falou no Filho (na Pessoa do Filho, Hb 1:1-2). Esta seção
é composta dos quatro Evangelhos, o livro de Atos, as Epístolas e o livro
de Apocalipse. Enquanto estava em carne, o Filho começou a falar nos
quatro Evangelhos. Após Sua ressurreição, Ele continuou a falar como o
Espírito por intermédio dos apóstolos (ver João 16:12-14). Assim, o Novo
Testamento é simplesmente o falar do Filho a nós, ministrando a Si
mesmo como vida e tudo para nós a fim de que possamos nos tomar Seu
Corpo, Sua expressão, a igreja.
A Bíblia é um livro de vida. Essa vida é a Pessoa viva de Cristo, nada
menos que isso. No Antigo Testamento Cristo é retratado como Aquele
que havia de vir. No Novo Testamento, Aquele cuja vinda fora profetizada
veio. Assim, o Novo Testamento é o cumprimento do Antigo. Santo
Agostinho disse certa vez que o Novo Testamento está contido no Antigo,
e o Antigo Testamento é expresso no Novo. Esses dois testamentos são, na
verdade, um só, revelando uma Pessoa que é nossa vida.
A EXPANSÃO DE CRISTO
O livro de Atos registra a expansão dessa Pessoa maravilhosa. É o
propagar do Cristo todo-inclusivo. Esse Cristo expandiu-se de uma Pessoa
para milhares e milhares de pessoas. Outrora Ele era o Cristo individual,
mas em Atos tomou-se um Cristo corporativo. Após Atos, temos todas as
Epístolas, que dão uma completa definição desse Homem maravilhoso,
universal e vasto. Cristo é a Cabeça e a igreja é o Corpo: esse é o Homem
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uni versal, Cristo e a igreja. Finalmente, temos o livro de Apocalipse como
a consumação do Novo Testamento. Esse livro nos apresenta uma figura
completa do Cristo-Corpo, o Cristo individual mesclado com todos os
Seus membros para se tomar a Nova Jerusalém.
O ESBOÇO GERAL
Em cada livro da Bíblia precisamos de um
esboço geral. O esboço geral de Mateus é:
O PENSAMENTO CENTRAL
Em cada livro da Bíblia também precisamos encontrar o
pensamento central. O pensamento central de Mateus é:
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Cristo, como Jesus (Jeová, o Salvador) e Emanuel (Deus
conosco), é o Rei, o que batiza, a luz, o Mestre, o que cura, o
que perdoa, o Noivo, o Pastor, o Amigo, a sabedoria, o
descanso, o templo. maior, o Davi verdadeiro, o Senhor do
sábado, o Jonas maior, o Salomão maior, o Semeador, a
semente, o Alimentador, o pão, as migalhas sob a mesa, o
Cristo, o Filho do Deus vivo, a rocha para a igreja, o
Edificador da igreja, o Fundador do reino, o Moisés atual, o
Elias atual, a principal pedra angular, o Senhor, o Ressurreto,
Aquele com autoridade e o Sempiterno para Seu povo em
ressurreição.
Quão rico Cristo é no livro de Mateus, até mesmo mais rico que em
João. Como Jesus e Emanuel, Ele é ainda outros trinta e três itens para
nós. Devemos desfrutá-Lo e participar Dele. Precisamos experimentá-Lo
em todos esses aspectos em ressurreição, não no estado natural. Ele é o
Sempiterno. Mateus começa com “Deus conosco” e finaliza com “E eis que
estou convosco todos os dias até a consumação do século”. Que
maravilhoso!
I. SUA GENEALOGIA
Dentre os quatro Evangelhos, apenas dois, Mateus e Lucas, têm
genealogias. Mateus nos diz que Jesus é o descendente legítimo da família
real, que Ele é o herdeiro legal do trono real. Tal pessoa certamente
precisa de uma genealogia narrando-nos sobre Sua origem e ascendência.
Lucas apresenta Jesus como um homem normal, legítimo. Jesus como um
homem verdadeiro também requer uma genealogia. Em Marcos, Jesus é
descrito como um escravo, como alguém vendido à escravidão. Um
escravo não necessita de uma genealogia; assim, Marcos não a inclui.
João nos revela que Jesus é Deus: “No princípio era o Verbo [Palavra]... e
o Verbo [Palavra] era Deus”. Com Ele não houve princípio nem origem.
Ele é eterno, sem princípio ou fim de existência (Hb 7:3). No princípio era
Deus! Se João falasse da Sua genealogia, seria absurdo.
Qualquer outra pessoa, não importa quem seja ou quantas
biografias escrevam sobre ela, terá sempre a mesma genealogia. Mas
Jesus tem duas genealogias. Mais tarde veremos como essas genealogias,
por fim, tornam-se uma. Mais uma vez vemos que Ele é maravilhoso. Em
cada aspecto, Ele é maravilhoso.
A. A Genealogia de Cristo
Agora chegamos à genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus.
Precisamos perceber quem é Jesus. Quem é Jesus? Podemos responder
dizendo que Ele é o Filho de Deus, mas essa genealogia não traz essa
expressão. Antes, ela O chama de o filho de Davi e o filho de Abraão. Por
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ser Jesus tão maravilhoso é difícil dizer quem Ele é.
Jesus é o mesclar de Deus com o homem, o
mesclar da divindade com a humanidade. Essa é a genealogia de Jesus. A
genealogia de Jesus revela que Ele é o mesclar, o maravilhoso mesclar.
Nessa genealogia temos o mesclar do Ser divino com tantos seres
humanos, com todos os tipos de pessoas. Não devemos mais pensar que
Mateus 1:1-17 é apenas uma lista de nomes.
A genealogia de Cristo é composta de:
1. Os Patriarcas
Esses são os antepassados, pessoas notáveis.
Todos eles juntos somam catorze gerações (1 :2-6a).
2. Os Reis
Os reis, a nobreza, também somam catorze gerações (1:6b-10).
3. Os Cidadãos Comuns
(os Capturados e os resgatados)
A genealogia de Cristo não inclui apenas pessoas importantes, ela
inclui também os cidadãos comuns, os insignificantes, como Maria e José.
Os pobres, os desprezados, estão também incluídos na genealogia de
Cristo. Cristo foi contado não apenas com os patriarcas e reis, mas
também com um grupo de cidadãos comuns. Ele não era apenas dos
notáveis, dos nobres, era também dos desprezados. Com esse quadro da
genealogia de Cristo, podemos ver que ela inclui todos os tipos de pessoas.
Essa genealogia inclui ambos os chamados, como Abraão, e os
exilados no cativeiro. Nesse breve registro, temos a palavra “desterro” (v.
17). Abraão foi chamado de Babel, a origem de Babilônia. A linhagem
de Cristo inclui não apenas os chamados, mas também os desviados.
Talvez há cinco anos você fosse um chamado, mas hoje pode ser um
desviado. Não fique desapontado. A genealogia de Cristo inclui você. Essa
genealogia inclui Jeconias, um rei que foi destronado e exilado na
Babilônia. Você já foi destronado? Não pense que não. Em sua vida cristã
algumas vezes você foi destronado. Outrora era um rei, mas perdeu seu
reinado e tornou-se um desviado. Nosso patriarca Abraão veio de
Babilônia; contudo você retomou para lá, não voluntariamente, mas foi
levado. Louvado seja o Senhor, porque a genealogia de Cristo inclui até
mesmo os derrotados.
Após o cativeiro houve a restauração. Portanto, temos um outro
nome, Zorobabel, o nome de restauração. Muitos cativos retomaram com
Zorobabel. A genealogia de Cristo inclui todos os tipos de pessoas: boas,
más, chamadas, degradadas e restauradas. Se lhe perguntasse de que tipo
é, você pode dizer que primeiramente era um chamado, então um
degradado e, finalmente, um restaurado. Você era um Abraão, tomou-se
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um Jeconias, mas hoje é um Zorobabel. Somos todos “Zorobabéis”.
Somos os chamados, os degradados e os restaurados.
5. A Única Virgem
Ao lado das quatro mulheres recasadas, destaca- se uma virgem:
Maria, a mãe de Jesus. Maria era boa, pura e limpa. Isso indica que todos
os mencionados neste livro da genealogia são pecadores, exceto Jesus. Com
exceção de Jesus, todos são impuros.
B. O Filho de Davi
Cristo é o filho de Davi (Mt22:42, 45; Ap22:16). Salomão, o filho .
de Davi, era um tipo de Cristo em três aspectos principais. Primeiro, ele
era um tipo de Cristo como o herdeiro do reino (2Sm 7:12b, 13; Jr 23:5; Lc
1 :32-33). Segundo, Salomão tinha sabedoria e falava a palavra de
sabedoria. Em Mateus 12, vemos que Cristo também tinha sabedoria e
falava a palavra de sabedoria. Nesse capítulo Cristo referiu-se a Si mesmo
como o Salomão maior (v. 42). Alguém maior que Salomão estava ali e
falou palavras de sabedoria. Nenhuma palavra humana é tão sábia como
as palavras de Cristo. Terceiro, Salomão edificou o templo de Deus (2Sm
7:13). Como o filho de Davi, Cristo edifica o templo de Deus, a igreja.
C. O Filho de Abraão
Cristo é também é filho de Abraão. Essa genealogia diz que Cristo e
o filho de Davi e o filho de Abraão, não o filho de alguém mais. No Antigo
Testamento havia uma clara profecia que Cristo seria filho de Abraão.
Isaque era um tipo de Cristo. Com Isaque, como um tipo de Cristo,
também havia três aspectos principais. Primeiro, Isaque trouxe a bênção a
todas as nações, tanto para Judeus como para gentios (Gn 22:18a; G13:16,
14). Segundo, ele foi oferecido a Deus como sacrifício e ressuscitou (Gn
22:1-12; Hb 11:17, 19). Terceiro, ele recebeu a noiva (Gn 24:67). Esse é um
tipo de Cristo como o Prometido que trouxe a bênção a todas as
nações, que também foi oferecido como sacrifício, morreu e foi
ressuscitado e que, após Sua ressurreição, receberá Sua Noiva (Jo3:29;
Ap 19:7). Um dia o Espírito Santo, prefigurado pelo servo de Abraão, trará
a Rebeca espiritual, divina, celestial para o seu Isaque celestial. o filho de
Abraão recebeu a noiva e o filho de Davi edificou o templo. Com Cristo, a
Noiva é o templo, e o templo é a Noiva.
É por isso que Mateus 1:1 diz que Cristo é o filho de Abraão e o filho
de Davi. Ele ofereceu-se para morrer e foi ressuscitado, agora Ele está
edificando o templo de Deus e no futuro Ele receberá a Noiva. Cristo
também falou palavras de sabedoria e trouxe a bênção de Deus a todas as
nações. É Ele que cumpre todas essas coisas. Nos quatro Evangelhos,
podemos achar cada um desses seis aspectos. Os Evangelhos revelam que
Cristo veio para herdar o reino, que Ele ofereceu-se para morrer e foi
ressuscitado, que Ele falou a palavra de sabedoria, que trouxe bênção a
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todas as pessoas, que está edificando a casa de Deus e que virá para
receber a Noiva. Cristo é, sem dúvida, o verdadeiro Isaque e o verdadeiro
Salomão.
Como o filho de Davi, Jesus era uma grande bênção para os
judeus. Mas como o filho de Abraão, Ele traz bênção a todos os gentios.
Como o filho de Davi, Ele é para os judeus; como o filho de Abraão,
Ele é para todos nós. Se Jesus fosse apenas o filho de Davi, Ele nada teria
a ver comigo. Louvado seja o Senhor por ser Ele também o filho de
Abraão! Todas as nações são abençoadas na semente de Abraão, que é
Cristo. Essa bênção é a participação no Deus Triúno. A bênção que Deus
prometeu a Abraão é o Espírito (Gl 3:14), e o Espírito é a consumação
final e máxima do Deus Triúno. Por meio de Cristo como o filho de
Abraão, temos o Espírito e participamos no Deus Triúno. Aleluia!
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MENSAGEM 2
D. Abraão
A genealogia em Mateus começa com Abraão, mas a genealogia em
Lucas retoma a Adão. Mateus não inclui Adão e seus descendentes, mas
Lucas sim. Que significa essa diferença? Lucas é um livro da salvação de
Deus, enquanto Mateus é um livro do reino. A salvação de Deus é para a
raça criada e caída representada por Adão, mas o reino dos céus é apenas
para o povo escolhido de Deus, a raça chamada, representada por Abraão.
Portanto, Mateus começa com Abraão, mas Lucas traça a genealogia de
volta para Adão.
1. Chamado
Nos primeiros dez capítulos e meio de Gênesis, Deus tentou
trabalhar na raça criada, mas não conseguiu. A raça criada O frustrou. O
homem caiu a tal ponto que toda a humanidade rebelou-se contra Deus ao
extremo e edificou a torre e a cidade de Babel para expressar sua rebelião
(Gn 11:1-9). Então, Deus desistiu da raça criada e caída, e chamou uma
pessoa, Abraão, para fora daquela raça a fim de ser o pai de uma outra
raça. De um lugar cheio de rebelião e idolatria, onde todos eram um com
Satanás, Deus chamou um homem, Abraão (Gn 12:1-2; Hb 11:8).
Desde quando o chamou de Babel (mais tarde Babilônia) para Canaã,
Deus desistiu da raça adâmica e investiu todo Seu interesse nessa nova
raça, tendo Abraão como cabeça. Essa é a raça chamada, a raça
transformada. Não é uma raça segundo a natureza, mas segundo a fé.
O reino de Deus é para essa raça. Ele nunca poderia existir com a
raça caída. Assim, Mateus, ao tratar do reino dos céus, começa com
Abraão. Porque o livro de Lucas diz respeito à salvação de Deus (e
certamente a salvação deve ser para a raça caída), sua genealogia
retrocede a Adão. Após sermos salvos em Lucas, espontaneamente somos
transferidos da raça caída para a raça chamada. Éramos descendentes de
Adão; agora somos descendentes de Abraão. Gálatas 3:7 e 29 diz-nos que
todo aquele que crê em Jesus Cristo é filho de Abraão. De quem você é
filho? De Adão ou de Abraão? Somos os verdadeiros judeus (Rm 2:29).
Nosso antepassado é Abraão. Pertencemos à mesma categoria que ele. Se
não fôssemos descendentes de Abraão, então não teríamos participação
no livro de Mateus. N em mesmo teríamos parte no pequeno livro de
Gálatas, porque Gálatas foi escrito aos descendentes de Abraão. Somente
teremos participação em Gálatas se formos descendentes de Abraão.
Louvado seja o Senhor por sermos os filhos de Abraão! “E, se sois de
Cristo, também sois descendentes de Abraão, herdeiros segundo a
promessa” (G13:29).
Abraão foi chamado por Deus. A palavra grega para igreja, ekklesia,
significa “os chamados para fora” . Assim, na igreja somos também os
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chamados para fora. Abraão foi chamado para fora de Babel, o lugar de
rebelião e idolatria, para a boa terra, que prefigura Cristo. Nós também
estávamos em Babel. Estávamos caídos, em rebelião e adorávamos ídolos.
Hoje toda a raça humana está em Babel. Estávamos lá, mas um dia
Deus chamou-nos e colocou-nos em Cristo, a terra elevada. Fomos
chamados por Deus “à comunhão [a participação] de seu Filho Jesus
Cristo nosso Senhor” (l Co 1:9). “Para os que foram chamados (... ) Cristo
[é], poder de Deus e sabedoria de Deus” (1 Co 1:24).
2. Justificado por Fé
Abraão, como um chamado, foi justificado por fé (Gn 15:6; Rm4:2-
3). A raça caída confia em suas obras, mas os chamados crêem na obra de
Deus, não em sua própria obra. Aos olhos de Deus nenhuma pessoa pode
ser justificada por obras (Rm 3:20). Portanto, os chamados, tendo sido
chamados por Deus para fora da raça caída, não confiam em seus próprios
esforços; confiam na obra da graça de Deus. Abraão e todos os outros
crentes são iguais. “De modo que os da fé são abençoados com o crente
Abraão” (G13:9). A bênção da promessa de Deus, “a promessa do
Espírito” (G13:14-VRC), é para os que crêem. Por fé recebemos o Espírito,
que é a realidade e a percepção de Cristo (G13:2). Assim, tanto Abraão
como nós estamos ligados a Cristo e unidos a Ele por fé. É por fé na obra
da graça de Deus que o povo chamado de Deus é justificado por Ele e
participa em Cristo, sua porção eterna.
3. Vivendo por Fé
Hebreus 11:8 diz que Abraão foi chamado e que ele respondeu a
esse chamamento por fé. Então, o versículo 9 diz que ele viveu na boa
terra também por fé. Como o chamado de Deus, Abraão não apenas foi
justificado por fé, como também viveu por fé. Como chamado por Deus,
ele não deveria mais vi ver e andar por si mesmo, mas vi ver e andar por
fé. O fato
de Abraão viver e andar por fé significa que ele tinha de rejeitar a si
mesmo, esquecer de si mesmo, pôr a si mesmo de lado, e viver por outra
Pessoa. Tudo o que ele tinha por natureza devia ser posto de lado.
Se comparamos Gênesis 11:31 e 12:1 com Atos 7:2-3, vemos que
quando Deus chamou Abraão em Ur dos caldeus, ele era muito fraco.
Abraão não tomou a iniciativa de deixar Babel; seu pai, Terá, é quem o
fez. Isso forçou Deus a tirar o pai de Abraão. Em Gênesis 12:1 Deus o
chamou novamente, dizendo a ele para deixar não apenas sua terra (país)
e sua parentela, mas também a casa de seu pai, que significava não levar
ninguém consigo. Porém uma vez mais Abraão, como nós, foi fraco e
tomou Ló, seu sobrinho (Gn 12:5).
Que é um Abraão? Um Abraão é uma pessoa que foi chamada, que
já não vive e anda por si mesmo, e que abandona e esquece tudo o que
tem de natural. Essa é exatamente a mensagem do livro de Gálatas.
Gálatas 3 diz-nos que somos os filhos de Abraão e que devemos viver por
fé, não por obras. Gálatas 2:20 diz-nos que viver por fé significa “já não
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sou eu quem vive, mas Cristo” . Eu, o eu natural que surgiu da raça caída,
fui crucificado e sepultado. Assim, não sou mais eu, mas Cristo vive em
mim. Isso é Abraão. Se somos verdadeiros judeus, os legítimos
descendentes de Abraão, devemos deixar todas as coisas e viver por fé.
Devemos esquecer de tudo o que podemos fazer e rejeitar tudo o que
somos e temos por natureza. Isso não é fácil.
Os cristãos apreciam muito Abraão. Entretanto, não devemos ter
Abraão em tão alta estima. Ele não era tão excelente. Ele foi chamado,
mas não ousou deixar Babel; seu pai o tirou de lá. Isso forçou Deus a
remover seu pai. Então Abraão confiou em seu sobrinho, Ló. Mais tarde,
ele pôs sua confiança em seu servo, Eliezer (Gn 15:2-4). É como se Deus
estivesse dizendo a ele: “Abraão, não gosto de ver seu pai com você, não
gosto de ver seu sobrinho com você, não gosto de ver Eliezer com você.
Não quero que tenha ninguém em quem confiar. Você deve confiar em
Mim. Não dependa de nada mais ou de qualquer coisa que tenha por
natureza”. Isso é crer em Deus, andar N ele e viver por Ele. É não mais eu,
mas Cristo vivendo em mim.
Se somos verdadeiros judeus, então somos verdadeiros Abraãos. A
fim de ser um Abraão, devemos cremo Senhor. Crer no Senhor é tomar-se
unido a Ele. Abraão foi chamado para fora da raça caída e tomou-se unido
ao Senhor. Todos os filhos de Abraão devem igualmente ser unidos a
Cristo. “Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão”. Em
outras palavras, se somos a descendência de Abraão, pertencemos a Cristo
e estamos unidos a Ele. Se quisermos unir-nos a Cristo, devemos rejeitar a
nós mesmos e tomar Cristo como tudo. Isso é crer em Cristo, e esse crer é
justiça aos olhos de Deus. Não tente fazer algo. Simplesmente creia em
Cristo.
A raça caída sempre gosta de realizar algo, trabalhar e fazer algum
esforço. Mas Deus diz: “Saiam daí. Vocês são a raça chamada. Não
tentem, não façam e não realizem nada mais! Esqueçam o seu passado.
Esqueçam o que vocês são, o que podem fazer e o que têm. Esqueçam
tudo e ponham toda a sua confiança em Mim. Eu sou sua boa terra. Vivam
em Mim e vivam por Mim” . Esses são os verdadeiros “Abraãos”, os
verdadeiros gálatas. Como filhos de Deus, eles confiam em Deus e
esquecem de si mesmos. Esses são os que compõem a linhagem de
Cristo. Todos devemos ser “Abraãos”, aqueles que esquecem o passado,
desistem do que são e têm, e põem a confiança em Cristo, sua boa terra.
Hoje nosso andar e viver devem ser pela fé em Cristo. Se assim for, então,
como herdeiros da promessa de Deus, como aqueles que herdam a
promessa do Espírito, participaremos de Cristo como a bênção de Deus.
Certa vez o Senhor pediu a Abraão para oferecer Isaque como
holocausto, aquele a quem Deus, segundo a Sua promessa havia lhe dado
(Gn 22:1-2). O Senhor dera Isaque a Abraão; agora Abraão tinha de dar
Isaque de volta ao Senhor. O Senhor já o tinha incumbido de rejeitar
Ismael (Gn 21 :10, 12); agora Ele ordena-lhe matar seu filho Isaque.
Você seria capaz de fazer isso? Que lição difícil! Entretanto, essa é a
maneira de experienciar Cristo. No mês passado ou na semana passada
você pode ter experienciado Cristo de uma certa maneira, mas hoje o
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Senhor diz: “Consagre aquela experiência. Aquela foi uma experiência real
de Cristo, mas não a guarde” . Novamente, a lição é nunca confiam o que
temos, nem mesmo no que Deus nos deu. Se Deus deu algo a você, isso
deve ser devolvido a Ele. Esse é o andar diário pela fé. Andar na presença
do Senhor pela fé significa que não nos apegamos à coisa alguma, nem
mesmo às coisas dadas por Deus. Os melhores dons, dados pelo próprio
Senhor, devem ser devolvidos a Ele. Não retenha nada como algo em que
possa confiar; confie apenas e sempre no Senhor. Abraão fez isso.
Finalmente ele viveu e andou na presença de Deus simplesmente pela fé.
E. Isaque
Mateus 1:2 diz: “Abraão gerou a Isaque”. Qual é o ponto
importante aqui com respeito a Isaque? É que Isaque nasceu pela
promessa (Gl 4:22-26, 28-31; Rm 9:7-9). Ele era o único herdeiro (Gn
21:10, 12; 22:2a, 12b, 16-18) e herdou a promessa de Cristo (Gn 26:3-4).
Deus prometeu a Abraão um filho. Sara, pretendendo ajudar Deus a
cumprir Sua promessa, fez uma sugestão a Abraão. Sara parecia dizer:
“Veja, Abraão, Deus prometeu dar-lhe um descendente para herdar essa
boa terra. Mas olhe para você-tem quase noventa anos! E olhe para mim-
eu sou tão velha! É- me impossível gerar uma criança. Devemos fazer
alguma coisa para ajudar Deus a cumprir o Seu propósito. Tenho uma boa
serva chamada Hagar. Certamente você poderia ter um filho com ela” (Gn
16:1-2). Esse é o conceito natural, e é verdadeiramente tentador. Muitas
vezes nosso conceito natural tem algumas sugestões para tirar- nos do
espírito. Freqüentemente nosso conceito natural diz: “Eis aqui uma boa
maneira de fazer isso. Faça dessa maneira”. Mas tal proposta certamente
nos afastará da promessa de Deus.
Abraão aceitou a sugestão de Sara (Gn 16:2-4) e o resultado foi
Ismael (Gn 16:15). Esse Ismael terrível ainda está aqui hoje! Agir de
acordo com a sugestão de Sara não ajudou Deus; antes, prejudicou
Abraão em realizar o propósito de Deus. Essa não é uma questão
insignificante.
A lição que extraímos daqui é que, como a raça chamada, tudo
quanto fazemos com nossos próprios esforços resulta em um Ismael. O
que quer que façamos por nós mesmos na vida da igreja, mesmo na
pregação do evangelho, apenas produzirá um Ismael. Não produza
“Ismaéis”! Dê um fim em você mesmo! Você não cruzou o grande rio, o
Eufrates? Quando foi chamado para fora de Babel, você atravessou aquele
grande rio e foi sepultado ali. Foi terminado ali. Não viva por si mesmo
ou faça algo por si mesmo. Antes, deve dizer: “Senhor, eu não sou nada.
Sem Ti, nada posso fazer. Senhor, se Tu não fizeres algo, então eu não
farei também. Se Tu descansares, eu descansarei. Senhor, deposito minha
confiança em Ti”. Isso é fácil de dizer, mas difícil de praticar em nosso vi
ver diário.
Lembre-se o que é um Abraão: um Abraão é um chamado que nada
faz por si mesmo. Deus tinha de esperar até que Abraão e Sara fossem
terminados (Gn 17:17; ver Rm4:19). Ele esperou até que a energia natural
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deles se extinguisse, até que viessem a perceber que lhes era impossível
gerar um filho.
Abraão queria manter Ismael e confiar nele, mas Deus rejeitou
Ismael (Gn 17:18-19). Também gostamos de preservar nossa própria obra
e depender dela, mas Deus não a reconhece. Finalmente, Deus exigiu de
Abraão que expulsasse Ismael e sua mãe (Gn 21:10-12). Foi difícil para
Abraão fazer isso. Mas ele tinha de aprender a lição de não vi ver
por si mesmo, a lição de desistir de seu próprio esforço e não fazer nada
por si mesmo. Ele tinha um filho, mas devia desistir dele. Essa é a lição de
Abraão e a lição no livro de Gálatas.
Participar de Cristo requer que nunca confiemos em nossos próprios
esforços nem em nada que somos capazes de fazer. Assim como Ismael era
um impedimento para Isaque herdar a promessa de Deus, também nossos
próprios esforços ou obras sempre impedirão nossa participação em
Cristo. Devemos abandonar tudo o que somos e tudo o que temos a
fim de esperar na promessa de Deus. Devemos renunciar tudo da nossa
vida natural; caso contrário, não podemos desfrutar Cristo. Após nossa
força natural ter-se esgotado, a promessa de Deus vem. Após Ismael ter
sido expulso, Isaque tinha a posição correta para participar da bênção da
promessa de Deus. A terminação do nosso esforço natural, a renúncia do
que podemos fazer ou temos feito, é “Isaque”, a herança da bênção
prometida por Deus, que é Cristo. Fomos batizados em Cristo (Gl 3:27).
Fomos terminados em Cristo, agora somos Dele, e O temos como nossa
porção. Assim, somos a descendência de Abraão, a raça chamada de Deus,
e herdeiros segundo a promessa de Deus (Gl 3 :29).
Que é Isaque? Isaque é o resultado de viver e andar por fé. Isso é
Cristo. Isaque era um tipo completo de Cristo herdando todas as riquezas
do Pai. Todos devemos experimentar Cristo de tal maneira; não pelos
nossos feitos, esforços ou diligência, mas simplesmente por confiar Nele.
Nossa confiança Nele resultará em Isaque. Somente Isaque é o elemento
verdadeiro da genealogia de Cristo. Nem todos os filhos da carne de
Abraão são filhos de Deus; apenas em Isaque Deus terá Seus filhos (Rm
9:7-8). Portanto, Deus considerou Isaque como filho único de Abraão (Gn
21:10, 12; 22:2a, 12b, 16-18), o único a herdar a promessa a respeito de
Cristo (Gn 26:3-4).
Embora sejamos a raça de Abraão hoje, estamos trilhando o
caminho de Ismael ou estamos vivendo à maneira de Isaque? A maneira
de Ismael é cumprirmos o propósito de Deus pela nossa própria energia
e trabalho. A maneira de Isaque é colocar- nos em Deus, permitindo-
Lhe fazer por nós todas as coisas para cumprir Seu propósito. Que enorme
diferença há entre essas duas maneiras! Ismael nada tem a ver com
Cristo. Tudo quanto fazemos, tudo quanto tentamos realizar, nada tem a
ver com Cristo. Devemos ter Isaque. Se quisermos Isaque, devemos
rejeitar Ismael, interromper nossa obra, e colocar- nos no próprio operar
de Deus. Se Lhe permitirmos cumprir Sua promessa em nosso lugar,
então teremos Isaque.
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F. Jacó
O versículo 2 também diz que Isaque gerou a Jacó. Isaque e
Ismael eram irmãos por parte de pai, mas com mães diferentes. Jacó e
Esaú eram mais próximos, eram gêmeos. Jacó significa suplantador. Ele
suplanta os outros, colocando-os sob ele e elevando-se sobre eles. Quando
ele e seu irmão mais velho Esaú estavam saindo do ventre, Jacó agarrou o
calcanhar de Esaú. Jacó parecia dizer: “Esaú, não saia ainda! Espere por
mim. Deixe-me ir primeiro!” Jacó era um verdadeiro segurador de
calcanhar. O significado do nome Jacó é o segurador de calcanhar, o
suplantador. Ele derrota outros. Ele os coloca sob seus pés por qualquer
meio enganoso. Isso é Jacó.
Porque Deus já escolhera Jacó, todo empenho dele era vão. Jacó
precisava de uma visão. Ele não precisava suplantar os outros, porque
Deus o escolhera para ser o número um. Mesmo antes de os gêmeos
nascerem, Deus tinha dito à mãe que o mais jovem seria o primeiro, e o
mais velho seria o segundo. Está escrito: “Amei a Jacó, porém me aborreci
de Esaú” (Ml 1:2-3; Rm 9:13).
Infelizmente, Jacó não percebeu isso. Se o tivesse
percebido nunca teria tentado fazer nada. Antes, teria dito a Esaú: “Se
quer sair primeiro pode ir. Não importa quanto você tente ser o primeiro,
eu ainda serei o primeiro. Você nunca poderá vencer-me, porque Deus me
elegeu” . Jacó, entretanto, não sabia disso. Mesmo quando ele cresceu
ainda não percebia isso. Assim, ele estava constantemente suplantando.
Aonde quer que fosse, ele suplantava. Ele suplantou seu irmão (Gn 25
:29-33; 27:18-38), e suplantou seu tio (Gn 30:37-31:1). Ele planejou e
roubou seu tio, Labão. Contudo, todo seu labor foi em vão. Deus poderia
dizer-lhe: “Jacó, seu tolo. Não precisa fazer isso. Eu lhe darei mais do
que você conseguiu obter” . Mas Jacó continuou lutando.Embora
fosse um descendente de Abraão, pela sua luta e
natureza, ele era totalmente um descendente do diabo. Você
compreende isso? Posicionalmente falando, Jacó era um descendente de
Abraão, mas disposicionalmente, ele era um filho do diabo.
Que precisava Jacó? Ele precisava do tratamento de Deus. Por isso
Deus levantou seu irmão, Esaú, e depois seu tio, Labão, para tratar com
ele. Deus levantou até mesmo quatro esposas mais doze ajudantes varões
e uma ajudante. Havia muito sofrimento na vida de Jacó, mas esse
sofrimento veio do seu próprio esforço, não da escolha de Deus. Quanto
mais ele lutava, mais sofria. Podemos rir de Jacó, mas somos exatamente
iguais a ele. Quanto mais tentamos fazer algo, mais problemas temos.
Em Cristo, precisamos primeiramente da vida de Abraão.
Precisamos esquecer o que somos, viver por Cristo e confiar Nele. Em
segundo lugar, em Cristo não temos necessidade de Ismael, nossos
feitos; precisamos de Isaque, os feitos de Deus. Em terceiro lugar, não
precisamos de Jacó, mas de Israel. Não precisamos do Jacó natural, mas
do Israel transformado, o príncipe de Deus.
Você percebe que absolutamente não depende de você? Ao ouvir isso,
você pode dizer: “Se não depende de mim, mas inteiramente de Deus,
16
então pararei minha busca” . Muito bom. Se você puder parar sua busca,
encorajo-o a fazê-lo. Diga a todo o universo que você ouviu que isso
depende Dele, e que parou sua busca. Se puder pará-la, ela deve ser
parada. Mas, asseguro-lhe, quanto mais você parar,
melhor. Quanto mais parar, mais Ele se levantará. Tente. Diga ao
Senhor: “Senhor, eu paro minha busca!” O Senhor dirá: “Isso é
maravilhoso! Sua pausa abre a porta para que Eu faça algo. Eu queimarei
você. Você pode parar sua busca, mas Eu o deixarei queimando!” Todos
fomos escolhidos. Em certo sentido, fomos capturados. Que
podemos fazer? Nunca podemos escapar. Isso é absolutamente
devido à misericórdia do Senhor. Não escolhemos esse
caminho. Eu certamente não o escolhi, mas aqui estou. Que posso
fazer? Porque Deus nos escolheu, nunca podemos ir embora.
Se lermos Romanos 9, descobriremos que depende Dele, não de
nós. Ele era e ainda é a fonte. Louvado seja o Senhor que a Sua
misericórdia chegou a nós! Ninguém pode rejeitar Sua misericórdia.
Podemos rejeitar Seus feitos, mas não podemos rejeitar Sua misericórdia
(Êx33:19; Rm9:15). Que misericórdia termos sido escolhidos para estar
unidos a Cristo e participar Dele como a bênção eterna de Deus! Em certo
sentido somos Abraão, em outro, somos Isaque, e ainda em outro,
somos Jacó. Posteriormente, num quarto sentido, seremos Israel. Assim,
temos Abraão, Isaque e Jacó.
