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7-COMPETÊNCIA

TRIBUTÁRIA

Limitações ao poder de tributar:


incidência, não-incidência,
imunidade e isenção
Distinção entre Incidência, Não-
Incidência, Imunidade e Isenção
 Incidência: ocorrência do fato gerador em
concreto.
 Não-incidência: ocorrência de fato
tributariamente irrelevante
 Imunidade: hipótese de não-incidência tributária
constitucionalmente qualificada.
 Isenção: hipótese de não-incidência tributária
legalmente qualificada.
EXCLUSÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Constituição Lei
Imunidades Anistia
Isenção
Remição
EXCLUSÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO

 A isenção consiste em uma norma infraconstitucional que exclui


o crédito tributário, impedindo a incidência da norma de
tributação. Para tanto, deverá ocorrer antes da prática do fato
gerador.
 Já a anistia é a hipótese de exclusão do crédito tributário, na qual
o crédito já foi constituído e houve o inadimplemento por parte
do contribuinte, cuja consequência é a imputação de multa.
Nesse panorama, a anistia consiste, exatamente, na feitura de lei
posterior com a finalidade de perdoar a multa.
 Remissão é o ato de remitir ou perdoar a dívida por parte do
credor benigno, que renuncia o seu direito. É hipótese de
extinção de obrigação, nos termos do artigo 385 do CC que
dispõe: "A remissão da dívida aceita pelo devedor extingue a
obrigação, mas sem prejuízo de terceiro".
Imunidades tributárias
 Segundo o STF, são cláusulas pétreas, já que não se
podem excluir direitos e garantias individuais (art.
60, §4º, IV, CF).
 Atingem apenas os IMPOSTOS, não todos os
tributos. EXCEÇÕES:
 Contribuição previdenciária (art. 195, §7º, CF): entidades
beneficentes de assistência social.
 Contribuição previdenciária e CIDE (art. 149, §2º, I, CF
 EC 33/2001): não incidência nas receitas decorrentes
de exportação.
 Taxas (art. 5º, XXXIV, “a” e “b”, LXXIII, LXXIV,
LXXVI e LXXVII, CF)
Principais imunidades
 Art. 150, VI
1) Imunidade recíproca

2) Imunidade para templos de qualquer culto

3) Imunidades para partidos políticos, entidades


sindicais de trabalhadores, instituições de
educação e entidades de assistência social
4) Imunidade de imprensa

 Situações que prestigiam valores constitucionais


inafastáveis.
1) Imunidade recíproca
 União, Estados, Municípios e DF não podem
cobrar IMPOSTOS uns dos outros.
 Visa a garantir o pacto federativo: nosso sistema
federativo é de equilíbrio, em que as entidades
impositoras não são hierarquizadas, mas parificadas.
 O texto constitucional menciona imunidade sobre
patrimônio, renda e serviços. Para o STF, deve-se
dar interpretação ampliativa à expressão, afastando-
se quaisquer impostos.
 IMUNIDADE INTERGOVERNAMENTAL
RECÍPROCA.
2) Imunidade dos templos
 Objetiva a garantir a imunidade de culto ou de
crença = art. 5º, VI, b, CF
 Postura de neutralidade do Estado no tema religião
(art. 19, I, CF) = país laico (sem religião oficial).
 Até a Proclamação da República (1889), o
catolicismo era a religião oficial no BR. Existia uma
espécie de césaro-papismo (Ex.: a escolha de
sacerdotes/bispos dependia do aval do imperador).
 ATENÇÃO: desde que não sejam ofensivos à
moral, aos bons costumes ou à segurança nacional.
2) Imunidade dos templos
 CULTO: manifestação religiosa que veicula valores
consonantes com aquilo que se preconiza em um
Estado Democrático de Direito. Assim, o culto
deve prestigiar a fé e os valores transcendentais que
a circundam, sem prejudicar os valores adotados
pela CF.
 TEMPLO – Há 3 teorias para sua conceituação:
 Teoria clássico-restritiva
 Teoria clássico-ampliativa

 Teoria moderna
2) Imunidade dos templos
 TEORIA “CLÁSSICO-RESTRITIVA”

TEMPLO é o local destinado à celebração do culto.


 “coisificação” do templo. Ex.: não incidência de
IPTU sobre o imóvel dedicado à celebração
religiosa (ou parte dele: o culto ocorre no quintal),
não-incidência de IPVA sobre o “veículo-templo”
(templo-móvel).
2) Imunidade dos templos
Teoria “clássico-ampliativa”
TEMPLO é tudo o que direta ou indiretamente
viabiliza o culto. Abrange os anexos ao templo. Ex.:
casa do religioso, veículo usado na difusão do
trabalho.

