Você está na página 1de 31

ítulo

Verdana Bold 36 pt
Subtítulo – Verdana Regular 20 pt
Insper – Aula 22 – 09/05/17

- A teoria da escolha pública


- Paradoxo de condorcet
- Alienação racional
- Assimetria de informação
- Problema principal-agente
- Preferências difusas
- Rent seeking
- Lobby/advocacy
Politics without romance
James Buchanan Gordon Tullock
Atores da “Escolha Pública”

Abordagem “econômica" das escolhas


que as pessoas e os governos fazem
no mercado político.
Os atores:

• (i) eleitores;
• (ii) firmas;
• (iii) políticos;
• (iv) burocratas;
• (v) partidos políticos;
• (vi) grupos de interesse.
O Argumento das falhas de mercado

• Bens públicos
• Externalidades (positivas, negativas)
• Monopólios naturais
• Bens meritórios
• Informação assimétrica
• Mercados incompletos

• Problemas de justiça (básico, maximin,


igualdade)
As falhas de governo
1. As preferências dos cidadãos são
difusas
2. A escolha pública é intransitiva
3. Há um problema “principal-agente”
4. O eleitor é “racionalmente alienado”
5. Os custos de transação são altos
6. Há forte assimetria de informação
7. Há os “Buscadores de renda” (rent seekers)
8. Há o lobby organizado
9. A burocracia pública tem interesses
próprios
O Eleitor é (racionalmente) alienado?
1. Nosso voto é (tecnicamente) irrelevante.
2. Se errarmos a escolha, socializamos o
“prejuízo”.
3. O incentivo para buscar informação é
baixo
4. Por isso somos “racionalmente
alienados”.
5. O eleitor tende à irresponsabilidade

• O Imperativo categórico pode nos ajudar


a resolver o paradoxo?
Quando seu incentivo para buscar
informação é maior?
A teoria do contrato

• Critério abstrato da
“unanimidade”.
• Ponto de partida de
legitimação do “mercado
político”.
• Mas todas as deliberações no
mercado politico são, por
isso, legítimas?
Rousseau e a “vontade geral"
• O paradoxo rousseauniano:
• “os indivíduos “unindo-se a todos, só
obedecem, não obstante, a si mesmos,
permanecendo assim tão livres quanto
antes” (Do Contrato Social).
• “cada um nós põem em comum sua
pessoa e todo o seu poder sob o
comando supremo da vontade geral, e
recebemos, enquanto corpo, cada
membro como parte indivisível do todo”
A interpretação transcendental

A vontade geral é a
encarnação transcendental dos
interesses comuns dos
cidadãos, que existe em
abstrato, independentemente
do que qualquer um
efetivamente deseje.
Paradoxo de Condorcet

Pessoa 1 Pessoa 2 Pessoa 3

A B C
B C A
C A B
Transitividade da escolha individual
x
Intransitividade da escolha pública
• Indivíduo 1 - A,B,C
• Indivíduo 2 - B,C,A
• Indivíduo 3 - C,A,B

• A x B (A,B,A) = (A - B) (c x a) = (c – a)
• A x C (A,C,C) = (C – A) (c x b) = (b – c)
• B x C (B,B,C) = (B – C) (a x b) = (a – b)

• B-C-A–B (c – a – b – c)

Prioridades mudam, mas intransitividade se mantém


B-C-A–B
A - Previdência pública (atual)
B – Orçamento público equilibrado
C - Impostos baixos

Previdência x Orçamento equilibrado = previdência


Previdência x Impostos baixos = impostos
Orçamento equilibrado x Impostos = Orçamento

orçamento eq - Impostos b - Previdência – orçamento eq

Decisões unidimensionais, “isoladas” levam a um problema de


composição – no ordenamento das preferências.
O Problema das preferências difusas
ou opacas
• Como é possível saber se os cidadãos
desejam ou precisam do programa Big
Bird? Big bird debate
• Como saber se querem/precisam de
museus, orquestras, TV Cultura?
• Como saber se querem ou precisam de
uma previdência estatal compulsória?
• Com que critérios governos decidem alocar
recursos neste ou naquele programa?
The big bird case
Principal-Agente X assimetria de informação

Conselho empresa Cidadãos/eleitore


s/contribuintes

X X

Governo/políticos
Executivos /burocracia
pública
O Problema do Rent seeking
• Atividades legais ou ilegais de busca
de monopólio, tarifas especiais,
aposentadorias especiais, restrições à
importação, etc.
• Se o custo de obter as vantagens
(rendas) é menor (e menos incerto)
do que o investimento necessário
para alcançar produtividade no
mercado, estes investimentos nunca
serão feitos.
PLDO 2017: R$ 280 bilhões

• Simples Nacional: 80 bilhões


• Zona Franca de Manaus: 25 bilhões
• Desoneração cesta básica: 25 bilhões
• Filantropia (isenções): 24 bilhões
• Rendimentos isentos (IRPF): 23 bilhões
• Desonerações folha salários: 16 bilhões
• Despesas médicas (IRPF): 12 bilhões
• Aposentadorias e pensões (IRPF): 6,1 bilhões
• Despesas com educação (IRPF): 4 bilhões
• Assistência médica (IRPJ): 5 bilhões
• Vale alimentação: 1 bilhão
• Setor automotivo: 2 bilhões
• Aeronaves e embarcações:
Paradoxo maquiavélico

