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INTERACIONISMO Uma perspectiva de

estudo em psicologia
SIMBÓLICO social
BASES DO INTERACIONISMO
SIMBÓLICO (IS)
Construir uma forma de estudo sistemático acerca do
comportamento social.
Noção de Eu e Mim: uma proposta epistemológica de conhecimento
sobre o homem em sociedade.
 Mente e self como produtos sociais.

O IS constitui uma perspectiva teórica que possibilita a


compreensão do modo como os indivíduos interpretam os objetos e
as outras pessoas com as quais interagem e como tal processo de
interpretação conduz o comportamento individual em situações
específicas.
(CARVALHO et al.,
2010)
PRINCIPAIS AUTORES
Charles Cooley
 Sociólogo; Estudos sobre a imaginação e interatividade;

John Dewey
 Pragmatismo; Educador; Temas de interesse: instinto, hábito, inteligência;

William Thomas
 Estudo de regras sociais - nem sempre visíveis para os indivíduos em seus
comportamentos cotidianos.

George Mead
 Em sua perspectiva, os símbolos significantes permitem aos atores compartilharem
significados e, a partir daí, estabelecerem uma comunicação entre eles.
 Indicava que o modo de ação de um indivíduo suscita reações de seu parceiro,
tornando-se condição para a continuidade de suas próprias ações.

(ANDRADE; CUNHA, 2013; MARTINS,


2013)
PERSPECTIVA EMPÍRICA
Percebe as pessoas como capazes de utilizar seu raciocínio e seu
poder de simbolização para interpretar e adaptar-se flexivelmente
às circunstâncias.

Analisar processos de socialização e ressocialização.


Estudo de mobilização de mudanças de opiniões;
Comportamentos, expectativas e exigências sociais;
Grupos humanos ou sociedades, interação social, objetos, o ser
humano como ator, a ação humana e as interconexões entre as
linhas de ação.
CONTRIBUIÇÃO DE G. MEAD
O ato, e não o trajeto, é o dado fundamental na psicologia
social e na psicologia individual, quando são concebidas na
forma condutista, e tem por sua vez uma fase interna e outra
externa, um aspecto interior e outro exterior... nosso ângulo de
enfoque é condutista, mas diferentemente do condutismo
watsoniano, reconhece as partes do ato que não aparecem na
observação externa e acentua o ato do indivíduo humano em
sua situação social natural. (Mead, 1934/1982, p. 55)
ATO SOCIAL
Comportamento externo observável e atividade encoberta do ato;
 Aproximação a uma linha mentalista;

Mead foi considerado um Behaviorista Social;

Mead afirma que a mente é uma relação do organismo com a


situação, que se realiza por meio de uma série de símbolos.
 A mente surge através da comunicação, não o contrário;
 Antagônico à ideia inatista;
A NOÇÃO DE SÍMBOLO
Quando um determinado gesto representa a ideia que há por trás
de si e provoca essa ideia no outro indivíduo, tem-se um símbolo
significante.
 Ex: Mãe dizendo “não” ao filho após um pedido realizado;

No momento em que tal gesto promove uma reação adequada do


outro indivíduo, tem-se um símbolo que responde a um significado
na experiência do primeiro indivíduo e que também evoca esse
significado no segundo indivíduo.
 Comunicação;
 Compartilhamento simbólico;

Assim, a base do significado está presente na conduta social, em


que emergem os símbolos significantes.
A INTERAÇÃO SIMBÓLICA
Durante o processo de qualquer ato social, os
objetos do ambiente percebido se definem e se
redefinem. De tal dinamismo consiste a interação
simbólica, a qual não se dá por reação direta às
ações e gestos do outro, mas mediante uma
interpretação dessas ações ou gestos com base no
significado que lhes é atribuído.

O comportamento em si não é a base da interação,


mas a representação desse comportamento;
 Ex: Gestos que podem ser ofensivos em uma cultura, mas não
em outra;
SELF, EU E MIM
(CASAGRANDE, 2016)

