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Matrizes Pós-Românticas

Fenomenologia e
Existencialismo

Aula 29
Atenção alunos: nossas aulas não contemplaram
os 49 slides (fomos até o slide n°16), mas estou de
qualquer forma os inserindo online como guia de
leitura para o cap. XI do livro “Matrizes...”
Matrizes Cientificistas Matrizes Românticas e Pós-
Românticas

Matriz Matriz Matriz


Nomotética Atomicista Funcionalista Matriz Matrizes Matriz
e e e Vitalista Compreensivas Fenomenológica
e e
Quantificadora Mecanicista Organicista
Naturista Existencialista

Bergson Husserl

Historicismo Estruturalismos
Idiográfico

Dilthey
Gestalt Antropologia Linguística
Raízes da teoria psicológica contemporânea (Wolman, cap. X e XI)
1781 Kant
* Sujeito que percebe / objeto percebido /
* Conhecimento = percepção sensorial + formas a priori da mente
* Ciência empírica (psicologia) X ciência da verdade absoluta (matemática)
* Psicologia como referindo-se à moral

1874 Brentano
*ato / conteúdo
* intencionalidade
Escola de Marburg Escola de Baden (relação com o objeto)
1878 Wundt Cohen / Cassirer Windelband e Rickert
Psicologia a ciência constrói ciências culturais
científica a verdade ou históricas
X Dilthey
ciências naturais * mente que percebe = mente percebida
1894 * atos / conteúdos
1900 Husserl * psicologia da compreensão
* ato (experiência mental) / conteúdo
* intencionalidade
* fenomenologia X psicologia
1924 neopositivismo Spranger Stern
* compreensão e significado * gestalt
**unidades
undiades múltiplas * psicologia:
compreensão
e explicação
Introdução
• O problema das ciências da compreensão e da interpretação =
critério de verdade
• Pergunta: Como produzir, identificar, fundamentar
uma interpretação verdadeira?
• Fenomenologia e Estruturalismo preocupados com RIGOR
CIENTÍFICO
• No estruturalismo o rigor é metodológico
Formalização dos conceitos
das hipóteses
análise
• Na fenomenologia - preocupação com rigor epistemológico
• Tradição racionalista: Descartes, Kant, Dilthey, Husserl
A fenomenologia e a questão
epistemológica
• Descartes retornou muito rápido do “eu penso” para
o “mundo natural”
• dúvida metódica - por em suspenso crenças e
preconceitos
• evidência - experiência onde as coisas e os fatos em
questão estão presentes
• apodítico - ausência de dúvidas (Ziles, 1996. p. 24)
• [Descartes] “deixou inexplorado todo o imenso
continente dos pressupostos transcendentais da
experiência empírica, cujos aspectos formais foram
objeto da teoria do conhecimento de Kant”
(Figueiredo p. 173)
A fenomenologia e a questão
epistemológica
• Husserl rejeitou as pressuposições de Kant: para além
do pensável, do imaginável e do experimentável pela
consciência.
• Ontologia de Husserl: evidências para uma ciência
rigorosa: os fenômenos – atos da consciência
intencional, consciência de, e seus respectivos objetos
imanentes
• Fenomenologia
Ciência descritiva  dos fenômenos  através da
intuição  por apreensão imediata da “coisa mesma”
Edmund Husserl

1859 Nasce em 8 de abril na Checoslováquia.


Estuda matemática em Leipzig, Berlim e
Viena.
1884 Assiste as aulas de Brentano e interessa-
se pela filosofia.
Vive o restante de sua vida como
pensador dedicado à
fundamentação científica da filosofia.
1938 Falece em abril.
Edmund Husserl
• Fenomenologia como estudo puramente descritivo
• Epochè fenomenológica
• Fenômenos = realidade da consciência = essências
ideiais
• Intuição eidética: meio para alcançar a essênica, o
universal, em sua natureza absoluta - preenche a
intenção.
• Intenção: atenção para o simples significado do objeto
• Redução: necessária para se chegar à evidência
apodídica, pois a percepção nunca é uma manifestação
adequada do objeto espacial.
• A consciência é intencionalidade.
O encontro da fenomenologia
com as ciências humanas
• A fenomenologia é herdeira da disposição
iluminista de abolir os preconceitos e as
crenças mal fundadas.
• neste sentido é anti-romântica
• é contrária ao historicismo de Dilthey
• é contrária a vertente objetivista do
iluminismo (oposição ao naturalismo)
O encontro da fenomenologia
com as ciências humanas
• Objetivo: elucidar estruturas formais (gerais e
específicas) da experiência

