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Como

será o inferno?
Santo Afonso de Ligório

Publicado pela primeira vez em 1959 por Liguorian Panphlets, Redentoristas


Padres, Liguori, Missouri. Reimpresso em 1983 pela OBI Victory Mission, Inc.
por acordo com a Liguori Publications, Liguori, Missouri. Retypeset e
republicado em 1988 pela TAN Books.

1988
McCormick, C.SS.R.
Provincial, Provı́ncia de St. Louis
, 15 de junho de 1959

E. Ritter
Arcebispo de St. Louis
, 24 de junho de 1959
“ E vi um grande trono branco e um sentado sobre ele, de cuja
presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para
eles. E eu vi os mortos, grandes e pequenos, em pé na presença do
trono, e os livros foram abertos, que é o livro da vida; e os mortos
foram julgados por aquelas coisas que estavam escritas nos
livros, de acordo com suas obras. . . E todo aquele que não foi
achado inscrito no livro da vida, foi lançado na piscina de fogo . ”

—Apocalipse 20: 11-12, 15


Esperamos recompensa ou punição .
Ensino de Filósofos Pagãos
Crença dos Pagãos
Onde está localizado o inferno?
Ensino católico
O inferno é um lugar definido
Dores do Inferno
Fogo do inferno
Uma alma espiritual pode sentir fogo?
Punição por resfriado
Remorso de consciência
Sofrendo de demô ios e escuridão
Dor da Perda de Deus
Ensino de São Tomás
Deus faz o paraı́so
Deus faz o inferno
A escolha eterna é feita durante a vida
A maior dor do inferno .
Os malditos não se esquecem
Os malditos não sabem nada sobre nó s
Os condenados têm fé?
A vontade está posta no mal
Os malditos desejam o mal para os outros?
Caso do Homem Rico no Inferno
Os condenados se arrependem do pecado?
Odio de deus
O maldito desejo de ser destruı́do?
A punição do inferno é eterna
Esta punição não é injusta
Como a punição é medida
A paciência de deus
A parábola de Jesus sobre os mergulhos e Lázaro
A Visão do Inferno das Crianças de Fátima
Como será o inferno?

Embora muitos dos pagã os fossem ateus verdadeiros, considerando o


Inferno uma fá bula inventada para assustar os ı́mpios, os mais
renomados dos antigos iló sofos como Só crates, Xenofonte, Aristó teles,
Platã o e outros nã o tiveram di iculdade em admitir a existê ncia de uma
vida futura - um Um paraı́so onde os bons serã o recompensados e um
inferno onde os maus serã o punidos. Somente o mais pervertido dos
homens negará que existe um Deus, o Criador e Governador de todas as
coisas. Esses homens preferem negar a existê ncia de Deus do que
enfrentar o justo castigo de seus pró prios erros.

Esperamos recompensa ou punição

Por um lado, os homens sabem perfeitamente bem que Deus é um


justo recompensador do bem e, ao mesmo tempo, vê em no mundo
inú meros homens ı́mpios que vivem em meio à prosperidade, enquanto
muitos dos virtuosos vivem suas vidas no no meio da a liçã o e do
infortú nio. Conseqü entemente, a maioria das pessoas está convencida
de que, apó s esta vida mortal, existe outro mundo no qual o vı́cio deve
ser castigado e a virtude recompensada como merece.

Ensino de Filósofos Pagãos

O mais famoso dos iló sofos pagã os nã o hesitou em ensinar que
existe na outra vida um Cé u e um Inferno. Xenofonte e Só crates, por
exemplo, observaram que, "Há recompensas para aqueles que agradam
a Deus e puniçõ es para aqueles que O desagradam." Os mesmos
sentimentos sã o expressos por Platã o, Plutarco e outros. Embora me
abstenha de citar passagens desses iló sofos, não posso ignorar duas
belas passagens do grande orador Cı́cero. No primeiro, ele exclama: “Não
desejo ter parte com aqueles que recentemente começaram a
ensinar que as almas morrem junto com os corpos e que tudo é
destruı́do pela morte. De muito mais peso para mim é a autoridade dos
antigos iló sofos e de nossos pró prios ancestrais. Eles prestavam
homenagem religiosa aos mortos e consideravam que sua entrada no
Cé u deveria ser facilitada para todo homem bom e justo. ” A segunda
passagem é ainda mais objetiva: “Essas almas, que foram manchadas
pelos vı́cios desta vida, seguirã o o caminho falso que as separa da
companhia dos deuses; por outro lado, aqueles que se preservaram
puros e castos, encontrarã o fá cil acesso à divindade, a fonte de sua
existê ncia. ”

Crença dos Pagãos

Entre as fá bulas dos povos pagã os, inú meros sã o os contos que,
embora ictı́cios, atestam a crença dessas pessoas na existê ncia de um
lugar de puniçã o na vida futura. Para nó s, cristã os, no entanto, essa
crença dos antigos pagã os e de seus iló sofos é apenas um argumento
que a fundamenta. Pois temos a palavra do pró prio Deus, atestando a
existê ncia do Inferno em inú meras passagens da Sagrada Escritura.