A genealogia de Cristo é uma questão do direito de primogenitura, e
o direito de primogenitura é principalmente a união com Cristo e a
participação em Cristo. O suplantar de Jacó não era justificável, mas sua
busca pela primogenitura certamente foi honrada por Deus. Esaú
desprezou a primogenitura e vendeu-a por um preço baixo (Gn 25:29-34).
Assim, ele a perdeu e não foi capaz de reavê-la, mesmo tendo lamentado
e chorado por ela (Gn 27:34-38; Hb 12:16-17). Ele perdeu a bênção de
participar de Cristo. Isso deve ser uma advertência para nós. Jacó honrou
e buscou o direito de primogenitura, e o alcançou. Ele herdou a bênção
prometida por Deus, a bênção de Cristo (Gn 28:4, 14).
G. Judá
O versículo 2 também diz que Jacó gerou a Judá e a seus irmãos. O
primeiro filho de Jacó foi Rúben. Rúben devia ter ficado com a porção do
primogênito que era o direito de primogenitura. A primogenitura incluía
três elementos: a porção dobrada da terra, o sacerdócio e a realeza.
Embora Rúben fosse o primogênito ele perdeu a primogenitura por causa
da sua profanação (Gn 49:3-4; 1 Cr 5:1-2). Então, a porção dobrada de
terra foi para José. Isso deve ter sido devido à pureza dele (Gn 39:7-
20). Ele era o filho mais apegado ao pai e o que era mais de acordo com
o coração do pai (Gn 37:2-3, 12-17). Cada um dos dois filhos de José,
Manassés e Efraim, receberam uma porção da terra (J s 16 e 17). Assim
por intermédio dos dois filhos ele herdou duas porções da boa terra.
A porção da primogenitura do sacerdócio foi para Levi (Dt 33 :8-
17
10). Levi era verdadeiramente segundo o coração de Deus. Para cumprir o
desejo de Deus, ele esqueceu seus pais, seus irmãos e seus filhos, e
unicamente se importou com o desejo de Deus. Assim, ele recebeu a
porção da primogenitura do sacerdócio.
A realeza, uma outra porção da primogenitura, foi entregue a Judá
(Gn 49:10; 1 Cr 5:2). Se lermos Gênesis, descobriremos a razão para isso.
Quando José estava sofrendo sob a conspiração de seus irmãos, Judá
cuidou dele (Gn 37:26). Ele também cuidou de Benjamim em tempos de
sofrimento (Gn 43:8-9; 44:14-34). Por essa razão, creio, a realeza foi para
Judá.
Hoje somos a “igreja dos primogênitos” (Hb 12:23). Nossa
primogenitura também é composta desses três elementos: a porção
dobrada de Cristo, o sacerdócio, e a realeza. Estamos em Cristo e podemos
desfrutá-Lo em porção dobrada. Somos também sacerdotes e reis de
Deus. Entretanto, muitos cristãos perderam sua primogenitura. Eles
foram salvos e jamais se perderão, mas perderam a porção extra de Cristo.
Se quisermos desfrutar a porção extra de Cristo, devemos conservar nossa
primogenitura.
Todos os cristãos renasceram como sacerdotes (Ap 1:6). Mas hoje
muitos perderam o sacerdócio. Porque perderam a posição de interceder,
para eles é difícil orar. Para conservarmos nosso sacerdócio, devemos ser
como os levitas e esquecer nosso pai, nossos irmãos e nossos filhos, e
cuidar dos interesses de Deus. O desejo de Deus, não nossa família, deve
estar em primeiro lugar. Se o desejo de Deus é prioridade em nosso
coração, então estaremos próximos a Ele e o nosso sacerdócio estará
seguro.
Todos os cristãos também são regenerados como reis (Ap 5:10),
mas muitos perderam sua realeza. Quando o Senhor Jesus voltar, os
santos vencedores estarão com Ele para ser sacerdotes de Deus e co-reis
com Cristo (Ap 20:4-6). Ao mesmo tempo, desfrutarão a herança dessa
terra (Ap 2:26).
Hebreus 12:16-17 nos adverte a não perdermos nosso direito de
primogenitura como Esaú. “Por um repasto” Esaú “vendeu o seu direito
de primogenitura” . Mais tarde, ele se arrependeu de tê- lo vendido por
tão pouco, mas não foi capaz de reavê- lo. Todos precisamos estar alertas.
Temos a posição de possuir a primogenitura e já a temos, mas preservá-la
depende se guardamos ou não a nós mesmos de ser profanos ou de nos
corromper. Temos visto que Esaú perdeu a sua primogenitura porque era
profano e Rúben por causa da sua impureza. Mas José herdou a porção
dobrada da terra por causa da sua pureza; Levi obteve o sacerdócio por
causa da sua absoluta separação para o Senhor, e Judá recebeu a realeza
por causa de seu cuidado pelos irmãos em sofrimento. Precisamos nos
conservar puros para a porção extra do desfrute de Cristo, precisamos
separar-nos absolutamente para o Senhor com um cuidado amoroso pelo
desejo do Senhor acima de todas as coisas; precisamos cuidar
carinhosamente dos nossos irmãos que estão em sofrimento. Se formos
assim, certamente conservaremos nosso direito de primogenitura. A
porção extra do desfrute de Cristo, o sacerdócio e a realeza serão nossos.
18
Mesmo hoje podemos desfrutar uma medida dobrada de Cristo. Podemos
orar, podemos governar e podemos reinar. Então, quando o Senhor
Jesus voltar, estaremos com Ele desfrutando a herança dessa terra.
Seremos sacerdotes contatando Deus continuamente e reis reinando
sobre o povo.
Porque Judá ganhou a porção da primogenitura da realeza, ele gerou
o Cristo, o Rei (Gn 49:10), Cristo, o Vitorioso (Ap5:5; Gn49:8-9). “Pois é
evidente que nosso Senhor procedeu de Judá” (Hb 7:14). Abraão, Isaque,
Jacó e Judá estão todos ligados a Cristo. Se temos a vida dessas quatro
gerações – a fé de Abraão, a herança de Isaque, os tratamentos de Jacó e o
cuidado amoroso de Judá – e tão somos ligados a Cristo em Sua
genealogia.
H. Seus Irmãos
Quando essa genealogia menciona Isaque e Jacó, não diz “e seu
irmão”; apenas quando menciona Judá é que diz “e seus irmãos”. Tanto o
irmão de Isaque, Ismael, e o irmão de Jacó, Esaú, foram rejeitados por
Deus. Mas todos os onze irmãos de Judá foram escolhidos; nenhum deles
foi rejeitado por Deus. Judá e seus onze irmãos tomaram-se os pais das
doze tribos que formaram a nação de Israel como o povo escolhido de
Deus para Cristo. Conseqüentemente todos os irmãos de Judá estavam
relacionados a Cristo. Por essa razão, a genealogia de Cristo também os
inclui.
19
MENSAGEM 3
I. Tamar
A primeira que consideraremos é Tamar. Tamar concebeu por meio
de um incesto com o sogro dela (Gn 38:6-27). Moralmente falando, isso
foi deplorável, e eticamente falando foi horrível. Ninguém justificaria tal
ato. Embora tenha estudado Gênesis por muitos anos, meu coração ainda
dói sempre que leio o capítulo 38. Até certo ponto, o que Tamarfez não foi
nada bom. Todavia, ela era justa. A falha não foi da parte dela, mas da
parte do seu sogro; Judá foi quem admitiu que ela era mais justa que ele
(Gn 38:26). Você pode dizer que não havia desculpa para o que Tamar fez
e que incesto sempre envolve ambos os lados. Embora Tamar possa ser
considerada responsável até certo ponto, ela era justa, e tinha um coração
pela primogenitura.
Porque temos experiências passadas diferentes e pouco
entendimento do direito de primogenitura e de seu significado para as
pessoas naqueles dias, preciso dizer uma palavra a esse respeito. No
tempo de Tamar, a primogenitura representava muito (Gn 38:6-8). Como
enfatizei na última mensagem, a primogenitura incluía uma porção
dobrada da terra, o sacerdócio e a realeza. A porção dobrada da terra diz
respeito ao desfrute dobrado de Cristo. A terra é Cristo, e a porção
dobrada da terra não é um desfrute comum ou corriqueiro de Cristo, mas
algo especial, algo extraordinário. Tanto o sacerdócio como a realeza estão
também relacionados a Cristo. Para as gerações após Abraão, a
primogenitura era inteiramente uma questão de herdar Cristo. Em
Efésios 2:12 nos é dito que quando incrédulos, estávamos sem Cristo. Mas
por crer no Senhor Jesus, fomos introduzidos na primogenitura. Fomos
colocados em Cristo, Cristo tornou-se a nossa porção, e Ele mesmo será
20
nossa porção dupla. Por meio Dele, Nele e com Ele temos o
sacerdócio e a realeza. O próprio Cristo é a nossa boa terra, nosso
sacerdócio e nossa realeza. Agora podemos entender por que Tamar
estava ansiosa para obter a primogenitura. Ela sabia que se fosse excluída,
estaria terminada quanto à promessa de Deus. E a promessa de Deus era
simplesmente a promessa de ser Ele mesmo a porção de Seu povo
escolhido em Cristo. Tamar não estava disposta a perder essa bênção.
Tamar era a esposa do primeiro filho de Judá. Esse filho devia ter
herdado a primogenitura. Mas o marido de Tamar era perverso aos olhos
do Senhor, e o Senhor o fez morrer (Gn 38:7). O Senhor também levou o
segundo filho de Judá (Gn 38:8-1 O). De acordo com os regulamentos
antigos, Judá devia ter providenciado para que seu próximo filho casasse
com Tamar a fim de que um filho pudesse ser gerado para herdar a
primogenitura. Judá, entretanto, não cumpriu sua responsabilidade. De
certo modo, Judá trapaceou Tamar (Gn 38:11-14). Mas ela não desistiu;
antes, até mesmo usou um meio impróprio para obter a primogenitura.
Se a maneira foi inadequada ou não, o fato é que Tamar fez tudo o que
pôde para obter aquele direito de primogenitura.
Obter a primogenitura é simplesmente ganhar Cristo. Para isso,
devemos estar prontos a tomar um caminho que não parece ser o melhor.
Deixem-me contar-lhes uma história que ilustra isso, mas tentem
entender-me, não me interpretem mal. No passado, alguns jovens na
China foram inspirados pela minha pregação, creram no Senhor Jesus e
desejaram ser batizados. Entretanto, seus pais, que eram budistas,
opuseram-se bastante. Quando tomaram conhecimento de que os filhos
estavam planejando ser batizados, não os permitiram sair de casa. Os
jovens oraram acerca disso. Finalmente, disseram aos pais que tinham
de ir à escola por meio período. Certamente aquilo era mentira, pois eles
não foram à escola; eles foram ao local de reunião da igreja para ser
batizados. Embora dissessem uma mentira, foi uma mentira pura. A
intenção deles ao falar aquela mentira era muito agradável a Deus. Se
quiser ganhar Cristo, você não deve importar-se com a maneira. Não seja
religioso; não guarde regras e regulamentos. Ganhe Cristo! Você precisa
ganhar Cristo. De qualquer maneira, alcance a primogenitura.
Foi de uma maneira imprópria que Tamar adquiriu a
primogenitura. Mas no registro divino na Bíblia, o nome de Tamar não é
um nome ruim. Rute 4:12 indica que esse nome é sagrado. Nesse versículo
os anciãos disseram: “Seja a tua casa como a casa de Perez, que Tamar
teve de Judá”. O nome de Tamar é sagrado porque ela não se importou
com nada pecaminoso; importou-se apenas com a primogenitura. O
significado disso para nós hoje é que se desejamos Cristo e O estamos
buscando, qualquer que seja a maneira pela qual verdadeiramente
possamos ganhá-Lo é a maneira correta.
J. Perez e Zerá
De Tamar chegamos ao filho dela, Perez (v. 3). Tamar concebeu
gêmeos (Gn38:27-30). Na hora do parto, um menino, Zerá, tentou sair
21
primeiro, mas não conseguiu. Ele pôs a mão para fora e a parteira
marcou-o com uma fita escarlate, indicando que seria o primogênito.
Entretanto, Perez o precedeu sendo o primogênito. Assim, o primeiro
tomou-se o último e o último tomou-se o primeiro. A parteira ficou
surpresa. Essa é uma boa ilustração de como ganhar a primogenitura.
Perez herdou a primogenitura. O homem não o escolheu, mas Deus o
enviou. Isso prova que não depende do esforço do homem, depende da
escolha de Deus. A história da mãe nos mostra um lado: que devemos
estar desejosos pela primogenitura, fazendo o máximo para obtê-la; a
história do filho nos revela o outro lado: que embora possamos lutar para
obter o direito de primogenitura, T este é, na verdade, uma questão da
escolha de Deus, não dos nossos esforços (ver Rm 9:11).
Recordo-me de uma história de D. L. Moody. Um dia, um
estudante do seu Instituto Bíblico disse- lhe: “Sr. Moody, lendo o Novo
Testamento aprendi que todos os salvos são escolhidos, predestinados por
Deus antes da fundação do mundo. Agora tenho um problema. Se pregar
o evangelho e convencer as pessoas a crer, posso cometer algum erro e
persuadir alguém a quem Deus não escolheu. Que farei?” Moody
respondeu: “Meu filho, apenas vá em frente e dê o melhor de si. Quando
as pessoas entrarem pela porta, verão escrito do lado de fora: 'Todos que
desejarem podem vir'. Mas uma vez que eles entrarem e olharem para
trás, verão escrito do lado de dentro: 'Escolhidos antes da fundação do
mundo'. A história de Tamar significa: “Todos que desejarem podem vir”.
Tamar desejou e veio. Mas a história de seu filho significa: “Escolhido
antes da fundação do mundo”. Talvez você seja a Tamar de hoje, lutando e
laborando para obter a primogenitura. Mas uma vez que a conquista,
olhará para trás e verá que foi escolhido antes da fundação do mundo. O
direito de primogenitura não depende de nós, depende da escolha de
Deus.
Raabe
Prossigamos com Raabe (v. 5). Raabe era prostituta em Jericó (Js
2:1), um lugar amaldiçoado por Deus pela eternidade. Embora fosse
prostituta em tal lugar, tomou-se uma ancestral de Cristo. Como poderia
uma prostituta tornar-se ancestral de Cristo? Para responder essa
questão, precisamos descobrir os princípios. Toda população de Jericó foi
destruída exceto Raabe, sua farru1ia e possessões. Ela foi salva porque se
voltou a Deus e ao povo de Deus (Js 6:22-23, 25; Hb 11:31). Após voltar-se
a Deus e a Seu povo, casou-se com Salmom, um líder no exército da
principal tribo, a tribo de Judá, e um dos homens enviados por Josué para
espiar Jericó. Naquela época, Salmom tornou-se conhecido de Raabe e, de
certo modo, a salvou. Finalmente, Raabe casou-se com ele, e eles geraram
um homem piedoso chamado Boaz.
Agora devemos voltar toda nossa atenção aos princípios que
governam nossa ligação com Cristo. O primeiro princípio é que, não
importa qual seja o nosso passado, devemos voltar-nos a Deus e ao povo
de Deus. Segundo, devemos casar-nos com pessoas adequadas, não num
sentido físico, mas num sentido espiritual. Após ter-nos voltado a Deus e
22
ao povo de Deus, devemos ser unidos, edificados e envolvidos com a
pessoa adequada. Terceiro, devemos gerar o fruto adequado. Então
estaremos plenamente na posição da primogenitura de Cristo.
Parece que muitos cristãos hoje perderam sua primogenitura. Eles
não têm Salmon e Boaz. Se deseja ter um Salmom e um Boaz, você deve
envolver-se com os crentes adequados, com os líderes adequados nas
tribos principais. Então você precisa gerar o fruto adequado, Boaz, que
será um antepassado de Davi. Devemos voltar-nos ao Senhor, e devemos
voltar-nos ao povo do Senhor, devemos também tomar cuidado de como
nos envolver com outros. Se nos envolvermos com as pessoas adequadas,
certamente geraremos o fruto adequado. Isso nos manterá no pleno
desfrute do direito de primogenitura de Cristo.
K. Boaz
Para conhecermos a história de Boaz, devemos ler o livro de Rute.
É uma boa história. Boaz é um tipo de Cristo, e Rute é um tipo da
igreja. O livro de Rute nos conta que Boaz redimiu Rute; ele também
redimiu o direito de primogenitura para ela. Isso I. '\
,/
T significa que Cristo, como nosso Boaz verdadeiro, redimiu tanto a
nós como também ao direito de primogenitura.
Boaz redimiu a herança de seu parente e casou com a viúva (Rt 4:1-
17); assim, ele tornou-se um notável antecessor de Cristo. Como um irmão
e um Boaz, você deve cuidar da primogenitura de Cristo para os outros, e
não apenas da sua própria primogenitura. Em outras palavras, você não
deve apenas cuidar do seu próprio desfrute de Cristo, mas também dó
desfrute de Cristo de outros.
Rute era nora de Noemi. Quando lemos essa história, vemos que
Rute e Noemi tinham perdido o desfrute, a primogenitura, mas de acordo
com o regulamento de Deus havia uma maneira de reaver a
primogenitura, de redimi-la. Contudo essa redenção tinha de ser feita
por outra pessoa. O princípio é o mesmo na vida da igreja hoje. Se eu
perder a primogenitura, os irmãos têm um modo de redimi-la para mim.
Muito freqüentemente, alguns queridos irmãos perdem seu desfrute de
Cristo. De certo modo, tornam-se Noemi ou Rute. Sendo assim, você
precisa ser um Boaz, capaz de redimir a primogenitura perdida e casar
com a redimida.
Suponha que eu seja uma verdadeira Rute que perdeu o marido.
Perder o marido significa perder o desfrute da primogenitura. Tenho a
primogenitura, mas perdi o seu desfrute. Assim, preciso de você, como
meu irmão, para redimir meu direito de primogenitura. Mas você precisa
ser um tanto rico em Cristo. Precisa ter algumas riquezas com o que
redimir minha primogenitura. Então você paga o preço para recobrar
minha primogenitura, e também casa-se comigo. Isso significa que você
se envolveu comigo. Esse tipo de envolvimento espiritual produzirá
Obede, o avô de Davi. Boaz tornou-se um dos grandes antepassados de
23
Cristo. Num sentido espiritual, ele foi aquele que desfrutou a maior e a
mais rica porção de Cristo. Se um irmão torna-se um Boaz para mim, ele
será alguém com o mais excelente desfrute de Cristo. Porque redimiu
minha primogenitura e tornou-se tão envolvido comigo, nosso
envolvimento no Senhor finalmente produzirá um pleno desfrute de
Cristo.
Na vida da igreja hoje precisamos ter vários “Boazes”. O livro de
Rute nos diz que havia um outro parente que era mais próximo de Rute
que Boaz. Mas aquele homem foi egoísta; ele apenas cuidou de sua
própria primogenitura. Ele temia que cuidar da primogenitura de outro
pudesse danificar a sua própria. Essa é exatamente a situação de hoje.
Alguns irmãos deveriam cuidar de mim, a pobre Rute, mas são egoístas
no desfrute espiritual de Cristo. Até mesmo nessa questão é possível ser
egoísta. Entretanto, um Boaz será generoso e pagará o preço para
redimir minha primogenitura. Tudo isso mostra que deveríamos cuidar I
não apenas da nossa própria primogenitura, mas também da
primogenitura de outros. Dia a dia devemos cuidar do desfrute de Cristo
de outros. Quanto mais o fizermos, melhor.
L. Rute
Chegamos agora a Rute (1:5). Podemos dizer que Rute certamente
era uma boa mulher, mas ela teve uma grande falta. Embora ela mesma
não estivesse envolvida em incesto, sua origem foi uma questão de
incesto. Rute pertencia à tribo de Moabe (Rt 1:4). Moabe era filho de Ló,
fruto da união incestuosa de Ló com sua filha (Gn 19:30-38). De acordo
com Deuteronômio 23:3, os moabitas eram proibidos de entrar na
congregação do Senhor, até a décima geração. Assim, Rute era uma
excluída. Entretanto, não apenas ela foi aceita pelo Senhor, mas tornou-se
uma pessoa maravilhosa que participou do desfrute de Cristo.
Embora, como moabita, Rute fosse proibida de entrar na
congregação do Senhor, ela buscava Deus e o povo de Deus (Rt 1:15-17;
2:11-12). Isso revela um princípio muito prevalecente: não importa quem
somos nós ou qual é o nosso passado, contanto que tenhamos um coração
de buscar Deus e o povo de Deus, estamos na posição de ser aceitos no
direito de primogenitura de Cristo. Rute casou-se com Boaz, um homem
piedoso entre o povo de Deus, e gerou Obede, o avô do rei Davi.
A mãe de Boaz era Raabe, uma cananéia, e sua esposa era Rute,
uma moabita. Ambas eram gentias. Entretanto, elas estavam ligadas a
Cristo. Essa é uma forte prova que Cristo está ligado não apenas aos
judeus, mas também aos gentios, mesmo aos gentios de classe baixa e
insignificante.
Você pode ser de origem pobre por nascimento e ter um passado
lamentável, mas não fique aborrecido ou frustrado por isso. Esqueça!
Nada pode ser pior do que uma pessoa nascida de Moabe. Mas desde que
tenha um coração de busca a Deus e ao povo de Deus e uma vez que se
torne comprometido com a pessoa adequada, tal como Boaz, você entrará
na porção dobrada do desfrute de Cristo.
24
M. Jessé
Prossigamos com Jessé (vs. 5-6). Embora a Bíblia não tenha muito
a dizer de Jessé, o que ela diz sobre ele é importante. Isaías capítulo 11 fala
duas vezes a respeito de Jessé. Isaías 11:1 diz que Cristo será o rebento que
sai do tronco de Jessé e um renovo que sai da raiz de Jessé. Cristo saiu
dele. Isaías 11:10 diz que Cristo é a raiz de Jessé, indicando que Jessé saiu
de Cristo. Jessé é um homem que saiu inteiramente de Cristo; ele é
também urna pessoa que gerou Cristo. Cristo saiu dele, e ele saiu de
Cristo. Cristo era seu renovo. Cristo era também sua raiz. Precisamos da
luz do Senhor para entender essas coisas. Que é um Jessé? Um Jessé é
uma pessoa que gera Cristo, que ramifica Cristo por estar enraizado Nele.
Quando você ramifica Cristo, não se esqueça que Ele é não apenas seu
ramo, mas também sua raiz. Cristo ramifica de você e você provém de
Cristo.
Cristo é nossa origem e Cristo é também nosso produto. Isso
significa que somos um com Cristo e muito intimamente ligados a Ele.
Estamos Nele e Ele está em nós. Ele brota de nós e somos enraizados Nele.
Esse é o tipo de pessoa que desfruta a primogenitura de Cristo.
Todos devemos ser um Boaz, uma Rute, um Jessé e uma Tamar.
Precisamos ser como tais pessoas. Finalmente diremos: “Louvado seja o
Senhor por todos! A condição de todos é a mesma que a minha. A
condição de Tamar é também a minha condição. As condições boas e as
más são todas iguais às minhas. Sou Tamar, sou Perez, sou Raabe, sou
Boaz, sou Rute e sou essé. Aleluia!” Após Jessé, finalmente somos Davi.
N. Davi
Davi era o oitavo filho de seu pai, o mais novo. Isso é significativo.
Na Bíblia o número oito indica ressurreição, um novo começo. O oitavo
dia é o primeiro dia da segunda semana; portanto, significa algo novo,
algo da ressurreição. Quando Samuel veio ungir o rei do povo de Deus,
Jessé apresentou seus sete filhos a ele. Samuel olhou-os e disse: “O
Senhor não escolheu a estes”. Quando Samuel soube que havia um oitavo,
Davi, chamou-o e ungiu-o (1Sm 16:10-13). Isso significa que nós, os
escolhidos e salvos, não somos pessoas da primeira semana, somos do
primeiro dia da segunda semana. Somos o oitavo filho.
Davi foi o último das gerações dos patriarcas, que foram catorze
gerações . Davi foi a conclusão da seção dos patriarcas na genealogia de
Cristo. Davi foi também o primeiro das gerações dos reis. Nessa
genealogia, apenas de Davi se diz “o rei”, porque foi por intermédio dele
que foi introduzido o reino com a realeza. Ele foi a conclusão de uma
seção e o início da seção seguinte. Ele foi o marco de duas eras. Ele foi o
término de uma e o início da outra, porque ele estava no verdadeiro
desfrute de Cristo. Se quisermos ter o rico desfrute de Cristo,
freqüentemente precisaremos ser o fim de uma situação e o início de
outra. Entretanto, muitos queridos santos não são capazes de ser nem o
término nem o princípio. Por fim, eles nada são. Na vida da igreja,
25
precisamos de alguns “Davis”, alguns que são mais fortes para concluir
certas situações e iniciar outras. Precisamos de alguns que encerrem a
geração dos patriarcas e iniciem a geração dos reis. Devemos ser fortes;
devemos ser o oitavo filho, devemos ser Davi.
Davi era um homem segundo o coração de Deus (1Sm 13:14). O
próprio Deus disse a Saul que Ele o substituiria, porque encontrara um
homem segundo o Seu coração. Em toda sua vida, Davi não fez nada
de errado, exceto uma grande coisa: ele assassinou um homem e tomou
sua esposa. Em um único ato Davi cometeu dois grandes pecados,
assassinato e adultério. O próprio Deus condenou isso. A Bíblia diz que
Davi fez o que era reto aos olhos do Senhor todos os dias da sua vida,
exceto por essa única coisa (1 Rs 15:5).
P. Salomão
Depois que Davi cometeu assassinato e adultério ele foi repreendido
pelo profeta Natã, a quem Deus enviou propositadamente para condená-
lo (2Sm 12:1-12). Após ter sido condenado, Davi se arrependeu. O Salmo
51 é o salmo de arrependimento de Davi. Davi se arrependeu e Deus o
perdoou (2Sm 12:13). Houve arrependimento e houve perdão. Ao todo
temos aqui três itens: transgressão, arrependimento e perdão. Se
colocarmos todos os três juntos, o resultado é Salomão. Primeiro houve
transgressão e arrependimento mais perdão. Em seguida, houve Salomão
(2Sm 12:24), aquele que edificou o templo de Deus. Salomão é o resultado
não apenas de transgressão e arrependimento, mas de transgressão,
arrependimento e do perdão de Deus. Aqui vemos dois casamentos. O
primeiro foi um casamento entre Davi e Bate-Seba. O segundo foi um
casamento espiritual, o casamento da transgressão e arrependimento de
Davi com o perdão de Deus. O perdão de Deus casou-se com a
transgressão e arrependimento de Davi. Esse casamento gerou um
homem chamado Salomão que edificou o templo de Deus. A igreja é
sempre edificada por esse tipo de pessoa, Salomão, o resultado da
transgressão e arrependimento do homem mais o perdão de Deus.
Depois que Davi recebeu o perdão de Deus, e o desfrute da sua
salvação foi restaurado, ele orou por Sião, pela edificação dos muros de
Jerusalém, pelo fortalecimento do seu reino (Sl51:18). Finalmente, como
conseqüência do perdão de seu pecado por Deus, este lhe deu um filho
para edificar o templo de Deus para a Sua presença como o centro da
cidade de Jerusalém.
Espero que o Senhor lhe mostre o que palavras humanas não
podem dizer. Se você tem sido e ainda é uma pessoa tipicamente boa
26
que nunca matou outros, que nunca transgrediu e que nunca precisou se
arrepender, então Deus não precisa perdoar-lhe. Se esse é o caso, então
nunca haverá um Salomão, e o templo de Deus nunca será edificado.
Como vimos, a edificação do templo de Deus vem da transgressão do
homem e do arrependimento mais o perdão de Deus.
Um dia eu disse ao Senhor: “Senhor, minha transgressão e
arrependimento precisam do Teu perdão. Mas, Senhor, Tu sabes
melhor que eu que Teu perdão também precisa da minha transgressão.
Minha transgressão precisa do Teu perdão, e Teu perdão precisa da
minha transgressão. Se não tenho transgressão, então Tu não tens lugar
para usar o Teu perdão”. Quando falei isso ao Senhor, parece que Ele
disse: “Sim, por causa da sua transgressão e arrependimento, Eu tenho
uma oportunidade de usar o Meu perdão. Estou feliz por isso”. Mas você
nunca deve dizer: “Façamos o mal para que venha o bem”. Você deve
esforçar-se ao máximo. Mas não importa quão diligentemente você possa
tentar fazer tudo correto aos olhos do Senhor, cedo ou tarde algo
acontecerá. Repentinamente você irá assassinar, tomará posse de outros,
transgredirá. Entretanto, após transgredir, haverá um caminho para se
arrepender. Se você se arrepender, Deus estará pronto para perdoá-lo.
Então você gerará um filho e o chamará Salomão. O nome Salomão
significa “pacífico” (2Sm 12:24; 1 Cr22:9), mas Salomão também tem
outro nome: “Jedidias” (2 Sm 12:25), que significa “amado do Senhor”.
Para você, Salomão significa “pacífico”, mas para o Senhor ele significa
“amado do Senhor”. Esse filho será aquele que edificará a casa de Deus, a
igreja de hoje.
Você precisa ser justo todo o tempo aos olhos de Deus. Mas esteja
certo de que o simples fato de você ser justo não é bom para a edificação
da igreja. Entretanto, não deve dizer: “Cometerei erros!” Digo- lhe,
mesmo se tentar estar errado, você descobrirá que não é capaz de cometer
erros. Não sei que tipo de soberania é essa. Mas um dia você fará algo
terrível. Todos os irmãos balançarão a cabeça, incapazes de crer que você
poderia ter feito tal coisa. Contudo, você a fez! Então você precisa ler o
Salmo 51, fazer dele seu salmo, e ir ao Senhor, dizendo: “Senhor, eu me
arrependo. Contra Ti, contra Ti somente fiz esse mal. Perdoa-me”. Após
esse arrependimento, você terá um outro casamento, o casamento da sua
transgressão e arrependimento com o perdão de Deus. Isso gerará um
Salomão, alguém que é pacífico para você e amado do Senhor. Essa pessoa
edificará a igreja, o templo de Deus. Naquele tempo você será muito útil
na edificação da igreja.
Você pode dizer: “E quanto a hoje? Que faremos esperar que aquele
tipo de pessoa venha?” Não, não espere. Sua espera de nada aproveitará.
Devemos unicamente andar na presença do Senhor e deixar o Senhor
agir. Como diz Charles Wesley em um de seus hinos: “Tudo é
misericórdia!” Sim, é absolutamente uma questão da misericórdia de
Deus. Esqueça sobre seu passado, sua situação ou o que pode acontecer
no futuro. Você simplesmente precisa confiar na soberana misericórdia do
Senhor. Se você tem um coração para Ele e para Seu povo, Ele realizará
todas as coisas. Ele lhe dará o pleno desfrute da primogenitura de Cristo.
27
Esses versículos da genealogia de Cristo são muito difíceis. Não são
leite ou carne, são ossos. Se usarmos uma ou duas horas orando sobre
esses versículos e acerca dos pontos incluídos nesta mensagem, veremos
algo mais. Veremos que precisamos ser uma pessoa com um verdadeiro
coração de busca, um coração que busca Deus e o povo de Deus. Então
seremos o Boaz, a Rute, o Obede, o Jessé, e o Davi de hoje, e finalmente o
Salomão de hoje, edificando a casa de Deus.
MENSAGEM 4
R. Roboão
Prossigamos com Roboão, o filho de Salomão (v. 7). Com Roboão, o
reino de Davi foi dividido (1 Rs 11:9-12; 12:1-17). Das doze tribos, uma foi
preservada por causa de Davi (1 Rs 11:13), isto é, por Cristo. Cristo
precisava do reino que pertencia à casa de Davi porque tinha de nascer
corno o herdeiro do trono de Davi. Se todo o reino ti vesse sido eliminado,
nada teria permanecido para permitir Cristo nascer como herdeiro real de
Davi. Assim, Deus preservou uma das tribos para Davi. Aparentemente
ela foi preservada para Davi; na verdade foi preservada para Cristo.
Após essa di visão, o reino de Davi tinha duas partes: a parte norte,
chamada o reino de Israel, e a parte sul, chamada o reino de Judá. A parte
norte foi denominada o reino de Israel, um nome universal, porque era
composto de dez tribos de Israel; a parte sul era chamada o reino de
Judá, um nome local, porque era composto das duas tribos: de Judá e
de Benjamim. Quanto a nós, qual título tem o melhor significado-o reino
de Israel ou o reino de Judá? Certamente eu preferiria o reino de Israel,
porque é algo universal, algo para a maioria. Nunca escolheria Judá,
porque Judá é tão local, tão limitado. Entretanto, embora o reino de Israel
fosse mais universal que o de Judá, na genealogia de Cristo não está
incluído nenhum nome dos reis de Israel. Eles eram uni versais, mas
foram excluídos da genealogia de Cristo. Foram excluídos porque não
estavam ligados com Cristo.
Essa figura, como todos os outros itens no Antigo Testamento, foi
escrita para nosso aprendizado, e é um tipo dos acontecimentos na era do
Novo Testamento. Vemos a mesma coisa hoje. No princípio, no início, a
igreja era uma. Mas após certo tempo, a igreja foi dividida, não em duas
partes, mas tal vez em mais do que duas mil partes. Alguns podem dizer
“os do reino de Israel não eram ainda o povo de Deus?” Certamente eram.