• A fenomenologia seria a base de todas as ciências

• Séc. XIX – Modelo das ciências naturais

• Fenomenologia: Conhecer o homem


Sujeito = fonte constitutiva do conhecimento de
todo objeto de experiência e reflexão
As estruturas da consciência
transcendental
• Intencionalidade - (Brentano)
Consciência Consciência
X
ATO CONTEÚDO

Visa a um objeto Imagem, lembranças, perceptos

• A consciência não é algo que está dentro de um


invólucro corporal ou comportamental, é sempre
“consciência de” alguma coisa.
• Mediadora sujeito – mundo: captação de
intencionalidade
As estruturas da consciência
transcendental
• Temporalidade
Consciência é síntese no tempo.
Perceber objeto = perceber sua identidade ao
longo de sucessão de imagens.
Memória e imaginação

• Horizonte (as possibilidades)


Tarefa da fenomenologia é elucidar significado
oculto das vivências
Os modos da consciência
transcendental e as ontologias
regionais

Da descrição das estruturas gerais da


consciência, a fenomenologia deve
caminhar para estruturas típicas especiais
A inflexão romântica na fenomenologia de
Max Scheler (1874-1928)

• Livro principal é de 1913 “Zur


Phänomenologie und Theorie der Sympathiege
Fühle und von Liebe und Hass” - tradução em
inglês “A natureza da simpatia”

• O tema de interesse de Scheler foi o estudo da


expressão da emoção. Acreditava que as
emoções estavam ligadas uma as outras e com
os valores de seus referentes intencionais.
A inflexão romântica na fenomenologia de
Max Scheler (1874-1928)
• Outros interesses
– Teoria de ato e pessoa, a pessoa sendo uma unidade de
atos não sendo portanto objetivável.
– Filosofia da religião
– Percepção “Toda a percepção de si só se realiza quando
o que deve ser percebido se transforma em tendência
expressiva”
• Scheler foi o grande estimulador da fenomenologia
na psicologia embora não fosse seu melhor
apresentador. Seu nome aparece mais na literatura
em psicologia do que o nome de Husserl. Era um
dos poucos fenomenólogos que acompanhava os
trabalhos empíricos dos psicólogos.
As doutrinas existencialistas
• Existencialismo: tendência ou movimento
filosófico que enfatiza a existência individual,
liberdade e escolha, que influenciou diversos
escritores nos séculos XIX e XX.

• “Conjunto de doutrinas segundo as quais a filosofia


tem como objetivo a análise e a descrição da
existência concreta, considerada como ato de uma
liberdade que se constitui afirmando-se e que tem
unicamente como gênese ou fundamento essa
afirmação de si.” (Figueiredo, p. 179)]

• Kierkegaard, Nietzsche, Sartre, Heidegger


Soren Aabye Kierkegaard
• nasceu em 1813 em Copenhague, na Dinamarca.
• Ficou noivo de Regine Olsen (bela moça de 17 anos), mas rompeu
o noivado para dedicar a vida à religiosidade.
• Morreu em 1855, com 42 anos.

• “Minha vida não será, apesar de tudo, mais do que uma


existência poética.”

• Poeta, religioso fervoroso, amante das artes, especialmente o


teatro.
• Inicialmente segue Hegel, mas não pode aceitar a
impessoalidade hiper racionalista e a religiosidade
luterana Hegeliana dos grandes sistemas abstratos,
distantes da humanidade.
Soren Aabye Kierkegaard
O homem é sujeito que escolhe viver...