Onde está localizado o inferno?

A questã o do lugar onde o Inferno está situado tem sido uma


questã o de conjectura entre os Padres da Igreja e teó logos. Sã o Joã o
Crisó stomo, por exemplo, era da opiniã o de que se situava fora dos
limites deste universo. Mais comumente e com mais razã o, outros
teó logos pensam que o Inferno está situado dentro da pró pria
terra. Alguns chegaram mesmo a declarar que está perto da superfı́cie
do globo, baseando sua opiniã o, de forma bastante estranha, na
existê ncia de muitas montanhas vulcâ nicas como o Vesú vio, as Ilhas
Vulcâ nicas, MT. Etna e outros.
Ensino católico

Alé m dessas opiniõ es discutı́veis, um grupo de hereges conhecidos


como Ubiquitistas a irmava que o Inferno nã o se restringe a nenhum
lugar determinado, mas pode ser encontrado em toda parte, já que
Deus nã o destinou nenhum lugar especial para os condenados. Esta
opiniã o, entretanto, é evidentemente falsa e contrá ria à crença comum
da Igreja Cató lica que nos ensina que Deus estabeleceu um lugar
de inido para os demô nios e os ré probos, como é evidente em vá rios
textos da Sagrada Escritura. Sã o Jerô nimo deduz isso especi icamente
de uma passagem no livro de Nú meros ( Números 16: 31-33). Aqui é
descrito o destino de Datã e Abı́ron que foram precipitados no Inferno,
caindo em um abismo que se abriu sob seus pró prios pé s. Ao mesmo
tempo, uma grande chama irrompeu da terra e matou duzentos e
cinquenta homens que foram cú mplices de seus pecados. Alé m disso,
em muitas passagens da Sagrada Escritura, a palavra “descer” é usada
em referê ncia ao Inferno, indicando que o Inferno está situado nas
entranhas da terra.

O inferno é um lugar de inido

Esta a irmaçã o é con irmada por uma passagem de Sã o Lucas


(16:22): “Mas o rico també m morreu e foi sepultado no inferno”. O texto
sagrado emprega a palavra “enterrado”, porque os enterros sã o feitos
dentro da terra. Alé m disso, o pró prio homem rico descreve o Inferno
como um “lugar de tormento” (Lc 16:28), con irmando a opiniã o de que
o Inferno é um lugar determinado e de inido. Em outro lugar, é
chamado de “lago”; “Tu me salvaste daqueles que descem ao lago”
( Salmos 29: 3); e em outro lugar, uma piscina: “E o diabo que os
enganava foi lançado na piscina de fogo e enxofre”. ( Apoc . 20: 9). E
evidente, portanto, que o Inferno é um lugar determinado, e muito
provavelmente situado dentro da terra. Mas onde, precisamente, ele
está situado, seja no centro da terra ou mais perto da superfı́cie, nã o
pode ser determinado a partir de qualquer documento revelado. Santo
Tomá s també m declarou que as dimensõ es do Inferno, que será a
morada dos condenados apó s a ressurreiçã o, nã o podem ser
determinadas.

Dores do Inferno

Tratemos agora das dores do Inferno e, em primeiro lugar, das


dores dos sentidos. Santo Tomá s prova que o fogo do Inferno é um fogo
corpó reo e material, embora na maior parte nã o escreva sobre o fogo
que atormenta as almas separadas de seus corpos, mas sobre o que os
condenados devem suportar apó s sua ressurreiçã o corpó rea. . Muitos
hereges a irmam que o fogo do Inferno nã o é material, mas apenas fogo
metafó rico ou imaginá rio. Existem numerosos textos na Sagrada
Escritura, no entanto, que demonstram que o fogo do Inferno é um fogo
verdadeiro, material e corpó reo. Lemos, por exemplo, no livro de
Deuteronô mio: “Na minha ira se acendeu um fogo e arderá até o mais
profundo do inferno.” ( Deut . 32:22). E no livro de Jó : “Um fogo que nã o
se acende o devorará ” ( Jó 20:26), revelando que esse fogo do Inferno
nã o precisa ser alimentado, mas, uma vez aceso por Deus, arde
eternamente. Existem vá rias passagens no livro de Isaias que se
referem a este fogo do Inferno: “Qual de vó s pode habitar com o fogo
consumidor? qual de vó s habitará com as chamas eternas?
” (33:14); "Seu verme nã o morrerá , e seu fogo nã o se apagará , e eles
serã o uma visã o repulsiva para toda a carne." (66:24). "Ele dará fogo e
vermes em suas carnes, para que queimem e possam sentir para
sempre." ( Judith 16:21).