Eram o povo de Deus, mas estavam fora da linhagem de Cristo. Que isso
significa? Estar fora da linhagem de Cristo significa que, embora vocês
sejam o povo de Deus, vocês não são por Cristo. Vocês são por algo além
29
de Cristo. Considerem a situação hoje. Todos somos verdadeiros cristãos e
todos somos povo de Deus. Mas somos exclusivamente, inteiramente,
completamente e essencialmente para Cristo ou somos por algo além? Se
você é por algo mais além de Cristo, então está fora da linhagem de
Cristo. Por essa causa, nenhum dos reis do reino do norte, o reino maior e
mais universal, está incluído na genealogia de Cristo.
W. Jeconias
Jeconias não foi considerado como um rei nessa genealogia porque
ele nasceu durante o cativeiro efoi levado como um cativo (2 Cr 36:9-10,
Joaquim é Jeconias). Segundo a profecia de Jeremias 22:28-30, nenhum
descendente de Jeconias herdaria o trono de Davi. Todos os seus
descendentes foram excluídos do seu trono. Se Cristo tivesse sido um
descendente direto de Jeconias, Ele não estaria habilitado para o trono de
Davi. Embora Jeremias 22:28-30 diga que todos os descendentes de
Jeconias estão excluídos do trono de Davi, o capítulo seguinte, versículo
5, diz que Deus levantará a Davi um renovo, um rei que reinará e
prosperará. Esse Renovo é Cristo. Essa profecia confirma que Cris to será
o descendente de Davi, contudo não um descendente direto de Jeconias, e
herdará o trono de Davi.
Y. Zorobabel
Esdras 5:1 e 2 diz que Zorobabel era um dos líderes que retomaram
do cativeiro na Babilônia para Jerusalém. Isso significa que ele era um
líder na restauração do Senhor. Essa é uma grande coisa. Ele era também
um líder na reedificação do templo de Deus (Zc4:7-1O).
Sem esse retomo do cativeiro, teria sido impossível para Cristo
nascer em Belém. O Antigo Testamento definitivamente prediz que Cristo,
como o descendente de Davi, nasceria em Belém (Mt2:4-6; Mq 5:2).
Suponha que ninguém do povo de Israel tivesse retomado a Judá, e
chegasse a época para Cristo nascer em Belém. Ninguém estaria lá. Agora
podemos entender porque Deus ordenou que os cativos retomassem. A
ordem de Deus para que os cativos retomassem não era apenas para a
reedificação do templo, mas também a preparação para Cristo nascer
31
em Belém.
Exatamente o mesmo ocorre hoje. Alguns podem perguntar: “Qual
a diferença entre permanecer em Babilônia e retomar a Jerusalém? Desde
que adoremos a Deus e andemos no espírito, não é a mesma coisa?” Para
você pode estar tudo bem, mas não para Cristo. Cristo precisa de algumas
pessoas para trazê-Lo a Belém. Você pode adorar Deus e andar no espírito
em Babilônia, mas esteja certo de que Cristo nunca poderia nascer na
humanidade por seu intermédio. Isso requer um lugar específico. Você
deve retomar de Babilônia para Judá. Quando o tempo chegou para o
Senhor Jesus nascer, alguns israelitas, descendentes dos cativos que
retomaram, estavam esperando em Judá. Naquela época, José e Maria
não estavam em Babilônia; estavam em Judá. Para Cristo vir à terra,
algumas das pessoas capturadas por Ele tinham de retomar. Para Sua
segunda vinda, Cristo também precisa que algumas das pessoas
capturadas por Ele retomem do cativeiro para a vida adequada da igreja.
BB. Maria
Chegamos agora a Maria, a virgem (1:16). Por ser uma virgem, ela
33
era diferente das outras quatro mulheres mencionadas nessa genealogia.
Maria era pura e singular. Ela concebeu do Espírito Santo, não do
homem, para gerar Cristo (Lc 1:34-35; Mt 1:18b, 20b). Esse relato das
quatro mulheres recasadas e uma virgem prova que todas as pessoas
mencionadas nessa genealogia nasceram do pecado, exceto Cristo, que
nasceu em santidade.
35
representando Davi como duas gerações (uma dos patriarcas e uma dos
rei s), as gerações perfazem quarenta e duas, que são divididas em três
períodos de catorze gerações cada um.
Lembre-se: esse não é apenas um estudo-vida. mas também um
estudo da Bíblia. Portanto, precisamos de algum conhecimento.
Precisamos ver que o registro de Mateus não é um registro segundo a
história, mas segundo a doutrina. O registro de João, ao contrário, é de
acordo com a história, porque João escreveu seu Evangelho conforme os
eventos históricos. De acordo com a história, foram quarenta e cinco
gerações, mas de acordo com o objetivo doutrinário de Mateus, foram
quarenta e duas gerações. Mateus deve ter tido uma finalidade
doutrinária ao dizer que de Abraão a Davi foram catorze gerações, de Davi
ao desterro foram outras catorze gerações e do desterro a Cristo foram
ainda catorze gerações. Não foi incorreto Mateus dizer isso. Três gerações
foram omitidas porque não estavam qualificadas, e uma quarta geração
foi desqualificada e excluída. Mas houve uma pessoa maravilhosa, Davi, o
rei, que estava duplamente qualificado. Ele tornou- se duas gerações,
encerrando uma seção e abrindo outra. Ele introduziu a realeza, pois, por
intermédio dele o reino foi estabelecido. Portanto, por ter sido Davi
contado como duas gerações, essa genealogia de Cristo pode consistir de
quarenta e duas gerações em três seções, cada qual com catorze gerações.
36
MENSAGEM 5
E. Cumprindo as Profecias
O nascimento de Cristo foi um importante cumprimento das
profecias no Antigo Testamento. A primeira profecia do Antigo
Testamento está em Gênesis 3:15. Não há profecias nos capítulos 1 e 2 de
Gênesis, mas no capítulo 3, após a queda do homem, após a serpente
introduzir-se no homem por intermédio da mulher, Deus deu-lhe uma
promessa. Ao dar essa promessa, Deus parecia dizer: “Serpente, você
entrou por intermédio da mulher. Agora eu tratarei com você pelo
descendente dessa mulher”. Assim, a promessa a respeito do descendente
da mulher foi a primeira profecia na Bíblia.
Em 1:22 e 23 essa promessa é cumprida por uma virgem que
39
concebeu uma criança. Essa criança veio a ser a semente da mulher.
Em Gálatas 4:4 Paulo diz que Cristo nasceu sob a lei e também nasceu
da mulher. Cristo veio não apenas para cumprir a lei, mas também
para cumprir a promessa que a semente da mulher esmagaria a
cabeça da serpente.
De Gênesis prosseguimos a Isaías 7:14 onde há outra profecia com
respeito a Cristo. “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho”. O
cumprimento dessa promessa trouxe Deus para dentro do homem.
Aleluia! Deus tornou-se homem!
41
perceber que Jesus é nada menos que o próprio Deus mesclado com a
humanidade caída, tomando a forma da humanidade, mas sem a natureza
pecaminosa do homem. Esse foi o nascimento de Cristo.
43
sobre você e o incomodará. N a primeira noite Ele pode dizer que sua
atitude para com os outros nunca foi muito boa, especialmente para com
seu marido ou sua esposa e que você deve ser governado. Invoque Seu
nome e você será governado por Ele.
Jesus é uma Pessoa maravilhosa. Ele é Jeová, Deus, o Salvador, e o
Rei. O Rei nasceu e está aqui hoje. Cada dia, manhã e noite, apreciamos
Cristo como nosso Salvador, como nosso Rei e como o Rei dos reis.
Quando ninguém pode governar sobre você, esse Rei dos reis será
capaz de governar. Quando ninguém mais pode controlar você-nem seus
pais, seu marido, sua esposa ou seus filhos-o Rei dos reis fará algo.
Simplesmente invoque o nome de Jesus. Se o fizer, desfrutará Jeová, o
Salvador, a salvação, a presença de Deus, e também a realeza de Jesus.
Jesus o Rei nascerá em você, e Ele estabelecerá Seu reino em você. Esse é
o próprio Jesus Cristo encontrado em Mateus.
O Cristo em Mateus é o Salvador-Rei e o Rei- Salvador que
estabelece o reino dos céus em nós e sobre nós. Mateus 1 não apenas nos
dá a origem desse Rei, ele também nos dá a presença desse Rei. O nome
desse Rei é Jesus. Sempre que invocamos Seu nome, temos o
sentimento de que Ele está nos salvando, governando-nos. Ele está
estabelecendo o reino dos céus em nós. Aleluia, esse é o nosso Cristo!
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MENSAGEM 6
b. Salvador
o primeiro elemento incluído no nome de Jesus é Jeová. O segundo
é o Salvador. Jesus é Jeová- Salvador, o que nos salva de todas as coisas
negativas: dos nossos pecados, do inferno, do julgamento de Deus e da
condenação eterna. Ele é o Salvador. Ele nos salva de todas as coisas que
Deus condena e de tudo o que odiamos. Se odiamos nosso temperamento,
Ele nos salvará dele. Ele nos salva do poder maligno de Satanás, de todos
os nossos pecados habituais no vi ver diário e de cada escravidão e vício.
Aleluia! Ele é o Salvador!
c. Salvação
Jesus não é apenas o Salvador, Ele mesmo é também nossa
salvação. Não peça a Ele para dar-lhe salvação. Em vez disso, você deve
dizer: “Senhor Jesus, venha e seja minha salvação”. Jesus nunca lhe dará
salvação. Ele virá a você como salvação. Nós, crentes, não percebemos o
quanto precisamos ser salvos. Cada dia, cada hora e até mesmo cada
momento temos algo do qual precisamos ser salvos.
N as mensagens de Gênesis 1 falamos sobre a necessidade de
crescermos em vida. Mas que significa crescer em vida? Do lado positivo,
crescer em vida é entrar nas riquezas do que Cristo é. Do lado
negativo, é estar liberto de certas coisas ou rejeitar certas coisas. Embora
sejamos pequenos homens, acumulamos muitas coisas negativas o
Provavelmente você não perceba quantas coisas negativas tem
46
acumulado. Aonde quer que vamos, recolhemos coisas. Assimilamos
muitas coisas negativas e adquirimos uma quantidade de hábitos dos
quais precisamos ser salvos. Enquanto está lendo isso, você pode não
sentir que precisa ser salvo de algumas coisas. Suponha, entretanto,
que você fosse subitamente arrebatado aos céus. Se fosse levado aos céus
agora, imediatamente você sentiria que precisa muito de salvação. Crescer
em vida é simplesmente ser salvo de todas as coisas desnecessárias, de
tudo o que não é necessário para o nosso vi ver. Se você tem a luz, a
exposição da luz do quarto dia, dirá: “Senhor, salva-me! “Nessas ocasiões
percebemos que Jesus é verdadeiramente Jeová como nosso Salvador e
nossa salvação.
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ritual nem uma cerimônia para aceitação de um membro religioso. É um
ato de fé em que tomamos alguém que crê no nome de Jesus e o
colocamos para dentro desse nome, batizando para dentro da Pessoa de
Jesus. Romanos 6:3 diz que fomos batizados para dentro de Cristo Jesus e
Gálatas 3:27 diz: “Porque todos quantos fostes batizados para dentro
(lit. ) de Cristo”. Essa é a realidade de ser batizado para dentro do nome
de Jesus.
f. Para Invocar
O nome de Jesus é para invocarmos (Rm 10:13; 1 Co 1:2). Eu já era
um cristão por pelo menos trinta e cinco anos antes de descobrir o
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segredo de invocar o nome de Jesus. Pensava que invocar o nome de
Jesus era o mesmo que orar. Finalmente, pelo registro da Bíblia, descobri
que orar é uma coisa e invocar é outra. Cinqüenta anos atrás, eu fazia
muitas orações, a maior parte de joelhos. Não conhecia o segredo de
invocar o nome de Jesus nem sabia que invocar é diferente de orar.
Muitos de nós têm experimentado orar, mas com pouca inspiração.
Entretanto, quando invocamos Jesus por cinco minutos, somos
inspirados. Tente! Muitos de nós podem testificar que quando oram da
maneira antiga, algumas vezes oram para dormir. Mas invocar o Senhor
nunca nos faz dormir. Pelo contrário, desperta-nos.
Atos 9:14 diz que Paulo, quando era Saulo de Tarso, tentou
destruir todos os santos. Ele pretendia ir de Jerusalém para Damasco
prender todos os que invocavam o nome de Jesus. Esse versículo não diz
que ele estava interessado em prender todos os que oravam a Jesus,
mas todos os que invocavam Jesus. Por esse único versículo podemos ver
que os cristãos primitivos eram os que invocavam Jesus. Sempre que
oravam, eles invocavam. Eles invocavam o nome de Jesus e aquilo tomou-
se uma marca de reconhecimento.
A Bíblia não diz que todo aquele que ora será salvo. Diz que todo o
que invoca o nome do Senhor será salvo (Rm 10:13). Suponha que eu seja
um pecador e que creio no Senhor Jesus.
Você ajuda-me a orar e eu digo: “Senhor Jesus, sou um pecador. Tu
és meu Salvador. Tu me amas. Tu morreste na cruz por mim. Agradeço a
Ti”. Embora seja bom orar dessa maneira, orações como essa dificultam a
entrada do Espírito em nós. Entretanto, se você me ajudasse a invocar: “Ó
Senhor Jesus” cada vez mais alto, isto faria uma grande diferença.
Quando prega o evangelho, não tente tanto mudar o pensamento das
pessoas. Antes, ajude-as a abrir seu ser, seu coração e seu espírito, do
mais profundo interior, e a usar a boca para invocar o nome de Jesus. Se
você ajudar os novos crentes a invocar o nome de Jesus dessa maneira, a
porta se abrirá completamente para o Espírito entrar. Não há necessidade
de orar com palavras vãs. Após invocar o nome de Jesus dez vezes, você
estará nos céus. Seus pecados serão perdoados, seu encargo surgirá e você
terá vida eterna. Você terá todas as coisas.
Até mesmo para alguém que é crente há muitos anos, a melhor
maneira de tocar o Senhor Jesus, desfrutá-Lo e compartilhar algo Dele,
não é falar muito, mas ir ao Senhor e clamar: “Jesus! Jesus! Senhor
Jesus!” Invoque o nome de Jesus e você provará algo. “Uma vez que o
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam” (Rm
10:12). Muitas vezes, nossas palavras são vãs demais. É melhor apenas
invocar “Jesus”. Se invocar Seu nome, você O provará e O desfrutará. O
nome de Jesus é um nome maravilhoso. Todos precisamos invocá-Lo.
g. Para Orar
Podemos também orar no nome de Jesus (Jo 14:13, 14; 15:16;
16:24). Isso não significa fazer uma longa oração e concluir com as
palavras “em nome de Jesus”. Essa maneira é formal demais. Contudo,
49
não me oponho, porque tenho feito assim muitas vezes. Preferivelmente,
diria que em nossa oração é bom invocar o nome de Jesus e dizer: Ó
Jesus! Jesus! Venho orar!” No nome de Jesus, você terá um encargo
verdadeiro de orar, e será muito fácil ter a certeza de que sua oração foi
ouvida e respondida. Se invocarmos o nome de Jesus, temos a garantia
de que receberemos o que temos pedido.
Depois que o Senhor Jesus nos falou para orarmos em Seu
nome, prosseguiu dizendo que o Espírito viria habitar em nós (Jo 14:13-
17). Isso indica que o Espírito que habita em nós tem muito a ver com
nossa oração no nome do Senhor Jesus. Para orar no nome de Jesus,
precisamos do Espírito. Quando estamos no Espírito, estamos na
realidade do nome de Jesus no qual estamos orando.
J. Para Pregar
50
O nome de Jesus é para ser pregado (At 9:27). Quando pregamos,
devemos fazê-lo no nome de Jesus. A pregação do nome do Senhor deve
ser feita no Espírito, porque o Espírito é a Pessoa do Senhor e a realidade
do Seu nome. Quando pregamos em Seu nome, precisamos do Espírito
para tomá-lo real.
Por meio de todas as coisas que podem ser feitas no nome de Jesus,
vemos que tudo o que fazemos e tudo o que somos deve estar no nome de
Jesus. Jamais se esqueça do nome de Jesus. Seu nome é doce, rico,
poderoso; Seu nome salva, cura, conforta e é acessível. Esse é o nome que
é exaltado, honrado e respeitado. E é o nome que o inimigo teme.
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III. SUA JUVENTUDE
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podem vir do nosso conceito natural. Os sábios tiveram a visão e
compreenderam que ela indicava o Rei dos judeus, eles, então,
presumiram que deveriam ir a Jerusalém, a capital da nação judaica,
onde se deduzia que estava Ele (vs. 1-2). A decisão deles de ir a
Jerusalém não veio da luz da estrela. Eles foram a Jerusalém porque
foram distraídos do caminho correto por seus conceitos naturais.
Jerusalém era o lugar errado; era a capital e a cidade onde o templo estava
localizado, mas não era o lugar onde Jesus ia nascer. Por causa do seu
engano, os sábios causaram um problema sério e quase provocaram a
morte do menino Jesus. Se não fosse pela soberania de Deus, por causa do
erro deles, o menino Jesus teria sido morto. O erro deles custou a vida de
muitas crianças (vs. 16-18). Cuidado: você pode ter a Bíblia e a estrela,
mas não siga seus conceitos naturais.
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um coração pelo Cristo vivo é ainda outra questão. Todos precisamos orar:
“Senhor, dá- me um coração por Ti. Quero ter a visão e quero conhecer a
Bíblia. Mas ainda mais, quero ter um coração que Te busca”.
c. Criado em Nazaré
A essa altura preciso apresentar uma pequena história. Embora a
conheça, você precisa ainda de mais luz. Maria concebeu uma criança em
Nazaré (Lc 1:26-27, 31). De acordo com a profecia em Miquéias 5:2,
entretanto, Cristo tinha de nascer em Belém. Sob o arranjo soberano de
Deus, César Augusto ordenou
o primeiro censo do Império Romano (Lc 2:1-7). Isso forçou todas as
pessoas a retomarem a seus lugares de origem. Maria e José foram
forçados a retomar a Belém, sua cidade natal. Imediatamente após
chegarem a Belém, o menino Jesus nasceu. O erro dos magos fez surgir o
ódio e o ciúme do rei Herodes, que ficou irado porque um menino real
tinha nascido. Então José recebeu uma orientação em sonho para levar o
menino para o Egito (M t 2:13-15). Isso possibilitou a Deus cumprir a
profecia de Oséias 11:1. Após Herodes ter morrido, José recebeu uma
palavra em outro sonho para retomar à terra santa (Mt2:19- 20). Quando
José retomou e viu que Arquelau, o filho de Herodes, estava no poder,
temeu ficar no território ao redor de Belém. Assim, foi para Nazaré, onde
Jesus cresceu (vs. 21-23). Por essa razão Jesus foi chamado Jesus de
Nazaré.
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Que significa tudo isso? Significa que quando Jesus nasceu na raça
humana, Ele apareceu de uma maneira um pouco secreta, não de uma
maneira pública ou evidente. Algumas vezes até mesmo usei a palavra
“sorrateiro” para descrever isso. Todos O chamavam Jesus de Nazaré,
porque Ele era um nazareno. Mas a Bíblia diz que Cristo nasceria em
Belém. A maneira oculta do nascimento de Cristo incomodou todos os
religiosos. Quando Filipe encontrou Jesus, percebeu que Ele era o
Messias. Então foi a Natanael e disse-lhe que tinha achado o Messias e
que era o filho de José, um homem de Nazaré. Imediatamente Natanael
disse: “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1:45-46). Filipe deu a
Natanael a informação errada? É difícil dizer. Filipe apenas sabia que
Jesus era o filho de José e que Ele era um nazareno. Embora Jesus fosse
de Nazaré e fosse um nazareno, Ele não havia nascido em Nazaré, mas em
Belém. Natanael estava perturbado. Entretanto, Filipe não argumentou
com ele; simplesmente disse: “Vem e vê” (Jo 1:46).
Em outra ocasião, Nicodemos, que havia vindo conhecer Jesus,
tentou argumentar com os fariseus com respeito a Ele. Os fariseus lhe
perguntaram: “Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia?” (Jo
7:52). A Galiléia era uma região gentia, e a Bíblia diz: “Galiléia dos
gentios” (Mt4:15). Os fariseus pareciam dizer a Nicodemos: “Você é da
Galiléia? Sabemos que Jesus veio da Galiléia. Mas da Galiléia não se
levanta profeta”. Aparentemente Jesus era da Galiléia, de Nazaré; na
verdade, Ele nasceu em Belém. Essa foi Sua maneira um tanto oculta e
secreta de aparecer às pessoas.
O princípio é o mesmo hoje. Menciono-lhes a figura do tabernáculo.
O tabernáculo era coberto com pele de animais marinhos, com pêlos e
áspera; do lado de fora, isto não parecia ser muito atrativo. Do lado de
dentro, entretanto, era de linho fino, ouro e pedras preciosas. O princípio
espiritual da igreja é o mesmo. Não olhe para o exterior da igreja. Você
precisa vir para o interior da igreja. Tenho certeza de que se o apóstolo
Paulo viesse visitá-lo, você se surpreenderia e perguntaria: “Você é o
irmão Paulo? Pensei que o apóstolo Paulo fosse como um anjo
resplandecente. Mas que é você? Apenas um pequeno homem sem uma
aparência atrativa”.
Nunca devemos fazer uma exibição de nós mesmos, tampouco
conhecer os outros segundo a aparência exterior. Devemos conhecê-los
segundo o espírito interior. Em aparência, Jesus era um nazareno, mas
dentro Dele havia ouro, incenso e mirra. Dentro Dele havia a glória de
Deus. A Segunda Epístola aos Coríntios 5:16 diz que não devemos
conhecer Cristo ou a qualquer homem segundo a aparência exterior.
Antes, devemos discernir a realidade interior de Cristo.
Devemos conservar esse princípio hoje. Para achar Cristo devemos
ter a estrela brilhando; não nos guiando pela aparência exterior, mas
segundo o que está no interior. Se quiser conhecer a igreja ou os santos,
então não se incomode com a aparência exterior. Não dê qualquer valor às
coisas exteriores, tais como catedrais imensas, templos grandes ou órgãos
de tubo. Esqueça tudo isso. Jesus não tinha nenhum atrativo exterior.
Ele era um pequeno nazareno que cresceu em uma província chamada
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“Galiléia dos gentios” e foi criado em uma cidade desprezada pelas
pessoas-”De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” Mas se você “vem e vê”,
e entra Nele, você O apreciará e será capturado por Ele. Do mesmo modo,
você precisa vir para a igreja e estar com a igreja por algum tempo. Se o
fizer, encontrará algumas coisas preciosas. O mesmo é verdade quanto
aos santos sedentos. Quanto mais buscam o Senhor, mais eles ocultam
suas experiências de coisas espirituais. Você precisa ir a eles e estar com
eles. Então entrará neles e encontrará as riquezas que estão dentro deles.
Verá o incenso, a mirra e muitos outros tesouros preciosos. Então você
será atraído e capturado. Essa é a maneira de descobrir Cristo e apreciar
tudo o que Ele é e todos os Seus itens preciosos, o ouro, o incenso e a
mirra.
Mateus 2:23 diz: “Ele será chamado Nazareno”. Alguns supõem que
essa palavra nazareno refere-se a “nazireu” em Números 6:2. Outros
supõem que ela se refere à palavra hebraica para rebento, netzer, em
Isaías 11:1. Mas não acho que temos de pensar demais. Sabemos que em
aparência Jesus era um nazareno. Isso foi dito pelos profetas.
MENSAGEM 8
1. Nascido Sacerdote
João Batista nasceu sacerdote (Lc 1:5, 13). No Estudo-Vida de
Gênesis vimos que o direito de primogenitura incluía três itens: a porção
dobrada de terra, o sacerdócio e a realeza. Rúben, o primogênito de Jacó,
deveria ter recebido todos os três itens da primogenitura. Entretanto, por
causa da profanação, ele perdeu a primogenitura. Como resultado, a
porção dobrada de terra foi para José, o sacerdócio, para Levi, e o reinado,
para Judá. A principal função do sacerdócio é levar as pessoas a Deus e a
da realeza é trazer Deus às pessoas. De acordo com a Bíblia, os sacerdotes
levavam pessoas a Deus a fim de que elas pudessem obter bênção de
Deus. Esse é o serviço sacerdotal. Os reis eram os que representavam
Deus e traziam Deus às pessoas. Assim, a realeza é o ministério que traz
Deus aos outros para que possam obtê-Lo. Mediante esse tráfego de vir e
ir, homem e Deus, Deus e homem, têm uma comunhão verdadeira,
genuína. Por fim, o homem e Deus tomam-se um. Esse é o ministério do
sacerdócio e da realeza.
O primeiro ministério do Antigo Testamento foi o sacerdócio.
Após o sacerdócio veio a realeza. Em todos os livros que antecedem 1
Samuel havia o sacerdócio. Mas iniciando 1 Samuel na segunda seção do
Antigo Testamento há a realeza. Nesse livro, Samuel representa o
sacerdócio e Davi, a realeza. Samuel, o sacerdote, introduziu Davi, o rei. O
sacerdócio introduz a realeza. É o mesmo que ocorre hoje na igreja. Se
somos genuínos sacerdotes, então também nos tomaremos reis, porque o
sacerdócio sempre introduz a realeza. Primeiro somos sacerdotes
trazendo os outros à presença de Deus. Então nos tomamos reis levando
Deus a eles.
Todo verdadeiro evangelista é um rei. Se não somos um rei, não
estaremos qualificados a pregar o evangelho. Em Mateus 28:18 e 19 o
Senhor Jesus, o Rei do reino, disse: “Toda a autoridade me foi dada no
céu e na terra, Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. Aqui o
Senhor disse aos discípulos para irem com a Sua autoridade. Os que vão
com essa autoridade são reis no reino dos céus. Sem dúvida, Ele
compartilha conosco essa autoridade. Portanto, devemos ir e discipular as
nações, isto é, pregar o evangelho para subjugar os rebeldes. Quando
vamos pregar o evangelho, devemos ser reis.
Muitos cristãos não conhecem o segredo de Deus em Sua economia.
Quando é comissionado a pregar o evangelho, você deve primeiro
executar a função de sacerdote. Ao pregar o evangelho você deve primeiro
64
ir a Deus como um sacerdote e levar outros a Ele. Mediante o sacerdócio
você será autorizado e ungido, e então sairá da presença de Deus para ser
um rei. A pregação adequada do evangelho é o resultado de uma ordem
real. É a declaração de um mandato real. Considere a pregação de Pedro
no dia de Pentecoste. Embora fosse um jovem pescador galileu, ele era um
rei. Todo evangelista adequado deve ser um rei.
Vimos que o sacerdote introduz o rei. A primeira vez que isso
aconteceu foi quando Samuel introduziu o rei Davi. Em Mateus 3 vemos
outro Samuel, João Batista, que nasceu sacerdote da tribo de Levi.
Mateus 3 testifica a consistência da Bíblia, porque aqui vemos alguém da
tribo sacerdotal, a tribo de Levi, apresentando alguém da tribo real, a
tribo de Judá. Em Mateus 3 João apareceu como Samuel e Jesus como
Davi. Lá no deserto João estava levando pessoas a Deus. Assim, ele era um
sacerdote genuíno. Enquanto estava levando os outros a Deus, o Rei veio, e
João introduziu-O. Esse Rei trouxe Deus aos homens. João levou os outros
a Deus e Jesus trouxe Deus aos homens.
Como pecadores viemos a Deus por intermédio do ministério de
João. Pelo arrependimento entramos na presença de Deus. Esse era o
ministério do sacerdócio, o ministério de João Batista. Todos temos
entrado na presença de Deus por intermédio de João. Foi João que nos
levou de volta a Deus. Então o novo Rei Davi, Jesus Cristo, trouxe Deus a
nós. Mediante o ministério de arrependimento de João e o ministério de
dispensar vida de Jesus, fomos feitos sacerdotes e reis. Hoje somos a
continuação tanto do sacerdote, João Batista, como do Rei, Jesus Cristo.
Se é um cristão adequado, então você é primeiramente o João de hoje e
em segundo lugar, o Jesus de hoje. Jovens, ao irem às universidades,
vocês devem ser sacerdotes reais. Vocês precisam dizer: “Senhor, tem
misericórdia dessas pessoas. Ó Senhor, lembre-se de todos esses jovens.
Eu os trago a Ti”. Esse é o sacerdócio, o ministério de João Batista. Após
levar pessoas a Deus, imediatamente, de certo modo, você se tornará
Cristo trazendo Deus a elas a fim de que possam obtê-Lo. Esse é o
sacerdócio e a realeza de hoje.
B. O Lugar de Apresentação
Vimos que o lugar de apresentação não foi a cidade santa nem o
templo santo, mas o deserto. O versículo 1 diz que João Batista veio
pregar no deserto, e o versículo 3 diz: “Porque este é o referido por
intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto”. Foi segundo a
profecia que João Batista começou seu ministério no deserto. Isso indica
que a introdução da economia de Deus do Novo Testamento por João
não foi acidental, mas planejada e profetizada por Deus por intermédio
de Isaías, o profeta. Isso implica que Deus desejava que Sua economia do
Novo Testamento começasse de uma maneira absolutamente nova.
Se traçar a história de alguns séculos atrás, verá que muitos
reavivamentos prevalecentes aconteceram em algum tipo de “deserto”.
Quando John Wesley e George Whitefield foram levantados há dois
séculos como evangelistas, suas pregações eram feitas principalmente nas
esquinas. De acordo com a biografia dele, George Whitefield
68
freqüentemente pregava nos montes dos desertos. Não obstante, naquele
tempo, a Igreja da Inglaterra tinha regulamentos proibindo a exposição da
Palavra Santa fora do “santuário”. Conforme esses regulamentos,
qualquer um que pregasse ou ensinasse a Bíblia tinha de fazê-lo no
“santuário”. Todavia, Deus levantou George Whitefield e John Wesley
guiando a pregação deles para fora do “santuário”. O princípio deve ser o
mesmo hoje. Mas isso não significa que devemos copiar João Batista
naforma exterior. Significa que não devemos tomar a maneira religiosa
nem a cultural. Antes, devemos seguir a maneira que é cheia da
presença de Deus. Não devemos estar na cidade santa ou no templo
santo, mas num lugar fora da religião e cultura, porém pleno da presença
de Deus. Espero que os jovens levem essa questão ao Senhor e orem:
“Senhor, faça-nos João Batista de hoje. Senhor, leva-nos ao deserto e
mostra-nos como ser sacerdotes genuínos para levar pessoas a Ti e
apresentar-Te a elas como Rei delas”.
O Evangelho de Mateus é absolutamente diferente do Evangelho de
João. O Evangelho de João é um livro de vida, enquanto o Evangelho de
Mateus é um livro do reino. Em João, Jesus é vida, mas em Mateus Ele é o
Rei. De acordo com o livro de Mateus, o Jesus que recebemos é o Rei. Ao
considerarmos o Evangelho de Mateus, devemos ser inteira e
profundamente impressionados pelo fato de que estamos agora no reino.
Todas as coisas escritas nesse livro estão relacionadas ao reino. Portanto,
devemos olhar para esse livro do ângulo do reino, enxergando cada
capítulo e até mesmo cada versículo da perspectiva do reino.
O arrependimento exigido no capítulo 3 é para o reino. Você deve
arrepender-se porque não está no reino, porque não está sob a autoridade
de Deus. Você deve arrepender-se porque ainda não se submeteu à
autoridade de Cristo nem está sob Sua realeza. Embora não sinta que seja
um pecador, uma vez que não está no reino, você é um rebelde. Se nada
tem a ver com a realeza de Cristo, você está em rebelião e deve
arrepender-se. Arrependa-se de não estar no reino! Os cristãos genuínos
de hoje são salvos, contudo muitos deles ainda não estão no reino. Até
mesmo esses cristãos devem arrepender-se. Desde que não está sob a
realeza de Cristo, você deve arrepender-se. Se não está realmente no
reino dos céus nem sob o governo celestial, você deve
arrepender-se. Não importa quão espiritual, santo ou bom você seja. A
única coisa que conta é se você está ou não debaixo do governo
celestial. Caso contrário, isso significa que você não está no reino e
deve arrepender-se. Se não está no reino, você está em rebelião.
Você se considera escritural,
fundamentalista e santo, mas, na verdade, é rebelde. Mesmo sua
espiritualidade é um tipo de rebelião contra a realeza de Cristo. Você se
importa com sua espiritualidade, não com a realeza de Cristo. Isso
indica que está em rebelião, que não está no reino. Arrependa-se da
sua rebelião! Arrependa-se de não estar no reino e de não estar
debaixo da realeza e autoridade de Cristo. Esse é o pensamento básico
do Evangelho de Mateus.
Não pense que Mateus é apenas para os incrédulos, estranhos ou
69
gentios. Muitos de nós nunca ouviram o Evangelho de Mateus. Não sei
que tipo de evangelho você tem ouvido, mas sei que precisa ouvir o
Evangelho de Mateus, o evangelho do reino que exige que você se
arrependa de não estar sob a realeza de Cristo. Todos devemos
arrepender- nos diante do Senhor e dizer: “Senhor, perdoa-me. Mesmo
hoje estou ainda em rebelião. Não estou debaixo do Teu senhorio, Tua
autoridade, Teu governo celestial. Senhor, confesso que tenho sido
governado só por mim mesmo. Senhor, conceda-me um arrependimento
verdadeiro pela minha rebelião, por eu não estar debaixo da Tua
autoridade”. Todos precisamos arrepender-nos. Louvado seja o Senhor
porque João Batista e esse ministério do sacerdócio estão ainda conosco!
Por um lado, esse sacerdócio nos leva a Deus, e, por outro, apresenta o
Rei celestial que traz Deus a nós. Quando recebemos esse Rei, Ele nos
conquista e o reino está aqui. Esse é o Evangelho de Mateus.