Self Eu Mim
Característica da Tendência impulsiva Outro generalizado;
pessoa como objeto do indivíduo;
para si;
Permite que o indivíduo O “eu” (I) constitui- O “mim” permite a convivência
interaja socialmente se na dimensão não social segundo os padrões
consigo mesmo, da previsível do self, no estabelecidos, visto que contempla
mesma forma que elemento que nos as convenções e as atitudes
interage socialmente identifica enquanto generalizadas dos outros. É a
em relação a outras únicos e singulares dimensão que mantém a
pessoas; que não é dado estabilidade das ações e das
diretamente na reações do self, pois está pautado
experiência. nas convenções da sociedade.
Self interage O que pode ser elevado à
constantemente com o consciência é o “mim”, aquela
meio social; consciência de si que se originou da
CONTRIBUIÇÃO DE W. I.
THOMAS
Se interessava por um modelo teórico que enfatizasse a influência da
cultura no comportamento individual e coletivo.
Destaque ao caráter cultural dos hábitos de comportamento e no
aspecto coletivo até das iniciativas individuais.
Cultura: abarcava toda uma diversidade de recursos comunitários
materiais, técnicos e cognitivos.
Ênfase nas ações coletivas.
Noção de esquemas: “o indivíduo desenvolve esquemas gerais de
situações; a organização de sua vida é um conjunto de regras para
situações definidas... princípios morais, prescrições legais, ritos
religiosos, costumes sociais, etc., são exemplos de esquemas”.
CONSOLIDAÇÃO DO
INTERACIONISMO SIMBÓLICO
CONSOLIDAÇÃO E
PRESSUPOSTOS DO IS
O nome dessa linha de pesquisa sociopsicológica e sociológica
foi cunhado em 1937 por Herbert Blumer, que estabeleceu os
pressupostos da abordagem interacionista, através de seus
escritos, cuja maioria está reproduzida em sua mais
importante publicação – Symbolic Interactionism: Perspective
and Method.
Para os interacionistas simbólicos, o significado é um dos mais
importantes elementos na compreensão do comportamento
humano, das interações e dos processos.
Para alcançar uma compreensão plena do processo social, o
investigador precisa se apoderar dos significados que são
experienciados pelos participantes em um contexto particular.
Significa
Sentido
A noção de que o significado é um produto social. do
TRÊS PREMISSAS CENTRAIS

O ser humano orienta seus


O significado dessas coisas
atos em direção às coisas em
surge como consequência da
função do que estas
interação social.
significam para ele.

Os significados se manipulam
e se modificam mediante um
processo interpretativo
desenvolvido pela pessoa ao
defrontar-se com as coisas
que vai encontrando em seu
caminho.
A INTERAÇÃO SOCIAL COMO
CENTRALIDADE
O tema central abordado são os processos de interação social –
ação social caracterizada por uma orientação imediatamente
recíproca – ao passo que o exame desses processos se baseia em
um conceito específico de interação que privilegia o caráter
simbólico da ação social.
As relações sociais são vistas como algo aberto e subordinado ao
reconhecimento contínuo por parte dos membros da comunidade,
não como uma adequação estanque a regras pré-estabelecidas.

Socieda Indivídu
de o
CONSEQUÊNCIAS PARA O
CAMPO DA PESQUISA
As inclinações, impulsos, desejos e sentimentos podem ser refreados em
razão daquele que se considera e do modo como se julga ou interpreta;
A presença do outro baliza os atos dos indivíduos;

O pesquisador deve ser capaz de interagir ativamente com as pessoas


que estão sendo pesquisadas e de ver as coisas do seu ponto de vista e
no seu contexto natural.
O interacionismo simbólico trouxe, pela primeira vez às ciências sociais,
um lugar teórico para o sujeito social como intérprete do mundo, pondo
em prática, com isso, métodos de pesquisa que privilegiam o ponto de
vista desses sujeitos.
CONCEITOS CENTRAIS NA
PERSPECTIVA DO
INTERACIONISMO SIMBÓLICO
SÍMBOLO
Significant Symbol
 Um símbolo sinificante é um gesto ou ato vocal que pressupõe uma
compreensão e resposta compartilhada entre aquele que o utiliza e aquele que o
recebe;

Sign
 Objeto que representa algo diferente, partindo de uma relação natural ou
convencional (símbolo):
 Ex a) Fumaça – Fogo
 Ex b) Língua

Símbolos são entidades públicas;


Símbolos podem ser empregados na ausência do objeto que eles
representam;
OBJETO
Um objeto é algo que pode captar a atenção e ao qual pode-se
direcionar ações.
O homem vive em um mundo de objetos que eles constroem e
reconstroem constantemente através de ações e transformações
simbólicas:
 coisas, ideias, pessoas, atividades e metas são exemplos de objetos que passam
pelo crivo simbólico.

Objects may be both:


 a. Tangible (e.g., physical)
 b. Intangible (e.g., social)

Human beings live in a world of objects, not of things or stimuli.


ATOS E ATOS SOCIAIS
Atos representam uma interrelação entre processos internos e
manifestações externas do comportamento.
O ato do indivíduo não consiste apenas nos aspectos observados,
mas é compost pelos processos internos de subjetivação que
orientam tais atos.