Fogo do inferno

Na pará bola do Evangelho, o homem rico sepultado no Inferno


clama a Lá zaro: “Estou atormentado por esta
chama”. ( Lucas 16:24). Ele diz, “nesta chama”, para mostrar que o fogo
do Inferno é um fogo de um tipo particular, um fogo preparado
expressamente para vingar os danos que o pecado fez a Deus pelos
prazeres carnais. Pois, como observa o livro do Eclesiá stico, "a vingança
sobre a carne do ı́mpio é fogo e vermes". ( Ecl . 7:19). Portanto, Santo
Tomá s argumenta que esse fogo será o instrumento da justiça vingativa
do Deus Todo-Poderoso.

Uma alma espiritual pode sentir fogo?

Mas aqui se coloca uma di iculdade: como é possı́vel que o fogo


corporal atormente a alma espiritual? Em resposta a esta pergunta,
podemos apenas dizer que sabemos que isso pode ser feito. Talvez a
resposta esteja nesta explicaçã o de muitos teó logos. O fogo material do
Inferno receberá um poder extraordiná rio de Deus, por meio do qual
será capaz de prender a alma espiritual ao seu lugar de tormento,
causando à alma indescritı́vel humilhaçã o e dor.

Punição por resfriado

Nesse mesmo incê ndio, comenta Sã o Tomá s, os corpos dos


condenados, alé m do intenso calor, passarã o por um frio intenso,
passando de um para o outro, sem conhecer um momento de
alı́vio. Assim, os estudiosos das Escrituras explicam a passagem do livro
de Jó : “Passe ele da á gua da neve ao calor excessivo, e o seu pecado até
o inferno.” ( Jó 24:19). Conseqü entemente, Sã o Jerô nimo diz, os
condenados no Inferno suportam todos os seus tormentos neste ú nico
fogo.

Remorso de consciência

Alé m de seus sofrimentos com o calor e o frio do fogo do Inferno, a


Sagrada Escritura enumera uma sé rie de outros tormentos que a ligirã o
os condenados. Um deles é o “verme”, ao qual as Escrituras se referem
com frequê ncia. Alguns comentaristas explicaram este “verme” como
uma coisa material, que se alimentará , sem consumir, a carne dos
condenados. Mas a maioria dos teó logos explica isso metaforicamente
como o remorso de consciê ncia que a ligirá os condenados no fogo e
nas trevas do Inferno. Para sempre eles terã o gravado em suas
memó rias os resultados de seus pecados; Eles repetirã o para sempre as
palavras atribuı́das a eles no livro de Sabedoria: “Erramos no caminho
da verdade, nos cansamos no caminho da iniqü idade e da destruiçã o e
caminhamos por caminhos difı́ceis. O que o orgulho nos bene iciou? ou
que vantagem nos trouxe a ostentaçã o de riquezas? . . . Os pecadores
disseram coisas como essas no inferno. ” ( Sb 5: 6-14).

Sofrendo de demônios e escuridão

Somado ao seu pró prio remorso de consciê ncia, os condenados


també m serã o atormentados pelas reprovaçõ es dos demô nios. Este
será um dos castigos mais crué is dos condenados: os demô nios, que sã o
seus inimigos, irã o continuamente zombar deles e lembrá -los de seus
pecados. Nem os sofrimentos dos corpos dos condenados cessarã o
aqui. Eles també m serã o a ligidos pela terrı́vel escuridã o do Inferno,
descrita pelo santo homem Jó : “Antes que eu vá , e nã o volte mais, para
uma terra que está escura e coberta com a né voa da morte: uma terra
de misé ria e trevas , onde a sombra da morte, e sem ordem, mas o
horror eterno habita. ” ( Jó 10:22).

Dor da Perda de Deus

Um certo autor escreveu, mas com poucos fundamentos, que a dor


da perda é a mesma para todos os ré probos. Mas parece muito mais
prová vel para mim e para a maioria dos teó logos que, embora os
condenados sejam igualmente privados de Deus, esta dor irá , no
entanto, a ligir cada um de acordo com a medida de suas faltas e o
conhecimento que ele terá no Inferno do Deus a quem ele perdeu. Pois
é difı́cil acreditar que algué m que perdeu Deus por causa de um pecado
mortal será atormentado da mesma forma que algué m que O perdeu
por cem pecados. E igualmente inconcebı́vel para mim, por exemplo,
como algué m que esteve no estado de pecado por apenas um dia, pode
ser chamado a suportar o mesmo grau de puniçã o que aquele que
permaneceu neste estado por um ano inteiro. Pois, assim como aquele
que amou a Deus mais ardentemente durante sua vida, desfrutará mais
dele no cé u, por causa do conhecimento do imenso bem que entã o
possuirá , també m o condenado, que se privou de seu Deus, será mais
severamente atormentado por compreender mais profundamente o
grande bem que ele perdeu.

