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CEM – Ciência e Engenharia

dos Materiais
Aula 08 - Transformações de fase

MSc. Eng. Mec. Jonatas Silva, Prof.


Bibliografia

• Askeland, D. R.; Phulé, P. P. - Ciência e Engenharia dos Materiais, São


Paulo. Learnig Cengage, 2011.
• Callister Jr., W.D.; Rethwisch, D. G. - Ciência e Engenharia dos
Materiais, uma Introdução, 8ª Edição, LTC, 2013.

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Sumário

Por que estudar Questões Conceitos Transformação de


este assunto é
importante? Importantes Importantes fases

3
Por que estudar este
assunto é importante?

Tratamentos
As transformações
térmicos podem
de fase geralmente
conferir aos metais
resultam em
propriedades de
mudanças micro
interesse da
estruturais.
engenharia.

O aço ainda é o material mais


utilizado no mundo em
diversas aplicações
importantes no mundo
moderno

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Questões Importantes

- Como é que a taxa de transformação depende do tempo e


da temperatura?
- É possível desacelerar transformações para que estruturas
fora do equilíbrio sejam formadas?
- As propriedades mecânicas das estruturas fora do equilíbrio
são mais desejáveis do que as de equilíbrio?

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Conceitos Importantes

A Transformação de Fases pode


ser entendida como sendo a
evolução ou rearranjamento de
uma configuração instável ou
metaestável de um sistema
(átomos) para uma outra
configuração mais estável e de
menor energia
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Conceitos Importantes

CLASSIFICAÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES DE FASES


Fe Fe3C
g transformação
Eutectóide
(cementita)
(Austenita) +
a
C CFC (CCC)
(ferrita)
Dependentes da Difusão
• Sem alteração no número e/ou
componentes das fases
• Alotropia, solidificação de metal
puro, ...
• Com alteração do número de Independente
componentes e/ou das fases
• Com formação de fase metaestável
• Reações Eutetóide, Eutética,...
• Transformação Martensítica

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Conceitos Importantes

CINÉTICA: A formação de uma nova fase ou de um novo arranjo


ordenado de átomos ocorre por nucleação e crescimento. O tempo
necessário para nuclear e crescer um novo arranjo no interior do
material pode ser medido e avaliado através do estudo da cinética da
transformação.

Nucleação: é a formação de partículas (ou núcleos) da nova fase. Os


núcleos (sementes) agem como modelos em que os cristais crescem.
Para que a nucleação ocorra, é necessário que a taxa de adição de
átomos ao núcleo deve ser maior do que a taxa de perda.
Uma vez iniciada, a nucleação segue até que o equilíbrio seja atingido.

Crescimento: aumento de tamanho dos núcleos até que as condições


de equilíbrio sejam atingidas.

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Conceitos Importantes

Tipos de nucleação:

• Nucleação homogênea: formação de núcleos na massa de metal líquido. Requer


considerável temperatura de resfriamento (tipicamente 80-300ºC).

• Nucleação heterogênea: muito mais fácil de estabilizar pois a "superfície de


nucleação" já está presente - por exemplo, parede do molde, impurezas em fase
líquida. Requer temperaturas de resfriamento mais baixas (0.1-10ºC)

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Conceitos Importantes

Mecanismos – Formação de Material Policristalino:

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Nucleação, crescimento e
energia livre

A cinética de uma reação (= dependência Energia de livre de superfície


com relação ao tempo da taxa de GS = 4r2g
transformação) é fundamental para o (necessita de energia para criar a

Variação da energia livre, G


tratamento térmico de materiais.
interface, desestabiliza os núcleos)

r* = raio crítico
g= tensão superficial
G = energia livre / unidade de volume GT = GS + GV (energia livre total)

Energia livre volumétrica


GV = 4/3 r3 G
Núcleos Núcleos
(libera energia)
diminuem crescem
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SOLIDIFICAÇÃO

r* = raio crítico
 2gTm g = Energia de superfície livre
r* 
Hf T Tm = Temperatura de fusão
Hf = Calor latente de solidificação
T = Tm - T = superresfriamento

Nota: Hf e g são intimamente dependentes de T

 r* decai quando T aumenta

Para uma T típica r* ~ 10 nm 12


Cinética das Reações no Estado Sólido

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Cinética das Reações no Estado Sólido