70
MENSAGEM 9
c. A Mensagem de Apresentação
73
de Pentecoste. Isso significa que ele chegou no exato momento em que a
igreja veio à existência. Hoje todos os que têm uma mudança em sua
filosofia e voltam-se a Deus, imediatamente estarão no reino dos céus.
Aleluia! estamos no reino dos céus! Ternos um Rei e estamos sob Seu
governo.
Muitas vezes o governo do Rei, dentro de nós, toma desnecessário
que sejamos controlados pelos policiais ou por um tribunal de justiça.
Esse Rei interior tira o emprego dos advogados. Contudo, aqueles que
não se arrependem e não se voltam a Deus não estão sob o Rei. Em
vez disso, eles violam a lei constantemente. Por essa razão, muitos são
convidados para o tribunal de justiça. Mas nós, o povo do reino, estamos
sob o Rei do reino dos céus. Esse Rei veio para dentro do nosso ser. Nesse
exato momento Ele está habitando em nosso espírito. Quando fala a nós,
Ele diz principalmente uma palavra: “não”. De acordo com a minha
experiência, Sua palavra favorita é “não”. Temos um governo de “não”
dentro de nós. Agradeça ao Senhor por essa pequena palavra, porque ela
nos livra de muitos problemas. O falar do “não” interior é o governar
íntimo do Rei. Talvez hoje você tenha ouvido o “não” do Rei várias vezes.
Se o povo do reino não se importar com esse “não”, eles se tomarão
reincidentes. Por que estamos no reino dos céus, o Rei governa-nos na
maioria das vezes falando a palavra “não”.
Consideremos agora corno João Batista foi capaz de levar as
pessoas ao reino. O ministério de João era levar pessoas a Deus (Lc 1:16-
17). João Batista, um sacerdote genuíno, era “cheio do Espírito Santo, já
do ventre materno” (Lc 1:15). Não há dúvida de que enquanto cresceu da
infância à idade adulta, à idade de trinta anos, ele foi continuamente
imerso no Espírito Santo. Porque estava inundado e saturado do
Espírito Santo, ele pôde ser ousado. É uma questão séria colocar-se
contra o curso da era. Requer muita ousadia. Como João Batista poderia
ser tão corajoso a ponto de colocar-se contra a religião judaica e a cultura
greco-romana? Ele foi ousado por causa dos trinta anos em que esteve
imerso no Espírito Santo. Ele era uma pessoa inteiramente saturada do
Espírito. Portanto, quando saiu para ministrar, foi no Espírito e com
poder. Sim, ele vestia pêlos de camelo como sinal de seu repúdio à velha
dispensação. Mas aquilo era meramente um sinal exterior. Havia também
realidade dentro dele e aquela realidade era o Espírito e o poder. A
realidade em João não era apenas a presença de Deus, mas também o
Espírito de Deus.
João estava imerso no Espírito, saturado e impregnado do Espírito
Santo. Espontaneamente isso fez dele um grande ímã. Ele era um ímã
porque havia sido completamente enchido com o Espírito. Ano após ano e
dia após dia, ele foi enchido com o Espírito. Por isso, em seu ministério,
ele era um poderoso Ímã. João tinha o Espírito e o poder de atração.
Portanto, como Lucas 1:16 diz, ele converteu muitos dos filhos de Israel ao
Senhor seu Deus. (O Senhor aqui é o equivalente a Jeová). O fato de João
ter convertido muitos dos israelitas ao Senhor indica que a nação de Israel
tinha se desviado de Deus. Senão, não haveria necessidade de João
Batista convertê-los. Até mesmo aqueles sacerdotes que serviam a Deus
74
no templo acendendo as lâmpadas e queimando o incenso tinham se
desviado de Deus e estavam longe Dele. Em outra parte no Novo
Testamento nos é dito que muitos sacerdotes se converteram a Deus (At
6:7). Assim, mesmo os sacerdotes, os que serviam a Deus, precisavam de
uma conversão a Deus. Portanto, João Batista foi usado para converter
muitos ao Senhor.
D. A Maneira de Apresentar
Vimos o apresentador e a mensagem de apresentação. Agora
devemos considerar a maneira de apresentar.
80
MENSAGEM 10
II. UNGIDO
1. Veio da Galiléia
No Novo Testamento, a Galiléia, uma região desprezada, significa
rejeição. Jesus não veio de Belém porque naquele tempo Belém era um
lugar de honra e benquisto. Se você viesse de Belém, todos o honrariam e
lhe dariam boas-vindas calorosas. Mas se viesse da Galiléia, todos o
desprezariam e rejeitariam. Jesus veio de tal lugar desprezado e rejeitado.
Esse lugar não foi rejeitado por Deus, mas foi rejeitado pela religião e
cultura. Todos aqueles que vem à restauração do Senhor não procedem
de Belém, antes, procedem da Galiléia. Não tente vir de um lugar de
honra e benquisto, mas venha de um lugar que é desprezado e rejeitado
pela religião e cultura. Mesmo se o presidente de uma nação tomasse o
caminho da igreja, ele também teria de ser alguém vindo da Galiléia para
81
o Jordão. Por muitos anos de atenção e observação, tenho visto que os de
classe social alta que se voltaram ao caminho da igreja foram desprezados
e rejeitados pela religião e cultura presente. Estou convicto de que se você
ainda é honrado e saudado pela religião e cultura atual, não está no
caminho da Galiléia para o Jordão. O caminho da Galiléia para o Jordão
é o caminho correto para a igreja. O caminho da vida da igreja hoje não é
o de Belém para Jerusalém; é o da Galiléia para o Jordão.
O caminho da igreja é um caminho estreito. Ainda que não
houvesse oposição à restauração do Senhor, antes uma grande apreciação
de todas as organizações cristãs, o número daqueles que se voltariam
ao caminho da igreja ainda seria quase o mesmo de hoje, simplesmente
porque o caminho da igreja é um caminho estreito. Quando alguns
ponderam a respeito da igreja, podem dizer: “Esse é o reino dos céus.
Certamente esse caminho deve ser muito elevado”. Embora esse caminho
seja elevado, não é de acordo com o seu conceito. Antes, é uma estrada da
Galiléia para o Jordão.
2. Veio ao Jordão
Como enfatizamos, o Jordão era um lugar de sepultamento e
ressurreição. Assim, o Jordão significa terminação e germinação. Os filhos
de Israel viajaram pelo deserto por quarenta anos, e por fim foram todos
enterrados no rio Jordão. Portanto, o Jordão terminou, finalizou a
história deles de peregrinação no deserto, e concluiu a era de
peregrinação. Mas o Jordão também deu-lhes um novo início, fê-los
brotar e conduziu-os à uma nova era. Foi o Jordão que fez sair os filhos de
Israel do deserto e entrar na boa terra, que é Cristo. Esse é o significado
do Jordão.
Na vida da igreja hoje nosso caminho é o da Galiléia para o Jordão,
o caminho da rejeição à terminação e ressurreição. Todos precisamos
dizer àqueles que nos desprezam e rejeitam: “Adeus. Não tentarei mais
ser bem recebido por vocês. Irei ao lugar onde posso ser terminado e
germinado”. Na vida da igreja não há honra; antes, há terminação.
Dia após dia somos terminados. Na igreja temos uma mútua terminação.
Terminamos uns aos outros todos os dias, até mesmo cada dia. Mas é
bom ser terminado. A terminação não é o fim, é o princípio, porque a
terminação sempre leva à germinação. Portanto, podemos testificar que
cada terminação toma-se uma germinação.
Algumas vezes as irmãs dizem: “Irmão Lee, a vida da igreja é
maravilhosa, mas é muito difícil para nós, irmãs. Sabemos que os irmãos
são os cabeças e que as irmãs devem submeter-se a eles. Os irmãos
são bons, mas são também muito fortes. Não podemos suportá-los.
Muitas vezes eles quase nos matam”. Sempre que ouço isso, digo: “Isso
não é bom? Quão bom é ser terminado. Não é bom as irmãs serem
mortificadas pelos irmãos?”
Poucos anos atrás fui convidado por determinada igreja. Os irmãos
de lá me disseram que as irmãs eram tão emocionais e cheias de opiniões
que estavam encontrando muita dificuldade para ter comunhão com elas.
82
Eles simplesmente não sabiam como lidar com aquela situação. Alguns
dias depois, algumas das muitas irmãs em questão convidaram- me para
almoçar. O propósito delas ao fazer isso era ter uma oportunidade de
expressar sua opinião. Disseram-me que sua paciência estava esgotada
porque os irmãos eram tão fortes. Elas queriam que lhes desse a maneira
de continuar. Alguns dias antes eu havia sido pressionado pelos irmãos,
mas agora estava sendo pressionado pelas irmãs. Vi que aquela era uma
terminação terrível e séria tanto para os irmãos como para as irmãs. Os
irmãos e as irmãs estavam sendo terminados. Mas aquela mútua
terminação é muito positiva. Você não ama ser terminado? Se você nunca
foi terminado na vida da igreja, prepare-se. Asseguro-lhe que aqui todos
seremos terminados, porque estamos no caminho da Galiléia para o
Jordão.
Quando os novos irmãos vêm para a vida da igreja, dizem: “Aleluia!
Eu vi a vida da igreja! Que maravilhoso!” Sempre que ouço isso, digo por
dentro: “Sim, é maravilhoso, mas espere por algum tempo. Cedo ou tarde,
essa maravilhosa vida da igreja terminará você”. Na vida da igreja tenho
sido terminado dezenas de vezes. Experimentei pelo menos dez grandes
terminações. Fui terminado em Chefoo, Xangai, Taipé, Manila, Los
Angeles e Anaheim. A esplêndida vida da igreja certamente é uma
vida de terminação. A maravilhosa vida da igreja termina com todos nós.
Prepare-se para ser terminado. Os que estão na igreja por apenas um
curto período, provavelmente estão ainda na lua de mel da igreja. A lua de
mel é ótima. Mas como todos os casais sabem, a lua de mel por fim
transforma-se em terminação. Quase todos os maridos terminaram com a
esposa, e todas as esposas terminaram com o marido. Mas essa
terminação é muito positiva porque leva à germinação. Aleluia,
terminação resulta em ressurreição.
A vida da igreja realmente é maravilhosa, mas não segundo os
nossos conceitos. A maravilhosa vida da igreja mais cedo ou mais tarde
terminará com todos nós. Ela terminará e germinará você. Asseguro- lhe
que tudo o que você é, tudo o que você tem e tudo o que pode fazer será
terminado. Pode levar dez anos de história para completar isso. Os que
estão na igreja por dez anos podem testificar que cada parte do seu
ser tem sido terminada. Quanto mais tempo estamos na igreja, mais
somos terminados. A princípio, a experiência de terminação é amarga.
Mas depois toma-se doce. Hoje para mim é doce ser terminado. Após
alguns anos sendo terminado na vida da igreja, você ficará feliz por isso
ocorrer. No início quando é terminado na vida da igreja você se sente
envergonhado. Gradualmente, entretanto, isso toma-se uma experiência
doce. Estamos no caminho da Galiléia para o Jordão, do lugar de
rejeição ao lugar de terminação.
É nesse lugar de terminação que encontramos o Rei. Aqui, na vida
da igreja, é onde O encontramos. Desde quando vim para a vida da igreja,
tenho sido levado ao Senhor mais e mais. Dia após dia, a vida da igreja
leva-me a Cristo e traz Cristo, o Rei, a mim. Finalmente, o reino está aqui.
Essa é a razão porque a vida da igreja é o reino.
Fui ensinado pelos Irmãos Unidos que o reino foi suspenso até um
83
tempo no futuro. Também que a igreja hoje não era o reino. Mas em
minha experiência gradualmente percebi que todas as vezes que fui
terminado fui levado ao Rei e o Rei foi trazido a mim. Em minha
experiência essa era a realidade do reino. Foi por intermédio da
experiência que pela primeira vez vim a conhecer que a vida da igreja é o
reino. Minha experiência me disse que o ensinamento que recebi dos
Irmãos Unidos com respeito ao reino não era correto. De acordo com a
minha experiência, sabia que estava no reino. Cada vez que era
terminado, eu encontrava o meu Rei, e o reino estava presente.
Isso não é uma questão de doutrina; é uma questão de experiência.
Mais tarde, estudando o Novo Testamento, recebi luz nessa questão, e a
minha experiência foi confirmada. Agora posso ousadamente dizer que
de acordo com o Novo Testamento o reino está aqui hoje. Porque não
têm sido terminados, alguns mestres cristãos dizem que o reino foi
suspenso até algum tempo no futuro. Eles não foram levados ao Rei, e o
Rei não foi trazido a eles. Assim, em sua experiência diária, eles não têm o
reino. Entretanto, após vocês terem sido terminados no caminho da
Galiléia para o Jordão, o Rei e o reino estarão presentes.
85
meio depois. Segundo o nosso entendimento, o Senhor Jesus foi levado à
morte na cruz e ressuscitou no terceiro dia. Mas aos olhos de Deus e de
acordo com a percepção do Senhor, Ele foi posto na morte três anos e
meio antes da Sua crucificação.
Antes de iniciar Seu ministério, Ele já foi colocado na morte e
ressuscitou. Assim, Ele não ministrou de uma maneira natural. Seu
ministério foi absolutamente em Sua vida de ressurreição. Por isso, Ele
entrou. pelo portão da justiça e percorreu a vereda da justiça. Tudo o que
Ele fez nesse caminho foi justo.
Quando o Senhor Jesus voltar, muitos Lhe dirão: “Senhor, Senhor!
Porventura, não temos profetizado em teu nome, e em teu nome não
expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?”
(7:22). O Senhor dirá a eles: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os
que praticais a iniqüidade” (7:23). O Senhor parecerá dizer: “Você é um
iníquo. Nunca o aprovei nem concordei com o que fez, porque não fez
em ressurreição. Todas as coisas boas que realizou foram em seu homem
natural e em sua vida natural. Você não é justo; você é iníquo”. Por
intermédio do batismo, o Senhor Jesus entrou pelo portão da justiça,
então percorreu continuamente o caminho da justiça. Portanto, Ele era o
Justo, a Justiça (At3:14; 7:52; 22:14).
1. Levantado da Água
Em Seu batismo o Senhor foi levantado da água. Isso significa que
após Sua morte e sepultamento, Ele foi levantado da morte.
88
MENSAGEM 11
III. TESTADO
Nesta mensagem chegamos ao teste do Rei recém-designado (4:1-
11). Após ter sido ungido, o Senhor foi testado. Na administração de Deus
a seqüência é sempre escolha, unção e teste. Há uma ilustração disso na
vida conjugal. Antes de se casar, você certamente fez uma escolha. Entre
os muitos com os quais poderia ter casado, você escolheu um. Após a
escolha, veio a designação e após a designação veio o teste. Quase todos os
casais são malsucedidos no teste conjugal. Embora sejamos bem-
sucedidos na designação, não o somos no teste.
Depois que o Rei celestial foi ungido e designado, foi levado pelo
Espírito Santo ao deserto para ser testado. Ele não foi ao deserto por Si
mesmo; Ele foi guiado até lá pelo próprio Espírito Santo que desceu sobre
Ele. Na vida conjugal, Deus também nos conduzirá ao teste. Um bom
número de irmãos e irmãs jovens se queixam para Deus, dizendo:
“Senhor, antes de me casar eu orei tanto. Por fim Tu me disseste que era
Tua vontade que eu casasse com essa pessoa, que era essa quem tinhas
preparado para mim. Senhor, Tu sabes que no início eu não estava
interessado, mas pela Tua soberania Tu providenciaste para que nos
uníssemos. Mas olhe para a situação hoje. Olhe para essa pessoa que
Tu me deste. Tu erraste, ou eu?” Nem o Senhor nem você errou. Esse é o
teste do Senhor.
Creio que todos os casamentos são soberania, até
mesmo aqueles que parecem ser os mais errados. Nada acontece aos filhos
de Deus sem a Sua permissão soberana. Sabemos que todas as coisas
cooperam para o nosso bem (Rm 8:28), incluindo até aqueles casamentos
aparentemente errados. Quem sabe qual é o casamento certo? Tenho
experiência de muitos anos na vida conjugal. Quarenta e cinco anos atrás,
poderia falar a outros definitivamente, claramente e enfaticamente qual era
o casamento certo. Mas se me perguntasse hoje, eu diria: “Não posso sabê-
lo até que entremos na eternidade. Após tantos anos de experiência na vida
conjugal, sinceramente não sei o que é um casamento certo”. Mas aprendi
que todo casamento sob a soberania de Deus é correto. Portanto, todos
vocês têm o casamento certo. Irmão, sua esposa é a esposa certa para você.
Irmã, seu marido é o marido certo para você. Se crê nisso ou não, você não
pode fugir da sua situação. Depois de alguns anos de casado, os jovens e os
de meia-idade podem concluir que cometeram um erro e que se pudessem
fazê-lo de novo o fariam diferentemente. Posso assegurar-lhe que mesmo se
pudesse fazer de novo muitas vezes, você ainda sentiria que cometeu um
erro. Quase todos aqueles que estão para se casar pensam que fizeram a
escolha certa, mas após alguns anos por vezes sentirão que cometeram um
erro. A razão para isso é que Deus testa-nos na vida matrimonial.
O Senhor nos testa não apenas na vida conjugal, mas também na
89
vida da igreja. No princípio experimentamos uma lua-de-mel na vida da
igreja. Estávamos desfrutando a vida gloriosa da igreja e tudo era
maravilhoso. Contudo mais cedo ou mais tarde seremos testados. Cada
irmão que é posto na liderança é testado, e o teste geralmente vem de
outros líderes. Talvez no início em sua localidade você fosse oúnico líder.
Você estava procurando por alguns outros para ajudá10, e mais tarde dois
foram acrescentados. Após vários meses, os três foram testados uns pelos
outros. O Senhor permite isso. Na economia de Deus, após sermos
designados para alguma coisa, sempre seremos testados. Se o Senhor
Jesus precisou de um teste, que dizer de nós?
Por muitos anos não fui capaz de entender completamente esta
porção da Palavra. Embora tenha ouvido várias mensagens a respeito
dessa passagem, nenhuma delas verdadeiramente tocou o ponto
principal. Para termos um completo entendimento precisamos ver que na
economia de Deus sempre seremos testados após termos sido ungidos e
designados para alguma coisa. Nem mesmo o Senhor Jesus foi uma
exceção. Como veremos, em princípio, todos os testes são o mesmo.
C. As Tentações do Tentador
1. Transformar Pedras em Pães
O primeiro teste foi na questão do vi ver humano, na questão
essencial do viver. Nossos parentes em geral, especialmente os da geração
mais antiga, sempre se preocupam em como ganharemos a vida. Eles
podem dizer: “Está certo amar o Senhor, mas não O ame de uma maneira
tola. Você deve considerar sua necessidade de ganhar bem a vida”.
90
Quando em 1933 fui encarregado pelo Senhor e dirigido por Ele a deixar
meu emprego, meus parentes disseram: “Você tem um bom emprego.
Está ganhando um bom dinheiro para cuidar da sua família e ajudar os
outros. Você pode falar aos domingos e se ocupar com reuniões à noite
durante a semana. Por que deve largar seu emprego? Muitos desejam
ansiosamente um emprego como esse, mas não têm oportunidade de obtê-
lo. Mas você o está abandonando. Perguntamos como você será capaz de
sustentar-se. Não sabemos como cuidará da sua esposa e filhos”. Eu não
dei ouvidos ao conselho deles, e eles não conseguiram desencorajar-me a
deixar o emprego para servir o Senhor em tempo integral. Muitas vezes
minha parentela até mesmo enviou seus filhos pequenos para espiar nossa
cozinha para ver se tínhamos o que comer. Eles estavam preocupados que
pudéssemos estar morrendo de fome. A questão do nosso viver toca-nos
profundamente, e até mesmo o Senhor Jesus foi testado quanto a isso.
O Senhor foi levado a jejuar por quarenta dias e quarenta noites.
Após esses quarenta dias e quarenta noites, Ele estava fisicamente
faminto, e o tentador veio aEle e disse: “Se és Filho de Deus, manda que
estas pedras se transformem em pães” (v. 3). A essa proposta o Senhor
respondeu: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que
procede da boca de Deus” (v. 4). Muitos cristãos pensam que porque
estava jejuando nesse tempo o Senhor não comeu nada. Entretanto, essa
palavra revela que enquanto o Senhor Jesus estava jejuando, Ele estava
comendo. Fisicamente Ele estava jejuando, mas espiritualmente Ele
estava comendo.
Aqui vemos um princípio importante. No ministério e economia do
Senhor, se não soubermos como reduzir nossas necessidades físicas e
cuidar da necessidade espiritual, não estamos qualificados para o Seu
ministério. Para sermos qualificados no ministério do Senhor, devemos
ser testados. Devemos renunciar às nossas exigências físicas. Uma boa
vida, boa comida, boas roupas e moradia adequada são todos secundários.
Comer o alimento espiritual é primário. Imediatamente após Seu batismo,
o Senhor Jesus foi levado a uma situação onde poderia declarar a todo o
uni verso que Ele não se importava com as necessidades físicas, mas que
se importava apenas com as necessidades espirituais. Por quarenta dias e
quarenta noites, Ele renunciou a todo alimento físico, esquecendo-se das
exigências físicas. Todavia, Ele cuidou da necessidade espiritual. Embora
não tenha comido para nutrir Seu corpo, Ele comeu muito para o sustento
do Seu espírito. Satanás estava absolutamente errado ao pensar que o
Senhor Jesus não comeu naqueles dias no deserto. Enquanto estava
jejuando do alimento físico, estava comendo do alimento espiritual. Esse é
o teste na questão do nosso vi ver.
Muitas esposas não são capazes de resistir a esse teste. Toda esposa
é muito preocupada com sua segurança. As esposas desejam ter uma boa
alimentação, roupa e moradia. Em outras palavras, elas desejam uma boa
vida. Isso tomou-se um problema para muitos irmãos. Embora tivessem
um coração para tomar o caminho da igreja, suas esposas não estavam
dispostas a segui-los porque não havia garantia de uma vida boa. Muitos
de nós podem testificar que, quando no início tomamos o caminho da
91
igreja, nossas esposas disseram: “E quanto ao nosso futuro? E quanto ao
nosso viver? E quanto à nossa alimentação, roupa e moradia?” Esse é um
teste que devemos enfrentar se quisermos tomar o caminho da igreja e
andar no caminho da economia de Deus.
O primeiro teste pelo qual devemos passar é o teste com respeito ao
nosso vi ver. Devemos nos importar com o alimento espiritual mais do
que com o alimento físico. Se vivemos ou morremos é secundário. Apenas
nos preocupamos em que o nosso espírito seja alimentado, que nosso
espírito deleite-se na Palavra de Deus, no próprio Deus.
Alguns pastores, missionários e mestres da Bíblia viram o caminho
da igreja e conversaram claramente comigo sobre isso. Entretanto,
percebendo que esse caminho é estreito, ficaram preocupados com o que
aconteceria com sua vida se o seguissem. As esposas de muitos desses
amados simplesmente não concordavam que o marido tomasse esse
caminho estreito. Sabiam que o padrão de vida delas seria reduzido, caso
seguissem o caminho da igreja.
Há quarenta e cinco anos, na China, esse
caminho de fato era estreito e estávamos diariamente sendo testados
quanto ao nosso viver. Freqüentemente
apenas um dólar livrava alguns de nós de nada ter para comer. A fim de
tomar esse caminho estreito, tínhamos de viver pela fé em Deus. Embora
fosse difícil, vivemos pela fé por muitos anos. Posso testificar que
banqueteamos em Deus e na Sua Palavra naqueles dias de teste quando
nosso padrão de vida foi grandemente reduzido. Nossa experiência era a
mesma que a do Senhor Jesus no deserto. Ele não escolheu ir ao
deserto nem foi para lá pela Sua própria preferência. Ele foi
levado pelo Espírito Santo. Semelhantemente
fomos levados por Deus ao deserto da vida da igreja. Cinqüenta anos
atrás, a igreja verdadeiramente estava no deserto. Quase
todos os dias éramos testados quanto ao que
comeríamos à noite. Mas aquela foi a época em que desfrutamos um
banquete na Palavra de Deus. Por um lado, não tínhamos muito
alimento físico para comer, mas, por outro, banqueteamos na rica Palavra.
A princípio é o mesmo hoje na vida da igreja. Ao tomar o caminho da
igreja, o primeiro teste que encontraremos é o de reduzir nosso padrão de
vida. Esse é o teste na esfera do nosso viver físico. Todos os que tomarem
o caminho da igreja serão testados nessa questão do seu viver diário.
Seremos testados a
mostrar a todo o universo que nossa preocupação não está no alimento
físico, mas no alimento espiritual. Naqueles dias no deserto, Jesus não
estava preocupado com o Seu alimento físico, mas com a Sua comida
espiritual. Fisicamente Ele estava jejuando, contudo estava se
alimentando da Palavra de Deus. No deserto Ele não vi via só pelo pão,
Ele vivia pela Palavra de Deus.
3. Adorar o Diabo
a. Tentado a Obter os Reinos do Mundo e a
Glória Deles
Os versículos 8 e 9 dizem: “Levou-O ainda o diabo a um monte
muito alto e mostrou-Lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e Lhe
disse: Tudo isto Te darei se, prostrado, me adorares”. Derrotado em sua
tentação na esfera religiosa, o diabo apresentou sua terceira tentação ao
novo Rei, dessa vez na esfera da glória deste mundo. Mostrou a Ele todos
os reinos do mundo e a glória deles. A tentação do sutil sempre vem desta
maneira: primeiramente, no viver humano; em segundo lugar, na-'
religião; e em terceiro, na glória do mundo. Em qualquer tentação, todos
esses três itens estarão presentes. A terceira tentação é uma questão da
glória do mundo, promoção, ambição, posição e um futuro promissor.
Tudo isso é a glória do mundo.
Lucas 4:6 diz que o reino do mundo e a glória dele foram entregues
ao diabo; portanto, ele a dará a quem quiser. Antes de sua queda, Satanás,
como o arcanjo, foi designado por Deus para ser o governador do mundo
(Ez 28:13-14). Por isso, ele é chamado o príncipe deste mundo (Jo 12:31),
tendo todos os reinos do mundo e a glória deles em suas mãos. Ele
apresentou tudo isso ao Rei recém-ungido como uma tentação a fim de
receber adoração. O Rei celestial venceu essa tentação, mas o anticristo
vindouro não vencerá (Ap 13:2, 4).
Essa tentação envolve a questão de ambição e promoção. Mesmo
entre os irmãos, há o desejo de ser um líder. Esse é o desejo da glória do
mundo. Sua ansiedade por ser um líder é sua ambição. Essa é a glória do
mundo. Sempre que é tentado dessa maneira, você deve perceber que
por trás dessa tentação está o tentador procurando ganhar a sua
adoração. Satanás disse ao Senhor Jesus que se Ele o adorasse, ele Lhe
daria todos os reinos do mundo e a glória deles. Por trás de cada ambição
há um ídolo escondido. Se você ambiciona ter uma posição, uma
promoção ou um nome, há um ídolo por detrás dessa ambição. Se não
adorar algum ídolo, você nunca realizará sua ambição. Para ter qualquer
parte da glória do mundo, você deve adorar algum ídolo. Sem adorar
ídolos é impossível ter uma posição. Sempre que busca certa posição, no
profundo do seu ser, você sabe que está adorando um ídolo. Por essa
razão, o apóstolo disse que avareza é idolatria (Cl 3:5).
97
Suponha que alguns irmãos que entraram para a vida da igreja
quatro anos depois de você tomaram- se líderes e você se sente ignorado.
Se se queixar sobre isso, perguntando porque eles foram feitos líderes e
você não, é uma prova que está buscando glória do mundo. Talvez entre
um grupo de dez irmãs, três sejam designadas para tomar a liderança num
determinado serviço. Se as outras sete nada sentem sobre isso, elas serão
vitoriosas. Mas se se questionam por que três foram designadas, indica
que estão buscando vanglória, a glória desta era. Nessa questão, todos
somos fracos. Se esse desejo por ambição e posição pode ainda assim
penetrar na vida da igreja, então, quanto precisamos ser guardados em
outras coisas!
D. O Resultado
o versículo 11 diz: ''Então O deixou o diabo, e eis que vieram anjos e
O serviam”. A tentação do diabo para o primeiro homem, Adão, foi um
sucesso; sua tentação para o segundo homem, Cristo, foi um fracasso
absoluto. Isso indica que não haverá lugar para ele no reino dos céus do
novo Rei. Após o Senhor Jesus ter derrotado Satanás, os anjos vieram e
ministraram ao Rei tentado, como um homem sofrido (cf. Lc 22:43).
Não apenas o Rei, mas também todo o povo do reino deve vencer a
questão do seu viver diário, poder religioso e glória do mundo. Se não
98
pudermos vencer essas três tentações, estamos fora do reino. Se
quisermos ser o povo do reino, essas três coisas devem estar sob nossos
pés. Ao aniquilarmos essas três tentações, dizendo: “Não me preocupo
com meu viver, com poderes religiosos ou com posição do mundo”,
Satanás não será capaz de fazer nada para nós.
Não devemos estar preocupados acerca do nosso viver diário.
Considere o exemplo do apóstolo Paulo. Ele disse: ''Tanto sei estar
humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as
circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome;
assim de abundância como de escassez” (Fp 4:12). Paulo parecia estar
dizendo: “Não me importo se estou em pobreza ou em abundância. Posso
vi ver em escassez ou em abundância. A questão do meu viver diário não
me preocupa”. Ainda mais, em vez de nos importarmos com poderes
religiosos, devemos ser fracos, assim como Jesus Cristo foi ao ser preso e
crucificado. Se Ele não tivesse sido fraco, quem poderia tê-Lo prendido e
posto na cruz? Quando foi preso, tentado e crucificado, Ele não fez
exibição do Seu poder. Ele se recusou a exibir algum poder religioso.
Antes, foi fraco ao máximo. Paulo disse que Cristo “foi crucificado em
fraqueza”; ele também disse: “Somos fracos nele” (2Co 13:4). Muitas
pessoas diabólicas desafiaram Paulo, dizendo: “Se é realmente apóstolo
de Cristo, você deve fazer algo para provar”. Mas quando Paulo esteve na
prisão, o Senhor não fez alguma coisa miraculosa por ele.
A situação de Paulo era a mesma que a de João Batista, que também
foi aprisionado. Após certo período na prisão, João enviou seus discípulos
para desafiar o Senhor, dizendo: “És Tu Aquele que havia de vir ou
devemos esperar outro?” (11:3). É como se João dissesse: “Se você é
Aquele que havia de vir, por que não faz algo por mim? Não sabe que eu,
Seu precursor e apresentador, estou na prisão? Você não é poderoso?
Não é o Cristo, o Todo-poderoso? Se é, faça algo por mim”. Em Sua
resposta, o Senhor disse: “E bem-aventurado é aquele que não achar em
Mim motivo de tropeço” (11:6). O Senhor parecia estar dizendo: “Sim, Eu
posso, mas não quero fazer algo por você. Embora seja Meu apresentador,
Meu precursor, não estou preocupado em fazer algo por você. Antes Eu
preferiria que você fosse decapitado. João, você tropeçará em Mim?” A
experiência do irmão Nee é uma ilustração atual disso. Ele esteve preso de
1952 até 1972, quando morreu. N aqueles vinte anos, o Senhor não fez
algo por ele de maneira miraculosa.
Como precisamos vencer esses três tipos de tentação: a tentação do
nosso viver, a tentação do assim chamado poder religioso e a tentação da
vanglória. Se vencermos essas coisas, seremos realmente o povo do reino
seguindo nosso Rei celestial. Aleluia! nosso Rei celestial venceu o tentador
e derrotou-o nessas três tentações!
99
MENSAGEM 12
I. INICIA O MINISTÉRIO
A. Após João Batista Ser Aprisionado Mateus 4:12 diz: “Ora
ouvindo Jesus que João fora preso, retirou-se para a Galiléia”. Embora
João Batista ministrasse no deserto, não no templo santo na cidade santa,
ele estava ainda na Judéia, não longe das assim chamadas coisas “santas”.
Pelo fato de o povo rejeitar João, o Senhor Jesus retirou-se para iniciar
Seu ministério, longe do templo e da cidade santa. Isso ocorreu
soberanamente para cumprir a profecia de Isaías 9:1 e 2.
De acordo com o conceito humano, Jesus deveria ter iniciado o
ministério a partir do templo santo na cidade santa, Jerusalém. Mas veio
a Ele a notícia de que Seu precursor, João Batista, foi aprisionado. Essa
foi uma indicação para esse novo Rei que Jerusalém tinha se tornado um
lugar de rejeição; portanto, Ele não deveria iniciar lá Seu ministério real.
Em Sua economia, Deus desejava ter uma completa mudança, uma
mudança da velha para a nova economia. A velha economia resultou
numa religião, num templo, numa cidade e num sistema de
adoração exteriores. Todas as coisas na velha economia foram
sistematizadas de uma maneira exterior. Na nova economia de Deus, Ele
abandonou tudo aquilo e teve um novo início. O ambiente sob a soberania
de Deus combinou C0m essa mudança em Sua economia. Por ter
Jerusalém rejeitado o apresentador do novo Rei, o Senhor Jesus sabia que
não deveria iniciar Seu ministério lá. Ele não era bem-vindo em
Jerusalém.
Embora o novo Rei fosse o Filho de Deus e tivesse sido ungido
com o Espírito de Deus, não nos é dito aqui que Ele tenha orado a respeito
de onde deveria ir ministrar. Não nos é dito que Ele tivesse o profundo
sentimento que estava sendo conduzido ao norte, para longe de
Jerusalém. Ao contrário, o Senhor considerou o ambiente e
recebeu dele a clara indicação de onde deveria ir. Não pense que podemos
ser tão espirituais a ponto de não precisar de indicação
do nosso ambiente. Mesmo o Rei do reino celestial, o Filho de Deus
ungido com o Espírito Santo, moveu-se conforme as indicações do
100
ambiente. O pensamento do Senhor não era nem natural nem religioso.
