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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DE TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

GABRIEL BERALDO SCORSIN


KAUÃ JUSTUS HORN
MAURO MATHEUS KOEHLER
VITOR VARGAS SANTOS

IDENTIFICAÇÃO DE POLÍMEROS
TESTE DE CHAMA

PONTA GROSSA
2023
GABRIEL BERALDO SCORSIN
KAUÃ JUSTUS HORN
MAURO MATHEUS KOEHLER
VITOR VARGAS SANTOS

IDENTIFICAÇÃO DE POLÍMEROS
TESTE DE CHAMA

Trabalho apresentado como requisito parcial à


obtenção do título de graduando na Universidade
Estatual de Ponta Grossa, Setor de ciências agrárias
e de tecnologia, do curso de Engenharia de
Materiais.

Professor(a): Adriane Bassani Sowek


SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………….…...5
2. OBJETIVO……………………..…………………...………………………………….….7
3. MATERIAIS E MÉTODOS…………………………………………………….……..….8
3.1 MATERIAIS…………………………………………………………….....……..8
3.2 MÉTODOS………………………………………………………..…………..…8
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………………….10
4.1 POLIMETILMETACRILATO (ACRÍLICO)..................................................10
4.2 POLICLORETO DE VINILA (PVC)............................................................11
4.3 POLIESTIRENO (PS)................................................................................12
4.4 POLITEREFTALATO DE ETILENO (PET)................................................13
4.5 POLIETILENO (PE)...................................................................................13
4.6 POLIPROPILENO (PP)..............................................................................14
4.7 POLIAMIDA...............................................................................................15
4.8 BAQUELITE (FENOL-FORMALDEÍDO) ....................................................16

5. CONCLUSÃO…………………………………………………………………………...18

6. REFERÊNCIA………………………………………………………………………...…19
1. INTRODUÇÃO

A identificação de polímeros é uma tarefa importante na indústria, uma vez


que é fundamental conhecer as propriedades e características dos materiais que
estão sendo utilizados. Existem diversas técnicas para a identificação de polímeros,
sendo uma delas a queima (teste de chama).

A identificação de polímeros por queima é uma técnica utilizada para


determinar a composição de materiais poliméricos através da análise da sua resposta
ao calor. A queima do polímero produz gases e resíduos sólidos com características
distintas, permitindo a identificação do tipo de polímero. Essa técnica é amplamente
utilizada na indústria e em laboratórios para a identificação de polímeros
desconhecidos e na verificação da qualidade de materiais poliméricos. A identificação
precisa dos materiais é fundamental para garantir a segurança e a eficácia de
produtos que utilizam polímeros em sua composição.

Cada tipo de polímero tem uma composição química diferente, o que significa
que a queima de cada tipo de polímero produzirá propriedades de chama e fumaça
únicas. Por exemplo, a queima de um polímero de PVC produzirá uma chama amarela
brilhante e uma fumaça densa e escura com cheiro de cloro, enquanto a queima de
um polímero de polietileno produzirá uma chama azul esbranquiçada e uma fumaça
branca e sem cheiro.

No entanto, é importante ressaltar que esse método é limitado e não é


totalmente confiável, pois a queima de alguns tipos de polímeros pode produzir
propriedades semelhantes, o que pode levar a uma identificação incorreta. Portanto,
é recomendável utilizar outros métodos de análise, como espectroscopia, para
confirmar a identificação do polímero.

Esse método também pode ser útil para a reciclagem de plásticos, pois muitos
processos de reciclagem exigem que os diferentes tipos de plásticos sejam separados
antes do processo de reciclagem propriamente dito. Ao identificar o tipo de plástico
presente em um objeto, é possível separá-lo de outros tipos de plásticos e reciclá-lo
de maneira mais eficiente.

Portanto a queima de plásticos pode liberar gases tóxicos, logo, esse método
deve ser realizado com cautela e em locais adequados para evitar danos à saúde e
ao meio ambiente. Além disso, é sempre importante priorizar a redução do consumo
de plásticos e o uso de alternativas mais sustentáveis.
2. OBJETIVO

Identificação de polímeros por queima para determinar a composição de um


material polimérico desconhecido.
3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

Para a realização do ensaio foram utilizadas oito amostras de polímeros, um


bico de Bunsen, uma superfície cerâmica para proteção, fósforo, papel indicador de
pH e luvas de proteção pessoal.