Transformação completa
tempo
Equação de Avrami => y = 1- exp (-kt n) T fixa
Fração 0.5 Taxa máxima atingida
transformada
Tanto sa taxas como a área de superfície
aumentam e núcleos crescem
t0.5

Por convenção Taxa = 1 / t0.5 log t

i. Transformação no Estado Sólido.


ii. Dependência do Tempo. (logaritmo)
iii. A taxa de aproximação do equilíbrio para sistemas sólidos é tão lenta que
estruturas em verdadeiro equilíbrio raramente são atingidas.
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Cinética das Reações no Estado Sólido

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Cinética das Reações no Estado Sólido

Influência da temperatura sobre a taxa de transformação


(Ex. recristalização do cobre)
De uma maneira geral,
Fração Recristalizado (%)

r = Ae -Q/RT
Processo termicamente
ativado
 Temperatura  Taxa

A = constante independente de T
Q = energia de ativação da reação
R = constante universal dos gases = 8,31 J/mol-K
T = temperatura absoluta (K)

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Transformações multifásicas

• Transformações de fase podem ocorrer em função de variações de temperatura, pressão e


composição. Os tratamentos térmicos (cruzar um contorno entre fases no diagrama de fases) são a
forma mais conveniente de induzir transformações de fases.
• O diagrama de fases não indica o tempo necessário para transformações em equilíbrio.
• Na prática, os tempos de resfriamento necessários para as transformações entre estados de
equilíbrio são inviáveis.

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Transformações multifásicas

Super-resfriamento Superaquecimento
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Diagramas de Transformações
Isotérmicas

Transf. Eutetóide (Fe-Fe3C):


Para a transferência. a resfriamento
g a + Fe3C
ocorrer, deve ser super aquecimento
resfriada abaixo de 727ºC.

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Diagramas de Transformações
Isotérmicas

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Diagramas de Transformações
Isotérmicas
Uma maneira mais conveniente de representar a dependência de uma reação com o tempo e a temperatura
é o diagrama de transformação isotérmica:

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Diagramas de Transformações
Isotérmicas
Temperatura constante ao longo de toda a transformação
Porcentagem de austenita
transformada em perlita

Temperatura da Final da
transformação 675 °C transformação

Início da
transformação

Tempo (s)
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Diagramas de Transformações
Isotérmicas “Reais”

Austenita Temperatura eutetóide


Perlita Perlita
Grosseira Fina
Temperaturas altas 
Temperatura (°C)

Perlita difusão em maiores


grosseira
distâncias  camadas
mais espessas
Perlita fina (Menor difusão = camadas mais finas)

Transformação Indica a ocorrência de uma


transformação
austenitaperlita

Tempo (s)
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Diagramas de Transformações
Isotérmicas “Reais”
A perlita se torna mais fina com a redução da temperatura de transformação.

• Para temperaturas entre 300 e 540 °C ocorre a formação de agulhas de ferrita separadas por partículas alongadas de
cementita. Esta estrutura é conhecida por bainita superior.
• Para temperaturas entre 200 e 300 °C ocorre a formação de placas finas de ferrita e partículas de cementita. Esta
estrutura é conhecida por bainita inferior.

Perlita = estrutura lamelar


Bainita = agulhas ou placas

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Diagramas de Transformações
Isotérmicas

• Transformações perlíticas e
bainíticas são concorrentes. Perlita
Taxa máxima
• A taxa da transformação Bainita

bainítica aumenta com o


aumento da temperatura.

A = austenita
P = perlita
B = bainita
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Cementita Globulizada

Se uma liga perlítica ou bainítica for aquecida e mantida por um tempo suficientemente
longo a uma temperatura abaixo da temperatura eutetóide (ex. 700 °C, 18 a 24 horas),
tem-se a formação da Cementita Globulizada.

Cementita
Ferrita

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Transformação martensítica

Quando a austenita é resfriada rapidamente (temperada) até temperaturas próximas à


ambiente tem-se a formação de uma estrutura monofásica fora de equilíbrio: a
martensita.

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Transformação martensítica

• Não envolve difusão  transformação instantânea

• Duas diferentes microestruturas:

menos de 0,6%p C  ripas mais de 0,6%p C  lentículas

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Transformação martensítica

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Transformação por
resfriamento contínuo

• Os tratamentos isotérmicos não são os mais práticos


pois a liga tem de ser aquecida a uma temperatura
maior que a temperatura eutetóide e então resfriada
rapidamente e mantida a uma temperatura elevada!