• A verdade está na subjetividade e nas escolhas éticas do


sujeito.
• O homem é livre. Seu comportamento não é
determinado.
• Crucial: conhecer as motivações da existência.
• Conhecimento depende de interpretação, que depende de
um ato de vontade, que por sua vez, é ato decisório de
existir.
• Kierkegaard coloca o homem em evidência.
• Nasce aqui uma angústia existencial do homem, órfão
dos grandes sistemas dogmáticos, com a possibilidade do
vazio.
Soren Aabye Kierkegaard
Existir é tornar-se consciente de si
(como ser total).

• Ser total indissolúvel: razão, emoções e imaginação.


• Imaginação como criação de valores.
• Sentimento tão importante quanto o intelecto.
• Duas existências:
1. Estética (auto-satisfação física)
2. Ética (nível das escolhas)
Religião: superação dos dilemas éticos pela entrega da
existência a Deus, como fonte da vida singular.
Soren Aabye Kierkegaard
Influências

• Foi influenciado por: Sócrates, Schelling, Eduard


Von Hartmann, Pascal e Hegel, por oposição.
• Influenciou o pensamento e a teologia alemã, e
pensadores como Jaspers.
• Publicou inúmeras obras, sob vários pseudônimos:
Victor Eremita, Johannes de Silentio, Hilarius
Bogbinder e Anti-climacus, entre outros.
Soren Aabye Kierkegaard
• Filosofia da existência x racionalismo.
• Conduta estética x conduta ética - solução: conduta religiosa.
• Antecedentes: Hegel, Schelling, Marx

• A idéia da existência: - existir é tornar-se “consciente” de si


mesmo
- o conteúdo da subjetividade é o aspecto ético
- conhecimento acidental x conhecimento essencial

• Imaginação: - capacidade psicológica de produzir imagens /


fantasia: modo criador do homem
- liberta o homem das restrições impostas pelo ambiente

• Dialética kierkegaardiana (ruptura) x dialética mediadora


hegeliana (síntese e sistema)
A Psicopatologia de K. Jaspers
• Método fenomenológico para descrição do
existente;
• Polêmica entre doença mental como funcional ou
como orgânica;
• Psicopatologia como doença orgânica foi
inicialmente defendida por
– Wilhelm Greisinger (1817-1868) um professor de
psiquiatria e neurologia na Universidade de Berlin.
(Hilgard, 1987 e Spiegelberg (1972)
• Seu principal livro foi de 1845 - “Mental
pathology and therapeutics”
A Psicopatologia de K. Jaspers
• A posição de Greisinger foi seguida e expandida por Emil
Kräpelin (1865-1927) e seu trabalho caracterizou-se por uma
extensíssima classificação de doenças mentais, trabalho
primeiro publicado em 1883 com 2.500 páginas. Preocupado
com descrição e diagnose.
• A perspectiva fundamental de sua classificação é somática.
• Sai Husserl Logische Untersuchungen, 1901 (Investigações
lógicas)
• O primeira tentativa organizada de apresentar a psicopatologia
numa linha de psicologia descritiva foi em 1912 através da
Revista Zeitschrift für Pathopsychologie por um grupo em torno
do psiquiatra de Munique Wilhelm Specht.
• Karl Jaspers publica Allgemeine Psychopathologie em 1913
(Psicopatologia geral)
• (Vide Spiegelberg, 1972, p. 95)
A Psicopatologia de K. Jaspers
• Destaques
– a) descrição sistemática do método fenomenológico
– b) mostrar que a psicopatologia é uma ciência natural e
uma ciência do espírito
• Limites da compreensão
– a) limitado pelo extraconsciente, pelas relações
causais, impessoais e não vivenciadas que exigem leis
e teorias explicativas;
– b) limitada pela existência humana, este é um limite
não só para a compreensão mas também para a
explicação, vale dizer, para toda a ciência.
• Figueiredo, Matrizes 180
A Psicopatologia de K. Jaspers

