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Violência na escola

Das políticas aos quotidianos

- João Sebastião, Mariana Alves e Joana Campos -


O artigo surge...

Devido à associação frequente entre violência na escola e


contextos socialmente desfavorecidos, os autores realizaram
um estudo de caso numa escola básica 2.3 no centro de
Lisboa que não se encontra estigmatizada por esta
concepção.

Confronto de diferentes concepções da violência na escola

Empírica Teórica
Entrevistas e questionários Análise documental
Objectivos
Analisar as dimensões que a violência assume no
espaço escolar.

Distinguir violência de indisciplina.

Analisar as políticas de combate à violência.

Diferentes abordagens do problema.


Metodológica desenvolvida:
Análise documental de artigos e outros trabalhos referentes ao

tema;

Recolha de informação estatística e documental sobre a escola;

Entrevistas semi-estruturadas a alunos, (agredido, agressor e não

participante) docentes e funcionário;

Observação participante e conversas informais com os vários

actores escolares;

Análise documental dos processos disciplinares, dos processos

individuais, bem como dos regulamentos internos da escola e do

projecto educativo.
Violência
e
Poder
Conclusões
Indisciplina
do estudo

Violência
Violência e na
Indisciplina Escola Bullying
no
quotidiano

Políticas
Documentos
de
oficiais
combate
Noções equivocas
Os fenómenos violentos são normalmente

atribuídos a indivíduos com carácter desviante.

A violência na escola é recente em Portugal.

Existe uma naturalização das situações violentas.


O que entende a investigação em

Portugal por violência na escola?


Violência na Escola
Compreensão da Vandalismo; incivilidades;
agressão/perseguição
multidimensionalidade
psicológica; agressão física;
assalto/roubo;
indisciplina grave.

Compreensão das suas


Contextos e as causas
manifestações

Violência
na
Escola
Violência e Poder
“…A violência é o conjunto de relações conflituais que

tendem para uma qualquer forma de ruptura com a

normalidade social considerada legítima. Pode ser uma

relação de poder que visa a constituição de um estado de

dominação…”

(Adaptado de Sebastião e outros, 1999)


Dimensões da violência e poder
Organizacional Relacional
(aspectos normativos) (relação pedagógica)

Existem quadros normativos Estratégias de distância social


pouco claros e inapropriáveis entre professores e alunos
Aplicação de sanções
disciplinares

Indefinição normativa nas escolas Desequilíbrio na relação entre


professor e aluno

Domingues (1995) e Sebastião Afonso (1991)


e colaboradores (1999)
Violência
na
Escola
Indisciplina
Excessiva simplificação dos fenómenos de (in)disciplina e
violência (Barroso, 2001)

Tanto os professores como os alunos pode ser focos de


indisciplina (Curto, 1998)

Dimensões

Relacional Organizacional
Diferentes planos para o fenómeno
Grande ocular

Lente média
Focar mais
perto
Contexto
Zoom

Escola

Sala de
aula
Aluno

Sampaio (1997)
Indisciplina

Desvio as regras de Conflitos Conflitos


“produção” escolar professor/aluno interpessoais

Amado (1998)

Violência
na
Escola
- Bullying –

Espaços de recreio tempos livres


Espaços de recreio tempos livres
Bullying- "abusar dos colegas", "vitimar",

"intimidar" e "violência na escola“.

(Almeida,1999: 178)

Bullying- agressão sistemática e

intencional entre pares.

(Pereira, Neto e outros 2001).


As hipóteses explicativas
Restrições e falta de diversificação de oferta educativa que
os recreios apresentam, para a superlotação, fraca
supervisão

Falta de consideração pelas necessidades das crianças no


traçado arquitectónico dos espaços de recreio, interiores e
exteriores.

“os tempos livres vividos pelas crianças e jovens na escola


são efectivamente longos, o que deveria traduzir-se na
prioridade de melhoramento dos espaços de recreio e na
diversificação da oferta de práticas” (Pereira, Neto e Smith, 1997).
Violência
na
Escola
Políticas de combate
Duas abordagens contrárias em coexistência:

Pedagógica Policial
A violência aumenta, em particular
A violência tem a sua origem no
nas escolas situadas junto de zonas
insucesso da escola. da periferia degradada, marginal ou
A estratégia defendida é centrada na de bairros sociais;
promoção das competências sociais e A violência pré-existe a escola, é-lhe
exterior;
na formação cívica e educativa dos Os alunos de insucesso escolar os
alunos. mais violentos.

Medidas Medidas
organizacionais: pedagógicas: Medidas políticas:
"programa escola segura",
"regulamento dos "estudo acompanhado”
Coordenado pelo Gabinete de
direitos e deveres do Segurança do Ministério da Educação
aluno"
Violência
na
Escola
Documentos oficiais
Documentos oficiais Regras nacionais para a
produzidos durante a definição dos
concepção execução do
direitos/deveres dos alunos.
“programa escola segura”.