3.2 MÉTODOS

Utilizando as luvas de proteção, acendeu-se o Bico de Bunsen sobre o


suporte cerâmico, mostrado na fotografia 1, e logo após foi realizado a queima das
amostras poliméricas.

Figura 1: Bico de Bunsen.

Fonte: Os autores.

Durante a queima foram observadas características como a aparência ( se o


polímero se tornava transparente, translúcido ou opaco durante a queima), também
é possível analisar a rigidez das amostras, ou seja, se as mesmas são flexíveis ou
semi-rígidas.

Já quando as amostras perdem contato com a chama, é possível observar


características como o teste de cor de chama, odor e pH da fumaça. Outra
característica importante de ser analisada quando a amostra não está em contato
com a chama é se a mesma continuou inflamada (sendo considerada inflamável), ou
o fogo da amostra apaga instantaneamente quando não está mais em contato com a
chama (sendo considerada auto extinguível).
Os polímeros utilizados podem ser observados no quadro 1.

Quadro 1. Polímeros utilizados no teste de queima.

Amostra Polímero

1 PMMA

2 PVC

3 PS

4 PET

5 PE

6 PP

7 PA

8 Baquelite

Fonte: Os autores.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o processo de combustão dos polímeros foi possível observar


algumas características intrínsecas do material. Dentre elas, podemos observar
principalmente a propagação da chama, o odor liberado, as deformações e mudanças
de estado físico causadas no material, o pH da fumaça liberada, presença de fuligem,
coloração da chama, entre outros. Nos próximos tópicos discutimos de forma isolada
o comportamento de cada polímero analisado.

4.1 POLIMETILMETACRILATO (ACRÍLICO)

O acrílico ao ser submetido ao teste da chama se mostrou inflamável,


propagando a chama, não formou fios, mas diminuiu a viscosidade por se tratar de
um termoplástico, teve chama amarela juntamente à fumaça branca com pH neutro e
odor químico e adocicado.

Figura 2: Amostra de Polimetilmetacrilato

Fonte: Os autores.

Uma característica interessante do material é que ao ser colocado na chama


e iniciado a combustão, o material borbulha na região que está sendo utilizado como
combustível além de emitir um ruído abafado, semelhante a madeira queimando.

Figura 3: Polimetilmetacrilato e seu mero

Fonte: [3].
4.2 POLICLORETO DE VINILA (PVC)

O material previamente identificado como policloreto de vinila, quando


submetido a chama apresentou reações muito distintas dos demais polímeros
ensaiados. Em especial, foi possível observar uma coloração laranja da chama com
a base levemente esverdeada, a chama auto extinguiu-se após o fornecimento de
energia ser interrompido, já que o cloro presente na estrutura do monômero age como
retardante de chamas. Além disso, a fumaça exalada apresentou coloração branca e
com formação de fuligem, odor acre e pH ácido.

Figura 4: queima do PVC.

Fonte: Os autores.

A maioria dos aspectos apresentados pelo PVC quando submetido ao fogo,


tem relação direta com a presença de cloro em sua estrutura. A cor da chama está
diretamente relacionada com o comprimento de onda emitido pelo decaimento dos
elétrons dos átomos de cloro, quando transitam de um estado mais energético, em
virtude do fornecimento de calor, para um estado menos energético (natural). O odor
exalado tem relação com formação de HCl após a combustão do material, que
também explica a acidez da fumaça, segundo a reação: [CH2 CHCl]n → [CH=CH]n
(s) + HCl(g).

Figura 5: PVC e cloreto de vinila.

Fonte: [4].
4.3 POLIESTIRENO (PS)

Ao incendiar, desprendeu bastante fumaça preta antes do apagamento da


chama, carbonizou e emitiu muita fuligem. Segundo Canevarolo (CANEVAROLO),
esse material tende a formar gotas flamejantes. As formas expandidas deste polímero
(como o isopor) incendiaram-se mais rapidamente, mas gotejaram menos,
provavelmente por causa da menor quantidade de material por volume. A cor da
chama foi a mesma que para o PP/PE. O odor de PS queimado é característico de
estireno (1). Foi possível observar a formação de fios, e fumaça com pH neutro.