• Jaspers não fundou uma escola. Depois de


escrever o livro abandonou a psicopatologia e
concentrou-se na psicologia, que considerava uma
estação na direção da psicologia foi quando
tornou-se um defensor do existencialismo
(Spiegelberg, 1972, p. 97).
• “O homem é possibilidade aberta incompleta e
incompletável” Jaspers citado por Figueredo
Analítica e psicanálise
existencial
• Spiegelberg
• Nos fins da década de 20 a fenomenologia tomou
novo rumo.
• Em filosofia este novo rumo veio com o lançamento
do livro Sein und Zeit (1927) de Martin Heidegger.
• Em psicopatologia o novo rumo veio com o
lançamento da revista Der Nervenarzt em 1930 com o
objetivo de divulgar uma antropologia fenomenológica.
Envolvidos neste empreendimento estavam Ludwing
Binswanger, Viktor von Gebsattel, Erwin Straus.
Analítica e psicanálise existencial

• O papel decisivo de Binswanger foi romper com os limites


estreitos da fenomenologia de Jaspers, que estava confinada a
descrição dos fenômenos subjetivos isolados característicos
dos pacientes psicóticos, deixando as conexões entre eles para
duas diferentes abordagens: a compreensão na maneira de
Dilthey na qual inteligibilidade substituia a explanação
científica. Binswanger não reconhecia estes limites. Para ele
não havia uma boa razão para proibir a fenomenologia de ir
além do fenômeno isolado, cujo isolamento era na verdade o
resultado de fatores artificiais. Sugere-se então que se estude a
história de vida.
• Binswanger, influenciado pela filosofia de Heidegger, vai
dirigir sua antropologia para o estudo do Dasein do ser-no-
mundo: o estudo do ser humano em sua inteiridade normal ou
anormal. Esta foi a nova tarefa da psicopatologia
fenomenológica
Analítica e psicanálise existencial

• Critica a psicanálise por simplificar a


realidade humana. Modifica a ontologia de
Heidegger para incluir um ser existencial
concreto:
– a) num mundo biológico (Unwelt)
– b) num mundo social (Mitwelt)
– c) num mundo existencial (Eigenwelt)
A Daseinanalyse
1) A história do paciente não é o preenchimento de qualquer
teoria a priori, mas a descrição de um modo de existir;
2) A intervenção terapêutica não é a aplicação de
determinadas técnicas, mas uma trajetória comum entre
dois seres humanos, que reconstroem juntos o processo de
afastamento e volta a um mundo comum;
3) Os sonhos não são tratados como um manifestação
simbólica do desejo mas como uma expressão do ser-no-
mundo;
4) A prática terapêutica está aberta para recursos
complementares vindos de diferentes orientações.
O problema da compreensão
nas doutrinas existencialistas
• Hermenêutica
• Sarte: metodologia progressivo-regressivo ou analítico-
sintética ilustrada em análises concretas de personalidades
históricas e autores literários
• Que é para Sartre “compreensão” é simplesmente um
movimento dialético que explica o ato por sua significação
terminal a partir de suas condições de início
• Problemas visto por Sartre
– 1) Nas limitações da expressão do projeto
– 2) Na nossa maneira de compreender o outro
• Heidegger: “compreender não é um modo de
comportamento de comportamento do sujeito entre outros,
mas um o modo de ser do próprio dasein”
Se Deus é imortal, o que fazer
com a finitude humana?
• Husserl resgata a filosofia do meio da aridez dos
céticos solipsistas e do devaneio dos racionalistas:
afirmação da essência do conhecimento.
• Panorama do início do séc. IX:
1. Pensamento natural
2. Resgate da religiosidade
3. Idealismo alemão (Fichte, Schelling e Hegel)
• Hegel domina a filosofia como o maior dos
idealistas.
Martin Heidegger
(1889 – 1976)
• O mais independente e sólido pensador da
condição humana no mundo contemporâneo.
• Estudou fenomenologia com Husserl
• 1927 – Ser e o Tempo – O problema do ser
• 1933 – Primeiro reitor nacional-socialista da
Universidade de Freiburg
• 1934 – Demite-se por discordar do regime nazista
• 1976 – morre em Freiburg
Martin Heidegger
Fenomenólogo existencial, rejeitava o rótulo de existencial e
desautorizado por Husserl como fenomenólogo

• Quer responder: qual a natureza do ser humano?