Ausência de uma definição de Nunca mencionam o termo


violência ou pela omissão do termo. violência

Uso de termos (in)segurança ou Tentam promover competências


marginalidade sociais e cívicas.

Violência
na
Escola
Violência no quotidiano
Violência e Indisciplina no
quotidiano escolar: representações
dos actores escolares
Violência Indisciplina

Mais grave Menos grave

Agressividade física ou Comportamento incorrecto

verbal Perturbações ao

funcionamento da aula
Diferentes visões da Indisciplina
Diferentes visões da Indisciplina
“… Os indisciplinados é mais aquela coisa do interromper a

aula, o dizer qualquer coisa que não vem a propósito.”

Professor
Diferentes visões da Indisciplina

“O aluno indisciplinado é aquele que trata mal o professor

e não tem comportamento, não sabe estar nas aulas e que

perturba as aulas.” Pessoal auxiliar


Diferentes visões da Indisciplina
“Faltam as aulas, alguns vão fumar para a casa de banho,

saem da escola sem os professores verem, é isso...”

Aluno não participante

“Chamam-nos nomes, gozam connosco, há certas coisas


que eles dizem que nós não fazemos. Por exemplo, eles é
que tiram uma coisa e depois dizem que fomos nós que
tirámos.” Aluno Agredido
Evolução do fenómeno
As situações de violência e indisciplina têm vindo a agravar-
se nas escolas, bem como na sociedade em geral.

Parece existir uma sensação difusa de insegurança e de


aumento da violência.

A ocorrência de situações de indisciplina grave e violência


na escola é justificada por factores exteriores á própria
escola.

A relação dos alunos com a escola e com os professores,


bem como a personalidade dos alunos, tem um destaque
secundária.
Pequenas violências quotidianas
entre alunos
“Eu já andei a porrada por causa da bola, já houve um que
começou-se a armar em esperto e levou. Estava a tirar-me a
bola, nós estávamos a jogar e ele chegou lá e disse: "quero
jogar!" e eu disse: "agora esperas, fazes equipa a seguir" e ele
disse: "não, não faço" e eu disse: "deves ter a mania, tu!".
Depois ele veio de lá a armar em esperto e levou porrada. Dei-
lhe porrada, meti-o no chão e comecei a dar-lhe pontapés na
boca. Então arma-se em esperto, pensa que passa todos!”
(aluno, agressor)

Pequenas violências quotidianas


entre alunos
Estratégias de controlo da

Indisciplina na aula
“A não ser aquele professor de educação física que andava a

bater nos alunos com um apito. Quando os alunos se

portavam mal, ele dava com o apito. Não, foi o ano passado.

Doía-lhes, era um apito de metal, tinha um de plástico, mas

como o partiu na cabeça de um, comprou um de metal.”

Aluno não participante

Estratégias de controlo da Indisciplina


“O meu professor de educação visual e tecnológica dá tostas

aos miúdos. Começam a falar um com o outro, depois o

outro dá uma chapada no outro e depois o professor vai lá e

dá uma tosta em cada um.”

Aluno agredido

Estratégias de controlo da Indisciplina


Estratégias de controlo da Indisciplina

“Ah! Eles só dão assim ‘chapadinhas’, não dói nada.”

Aluno agredido

Violência
na
Escola
Conclusões do estudo
Conclusões do estudo de caso

O estudo realizado revelou que, no caso desta


escola situada numa zona central da cidade, a
violência é recorrente e quotidiana, atingindo toda
a população escolar.

Variáveis como o género e o nível de escolaridade


podem estar associadas à ocorrência de situações
de violência.
Conclusões
Existe uma grande diversidade teórica da problemática,

considerada positiva.

Existe alguma contaminação da investigação por noções

ideológicas e de senso comum, respeitantes à origem da

violência.

A violência nas escolas não tem origem exclusivamente no

seu exterior, existindo variáveis ligadas à própria escola,

modelos organizacionais e pedagógicos e espaço físicos.


Conclusões

Transversalidade nas opiniões dos diferentes actores

escolares sobre a problemática.

Não há uma norma para definir comportamentos

violentos.
2ª Etapa do trabalho
2ª Etapa do trabalho

Estudo comparativo de três escolas com diferentes


contextos sociais:
Escola Secundária Passos Manuel (no centro de Lisboa) – 2º, 3º ciclo e secundário
Escola Básica 2.3 da Trafaria – 2º e 3º ciclo

Escola Básica Integrada da Apelação (arredores de Lisboa) – 1º, 2º e 3º ciclo

Metodologia desenvolvida:
Recolha de informação estatística e documental das escolas;

Entrevistas semi-estruturadas aos alunos, docentes e funcionários;

Observação directa e conversas informais com os vários actores escolares;

Análise documental dos regulamentos internos da escola e do projecto


educativo.
Violência na Escola
Realizado por

Violência
na
Escola

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