Também não era segundo a história
passada. Segundo a história, como o Rei ungido, Ele deveria ter
ido à capital, Jerusalém, porque Jerusalém é o lugar
certo para o Rei. Todavia, porque Seu precursor, Seu
apresentador, foi lançado na prisão, Ele foi para a Galiléia.
Segundo a expectativa humana, era ridículo para o Rei recém-ungido
deixar a capital e ir para uma região desprezada para começar Seu
ministério real. Ele nem mesmo foi ao sul de Hebrom, o lugar onde Davi
foi entronizado, nem a Berseba, o lugar onde Abraão viveu. Ele foi para a
Galiléia.
Considerando o mover do Senhor após a prisão de João Batista,
devemos aprender a não tentar ser espirituais de modo sobrenatural. Jesus
não era espiritual dessa maneira. Devemos também aprender a não agir de
acordo com a história passada ou o entendimento humano. De acordo com
a história e o conceito humanos, o Rei dos judeus deveria estar em
Jerusalém sentado no trono. Entretanto, Jesus não se moveu meramente
conforme a liderança espiritual nem conforme a história passada ou o
conceito natural. Antes, moveu-se de acordo com o ambiente que
correspondia à economia de Deus. Ao fazer isso, espontaneamente
cumpriu a profecia de Isaías 9:1 e 2. Embora o Senhor se tenha movido
aparentemente de acordo com o ambiente em vez de seguir o Espírito, Seu
mover era um cumprimento da profecia nas Escrituras.
Ao nos movermos com o Senhor, devemos evitar dois extremos. O
primeiro extremo é o sobrenatural. Alguns dizem que não há necessidade
de considerar o ambiente em que estão porque eles têm o Espírito. O
outro extremo é prestar demasiada atenção à história e à inclinação e
entendimento natural. Mas em Mateus 4 o novo Rei não se moveu apenas
segundo a assim chamada liderança espiritual nem segundo a história ou
inclinação natural. Antes, moveu-se com a economia de Deus conforme
as indicações do ambiente. Ele foi à Galiléia, à região de Zebulom e
Naftali, para resplandecer como uma grande luz sobre os que viviam em
trevas e na região e sombra da morte (4:15-16).
Nada do que aconteceu a João Batista ou ao Senhor Jesus foi
acidental. Quando João saiu para ministrar aos trinta anos, ele era
muito ousado. Isso não foi muito antes de ser aprisionado. Você pode
achar difícil crer que João Batista poderia ser aprisionado. Parece não
haver motivo para isso. Novamente, devido ao ambiente, ele foi preso.
João foi aprisionado por Herodes, o rei, não pelos líderes judeus.
Entretanto, o poder religioso e o político, a religião judaica e o governo
romano, colaboraram para a realização do propósito de Deus. FOI de
acordo com a soberana economia de Deus que João Batista foi
aprisionado naquela época. A razão para isso é que chega um momento
quando todo ministério de apresentação deve cessar. Se João Batista não
tivesse sido aprisionado, teria sido difícil a ele parar seu ministério.
Porque João era o apresentador, seu ministério não deveria ter
continuado. Em João capítulo 3 vemos que os discípulos de João Batista
101
estavam competindo com o ministério do novo Rei (v. 26). O ministério
do apresentador estava competindo com o do Rei. Portanto, o ministério
do apresentador tinha de parar, e a melhor maneira de pará-lo era colocar
o próprio João na prisão e, mesmo, decapitá-lo.
Você pode dizer que Deus não seria assim tão cruel. Mas Deus
algumas vezes permite coisas como essa. Sem dúvida, Ele gerou,
preparou, constituiu e qualificou você e, então, usou-o muito. Mas após
tê- lo usado, Ele pode dizer: “Vá para a prisão e espere lá para ser
executado”. Você é capaz de aceitar isso? Você pode dizer: “Isso é
absolutamente injusto. Jesus não deveria permitir isso”. Mas no passado
Deus permitiu muitas coisas assim várias vezes, e creio que permitirá
novamente. Se Ele permitir que isso lhe aconteça, você deve
simplesmente dizer: “Amém”. Não envie alguns dos seus discípulos
para desafiar Cristo, dizendo: “Tu és o Cristo, o Senhor Todo- poderoso a
quem sirvo? Se é, por que não faz algo para livrar-me da prisão?” O Rei
diria: “Não o livrarei disso. Você deve morrer. Você deve ser terminado.
Deixe o novo Rei estar no trono”. João Batista e seu ministério foram
terminados porque o novo Rei estava lá. Quando o novo Rei está aqui, não
deve existir qualquer competição.
B. Começa da Galiléia
O novo Rei começou Seu ministério na Galiléia, no mar da Galiléia,
não na cidade santa ou no templo santo. Seu precursor ministrou à
margem do rio, no deserto, mas Ele iniciou Seu ministério pelo mar da
Galiléia. A Galiléia era um lugar de população mista de judeus e gentios.
Por isso, foi chamado de “Galiléia dos gentios” e era desprezada pelos
judeus ortodoxos (Jo 7:41, 52). O Rei recém-designado iniciou Seu
ministério real para o reino dos céus em tal lugar desprezado, longe da
capital do país, a digna Jerusalém, com seu templo sagrado, o centro da
religião ortodoxa. Isso implicava que o ministério do Rei recém-ungido
era para o reino celestial, diferente do reino terreno de Davi (o reino
Messiânico). João Batista ministrou à margem do rio porque estava
preparado para enterrar todos os que fossem a ele em arrependimento. O
novo Rei ministrou ao redor do mar da Galiléia. Na Bíblia, o rio Jordão
representa sepultamento e ressurreição, terminação e germinação. Mas o
mar da Galiléia representa o mundo corrompido por Satanás. Assim, o
Jordão era um lugar de sepultamento e o mar da Galiléia era o mundo
corrompido.
Nessa porção da Palavra há quatro discípulos que foram
chamados por Jesus: Pedro, André, Tiago e João. Você sabe onde e
quando esses quatro foram salvos? A resposta a essa pergunta está
em João capítulo 1. Enquanto João Batista estava ministrando, André
foi levado ao Senhor Jesus (Jo 1:35-37, 40). André, então,
encontrou Pedro, seu irmão, e levou-o ao Senhor (vs. 40-42).
Quando o Senhor viu Pedro, mudou seu nome de Simão para
102
Cefas, que significa uma pedra (Jo 1:42). Portanto, em João
capítulo 1, Pedro e André encontraram o Senhor Jesus. Creio que
eles foram salvos naquela época à margem do rio Jordão. O mesmo
aconteceu a Tiago e João. Dos dois discípulos de João Batista
mencionados em João 1:35, um era o apóstolo João. Esse João
também trouxe seu irmão Tiago ao Senhor. Portanto,
os quatro discípulos mencionados em
Mateus 4 foram terminados,
germinados e salvos à margem do
Jordão em João capítulo 1.
Entretanto, provavelmente eles não entenderam claramente o
que lhes aconteceu.
Creio que tudo isso aconteceu antes da tentação do Senhor,
enquanto João ainda estava ministrando próximo ao Jordão. Depois
disso, eles retomaram à Galiléia para continuar a pescar. Provavelmente
tenham esquecido o que lhes acontecera à margem do rio. Eles
simplesmente retomaram às suas antigas ocupações nas proximidades do
mar. Mas o Senhor não os esqueceu. Após Sua tentação, Ele iniciou Seu
ministério e procurou por eles. O mesmo aconteceu com muitos de nós. A
primeira vez que viemos ao Senhor, Ele fez muitas coisas por nós, mas
não percebemos o seu significado. Talvez sua margem do rio fosse o Brasil
ou a China. Após encontrar o Senhor à margem do rio, você foi ao mar
da Galiléia para ganhar seu sustento, para seu emprego de pescador,
esquecendo o que o Senhor havia feito próximo à margem do rio. Muitos
de nós simplesmente esqueceram o que o Senhor havia feito por nós no
passado próximo à margem do rio Jordão e fizemos o máximo para
ganhar dinheiro trabalhando ao redor do nosso mar da Galiléia, no
mundo maligno, demoníaco e corrompido de Satanás. Mas um dia, para
muito espanto nosso, Aquele que nos salvou próximo à margem do rio
veio ao nosso mar da Galiléia como o Rei recém-designado para,
propositadamente, nos encontrar.
104
à margem do rio, não pode esquecer a hora que a grande luz resplandeceu
sobre você próximo ao mar da Galiléia.
Apesar de o registro ser muito simples, a história na verdade não é
tão simples. Não foi uma questão simples para o Senhor chamar você.
Primeiramente, Ele teve de encontrá-lo em alguma margem do rio. Mais
tarde, Ele teve de vir a você em algum litoral. Um dia, enquanto estava
trabalhando, a sala onde estava sentado foi iluminada, uma grande luz
resplandeceu sobre você e o Senhor perguntou: “Que está fazendo aqui
dia após dia?” Quando isso aconteceu a alguns irmãos, eles jogaram as
canetas e disseram: “Que estou fazendo aqui?” Então o Senhor perguntou:
“Não se lembra o que fiz a você à margem do rio? Agora você deve seguir-
Me”. Não leia o registro de Mateus 4 de uma maneira meramente
objetiva. Devemos ler esse capítulo e até mesmo toda a Bíblia de maneira
subjetiva, aplicando-a a nós. Louvado seja o Senhor por muitos de nós
termos tido as experiências de dois lugares-à margem do rio e litoral!
O ministério do novo Rei para o reino dos céus começou não com o
poder terreno, mas com a luz celestial, que era o próprio Rei como a luz da
vida, resplandecendo na sombra da morte. Quando o Senhor iniciou Seu
ministério como luz, Ele não fez exibição de poder e autoridade. Ele
andou à beira mar como uma pessoa comum. Mas quando veio aos
quatro discípulos no mar da Galiléia, Ele resplandeceu sobre eles como
uma grande luz, brilhando nas trevas e na região da sombra da morte.
Naquela situação, Pedro, André, Tiago e João foram iluminados e
atraídos. Já enfatizamos que João Batista era um grande ímã. Mas o
Senhor Jesus é o maior ímã de todos. Quando resplandeceu sobre os
quatro discípulos, eles foram atraídos e capturados. Imediatamente
abandonaram suas ocupações e seguiram esse pequeno Nazareno.
Em Mateus 4 não há registro, como em Lucas 5, de algum milagre
sendo feito pelo Senhor quando Pedro foi chamado. Entretanto, nesse
capítulo, havia uma grande luz que atraiu os primeiros quatro
discípulos. Essa atração não veio do que o Senhor Jesus fez; veio do que
Ele era. Ele era uma grande luz, um grande ímã, com o poder para atrair
as pessoas e capturá-las. Dessa maneira, Ele atraiu e capturou os
primeiros quatro discípulos. Ninguém que segue o Senhor pelo que Ele
faz pode ser digno de confiança ou fiel. Os dignos de confiança são os que
são capturados pelo que o Senhor é. Pedro, André, Tiago e João foram
atraídos e capturados no litoral, não por ver o que o Senhor fez, mas por
perceber o que o Senhor era. Porque foram atraídos e capturados, eles
tomaram-se fiéis seguidores do Senhor até o fim. Por fim, todos eles
foram martirizados porque seguiram o Rei do reino celestial.
Ainda mais, quando o Senhor Jesus chamou esses quatro
discípulos, Ele não começou um movimento ou uma revolução. Antes, Ele
atraiu os discípulos para Si para o estabelecimento do reino dos céus.
1. Pedro e André
O versículo 18 diz: “Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu dois
irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão, que lançavam
rede ao mar, porque eram pescadores”. O ministério do novo Rei não
foi na capital, mas junto ao mar. O ministério do Seu precursor
começou à margem do rio e consistia em enterrar os religiosos e
terminar com a religião deles. O ministério do novo Rei começou no
litoral e consistia em capturar homens que não eram tão religiosos,
que viviam ao redor do mar e não no lugar santo, e fazê-los
pescadores de homens para o estabelecimento do reino dos céus.
Os versículos 19 e 20 dizem: “E disse-lhes: Vinde após Mim, e Eu vos
farei pescadores de homens. E eles deixando imediatamente as redes O
seguiram”. Quando jovem, ao ler essa porção da Palavra, não podia
entender por que esses pescadores, repentinamente, seguiram um
Nazareno que lhes disse: “Segue-Me”. Pensei que eles estavam fora de si.
Entretanto, após vários anos lendo a Palavra e considerando minha
experiência, comecei a entender. André, um dos dois discípulos de João
Batista, havia levado Pedro ao Senhor, no lugar onde antes João pregava (J
o 1:35-36, 40-42). Aquela foi a primeira vez que eles encontraram o
Senhor. Aqui o Senhor encontrou-os pela segunda vez, desta vez no mar da
Galiléia. Eles foram atraídos pelo Senhor como a grande luz nas trevas da
morte e O seguiram para o estabelecimento do reino dos céus na luz da
vida.
Quando Pedro e André foram chamados pelo Senhor, estavam
lançando redes ao mar. O Senhor chamou-os para segui-Lo e prometeu
fazê-los pescadores de homens. Eles deixaram a rede e seguiram o Rei do
reino dos céus para serem pescadores de homens. Por fim, Pedro
tomou-se o primeiro grande pescador para o estabelecimento do reino
dos céus no dia de Pentecoste (At 2:37-42; 4:4).
2. Tiago e João
O mesmo (4:21-22). Quando foram chamados pelo Senhor, estavam
remendando suas redes no barco. Quando o Senhor os chamou, eles
deixaram o barco e seu pai e seguiram-No. João e seu irmão, como
Pedro e André, foram atraídos pelo Senhor e O seguiram. Por fim, João
tomou-se um verdadeiro remendador, remendando os danos na igreja por
meio do seu ministério de vida (ver suas três Epístolas e Apocalipse
capítulos 2 e 3).
O chamamento dos quatro discípulos foi no início do ministério
real do Rei recém-ungido. Foi o próprio fundamento para o
106
estabelecimento do reino dos céus. Esses quatro discípulos tornaram-se
os primeiros quatro dos doze apóstolos. Pedro e André foram o primeiro
par, e Tiago e João foram o segundo. Portanto, os primeiros quatro
discípulos capturados pelo Senhor tornaram-se as primeiras quatro
pedras de fundamento do reino de Deus, que são quatro dos doze
fundamentos da Nova Jerusalém (Ap 21:14).
MENSAGEM 13
108
outros (7:1-12), e a base do viver e obrado povo do reino (vs. 13-29). A
primeira seção, 5:3-12, descreve a natureza do reino dos céus por meio de
nove bênçãos. Isso desvenda o tipo de pessoa que vive no reino dos céus.
O povo do reino deve também exercer uma influência sobre o mundo. A
natureza do povo do reino, a própria natureza do reino, exerce uma
influência sobre o mundo. O povo do reino também tem uma lei. Essa lei
não é a velha lei, a lei de Moisés, os Dez Mandamentos; é a nova lei do
reino dos céus. O povo do reino são os que realizam feitos justos e que
têm a atitude adequada com respeito às riquezas materiais. Porque o povo
do reino ainda está na terra na sociedade humana, a constituição do reino
dos céus revela princípios pelos quais eles tratam com os outros.
Finalmente, na última seção dessa constituição, vemos o terreno, a base
do viver diário e da obra do povo do reino. Todos esses aspectos do povo
do reino são tratados nas sete seções da constituição do reino dos céus.
109
I. O LUGAR E A AUDIÊNCIA
A. No Monte
Mateus 5:1 diz: “Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e tendo
se assentado, aproximaram-se Dele os seus discípulos”. O novo Rei
chamou Seus seguidores no litoral, mas Ele subiu ao monte para dar-lhes
a constituição do reino dos céus. Isso indica que precisamos ir mais alto
com Ele para ter a percepção do reino dos céus.
É muito significativo que a constituição do reino dos céus tenha
sido decretada sobre um monte. O mar significa o mundo corrompido de
Satanás. Quando fomos capturados pelo Senhor, estávamos no mundo
corrompido de Satanás esforçando-nos para ganhar a vida. Mas após o
Senhor capturar-nos, Ele levou-nos a um alto monte que representa o
reino dos céus. Isso indica que o reino dos céus não foi estabelecido no
litoral, mas no monte. Na Bíblia, um monte algumas vezes representa o
reino. Por exemplo, de acordo com DanieI2:34-35, a pedra cortada sem o
auxílio de mãos quebrou a imagem em pedaços e tornou-se uma grande
montanha que encheu toda a terra. Essa montanha representa o reino
milenar. Portanto, na Bíblia, uma montanha representa o reino,
especialmente o reino dos céus.
Ainda mais, ser levado ao monte Significa que se quisermos ouvir o
decreto da constituição do reino dos céus, não podemos estar numa
planície, mas devemos subir num alto monte. Devemos estar num nível
alto para ouvir essa constituição. No litoral, o Senhor simplesmente disse:
“Segue-Me”. Mas para decretar a constituição do reino dos céus, Ele I
'vou- os ao cume de um monte. Seguir o Senhor pode ser fácil, mas ou
vir a constituição para o estabelecimento do reino dos céus requer que
subamos ao cume de um alto monte.
110
esse decreto foi dado: aos judeus, aos gentios ou aos crentes. Segundo o
nosso estudo, vimos que não foi dado nem aos judeus nem aos gentios,
mas aos crentes do Novo Testamento. Não há dúvida de que os discípulos
eram os crentes judeus na época em que o decreto da constituição foi
dado. Entretanto, quando estavam lá no monte ouvindo o decreto da
constituição do reino, eles eram representantes não do povo judeu, mas
dos crentes do Novo Testamento. Em 28:19, o Senhor disse aos Seus
discípulos para ir e discipular as nações, isto é, os gentios. Isso significa
que as nações seriam convertidas em discípulos. Portanto, os crentes
judeus e gentios eram discípulos. A audiência do monte era composta
principalmente de judeus, representando todos os discípulos.
115
MENSAGEM 14
120
amamos todos os queridos santos na restauração do Senhor. Todas as
igrejas com todos os santos sedentos são um verdadeiro consolo para cada
espírito que chora.
E. Os Misericordiosos Alcançarão
Misericórdia
O versículo 7 diz: “Bem-aventurados os misericordiosos porque
alcançarão misericórdia”. Ser justo é dar a alguém o que ele merece,
enquanto ser misericordioso é dar mais do que ele merece. Para o reino
dos céus, precisamos não apenas ser justos, mas também
misericordiosos. Receber misericórdia é termais do que merecemos. Se
somos misericordiosos com os outros o Senhor nos concederá
misericórdia (2Tm 1:16, 18), especialmente no Seu trono de julgamento
(Tg 2:12- 13).
Ser justo é tratar consigo mesmo de uma
maneira estrita. Devemos ser justos ao tratar conosco. Não devemos dar a
nós mesmos qualquer desculpa. Para com os outros,
entretanto, devemos ser misericordiosos. Se somos diligentes
em buscar a justiça que excede, por fim nos
tomaremos misericordiosos com os outros. Em
nossa busca descobriremos que nosso homem natural é fraco
e que somos propensos a falhar. Se não perceber a condição
miserável do seuhomem natural, você nunca terá
misericórdia dos outros. Em vez de demonstrar misericórdia com eles,
você os condenará quando caírem ou fracassarem. A razão por que os
condena é que você não conhece a si mesmo. Se se conhecer, sempre que
alguém fracassar, você dirá: “Senhor, tem misericórdia de mim e do meu
irmão. Somos todos vasos fracos e não podemos cumprir Tuas exigências.
Senhor, mesmo que meu irmão tenha me ofendido, eu ainda desejo ser
misericordioso com ele”. Se nunca fracassou, você nunca será
misericordioso. Se sempre obtém êxito em sua busca pela santidade e
123
perfeição, você não terá compaixão dos outros quando falharem. Você
sempre os condenará. Mas se conhece quão fraco você é e quantos erros
tem cometido, será misericordioso com os outros.
Há uma promessa para nós no versículo 7. A promessa é que os que
são misericordiosos alcançarão misericórdia. Se julga seu irmão sem
misericórdia hoje, você não receberá qualquer misericórdia no trono de
julgamento de Cristo. Porque julga outros sem misericórdia, Cristo julgará
você sem misericórdia. Mas se tem misericórdia de seu irmão, o Senhor
terá misericórdia de você no Seu trono de julgamento. Assim, o povo do
reino é justo em tratar consigo mesmo, mas muito misericordioso em
tratar com os outros. Uma vez mais, essa não é uma questão exterior, mas
relacionada ao nosso ser interior.
I. Os
Injuriados, Perseguidos e Difamados por causa Dele
Receberão o Grande Galardão
nos Céus
No versículo 11 o novo Rei disse: “Bem- aventurados sois quando,
por Minha causa, vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem
todo mal contra vós”. A perseguição no versículo 10 é por causa da justiça,
por causa da nossa busca de justiça, enquanto a perseguição no versículo
11 é diretamente por causa de Cristo, o novo Rei, por seguirmos a Ele.
Quando vivemos uma vida para o reino dos céus em sua natureza
125
espiritual e de acordo com seus princípios celestiais, somos injuriados,
perseguidos e difamados, principalmente pelos religiosos, que se apegam
aos seus conceitos tradicionais. Os religiosos judeus fizeram todas essas
coisas aos apóstolos nos primeiros dias do reino dos céus (At 5:41;3:8).
Isso é também verdade hoje. Se estiver verdadeiramente buscando Cristo,
muitos nas denominações se levantarão contra você. Isso é o que estamos
sofrendo agora. Estamos sofrendo injúrias e perseguição, e boatos
maldosos circulam a nosso respeito. Recentemente uma reputada editora
publicou um livro nos associando com o hinduísmo. Que boato maligno!
Essa injúria e perseguição vem a nós porque não nos importamos
com a tradição, mas com Cristo e a pura palavra da Bíblia.
No versículo 12 o Senhor Jesus dá uma palavra de encorajamento
aos que são perseguidos por Sua causa: “Regozijai-vos e exultai, porque é
grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas
que viveram antes de vós”. Esse galardão da nona bem-aventurança
indica que todos os resultados das oito bem-aventuranças anteriores
também são recompensas. Esse galardão é grande e está nos céus, uma
recompensa celestial, não terrena.
MENSAGEM 15
CHORO E MANSIDÃO
Se formos pobres em espírito e chorarmos pela situação miserável
dos outros, espontaneamente seremos mansos. Mesmo se sua sogra
estiver em uma condição miserável, não diga isso a ela. Igualmente a
condição de sua querida esposa pode não ser muito positiva aos olhos
do Senhor. Se o coração e os interesses dela não são pelo Senhor, e ela
não se importa com o Seu reino, a situação dela é lamentável. Você
tem o Senhor Jesus com o reino celestial em seu espírito, mas e
quanto a sua esposa? Você pode estar no mais alto céu, mas ela pode
127
estar no mais profundo inferno. Além disso, considere seus filhos.
Você pode amar o Senhor ao máximo, mas eles podem não amá-
Lo de jeito nenhum. Portanto, você deve chorar pela sua sogra, esposa
e filhos. Deve também chorar pelos seus parentes, colegas e vizinhos.
Onde está quem realmente é pelo Senhor? Olhe para a condição
deplorável do mundo, incluindo a da cristandade. Os comerciantes se
importam apenas com o dinheiro, os estudantes, com a educação
deles, e os que trabalham se importam apenas com promoções e
posições. Quando somos pobres em espírito, certamente
prantearemos por toda a situação. Lamentaremos pelo nosso
ambiente e pelas pessoas ao nosso redor.
Por chorarmos pelos outros, nunca contenderemos com eles. Em
vez disso, espontaneamente seremos mansos com eles. Se você ainda não
é manso com sua esposa, é um sinal de que não foi possuído pelo reino
dos céus. É uma indicação que outras coisas estão ainda ocupando você.
Se foi completamente ocupado no seu interior pelo reino dos céus, você
chorará por sua esposa e será manso com ela. Você será manso com todas
as pessoas que estão em situação lamentável. Se é um estudante, você
será manso com seus professores e colegas. Será manso com os outros
porque tem um profundo sentimento interior acerca da situação
lamentável deles. Porque orou por eles chorando, sempre que os contatar,
você será manso.
PACIFICADORES
Você será também uma pessoa pacífica. Os estritos consigo mesmos,
misericordiosos com outros, e puros com Deus são pacificadores. Eles não
gostam de ofender, machucar ou prejudicar alguém. Antes, gostam de
manter paz com todos. Ser um pacificador não significa ser político. Ser
político é falsidade e hipocrisia. Devemos ser absolutamente justos, não
políticos. Lembre-se, a Nova Jerusalém é quadrada, não redonda. Nós,
cristãos, devemos ser assim. Embora sejamos absolutamente justos, somos
ainda misericordiosos com os outros. Se somos tal pessoa,
espontaneamente seremos pacificadores. Em vez de contender com os
outros e magoá-los, sempre manteremos paz com quem estamos
envolvidos. Isso é o que significa ser pacificador.
FILHOS DE DEUS
131
Os pacificadores serão chamados filhos de Deus. Isso significa que
os que estão ao nosso redor dirão: “Essas pessoas não são apenas filhos de
homens, mas filhos de Deus”. Todos os filhos de homens lutam uns contra
os outros, mas os filhos de Deus, tal como seu Pai celestial, são
pacificadores e sempre mantêm paz com os outros. Romanos 12:18 diz:
“Se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens”.
Entretanto, essa paz não deve ser meramente um comportamento
exterior. Isso é política. Nossa paz deve provir da nossa natureza. Temos
uma natureza que nos faz estritos com nós mesmos, misericordiosos com
os outros e puros para com Deus. Porque temos essa natureza,
espontaneamente teremos paz com outros. Isso não é uma pacificação
política; é o resultado espontâneo da nossa natureza. Tal atitude levará os
outros a dizer: “Esses são verdadeiramente os filhos de Deus”.
133
MENSAGEM 16
136
próxima era. Quando o reino milenar vier, toda a terra será salgada.
Todos os germes serão totalmente mortos, e toda a terra não apenas será
reconquistada por Cristo, ela também será conduzida de volta à sua
condição criada por Deus. Essa obra será feita pelo povo do reino.
No versículo 13 o Rei disse que o sal que perdeu o sabor será
lançado fora para ser pisado pelos homens. Ser lançado fora é ser deixado
de fora do reino dos céus (Lc 14:3 5). Ser pisado pelos homens é ser
tratado como poeira inútil.
B. Ser a Luz do Mundo
1. Como a Cidade Sobre um Monte
Mateus 5:14 diz: “Vós sois a luz do mundo”. Luz é o resplandecer
da lâmpada para iluminar os que estão nas trevas. Para o mundo em
trevas, as pessoas do reino dos céus são como luz que dissipa suas trevas.
Em natureza, elas são o sal que cura e, em comportamento, são a luz que
resplandece.
Como a luz que brilha, as pessoas do reino são como a cidade sobre
um monte. Tal cidade não pode estar oculta. Isso é finalmente consumado
na cidade santa da Nova Jerusalém (Ap 21:10-11, 23-24). Por muitos anos,
fui incomodado pela ilustração usada pelo Senhor da cidade situada sobre
um monte. Até vir para a vida da igrej a, não podia entender como a luz
poderia ser ilustrada por uma cidade edificada. Depois que vim para a
edificação prática da igreja, vi que apenas sendo edificadas juntas é que as
pessoas do reino podem ser uma cidade situada no monte. Essa cidade
toma-se luz que resplandece. Em São Paulo, os santos são agrupados de
acordo com a proximidade de sua casa. Se essa prática tomar-se
prevalecente e os santos forem edificados juntos, cada grupo será uma
parte da cidade resplandecente situada no topo do monte.
Nesses três capítulos, o Senhor Jesus não usou o termo “igreja”.
Entretanto, o termo “reino”, usado muitas vezes, na verdade, se refere à
igreja. O reino mencionado em Mateus 5, 6 e7 é o aspecto da igreja
referente à disciplina e exercício. A igreja é o aspecto de graça e vida para
o reino, e o reino é o aspecto de disciplina e exercício para a igreja.
Portanto, a palavra do Senhor nesses capítulos com respeito ao reino,
na verdade, se refere ao exercício e disciplina na igreja.
Como vimos, muitos cristãos entendem esses capítulos de uma
maneira individualista. A maioria não viu que essa constituição não é para
indivíduos, mas para um povo corporativo. Sabemos que este decreto é
para um povo corporativo porque a luz não é uma pessoa individual, mas
uma cidade edificada. Isso indica que o povo do reino precisa de
edificação. Se os santos na igreja em sua cidade não são edificados, mas
estão dispersos, divididos e separados, não há cidade lá. Uma vez que não
haj a cidade, não há luz, porque a luz é a cidade; a luz não é um crente
individual. A luz é uma cidade corporativa edificada como uma entidade
para resplandecer sobre as pessoas ao seu redor. É impossível encontrar
coisa semelhante no cristianismo de hoje. Mas cada igreja na restauração
137
do Senhor deve ser uma cidade edificada.
No livro de Apocalipse as igrejas são candelabros de ouro (Ap 1:20).
O princípio da cidade e do candelabro é o mesmo: nenhum deles é
individual. Ambos são corporativos. O candelabro, como a cidade, não é
um crente individual, mas a igreja. Se está fora da igreja, você não é uma
parte do candelabro. Para ser parte do candelabro, você deve ser edificado
na igreja em uma cidade. A igreja numa localidade, que é o candelabro, é
comparada pelo Senhor a uma cidade edificada no topo da montanha. Se
somos edificados em nossa cidade, estaremos no topo da montanha. Mas
se somos dispersos, separados e divididos, estaremos em um vale
profundo. Em cada cidade deve haver apenas um candelabro, a cidade
edificada sobre o monte. Para isso, devemos manter a unidade e
permanecer uma única entidade, um Corpo corporativo. Então seremos
capazes de brilhar. Mas se estamos divididos, não haverá nenhum brilho.
No cristianismo hoje não há brilho porque há muita divisão. Há muitas
divisões no cristianismo. Na restauração do Senhor, entretanto, devemos
retomar à única unidade, que é o Corpo corporativo. Quando
verdadeiramente formos edificados juntos, seremos a cidade no topo
do monte resplandecendo sobre os que estão ao nosso redor.
138
cobertos pelo alqueire; antes, devemos estar no candelabro.
O Senhor sabiamente falou sobre não estar coberto por um
alqueire. Nos tempos antigos, um alqueire, corno urna medida para grãos,
era algo relacionado ao comer e, portanto, dizia respeito à questão de
obter o sustento. Assim, esconder a candeia sob o alqueire indica
ansiedade quanto ao nosso vi ver. Se nós, cristãos, somos ansiosos quanto
ao nosso viver e preocupados com quanto dinheiro estamos ganhando,
essa ansiedade se tornará um alqueire cobrindo nossa luz.
O povo do reino primeiramente exerce urna influência exterior sobre
as pessoas que estão fora do reino. Entretanto, ainda precisamos
influenciá-las por dentro. Quando a igreja, corno um todo, vive junto
corno uma cidade no topo do monte, os que estão ao redor estarão sob o
resplandecer de tal igrej a edificada. Mas isso é meramente o brilho do
lado de fora. A igreja também precisa exercer outro tipo de influência, a do
brilhar interior que entra nas pessoas. Assim, a cidade no monte significa o
brilhar exterior, e a lâmpada na casa representa o resplandecer interior.
Nosso brilhar não deve ser apenas exterior, sobre as pessoas, mas também
interior, para dentro delas. Para resplandecer sobre os outros
exteriormente, devemos ser edificados como cidade no cume do monte.
Mas a fim de resplandecer sobre eles interiormente, precisamos sair de
debaixo da nossa cobertura. Isso indica que o povo do reino vi ve sem
ansiedades e sem preocupação com sua existência. Eles se importam
apenas com Cristo e a igrej a. Dia após dia eles são pessoas felizes, o
povo de louvor, o povo aleluia. Quando nossos vizinhos, pais e colegas nos
contatam, podem sentir que não temos ansiedades. Não estamos
preocupados com nosso viver, com o que comeremos ou com o que nos
vestiremos. Dia após dia, manhã e noite, o povo do reino se importa
apenas com Cristo e a igreja.
Sabemos por experiência que nossa falta de ansiedade toca os
outros. Se todas as vezes que alguém o contata, você está feliz e
desfrutando o Senhor, ele ficará profundamente tocado. Sempre cheias de
ansiedade e ocupadas com todos os tipos de preocupações, as pessoas do
mundo conversam sobre o temor de perder seus empregos ou sobre as
dificuldades que têm com seus chefes. Mas o povo do reino, o povo
aleluia, os que não estão cobertos pelo alqueire, se preocupam apenas
com Cristo e a igreja. Sendo tal povo, tocamos o coração dos outros e
resplandecemos no interior deles. Esse brilho penetra neles.
O iluminar exterior do povo do reino é geral e todos da sociedade
podem vê-lo. A sociedade pode ver um grupo de pessoas que são
edificadas, colocadas sobre o cume do monte e que brilham. O iluminar
interior, ao contrário, é particular. Um de seus primos pode ser tocado
por sua falta de ansiedade e por sua face brilhante. Sempre que o contata,
nunca ouve você falar sobre como ganhar a vida. Em vez disso, ele sempre
o ouve louvar o Senhor e dizer quão maravilhosa é a vida da igreja. Isso
será uma luz que penetra no ser dele e ilumina-o interiormente. Através
do brilhar dessa luz, ele será convencido. Esse não é o resplandecer geral,
do exterior; é o resplandecer particular, do interior. Se somos o povo
adequado do reino, teremos esse duplo brilhar. Seremos uma cidade no
139
cume do monte iluminando todos os que estão ao redor, e entre eles
seremos o povo aleluia, que não tem ansiedade, nem se preocupa com esta
vida e que ilumina o interior deles. Esse iluminar interior penetra o
íntimo das pessoas e as convence.