• A maioria dos tratamentos térmicos envolve o


resfriamento contínuo até a temperatura ambiente 
diagrama de transformação isotérmica não é mais
válido.

• No resfriamento contínuo, as curvas isotérmicas são


deslocadas para tempos maiores e temperaturas
menores.

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Transformação por
resfriamento contínuo
Resfriamento moderadamente rápido e resfriamento lento

Início da
transformação Resfriamento lento
(recozimento total)

Temperatura (°C)
Resfriamento
moderadamente rápido
(normalização)

M (início)
Microestrutura
Com a continuidade do resfriamento a
austenita não convertida em perlita se
Indica uma
transforma em martensita ao cruzar a linha transformação durante o Perlita Perlita
resfriamento
M (início) fina grosseira

Tempo (s) 31
Transformação por resfriamento
contínuo: taxa crítica de resfriamento.

Taxa crítica de resfriamento


= taxa mínima para produção de uma
estrutura totalmente martensítica

Temperatura (°C) M (início)

Martensita
Martensita + Perlita
Perlita

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Tempo (s)
Transformação por resfriamento contínuo:
taxa crítica de resfriamento para ligas.

A presença de outros
elementos diminuem a taxa de
resfriamento crítica.

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Comportamento mecânico das ligas Fe-C

%p Fe3C

Limite de escoamento e resistência à tração (103 psi)


A cementita é muito mais Limite de resistência à
tração
dura que a ferrita!

Índice de dureza Brinell


Dureza Brinell

Limite de escoamento

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Composição (%p C)
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

%p Fe3C

Energia de impacto Izod (ft-lbf)


A cementita é muito mais frágil

Ductibilidade (%)
que a ferrita!
Redução
de área

Alongamento

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Composição (%p C)
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

A perlita fina é mais dura que a


perlita grosseira!
Perlita

Índice de Dureza Brinell


fina
Existe forte aderência entre ferrita e cementita
através dos contornos entre as fases a e Fe3C.
Quanto maior a área superficial, maior a dureza. Perlita
grosseira

Os contornos de grão restringem o movimento


de discordâncias. Assim, maior área superficial,
maior dureza.

Composição (%p C)
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Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Cementita globulizada
Menor área de contorno de grãos por
unidade de volume = menor dureza e maior
ductibilidade
Perlita

Índice de Dureza Brinell


fina
Perlita
grosseira

Cementita
globulizada

Composição (%p C) 37
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Bainita Perlita

Limite de resistência à tração (MPa)


Índice de dureza Brinell
Partículas mais finas
Maior resistência
Maior dureza.

Temperatura de transformaçao (°C)


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Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Martensita
A liga de aço mais dura,
mais resistente e
mais frágil! Martensita

Índice de dureza Brinell


A dureza está associada à eficiência dos átomos de
carbono em restringir o movimento das
discordâncias.

Perlita fina
Como a austenita é mais densa que a martensita,
ocorre aumento de volume durante a têmpera
podendo causar trincas.
39
Composição (%p C)
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Martensita Revenida
• Após a têmpera, a martensita é tão frágil que não pode ser usada na maioria das aplicações.
• Pode-se melhorar a ductibilidade e a tenacidade da martensita com um tratamento térmico,
o revenido.
• Revenido = aquecimento a temperaturas abaixo da temperatura eutetóide durante algum
tempo seguido por resfriamento lento até a temperatura ambiente.
• O revenido permite, através de processos de difusão, a formação da martensita revenida:

Martensita
 Martensita revenida
Tratamento
(TCC, monofásica) térmico (a + Fe3C)

40
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Martensita Revenida

Como o revenido envolve difusão do carbono, quanto maior a


temperatura e/ou o tempo de tratamento, maior será a taxa de
A martensita revenida é quase tão crescimento (=diminuição da área de contato entre os grãos) das
dura quanto a martensita! partículas de Fe3C e, portanto, do amolecimento da martensita.
A fase contínua de ferrita confere
ductibilidade à martensita revenida 41
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Martensita Revenida Martensita Lenticular


(pequenas partículas de Fe3C em uma matriz de ferrita)

Austenita Martensita
Ferrita Cementita

42
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Martensita Revenida Cementita Globulizada


(9300X) (1000X)

43
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

Ou Seja:

44
Comportamento mecânico das ligas Fe-C

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Próxima Aula

• Materiais de engenharia

Bons estudos
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