Figura 6: Amostra de Poliestireno (PS)

Fonte: Os autores.

4.4 POLITEREFTALATO DE ETILENO (PET)

A amostra identificada como politereftalato de etileno, quando submetida ao


fogo, apresentou características diferenciadas quanto ao tipo de deformação.
Inicialmente, apresentou formação de bolhas para em seguida deformar e degradar o
material, de forma que ao interromper o fornecimento de calor, o material permaneceu
em chamas. Além disso, houve o gotejamento do material por conta da baixa
viscosidade adquirida, formação de fuligem. Quando dissipadas as chamas, o material
exalou um odor levemente doce e fumaça de pH neutro, com formação de fios.

Figura 7: Queima do politereftalato de etileno (PET).

Fonte: Os autores.
4.5 POLIETILENO (PE)

A amostra identificada como polietileno, por sua vez, apresentou uma


mudança quanto a sua cor. Inicialmente opaca e de cor branca, quando submetida a
chama, reagiu passando a se tornar translúcida e formando gotas. Quando
interrompida, o material permaneceu em chamas, apresentou a formação de fios,
suave odor de vela queimada e fumaça de coloração branca e pH neutro.

Figura 8: Amostra de Polietileno (PE).

Fonte: Os autores.

A explicação para a mudança do tipo de dispersão da luz, de opaca para


transparente, pode ser explicada em termos de cristalinidade do material e o tipo de
ligações predominante na cadeia polimérica. Quando o material está abaixo da sua
temperatura de fusão (Tm), o material permanece semi-cristalino, dispersando a luz
nas interfaces. Quando submetido a temperaturas acima da Tm, o material se torna
amorfo e a luz pode ser transmitida linearmente sem grandes desvios, tornando-se
transparente. O que mantém o material em chamas é a formação de radicais livres
que ajudam a decompor o material; um processo auto catalítico, auto alimentado.

Figura 9: Polietileno e seu mero.

Fonte: [5].
4.6 POLIPROPILENO (PP)

A amostra identificada como polipropileno quando incendiada reagiu


rapidamente apresentando deformação em sua estrutura, formando gotas e fios. Após
interromper a incineração, o material persistiu em chamas. Quando dissipada, a
fumaça liberada teve como aspectos a cor branca, a ausência de formação de fuligem,
pH neutro e odor semelhante a cola quente.

Figura 10: Amostra de Polipropileno (PP).

Fonte: Os autores.

As amostras de PE e PP apresentaram resultados semelhantes:

A fumaça das amostras de PP teve um proeminente cheiro de vela queimada,


enquanto o PE exalou um aroma de parafina mais neutro, mas similar. A fumaça é
uma mistura de produtos de combustão do polímero sendo analisado, nesse caso um
produto carbonoso de baixa molar, de queima praticamente completa, sendo,
portanto, uma fumaça de cor branca.

Como os meros dessas poliolefinas (PE e PP) são quase iguais (A diferença
é apenas um grupo metil extra no mero do PP), as fumaças geradas por sua
combustão gerarão produtos de composição análoga, notadamente hidrocarbonetos,
e terão, portanto, aspecto e cheiros parecidos. Ambos se tornaram transparentes
quando submetidos ao aquecimento, já que são polímeros semicristalinos e, com o
aumento da temperatura, os cristalitos se desfazem em uma estrutura amorfa que
permite a passagem da luz. Tanto o PE quanto o PP incendiaram (Chama
amarela/alaranjada; a base azul predita pela literatura (1) foi de difícil observação.);
apresentaram comportamento típico termoplástico e formaram fios com facilidade. O
PP notadamente formou fios mais longos e continuou formando fios por mais tempo
após a retirada da amostra da chama, de acordo com o previsto pela literatura (1).

A rápida diminuição da viscosidade do material está relacionada às


temperaturas de transição vítrea (Tg) e temperatura de fusão cristalina (Tm), que nos
permite estipular que as cadeias poliméricas de fase amorfa possuem uma interação
molecular baixas, as quais exigem pouca energia para adquirir mobilidade.

Figura 11: Monômero propileno e o polímero.

