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Trovadorismo – 1º estilo de época da

Literatura Portuguesa (séc. XII)


Início – 1189 (ou 1198) data incerta
Este movimento inaugurou-se com a 1ª cantiga
de amor chamada Cantiga da Ribeirinha (ou
Cantiga da Garvaia), escrita por Paio Soares
de Taveirós.
Contexto histórico:
•A sociedade estava economicamente baseada
no cultivo da terra.
• O sistema religioso voltava-se aos valores espirituais
e à salvação da alma. Deus era visto como o centro
do universo (teocentrismo).
• O sistema político era o regime feudal baseado em
classes sociais:
Nobreza:
Nobreza senhor feudal – dono dos feudos(Terras);
Clero: representante da Igreja. Era também
proprietário de Terras. Exercia grandes poderes
políticos e religiosos.
Vassalos: servos que cultivavam a Terra. Deviam
fidelidade ao senhor e dele dependiam(vassalagem).
Aos servos não havia a possibilidade de ascenção
social.
A produção literária trovadoresca (poesia)
Cantigas – líricas:
de amor – O“eu” lírico é masculino.
Ele expõe sentimento amoroso
e servil à mulher amada. A mulher amada
é enaltecida por suas virtudes. Ela possui
qualidades físicas e morais.
O amor se torna inalcançável ou inatingível.
A mulher amada é geralmente uma mulher
casada ou comprometida, e é da corte.
O homem apaixonado declara-se um
vassalo, sofrendo por uma mulher que se
revela indiferente a esse amor. A marca de
Deus é forte – o eu lírico implora a Deus.
de amigo:
amigo

O “eu” lírico é feminino (mas o


autor é um homem). Ela lamenta-
à natureza, ao mar, às montanhas,
à irmã ou à mãe – a partida ou a
perda de seu amigo (amante ou
namorado).
A mulher que sofre é sempre uma
camponesa; o ambiente não é a
corte, mas a zona rural.
Nessa cantiga também se invoca a
presença de Deus.
Cantigas satíricas: essas cantigas ocupavam-se da
crítica dos costumes da época. Temas da vida
política social e até individual, como: amores
ilícitos de padres; covardia dos nobres
traidores e dos rivais amorosos; adultério e
amores interesseiros, dos políticos e de
pessoas importantes.
de escárnio - fazem uma crítica indireta à
pessoa satirizada.
de maldizer:
maldizer fazem uma crítica direta e
agressiva; cita o nome da pessoa criticada; há a
intenção de difamar e ofender.
Há o emprego de palavras obcenas, grosseiras
e de baixo calão (palavrões).
É bom saber:

Todas as cantigas têm valor documental. Elas foram


produzidas por diversos autores e foram reunidas em
coletâneas chamadas Cancioneiros. Dentre os mais
importantes estão: Cancioneiro da Vaticana,
Cancioneiro da Biblioteca, Cancioneiro da Ajuda.
Produção Literária trovadoresca
(prosa)
Novelas de cavalaria – as mais importantes:
Amadis de Gaula: uma história de amor e violência
Amadis é a figura central. Trata-se de um
cavaleiro valente, mas tímido diante da mulher
amada.
Dedica a vida a servir à sua dama; é guerreiro,
furioso, diante do inimigo.
Manifesta-se, nessa novela, fortemente o desejo
amoroso tanto do homem quanto da mulher.
Enredo: Amadis com seu pajem Gandalim, salva
sua amada Oriana.
A demanda do Santo Graal
Conta a ida de José de Arimatéia ao Calvário de Cristo. No
local da crucificação, ele recolhe o sangue do Senhor em
um vaso, o qual Deus ordena esconder.

A novela inicia contando sobre o rei Artur que ordena seus


150 cavaleiros a sair à procura (demanda) do cálice
sagrado (Santo Graal). O grande herói – Galaaz –
protagoniza os valores cristãos.
Isso porque ele, mesmo tendo sido seduzido por uma bela
moça apaixonada, preserva a castidade, condição essencial
para recuperar o cálice. Ficam claros aí os valores
cristãos: a castidade e a devoção a Deus.
Esta foi a história de cavalaria mais popular em Portugal
É bom saber
Filmes que retratam tais narrativas:
Excalibur (Direção de John Boorman, com Nigel Terry e
Helen Mirren. 1981.
História sobre o rei Artur, a rainha Guinevere, Lancelot, o
mago Merlin e os cavaleiros da Távola Redonda.
Indiana Jones e a última cruzada, sob a direção de Steven
Spielberg, protagonizado por Harrison Ford (1989).
NOTA: As duas novelas têm características bastante
distintas. A primeira mostra a ousadia do cavaleiro-
guerreiro que está a serviço da amada; a segunda, tem
como objetivo difundir as cruzadas e estimular a fé.
HUMANISMO – 1434 a 1527 (séc. XV) –
Segunda época medieval
Contexto histórico:
Feudalismo em declínio/ crescimento do comércio;
Senhores feudais perdem riqueza e prestígio/ início da era
Mercantilista – surge a classe burguesa
Revolução com o apoio do povo derruba a dinastia de
Borgonha/ implanta-se a dinastia de Avis (no poder um novo
rei – D. Joáo I.
Pensamento teocêntrico cede lugar ao antropocêntrico/
homem passa a acreditar nas próprias potencialidades
Igreja enfraquece o poder/ Educação sai dos muros dos
conventos e começa a chegar à população

Valorizaçào da cultura/ invenção da imprensa (Gutemberg –


1440)
Produção literária dessa época
Na poesia
Poesia palaciana: temas ligados à vida social da corte;
separa-se da música; é entretenimento nos serões do
palácio.
Na prosa:
Relatos da vida dos Santos (Hagiografias)
Livros sobre a genealogia da família dos nobres
Histórias dos reis portugueses (cronicões)

No teatro
Peças populares – temas comuns à sociedade: amor
Proibido, corrupção, adultério, ganância, etc.
GIL VICENTE: O MAIOR TEATRÓLOGO PORTUGUÊS
DO SÉC. XV
Características do teatro vicentino
• A religiosidade – embora algumas das peças tenham um fundo
religioso, não se pretendia com elas difundir a
fé, nem mesmo converter pecadores.
• Uso de alegorias – nos autos, as alegorias são representações dos
vícios e das virtudes humanos.
• Estrutura poética – os textos são escritos em versos de 5 sílabas
poéticas (redondilhas).
• Presença de figuras mitológicas
NOTA:
“Auto da barca do inferno” é um
exemplo de peça alegórica.

Nela, o cais e as barcas são a


alegoria da morte; a barca do inferno
é a alegoria da condenação da alma; a
barca do céu é a alegoria da
salvação.
Principais peças de Gil Vicente
Auto da Visitação (ou Monólogo do Vaqueiro) 1502
Auto Pastoral Castelhano – 1509
Auto da Índia – 150
O Velho da Horta – 1512
Quem tem farelos? – 1515
Trilogia das Barcas: Auto da Barca do Inferno – 1517
Auto da Barca do Purgatório – 1518
Auto da Barca da Glória – 1519

Farsa de Inês Pereira Farsa dos Almocreves


O Clérigo da Beira Auto da Feira
Auto da Lusitânia O Juiz da Beira
Romagem dos Agravados

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