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A FILOSOFIA DE PLATÃO

Rafael Sanzio
A Escola de Atenas - detalhe
PLATÃO
Breves informes biográficos
Atenas, 428(7)? -348(7)? a.C.
O primeiro filósofo antigo de quem
possuímos as obras completas.
Sua atividade literária abrange mais
de cinqüenta anos da sua vida: desde
a morte de Sócrates até a sua morte.
Diálogos - em três grupos principais,
seguindo certa ordem cronológica,
lógica e formal, que representam a
evolução do pensamento platônico,
do socratismo ao aristotelismo.
As virtudes intelectuais
Entendimento teórico ou especulativo (sobre
coisas necessárias)

Entendimento intuitivo (noûs) –


disposição racional para apreender,
sem demonstração, a verdade dos
primeiros princípios de onde parte a
ciência
Ciência (epistéme) – disposição
racional para conhecer o universal e
eterno; é ensinável ou comunicável a
outros
Sabedoria teórica (sophía) –
disposição racional nascida da união
da ciência com a inteligência para o
conhecimento das coisas mais
elevadas.
PLATÃO
A Gnosiologia
Em Platão a filosofia tem um fim
“prático” (moral): é a grande ciência
que resolve o problema da vida.
Este fim prático realiza-se, no
entanto, intelectualmente, pela
especulação.
Mas Platão estende tal indagação ao
campo metafísico e cosmológico,
isto é, a toda a realidade.
A “Doutrina” Platônica
 IDEIAS UNIVERSAIS: o Mundo das Idéias
como realidade objetiva
 O UNIVERSAL não se contrapõe ao
particular, mas é-lhe anterior
◦ As idéias não entram na composição dos
seres do mundo sensível, senão de uma
maneira puramente extrínseca, pois servem
de modelos para a formação do Universo.
 Antecipa a discussão (metodológica) que
será levada a efeito por Descartes e
Espinosa: parte de uma intuição
fundamental para deduzir depois a
realidade.
A “Doutrina” Platônica
 Estecaráter íntimo, humano, “religioso”
da filosofia, em Platão, é tornado
especialmente vivo, e “angustioso”,
especialmente por dois fatores:
◦ Sua viva sensibilidade frente ao universal
vir-a-ser (nascer e perecer de todas as
coisas).
◦ Sua percepção da desordem que se
manifesta em especial no homem, em
quem o corpo é inimigo do espírito, o
sentido se opõe ao intelecto, a paixão
contrasta com a razão.
A “Doutrina” Platônica
Platão considera o espírito humano
peregrino neste mundo e prisioneiro
na “caverna” do corpo.
Assim, defendia que o espírito deve
transpor este mundo e libertar-se do
corpo para realizar o seu fim, isto é,
chegar à contemplação do
inteligível, para o qual é atraído por
um amor nostálgico, (éros
platônico).
A Alegoria da Caverna
República – Livro VII
A Alegoria da Caverna
República – Livro VII
A “Doutrina” Platônica
 Forma: separada da Matéria
 Sensação: distinta do pensamento /
Inatismo
◦ Olhos: suprema afinidade com o espírito
 Razão: tem o poder de aniquilar e destruir
as paixões
 Psicologia baseada na concepção da
preexistência das almas.
◦ A alma está presa ao corpo por uma união
acidental, violenta e antinatural.
◦ O corpo é o túmulo da alma, decaída de uma
vida anterior feliz.
◦ Mito de Er (Rep., X, 614b-621b)
A “Doutrina” Platônica