140
MENSAGEM 17
144
velha lei serão anulados. Entretanto, o que é compreendido pelos profetas
vai além do milênio. alcançando o novo céu e a nova terra.
Cristo cumpriu a lei de três maneiras. Ele mesmo guardou a lei.
Entretanto, porque não a guardamos, Ele morreu na cruz pelas nossas
transgressões dalei. Sua morte substitutiva trouxe a vida de ressurreição,
que foi dispensada para dentro do nosso ser. Pela Sua vida de ressurreição
somos capazes de cumprir as exigências da lei nova e superior. Por esses
três passos, Cristo fez mais do que cumprir a velha lei. Ele guardou-a, Ele
morreu por nós e Sua morte trouxe- nos a vida de ressurreição para
fortalecer-nos a fim de cumprirmos as exigências da nova lei. Hoje não
estamos tentando guardar a lei inferior; antes, estamos cumprindo alei
superior, elevada por intermédio da vida elevada que está em nós. Agora
podemos cumprir a lei superior.
146
1. A Velha Lei-Não Matar
Mateus 5:21 diz: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e
quem matar estará sujeito a julgamento”. A velha lei era o mandamento
para não matar. O “ouvistes que foi dito” nos versículos 21, 27, 33, 38 e43
é alei da velha dispensação; enquanto o “eu, porém, vos digo” nos
versículos 22, 28, 32, 34, 39 e 44 é a nova lei do reino complementando
alei da velha dispensação.
151
MENSAGEM 18
152
A essa altura, os adventistas do sétimo dia podem
dizer: “Sim, devemos cumprir todos os
mandamentos da lei. Um desses é guardar o sábado. Baseado no que disse
sobre não abolir os mandamentos da lei, afirmamos que devemos guardar
o sábado”. Embora os mandamentos de Deus não tenham sido abolidos,
um desses mandamentos, a lei sobre guardar o sábado, não está
relacionado à moralidade. Antes, é uma lei ritual. Um ritual é uma forma,
uma sombra, que hoje não precisamos mais observar. Por exemplo, não
precisamos mais oferecer sacrifícios de animais, precisamos?
Semelhantemente, não é mais necessário guardar o sábado. No Antigo
Testamento, o período das sombras ou prefigurações, havia a necessidade
de sacrifícios e festas e de guardar o sábado. Mas hoje é a era da
realidade. Nosso sacrifício não é um cordeiro ou um cabrito; é Cristo, a
realidade de todos os sacrifícios do Antigo Testamento. Semelhantemente
nosso descanso não é um dia específico; também é Cristo. Porque Cristo, a
realidade, está aqui, todas as sombras se foram. Porque o mandamento
para guardar o sábado é um mandamento ritual, não um mandamento
moral, não somos obrigados a guardá-lo hoje. Esse mandamento não está
relacionado à moralidade, mas à sombra, à forma, que agora já se foi.
O PRINCÍPIO DA LEI
Precisamos ser impressionados com o princípio da lei. O
tratamento de Deus com Seu povo sempre depende de um princípio. Por
exemplo, os tratamentos de Deus com Abraão eram baseados nas
promessas de Deus. Deus não deu a Abraão os mandamentos da lei; Ele
lhe deu apenas a promessa. Assim, Deus lidou com ele de acordo com a
Sua promessa. A promessa dada por Deus a Abraão tornou-se o princípio
segundo o qual Deus tratou com ele. Mais tarde, Deus deu a lei aos filhos
de Israel por intermédio de Moisés. A lei dada no monte Sinai, portanto,
tomou-se o princípio segundo o qual Deus lidou com os filhos de Israel.
Desse modo a lei tomou-se o princípio para os tratamentos de Deus com
Seu povo no Antigo Testamento. Agora no Novo Testamento Deus trata
com os crentes segundo a fé, não mais de acordo com a lei. Isso está
completamente desenvolvido no livro de Romanos e Gálatas. Se ler esses
livros, você verá que Deus trata com os crentes em Cristo não segundo a
lei, mas segundo a fé. Na época do Antigo Testamento Deus aceitava as
pessoas segundo a lei. Se alguém quisesse ser aceito por Deus: tinha de
satisfazer o padrão da lei. Mas hoje Deus nos aceita, não segundo a lei,
mas se cremos ou não em Cristo. Assim, a aceitação de Deus hoje é
baseada na fé.
OS PROBLEMAS DE TEMPERAMENTO E
CONCUPISCÊNCIA
Em Mateus 5 o Senhor Jesus falou sobre matar e adulterar. Matar
refere-se ao nosso temperamento e adulterar, à concupiscência, Nosso
temperamento e concupiscência constantemente nos prejudicam e
perturbam. Se fôssemos pedras, não seríamos incomodados por essas
duas coisas. Não importa quanto você irrite, insulte ou ofenda uma
pedra, ela nunca reagirá, porque não tem qualquer temperamento. Além
disso, uma pedra não tem lascívia. Portanto, ela nunca será tentada por
isso. Mas diariamente somos perturbados pelo nosso temperamento ou
tentados pela nossa lascívia. Como nos é fácil ficar irritados e ofendidos!
Alguns podem ficar ofendidos pelo menos dez vezes num dia. Você pode
ser ofendido por seu esposo ou esposa, pelos filhos, vizinhos ou parentes.
Você pode até mesmo ser ofendido pelos seus sapatos, pelo fogão ou
chaleira. Sei de algumas irmãs que foram ofendidas pela sua cozinha. É
como se a ira delas nunca pudesse se esgotar. Outros são perturbados
pela lascívia. Por essa razão, enfatizei em uma das mensagens do Estudo-
Vida de Gênesis que nunca devemos ficar sozinhos com alguém do sexo
oposto por longo tempo. Se ficar, você será tentado por sua lascívia feroz.
Para viver num padrão moral mais elevado do que o da velha lei,
você deve vencer seu temperamento e lascívia. Você pode dizer que isso
não é fácil de se fazer. Sim, não é fácil. É por isso que precisamos de
Cristo. É por isso que você precisa de outra vida. Como precisamos
permanecer com Cristo! Devemos contatá-Lo não apenas dia a dia, mas
até mesmo hora a hora. Por causa do temperamento e lascívia que estão
em nós, precisamos permanecer em constante comunhão com Ele. Você
deve reconhecer que não é nem madeira nem pedra. Se fosse madeira ou
pedra, não precisaria se preocupar com a questão da ira ou
concupiscência. Mas porque é um ser vivo, você tem essas duas coisas
no seu interior. Você não tem o temperamento e a concupiscência no
seu interior? A qualquer hora podemos tropeçar pelo nosso
temperamento ou ser tentado pela nossa concupiscência. Esteja alerta!
Esteja vigiando e orando a respeito desses dois “demônios”, nosso
temperamento e lascívia. Após sermos salvos segundo o princípio da fé,
precisamos viver uma vida elevada, uma vida com um padrão superior.
Essa vida com o mais alto padrão vence nosso temperamento e lascívia.
PUNIÇÃO DISPENSACIONAL
Essa questão de julgamento dos crentes e de sofrer dano do
fogo não é calvinismo ou
arminianismo. Segundo o calvinismo, uma vez salvos, somos salvos para
sempre e não haverá mais nenhum problema. De certo modo, o
157
calvinismo está correto, porque uma vez salvos somos salvospor
toda a eternidade. Entretanto, não devemos dizer que
não haverá mais problemas. Há a possibilidade de ser queimado no fogo.
Segundo o arminianismo, alguns podem ser sal vos de manhã e perder
sua salvação à noite. A salvação deles sobe e desce como
um elevador. Nem o calvinismo nem o arminianismo estão de
acordo com a pura palavra da Bíblia. A Bíblia revela que somos salvos
pela eternidade, mas que após sermos salvos, precisamos vencer todas
as coisas pecaminosas. Caso contrário, seremos disciplinados,
punidos. Se não se arrepende e confessa seus
pecados, mas permanece em adultério, na próxima era você será colocado
no fogo e queimado, não para perdição eterna, mas como uma punição
dispensacional.
MENSAGEM 20
171
MENSAGEM 21
172
palavra “secreto” (vs. 4, 6, 18). Devemos realizar nossos feitos justos em
secreto, porque o nosso Pai está em secreto. No versículo 4, o Senhor diz
que nosso Pai vê em secreto. O povo do reino, como filhos do Pai celestial,
deve vi ver na presença do Pai e importar-se com Sua presença. O que
quer que façam em secreto para o reino do Pai, o Pai vê em secreto. O
olhar do Pai celestial em secreto deve ser um incentivo para fazerem suas
obras justas também em secreto. Nesse versículo, o Senhor também disse
que o Pai nos recompensará. Isso pode ocorrer como uma recompensa
nesta era (2Co 9:10- 11) ou na vindoura (Lc 14:14).
O resultado de realizar nossos feitos justos em secreto é que o ego e
a carne são mortos. Se não for permitido que as pessoas na sociedade de
hoje façam uma exibição das suas boas ações, elas não as farão. Uma vez
que tenham oportunidade de fazer uma exposição pública dos seus feitos
justos, as pessoas ficam alegres em realizá-las. Essa é a prática lamentável
do cristianismo degradado de hoje, especialmente na questão de angariar
fundos, que dá aos doadores uma excelente oportunidade de fazer uma
exibição. Quanto maior a demonstração pública, mais dinheiro as pessoas
se dispõem a dar. Tal exibição, certamente, é algo da carne. Dar esmolas
aos pobres a fim de mostrar quão generoso você é não é uma questão de
ira, lascívia ou do seu ser natural; é uma questão do ego, da carne. Fazer
uma exibição assim é simplesmente vangloriar-se. Portanto, para nós
como povo do reino, um princípio básico quanto aos feitos justos é nunca
fazer uma exibição de nós mesmos. Tanto quanto possível esconda-se,
mantenha-se oculto e faça as coisas em secreto. Devemos ser de tal modo
ocultos que, como o Senhor Jesus disse, a nossa mão esquerda não saiba
o que a direita está fazendo (v. 3). Isso significa que não devemos
permitir que os outros saibam o que estamos fazendo. Por exemplo, se
você jejuar por três dias, não desfigure sua face ou demonstre um
semblante triste. Antes, dê aos outros a impressão de que não está
jejuando, para que o seu jejum possa ser em secreto. Não jejue na
presença dos homens, mas na presença secreta do seu Pai celestial.
Fazer isso é matar o ego e a carne.
Encorajamos os santos a funcionar nas reuniões da igreja.
Entretanto, há o perigo de funcionarmos a fim de nos exibir. Má o risco de
fazer coisas na presença do homem. Se considerar sua própria
experiência, perceberá que talvez das dez vezes que funcionou nas
reuniões, nove foram diante dos homens. Isso é para glorificar o ego e a
carne. Mas a constituição do reino celestial não cede um passo sequer
para a nossa ira, lascívia ou ser natural; nem concede qualquer base para
o nosso ego e carne. Pela misericórdia e graça do Senhor, devemos fazer
tudo quanto possível de maneira oculta. Procure sempre fazer as coisas
que são agradáveis a Deus e justas ao homem de maneira secreta. Tente
fazer com que eles não saibam. Simplesmente faça seus feitos justos na
presença de Deus.
N osso Pai vê em secreto. Quando está orando sozinho em seu
quarto, ninguém mais pode vê-l o, senão seu Pai celestial. Não ore nas
esquinas ou nas sinagogas para ser visto pelos homens. Ore em secreto
para ser visto por seu Pai que vê em secreto. Então você também receberá
173
uma resposta Dele em secreto. Preocupo-me que muitos de nós têm
apenas experiências públicas e nenhuma experiência em secreto. Não
apenas o Pai vê nossas experiências; todos as vêem também. Isso indica
que não estamos rejeitando o ego ou repudiando a carne. Devemos
sempre fazer as coisas de modo a continuamente rejeitar o ego e repudiar
a carne. Se possível, faça tudo em secreto, não dando qualquer
oportunidade para seu ego ou concedendo alguma base para sua carne.
Embora o Senhor fale aqui da questão de recompensa (vs. 1,
5) o mais importante não é a recompensa, mas o crescimento em vida.
Os santos que crescem publicamente não o fazem de maneira
saudável. Todos precisam de algum crescimento de vida secreto,
algumas experiências secretas de Cristo. Precisamos orar, adorar,
contatar e ter comunhão com o Senhor de maneira secreta. Talvez
nem mesmo as pessoas mais próximas a nós saibam ou entendam o
que estamos fazendo. Precisamos dessas experiências secretas do
Senhor, porque elas matam nosso ego e nossa carne. Embora ira e
lascívia sejam horrendas, a coisa que mais nos frustra crescer em vida
é o ego. O ego é especialmente visível pelo fato de gostar de fazer
coisas de maneira pública, na presença do homem. O ego gosta de
realizar obras justas diante do homem. Sem exceção, todos devemos
admitir que temos tal ego. Os que sempre querem realizar coisas de
modo a fazer uma exibição pública são cheios de ego, cheios de carne.
O ego ama ser glorificado e a carne ama ser contemplada.
Provavelmente você nunca ouviu uma mensagem sobre esses
versículos que tratam com o ego e a carne. Sempre que viermos a essa
porção da Palavra, devemos perceber que ela expõe nosso ego e nossa
carne.
Repito, a questão crucial aqui não é a recompensa, mas o
crescimento em vida. Os santos que sabem apenas fazer uma exibição do
ego e uma demonstração da carne não crescerão em vida. O genuíno
crescimento em vida é matar o ego. Aqueles cujo ego tem sido morto e a
carne tratada, podem algumas vezes falar a respeito dos seus feitos.
Todavia, é com muita cautela que digo isso. Não é saudável expor nossos
feitos justos. Antes, devemos orar muito, mas não deixe os outros
saberem o quanto você ora. Isso é saudável. Se orar cada dia sem contar
aos outros ou permitir que saibam sobre isso, significa que você é
saudável e está crescendo. Entretanto, suponha que sempre diga aos
outros o quanto ora. Se fizer isso, não apenas perderá seu galardão, mas
não crescerá em vida nem será saudável. Todos devemos admitir que
temos o ego e a carne sutis dentro de nós. Todos temos tal ponto fraco.
174
Quando oramos sozinhos em nosso quarto, freqüentemente gostaríamos
que outros pudessem ouvir-nos. Semelhantemente, fazemos nossos feitos
justos com a intenção de que outros possam vê-los. Tal desejo e intenção
não são saudáveis; indicam que não estamos crescendo em vida. Fazer
uma exibição diante dos homens nunca nos ajudará acrescerem vida. Se
quiser crescer e ser saudável na vida espiritual. você deve matar o ego ao
realizar obras justas. Não importa que tipo de obra justa façamos- dar
coisas materiais aos santos, orar, jejuar, fazer algo que agrade a Deus-,
devemos fazer o máximo para realizá-las em secreto. Se seus feitos justos
são realizados em secreto, pode estar certo de que você está crescendo
em vida e é saudável. Mas toda vez que se exibir em suas obras justas,
você não é saudável. Tal exibição frustra grandemente o seu crescimento
em vida.
O universo indica que Deus é oculto, que Deus é secreto. Embora
Ele tenha feito muitas coisas, as pessoas não percebem isso. Podemos ver
as coisas feitas por Deus, mas jamais O vimos, porque Ele sempre está
oculto, sempre secreto. A vida de Deus possui tal natureza secreta e
oculta. Se amamos a outros pela nossa própria vida, essa vida buscará
exibir-se diante dos homens. Mas se amamos a outros mediante o amor
de Deus, esse amor sempre ficará oculto. Nossa vida ama fazer uma
exibição, demonstração diante dos outros, mas a vida de Deus é sempre
oculta. Um hipócrita é aquele que tem uma manifestação exterior sem ter
algo no interior. Tudo o que ele tem é meramente uma exibição
exterior; não há realidade interior. Isso é absolutamente contrário à
natureza de Deus e à Sua vida oculta. Embora Deus tenha tanto dentro
Dele, apenas um pouco é manifestado. Se vivermos por essa. Vida divina,
podemos orar muito, mas os outros não saberão o quanto temos orado.
Podemos ajudar bastante os outros, mas ninguém saberá o quanto temos
feito. Podemos jejuar muitas vezes, mas isso também não será conhecido
pelos outros. Podemos ter muito dentro de nós, mas muito pouco será
manifestado. Essa é a natureza do povo do reino ao realizar seus feitos
justos.
Isso é totalmente diferente da natureza do povo do mundo. Quando
as pessoas do mundo doam cem mil reais, elas fazem propaganda disso,
fazendo parecer que deram uma enorme quantia. Mas quando nós,
cristãos, damos cem mil reais, é melhor que pensem que demos apenas
um real. Fazemos mais do que é visível aos outros. Jamais podemos
praticar isso em nossa vida natural. Isso apenas é possível na vida
divina, a vida que não se deleita em fazer exibição. Esse é o ponto crucial
nessa porção da Palavra.
Se encararmos seriamente a questão de sero povo do reino,
devemos aprender a viver pela vida oculta do nosso Pai. Não devemos vi
ver pela nossa vida natural, que sempre está fazendo uma exibição de si
mesmo. Se vivemos pela vida oculta do Pai que está em nós, faremos
muitas coisas, mas sem nenhuma demonstração pública. Antes, tudo o
que faremos será em secreto, escondido dos olhos dos outros. A biografia
de muitos santos revela que eles fizeram determinadas coisas em secreto
coisas que muitas vezes só se tornaram conhecidas após a morte deles.
175
Essa é a maneira correta. Conheci muitos queridos santos que fizeram
algo pelo Senhor, pela igreja e pelos santos em secreto. Eles nunca
quiseram fazer uma exibição ou deixar que outros soubessem o que
haviam feito. Esses feitos são segundo a natureza do nosso Pai e segundo
a Sua vida secreta e oculta.
2. Orar em Secreto
Nossa oração deve ser em secreto. No versículo 6 o Rei decretou:
“Tu, porém, quando orares, entra no teu aposento íntimo e, fechada a
porta, ora a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará”. O povo do reino deve ter alguma experiência de orar em
seu quarto, contatando o Pai celestial em secreto, experimentando um
desfrute secreto e recebendo uma resposta secreta Dele.
177
4. O Modelo de Oração
Nos versículos 9 a 13 encontramos o modelo de oração. Todavia,
não é o modelo de todas as orações. A oração apresentada aqui
em Mateus 6 é absolutamente diferente
da oração ensinada em João. Em Mateus 6 não nos é dito para orar no
nome do Senhor, mas em João capítulos 14 a 17 o Senhor Jesus nos fala
repetidamente para orar no nome Dele. A razão para essa diferença é
que a oração aqui em Mateus não está relacionada à vida; está
relacionada ao reino. Nesse curto modelo de oração, o reino é mencionado
pelo menos duas vezes. O versículo 10 diz “venha o Teu reino”, e o
versículo 13 diz “pois Teu é o reino”. A oração em João, ao contrário,
relaciona- se à vida. Orar no nome do Senhor não é uma questão do
reino, mas de vida. Orar no nome do Senhor significa que somos um com
o Senhor. Orando ao Pai, somos um com o Senhor. Conseqüentemente,
estamos orando em Seu nome. Orar no nome do Senhor é, na verdade,
orar na Pessoa do Senhor. Estamos orando com Ele em um nome e em
uma vida. Portanto, somos um com Ele em vida, orando a Deus, o Pai. Mas
como vimos, a oração em Mateus 6 é absolutamente diferente, porque é
uma oração do reino.
Se você deseja ter fortes orações em vida, deve ir a João.
Deve habitar no Senhor e ser um com Ele. Deve permanecer em seu
espírito e orar em unidade com Ele. Isso é o que significa orar em Seu
nome. Mas a oração em Mateus 6 diz respeito ao reino. Em outras
palavras, é uma oração de luta, uma oração de combate contra o inimigo
de Deus por causa do reino de Deus.
O versículo 9 começa com as palavras: “Portanto, orai vós
assim”. A palavra“assim” não significa recitar.
Em Atos e nas Epístolas não há exemplo de tal repetição. Entretanto,
em algumas denominações cristãs essaoração é recitada em
todo culto de domingo de manhã. Recitei essa oração
muitas vezes quando jovem na denominação em que me reunia. Isso
não é dizer que os que repetem essa oração não são sinceros ao fazê10.
Sem dúvida, havia um bom número que era muito sincero ao repetir
essa oração.
179
e. Orar para que Deus nos Perdoe os Pecados
O versículo 12 diz: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
também temos perdoado aos nossos devedores”. Em terceiro lugar, o
modelo de oração mostrado cuida das faltas do povo do reino diante de
Deus e das suas relações com os outros. Eles devem pedir ao Pai para
perdoar suas dívidas, suas faltas e transgressões, como eles perdoam seus
devedores a fim de preservar a paz. O versículo 12 indica que nessa oração
de luta devemos admitir e confessar que temos' fraquezas, erros e
injustiças. Somos devedores aos outros. Portanto, devemos pedir ao Pai
para nos perdoar como perdoamos os outros por causa Dele.
D. A Respeito do Jejum
Nos versículos 16 a 18 o Rei fala sobre o jejum. Em vez de mostrar
aos homens que jejuamos, devemos jejuar em secreto. O versículo 16 diz:
“Quando jejuardes, não vos mostreis sombrios como os hipócritas, porque
desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em
verdade vos digo: Eles já receberam por completo a sua recompensa”.
Jejuar não é abster-se de comer, é ser incapaz de comer por estar
desesperadamente oprimido para orar por algumas coisas. É também
uma expressão de auto-humilhação em busca da misericórdia de Deus.
Dar esmolas é dar o que temos direito de possuir, enquanto jejuar é
desistir do que temos direito de desfrutar.
Os versículos 17 e 18 dizem: “Tu, porém, quando jejuares, unge a
cabeça e lava o rosto, para não parecer aos homens que jejuas, e, sim, ao
teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará”. Isso indica que nosso jejum, assim como o dar esmolas e
orar, deve ser feito em secreto, não diante dos homens. O Pai vê em
secreto e Ele nos recompensará.
181
MENSAGEM 22
183
também o nosso coração. Entretanto, nosso coração está relacionado não
apenas às riquezas, mas a muitas outras coisas.
A constituição do reino dos céus é composta da vida e natureza do
Pai. Embora esses capítulos, na verdade, não usem as palavras “vida” e
“natureza”, de acordo com o contexto podemos ver que se tirarmos a
vida e natureza do Pai, esses capítulos são vãos. Ninguém seria capaz de
cumprir as exigências do reino dos céus se não tivesse a vida e natureza do
Pai. Toda constituição é baseada num certo tipo de vida. Suponha que
você queira fazer uma constituição para cachorros. Certamente tal
constituição seria baseada na vida canina. Seria irracional se essa
constituição decretasse que todas as manhãs os cachorros fizessem a
ronda matinal voando. Porque não podem voar, ps cachorros não
poderiam cumprir tal exigência. Mas se a constituição recomendasse aos
cães que fizessem a ronda matinal latindo, não haveria problema.
Semelhantemente, a constituição dada pelo Senhor Jesus no monte era
para os filhos de Deus, baseada na vida e natureza do Pai. Dois versículos
no capítulo cinco indicam esse fato. O versículo 9 diz: “Bem-aventurados
os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”, e o versículo 48
diz: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”.
Muitos cristãos não entendem essa seção da Palavra porque não
viram que ela é baseada na vida e natureza divinas. Mesmo muitos
incrédulos mencionaram versículos desses capítulos nos escritos deles,
como se essas fossem palavras faladas a todos os seres humanos. Não,
assim como a vida canina não pode voar, a vida humana não pode
cumprir as exigências da constituição do reino dos céus. Essa é uma
constituição baseada na vida e natureza divinas.
Na vida e natureza divinas não há ansiedade. A ansiedade não
pertence à vida divina, mas à humana, assim como o latir pertence à
vida de cão, não à de pássaro. Nossa vida humana é de ansiedade,
enquanto a vida de Deus é uma vida de desfrute, descanso, conforto e
satisfação. Para Deus, ansiedade é um termo estranho. Nele, não há tal
coisa como a ansiedade. Você acha que Deus já ficou ansioso? Já foi
afligido pela ansiedade? Embora Deus tenha muitos desejos, Ele não tem
ansiedade. A vida humana, ao contrário, é virtualmente composta de
ansiedade, é constituída dela. Tire a ansiedade do ser humano e o
resultado será morte. Um morto não tem ansiedade. Uma imagem num
museu de cera ou uma estátua em frente de uma catedral católica não tem
ansiedade, mas se você é uma pessoa viva, não pode escapar dela.
Se considerarmos a maneira de o Senhor falar no Novo Testamento,
veremos que é absolutamente diferente do falar dos apóstolos. Dentre os
apóstolos, principalmente Paulo escreveu muitos livros espirituais.
Embora Paulo fale de muitas coisas divinas, espirituais e celestiais,
contudo seu estilo é humano. O mesmo é verdade com os escritos de
Pedro e João. Não importa quanto os escritores do Novo Testamento
falassem de coisas espirituais e divinas, o estilo deles ainda era humano.
Mas o estilo do falar do Senhor no Novo Testamento é único. É
absolutamente impossível descrevê-lo. Se ler Mateus 5, 6, 7, 13, 24 e 25 e
João 14 a 17, você verá que o estilo do falar do Senhor é extraordinário.
184
Não é humano ou comum; é profundo, contudo, breve, simples e no
ponto. Esse é o falar divino com o estilo divino. Quando jovem, li uma
afirmação escrita por um grande filósofo francês que dizia que se os
quatro Evangelhos fossem falsos, então a pessoa que os escreveu estaria
qualificada para ser o Cristo. Concordo com essa palavra.
Em Seu falar no capítulo 6 de Mateus, aparentemente o Senhor está
tratando da questão das riquezas. Na realidade, entretanto, Ele está
tocando a questão da ansiedade, o problema básico do nosso viver. Como
vimos, em 6:1-18 Ele aparentemente estava tratando os feitos justos do
povo do reino, mas, na verdade, Ele estava tocando o ego e a carne. Vim a
saber disso não por ler livros, mas por minha experiência na vida da igrej
a. Pela experiência, aprendi que fazer uma exibição de obras justas é
certamente algo do ego e da carne. Se permanecemos na cruz, nunca
faremos tal exibição. No mesmo princípio, 6:19-34 aparentemente toca
nossa prosperidade, nossas riquezas; na verdade, a intenção do Senhor
aqui é tocar a ansiedade, a fonte do problema do nosso viver diário. O
mundo todo está envolvido com a ansiedade. A ansiedade é a engrenagem
que move o mundo, é o incentivo para toda cultura humana. Se não fosse
pela ansiedade quanto ao nosso vi ver, ninguém faria coisa alguma. Antes,
todos ficariam ociosos. Assim, ao tocar nossa ansiedade, o Senhor toca a
engrenagem da vida humana.
Ao ouvir essas palavras os jovens podem dizer: “Aleluia! Porque o
Senhor Jesus tocou a ansiedade, a engrenagem da vida humana, não
precisamos estudar ou trabalhar muito. Se tivermos fome, podemos
simplesmente comer algumas sobras”. Esse conceito está errado. Em6:260
Senhor Jesus disse: “Olhai para as aves do céu: não semeiam, não colhem,
nem ajuntam em celeiros; contudo vosso Pai celeste as alimenta”. Se o
Senhor Jesus estivesse aqui, eu perguntaria a Ele: “Senhor, Tu nos
assemelhaste a pássaros. Os pássaros não semeiam nem colhem; apenas
voam e nada fazem. Senhor, isso significa que não deveríamos fazer nada?
Os pássaros se alimentam do labor humano. Senhor Jesus, Tu queres
dizer que devemos tirar vantagem dos outros? Devemos esquecer de
trabalhar e simplesmente ser pássaros no ar, desfrutando a vida e tirando
vantagem do labor dos outros?” Também gostaria de perguntar ao Senhor:
“Tu também nos assemelhaste a lírios. Lírios não fazem nada, mas se
vestem mais gloriosamente do que Salomão (vs. 28-30). Tu estás dizendo
que não deveríamos fazer nada, senão simplesmente desfrutar o ar, a luz
do sol, o solo e a água?” Esse é o conceito defendido por muitos jovens que
citam essas palavras do Senhor Jesus. Eles dizem: “Sejamos pássaros no
ar e lírios no vale”. Há uma dificuldade de entender a palavra do Senhor
aqui. Novamente digo, se o Senhor estivesse aqui, eu perguntaria a Ele:
“Tu queres dizer que deveríamos apenas ser como pássaros voando,
tirando vantagem do labor dos outros? Eles semeiam e ceifam, e nós
simplesmente chegamos para desfrutar? Isso está correto? Isso é justo?
Parece que todos os pássaros são ladrões. Tenho apenas uma pequena
área, mas os pássaros vêm e tiram vantagem do que está crescendo ali. Tu
estás dizendo que deveríamos fazer a mesma coisa?” Fiz essas perguntas
porque conheço a psicologia dos jovens. Após despender tantos anos na
185
escola, eles podem estar cansados de estudar. Quando passam do ensino
fundamental para o ensino médio, deste para a faculdade e dessa para a
pós-graduação, o labor torna-se maior. Em vez de estudar tanto, muitos
jovens prefeririam ser como pássaros voando. Se forem honestos, os
jovens admitirão que têm tal conceito.
Vamos considerar a intenção do Senhor nos versículos 19 a 34. O
Senhor quer que os jovens terminem seus estudos ou os abandonem e
sejam como pássaros no ar? É errado ter ansiedade, porque a ansiedade
não pertence à vida divina. Não há ansiedade na vida de Deus. Todavia, o
Senhor não quer dizer que não devemos cumprir nossa obrigação. Quando
o Senhor levou os filhos de Israel para a boa terra, todos tinham de
trabalhar na terra. Aquela era a obrigação deles. Se a boa terra produziria
ou não uma rica colheita, dependeria de vários fatores: tempo, luz do sol,
quantidade adequada de chuva e temperatura correta. Nenhum desses
fatores estava sob o controle dos filhos de Israel Sua responsabilidade era
apenas laborar na terra. Eles laboravam, não apenas para si mesmos, mas
também para os pássaros. Se não cultivassem, seria difícil para os
pássaros viverem. Cumprir suas obrigações era justo e necessário, mas ter
ansiedade era errado. Semelhantemente, devemos fazer nossa obrigação
hoje, mas fazê-la sem estarmos ansiosos pelo nosso viver. A razão por que
você é tão relutante em dar aos outros é a sua ansiedade. Por causa da
ansiedade, você ama as coisas materiais. Se não tivesse ansiedade, não se
preocuparia com as coisas materiais. Antes, você deixaria que outros as
tivessem. É a ansiedade que nos causa problemas.
Na economia de Deus todos devemos trabalhar. Não somos como os
filhos de Israel, porque não podemos trabalhar literalmente na boa terra.
Em vez disso, os jovens hoje devem estudar e adquirir uma boa educação.
Estudar é como lavrar o solo e o diploma da faculdade é como fazer a
colheita. Jovens, estudar é sua obrigação e vocês devem fazê-lo. Nos
tempos antigos, os filhos de Israel tinham de trabalhar lavrando o solo,
semeando, irrigando e ceifando. Esse era o dever deles. Mas se receberiam
ou não a colheita dependeria de Deus. A responsabilidade deles era
trabalhar sem qualquer ansiedade. Se fossem ansiosos, isso teria sido uma
ofensa para Deus. Não havia necessidade de serem ansiosos.
Simplesmente tinham de fazer tudo quanto Deus lhes recomendava. Por
exemplo, de acordo com Deuteronômio, Deus ordenou-lhes que
separassem dez por cento para Ele, outros dez por cento para os levitas e
ainda outros dez para um propósito diferente. Não lhes era permitido
reservar toda a produção para o seu desfrute. Eles não deviam ter
qualquer ansiedade. Se não tivessem ansiedade, eles conseguiriam ser
generosos, prontos a dar aos outros e a pôr suas coisas materiais na mão
do Senhor.
Precisamos ler Mateus 6:19-34 com essa luz. Sob a soberania de
Deus, os filhos de Israel tinham de laborar na terra. Sob a soberania de
Deus, os jovens hoje devem estudar e terminar os estudos. Se queremos
ter a vida da igreja adequada, todos os nossos jovens devem terminar a
faculdade. Não fazê- lo é como semear e não ceifar. Os requisitos para se
ganhar a vida hoje são muito diferentes do que há centenas de anos. Hoje
186
os jovens devem cultivar o solo, semear e irrigar a plantação estudando
diligentemente e formando-se no ensino médio e faculdade. Mas não
devem fazê-lo por ansiedade. Devemos diferenciar ansiedade de dever.
Seu dever é terminar sua tarefa de cultivar isto é, formar-se no ensino
médio e faculdade. Caso contrário, será difícil viver. A fim de viver para
Deus nesta terra, você deve
concluir os estudos. Mas enquanto estuda e conclui os estudos, você
deve diferenciar-se das pessoas do mundo. Estas estudam por causa da
ansiedade, mas você não deve estudar por ansiedade, mas para cumprir
sua obrigação. Se não vir esse ponto, essa porção da Palavra será
simplesmente uma questão de lei para você.
Boaz, um antepassado de Davi, é um exemplo de alguém que fez sua
obrigação sem ansiedade. Boaz era um fazendeiro rico; ele tinha uma
grande produção. Entretanto, esse homem não produzia por ansiedade,
mas para cumprir sua obrigação. Quando chegou a hora, o Senhor disse-
lhe para doar certa quantia, e ele o fez. Certamente Boaz entesourou
coisas no céu. Ao vencer a ansiedade, ele acumulou tesouros no céu.