Ensino de São Tomás

Sã o Tomá s descreve para nó s perfeitamente no que consistirá a


felicidade dos eleitos e o tormento dos ré probos. No que diz respeito ao
seu intelecto, observa o Santo, o homem encontrará completa alegria na
visã o de Deus; mas, no que diz respeito à s suas afeiçõ es, ele encontrará
completa satisfaçã o na uniã o permanente de sua vontade com a in inita
bondade de Deus. Por outro lado, o tormento do condenado consistirá
em ser privado de toda luz divina em seu intelecto e em encontrar suas
afeiçõ es obstinadamente afastadas da Divina Bondade. Em outro lugar,
o santo Doutor ensina que, embora a puniçã o do fogo seja mais terrı́vel,
essa separaçã o de Deus é , no entanto, um tormento maior do que o do
fogo.

Deus faz o paraíso

Em suma, é Deus quem será o nosso paraı́so, pois Ele abrange


todos os bens em si mesmo, como Ele mesmo uma vez declarou a
Moisé s: “Eu te mostrarei todo o bem”. ( Ex . 33:19). Essa també m foi a
promessa que Ele fez a Abraã o por causa de seus mé ritos: “Nã o temas,
Abrã o, eu sou teu protetor, e tua recompensa extremamente
grande”. ( Gênesis 15: 1). E que maior recompensa pode Ele prometer
do que Ele mesmo, que é o ú nico bom que abrange todos os outros
bens?

Deus faz o inferno

E també m Deus quem fará o Inferno, pois, como observa Sã o


Bernardo, Ele mesmo será o castigo dos condenados. Pois assim como
os eleitos serã o supremamente felizes porque Deus é por ele, e ele é por
Deus, assim també m o ré probo será infeliz, porque Deus nã o é mais
para ele, e ele nã o é mais para Deus. Ouçamos a ameaça que Deus fez
contra aqueles que se recusaram a pertencer a Ele durante esta vida:
“Chame o seu nome, nã o o meu povo”; pois você nã o é meu povo, e eu
nã o serei seu. ” (Ver 1: 9) . E nisso, entã o, que o tormento dos
condenados consistirá ; consiste na primeira frase que Jesus Cristo
pronunciará sobre Seus inimigos: “Afasta-te de mim para o fogo
eterno”. Esta separaçã o eterna constituirá o Inferno para os
condenados.

A escolha eterna é feita durante a vida

Por enquanto, os pecadores, cegos pelos bens aparentes desta


terra, optam por viver longe de Deus e dar as costas a Ele. E se Deus,
que nã o pode habitar com o pecado, desejar entrar em seus coraçõ es
expulsando o pecado deles, eles nã o se envergonham de repeli-Lo,
exclamando: "Afasta-te de nó s, nã o desejamos o conhecimento dos teus
caminhos." ( Jó 21:14). Afasta-te de nó s, nã o queremos seguir os teus
caminhos, mas os nossos, as nossas paixõ es, os nossos prazeres. A
grande multidã o, diz a Sagrada Escritura, “que dorme no pó da terra,
despertará ; uns para a vida eterna e outros para o opró brio, para ver
sempre? ' ( Dan . 12: 2). Sim, esses infelizes agora dormem na poeira de
sua cegueira; mas, na outra vida, infelizmente para eles, eles vã o
despertar e perceber o imenso bem que perderam ao perder
voluntariamente a Deus.

Maior Dor do Inferno

A espada que os traspassará com a maior tristeza será o


pensamento de terem perdido Deus e de tê -lo perdido por sua pró pria
culpa. Infelizmente eles sã o! Eles agora procuram perder Deus de vista,
mas uma vez caı́dos no Inferno, eles nã o serã o mais capazes de parar de
pensar Nele, e nisso consistirá seu castigo.
Santo Agostinho diz que no Inferno, os condenados serã o forçados
a pensar em nada alé m de Deus, e isso lhes causará um terrı́vel
tormento. E St. Bona-venture, expressando os mesmos sentimentos, diz
que nenhum pensamento atormentará os condenados mais do que o
pensamento de Deus. O Senhor concederá a eles um conhecimento tã o
vı́vido de seu Deus ofendido, Sua bondade tã o indignamente rejeitada e,
conseqü entemente, do castigo que seus crimes mereceram, que esse
conhecimento lhes causará um sofrimento maior do que todos os
outros castigos de Inferno.
Lemos no livro de Ezequiel: “Sobre as cabeças das criaturas vivas
estava a semelhança do irmamento, como a aparê ncia de um cristal
terrı́vel de se ver, e estendido sobre suas cabeças
acima.” (1:22). Explicando essas palavras, um autor diz que os
condenados terã o continuamente diante de seus olhos um terrı́vel
cristal ou espelho: com o auxı́lio de alguma luz fatal, verã o, por um lado,
o imenso bem que perderam ao perder voluntariamente a graça divina.
, e, por outro lado, eles verã o a face justamente irada de Deus; e esse
tormento superará em um milhã o de vezes todos os outros castigos do
Inferno.
Sobre o mesmo assunto, o autor Cajetan faz a seguinte re lexã o
sobre as palavras de Davi: “Os ı́mpios serã o lançados no inferno, todas
as naçõ es que se esquecem de Deus”. (Salmos 9:18). O Profeta, diz este
autor, nã o fala aqui de uma mudança de coraçã o ou conversã o, mas do
espı́rito dos pecadores. Pois assim como os pecadores nã o desejam
pensar em Deus durante esta vida, para que nã o sejam forçados a
renunciar à s suas paixõ es, eles serã o forçados - apesar de si mesmos e
por um justo castigo - a pensar continuamente em Deus no Inferno. Eles
gostariam de excluir toda a lembrança de Deus de suas mentes, mas
serã o forçados a pensar sempre Nele, lembrando assim todos os
benefı́cios que receberam Dele, bem como as ofensas que cometeram
contra Ele e por que eles foram separados Dele por toda a eternidade.