• É o “ser-no-mundo”, como ser que existe no mundo,
indissolúvel deste.
• Três dimensões:
1. A natureza (existência cotidiana)
2. Os níveis de experiência (consciência de motivações para
existir)
3. O estado de cuidado do Ser (preocupação ou angústia com
o nada que leva o ser à transcendência das condições que
limitam a existência)
Martin Heidegger
As categorias filosóficas são inúteis

• Pois se referem às coisas e não ao homem.


• O homem é sujeito no mundo.
• E o mundo é experiência do homem.
• Existência: afetividade, compreensão e
expressão.
• A idéia criadora deve ser descoberta e será
revelada nas condições de abertura do ser
para o mundo real ou imaginário.
Martin Heidegger
A imaginação (como Kierkegaard)...

• É a propriedade do humano por excelência


• Que permite ao homem transcender as condições
da existência cotidiana
• E desvelar o Ser que livremente escolhe como
existir.
• Existência autêntica: abertura às possibilidades no
mundo.
• Fenomenólogo existencial, assim, descreve os
diferentes modos de ser no mundo.
Martin Heidegger
Mas o homem não existe só...

• Ele existe para si (Eigenwelt): consciência de si


• Ele existe para os outros (Mitwelt): consciência
das consciências dos outros
• Ele existe para as entidades que rodeiam os
indivíduos (Umwelt).
• Existência se dá no interjogo dessas existências.
• Mas o Ser deve cuidar-se para não ser tragado pelo
mundo-dos-outros e isentar-se da responsabilidade
individual de escolher seu existir.
A Existência Primitiva

• Descartes: é razão
• Kierkegaard: é existência
• Martin Buber: é o homem na sua totalidade
• Husserl: é o mundo-vida-do-humano
• Heidegger: é o ser-no-mundo
Martin Heidegger
Refaz a pergunta do filósofo

• Não é: “como o ser vive no mundo?”


Mas sim: “como o ser experiencia o mundo?”
• O homem vive no mundo tanto quanto os animais,
plantas e objetos, porém, somente ele experiencia
o devir, se angustia com os limites do mundo e
pode responder à pergunta: quem sou eu?
• E, ao responder, ele escolhe existir e forma
diversas possibilidades, ao contrário dos animais,
condicionados pelo instinto.
Assim, o ser-no-mundo vive
numa ambivalência
• É existência condicionada pelo mundo
• E também é existência da liberdade absoluta de escolha
e transcendência (dentro de e junto com o mundo).
• Em Heidegger, dilui-se definitivamente o Eu absoluto e
abstrato de Hegel, em um Eu que, em essência, é ato de
existência.
• Abrem-se perspectivas para a radicalização da liberdade
(no existencialismo de Sartre), para os
construcionismos (pensamento social) e construtivismos
(Piaget, Bronfenbrenner e Vygotszky).
• Essência – existência – linguagem.
Martin Heidegger
• Não se diz existencialista: procura o desvendamento do ser em si
mesmo
• Existência humana: via de acesso à descoberta do ser
• Aspectos da existência inautêntica do homem:
- facticidade; existencialidade; ruína

• Angústia: pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade


• Transcender: atribuir um sentido ao ser

• Fenomenologia existencial

• Como o Ser experiencia o mundo:


- Eigenwelt (mundo pessoal); Mitwelt (mundo das pessoas ao redor);
Umwelt (mundo das entidades que rodeiam os indivíduos)
Maurice Merleau-Ponty
A fenomenologia da existência torna-se linguagem

1908 Nasce em 4 de março em Rochefort-sur-Mer, França


1945 Doutora-se em filosofia com Fenomenologia da Percepção
Junto com Satre, funda a revista Temps Modernes
1961 Falece em Paris, com 53 anos, vítima de embolia.