Fonte: []

4.7 POLIAMIDA

A chama azul com pontas amarelas descrita por canevarolo (1) assemelhou-
se a uma chama esverdeada, além de apagar quando retirada da chama. Exalou
característico cheiro de cabelo queimado, formou fibras rapidamente e a amostra
adquiriu coloração azul mais clara. Apesar da basicidade da fumaça, o papel de
tornassol não exibiu mudanças de coloração, já que essa basicidade é fraca e a
quantidade de amostra usada e fumaça desprendida foram pequenas. A figura 12
apresenta o material utilizado como amostra, enquanto a figura 12 compara as
estruturas mais comuns para a poliamida (CANEVAROLO).

Figura 12: Amostra de poliamida utilizada durante a prática.

Fonte: Os autores
Figura 13: Poliamidas comerciais mais comuns e seus meros

Fonte: CANEVAROLO

4.8 BAQUELITE (FENOL-FORMALDEÍDO)

Por causa das ligações cruzadas (ligações fortes entre as cadeias), este
polímero não amolece nem incendeia com facilidade (chama auto-extinguível). Como
as cadeias possuem quase nenhuma mobilidade, ao invés de fundir o polímero
degrada-se, carbonizando e tornando-se quebradiço. Exala um forte cheiro de pneu
queimado, fumaça de pH neutro. Durante a união dos monômeros (figura 14), o
produto vai se arranjando em uma rede tridimensional fortemente ligada, que é a
estrutura da baquelite (figura 14)

Figura 14: Policondensação entre monômeros Fenol e Formaldeído

Fonte: Wikipedia

Figura 15: Estrutura polimérica da baquelite.

Fonte: Wikipedia
Os dados do teste de queimas dos polímeros realizados estão todos
expressos na tabela 1.

Tabela 1: Dados obtidos do experimento.

Materiais Coloração pH Maleabilidade Odor Coloração Formação


chama ácido, do material de gotas
neutro, pós queima
base

PP Base azul e Neutro Termoplástico Cola quente; Carbonizou Sim,


ponta laranja Vela formando
queimando fios com
facilidade

PE Base azul e Neutro Termoplástico Vela, parafina Não Sim,


ponta laranja carbonizou formando
fios.

PVC Laranjada, Ácido Termoplástico Fortemente Carbonizou Não


base verde ácido e bastante
repugnante

POLIAMIDA Esverdeado Levemente Termoplástico Pelo/cabelo Carbonizou Não


básico queimado levemente

PS Base azul e Neutro Termoplástico Isopor Carbonizou Não


ponta laranja queimado com muita
fuligem

PET Base azul e Neutro Termoplástico Agradável, Carbonizou Sim,


ponta laranja doce formando
fios

ACRÍLICO Base azul e Neutro Termoplástico Cheiro de Carbonizou Não


ponta laranja alho

BAQUELITE Amarela Neutro Termofixo Pneu Carbonizou Não


pálida Queimado

Fonte: Adaptado de Canevarolo (1) com base nas observações realizadas pelos autores.
5. CONCLUSÃO

Apesar das aparências similares entre diferentes polímeros, é possível


identificar características que estão correlacionadas às composições desses
materiais. A análise proporcionada pelos testes de chama nos revela muitas dessas
características (odor, cor da chama, transparência, crepitação, fumaça, etc) e é muitas
vezes suficiente para a identificação de uma amostra entre os principais polímeros
comercialmente disponíveis; sendo uma alternativa simples e barata onde essa
identificação é necessária, como na separação desses materiais para reciclagem.
REFERÊNCIAS

1. CANEVAROLO JR, S. V. Ciência dos Polímeros – Um texto básico para


tecnólogos e engenheiros. 2ª edição., São Paulo: Artliber, 2002.

2. CALLISTER, William D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução.


8ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

3. Polimetilmetacrilato (acrílico). Polimetilmetacrilato (PMMA). Disponível


em: <https://www.preparaenem.com/quimica/polimetilmetacrilato-
acrilico.htm>.

4. Polímero PVC (Policloreto de Vinila). PVC - Policloreto de Vinila.


Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/polimero-
pvc-policloreto-vinila.htm>.

5. Polietileno. Polímero de Adição Polietileno. Disponível em:


<https://www.preparaenem.com/quimica/polietileno.htm>.

6. Pol�meros. Disponível em:


<https://www.oocities.org/vienna/choir/9201/polimeros.htm>. Acesso
em: 29 mar. 2023.

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