Os malditos não se esquecem

Vamos agora considerar brevemente a condiçã o do intelecto dos


condenados no Inferno. Santo Tomá s diz que os condenados serã o
capazes de se lembrar de todos os assuntos do conhecimento natural
que adquiriram aqui na terra, pois esse conhecimento adquirido
permanecerá em suas almas apó s a morte. Isso é evidente també m nas
Sagradas Escrituras, na resposta de Abraã o ao homem rico sepultado
no Inferno: “Filho, lembra-te que recebeste coisas boas durante a tua
vida.” ( Lucas 16:25). Esta, entã o, é a conclusã o do Doutor Angé lico:
Assim como nos eleitos nã o haverá nada que nã o seja um assunto de
felicidade para eles, també m nos condenados nã o haverá nada que nã o
seja um assunto de tormento para eles. . Conseqü entemente, os
condenados preservarã o em suas memó rias as coisas que conheceram
aqui na terra, nã o, é verdade, para seu consolo, mas apenas para
aumentar seu tormento. Alé m disso, durante esta vida, a alma é
freqü entemente impedida de considerar pensamentos que lhe seriam
desagradá veis, por causa de sofrimentos e ansiedades corporais; mas
no Inferno a alma nã o estará mais sujeita a esta in luê ncia do
corpo. Conseqü entemente, no Inferno a alma nã o será mais impedida
de considerar as coisas que podem ser uma causa de tortura para
ela. Da mesma forma, no Inferno a alma de um homem terá
constantemente em sua memó ria todos os apelos divinos feitos a ela
durante a vida, bem como o nú mero de pecados que ele cometeu, cada
um dos quais buscará para ele um novo Inferno.

Os malditos não sabem nada sobre nós

Alé m disso, diz Estius, assim como Deus buscará a satisfaçã o dos
bem-aventurados fazendo-lhes saber o que nos diz respeito, e
especialmente o que lhes diz respeito de maneira especial, como as
nossas oraçõ es dirigidas a eles, por outro lado os condenados
permanecerã o ignorantes de tudo o que nos diz respeito, porque sã o
completos estranhos à Igreja.

Os condenados têm fé?

Pode-se perguntar se aqueles cristã os que possuı́am fé nesta vida,


e que nã o a perderam por apostasia ou heresia, irã o preservá -la no
Inferno. Santo Tomá s responde negativamente, pois para crer com uma
fé sobrenatural e teoló gica, é preciso ter um afeto piedoso da vontade a
Deus revelador. Essa afeiçã o piedosa, poré m, é um dom de Deus, do
qual Ele os priva tanto quanto aos demô nios. Eles, entretanto,
acreditam por uma espé cie de fé natural, à qual sã o forçados pela
evidê ncia de sinais externos, embora essa fé nã o seja sobrenatural. E
neste sentido que Sã o Tiago escreveu que “os demô nios també m crê em
e tremem” ( Tiago 2:19), signi icando que sua fé é forçada e
amedrontadora.
Os condenados algum dia verã o ou contemplarã o a gló ria do
Abençoado? Santo Tomá s responde que no Juı́zo Final os ré probos
verã o os bem-aventurados em sua gló ria, sem poder distinguir em que
consiste, apenas percebendo que estã o desfrutando de uma gló ria
inexplicá vel. Esta visã o os a ligirá com grande tristeza, seja por um
sentimento de inveja, seja por causa do arrependimento de terem
perdido aquilo que eles pró prios poderiam ter adquirido. E para seu
castigo eterno, esta sombra da visã o beatı́ ica que eles viram
permanecerá impressa em sua memó ria para sempre.

A vontade está posta no mal

Vamos agora discutir a condiçã o da vontade dos condenados. Santo


Tomá s observa que a vontade dos condenados, na medida em que é
uma faculdade natural, nã o pode deixar de ser boa, pois nã o procede de
si mesmos, mas de Deus, que é o autor da natureza; os condenados,
entretanto, o viciaram por sua malı́cia. Mas quando consideramos a
vontade dos condenados em seu uso, nã o pode deixar de ser mau, pois
é completamente oposto à vontade de Deus e obstinado no mal.
Mas de onde procede essa obstinaçã o no mal? Sylvius, em uma
explicaçã o muito clara, diz que a obstinaçã o dos condenados resulta da
pró pria natureza de seu estado. Pois, uma vez que os condenados agora
se encontram no im de sua existê ncia e privados de toda a assistê ncia
divina, Deus, por um julgamento justo, os abandona ao mal que eles
escolheram voluntariamente e no qual desejaram acabar com suas
vidas. E natural que tudo, uma vez atingido o seu té rmino, repouse nele,
a menos que seja movido por alguma força externa. Agora, os
condenados terminaram suas vidas com a vontade depravada com que
morreram, e Deus resolveu deixá -los com o mal que escolheram. Assim
como os bem-aventurados nunca podem possuir uma vontade má ,
porque estã o sempre unidos a Deus, da mesma forma os condenados
nunca podem transformar sua vontade em bem e, conseqü entemente,
sempre serã o infelizes, porque se opõ em obstinada e irrevogavelmente
à vontade divina. .