Teoria moderna
TEMPLO é ENTIDADE (instituição, Igreja).
Abrange todas as manifestações relevantes ao
fenômeno tributário, que tendem à difusão do culto.
2) Imunidade dos templos
 Requisitos:
1. Prova de que a renda extra seja aplicada na
finalidade essencial;
2. Prova de que não há ofensa à livre concorrência.
 Súmula 724 do STF: “Ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
pertencente a qualquer das entidades referidas no
art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor
dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais
de tais entidades.”
2) Imunidade dos templos
 O posicionamento mais recente do STF é pela não
incidência do ICMS nas operações executadas pelas
entidades de assistência social e, por analogia, pelas
Igrejas.
3) IMUNIDADES PARA
PARTIDOS POLÍTICOS,
ENTIDADES SINDICAIS DE
TRABALHADORES,
INSTITUIÇÕES DE
EDUCAÇÃO E ENTIDADES
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.
Partidos políticos
 Elemento teleológico: liberdade política (art. 17 CF)
 A imunidade só abrange os partidos devidamente
registrados no Tribunal Superior Eleitoral (art. 17, §
2º). Os partidos clandestinos que apregoem
finalidades dissonantes do regime democrático não
terão direito à imunidade.
 Tal imunidade alcança também as fundações
atreladas aos partidos políticos (ex. fundação
Pedroso Horta, PMDB). Esta disposição foi
inserida com a CF/88.
Entidades Sindicais de
Trabalhadores
 A imunidade protege tão somente os sindicatos dos
empregados, isto é, as entidades obreiras. Os
sindicatos patronais ou dos empregadores receberão
a tributação com normalidade.
 RAZÃO: proteção da liberdade sindical, com vistas
ao fortalecimento do lado mais fragilizado
(hipossuficiente) da relação laboral, o empregado.
 A proteção alcança também as Federações (= 5
sindicatos) e as confederações (= 3 Federações).
Instituições de Educação
 A imunidade visa difundir o ensino e a cultura
(arts. 205, 208 e 214, CF)
 Abrange todos os tipos de ensino, escolas,
universidades, cursos de idiomas, etc.
 O ensino é a transmissão de conhecimento que
veicula a Educação.
 Inclui a proteção à educação formal ou
curricular (escolas, faculdades, universidades) e à
educação informal ou extracurricular
(bibliotecas, museus, centros de estudo).
Entidades Beneficentes
 Elemento teleológico: proteção à assistência
social (art. 203, CF)
 A entidade beneficente pode realizar bazares e
fruir a imunidade desde que cumpra o art. 14 do
CTN, evitando-se:
 distribuir o lucro;
 prejudicar a livre concorrência.

 ATENÇÃO: a entidade beneficente de assistência


social: possui duas imunidades
 a impostos: art. 150, VI, “c”, CF
 a contribuições previdenciárias: art. 195, § 7º, CF.
“Atendidos os requisitos da lei”
 Deve ser lei complementar, em virtude da
disposição do art. 146, II, CF que determina que
as limitações ao poder de tributar somente
podem acontecer via lei complementar.
 Trata-se do CTN – lei 5172/66, que nasceu como
lei ordinária e foi recepcionada como lei
complementar.
 No CTN, importa o artigo 14, que traz os
requisitos da incidência da imunidade às entidades
mencionadas.
Requisitos para fazer jus à
imunidade
1. Não distribuir o lucro entre os mantenedores
da instituição: veda-se o animus distribuendi e não
o animus lucrendi.
2. Não remeter valores ao exterior;
3. Manter a escrituração contábil em dia, tendente
a comprovar os outros dois requisitos.
 A falta de (1) pode gerar a suspensão do
benefício.
IMUNIDADE DE IMPRENSA:
IMUNIDADE PARA LIVROS,
JORNAIS, PERIÓDICOS E O
PAPEL DESTINADO À SUA
IMPRESSÃO.
Imunidade de imprensa
 Elemento teleológico: difusão da
cultura/liberdade de expressão. (art. 5º, IV, IX,
XIV, art. 220, § 6º, CF).
 A imunidade é objetiva, uma vez que exonera os
veículos de transmissão de pensamento de
impostos. A regra recai sobre BENS e não sobre
pessoas, como as imunidades das alíneas a,b e c,
que tratam de imunidades subjetivas.
Imunidade de imprensa
 Aspecto prático: a imunidade objetiva afasta a
incidência de impostos sobre os bens (ICMS,
IPI, II e outros) não alcançando aqueles
impostos incidentes sobre o patrimônio/renda
da PJ. Ex: incide IR sobre a renda da editora;
incide IPVA; incide ITBI etc.
 Estende-se a imunidade ao CD-ROM e ao livro-
piano. Ex.: dicionário Aurélio em CD-ROM).
Imunidade de imprensa
 O conteúdo da idéia ou pensamento será
irrelevante para a ocorrência da imunidade.
Portanto, serão imunes os livros que difundem
conteúdo leviano ou fascenino (=erótico). Ao
lado dos livros, protegem-se os jornais e as
revistas, independentemente do conteúdo.
 Para o STF, as listas telefônicas são imunes,
como periódicos, independentemente da
ausência de caráter noticioso/literário. Foi
privilegiado o aspecto de “utilidade pública”.
Imunidade de imprensa
 Quanto ao insumo – “papel destinado à
impressão do livro, jornal ou periódico” -, o
legislador optou por restringir a benesse a este
insumo exclusivamente, sob pena de prejudicar o
alcance do dispositivo. Assim, haverá normal
incidência sobre outros papéis (guardanapo etc) e
sobre outros insumos (tinta, máquinas, insumos
em geral utilizados na impressão).
Imunidade de imprensa
 Súmula 657, STF. A imunidade prevista no art.
150, VI, d, da CF abrange os filmes e papeis
fotográficos necessários à publicação de jornais e
periódicos.

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