Após vários anos, muitos dos nossos jovens terão diploma
universitário. Creio que debaixo da bênção soberana do Senhor muitas
riquezas serão introduzidas. Nessa hora você precisará lembrar-se de que
foi à escola não por causa da ansiedade, mas para cumprir sua obrigação.
Portanto, as riquezas que você produziu não devem ser usadas para sua
ansiedade, mas para seu dever. Seu dever é dar, acumular tesouros no céu.
Não aspire ser milionário. Não se empenhe para ter uma poupança de
um bilhão de reais. Em vez disso, aprenda a dar e a acumular tesouros no
céu. Transfira seus tesouros da terra para os céus. Desse modo, você não
será um milionário na terra, mas um milionário nos céus. Seu dever é
obter seu diploma e, então, ganhar riquezas. Mas não procure ser um
milionário. Antes, seja um bom doador, segundo a vida e a natureza do seu
Pai celestial. Esse é o significado dessa porção da Palavra.
Meu encargo nesta mensagem é extrair esse ponto básico. Todos
temos nossas obrigações. Quando estamos cumprindo nosso dever, não
devemos fazer nada por causa da nossa ansiedade, porque temos uma
vida divina que não conhece ansiedade. E temos um Pai celestial Todo-
poderoso e Todo-inclusivo que cuida de nós em cada aspecto. O mundo
hoje está cheio de ansiedade, mas o povo do reino não deve estar ansioso
de coisa alguma. Não podemos acrescentar um côvado à nossa estatura
pela nossa ansiedade (v. 27). Quanto à moralidade, temos a vida e a
natureza do nosso Pai dentro de nós que nos capacitam a cumpriras mais
elevadas exigências morais. Quanto ao nosso viver, temos o próprio Pai
celestial que cuida de nós. Todavia, isso não significa que não temos
necessidade de cumprir nosso dever. Embora devamos cumprir nosso
dever, não devemos ter ansiedade. Como os filhos de Israel que tinham o
suficiente para viver e que doavam certas porções para vários fins,
também devemos ter uma ceifa e estar dispostos a ceder determinada
quantidade para vários fins. Finalmente, tudo o que dermos será
depositado no banco celestial, e todas as nossas riquezas estarão lá. Isso
187
também está relacionado ao nosso crescimento de vida diário. Desleixo e
ansiedades atrasarão nosso crescimento em vida. Nenhum preguiçoso,
que não cumpre seu dever, crescerá em vida. Todos os que crescem em
vida são diligentes e laboriosos. É claro, essa diligência produzirá uma
recompensa e algumas riquezas materiais virão a você. Todas essas
riquezas devem ser usadas, não para sua ansiedade, mas para que possa
ofertar. A ansiedade tem de ir embora. Não permita que ela ocupe seu
viver diário. Porque a vida do Pai em você não conhece ansiedade, você
não deve ter qualquer ansiedade. Todo “extra” que tem não deve ser
usado para sua ansiedade. Use-o para fazer poupança no banco celestial.
Asseguro-lhe que se fizer isso, você crescerá em vida. O único tipo de
pessoa que cresce em vida é aquele que é diligente, contudo não usa seu
dinheiro extra para sua ansiedade. Você precisa estudar diligentemente,
obter boas notas e alcançar o título mais elevado. Entretanto, as riquezas
que obtiver não devem ser usadas para sua ansiedade. Trabalhamos e
cumprimos nosso dever, mas não temos ansiedade. Essa é a maneira
adequada de crescer na vida do Pai.
189
MENSAGEM 23
190
os outros? Você teme ser julgado? Se teme, então deve perceber que os
outros também temem. Sente-se mal em ser julgado pelos outros? Se isso
acontece, então deve saber que os outros sentem-se da mesma maneira ao
serem julgados por você. Ninguém gosta de ser julgado. Se você não gosta
de ser julgado, que dizer dos outros, então? Você precisa importar-se com
eles. Se não gosta de ser julgado pelos outros, por que julga as outras
pessoas? Se está temeroso de ser julgado, então deve levar os outros em
consideração, pois também estão temerosos. Sempre se importe com os
outros.
O versículo 2 diz: “Pois com ajuízo com que julgardes, sereis
julgados; e com a medida com que medirdes medir-se-vos-á também”.
Sob o governo celestial, o povo do reino será julgado com o mesmo
critério com que julgam. Se julgam a outros com justiça, serão julgados
pelo Senhor com justiça. Se julgam com misericórdia, serão julgados pelo
Senhor com misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo (Tg 2:13).
Não julgue tanto os outros, porque você será julgado na mesma
proporção. Se você se preocupa com os outros, não será julgado por eles.
Mateus 7:2 diz que com a medida com que medirmos nos medirão
também. O princípio aqui é o mesmo que o do julgamento.
Aparentemente, nesses versículos o Senhor não nos encarrega de nos
importarmos com os outros, na verdade, entretanto, esses versículos nos
mostram que devemos nos importar com os outros. Você teme ser medido
pelos outros? Se teme, então deve considerar os outros, porque eles
também estão temerosos de serem medidos por você. Se você se importar
com os outros, você não os julgará, não os criticará nem os medirá.
No passado conheci determinado grupo de cristãos que falava
muito sobre espiritualidade. De certo modo, o falar deles era genuíno.
Entretanto, esse grupo tinha um ponto fraco: o costume de medir os
outros. Parecia que todos nesse grupo tinham uma pequena régua no
bolso. Quando o convidavam para um chá, mediam você com a régua
invisível deles. Mais tarde se reuniam para falar a seu respeito. Alguns
indagariam: “Você descobriu onde ele está?” Isso significa: “Você o
mediu?” Também aprendi que esse grupo não se preocupava com os
sentimentos dos outros, preocupava-se apenas com o costume de medir
os outros. O medir deles era, na verdade, a sua crítica e o seu julgamento.
Gostaria de tomar essa oportunidade para encorajá-los a não medir os
outros. Não tente determinar quão espiritual os outros são, quanto
crescimento têm ou qual a sua condição em vida. Se deixar de medir os
outros, você será guardado de criticá-los e julgá-los. Isso está baseado no
princípio de importar-se com os outros.
Aquelas pessoas do grupo ao qual me referi há pouco tinham
dificuldade de ajudar os outros. A razão por que eles não conseguiam
ajudar os outros é que os outros estavam sob sua medição, julgamento e
crítica. Ao ajudar os outros, devemos ser cegos. Se quiser ajudar os outros
na vida da igreja, você precisa ser cego. Se deseja ser um bom esposo ou
esposa, seja cego em seu cuidado com ele ou ela. Não meça nem julgue ou
critique. Não tenha qualquer medida dos outros. Essa é a maneira de
mostrar misericórdia por eles. Se mostrar misericórdia aos outros, você
191
receberá misericórdia. Mas se medir os outros sem misericórdia, você
também será medido sem misericórdia. O critério com que medir, você
será medido.
A misericórdia não faz nenhuma medição. Isso significa que a
misericórdia não impõe exigências. Qualquer coisa que exija uma
medição não é misericórdia. A misericórdia não sabe matemática, não
sabe somar ou subtrair. A misericórdia é absolutamente cega. Por que
você me trata tão bem se sou miserável? É porque você é misericordioso
comigo.
Algumas vezes, pela misericórdia do Senhor, fui misericordioso com
os outros. Mais tarde alguns dos meus filhos, cujos olhos estavam tão
claros sobre a situação, disseram-me: “Pai, você não sabe quão indigna
essa pessoa é? Por que foi tão bom para ela?” Fui bom porque estava cego.
Meus filhos, entretanto, eram muito perspicazes. Mas os que são
perspicazes não podem ser misericordiosos. Se deseja ser misericordioso,
você deve ser como Isaque, que abençoou Jacó de uma maneira cega.
Semelhantemente, nós, o povo do reino, devemos ser cegos ao lidar com os
outros. Então, seremos misericordiosos e sempre nos importaremos com
eles. Quando meus filhos me perguntavam porque fui bom com os que não
mereciam bondade, eu respondia: “Vocês não entendem o que estou
fazendo. Seus olhos são tão grandes e abertos. Por que o tratei daquela
maneira? Porque tenho consideração por ele”. Esse é o princípio do povo
do reino ao tratar com os outros. Para lidar com os outros, devemos levá-
los em consideração, compadecer-nos deles e ser misericordiosos com eles.
O povo do reino deve cuidar dos outros em seu relacionamento com eles.
Se ler esses versículos várias vezes, você verá que o princípio básico
oculto aqui é que devemos esquecer a nós mesmos e importarmo-nos
com os outros. Você sabe por que critica e julga os outros? É porque você
considera-se melhor. Você negligencia os sentimentos dos outros e não se
importa com eles. Você se importa apenas com o seu sentimento.
Conseqüentemente, julga e critica os outros. Portanto, se quisermos ser
preservados de julgar os outros, devemos cuidar deles. Isso requer que
esqueçamos de nós mesmos e os levemos em consideração. Se nos
centralizarmos em nós mesmos e ignorarmos o sentimento dos outros, nós
os criticaremos. Mas se cuidarmos deles, não os julgaremos.
192
2. Remover Primeiro a Trave do Seu Olho
O versículo 4 continua: “Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar
o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?” A palavra do Senhor
nos versículos 3 e 4 é muito profunda. A intenção Dele aqui não é
incumbir-nos de cuidar de nós mesmos, mas de cuidar dos outros.
O versículo 5 diz: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e
então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão”. Uma
vez que a trave permanece em nosso olho, nossa visão é embaçada e não
podemos ver claramente. Ao atentar para a falha do irmão, devemos
perceber que temos uma falha maior. A falha do nosso irmão é
semelhante a um argueiro e a nossa semelhante a uma trave. Assim, uma
vez mais, a intenção do Senhor é que cuidemos dos outros. Sempre que
tenta apontar a falha de alguém, você se importa com a falha, não com a
pessoa. Quando faz com que a falha de alguém seja tão grande como uma
trave, isso mos tra que você se preocupa apenas com a falha dele,
não com ele. Se você se importar com seu irmão, não se importará apenas
com sua falha. Antes, dirá: “A falha dele é meramente um argueiro
quando comparada à minha, que é uma enorme trave. Portanto, fico feliz
de deixar passar a falha dele”.
A intenção do Senhor em 7:1-12 é que cuidemos dos outros. O
princípio do povo do reino ao lidar com os outros é que devemos nos
preocupar com os outros. Devemos observar esse princípio em todos os
nossos relacionamentos com as pessoas. Não aja simplesmente segundo o
seu sentimento, mas considere a outra pessoa. Esse é o princípio básico.
B.Não Dar aos Cães o que E Santo nem Lançar Pérolas aos
Porcos
O versículo 6 diz: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante
os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-
se, vos dilacerem”. “O que é santo” deve referir-se à verdade objetiva que
pertence a Deus, e “vossas pérolas” deve referir-se às nossas experiências
subjetivas. Os cães não têm casco nem ruminam, e os porcos têm casco
dividido, mas não ruminam. Assim, ambos são impuros (Lv 11:4, 7).
Conforme é revelado em 2 Pedro 2:12, 19-22 e Filipenses 3:2, os cães e os
porcos referem-se às pessoas que são religiosas, mas não limpas.
Mateus 7:6 está também relacionado à questão de importar-se com
os outros. Muitas vezes quando vê certa verdade doutrina ou luz, você
fala a outros sobre ela, sem qualquer consideração se eles são “cães”,
“cordeiros” ou “lobos”. Você considera apenas a sua empolgação. Você
pode dizer: “Oh! eu vi a luz quanto à vida da
igreja! A igreja é gloriosa e
maravilhosa!” Por estar empolgado, você pode
compartilhar com a pessoa errada. Isso é dar aos cães o que é santo.
Quando estiver prestes a dar algo santo aos outros, você deve considerar
com quem está falando. Não dê aos cães o que é santo nem lance aos
porcos as suas pérolas. Quando fala aos outros sobre as coisas santas
193
sobre as verdades ou sobre as pérolas, as experiências, você deve observar
o princípio básico de importar-se com os outros. Você deve definir se as
pessoas podem ou não receber o
que pretende compartilhar. Deve também perceber o quanto
eles podem receber. Em outras
palavras, quando fala sobre as coisas espirituais,
não fale segundo os seus sentimentos ou desejos;
antes, fale segundo a capacidade deles de receber o que você
tem a dizer.
Muitas vezes os jovens saíram para falar às pessoas sobre a igreja
ou sobre certas coisas espirituais que experimentaram. Eles consideravam
apenas o seu sentimento, não o sentimento dos outros. Infelizmente,
várias vezes as pessoas eram cães ou porcos, incapazes de receber o que
foi dito. Antes, eles atacaram os que compartilhavam, pisavam sobre as
pérolas e tentavam morder os irmãos. Assim, quando vemos a luz sobre
determinadas verdades ou experimentamos algumas coisas preciosas do
Senhor e desejamos compartilhá- las com outros, devemos cuidar
daqueles com quem vamos compartilhar. Devemos perguntar-nos: “Essas
pessoas podem receber meu testemunho? Podem receber o que
pretendo compartilhar com eles?” Se cuidar dos outros, você não
compartilhará tudo com todos; haverá alguns para quem você não dará
seu testemunho. Esse é o princípio do povo do reino em relacionar-se com
os outros.
Freqüentemente, falamos aos outros de acordo com os nossos
sentimentos sem nos importarmos com os sentimentos deles. Talvez num
certo dia você possa estar muito zeloso quanto à vida da igreja e à
restauração do Senhor. Mas em seu zelo você ofende alguns “cães”. Em
outras vezes, por causa de algumas experiências novas, você pode dizer:
“Oh! Cristo é maravilhoso! Cristo é o bronze, o ferro e as armas para
derrotar o inimigo”. Você está tão excitado com a sua experiência que diz
a todos sobre ela. Mas alguém pode se voltar para atacá-lo, dizendo:
“Quê?! Nunca ouvimos que Cristo é arma. Onde você aprendeu isso? E
como pode dizer que Cristo é bronze e ferro? Isso é blasfêmia!”
Entretanto, se considerar os outros, você não dirá uma palavra da sua
nova experiência de Cristo. Antes, será sábio ao lidar com eles,
considerando quais “cães” podem receber ou quais “porcos” podem
entender. Mas se você se empolgar e se importar apenas consigo mesmo e
não com os outros, você terá problemas ou mesmo provocará problemas!
No passado alguns dos nossos jovens foram a outras reuniões e,
considerando apenas o seu zelo, falaram imprudentemente. Eles eram
fervorosos, mas porque não consideraram os outros causaram apenas
problemas.
O povo do reino deve ser o mais sábio. Quando contatamos os
outros, devemos saber qual a temperatura deles, e devemos nos
importar com a situação deles. Devemos fazer as coisas de maneira
adequada e não provocar os cães para morder-nos ou os porcos para
atacar-nos. Eles podem voltar-se e dilacerar-nos.
194
C. Pedir, Buscar e Bater
Os versículos 7 a 11 apresentam uma dificuldade, porque parece que
esses versículos não deveriam estar aqui. Por alguns anos,
pulei-os, indo do versículo 6 para o 12, porque o versículo
12, é uma continuação dos versículos 1 ao 6. O versículo 12 diz: “Tudo
quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também
a eles; porque esta é a lei, e osprofetas”. Esse versículo é a
continuação e a conclusão dos primeiros seis versículos. Entretanto,
entre os versículos 6 e 12, temos os versículos 7 a 11 fazendo uma
evidente inserção. Qual o significado disso? Como enfatizamos, 7:1-
12 diz respeito ao princípio do povo do reino em lidar com
os outros. Vimos que o povo do reino deve principalmente
observar o princípio de considerar os outros. Ao julgar as pessoas ou falar
sobre as coisas santas, devemos considerar os outros.
Vejamos como os versículos 7 a 11 se ajustam a essa questão.
Os versículos 7 e 8 dizem: “Pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis;
batei, e abrir-se-vos-á”. É preciso experiência para entender esses
versículos. Ao lê-los repetidas vezes à luz da nossa experiência, podemos
perceber que eles mostram que devemos olhar para o Pai celestial ao
lidarmos com os outros. Devemos pedir-Lhe, buscá-Lo e bater. Muitas
vezes temos falhado em fazer isso. Mas esses versículos indicam que no
exato momento em que estamos contatando as pessoas e lidando com
elas, devemos olhar para o Senhor e dizer: “Senhor, diga-me como
contatar essas pessoas. Senhor, mostre-me como lidar com elas”. Algumas
vezes simplesmente pedir não será adequado. Devemos buscar e bater.
Isso indica que contatar as pessoas é uma questão séria. Nunca pense
que é uma coisa insignificante. Nós, o povo do reino, devemos tratar disso
seriamente, nunca de maneira leve ou desleixada ou simplesmente
segundo o nosso sentimento. Antes, devemos fazer de modo a nos
importarmos com os outros. Devemos pedir, buscar e até mesmo bater na
porta celestial por uma maneira; então teremos a maneira adequada para
contatar as pessoas.
Em Mateus, a maneira adequada para contatar as pessoas é
segundo o princípio do reino. Após usar os exemplos de um filho pedindo
pão e peixe nos versículos 9 e 10, o Senhor diz, no versículo 11: “Se vós,
pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais
vosso Pai que está nos céus dará boas coisas aos que Lhe pedirem?”
Porque Mateus é um livro do reino, sem dúvida, as “boas coisas” no
versículo 11 são as coisas do reino. Entretanto, Lucas 11:13, o versículo
irmão de Mateus 7:11 diz: “Pois, se vós, que sois maus, sabeis dar boas
dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo
aos que Lhe pedirem?” Em Lucas 11:13 as “boas coisas” foram mudadas
para “o Espírito Santo”. Se colocarmos esses dois versículos juntos,
veremos que a melhor maneira para o povo do reino contatar outros é
segundo o reino e segundo o Espírito Santo. O reino e o Espírito Santo são
a maneira de contatarmos os outros. A sabedoria que precisamos para
contatar adequadamente os outros é do reino e do Espírito. Ao
195
lidarmos com os outros, devemos pedir, buscar e bater.
Finalmente, receberemos a direção para lidar com as pessoas
segundo o reino e o Espírito. Assim, o princípio governante para nosso
contato com os outros é o reino e o Espírito. Se nosso contato com os
outros está baseado nesse princípio, não cometeremos erros.
Se considerarmos o passado, teremos de admitir que temos
cometido erros ao contatar as pessoas. Alguns daqueles contatos não
foram proveitosos para ninguém. Mas agora estamos sendo treinados pelo
reino. Não somos crentes desleixados, mas povo do reino sérios e estritos.
Nosso contato com os outros está de acordo com o princípio do reino e o
princípio do Espírito Santo. Recebemos a liderança que precisamos para
contatar os outros pedindo, buscando e batendo. Se pedirmos,
receberemos; se buscarmos, encontraremos; e se batermos, a porta será
aberta.
Segundo nosso pensamento, primeiro tomamos o caminho e,
então, chegamos à porta. Mas o conceito divino na Bíblia é exatamente o
oposto. Primeiro passamos pela porta, e então tomamos o caminho. O
Senhor disse: “Batei e abrir-se-vos-á”. Isso significa que a porta nos será
aberta e, então, estaremos no caminho. Se pedirmos, buscarmos e
batermos, a porta nos será aberta e o caminho será posto diante de nós.
Então saberemos como contatar os outros. A fim de contatar as
pessoas, precisamos de uma porta aberta e um caminho reto como nosso
guia. Podemos ter essa porta aberta e o caminho reto apenas por pedir,
buscar e bater. Quanto todos nós precisamos descobrir um caminho
adequado e proveitoso para contatar os outros, quer sejam incrédulos,
santos ou as igrejas.
Todos devemos aprender a cuidar dos outros e orar: “Senhor,
mostra-me o caminho”. Primeiro você precisa pedir. Se o caminho não se
abrir, então você deve buscar. Se o caminho ainda assim não se abrir,
então deve bater. Bater significa aproximar-se Daquele a quem está
buscando. Quando você pede, ainda pode haver uma distância, mas
quando bate, não há distância. Antes, você está diretamente diante
Daquele a quem está buscando. Portanto, você precisa gastar tempo para
buscar o Senhor. Ao contatar os outros, precisamos pedir, buscar e bater.
Então a porta se abrirá, um caminho reto será dado para contatar as
pessoas, nosso contato será proveitoso, e seremos salvos de cometer
erros. Também saberemos como acautelar-nos dos cães e dos porcos. Esse
é o significado da inserção dos versículos 7 a 11 entre os versículos 6 e 12.
Antes de considerarmos o versículo 12, precisamos acrescentar uma
palavra sobre o pedir, buscar e bater. Pedir é orar de maneira comum,
buscar é suplicar de maneira específica, e bater é tocar a porta bem de
perto. A questão de pedir e receber no versículo 8 é útil para a oração do
povo do reino no que diz respeito a guardar a nova lei do reino. Eles
pedem e receberão. A questão de buscar e alcançar é útil para 6:3 3. O
povo do reino busca o reino do Pai e Sua justiça e os achará. A questão de
bater e ter a porta aberta é útil para 7:14. A porta estreita se abrirá ao povo
do reino por causa do bater deles.
196
O versículo 11 contém uma grande promessa. Essa promessa
assegura que o povo do reino está sob o cuidado e suprimento do Pai
que está nos céus. Assim, eles são perfeitamente capazes de cumprir
a
nova lei do reino e vi ver em sua realidade para que possam entrar em sua
manifestação.
Nos versículos 9 e 10, o pão e peixe que foram pedidos indicam a
necessidade de quem pede. Quando pedimos, buscamos e batemos,
sempre temos uma necessidade. Nosso Pai celestial conhece a nossa
necessidade e nos dará o que precisamos. Nenhum pai humano daria ao
filho uma pedra em lugar de pão ou uma serpente em vez de peixe, mas
sempre daria a eles boas coisas. Quanto mais nosso Pai celestial nos dará
coisas que Ele considera boa. Até mesmo ao buscarmos a maneira para
contatar outros, Ele nos dará a melhor maneira, o caminho que
precisamos.
197
MENSAGEM 24
202
queiram, porque nós confiaremos que o Senhor os provará pelos seus
frutos. Precisamos aplicar esse princípio a todos esses casos. Não ouça o
falar eloqüente, mas considere o fruto. Toda árvore boa produz frutos
agradáveis, mas a árvore má produz fruto mau. Toda árvore que não
produz frutos bons será cortada e lançada ao fogo (7:17-19).
204
feitas no nome do Senhor e, contudo, não estar de acordo com a vontade
de Deus. Você está fazendo esse tipo de obra ou está fazendo a vontade de
Deus? Temos falado muito sobre ir às universidades, mas você está indo
lá para fazer alguma obra ou para fazer a vontade do nosso Pai celeste?
Jovens irmãos e irmãs, como vocês responderiam a essa questão? Iriam à
universidade para fazer a vontade do Pai celestial? Devemos ter a
segurança de que em tudo o que fazemos, estamos fazendo a vontade do
Pai celestial. Caso contrário, o Senhor Jesus nos dirá: “Praticantes de
iniqüidade”. Mesmo profetizar no nome do Senhor, mas não conforme a
vontade do Pai, é um tipo de iniqüidade.
Além disso, expulsar demônios no nome do Senhor e fazer
milagres no nome do Senhor, mas não conforme a vontade de Deus, é
também considerado aos olhos do Rei celestial como iniqüidade.
Em qualquer corrida os atletas devem correr nas raias certas.
Embora você possa correr mais rápido do que os outros, sua corrida não
será reconhecida se correr fora da sua raia. Antes, essa maneira de correr
será considerada iniqüidade. Você deve correr a corrida
entre as raias, isto é, deve correr de maneira restrita. Hoje a obra de
muitos obreiros cristãos não está restrita pelas raias celestiais. Aos seus
próprios olhos, eles fizeram muito em nome do Senhor e para o Senhor.
Aos olhos do Senhor, entretanto, a obra deles é um tipo de transgressão,
uma violação das regras celestiais. Assim, a obra deles é iniqüidade. A
palavra do Senhor em 7:21-23 é uma palavra forte de advertência a
todos nós para que não nos preocupemos
apenas em profetizar, expulsar demônios ou fazer
milagres. Devemos cuidar das regras celestiais. Se transgredir as regras
corno um corredor na corrida celestial, você será desqualificado. Há regras
que nos constrangem na restauração do Senhor e devemos ser
constrangidos em nosso correr. Se corrermos nas raias,
não foradelas, seremos aprovados pelo
Senhor.
Mais uma vez afirmo que a consumação da constituição do reino
dos céus é introduzir-nos na porta estreita e no caminho apertado.
Agora estamos correndo nesse caminho estrito. Não devemos nos
preocupar com profecia, expulsar demônios ou milagres. Antes, devemos
nos preocupar apenas em fazer a vontade do nosso Pai celeste. Você pode
estar se perguntando corno podemos saber a vontade do Pai. Podemos
conhecê-la por meio da vida e natureza do Pai dentro de nós. A natureza
do Pai sempre nos dirá “sim” ou “não”. Se está correndo conforme a
natureza divina e dentro das raias apertadas, a natureza divina indicará:
“Sim, você está certo; prossiga”. Mas se não está correndo segundo a
natureza divina ou se anda fora das raias, a natureza divina dirá: “Não
ande dessa maneira”. Não há necessidade de alguém falar-lhe o que fazer,
porque a natureza divina restritiva e que dita as regras está dentro de
você. Essa natureza diz onde você está. Um corredor pode ver as raias
quando corre, por isso ele não precisa que ninguém lhe diga se está dentro
dos seus limites. Semelhantemente, ternos as linhas demarcatórias dentro
205
de nós, as raias da vida e natureza divinas, e podemos saber onde
estamos. De acordo com a natureza divina em nós, não podemos usar
música rock em nossas reuniões. Embora possamos tentar vários métodos
mundanos, a natureza divina discordaria de todos eles e indicaria que
você está transgredindo as regras. Todos que são povo do reino, todos que
foram regenerados pelo Pai, têm Sua vida e natureza dentro de si. A vida e
natureza do Pai indicam se estamos ou não no caminho apertado. Vamos
todos correr a corrida conforme a natureza do Pai.
207
MENSAGEM 25
A. A Cura do Leproso
1. O Rei Desce do Monte
O versículo 1 diz: “Ora, descendo ele do monte, grandes multidões o
seguiram”. Descer do monte significa que o Rei celestial desceu dos céus
para a terra. Ele veio primeiramente para alcançar os judeus, porque, sem
dúvida, o leproso aqui representa o povo judeu. O Rei celestial desceu dos
209
céus para trazer a salvação primeiramente aos leprosos judeus. De acordo
com Romanos capítulo 1, a salvação é primeiro para os judeus e, então,
para os gentios (v. 16).
1. Chegada a Tarde
O versículo 16 diz: “Ao cair da tarde, trouxeram- Lhe muitos
endemoninhados; e Ele, com a Sua palavra, expulsou os espíritos, e curou
todos os que estavam doentes”. As palavras “muitos” e “todos os”
representam todas as pessoas da terra no milênio. O milênio será a última
dispensação do velho céu e velha terra; assim é considerado o entardecer
do velho céu e velha terra. Após essa “noite” haverá um novo dia, isto é, o
novo céu e nova terra com a Nova
Jerusalém.
MENSAGEM 26
B. Sobre os Demônios
Quando o Senhor Jesus veio à terra dos gadarenos, vieram-Lhe ao
encontro dois deles que estavam possuídos por demônios. Ao
encontrarem o Senhor Jesus, gritaram dizendo: “Que temos nós Contigo,
Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” (v. 29). O
Rei chamou a Si mesmo de Filho do Homem (v. 20), mas os demônios O
chamaram Filho de Deus, tentando-O a apartar-se da Sua posição de
Filho do Homem. Os demônios perguntaram-Lhe se tinha vindo
atormentá-los antes do tempo. As palavras “antes do tempo”
implicam que Deus havia determinado um tempo para que os demônios
fossem atormentados e que os demônios conheciam esse tempo. Será
após o milênio e pela eternidade 1.
Os demônios, não querendo ser atormentados antes do tempo,
rogaram ao Senhor Jesus, dizendo: “Se nos expulsas, manda-nos para a
manada dos porcos” (v. 31). O fato de os demônios rogarem-Lhe indica
217
que eles estavam sob o poder e autoridade do Rei. O versículo 32 diz: “Ide,
disse-lhes Jesus. E eles, saindo, entraram nos porcos; e eis que toda a
manada precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, e nas
águas pereceram”. A palavra “ide” era uma ordem oficial do Rei, e os
demônios a obedeceram. O Rei aceitou o clamor dos demônios para
entrar nos porcos, porque os porcos são impuros aos olhos de Deus (L v
11:7). Incapazes de tolerar ser possuídos pelos demônios, os porcos
lançaram-se ao mar. Os demônios concordaram com isso, porque a água
é o lugar de habitação deles (12:43-44).
'Ver Estudo-Vida de Apocalipse, mensagem 57. (N. T) A intenção do
Senhor ao permitir que os demônios entrassem nos porcos, não era
prejudicar o trabalho dos seus criadores. Os porcos são sujos aos olhos de
Deus, por isso o Senhor Jesus destruiu a ocupação impura deles na
expectativa de que os que se ocupavam com isso fossem salvos e
voltassem a Ele. Os porcos, sendo impuros e condenados por Deus, não
deveriam estar presentes.
Quando a notícia sobre os porcos chegou aos seus proprietários,
eles ficaram ofendidos. O versículo 34 diz: “E eis que a cidade toda saiu
para encontrar-se com Jesus; e, vendo-O, rogaram-Lhe que se retirasse
das suas fronteiras”. Eles rogaram ao Senhor Jesus para se retirar, e
Ele partiu (9:1). O povo da cidade, tendo perdido os seus porcos,
rejeitou o Rei. Eles queriam os seus porcos impuros, mas não o Rei do
reino celestial. Provavelmente fossem gentios (Gadara ficava às margens
do mar da Galiléia, do lado oposto à Galiléia dos gentios-4:15). Eles
rejeitaram o Rei celestial por causa da maneira impura deles de ganhar a
vida.
A vinda do Rei a essa região pôs tudo em ordem. Não apenas os
demônios foram expulsos dos dois homens, mas os porcos foram
afogados. Conseqüentemente, toda a região foi purificada e os demônios
retomaram ao seu lugar de habitação. Essa foi uma exibição da autoridade
do Senhor
C. Perdoar Pecados
Em 9:1-8 vemos a autoridade do Rei para perdoar pecados. Após o
Senhor ter chegado à Sua cidade, Cafarnaum, onde Ele agora habitava
(4:13), um paralítico foi levado a Ele. O versículo 2 diz: “E eis que Lhe
trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse
ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os teus pecados”. Os
homens que trouxeram o paralítico ao Senhor Jesus descobriram o
telhado sobre o lugar onde o Senhor estava e fizeram uma abertura (Me
2:4). Por meio disso o Senhor viu a fé deles. A menção de pecados no
versículo 2 indica que o paralítico estava doente por causa dos seus
pecados.
O versículo 3 diz: “Mas alguns escribas diziam consigo: Este
blasfema”. Os escribas, supondo que conheciam as Escrituras, pensavam
218
que apenas Deus tinha autoridade para perdoar pecados, e que Jesus,
que aos olhos deles era apenas um homem,
blasfemava contra Deus quando dizia “estão
perdoados os teus pecados”. Isso indica que eles não perceberam que o
Senhor era Deus. Ao proferir tal palavra, eles rejeitaram o Rei do reino
celestial. Essa foi a primeira rejeição dos líderes da religião judaica. De
acordo com os escribas, o Senhor Jesus estava arrogando-se ser
Deus e blasfemando contra Ele. Mas o SenhorJesus, é
claro, absolutamente não blasfemava, porque Ele é Deus. Como Deus,
Ele não apenas tem autoridade sobre o ambiente natural e sobre
os demônios; Ele também tem toda a
autoridade para perdoar as pessoas dos seus pecados. O Senhor percebeu
em Seu espírito (Me 2:8) o arrazoamento dos escribas. Os versículos 4 e 5
dizem: “E Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Porque
cogitais coisas malignas em vossos corações? Pois qual é mais fácil,
dizer: Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?” A
expressão grega aqui traduzida para “pensamentos” também significa
cogitações, suspeitas maldosas com sentimentos
fortes ou passionais. Os escribas não precisaram expressar seus
pensamentos porque o Senhor Jesus, pela percepção do Seu espírito, foi
capaz de discernir os pensamentos no interior do coração deles, e
interrogou-os acerca disso. A percepção do Senhor dos
pensamentos dos escribas indica que verdadeiramente Ele é Deus. Se Ele
não fosse Deus, como poderia ter conhecimento dessas coisas? Note que o
Senhor não disse “Que é mais difícil?”, porque para Ele nada é difícil.
Para Ele, dizer “Perdoados são os teus pecados” era mais fácil do que
dizer “Levanta-te e anda”, porque ninguém sabe se os pecados de alguém
estão perdoados ou não. Portanto, é fácil dizer isso. O levantar e andar do
paralítico provam que seus pecados foram perdoados.
A salvação do Senhor não apenas perdoa nossos pecados, mas
também nos faz levantar e andar. Não é levantar e andar primeiro e,
então, ser perdoado de nossos pecados; isso seria por obras. Antes, é ser
primeiro perdoado de nossos pecados e, então, levantar e andar; isso é
pela graça.
O versículo 6 diz: “Mas para que saibais que o Filho do Homem tem
sobre a terra autoridade para perdoar pecados disse então ao paralítico:
Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa”. Perdoar pecados é uma
questão de autoridade na terra. Apenas esse Salvador real, que foi
autorizado por Deus e que morreu para redimir os pecados, tem tal
autoridad5:31; 10:43; 13:38). Essa autoridade era para o estabelecimento
do reino dos céus (Mt 16:19).