Os malditos desejam o mal para os outros?

Por causa dessa má vontade dos condenados, a pergunta pode ser
feita: 'O maldito deseja que todos os homens sejam condenados?' Sã o
Tomá s responde a irmativamente, por causa do ó dio que os ré probos
tê m por todos os homens. Mas aqui se apresenta uma di iculdade. A
medida que aumenta o nú mero de condenados, a puniçã o de cada
indivı́duo é agravada: como, entã o, eles podem desejar um aumento de
tormento para si mesmos? Santo Tomá s diz que é tal o seu ó dio e inveja
que prefeririam sofrer mais cruelmente com muitos outros do que
sofrer menos sozinhos. E pouco importa para eles que entre aqueles
cuja perda eles desejam estejam alguns a quem eles amaram durante a
vida. Pois o Santo Doutor observa que toda afeiçã o que nã o se baseia no
amor de Deus se desvanece facilmente; caso contrá rio, a ordem da
justiça e do direito seria invertida no Inferno.

Caso do Homem Rico no Inferno

Se for esse o caso, como podemos explicar a solicitude do pobre


rico do Inferno, que rogou a Abraã o que enviasse Lá zaro aos seus
irmã os na terra, para adverti-los a fazer penitê ncia para que nã o fossem
enterrados també m no Inferno? Santo Tomá s explica que a inveja dos
condenados é tanta que eles prefeririam ver todos os homens perdidos,
até mesmo seus pró prios pais; mas, uma vez que isso é impossı́vel, e,
enraizados como estã o no amor pró prio, eles preferem ver seus pais
entregues do Inferno em vez de estranhos, pois eles seriam ainda mais
atormentados pela inveja se eles vissem seus pró prios entes queridos
condenados e outros salvou. Essa, entã o, é a razã o da preocupaçã o do
homem rico pela salvaçã o de seus irmã os. O Angelic Doctor acrescenta
que esse ré probo desejava ver seus irmã os escaparem do Inferno, para
que sua pró pria puniçã o nã o fosse agravada por sua condenaçã o, pois
por seu mau exemplo ele havia dado ocasiã o para sua condenaçã o.

Os condenados se arrependem do pecado?

També m pode ser perguntado se os condenados se arrependem de


seus pecados. Santo Tomá s responde que um homem pode se
arrepender de suas faltas de duas maneiras: direta ou
indiretamente. Ele pode se arrepender diretamente na medida em que
se arrepende por um sentimento de ó dio pelo pecado cometido; nesse
sentido, o condenado nã o pode se arrepender de seu pecado, pois, visto
que se encontra con irmado em sua vontade perversa, ele ama a malı́cia
de sua falta. Mas ele pode se arrepender indiretamente, na medida em
que detesta sua puniçã o, da qual seu pecado é a causa. Assim, os
condenados irã o pecar, no que diz respeito à sua malı́cia, mas
detestarã o o seu castigo, que, no entanto, nunca pode cessar porque o
seu pecado dura para sempre.

Ódio de deus

Os malditos odeiam a Deus? Santo Tomá s diz que Deus,


considerado em si mesmo, é o Bem Supremo e, portanto, nã o pode ser
objeto de ó dio por nenhuma criatura razoá vel. Mas Ele pode tornar-se
tal para os condenados de duas maneiras: primeiro, como o Autor de
suas puniçõ es, pelas quais Ele é obrigado a a ligi-los; em segundo lugar,
porque sã o obstinados no mal, enquanto Ele é o Bem in inito, eles
odiariam a Deus de todo o coraçã o, embora Ele os punisse apenas um
pouco.

O maldito desejo de ser destruído?

Perguntamos, inalmente, se os condenados preferem ser


aniquilados e privados de existê ncia, a se submeter aos castigos que
suportam. Santo Tomá s, considerando a questã o em si, responde
negativamente, pois, como ele diz, um estado de nã o-ser nunca é
desejá vel, pois implica uma privaçã o de todo bem. Mas se esse
aniquilamento for considerado o im de todo castigo, Santo Tomá s diz
que, desse ponto de vista, o estado de inexistê ncia se apresenta como
um bem. E neste sentido que Jesus Cristo proferiu esta frase de Judas:
“Melhor para ele, se aquele homem nã o tivesse
nascido”. ( Mt 26:24). Sã o Joã o parece dizer a mesma coisa quando fala
dos condenados no Apocalipse: “Naqueles dias, os homens buscarã o a
morte e nã o a encontrarã o: e desejarã o morrer, e a morte fugirá
deles”. ( Apocalipse 9: 6). Essa vontade dos condenados, poré m, é
incerta, pois eles desejam continuar a existir, para que possam sempre
odiar a Deus.