• Muita informação • Pouca informação


• Interesses • Interesses difusos
concentrados • Ganhos/prejuízos
• Ganhos/prejuízos longo prazo
de curto prazo

Custo de transação Custo de transação alto


baixo
O Problema do Lobby

• Uma nova regulamentação para a


telefonia vai à vontação no Congresso.
• Há cinco grandes empresas no setor
• Haverá um ganho de R$ 100 milhões, com
a aprovação do projeto
• Cada consumidor passará a pagar mais R$
50 reais por ano, em sua conta de energia
Custos de transação

• É mais racional que as empresas invistam


R$ 10 milhões no pagamento de lobistas?
• Ou que os cidadãos invistam uma
passagem de ônibus e seu tempo indo ao
Congresso protestar?
• Resultado: os “interesses concentrados”
apresentam custos de transação
relativamente mais baixos.
Lobby x Advocacy
Burocracia
• Que tipo de bem os burocratas tentam
maximizar?
• Gordon Tullock: “tamanho”.
• Fatias maiores do orçamento?
• Prerrogativas especiais (“carreiras de
estado”, regime previdenciário próprio,
estabilidade plena de emprego, etc).
• Prestígio, influência,
Ideologia
Em geral, o discurso ideológico é
utilizado para oferecer uma
“narrativa” de interesse público
para a defesa de interesses
privados ou corporativos.

• Exemplos:
1 retórica da “criação de empregos"
2 retórica difusa dos “direitos”
Como diferentes grupos justificam
publicamente a defesa de seus interesses?

1. Professores: “educação pública”

2. Policiais militares: “alto risco para a sociedade”

3. Defensores Públicos: “defesa dos mais pobres”

4. Filhas solteiras: “direito adquirido”.

1. Montadores de veículos: “geração de empregos”

2. Empresas culturais: “cultura é desenvolvimento”

3. TVs Educativas: “direito à informação”.


The public choice theory
1. “Sociedade” e “interesses coletivos” são
abstrações
2. Democracia é um sistema de escolhas e
competição de interesses – mercado político.
3. Agentes políticos são agentes racionais.
4. Consumidores são melhor informados do que
eleitores
5. O eleitor tende a ser racionalmente alienado
6. As preferências são difusas e opacas
7. O problema do principal-agente
8. Os custos de transação da escolha pública
9. Os “buscadores de renda” (rent seekers)
10.Rendas: recursos obtidos via processo político
Exercício: o sistema de “vale-
educação” e a teoria da escolha pública
• Tradicionalmente, os governos (não apenas no Brasil),
oferecem educação gratuíta, através de uma rede estatal de
escolas (ensino fundamental e médio).
• No Brasil, este sistema enfrenta problemas constantes. A
qualidade das escolas é baixa e os resultados obtidos pelos
estudantes, no ENEM, também são piores do que no sistema
privado.
• Por outro lado, os professores tem uma forte organização
sindical e frequentemente realizam greves, por melhores
salários e outros temas, prejudicando o ano letivo dos
estudantes.
• Há propostas alternativas a este sistema. Uma dessas
propostas é a introdução de um sistema de “vale-edudação”.
Neste sistema, o governo não realiza a gestão das escolas,
mas apenas oferece um “vale” ou bolsa para que cada aluno
escolha uma escola privada em que deseje estudar.
Escola estatal X sistema de voucher
• Governo cria um sistema • Governo oferece um “vale-
de escolas estatais, no educação” (voucher) para que
modelo de “repartições os alunos escolham onde
públicas”. desejam estudar.
• Constrói prédios e • O voucher pode ser usado
contrata professores. para pagar a mensalidade de
escolas privadas credenciadas
• Os professores tem
pelo governo (ex: ENEM
estabilidade no emprego. acima de 550)
• Os alunos não tem • O governo gradativamente se
escolha. Em regram retira da função de gestor da
estudam na escola mais educação, focando no
perto de sua casa. financiamento dos
• Professores tem forte estudantes, com os vouchers.
organização sindical • Professores tem pouca ou
nenhuma organização sindical
Questões:
1 - Há um problema de “principal-agente” envolvido nesta questão? Quem
é o principal? Quem é o agente em cada um dos modelos?

2 - Quem tende a desempenhar o papels de “rent seeker” em ambos


modelos?

3 - Há problemas de assimetria de informação e de “alienação racional”


envolvidos? Em que sentido?

4 - Há problemas de “custos de transação” envolvidos? (na atuação dos


eleitores/contribuintes e na ação dos professores?)

5 - Caso o governo decider migra do modelo atual para o novo modelo de


Voucher, que papel tenderia a ser desempenhado pela ideologia?

6 - À luz da teoria da escolha pública, quais sãos as vantagens e


desvantagens de cada modelo?

7 - Caso você fosse o govenador(a) do Estado, optaria por qual sistema?


Por que?
www.insper.edu.br

Você também pode gostar