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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO II

MACEIÓ
FEVEREIRO/2014
 Para que se alcance a identidade pessoal é necessário reconhecer
a existência de um estado indiferenciação inicial a partir do qual
o ser humano terá que gradativamente e inevitavelmente, ir se
diferenciando a fim de adquirir a condição de individualidade.
 É um imperativo, quer no plano físico como no psicológico esse
abandono ou “renúncia” ao estado original de fusão com a
matriz geradoura para que se alcance a identidade pessoal.
 Segundo Mahler, a fase simbiótica inicial caracteriza-se por uma
indiferenciação Eu-Objeto; A gradativa separação da criança de sua
mãe contribui para o sentimento infantil de ser uma pessoa separada,
dando assim, condições para que se processe sua individuação.
 Mahler afirma que a separação/individuação normais é o pré
requisito para o desenvolvimento e manutenção do sentimento de
identidade.
 Durante a adolescência há um agravamento da tendência à
simbiotização e que explicaria os movimentos regressivos em busca da
condição inicial da fusão com a mãe → identificáveis na exagerada
idealização do objeto amado nos estados de enamoramento juvenis.
 Buscando os fundamentos ontogenéticos da formação do sentimento de
identidade iremos inevitavelmente desembocar na concepção Freudiana
do narcisismo primário. Partindo-se da ideia de um estado original de
indiferenciação ou fusão Eu-Objeto (mãe), o narcisismo primário
poderia ser concebido como um estado psíquico que originariamente
não é a da criança, mas da unidade dual mãe-filho.
 A possibilidade de investimento libidinal nos objetos decorreria da
ocorrência prévia de certo grau de cisão Eu-Objeto.
 O ego usa a dissociação (Splitting) ao mesmo tempo
como defesa e como técnica organizacional de um ego
que necessita liberar-se da “submersão” nos objetos para
poder proporcionar ao self verdadeiro a percepção da
própria identidade.

 Se concebermos a ideia de uma fantasia primordial básica


do ser humano, que é o retorno ao paraíso perdido, da
condição intrauterina, o narcisismo poderia, então, ser
concebido como um instrumento egoíco a serviço dessa
fantasia, cujo caráter onipotente lhe é conferido pela
concomitante promessa de imortalidade.
SEQUÊNCIA EVOLUTIVA DA IDENTIDADE RELACIONADOS AOS
ESTÁGIOS DA RELAÇÃO EU-OBJETO (INDIVÍDUO)

1. Identidade indiferenciada → quando no estado inicial de fusão com a


matriz que o originou, o indivíduo se confunde com o objeto (ser o objeto)

2. Identidade Objeto-fágica → quando na tentativa de conter o objeto em si o


indivíduo o incorpora oralmente “conter o objeto”.

3. Identidade Objeto símile → quando, continuando com o intento de reter o


objeto dentro de si, o indivíduo se identifica introgetivamente com ele (ser
como o objeto)

4. Identidade definida → quando finalmente, após descriminar-se do objeto


amor objetal, o indivíduo configura sua identidade pessoal (relação com o
objeto)
IDENTIDADE SEXUAL
 Ponto de convergência dos eventos biológicos e psicológicos que
sustentam o processo puberal.
 Bliger → a sexualidade atua como um “organizador” da
identidade do adolescente.
 Aberastury → ...masturbar-se na adolescência contribui para
aceitação do próprio sexo e auxilia a luta contra a consumação do
incesto, enquanto o jovem não está ainda preparado para a escolha
de um parceiro sexual.
 A renuncia à bissexualidade infantil e a simultânea renúncia ao
incesto são os elementos nucleares das mudanças do processo
puberal na busca da aquisição do sentimento de identidade sexual.
 Grinberg → O estabelecimento da identidade sexual implica
numa renúncia ao sexo que não se tem. Cada elemento integrado
à noção da própria identidade implica no reconhecimento “do que
não se é”.

OBSERVAÇÃO

 Conflito homossexual é justamente a existência de um “impasse”


na aquisição da identidade sexual pela resistência à renúncia à
bissexualidade infantil.
 Os sentimentos de confusão quanto à identidade sexual e as
correspondentes fantasias ou temores homossexuais tão comuns
entre adolescentes, especialmente do sexo masculino (pela
troca do objeto inicial de identificação) corresponderiam não só
a uma escolha narcísica de objeto como representariam também
a evidência da luta travada durante o processo puberal entre o
impulso à indiferenciação sexual (que implica abrir mão da
bissexualidade infantil) e a tendência oposta de conservar a
indiferenciação anterior com vistas a assegurar a manutenção
do par simbiótico original, onde quem se ama é a projeção de si
próprio → Freud.

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