A punição do inferno é eterna

Essas puniçõ es dos ré probos, que temos considerado, durarã o para
sempre. Esta doutrina da eternidade dos castigos do Inferno foi
primeiro negada por Orı́genes, e mais tarde pelos Socinianos e um
grande nú mero de Protestantes. Orı́genes, no entanto, foi condenado
pelo Segundo Concı́lio Ecumê nico de Constantinopla e, em geral, por
todos os Padres da Igreja.

Esta punição não é injusta

Nem pode a eternidade das puniçõ es dos condenados ser


quali icada como injusta. Pois quem ofende a Deus com um pecado
mortal, merece uma puniçã o in inita por uma ofensa que é
in inita. Portanto, por mais severa ou longa que seja a puniçã o, ela
nunca pode ser proporcional à ofensa que foi cometida. Pois a
majestade de Deus é in inita; portanto, todo aquele que peca
mortalmente merece uma puniçã o in inita. Portanto, parece justo que o
pecado mortal seja punido com uma puniçã o eterna.

Como a punição é medida

E inú til objetar que nã o parece apenas in ligir uma puniçã o eterna
por um pecado que dura apenas um momento. Para Santo Agostinho, a
puniçã o nã o é medida pela duraçã o de uma falta, mas por sua
gravidade. Mesmo nos tribunais de justiça aqui na terra, a pena de
morte é imposta sobre alguns crimes que sã o cometidos em um
instante.
O Angelic Doctor acrescenta que é justo que o castigo nã o deve
cessar enquanto a falta nã o cesse. Ora, uma falha que permanece
eternamente só pode ser perdoada pela graça de Deus, que o homem
nã o pode adquirir depois da morte. Como vimos acima, a vontade dos
condenados é obstinada no mal. Portanto, ele continua a amar seu
pecado ao mesmo tempo em que se submete à puniçã o. Como, entã o,
Deus pode livrá -lo de seu castigo, enquanto ele continua a amar sua
falta? Como Deus pode perdoar seu pecado, enquanto o condenado está
endurecido em seu ó dio por Deus, se ao mesmo tempo o Senhor
ofereceu perdã o e amizade, o condenado recusou tanto um como o
outro?
Nem se pode objetar, como fazem alguns hereges, que é contrá rio à
bondade e misericó rdia de Deus ver uma de Suas criaturas sofrer
eternamente com tais castigos terrı́veis no Inferno. Pois, como Sã o
Tomá s observa, Deus deu testemunho superabundante de Sua bondade
e misericó rdia para com os homens. Vendo todos os homens perdidos
pelo pecado de Adã o e seus pró prios pecados, que grande bondade Ele
nã o manifestou ao descer do Cé u à terra para se tornar homem, na
resistê ncia de uma vida pobre, humilde e a lita, derramando a ú ltima
gota de Seu Sangue em meio a tais tormentos terrı́veis sobre uma forca
infame? Que maior prova de Sua bondade Ele poderia ter dado aos
homens do que deixar-lhes Seu pró prio Corpo e Sangue no Santı́ssimo
Sacramento do Altar, para que ali encontrassem alimento para suas
almas e, por este meio, preservassem e aumentar suas forças
espirituais até a morte, apó s o que, encontrando-se mais intimamente
unidos a Deus, eles podem entrar no cé u, para desfrutar eternamente a
vida dos bem-aventurados?

A paciência de deus
Ah! Certamente, no dia do julgamento, o Senhor fará conhecido ao
mundo inteiro quantas misericó rdias, quantas luzes, quanta ajuda Ele
dispensou a cada homem durante sua vida! E os numerosos ingratos,
que, apesar de tais favores, mereceram tais castigos, com que paciê ncia
Ele nã o os perseguiu, com que amor Ele nã o implorou que se
arrependessem? Se, apesar de tais favores, ainda nã o renunciaram à s
suas paixõ es e prazeres terrenos, desejaram viver e morrer separados
de Deus, abandonando-se voluntariamente à sua ruı́na eterna, como se
pode dizer que Deus nã o manifestou Sua misericó rdia e bondade para
com eles ?
Em vez de declarar que as puniçõ es do Inferno nã o sã o eternas,
alguns hereges inventaram outra opiniã o, sustentando que as puniçõ es
do Inferno serã o diminuı́das depois de um tempo ou interrompidas
momentaneamente. Mas esta opiniã o é expressamente contrá ria à s
Sagradas Escrituras. Isaias, por exemplo, falando dos ré probos,
proclama: “Seu verme nã o morrerá e seu fogo nã o se apagará ”. ( Is .
66:24). E na sentença pronunciada contra eles no Juı́zo Final, Jesus
Cristo lhes dirá : “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno”.

