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Desde que nasci, que a nossa árvore de Natal

sempre pendeu do tecto da sala. Nunca me


pareceu estranho porque sempre convivi com
esta realidade.
Contudo, aos 6 anos de
idade, resolvi pedir aos
meus pais que fossem
originais e colocassem
a árvore de Natal no
chão. Um pouco
contrariados, pois
gostavam mais de ver o
pinheiro artificial
pendurado no tecto,
acederam ao meu
pedido e, nesse ano,
achei que tinha tido
uma ideia diferente.
@inalmente os meus pais explicaram-me o que os
levou a pendurar uma árvore de Natal no tecto:
Nessa altura ainda desconheciam se mais alguém o
fazia mas o que é certo é que todos os visitantes da
nossa casa se admiravam imenso com este enfeite de
Natal que eu achava vulgar.
A primeira casa dos meus pais
era bem pequena e, devido à
falta de espaço, pareceu-lhes
muito inteligente pendurar o
pinheiro no tecto. Além
disso tinham 2 gatas que
adoravam atacar as bolas
de natal, quando se viam
reflectidas nelas e que
esgravatavam a terra
do vaso que segurava
a árvore.
Os meus pais resolveram
2 problemas e ainda
conseguiram manter a iluminação lá em
cima.
Os anos foram passando, a casa foi mudando
mas os amigos e familiares pediram que nunca
alterássemos o sítio da árvore de Natal.
A minha mãe conta que, quando estavam em
mudanças e ainda sem filhos, 2 rapazes que
foram entregar pizas, ficaram à porta às
cotoveladas, entre risinhos. Nisto, a minha mãe
perguntou:
-³Então, o que foi, nunca viram?´ ± E eles, um
pouco envergonhados, olhando para o tecto,
responderam:
- ³Não, por acaso até não!´

Levei algumas colegas da primária a minha casa só para verem que


a história da árvore de Natal no tecto era mesmo verdade. Várias
pessoas ficavam intrigadas e acabavam por nos visitar, tanto na
primeira, como na nossa segunda casa.
Mas verdadeiramente admirada ficou toda a minha família ao
descobrir que, afinal, não só não fomos nada originais como, ainda
por cima, ³copiámos´ uma velha tradição, já com séculos!
K na Alsácia (@rança), em 1521, que se começam a
vender os primeiros abetos de Natal. Eis a sua
pequena história:
A existência das árvores decoradas vem da Idade
Média.
A 24 de Dezembro, um abeto era colocado no coro
das igrejas, o qual, durante a encenação " de Adão e
Eva", representava a árvore do Paraíso, decorado
com maçãs que lembravam o fruto da tentação.

Passados anos, foram-se acrescentando


hóstias e foi assim que,
progressivamente, os paroquianos
foram substituindo os ramos de abetos
por árvores inteiras, decoradas desta
maneira, sem dúvida desde o início do
século XVI.
Os primeiros abetos eram então suspensos no tecto,
de pernas para o ar, com uma maçã na base ou
decorados com pequenas maçãs vermelhas
chamadas "Christkindle".

A partir do final do século XVI, foram-se


acrescentando rosas e outras flores em papel
policromo, ou, por vezes, em finas folhas de metal
dourado trabalhado, lembrando a árvore de Jisé que
representa a filiação de Cristo, mas também a Rosa
de Natal.

Já no fim do século XVIII e no início do século XIX,


aparecem na decoração destes pinheiros, as nozes
douradas e prateadas. As hóstias foram, pouco a
pouco, substituídas pelos doces e confeitarias em
espuma de açúcar, massa de amêndoa e pão de
anis.
Na segunda metade do século XIX, começam-se a
imprimir imagens brilhantes, recortadas e coladas,
por meio de pressão, em personagens feitos de
açúcar ou de chocolate, dando a noção de relevo. @oi
então inventado o açúcar em pó e passaram a
enfeitar-se esses doces decorativos com granulados
coloridos. Os pães de especiarias são então
magnificamente decorados com açúcar e imagens
impressas.

Por último, aparecem desde o final do século XIX até


hoje, os caracteres de cera, nomeadamente os
pequenos anjos, vestidos de finas folhas de metal
dourado e prateado, com as quais se confeccionam
também fitas ou estrelas.

Douram-se as pinhas, decoram-se


também bolas de vidro soprado, fusos
e sinos. . . e as árvores de Natal
passam do tecto para o chão, na
mesma posição em que nascem da
terra, assim permanecendo a tradição
até aos dias de hoje.
Actualmente, em vários países estrangeiros, já
se vendem pinheiros de Natal preparados para
serem pendurados. Os clientes são muitos,
cada qual com sua razão para pendurar uma
árvore de Natal no tecto: Ô

‡ @alta de espaço?

‡ Vontade de contrariar tradições numa época


tradicionalista?
Ô
‡ Espaço para mais presentes debaixo da
árvore?

‡ Manter afastado de crianças e animais?

‡ Mais fácil olhar para cima?


Ô

‡ Um bom motivo para começar uma conversa?

‡ Ou uma súbita vontade de pôr o Natal de


pernas para o ar?

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