Lógica: dedutiva, demonstrativa


Conhecimento: os conceitos  são a
priori.
 Inatismo: depende das idéias inatas
 Scire est reminisci
◦ Matéria: puro não-ser, princípio de
decadência.
◦ Tudo anseia pela Idéia
A “Doutrina” Platônica
O conhecimento humano divide-
se em dois graus:
◦ Conhecimento sensível
 Problema: não sabe que o é, o que o leva
a cair no erro sem o saber
◦ Conhecimento intelectual, que parte
do anterior, mas que dele não se
pode derivar.
 Sabe que o é, e não pode, de modo
algum, ser substituído, nem cair em erro.
A “Doutrina” Platônica
Platão parte do conhecimento
empírico, sensível, para chegar ao
conhecimento intelectual.
◦ MAS: O conhecimento sensível deve ser
superado pelo conhecimento conceptual
◦ PORQUE Não pode explicar o
conhecimento intelectual, que tem por
característica a universalidade, e ainda
menos pode explicar o dever ser, os
valores de beleza, verdade e bondade, que
estão efetivamente presentes no espírito
humano, e se distinguem totalmente da
fealdade, erro e mal-posição.
A “Doutrina” Platônica
Platão não admite que da
sensação se possa, de algum
modo, chegar ao conceito
universal;
Afirma que as Ideias são a priori;
As sensações correspondentes
aos conceitos lhes constituem a
ocasião para fazer-nos reviver as
Ideias das quais se originam
A Teoria das Ideias
Determinar a relação entre o
conceito e a realidade fazendo deste
problema o ponto de partida da sua
filosofia.
A ciência é objetiva
◦ Ao conhecimento certo deve
corresponder a realidade.
◦ Deve existir um outro mundo de
realidades objetivamente dotadas dos
mesmos atributos dos conceitos
subjetivos que as representam.
A Teoria das Ideias
 Estas realidades chamam-se Ideias:
◦ Realidades objetivas, modelos e arquétipos eternos
de que as coisas visíveis são cópias imperfeitas.
◦ Assim, a idéia de homem é que há o homem
abstrato perfeito e universal de que os indivíduos
humanos são imitações transitórias e defeituosas.
 Todas as idéias existem num mundo separado,
o mundo dos inteligíveis, situado na esfera
celeste (Hiperurânio): um mundo
transcendente, onde estão as idéias nas quais
se concentra toda a realidade. Nele residem as
substâncias imutáveis que são o objeto da
ciência.
 A certeza da sua existência funda-a Platão na
necessidade de “salvar” o valor objetivo dos
nossos conhecimentos.
A Metafísica
O sistema metafísico de Platão centraliza-se
e culmina no mundo divino das Idéias;
◦ Elas contrapõem-se à matéria obscura e incriada;
◦ Entre as Idéias e a matéria estão o Demiurgo e o
mundo. Por intermédio dele as Idéias “descem”
à matéria, imprimindo nela aquilo de
racionalidade que nela aparece.
O divino platônico é representado pela ideia
do Bem.
◦ A existência desse mundo ideal é provada pela
necessidade de se estabelecer uma base
ontológica, um objeto adequado ao
conhecimento conceptual, que se impõe ao lado
e acima do conhecimento sensível, para poder
explicar verdadeiramente o conhecimento
humano na sua efetiva realidade.
A Metafísica
O mundo ideal é provado pela necessidade
de se justificar os valores, o dever-ser, de que
este nosso mundo imperfeito participa e a
que aspira.
 Visto serem as idéias conceitos
personalizados, transferidos da ordem lógica
à ontológica, terão conseqüentemente as
características dos próprios conceitos
◦ Transcendem a experiência;
◦ São universais e imutáveis;
◦ Além disso, as Idéias têm a mesma ordem lógica
dos conceitos, que são ordenadas em sistema
hierárquico, estando no vértice a idéia do Bem,
que é papel da lógica real, ontológica, esclarecer.
A Metafísica
Como a multiplicidade dos indivíduos
é unificada nas idéias respectivas,
assim a multiplicidade das idéias é
unificada na idéia do Bem.
Logo, a idéia do Bem, no sistema
platônico, é a realidade suprema, da
qual dependem todas as demais
idéias, e todos os valores (éticos,
lógicos e estéticos) que se manifestam
no mundo sensível; é o ser sem o qual
não se explica o vir-a-ser.
O Mundo
O mundo material, o cosmos platônico,
resulta da síntese de dois princípios
opostos
◦ As Idéias
◦ A matéria.
O Demiurgo plasma o caos da matéria no
modelo das Idéias eternas.
 O mundo, pois, está entre o ser (ideia) e
o não-ser (matéria), e é o devir
ordenado, como o adequado
conhecimento sensível está entre o saber
e o não-saber, e é a opinião verdadeira.
O Mundo
Da idéia - ser, verdade, bondade,
beleza - depende tudo quanto há
de positivo, de racional no vir-a-
ser da experiência.
Da matéria - indeterminada,
informe, mutável, irracional,
passiva, espacial - depende, ao
contrário, tudo que há de
negativo na experiência.
As virtudes intelectuais
Entendimento diretivo ou prático
(sobre coisas contingentes):
◦ Arte (tékhne) – disposição racional para
produzir coisas em conformidade com
certas regras e modelos
◦ Prudência (phrónesis): Individual-
disposição (héxis) racional para a boa
deliberação (boúleusis), segundo a regra
certa da virtude.
 Econômica
 Política: Legislativa, Deliberativa, Executiva;
◦ Virtudes complementares da prudência:
Discrição, Perspicácia, Bom-conselho

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