A parábola de Jesus sobre os mergulhos e Lázaro

“Havia um certo homem rico, vestido de pú rpura e linho ino; e


festejava suntuosamente todos os dias. E havia um certo mendigo,
chamado Lá zaro, que jazia em sua porta, cheio de feridas, desejando ser
enchido com as migalhas que caı́am da mesa do homem rico, e ningué m
o deu; alé m disso, os cã es vieram e lamberam suas feridas.
“E aconteceu que o mendigo morreu e foi carregado pelos anjos ao
seio de Abraã o. E o rico també m morreu: e ele foi sepultado no
inferno. E levantando os olhos quando estava em tormentos, ele viu
Abraã o ao longe, e Lá zaro em seu seio: E ele clamou, e disse: Pai
Abraã o, tem misericó rdia de mim e manda Lá zaro, que ele pode molhar
a ponta do seu dedo na á gua, para refrescar minha lı́ngua: pois estou
atormentado nesta chama. E Abraã o disse-lhe: Filho, lembra-te de que
recebeste coisas boas em tua vida, e també m Lá zaro coisas má s, mas
agora ele está consolado; e tu está s atormentado. E alé m de tudo isso,
entre nó s e você , existe um grande caos: de modo que aqueles que
querem passar daqui para você , nã o podem, nem de lá vir para cá .
“E ele disse: Entã o, pai, rogo-te que o mandes à casa de meu pai,
porque tenho cinco irmã os, para que lhes dê testemunho, a im de que
nã o entrem també m neste lugar de tormentos. E Abraã o disse-lhe: Eles
tê m Moisé s e os profetas; deixe-os ouvi-los. Mas ele disse: Nã o, pai
Abraã o; mas se algué m foi ter com eles dentre os mortos, eles farã o
penitê ncia. E disse-lhe: Se nã o ouvem a Moisé s e aos profetas,
tampouco crerã o, se algué m ressuscitar dentre os mortos ”. ( Lucas 16:
19-31).

A Visão do Inferno das Crianças de Fátima

(NOTA: Em 1917, Nossa Senhora apareceu seis vezes em Fátima,


Portugal a Lúcia dos Santos e Jacinta e Francisco Marto, três crianças
pequenas. Durante estas seis aparições mundialmente famosas - agora
aprovadas pela Igreja como dignas de nossa devoção e propagação - a
Bem-Aventurada Virgem Maria fez várias declarações e previsões
surpreendentes, entre elas a eclosão da Segunda Guerra Mundial se as
pessoas não mudassem de vida. Durante a aparição de 13 de julho, ela
permitiu que as crianças tivessem uma visão do inferno. A seguir está a
de Lúcia descrição do que viram.)

Nesse momento, Lú cia disse em voz alta: “Sim, ela quer que as
pessoas rezem o Rosá rio. As pessoas devem recitar o Rosá rio. ” O rosto
da Senhora icou entã o muito sé rio e ela disse: “Sacri ique-se pelos
pecadores e diga muitas vezes, especialmente quando izer algum
sacrifı́cio: 'O meu Jesus, isto é por amor a Ti, pela conversã o dos
pecadores e em reparaçã o pelos ofensas cometidas contra o Imaculado
Coraçã o de Maria. - Com essas palavras, ela abriu as mã os sobre as trê s
crianças mais uma vez e a luz que emanava delas parecia penetrar na
terra, e as crianças tiveram uma visã o do Inferno. Lú cia gritou de terror,
invocando Nossa Senhora. “Podı́amos ver um vasto mar de fogo”, ela
revelou muitos anos depois. “Mergulhados nas chamas estavam
demô nios e almas perdidas, como se fossem carvõ es em brasa,
transparentes e negros ou cor de bronze, em forma humana, que
lutuavam na con lagraçã o, carregados pelas chamas que deles
emanavam, com nuvens de fumaça, caindo por todos os lados como
faı́scas caem em uma grande con lagraçã o sem peso ou equilı́brio, em
meio a gritos e gemidos de tristeza e desespero que nos horrorizou e
nos fez tremer de medo. Os demô nios podiam ser distinguidos por
formas horrı́veis e repulsivas de animais, assustadores e
desconhecidos, mas transparentes como carvõ es negros que icaram
em brasa. ” Cheios de medo, os ilhos ergueram os olhos suplicantes à
Senhora, que lhes disse com indizı́vel tristeza e ternura: “Vistes o
Inferno para onde vã o as almas dos pobres pecadores. Para salvá -los,
Deus deseja estabelecer no mundo a devoçã o ao meu Imaculado
Coraçã o. Se as pessoas izerem o que eu peço, muitas almas serã o salvas
e haverá paz. ”
Lú cia a irmou mais tarde que embora a visã o durasse “apenas um
instante”, ela sentiu que eles teriam morrido de medo e terror se Nossa
Senhora já não tivesse prometido levá-los para o Céu.

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