• Formou, junto com Sartre, S. de Bouvoir e Paul Nizan, a


geração existencialista dos anos 40 e 50.
• Crítico radical do humanismo, que definia como: o
subjetivismo filosófico (reduz o mundo às idéias do eu) e o
objetivismo científico (reduz a consciência a percepções
estéreis).
• Nesse sentido, propõe a conexão indissolúvel de eu e mundo,
de sujeito e objeto.
Maurice Merleau-Ponty
• Inicialmente vinculado à fenomenologia husserliana - dirige-se à relação
corpo sensível-mundo sensível

• Crítica radical do humanismo: o subjetivismo filosófico e o objetivismo


científico

• Fenomenologia da Percepção - problema da separação consciência-mundo:


idealismo e empirismo científico / empirismo e idealismo filosófico

• Ciência e filosofia devem se questionar (sujeito-objeto, fato-essência, real-


aparência)

• Consciência perceptiva / consciência representativa

corpo/carne reflexividade e visibilidade

• A linguagem como ato de significar - dimensão expressiva


Maurice Merleau-Ponty
O substrato comum de ser e mundo
• É a linguagem!
• O ser não atribui sentido às percepções
• Mas as percepções só são possíveis
• Porque o sentido está dado previamente.
• Não no mundo, mas na linguagem e na atribuição
que a linguagem reserva ao homem e ao mundo:
• Permitir ao sujeito ultrapassar o significado e ser
ente significador (significante).
• Eu significante e eu significado, pelo sentido,
ultrapassam-se mutuamente, num interjogo que
cria novos significados.
Maurice Merleau-Ponty
Corpo, mundo, linguagem e intersubjetividade encarnada

• O real transborda sempre a percepção e seus


sentidos ultrapassam os “dados” e os
“conceitos”.
• M.M.Ponty conecta definitivamente o ser e o
mundo, a essência e a existência, o corpo e a
mente.
• Ele estabelece a empiria para as compreensão
fenomenal humana: a linguagem.
Fenomenologia existencial:
o percurso se completa
• Husserl: junta objetividade e subjetividade
na idéia da fenomenologia – perceber é
pensar – perceber essências.
• Kierkegaard: enfatiza a liberdade,
transformando essências em existências.
• Heidegger: coloca as existências no mundo.
• Merleau-Ponty: transforma existências em
linguagem.
O problema da compreensão nas doutrinas existencialistas
(Figueiredo, cap. XI)

Início do Romantismo
séc. XIX * expressão e interpretação das formas expressivas

Séc. XX Sartre Heidegger


* antropologia existencialista: * fundamentação ontológica da
compreensão:
o homem como o dasein e o
um criador de signos círculo hermenêutico

* compreender a conduta * compreender é tomar consciência


humana é explicitar dos preconceitos pessoais que
sua significação guiam a compreensão
Alguns psiquiatras
• Começam a elaborar a postura
fenomenológica para proporem uma prática
clínica.
• Entre eles, destacam-se Karl Jaspers (1883-
1969) e Ludwig Binswanger 1881-1966).
• Jaspers propõe uma descrição
fenomenológica da psicopatologia, como
distorção perceptiva e preocupa-se com a
falta de cientificidade na psiquiatria.
Binswanger
• Faz pontes com as fenomenologias de Husserl e de
Heidegger com Freud.
• Propõe a “daseinsanalyse”, cujo objetivo é incentivar
uma postura de abertura do indivíduo para o mundo,
ajudar na busca de sentidos através do ser-no-
mundo.
• Apesar de haver núcleos de terapeutas trabalhando
com a daseinsanalyse, especialmente com a
perspectativa heideggeriana, ambas fracassam.
• Nenhuma das terapias fenomenológicas se impõe
como prática clínica estabelecida.
Influência da pensamento
fenomenológico
• Várias psicoterapias:
• Psicanálise freudiana – descrição de
processos psicológicos e associação destes
com circuitos neuroquímicos (Freud assistiu
aulas de Brentano).
• Gestalt-terapia – com base na teoria da
Gestalt, trabalha a percepção de si e do
mundo.
• Terapias humanistas:Logoterapia de Viktor
Frankl e A.C.P. de Carl Rogers.

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