Impulso Percepção Manipulação Consumação

• Orientação • Designação • Passos • Concretizaç


motivacion dos objetos concretos ão do ato;
al inicial que para a alcance dos
participarã concretizaç objetivos
o do ato ão do ato inicialment
e
estabelecid
os
TIPOS DE ATOS

Individual Social
• Envolve apenas • Envolve a
o indivíduo cooperação de
• Sem mais de um
componente indivíduo
social de troca • Envolvem uma
explícita interação
INTERACIONISMO
SIMBÓLICO: Interpretando o conflito
Israel X Palestina

APLICAÇÃO EMPÍRICA
CASE STUDY 1: THE HISTORY BEHIND
ISRAELI MILITARY ACTION “OPERATION
RAINBOW”: ACTIONS AND REACTIONS
The Israeli government planned “Operation Rainbow” as part of a strategy to
respond to Palestinian militants’ actions against Israel in the preceding weeks.
Israel sought to conduct a short-lived ground incursion into Gaza near the
Philadelphi Corridor in late May 2004, in order to prevent a shipment of Strela-2
shoulder-launched anti-aircraft missiles;
The operation also endeavored to kill the Palestinian militants responsible for
the deaths of thirteen Israeli soldiers targeted;
On 25 May 2004, toward the end of the operation, the IDF withdrew most of its
forces from Rafah, and lifted the strict blockade that it had imposed on all
entry/exit points in Gaza;
Such an action would have required tearing down many homes in the area in
addition to the ones already demolished by the creation of the current buffer
zone;
THE MEDIA BATTLE ARISES
Leaks to the Israeli media later mentioned anti-aircraft missiles and
long-range rockets shipments destined for Palestinian militant
groups.
Israeli Justice Minister Yosef Lapid stated on 20 May that the Rafah
operation [Operation Rainbow] was necessary to protect Israeli
civilian airliners from anti-aircraft missiles: “If this happens, God
forbid, and airplanes are shot down, people will ask us why we
didn’t act to stop”.
Consider for instance, an article in The Guardian entitled “Bloody
Vengeance or Assault on Terrorists: Can Truth Emerge from Rafah’s
Ruins?” that attempts to uncover the motives behind “Operation
Rainbow” and the initial causes for the incursion.
EM DIANTE
In the name of Israeli national security, the Israelis killed or wounded innocent
civilians and demolished numerous buildings and homes.
Palestinian leaders interpreted Operation Rainbow as an excuse for Israel to
invade Gaza at will, to expand the width and length of Israeli control of the
Philadelphi corridor, and to revenge the 13 deaths of Israeli soldiers in the
preceding weeks.
Further, "Operation Rainbow" coincided with the release of a new report on the
Israeli practice of home demolition by human rights organization Amnesty
International, which concluded that, “The grounds invoked by Israel to justify the
destruction are overly broad and based on discriminatory policies and practices”.
For its part, and in response to these media interpretations, Israel reiterated the
necessity of entering Rafah at all costs, because it had become a gateway for
terrorism in their eyes.
UMA TRANSFORMAÇÃO DE
SIGNIFICADOS

Defesa Ação legal


Violação grave de
Vingança
direitos humanos
CONCLUSIONS
Actions taken by one side are interpreted by the receiving side,
which then takes action accordingly.
Interpretations of any given action are subject to interpretations of
prior actions.
In other words, history plays a substantial role in the interpretive
process.
In conflict situations, it might be said that actions are subjectively
interpreted based on how each side views the reason for the
conflict.
In the case of the ongoing Israeli-Palestinian conflict, it is clear that
the Israelis and the Palestinians have vastly differing
interpretations of the same events. For
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Virgínia Donizete de; BORGES, Livia de Oliveira; REGO, Denise Pereira do. Interacionismo
simbólico: origens, pressupostos e contribuições aos estudos em Psicologia Social. Psicol. cienc. prof., 
Brasília ,  v. 30, n. 1, p. 146-161,    2010 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1414-98932010000100011&lng=en&nrm=iso>. access on  25  Aug.  2019. 
http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932010000100011.
ANDRADE, Erika Natacha Fernandes de; CUNHA, Marcus Vinicius da. O discurso psicológico de John
Dewey. Rev. Bras. Educ.,  Rio de Janeiro ,  v. 18, n. 53, p. 339-354,  June  2013 .   Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782013000200006&lng=en&nrm=iso>.
access on  25  Aug.  2019.  http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782013000200006.
MARTINS, Carlos Benedito Campos. O legado do Departamento de Sociologia de Chicago (1920-1930) na
constituição do interacionismo símbólico. Soc. estado.,  Brasília ,  v. 28, n. 2, p. 217-239,  Aug.  2013 .  
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
69922013000200003&lng=en&nrm=iso>. access on  25  Aug.  2019.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-
69922013000200003.
Casagrande, Cledes Antonio. Interacionismo simbólico, formação do self e educação: uma aproximação ao
pensamento de G. H. Mead. Educação e Filosofia. 30. 375-403, 2016. 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-
6801.v30n59a2016-p375a403.
https://repository.library.georgetown.edu/handle/10822/552897

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