O Senhor capacitou o paralítico não apenas a andar, mas também a
pegar o seu leito e andar.
Outrora o leito o carregou; agora ele carrega o leito. Esse é o
poder da salvação do Senhor. Esse paralítico foi trazido ao Senhor pelos
outros, mas foi para casa por si mesmo. Isso indica que por si mesmo o
pecador não consegue ir ao Senhor, mas que mediante a salvação do
219
Senhor o pecador pode partir por si mesmo.
O versículo 7 diz: “E, levantando-se, foi para sua casa”. O fato de o
paralítico levantar-se e partir provou que ele foi curado, e a sua cura
provou que seus pecados foram perdoados. Essa era uma prova forte de
que o Senhor Jesus tinha a autoridade para perdoar os pecados do povo.
O que esses casos revelam a nós não é o poder de Cristo, mas a autoridade
do Rei celestial. A autoridade, é claro, é sustentada pelo poder.
Entretanto, a autoridade é mais elevada que o poder. Alguns podem ter
poder, mas sem autoridade. Para que Jesus, o Senhor, fosse vindicado
como o Rei celestial, havia necessidade de que Ele mostrasse a Seus
seguidores Sua autoridade. Essa autoridade é para lidar com as coisas
negativas, o ambiente de oposição instigado pelos espíritos malignos, os
demônios e os pecados que corrompem. Cristo, como o Rei celestial, tem
toda a autoridade para lidar com tudo isso, e todos são subjugados sob a
Sua autoridade. Isso traz o estabelecimento do Seu reino celestial na terra.
Se reunirmos esses casos registrados em 8:1-9:8, vemos uma clara
figura de quem é esse Rei celestial. Ele é o Salvador dos judeus e
também dos gentios. Ele será o Salvador dos judeus arrependidos e
também será Aquele que restaurará toda a terra no milênio. Ele tem
autoridade sobre o vento, o mar e os demônios. Ele também tem
autoridade para perdoar às pessoas seus pecados e fazer essas pessoas
levantar e andar. Se quisermos seguir esse Rei celestial, não devemos
esperar qualquer desfrute material, e também precisamos ignorar as
obrigações dos mortos e suas tarefas. A visão panorâmica dessa porção da
Palavra fornece um retrato vívido de quem é o Rei celestial.
220
MENSAGEM 27
A. O Chamamento de Mateus
Em 9:9 temos o chamamento de Mateus. Este versículo diz:
“Partindo Jesus dali, viu um homem, chamado Mateus, sentado na
coletoria, e disse-lhe: Segue-Me! Ele se levantou e O seguiu”. Mateus era
também chamado de Levi (Me 2:14; Lc 5:27). Ele era um coletor de
impostos que se tornou um apóstolo pela graça de Deus (Mt 10:2-3; At
1:13, 26). Ele foi o escritor desse Evangelho.
O chamamento de Mateus foi um pouco diferente do chamamento
de Pedra, André, Tiago e João. Quando Pedro e André foram chamados,
eles estavam lançando redes ao mar; e quando Tiago e João foram
chamados, eles estavam remendando suas redes. O Senhor os chamou,
eles deixaram seu trabalho e seguiram-N o. Quando o Senhor Jesus estava
passando pela coletoria, onde os coletores de impostos ficavam, Ele viu
Mateus e o chamou, e Mateus seguiu-O. De acordo com o registro em 9:9
parece que aquela era a primeira vez que o Senhor encontrava
Mateus. Deve ter havido algum poder de atração no Senhor ou em Sua
palavra ou aparência que fizesse com que Mateus O seguisse.
Seguir o Senhor inclui crer Nele. Ninguém O segue a menos que
creia Nele. Crer no Senhor é ser salvo (At 16:31), e segui-Lo é entrar pela
porta estreita e andar no caminho apertado para parti7:13- 14).
227
MENSAGEM 28
229
possamos ser dignos da presença do Noivo.
Não gosto de apresentar meros ensinamentos e doutrinas-prefiro a
prática, a experiência. Deixem- me conferir com vocês: uma vez que
Cristo tomou-se a nova veste após a Sua ressurreição, como, então,
podemos vesti-Lo? Gálatas 3:27 diz: “Porque todos quantos fostes
batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes”. Devemos revestir-nos
de Cristo, e a maneira de fazê-lo é ser batizado
para dentro Dele. Agora devemos ver como podemos ser batizados para
dentro de Cristo. Vimos que após a Sua ressurreição Cristotornou-se
uma nova veste, mas a Bíblia
também nos diz que após a Sua ressurreição Ele tornou-se um Espírito
que dá vida (1Co 15:45). Se Cristo não fosse o Espírito, como poderíamos
ser batizados para dentro Dele? Ao
ser crucificado, sepultado e ressuscitado,
Cristo tomou-se um pneuma que dá vida,
um sopro que dá vida, o ar que vive. Como o sopro, é tão fácil Ele
entrar em nós, e como o ar, é tão fácil nós entrarmos Nele. Cristo em
ressurreição tomou-se um Espírito. Esse Espírito que dá vida é o Todo-
inclusivo. Nesse Espírito está tudo o que Cristo é e tudo o que Ele
realizou. Esse Espírito todo-inclusivo é o próprio Cristo todo-inclusivo, e
esse Cristo como o Espírito é a nova veste para vestirmos.
Portanto, a veste é o Espírito.
Fomos batizados para dentro de Cristo como o Espírito-é assim que
vestimos Cristo. Cristo é o pneuma, o Espírito todo-inclusivo. Quando
somos batizados para dentro Dele, nós O vestimos. Imediatamente Ele,
como o Espírito, torna-se nossa roupa, nossa cobertura, e somos
qualificados. Portanto, a nova veste que devemos vestir é o próprio
Cristo como o Espírito todo-inclusivo.
Esse é o significado da palavra do Senhor em Mateus 28:19: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os no nome do
Pai e do Filho e do Espírito Santo”. A realidade do nome está no Espírito.
Batizar as pessoas para dentro do nome significa batizá-las para dentro do
Espírito, que é Cristo como o pneuma todo-inclusivo. Cristo encarnou-se,
viveu na terra, foi crucificado e realizou a redenção, e foi ressuscitado.
Depois de tudo concluído, Ele tomou-se o pneuma todo-inclusivo em Sua
ressurreição. A encarnação está incluída nesse pneuma; a crucificação e
redenção estão incluídas nesse pneuma; a ressurreição, o poder da Sua
ressurreição e a vida de ressurreição estão todos incluídos nesse pneuma.
Quando fomos batizados Nele, fomos batizados para dentro desse
pneuma. Quando fomos batizados Nele, nós O vestimos. Devemos vestir
Cristo como a nova veste, e essa nova veste é o Espírito todo-inclusi vo.
Cristo não é mais o tecido cru. Ele é agora a veste terminada. Nessa veste
terminada temos a redenção, o poder de ressurreição e todos os
elementos da Pessoa divina. Essa nova veste não é apenas um pedaço de
pano, mas o pneuma divino, o Espírito todo-inclusivo, incluindo a
encarnação de Cristo, Sua crucificação, Sua obra redentora, Sua
ressurreição e Seu poder de ressurreição. Agora Ele é a veste concluída
para vestirmos. Aleluia! podemos vestir tal Cristo!
230
D. Não Pôr Vinho Novo em Odres Velhos
Mateus 9:17 diz: “Nem se põe vinho novo em odres velhos; do
contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem.
Mas, põe- se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam”. A
palavra grega traduzida para “novo” nesse versículo é neos, que significa
novo em tempo, recente, jovem. O vinho novo aqui representa Cristo como
a nova vida, plena de vigor, que empolga as pessoas. O vinho novo é a vida
encorajadora de Cristo. A vida divina é comparada ao vinho que tem poder
animador. Quando recebemos Sua vida, ela opera dentro de nós o dia
todo para nos animar e empolgar. Esse vinho novo fortalece-nos, energiza-
nos e nos faz muito felizes. O Salvador real não é apenas o Noivo para o
desfrute do povo do reino, é também a nova veste para equipá-los e
qualificá-los externamente a fim de participarem da festa de casamento.
Ainda mais, Ele é também a nova vida para animá-los interiormente para o
desfrute Dele como o Noivo. Ele, como o Rei celestial, é o Noivo para o
desfrute das pessoas do reino, e o Seu reino celestial é a festa de casamento
(22:2) para que possamos desfrutá-Lo. Para desfrutá-Lo como o Noivo na
festa do reino, eles precisam Dele como a nova veste exterior e o vinho
novo interior.
Considere novamente o exemplo do filho pródigo. Após vestir a
melhor roupa, o filho pródigo ainda poderia dizer: “Ó pai, a melhor roupa
satisfaz a ti, mas não a mim. Eu ainda estou faminto e preciso ser
satisfeito”. Imediatamente o pai ordenou ao servo para matar o novilho
cevado e disse: “Comamos e regozijemo-nos”. Assim, a provisão do pai
não é apenas para algo exterior, mas também para algo interior.
Precisamos de algo para nos cobrir, e também precisamos de algo para
nos preencher. Somos tão pobres exteriormente e tão vazios
interiormente. Precisamos da veste sobre nós por causa do Pai e do novo
vinho dentro de nós por nossa própria causa. Precisamos tanto da nova
veste como do vinho novo. O Senhor é a nova veste para nós, e Ele é
também o novo vinho. Ele é nossa cobertura e também nosso conteúdo.
Ele não apenas nos qualifica, Ele também nos satisfaz. Portanto, Ele é
nossa qualificação e nossa satisfação, a provisão para nossa necessidade
exterior e para toda nossa fome e sede interiores.
No versículo 17 o Senhor disse que não deveríamos colocar o vinho
novo em odres velhos. “Odres velhos” significam práticas religiosas, tal
como o jejum defendido pelos fariseus na velha religião e pelos discípulos
de João na nova religião. Todas as religiões são odres velhos. Vinho novo
colocado em odres velhos arrebenta os odres pelo seu poder fermentador.
Pôr vinho novo em odres velhos é pôr Cristo como a vida estimulante
dentro de algum tipo de religião. Isso é o que os assim chamados
fundamentalistas e pentecostais estão praticando hoje. Eles tentam
colocar Cristo dentro das suas diferentes práticas de rituais e
formalidades religiosas. O povo do reino nunca deve fazer isso. Eles
devem pôr vinho novo em odres novos.
O vinho novo necessita de um odre, um recipiente. Porque o vinho
novo é cheio de poder fermentador, se você colocá-lo num odre velho, o
231
poder fermentador do vinho novo romperá o odre velho. Toda
prática religiosa é um odre velho. Nesse versículo Cristo parece estar
dizendo aos fariseus e aos discípulos de João: “Jejuar é um odre velho.
Não tente colocar o vinho novo da Minha vida dentro do odre das suas
velhas práticas religiosas. O vinho romperá suas práticas religiosas. O
vinho novo da Minha vida requer um odre novo”.
Alguns, de fato, receberam o vinho novo, mas tentaram tomara
vinho novo de volta e derramá-la num odre velho. Tenho visto esse tipo de
tolice por mais de quarenta anos. Muitas pessoas vieram à igreja em sua
expressão local e provaram o vinho novo. Eles disseram: “Isso é
realmente maravilhoso. É disso que a 'minha igreja' precisa”. Então eles
tentaram levar de volta esse vinho novo para aquele odre velho. Sabe que
aconteceu? O odre velho rompeu-se e o vinho novo foi derramado.
Entretanto, se você colocar o vinho novo num odre novo, ambos serão
preservados.
Temos visto que o vinho novo pertence ao odre novo. Mas hoje o
assim chamado movimento carismático foi trazido ao velho odre católico.
Mesmo algumas igrejas católicas têm missas carismáticas. As coisas
carismáticas foram misturadas com a missa e com a adoração a Maria. Que
confusão! Isso é o fermento misturado com a fina flor de farinha (13:33).
Em outras palavras, é o vinho novo colocado dentro do odre velho.
Desconfio que esse vinho não seja mais o vinho novo, porque ele parece
não ter mais poder fermentador. Se ti vesse, o odre velho romperia. Se o
movimento carismático fosse o genuíno vinho novo cheio do poder
fermentador, romperia aquele velho odre católico.
235
MENSAGEM 29
241
A EXPANSÃO DO MINISTÉRIO DO REI (1)
Agora chegamos à expansão do ministério do Rei (9:3510:15).
245
D. Digno é o Trabalhador do Seu Alimento
Nos versículos 9 e 10 o Senhor disse: “Não vos provereis de ouro,
nem de prata, nem de cobre nos vossos cintos; nem de alforje para o
caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão: porque
digno é o trabalhador do seu alimento”. Os doze apóstolos (enviados para
a casa de Israel, não para os gentios), como trabalhadores dignos do seu
alimento, não precisavam carregar suas necessidades vitais com eles.
(Entretanto, os trabalhadores do Senhor enviados para os gentios não
deveriam receber nada dos gentios-3 João 7). Esse princípio foi mudado
quando o Senhor foi totalmente rejeitado pela casa de Israel (Lc 22:35-
38).
247
MENSAGEM 30
255
VII. O REI CELESTIAL ENSINA E PREGA NAS
CIDADES
Mateus 11:1 diz: “E sucedeu que, quando Jesus acabou de dar
instruções a Seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas
cidades deles”. Depois que o Senhor designou os doze e enviou-os a
espalhar a pregação do reino, Ele mesmo prosseguiu em Seu ministério
ensinando e pregando nas cidades.
MENSAGEM 31
256
fim de provocá-Lo para que Ele o libertasse. Ele sabia que Cristo era
Aquele que havia de vir e enfaticamente O apresentou ao povo (Jo 1:26-
36). Em seguida ele foi colocado na prisão (Mt 4:12) e esperou, contando
que Cristo faria algo para livrá-lo. Embora Cristo tenha feito muito para
ajudar outras pessoas, Ele nada fez por ele. Por essa razão, João estava em
perigo de tropeçar (v. 6). Por isso ele enviou seus discípulos a Cristo com
tal pergunta provocadora. No pensamento de João não havia dúvida de
que Cristo era o Messias. Ele não enviou seus discípulos para perguntar ao
Senhor se Ele era ou não o Messias. Ele estava tentando provocar Cristo
para tirá-lo da prisão. Mas é muito difícil provocar o Senhor Jesus.
Quanto mais você tenta provocá-Lo, mais Ele se torna indiferente a você.
Você nunca O moverá provocando-O. Se tentar fazer isso, Ele ficará
menos disposto a fazer algo por você.
259
mesclados com Ele, até mesmo unidos a Ele. A Primeira Epístola aos
Coríntios 6:17 diz: “Aquele que se une ao Senhor é um espírito com
ele”. Que pode ser mais íntimo do que isso? Esse relacionamento íntimo
com Cristo nos faz maiores do que todos os que nos precederam. Que
grande bênção isso é!
Precisamos perceber em que era estamos vi vendo. Pedro, João e
mesmo Paulo estavam no princípio da era do reino, mas nós estamos no
encerramento desta era. Onde você preferiria estar no início, no meio
ou na conclusão? Martinho Lutero estava no meio, mas não estamos nem
no princípio nem no meio, estamos no final. Grandes homens como
Martinho Lutero estiveram nos ombros dos primeiros apóstolos, mas
agora estamos nos ombros de Martinho Lutero e de outros notáveis.
Portanto, estamos acima de todos eles. Mesmo o menor entre nós é capaz
de dar um forte testemunho de sermos justificados pela fé objetivamente
e subjetivamente. Não considere esses dias como dias insignificantes.
Quando estava buscando o Senhor há cinqüenta anos, a situação
era muito pobre. Gastávamos muito dinheiro em livros e viajávamos para
ver certas pessoas. Não há comparação com a situação de hoje.
Hoje todos vocês estão cheios de riquezas. Minha única preocupação é
que vocês não têm o apetite adequado. Estamos banqueteando todos os
dias. Não estamos no período transitório, não estamos no princípio nem
no meio da era do Novo Testamento; estamos na conclusão desta era. Na
conclusão tudo é melhor, mais elevado e mais rico. Louvamos ao Senhor
que estamos tão próximos a Cristo! Muitas. das mensagens que ouviram
sobre Cristo não foram ouvidas por outros no passado. Muitos de vocês
estiveram no cristianismo por anos. Foi-lhes dito algo do Cristo todo-
inclusivo? Ouviram acerca de comer Jesus? Mas agora estamos comendo-
O e desfrutando-O. Assim, somos maiores. Você ousa dizer que é maior?
De acordo com o princípio na Bíblia, o último é sempre o maior. Os
últimos serão os primeiros. Porque somos os últimos somos os maiores.
E. Ser Elias
o versículo 14 diz: “E, se o quereis aceitar, ele é o Elias que há de
vir”. Malaquias 4:5 profetizou que Elias viria. Quando João Batista foi
concebido, foi dito que ele iria adiante do Senhor no espírito e poder de
Elias (Lc 1:17). Portanto, de certo modo, João pôde ser considerado o
Elias que estava por vir (Mt 17:1O-l3). Entretanto, a profecia de
Malaquias 4:5 será verdadeiramente cumprida na grande tribulação,
quando o verdadeiro Elias, uma das duas testemunhas, virá para
fortalecer o povo de Deus (Ap 11:3-12).
260
G. Desde os Dias de João até Agora o Reino dos Céus é
Tomado por Violência
O versículo 12 diz: “Desde os dias de João Batista até agora, o reino
dos céus é tomado por violência, e os violentos se apoderam dele”. Dos
dias de João Batista até agora, os fariseus violentamente têm tentado
impedir as pessoas de entrar no reino dos céus. Assim, os que desejam
entrar, devem fazê-lo por violência.
263
“Senhor dos céus e da terra”, indicando que Ele estava na terra pelos
interesses de Deus.
3. Agradável ao Pai
O versículo 26 diz: “Sim, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado”.
Era do agrado do Pai que o Filho fosse rejeitado. O Pai agradava-se de ver
a rejeição do Filho. É muito difícil crermos nisso. Se seus pais e parentes
quisessem ser um com você na restauração do Senhor, você ficaria
empolgado e louvaria ao Senhor. Mas você deve louvar ao Senhor pela sua
experiência de rejeição, dizendo: “Louvo-Te, ó Pai, porque Tu és o Senhor
dos céus e da terra. Todas as coisas provêm de Ti, e eu Te louvo por essa
situação”.
A. o Chamamento
No versículo 28 o Senhor fez um chamamento: “Vinde a Mim todos
os que labutais e estais sobrecarregados, e Eu vos darei descanso”. O
Senhor parecia dizer: “Todos os que labutam e estão sobrecarregados,
venham a Mim e descansem. Todos os religiosos e todos vocês, pessoas do
265
mundo, que labutam e estão sobrecarregados, venham a Mim e Eu
lhes darei descanso”. Que palavra graciosa! O cansaço mencionado no
versículo 28 refere-se não apenas ao esforço de guardar os mandamentos
da lei e os regulamentos religiosos, mas também o empenho de ser
bem sucedido em toda obra. Os que assim fazem estão sempre
excessivamente sobrecarregados. Após o Senhor ter louvado o Pai,
confessando a Sua vontade e declarando a economia divina, Ele chamou
essas pessoas para ir a Ele e descansar. Descansar não se refere apenas a
estar livre do cansaço e de sob a carga da lei e da religião ou de
qualquer obra e responsabilidade, mas também à perfeita paz e total
satisfação.
B. O Caminho
1. Tomar o Jugo do Rei Celestial
Nos versículos 29 e 30 temos o caminho para descansar: “Tomai
sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de
coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é
suave e o Meu fardo é leve”. Tomar o jugo do Senhor é tomar a vontade do
Pai. Não é ser regulado ou controlado por qualquer obrigação da lei ou da
religião, nem ser escravizado por qualquer obra, mas ser constrangido pela
vontade do Pai. O Senhor viveu tal vida, não se importando com nada
senão coma vontade de Seu Pai (104:34; 5:30; 6:38). Ele se submeteu
totalmente à vontade do Pai (26:39, 42). Por isso Ele nos pede para
aprender Dele. A vontade de Deus é o nosso jugo. Assim, não estamos
livres para fazer o que nos agrada; antes estamos sob jugo. Jovens, não
pensem que são tão livres ou liberados. Na restauração do Senhor todos
fomos subjugados. Quão bom é ser subjugado! O jugo do Senhor é suave e
Seu fardo é leve. O jugo do Senhor é a vontade do Pai, e Seu fardo é
realizar a vontade do Pai. Tal jugo é suave, não penoso, e o Seu fardo é
leve e não pesado.
A palavra grega traduzida para “suave” significa própria para uso;
conseqüentemente, boa, amável, branda, delicada, confortável, agradável,
em contraste ao que é difícil, desagradável, brusco e penoso.
2. Aprender Dele
No versículo 29 o Senhor nos fala de aprender Dele. Ele é manso e
humilde de coração. Ser manso significa não resistir a qualquer oposição,
e ser humilde significa não se considerar em alta conta. Em toda
oposição o Senhor era manso e em toda rejeição Ele era humilde de
coração. Ele submetia-se totalmente à vontade do Pai, não pretendendo
fazer algo por Si nem esperando obter algo para Si. Por isso, apesar da
situação, Ele tinha descanso no coração. Ele estava totalmente satisfeito
com a vontade do Pai.
O Senhor disse que se tomarmos sobre nós o Seu jugo e
aprendermos Dele, encontraremos descanso para nossa alma. O
266
descanso que achamos tomando o jugo do Senhor e aprendendo Dele é
para a nossa alma. É um descanso interior; não algo meramente exterior.
Se quando ministramos sofremos oposição, e resistimos, não
teremos paz. Mas se em vez de resistir, submetemo-nos à vontade do Pai,
testificando que a oposição procede Dele, teremos descanso em nossa
alma. João Batista não considerou seu aprisionamento como proveniente
do Pai; por isso, ele não teve descanso. Se tivesse percebido que sua
prisão procedia da vontade do Pai, ele estaria descansando, ainda que na
prisão. Cristo, o Rei celestial, sempre se submeteu à vontade do Pai,
tomando a vontade de Deus como Sua porção e não resistindo a coisa
alguma. Assim, Ele descansava todo o tempo. Devemos aprender Dele e
também ganhar essa visão. Se o fizermos teremos descanso em nossa
alma.
267
MENSAGEM 32
3. A Defesa do Rei
Esse ambiente proporcionou ao Senhor Jesus a oportunidade de
269
revelar-Se mais. Para os fariseus, Jesus tinha sido pego. Mas para o
Senhor Jesus aquela foi uma oportunidade de revelar a eles e aos
discípulos quem Ele era. Até aqui, Ele tinha sido revelado como o Médico,
o Noivo, o Pastor e o Senhor da seara. Após ser pego pelos fariseus, o
Senhor revelou-se em pelo menos cinco outros aspectos principais.
272
sábado, e tudo o que fizesse seria justificado por Ele mesmo. Ele estava
acima de todos os rituais e regulamentos. Porque Ele estava ali, nenhuma
atenção deveria ser dada aos rituais e regulamentos.
274
II. A REJEIÇÃO CAUSOU O VOLTAR-SE AOS GENTIOS
A. O Rei Afastou-se dos que O Rejeitavam
Essa rejeição fez com que o Rei com Sua salvação real se voltasse dos
judeus para os gentios (12:15-21). O versículo 15 diz: “Mas Jesus,
sabendo disso, retirou-se dali”.
277
MENSAGEM 33
281
O capítulo 12 de Mateus ocupa um lugar especial no Novo
Testamento porque revela que Satanás tem um reino, que Satanás é o
homem forte que usurpa todas as pessoas criadas por Deus, e que para
tirar as pessoas da sua mão usurpadora há a necessidade de amarrá-lo. A
maneira de amarrar o homem forte é orando e jejuando. A batalha
desvendada no capítulo 12 não é vista nos onze capítulos anteriores.
Naqueles capítulos vemos o descanso e a quebra dos regulamentos por
causa do Cabeça e dos membros do Corpo. Mas não vemos o reino das
trevas. Há dois reinos na terra: um é o reino das trevas e o outro é o
reino dos céus na luz. Esses dois reinos estão agora enfrentando um ao
outro na terra. Por isso há a necessidade de lutar a batalha. Todos
devemos orar e jejuar para amarrar o homem forte. Então seremos
capazes de saquear sua casa.
Isso é uma verdadeira revelação. Muitos cristãos não lêem Mateus
12 dessa maneira porque não vêem o reino. Para eles, o reino é
simplesmente um termo doutrinário ou algo suspenso para um tempo
futuro. Mas percebemos que tudo o que o Senhor está fazendo conosco
hoje é para o estabelecimento do reino dos céus. Somos o povo do reino.
Hoje uma batalha está sendo travada entre dois reinos. A continuação do
ministério do Senhor produziu a oportunidade para essa revelação
adicional.
5. Quem Não é pelo Rei é contra o Rei e quem com Ele Não
Ajunta, Espalha
No versículo 30 o Senhor diz: “Quem não é Comigo, é contra Mim;
e quem Comigo não ajunta, espalha”. Naquele tempo os fariseus não eram
um com o Rei celestial, então eles eram contra Ele. Eles não estavam
ajuntando com Ele, mas espalhando. Portanto, estavam absolutamente
separados Dele e unidos a Seu inimigo, Satanás.
283
8. A Árvore é Conhecida pelos Frutos
No versículo 33 O Senhor disse: “Ou fazei a árvore boa e o seu fruto
bom, ou fazei a árvore corrupta e o seu fruto corrupto; porque pelo fruto
se conhece a árvore”. Uma árvore é conhecida pelo seu fruto. A
malignidade dos fariseus foi exposta pelos seus feitos maus.
284
MENSAGEM 34
286
Esses tipos indicam que Cristo, quer como o Profeta enviado por
Deus, quer como o Rei ungido por Deus, se voltaria de Israel para os
gentios, como profetizado nos versículos 18 e 21.
De acordo com a história, o rei Salomão precedeu Jonas, o profeta.
Mas de acordo com o significado espiritual, Jonas veio primeiro, como
registrado em Mateus. Isso também prova que o relato de Mateus não
está de acordo com a seqüência histórica, mas com a seqüência
doutrinária. De acordo com a doutrina, Cristo deve primeiro morrer e ser
ressuscitado; então Ele edifica a igreja e fala a palavra de sabedoria. Esse é
o verdadeiro sinal para esta geração, tanto para os judeus como para os
gentios (1Co 1:22, 24).
Pela Sua palavra nos versículos 40 a 42 o Senhor profetizou
detalhadamente com respeito a Sua morte, sepultamento e ressurreição.
Jonas era uma prefiguração de Cristo em Sua morte e sepultamento, e
Salomão era um tipo de Cristo em Sua ressurreição. Se os fariseus não
fossem obstinados teriam percebido que tais palavras não foram faladas
levianamente. Antes, as palavras do Senhor eram muito graves,
importantes e significativas. Os fariseus não deveriam tê-las considerado
sem importância. Se estivéssemos lá e ouvíssemos essas palavras,
certamente as teríamos considerado sérias, pesadas e cheias de
significado. Se os fariseus tivessem recebido a palavra do Senhor, teriam
se arrependido e crido após o Senhor ser crucificado, sepultado e
ressuscitado. Em Sua resposta aos fariseus o Senhor foi misericordioso.
Embora pareça que Ele os estava repreendendo, Ele foi muito mais
misericordioso que reprovador. Deu-lhes os sinais de Jonas e de Salomão,
indicando que Ele estava para ser morto, sepultado e ressuscitado. Sua
morte e ressurreição seria o único sinal para esta era e para aquela
geração. Isso é também verdade hoje, no século XX. A morte e a
ressurreição de Cristo são ainda os únicos sinais para esta era. Sua morte
é verdadeiramente significativa e Sua ressurreição é cheia de significado.
Todavia, os fariseus obstinados, representando aquela geração maligna e
adúltera, não se importaram.
A palavra do Senhor com respeito a Jonas e Salomão também
indicava que daquele momento em diante Ele não faria nenhum milagre
para o povo judeu. Até que morresse e fosse sepultado, Ele não lhes daria
nenhum sinal. Sua morte e ressurreição tomou-se o verdadeiro sinal para
todos os judeus obstinados. Eles foram os únicos sinais para aquela
geração.
V. A GERAÇÃO QUE REJEITOU O REI TORNA-SE
PIOR
Os versículos 43 a 45 indicam que a geração que rejeitou o Rei
tomou-se pior. O versículo 43 diz: “Quando o espírito imundo sai do
homem, anda por lugares áridos, procurando repouso, e não o encontra”.
O espírito imundo, um demônio (v. 22), busca descanso, mas não pode
encontrá-lo em lugares áridos, porque o lugar de habitação dos
demônios, após o julgamento de Deus pela água em Gênesis 1:2, é o mar.
Uma vez que o demônio não pode achar descanso em lugares secos, ele
287
retoma ao corpo do homem que originalmente o possuiu e faz ali sua
morada (vs. 44-45).
Os versículos 44 e 45 continuam: “Então diz: Voltarei para minha
casa donde saí. E, chegando, a encontra desocupada, varrida e
ornamentada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos, mais
malignos do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele
homem toma-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a esta
geração maligna”. Doutrinariamente o versículo 43 é uma continuação do
versículo 22. Entre eles há um relato da rejeição dos judeus a Cristo e do
abandono de Cristo em relação a eles. Aqui o Senhor comparou a geração
maligna dos judeus que O rejeitaram a homens possessos. Aos olhos do
Senhor, os judeus que O rejeitaram eram como endemoninhados. Os
dois sinais, o de Jonas e o de Salomão indicavam que os gentios se
arrependeriam, mas o caso do homem possesso indicava que os judeus
não se arrependeriam. Eles apenas removeriam a sujeira e adicionariam
algumas coisas agradáveis para embelezarem-se, mas não receberiam
Cristo para enchê-los. Antes eles permaneceram vazios e desocupados.
Essa é a condição dos judeus hoje. Próximo ao fim desta era se tomarão
sete vezes mais endemoninhados, e o estado deles se tomará pior do que
antes.
O Senhor Jesus comparou aquela geração
maligna a uma pessoa de quem o demônio tinha saído. Porque aquela
pessoa não quis se arrepender e aceitar Cristo, ela
permaneceu vazia. Embora o demônio tenha sido expulso,
Cristo não pôde entrar. Portanto aquela pessoa era como uma casa
vazia. O Senhor Jesus disse que esta geração era como tal pessoa.
O Senhor descreve essa casa com três
palavras: vazia, varrida e ornamentada. Essa palavra era também uma
profecia que foi cumprida; contudo ainda está para ser cumprida.
Os judeusque retomaram para formar a nação
de Israel são varridos, ornamentados e vazios. Toda a
nação de Israel hoje tem sido limpa e muitas coisas foram expulsas. Além
disso, eles têm sido ornamentados com várias coisas boas; os judeus se
sobressaem na ciência e em outras áreas. Entretanto, a nação de Israel
permanece vazia. A palavra do Senhor nesses versículos é uma predição
da atual geração obstinada.
Amo Israel, mas devo falar segundo a revelação de Deus. Em
recente visita a Israel, vimos que os judeus estão varridos, limpos e
ornamentados, mas estão vazios. Estou de acordo com a palavra do
Senhor. Quando o demônio percebeu que a pessoa estava vazia, ele levou
outros sete espíritos mais malignos que ele, e agora todos eles vieram
ocupar a vaga. Isso indica que ano após ano a nação de Israel se tornará
mais demoníaca. Mais e mais coisas
demoníacas serão encontradas lá. Os judeus são como uma casa limpa,
mas eles não aceitam Cristo e não O recebem. Antes, permanecem vazios.
Considere a nação de Israel hoje. Qual é a meta dos judeus? Muitos
diriam que eles não têm outro objetivo senão o de manter a existência da
288
sua nação. Mas esse não deve ser o objetivo deles. Se a nação de Israel
existe ou não, não depende do esforço dos judeus; depende da
misericórdia de Deus. Não estou preocupado com a existência da nação de
Israel. Deus a restaurou e ninguém pode revogá-la. Tudo o que os árabes
estão fazendo é em vão, porque a restauração da nação de Israel é obra de
Deus. Entretanto, a nação de Israel hoje não tem uma meta;
conseqüentemente, ela está vazia.
Ti ve clareza quanto a essa porção sobre Israel há mais de quarenta
e cinco anos. Naquele tempo, é claro, não pude ver a restauração de Israel
ou o retomo de Jerusalém. Nunca esquecerei o dia quando li, no jornal,
em Xangai, sobre a restauração de Israel; nem esquecerei o dia, em 1967,
quando ouvi que Jerusalém retornara para Israel. Sem dúvida Israel
existirá como nação até a volta do Senhor. Minha preocupação é que
Israel permaneça vazio. Por que os judeus não aceitam o Messias deles?
Por que eles não querem permitir que Cristo os ocupe? Hoje eles
permanecem vazios e sua situação se tornará cada vez pior.
289
nascimento naturais, mas pelo nascimento espiritual em nosso espírito.
Aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele (1Co 6:17). Agora
somos não apenas Seus irmãos e irmãs; somos um espírito com Ele, um
só Corpo Nele e um novo homem Nele.
No final do capítulo 12 o Senhor Jesus fez uma clara declaração a
todo o universo que Ele desistiu de Israel segundo o sangue natural.
Assim, Romanos 11 diz que Israel foi cortado. Esse corte ocorreu no final
de Mateus 12. Romanos 11 também diz que os gentios foram enxertados.
Isso também ocorreu no final de Mateus 12. Na próxima mensagem
veremos os mistérios do reino. Naquele capítulo não mais vemos Israel,
mas os gentios que foram enxertados como a igreja.
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